Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
APOSTILA psicossomática S U M Á R I O 03 05 11 21 Abordagem psicossomática Introdução Stress e aspectos psicossociais nas pessoas com doenças crônicas de pele Corpo, mente e emoções O problema mente-corpo36 29 Psicossomática e psicanálise 31 36 Contribuições da teoria do stress 43 50 Neurofisiologia e as teorias sobre emoções Considerações Finais Introdução 03 Pode ser que você já tenha ouvido falar sobre a doença psicossomática, mas, talvez, nunca tenha se dado conta do que ela representa, quais são as implicações, os sintomas e os tratamentos. Mas, o que de fato é a doença psicossomática? Ela é representada pela soma da relação entre o corpo e a mente. Isso quer dizer que devemos nos atentar e olhar nosso corpo como um, o conjunto, considerando os sinais que o físico e emocional envia. Portanto, é de total importância que os diversos sinais e referências enviadas pelo corpo, sejam estudadas e aprofundadas para melhor compreendimento sobre o assunto. Para isso, é necessário compreender a origem, os aspectos, o corpo, a mente e as emoções. Portanto, este curso apresentará as teorias e abordagens, sendo de objetivo compreender como funciona a relação entre o corpo e a mente. 04 Capítulo 01 Abordagem psicossomática 05 O conceito de abordagem atual sobre psicossomática é, como citamos anteriormente, o conjunto, a integridade, a totalidade do corpo. Isso significa a interação de ambos, o que supõe que o corpo não funciona sem a mente e vice- versa. 06 Para melhor compreensão, o tema sobre psicossomática foi levantado pela primeira vez por Heinroth, um psiquiatra alemão. Em seus estudos sobre insônia, no ano de 1808, ele encontrou algo interessante a respeito do assunto, mas só em 1823 ele introduziu o termo “somato-psíquico”. Com isso, ele quis enfatizar a influência nos fatores biológicos (naturais), que afeta o emocional. 07 Seguindo a linha de estudos sobre psicossomática, outro termo foi abordado em 1922. Felix Deutsch apresentou o assunto introduzido a medicina, mas foi Helen Dunbar que tornou o assunto mais consistente em seu livro “Mudanças emocionais e biológicas”. No discorrer do assunto e as percepções sobre o mesmo, alguns nomes foram sugeridos e questionados. Porém, os questionamentos sobre eles, levaram a incompleta abrangência para definir ou representar o mesmo. No fim das contas, o nome “psicossomática” foi qualificado para apresentar o assunto que une mente e corpo, como um só. Pôde-se dizer que mesmo com a incompleta representação da escolha, o mesmo já ganhou um grande e largo espaço, não somente no quesito de práticas médicas, como no geral, a saúde. Assim, podemos acrescentar com o pensamento de Morin (2002), que na Teoria da complexidade, afirma que o homem está em total relação com as situações do dia a dia: ele é influenciado, tanto quanto pode influenciar. Para concluir sobre as abordagens psicossomáticas, Mello Filho (1992) afirma que a mesma pode ser considerada: 08 uma ideologia sobre a saúde, o adoecer e sobre as práticas de saúde, é um campo de pesquisas sobre estes fatos e, ao mesmo tempo, uma prática, a prática de uma medicina integral". 09 Como tudo que já foi citado, então, mais uma vez, podemos consumar que a medicina e a psicologia deve estar em harmonia para que, ambos (corpo e mente), estejam em sintonia. 10 Capítulo 02 Contribuições da teoria do stress 11 Nos mais variados contextos existentes da sociedade, o termo stress é bem conhecido e utilizado. Ele é, muitas vezes, usado para definir um esgotamento psicológico, e até mesmo físico. 12 Como todos sabemos, o mesmo tem cunho para expressar coisas negativas, já que para se sentir estressado, é necessário ter se irritado com algo ou coisas nesse sentido. Entretanto, dentro desse mesmo sentido é importante analisar e observar que, o stress pode ser atraído quando a escolha na maneira por resolver certas coisas, são mal induzidas. Isto é, a maior parte do problema “stress”, tem mais a ver com a forma como lidamos frente às situações estressantes do dia a dia, e como vamos deixar que isso influencie nossa vida. Quando refletimos e compreendermos o significado que isso tem, chegamos a conclusão que podemos conduzir e melhorar um melhor relacionamento com os outros e conosco. Para adentrarmos a complexidade sobre o assunto, vamos conhecer, antes, como se originou o conceito da palavra e por que temos costume de associá-las a coisas ruins. 