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Psicofisiologia 3 - Psicofisiologia Dos Afetos e Transtornos Mentais

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18/01/2023 11:56 Psicofisiologia dos afetos e transtornos mentais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03838/index.html# 1/38
Psico�siologia
dos afetos
e transtornos
mentais
Prof. Thales Vianna Coutinho
Descrição
A psicofisiologia dos afetos e dos transtornos mentais em uma perspectiva interacionista, com base em evidências
científicas recentes e na descrição acurada dos termos e conceitos.
Propósito
Reconhecer os gatilhos e a dinâmica dos afetos humanos, sabendo discriminar corretamente entre a normalidade e a
disfuncionalidade, é uma competência fundamental para qualquer profissional da Psicologia.
Objetivos
Módulo 1
Morfo�siologia do sistema límbico
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Identificar os processos psicológicos relacionados ao afeto humano.
Módulo 2
Fisiopatologia da ansiedade e dos transtornos do humor
Distinguir de forma assertiva entre um estado de humor saudável e um disfuncional, tendo em vista a variação dos afetos.
Módulo 3
Bases biológicas dos transtornos mentais e das afasias
Reconhecer a linguagem como uma faculdade mental e seus efeitos nas relações interpessoais afetivas.
Introdução
A Psicologia está presente em todos os lugares, uma vez que em todo lugar há seres humanos, indissociáveis de seus afetos
e sua linguagem. De fato, mesmo se pararmos para pensar no riquíssimo universo da nossa imaginação ou, mais
especificamente, da imaginação de um autor de histórias de ficção, podemos ver que os próprios personagens também
carregam dilemas afetivos e se expressam por meio da linguagem. Alguns deles podem até mesmo sofrer com um
transtorno do humor ou da ansiedade.
Curiosamente, ainda que todos os personagens da história em questão não sejam humanos propriamente ditos, o mesmo
aconteceria. Suponhamos que sejam criaturas sobrenaturais ou alienígenas. Ainda assim, os afetos e a linguagem seguirão
a lógica humana. Isso significa que, por mais longe que nossa imaginação vá, estamos limitados a pensar em alguém ou em
algum personagem com o olhar tipicamente humano. E, para nós, o que há são os afetos e a linguagem.
Portanto, a compreensão dessas faculdades mentais faz toda a diferença para a alfabetização psicológica do estudante de
Psicologia. Afinal, servirá como uma ferramenta para possibilitar uma análise adequada tanto da realidade concreta quanto
da fictícia.
Por isso, convido você a embarcar nessa jornada pelos meandros na natureza humana, compreendendo os principais
aspectos constituintes da humanidade, bem como a situação em que eles não funcionam corretamente. Afinal, para que seja

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possível compreender ao máximo a importância de algo em nossas vidas, é necessário compreender o efeito que a perda de
tal faculdade provoca.
1 - Morfo�siologia do sistema límbico
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os processos psicológicos relacionados ao afeto
humano.
As emoções e os sentimentos
Desde 1884, quando o eminente psicólogo William James escreveu seu livro O que é uma emoção?, a Psicologia se debate
em relação à sua definição. Esse é mais um exemplo de como nem tudo aquilo que soa intuitivo é declarativo.
De acordo com alguns autores, a emoção seria uma espécie de estado funcional do cérebro que explicaria um
comportamento consequente, pois essa mudança no estado funcional cerebral faria o indivíduo perceber o ambiente de
forma diferente e responder a ele também de forma distinta.
Exemplo
Uma pessoa que sente medo de alguma ameaça em potencial pode ficar mais alerta aos estímulos ambientais e responder
de forma mais agressiva. Toda essa mudança de perspectiva também seria acompanhada por mudanças visíveis na postura,
na expressão facial, na tonalidade da voz e em outros elementos que funcionariam como uma sinalização mais objetiva do
estado emocional do indivíduo. Afinal, uma das funções da emoção é a comunicação: quanto mais explícita a comunicação,
mais assertiva ela é.
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Ainda, neste tópico, vale a pena considerarmos os escritos de Paul Ekman (2011), um eminente psicólogo das emoções,
responsável pelo estudo do reconhecimento das expressões faciais das emoções universais. Para ele, alguns fatores
definem o que seja uma emoção.
