Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA RACIOCÍNIO LÓGICO ARGUMENTO 1.1 INTRODUÇÃO Bernardo e Ivan morreram de ferimento a bala, em suas camas. A arma do crime foi encontrada na mão de Bernardo. Aparentemente ocorrera um assassinato seguido de suicídio. O legista, entretanto, concluiu por um duplo assassinato. A argumentação foi a seguinte: Se Bernardo tivesse cometido suicídio, então não teria mais de um ferimento mortal Bernardo tinha três ferimentos mortais Então, Bernardo não cometeu suicídio. Todos os dias, cada um de nós argumenta e enfrenta argumentos, Graças a Deus nem todos são tão dramáticos. Por exemplo: Se o banco estiver aberto, o estacionamento não estará vazio. O estacionamento está vazio Logo, o banco não está aberto. Argumentos podem ser verificados de duas formas. Por um lado, podemos determinar a veracidade ou falsidade das premissas. Isso pode ser chamado de verificação do conteúdo do argumento. Por outro lado, podemos determinar se a conclusão está de acordo com as premissas. Quando avaliamos um argumento dessa forma, estamos verificando a forma ou estrutura. Em geral, lógica refere-se à avaliação da forma e não do conteúdo do argumento. Por exemplo, a lógica não tem por objetivo a determinação da veracidade (ou falsidade) das premissas do argumento sobre assassinato. O lógico está interessado em identificar e 2 avaliar a forma do argumento. Quando o conteúdo do referido argumento é retirado, temos: Se P então não Q Q Então não P A distinção entre forma e conteúdo pode ser ilustrada pelos seguintes exemplos: Argumento 1 Se Curitiba é capital da São Paulo, então Curitiba está em São Paulo. Curitiba é a capital da São Paulo. Portanto, Curitiba está na São Paulo. Aqui há um erro de conteúdo na segunda premissa. A conclusão, portanto, embora siga as premissas, está errada. Argumento 2 Se Curitiba está em São Paulo, então Curitiba está ao sul de Salvador. Curitiba está ao sul de Salvador. Portanto, Curitiba está em São Paulo. Aqui há outro tipo de erro. Embora as premissas estejam corretas, a conclusão não as segue. O argumento apresenta a seguinte forma, defeituosa: Se P então Q Q Então P Um argumento não estabelece a verdade de sua conclusão a não ser que tanto conteúdo quanto forma estejam corretos. 3 Um objetivo de um curso de lógica é melhorar a capacidade das pessoas para avaliar a argumentação que enfrentam em seu dia a dia. 1.2 TERMOS CHAVE Argumento: é um conceito lógico fundamental. É um conjunto de proposições, uma das quais, a conclusão, é deduzida a partir das outras, as premissas. Proposição é uma sentença que é verdadeira ou falsa. Exemplos Delfin Neto é deputado é uma proposição. Pode ser falsa ou verdadeira Não atravesse a rua não é uma proposição. Definição Argumento é um conjunto de proposições das quais uma é conclusão que deriva das outras. Essas proposições que associadas levam à conclusão chamam-se premissas. Sejam P1, P2,........Pn e Q proposições quaisquer, simples ou compostas. Se o relacionamento entre as proposições de P1, P2,.......Pn acarreta uma proposição final Q, então diz-se que: P1, P2,.....Pn são as premissas do argumento. Q é a conclusão do argumento. Exemplos: a) Se chove, Marcos fica resfriado, Marcos não ficou resfriado, logo não choveu. Premissas: Se chove Marcos fica resfriado Marcos não ficou resfriado Conclusão: logo, não choveu O mesmo argumento pode ser escrito na forma simbólica: se p então q , ~ q conclui ~ p 4 b. Se p e ~q então ~r ou ~s ; r e s; conclui se p então ~q Premissas: Se p e ~q então ~r ou ~s ; r e s; Conclusão: se p então ~q c. Se Raquel é magra então Ezequiel não é marceneiro. Sabe-se, com certeza, que Ezequiel é marceneiro. Além disso, se Raquel não é magra então Marcelo é advogado. Conclui-se que Marcelo é advogado. Premissas: Se Raquel é magra então Ezequiel não é marceneiro Ezequiel é marceneiro. se Raquel não é magra então Marcelo é advogado. Conclusão: Marcelo é advogado. Argumento válido 1ª critério: Um argumento é válido quando a sua conclusão é verdadeira sempre que todas as suas premissas forem verdadeiras. 2º critério: Um argumento P1, P2, ...., Pn conclui Q é válido quando a proposição Se (P1&P2&...Pn) então Q for uma tautologia. Exemplo: Argumento: Se Paula foi à praia, então Jorge foi ao cinema. Jorge não foi ao cinema; logo, Paula não foi à praia. Proposições: p: Paula foi à praia q: Jorge foi ao cinema Premissas p → q; ~ q Conclusão: ~ p 5 1º critério que pode ser usado para verificar se o argumento é válido Seja a tabela verdade formada por premissas e conclusão. Nas linhas nas quais todas as premissas são verdade, a conclusão também deve ser verdade. p q p → q ~q ~p v v v f v f f v f v v f f f v v v Verifique que onde as premissas são verdadeiras, a conclusão também é. Não interessam as outras linhas. O argumento é válido. 2º critério que pode ser usado A proposição [(p → q) & ~q] → ~ p deve ser uma tautologia P q p → q ~q (p → q) & ~q [(p → q) & ~q] → ~p V v v f f V V f f v f V F v v f f V F f v v v V É uma tautologia, logo o argumento é válido. 6 Exercícios: Verifique - construindo tabelas verdade e usando um dos critérios de validade - se os seguintes argumentos são válidos. a) Se o Cunegundes é velho então Aristóteles é ignorante. Se Aristóteles é ignorante então Corpo Mole será campeão. Cunegundes é velho. Logo, Corpo Mole será campeão. b) A Esfinge é anterior ao descobrimento do Brasil ou o Cabral não era português. Se o Cabral não era português então a esquadra espanhola derrotou o almirante Nelson. A esquadra espanhola não derrotou o almirante Nelson. Logo, A esfinge é anterior ao descobrimento do Brasil. c) Se Teresa não está grávida então Lúcio é inteligente. Sabe-se que João é gordo. Além disso, se Teresa está grávida então João não é gordo. Conclui-se que Lúcio é inteligente. d) premissas: ( ~ p ou q ) → r ; ~ r & p conclusão: q
Compartilhar