13 O termo foi utilizado de forma inédita por Hans Selye (1936), quando caracterizou em "Síndrome do stress" ou "Síndrome Geral de Adaptação". O autor definiu a síndrome como “conjunto de reações que um organismo desenvolve ao ser submetido a uma situação que exige esforço de adaptação”. Isso quer dizer que, quando estamos em uma situação que nos tira da zona de conforto, ativamos nossas defesas para, então, nos adaptarmos as condições exigidas pelo mesmo. Selye também definiu esse processo como "resultado da luta para a autopreservação das partes dentro do todo". Portanto, a partir disso, podemos enxergar duas vertentes do termo "stress". Não dá pra negar que, o sentido negativo do mesmo, é o que mais prevalece numa sociedade onde as coisas acontecem muito rapidamente. 14 Entretanto, é possível que a versão positiva do stresse seja observada, quando vemos o mesmo estimular nosso corpo a buscar novas conquistas e alcançar objetivos. Isso porque, naturalmente, quando somos submetidos a essas supostas adaptações, nosso corpo e organismo encontram/buscam esforços para enfrentar o diferente. Porém, a maneira como os conduzimos os estímulos são determinantes para identificar se o stress refletiu com danos a saúde. Como resultado, temos, mais uma vez, a união co-dependente entre mente e corpo. Isso porque, uma defesa ou uma submissão a tal adaptação, envolve a nossa mente no estado emocional, e o corpo com as condições físicas necessárias. Para compreender ao certo como o stress pode influenciar na origem de doenças físicas, é necessária a compreensão de alguns conceitos sobre psicossomática. Lipp (1996), em seus estudos, liga o stress externo a fatores como conflitos familiares, perda de pessoas, acidentes, trabalho excessivo e entre outros. 15 Complementando a informação, Selye (1956) analisou e considerou que, existem ao menos três fases que desenvolve o estado "stress": a de alerta, a de resistência e a de exaustão. A partir dessas fases, é possível que a identificação da gravidade do mesmo, também seja feita 16 17 A fase de alerta pode ser considerada momentânea, já que a descarga que a adrenalina proporciona, pode gerar êxito na adaptação ou situação. Essa é a fase positiva do stress, pois é no estado de alerta que você consegue raciocinar e fazer a melhor escolha. 1. Alerta 18 Na fase de resistência, a pessoa está, de forma automática, tentando manter o equilíbrio e conservação do físico e corpo. Entretanto, essa fase pode ser bem desgastante se o nível ou a rotação do problema não for "quebrada". A consequência da não quebra, é a fase seguinte, que gera total estado de alerta e grandes preocupações. 2. Resistência 19 Na fase de exaustão, os órgãos mais frágeis são atingidos, podendo gerar sérios distúrbios e doenças. Entretanto, dentre a fase de resistência e a de exaustão, "mora" a fase da "quase exaustão", ou seja, a que antecede a total. Ela é caracterizada como mais leve, porém, a pessoa em questão se sente fraca, incapaz de se adaptar a deveras situações. 3. Exaustão O que pode ser negativo ou positivo, de fato, deve ser analisado no contexto que levou ao adoecimento. Isso porque, as diferenças individuais de cada, refletem e pesam de maneiras diferentes. Portanto, a melhor forma de tentar identificar o estímulo estressante, é prestar atenção e reconhecer a provocação, a intensidade e o nível que determinadas ações afetam nossa vida. 20 Capítulo 03 Stress e aspectos psicossociais nas doenças crônicasde pele 21 Ahh, os padrões de beleza… Quem nunca tentou se encaixar neles? Apesar de tentativas, por vezes frustrantes, vamos combinar que a exigência do mesmo é um pouco alta, né? 22 Entretanto, se tem algo que assombra os pacientes que possuem problemas dermatológicos, são os tais dos padrões. Para alguns, isso envolve não sair mais na rua, ou então, estar super protegido contra qualquer olhar que siga a risca os padrões físicos. As manchas não mentem que “algo de errado não está certo” (trazendo para a linguagem mais jovial). Com isso, vem a insegurança, medo dos julgamentos e a discriminação quanto ao rótulo padrão. Por mais engraçado que pareça, a pele só começou a ser algum quesito de beleza, a partir de 1940. Se levarmos em consideração que ela faz parte da extensão e totalidade do nosso corpo, nunca deveria ter passado despercebida. 