O primeiro deles é que ela tem um sinal característico e observável.
O segundo é que ela seja acionada automaticamente, em menos de 1/4 de segundo.
A terceira característica é o reduzido nível de consciência. De fato, quando estamos sob o efeito de determinada emoção
muito forte, mudamos nosso comportamento de diferentes maneiras, mas só tomamos consciência disso quando alguém
próximo nos chama a atenção para o fato.
Inclusive, alguns jargões populares ilustram bem isso, por exemplo, quando dizem "fulano está cego de raiva". É importante
entender que essa ausência de consciência é um fator importante na experiência emocional, pois nem sempre é possível
deliberar sobre o que se está percebendo ou deixando de perceber.
Comentário
Adquirir a consciência sobre o estado emocional é uma tarefa difícil, mas deve ser o objetivo de todos aqueles que desejam
ter uma boa vida. Afinal, quanto mais precocemente identificarmos uma ação emocional, mais rapidamente conseguimos
lidar com ela.
O quarto fator é o caráter fugaz da emoção, que, tão rápido quanto surgiu, também desaparece. Emoções não costumam
durar mais do que poucos segundos/minutos.
Por mais coerente que sejam essas explicações, é sempre importante deixar claro que o debate ainda está aberto,
principalmente no que diz respeito à objetividade da sinalização da emoção. Alguns dados que conferem robustez aos
críticos demonstram que nem sempre duas pessoas percebem a expressão facial de um terceiro como sendo a mesma. Ou
seja, características individuais dos observadores ou mesmo do emissor da emoção podem interferir na assertividade do
julgamento dela.
Agora é chegada a hora de diferenciar emoção de sentimento:
Emoções
São explícitas e ocorrem importantes variações na atividade muscular que acabam sinalizando aos demais o estado
emocional do indivíduo.
Sentimentos
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São subjetivos, em que fazemos uma interpretação subjetiva das mudanças corporais geradas pelas nossas emoções.
De acordo com o neurocientista português António Damásio (2004), eminente pesquisador na área de neurociência
social/emocional, os sentimentos têm sua origem na leitura que fazemos de um determinado estado corporal afetado pelas
emoções, que induzem a comportamentos dos mais variáveis.
Só no escopo das emoções ditas “básicas”, temos o modelo do Paul Ekman, por exemplo, que defende a existência de sete.
Entretanto, há outros autores que propõem a existência de mais de 20 emoções básicas. O que diferencia é a percepção do
autor acerca de quais emoções humanas são naturais e universais.
Por definição, as emoções “básicas” seriam aquelas que estão presentes desde sempre na história, fazendo parte da nossa
origem filogenética. Portanto, elas são também reconhecidas por pessoas de diferentes locais e etnias. Por exemplo,
cidadãos de Serra Leoa conseguirão ler de maneira adequada as emoções básicas expressas por brasileiros, e vice-versa.
Além das emoções básicas, temos também aquelas que são dependentes de cultura, ou seja, não são expressas
universalmente e tampouco são compreendidas de forma universal.
O medo como emoção básica
O medo é uma emoção básica, reconhecida pela maioria dos autores da área. Isso significa que ele é expresso e interpretado
por todos da mesma forma. Aliás, mesmo pessoasnascidas cegas, quando percebem alguma ameaça no ambiente
manifestam a expressão de medo de forma semelhante.
A expressão facial do medo é caracterizada por alguns componentes bem específicos. A saber, os olhos representam um
importante sinal para a identificação do medo. Sob o efeito dessa emoção, as pálpebras se abrem ao máximo,
principalmente a superior, e a pálpebra inferior contrai. Dessa forma, o olhar do medo é o único capaz de revelar a esclera
(parte branca dos olhos) em três pontos distintos: à esquerda, à direita e acima. Esse efeito é tão surpreendente que é
possível identificar o medo em alguém apenas com base na imagem de dois olhos num fundo preto. Quanto mais esclera
aparecer nos olhos, mais as pessoas julgam se tratar de uma expressão de medo e mais ativam a amígdala cerebral em
resposta, como uma forma de contaminação emocional. Mas, sobre isso, falaremos na sequência.