23 Afinal, é a partir dela que desenvolvemos alguns sensores ou proximidades físicas. Arrepiamos quando está frio, quando um beijo suave é o causador de resposta ao contato com a pele… Nos cumprimentamos na rua dando acenos, ou nos abraçamos para mostrar apreço. De acordo com Montagu (1988), a pele é um órgão de comunicação. Desde que nascemos, a pele nos acompanha e nos auxilia nas mais diversas adaptações a serem feitas. Também, é a partir dela que o processo de desenvolvimento de identidade, é feito, já que somos únicos nesse sentido. Alguns estudadores do assunto, afirmam que o nosso sistema nervoso interno, tem total ligação com o sistema nervoso externo. Portanto, o fator não “estar nos padrões de belezas”, pode agregar para um distúrbio tanto físico, quanto mental, refletindo a total insatisfação consigo mesmo e dificultando relacionamentos. 24 Não é novidade para ninguém que, ambos os casos de stress (físico ou emocional), geram reações no corpo, que, por sua vez, também são causadoras do stress (secundário). As doenças surgem de diversas formas e motivos, tamanhos e intensidade. 25 O stress pode desencadear “dermatite atópica, a disidrose, o líquen simples crônico ou neurodermite, a dermatite seborréica, a psoríase, a acne vulgar, a rosácea, a alopécia areata, a hiperidrose, a urticária, o herpes simples e o vitiligo” (Amorin- Gaudêncio, Roustan & Sirgo, 2004; Koo, Do & Lee, 2000; Steiner & Perfeito, 2003). 26 Aqui, mais uma vez podemos ver mente-corpo em sintonia, mesmo que com maus sinais. O stress, como desenvolvedor da doença de pele, evidência que o emocional tem o poder de influenciar/agravar ou melhorar a mesma. Entendemos que, assim como no capítulo anterior, para reverter (ou pelo menos não agravar a situação), é necessário conhecer quais são os estímulos que tem causado o stress. Tão- somente, é de extrema importância analisá-los e contê-los para evitar quaisquer agravamentos. Outra maneira de reverter a situação, é buscar por ajuda em consultórios dermatológicos e, quem sabe, grupos de autoajuda. 27 Dentre os fatores que provocam o aparecimento da doença de pele, o aspecto emocional é algo que tem grande peso e valor no surgimento e agravamento. Um estudo realizado com 120 pacientes por uma clínica de dermatologia na Turquia, apontou que junto as doenças de pele, os pacientes apresentam doenças como depressão, o que acaba por dificultar o resultado nos tratamentos. Considerando, então, os impactos que tais doenças de pele pode trazer a vida do portador, é de total importância que os estímulos estressantes sejam identificados para obter melhores resultados. 25 Capítulo 04 Corpo, mente e emoções 29 Mais uma vez, partimos do pressuposto em que corpo, denominado como físico e, mente, como reflexo das emoções, são codependentes. Para que todos funcionem bem, deve haver um equilíbrio para que assim, estejam em sintonia. Quando o contrário se torna realidade, surge o que podemos chamar de “efeitos nocivos”, vindos diretamente do acúmulo de stress. Portanto, a compreensão sobre o processo deve ser real, já que as concepções podem estar, segundo Cruz e Pereira Júnior, “fundamentadas numa visão materialista, que considera que os únicos fatores relevantes neste processo são de natureza física, ou numa visão mais ampla, que considere também aspectos cognitivos e emocionais como determinantes da saúde e da doença”. O que sabemos hoje, é que o sistema nervoso é regido pelo sistema límbico, fazendo com que o indivíduo seja afetado por suas experiências. Além do mais, “a psiconeuroimunologia, área que investiga interações entre o sistema neuroendócrino, imune e os aspectos psicológicos e comportamentais, têm mostrado que o sistema imune influencia e é influenciado pelo cérebro (URSIN, 2000). 30 Capítulo 05 O problema mente-corpo 31 É real que desde a Grécia antiga, o problema mente-corpo tenha sido tema de discussão entre os estudadores. Lá na época de Aristóteles e Hipócrates, já era considerado que o homem é uma unidade sem divisão. Hipócrates (460 a.C), acreditava que o homem era uma unidade organizada e, em contrapartida, entendia a doença como uma desorganização no corpo humano. 32 Entretanto, por muito tempo durante a idade média, a Igreja Católica, segundo (FAVA e SONINO, 2000), atribuía o estado citado acima, como, na verdade, a um estado de pecado. Eles organizaram, segundo Volich (2001), o conhecimento a partir de um paradigma sobre a vida após a morte, exaltando uma soberania da alma e colocando uma ideia de que o corpo era menosprezado. Em outro ponto, o problema mente-corpo já era visto como dualismo, ou seja, a distinção/separação entre o corpo e mente. No livro "O mistério da consciência", John Searle diz: 23 “Esta época é, ao mesmo tempo, a mais excitante e a mais frustrante, em minha vida intelectual, para o estudo da consciência. Excitante porque o tema consciência voltou a ser respeitado – de fato, quase que considerado central – como matéria de investigação da filosofia, psicologia, ciências cognitivas e até da neurociência. Frustrante porque todo o assunto ainda está infestado de equívocos e erros que eu supunha já terem sido superados”, (Searle, 1998, p.23). 34 Reforçando, a referência para a ideia defendida por Descartes em 1973, consistia que o corpo e a mente eram frutos de duas substâncias, tornando-os, assim, paralelos. Já para Hipócrates, Searle e outros filósofos, a mente e o corpo seria inseparável, tornando, facilmente, suscetíveis a influência de ambos. Freud, no início do século XX, traz de volta a importância dos aspectos e somas que o interno do homem contribui para o desenvolvimento da psicoanálise. Groddeck (1917), contribui com “Determinação psíquica e tratamento psicanalítico das afecções orgânicas”, e tornando este, o grande marco dentro da medicina psicossomática. 35 Capítulo 06 Psicossomática e Psicanálise 36 Como dissemos anteriormente, o tema sobre psicossomática foi levantado pela primeira vez por Heinroth, um psiquiatra alemão. Até aqui, a compreensão da relação entre o corpo e a mente era dualista. 37 Conforme o estudo mente-corpo e a percepção sobre o mesmo evoluem, outros filósofos e historiadores começam a se manifestar sobre o assunto e, agora, abrindo o leque e somando com a psicanálise Freud (1835-1930), colaborou para o estudo e em seu livro "Algumas considerações para um estudo comparativo das paralisias motoras orgânicas e histéricas". Ele afirma que, "a histeria se comporta como se a anatomia não existisse, ou como se não tivesse conhecimento desta". Portanto, o que se sugere é que, mesmo que uma paralisia afetasse os membros inferiores, os músculos e nervos estariam livres de sofrer as consequências. Groddeck (1917), contribui com “Determinação psíquica e tratamento psicanalítico das afecções orgânicas”, e tornando este, o grande marco dentro da medicina psicossomática. Segundo ele, em seus estudos, a doença não viria do exterior, mas sim do próprio humano a produzindo. Ele afirma que, dentro disso, apenas acessamos nosso arsenal de opções e a reproduzimos (Groddeck,1923, p. 219). 38 Para dar base ao argumento, Groddeck usa a psicanálise, segundo Casetto (2006), para citar vários sintomas curados com a psicanálise. Isso porque, ainda contribuindo para os exemplos de Groddeck, Épinay (1988) compreendeu que Groddeck atribuía a doença, um significado. Com isso, ele quis dizer que, por exemplo, quem tem olhos, quer ter óculos. Quem tem cabeça, sente a dor de cabeça. Isso sugere que, o papel do psicanalista, seria ajudar o ser humano na retomada de consciência, para assim, entender por meio de análise, qual foi o motivo do mesmo ter desenvolvido a doença e, agora, fazer com que ela seja curada. 39 Em quando isso, anos mais tarde, Franz Alexander (1930), acreditava que o estado emocional podia provocar alterações fisiológicas. Assim, por exemplo, o stress podia gerar uma alta pressão na corrente de sangue, sendo uma resposta do sistema nervoso e preparando o organismo para se defender. Mais tarde, Alexander associa a psicogênese as respostas fisiológicas. Essa resposta poderiam variar conforme a intensidade dos estímulos para gerar alguma síndrome no corpo. Isso quer dizer que, para ele, as respostas são diferentes, tornando o emocional expresso com palavras, e o fisiológico sofrendo por alteração do organismo (VALENTE e RODRIGUES, 2010). Com o passar das décadas e o aumento sobre a percepção do assunto, outros filósofos entenderam que Alexander teve uma visão dualista sobre o assunto. Portanto, questionamentos foram levantados e os estudos sobre mente-corpo continuaram, fazendo novas informações sobre as manifestações corporais quanto ao emocional (PERES, 2006). 40 Os anos se passam e os questionamentos continuam. Christophe Dejours vem para colocar seu ponto de vista sobre o assunto, que, de forma resumida "o sentido do sintoma somático, se é que ele existe, não está no sintoma, mas no trabalho de interpretação eventualmente desencadeado por ele" (DEJOURS, 1999, p. 40). 