Voltando aos sinais de identificação do medo, além dos olhos bem abertos, temos também o maxilar levemente aberto,
aliado a uma contração horizontal da boca para trás. É quase como se você colocasse um lápis na boca, horizontalmente, e
tentasse falar.
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Por fim, a narina dilata ao máximo. É interessante tomar tanto a abertura dos olhos como a da narina em conjunto para
entender que a expressão física do medo, na realidade, potencializa a percepção humana, principalmente visual e olfativa.
Afinal, trata-se de uma emoção sentida em situações de ameaça e, em contextos ameaçadores, é fundamental que você
consiga identificar a fonte do perigo. Para isso, seus sentidos ficam mais apurados.
Assim, o medo também é uma das emoções mais facilmente contaminantes: diante da percepção de que alguém está
amedrontado, tendemos a compartilhar aquela resposta de medo. Isso se deve ao fato de que a ameaça que afeta o outro
provavelmente tem relevância para a gente também. Todos nós tememos as mesmas coisas. Por isso que o gênero de
horror é tão poderoso.
Existem medos que são ancestrais e aqueles que são aprendidos. Medos ancestrais dizem respeito à resposta emocional
diante de situações ou contextos que sempre representaram ameaças, não apenas para nós, humanos, inclusive.
Exemplo
A escuridão é potencialmente mais perigosa que a claridade. Isso porque não temos uma visão muito privilegiada, o que nos
torna mais vulneráveis a outros animais ou a inimigos humanos quando há menos luminosidade no ambiente. Essa é a razão
pela qual muitas pessoas (quase todas!) têm medo do escuro ou tiveram, em algum momento da vida, e conseguiram
superar as dificuldades. Outros tipos de medo ancestral dizem respeito a animais peçonhentos. O exemplo mais clássico é o
medo de cobras.
Os medos ancestrais são tão interessantes que, de acordo com Mathias Clasen (2017), pesquisador da Universidade de
Aarhus (Dinamarca), eles se aplicam até mesmo à fantasia sobrenatural. Aplicando a lógica evolucionista aos personagens
clássicos do terror, ele identificou que criaturas como zumbis, lobisomens, vampiros e fantasmas estão presentes em todas
as culturas ao redor do mundo (ainda que não com a mesma roupagem) porque representam medos muito específicos, que
variam da contaminação ao ataque em massa. Portanto, ao entrarmos em contato com essas histórias, geralmente ao redor
de uma fogueira, somos inoculados não apenas com o medo de tais personagens sobrenaturais, como também com as
estratégias para enfrentá-los e mantê-los afastados de nós.
Curiosidade
Não deixa de ser interessante que esse mesmo autor identificou que pessoas que assistiam a mais filmes de terror
conseguiram lidar melhor com a pandemia da covid-19. Ou seja, trata-se de um exemplo de aprendizado parassocial, em que
o contato com dilemas da ficção é traduzido para a realidade e gera respostas mais adaptativas.
Entretanto, é curioso o fato de que, embora a escuridão e animais peçonhentos representem um risco maior à nossa
sobrevivência, a maior parte dos acidentes fatais ocorre envolvendo objetos que não têm nada de ancestral. Por exemplo,
muito mais gente morre em acidentes de carro em rodovias do que mordidos por cascavel. No entanto, uma criança pequena
não teme instintivamente o carro.
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Essa é, logo, a razão pela qual o medo e o aprendizado tendem a caminhar juntos. Desde que nascemos, precisamos
aprender que determinadas coisas do mundo moderno podem ser uma ameaça ainda mais perigosa que nossos medos da
Idade da Pedra.
Provavelmente você já assistiu ao famoso filme Divertidamente (no inglês, Inside out, 2015). O filme demonstra como as
esferas, que são as memórias da menina, se tornavam da cor da emoção que tocava nelas e acabavam sendo armazenadas
em um local privilegiado. Essa é uma alegoria genial à consolidação das memórias episódicas por meio do conteúdo
emocional. Isso vale para todas as emoções, mas especialmente para o medo: vivências muito permeadas pelo medo se
tornam memórias muito bem consolidadas, pois seria totalmente desadaptativo se nos esquecêssemos delas. Como você
deve ter imaginado, essa é a base para as memórias traumáticas, mas, ao mesmo tempo, é a origem dos medos aprendidos
que nos permitem sobreviver até esse momento.