41 Com isso, ele estaria sugerindo que o sentido do sintoma precisa ser originado. Seria somente por meio dessa forma que o analista questionaria o ser em questão sobre o acontecimento e, assim, alteraria suas formas e repensaria o trabalho dentro da psicanálise (DEJOURS, 1999). Por esse breve resumo sobre a psicossomática em união com a psicoanálise, podemos perceber que as formas de compreender e a percepção do mesmo, vai se alterando e sendo reconstruída, mesmo que para isso seja necessário manter alguns atributos sobre as outras percepções do assunto. Porém, não podemos negar que a relação entre às duas, experimenta sintomas no emocional e físico. 42 Capítulo 07 Neurofisiologia e as teorias sobre as emoções 43 Assim como a área que abrange a psicanálise e a junção a psicossomática, os filósofos da área de neurofisiologia também escreveram teorias sobre as emoções em conjunto com a mesma. 44 William James (1842-1910) e Lange definiram emoções como algo que ocorre com diferentes estímulos. Ainda segundo eles, ocorreriam três passos básicos e essenciais para que uma emoção seja real: "o primeiro passo está relacionado com as alterações desencadeadas no estímulo. O segundo, por mudanças detectadas por receptores sensoriais transmitidos ao cérebro. No terceiro, o cérebro gera a atividade que é necessária ao sentimento de uma emoção (JAMES, 1884; 1894). Com isso, eles estavam sugerindo que emoções não levam apenas os seres humanos a realizar ações, mas isso também afeta sua característica, sua percepção, fisionomia e entre outras coisas. Desta maneira, podemos concluir com os estudos dele, que emoções causam diferentes sentimentos que originam sensações e estados emocionais, fazendo com que o corpo as responda de forma diferente a cada um (LEDOUX, 1996). Podemos citar como exemplo, o ato de fuga. No ato de defender-se, o desespero bate e ao correr, o aumento da pressão no sangue, o aumento de batimentos cardíacos, a transpiração e outros, são resultados de uma resposta ao que foi estimulado: o senso do perigo. 45 Em outras situações, outros sintomas, emoções e percepções aconteceriam de outras formas em resposta ao estímulo. É como comparar, por exemplo, as diferentes sensações e resposta do corpo ao sentimento de amor e ódio. Ambos são demonstrados de formas bem diferentes e com sinais fisiológicos bem opostos. 46 James (1890) simplifica dizendo que as emoções que sentimos são escravas da fisiologia. Isso porque, segundo ele, os sentimentos são externizados, indo a conhecimento das pessoas. Não choramos, por exemplo, porque estamos tristes. Ficamos tristes porque choramos. Não trememos por estar com medo, estamos com medo e trememos. 47 Anos mais tarde, essa teoria foi questionada em 1920 por Walter Cannon (1871-1945). Ele era fisiologista e buscava o conhecimento sobre as respostas do corpo em relação à fome e outras emoções caracterizadas como intensas. Cannon, então, propõe que as respostas do corpo a situações de emergências, são independentes do emocional que está sendo experimentado no momento. Isso porque, ele considera que as respostas do sistema nervoso autônomo são lentas para contribuir com nos sentimentos. Isso quer dizer que, sentimos a emoção antes mesmo de refletir no corpo. Simplificando, ele quis dizer que o cérebro sente por si só, e não fica esperando uma resposta do corpo para sentir (LEDOUX, 1996). 48 Apesar de que na visão de Cannon, um não depender do outro, ele entende que o corpo auxilia e desempenha papel importante no que diz respeito a intensificar a emoção. Em 1996, António Damásio em seus estudos sobre emoções, colabora para o assunto com testes neuropsicológicos e observação a pacientes em sua clínica com lesão no lobo-frontal. Em suas observações, ele compreende que as mudanças do corpo estão associadas aos pensamentos sobre os assuntos. No sentir da emoção, o corpo varia as mudanças de acordo com os acontecimentos. Funciona da seguinte maneira: uma avaliação cognitiva do que está sendo visto é feita e o córtex pré- frontal reage quase que involuntariamente (DAMÁSIO, 1996). 49 Em suma, os estudos sobre o assunto continua. A ciência, a psicologia, a medicina e os estudos sobre psicossomática, evoluem. O movimento que visa auxiliar pacientes com doenças de pele causadas pelo stress, continua. Apesar de existir divergência nas teorias dos autores, é impossível não notar que, sim, a relação entre os assuntos que envolve o comportamento humano a fisiologia, são reais. A mente e o corpo trabalha juntos, pelo menos é essa a grande convicção até que se prove o contrário. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Compartilhar