Atenção!
Vale destacar que a incerteza é a principal raiz do medo. A psicoeducação tem um efeito terapêutico significativo.
Cabe perguntar: se pudéssemos viver sem medo, nossa vida seria mais plena?
Não é bem essa vida que os pacientes com a chamada síndrome de Kluver-Bucy vivem. Essa síndrome é decorrente da
extração cirúrgica dos lobos temporais. Entre os sintomas característicos está o entorpecimento emocional, principalmente
do medo: esses pacientes sentem muito menos medo em seu cotidiano, mesmo diante de estímulos em que o medo seria
necessário, o que acaba aumentando o risco de acidentes ou outros eventos negativos. Em suma, a doença abrevia
significativamente a expectativa de vida do paciente, principalmente devido a essa redução da tendência a sentir medo.
Logo, parece que a lógica aplicada ao super-herói não se transfere às pessoas normais.
De fato, o medo é necessário às nossas vidas. Tão necessário que, em determinados momentos,
ele é buscado.
A diferença entre medo e ansiedade
Outra diferença importante a ser feita é entre os significados de medo e ansiedade. Apesar de parecerem sinônimos, não são
processos idênticos.
Ansiedade
É a emoção que surge em decorrência de uma ameaça ambígua ou incerta, que pode ser impedida, ao mesmo tempo
em que se mantém em alta mesmo após a resolução da situação desagradável. Em suma, é uma resposta emocional a
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uma ameaça potencial do futuro e, muitas vezes, pouco definida.
Medo
Tende a ser engatilhado por uma ameaça específica, iminente e que não pode ser evitada, enquanto tende a
desaparecer logo após o conflito ser resolvido. Em suma, o medo é uma resposta emocional a uma ameaça do
presente e específica.
Ainda, sabemos que a ansiedade pode apresentar dois tipos diferentes:
Raiva e agressividade
A raiva, assim como o medo, é uma emoção básica. Como tal, também apresenta um padrão característico de expressão
facial identificável por todos. Novamente, os olhos recebem uma importância fundamental. Porém, diferentemente do medo,
que era caracterizado pelos olhos bem abertos, o olhar da raiva é fixo. Isso porque a raiva sinaliza desaprovação ou desejo
de causar dano e, em ambos os casos, ela é direcionada a um alvo bem específico, o que se reflete no olhar fixo.

Ansiedade de estado
É aquela que sentimos normalmente, antes de fazer uma apresentação de trabalho, encontrar alguém que
gostamos, participar de uma reuniãoimportante etc.
Ansiedade de traço
É quase um traço de personalidade, isto é, diz respeito à tendência a se sentir ansiosa em muitos momentos
da vida.
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Ainda sobre as características da porção superior da face enraivecida, tem-se que as sobrancelhas baixam de forma a
ficarem unidas, formando uma espécie de “V”. Em relação à boca, ela pode estar semiaberta, revelando os dentes, ou então
fechada, com os lábios retesados para as laterais.
Algumas pessoas, na tentativa de potencializar ainda mais o caráter ameaçador da expressão de raiva, costumam inclinar a
cabeça para frente em torno de 30º. Essa inclinação gera uma ilusão de que a altura da face é menor, e esse é um indicativo
de truculência.
Portanto, seguindo todo esse protocolo com cuidado, é pouco provável que alguém se aproxime de você na rua. Aliás, é
muito curioso esse efeito de afastamento dos demais em função da nossa raiva, pois é exatamente para isso que ela serve.
A busca por estratégias para controlar a raiva é uma constante na Psicologia, principalmente aquela interessada em
aplicações clínicas. De fato, algumas estratégias de respiração ou de afastamento da situação podem ter uma eficácia
razoável no manejo da raiva. Aliás, o controle adequado da raiva é fundamental até para que consigamos lidar com
machucados físicos.
Uma das estratégias mais eficientes nesse sentido é também uma das mais contraintuitivas e até politicamente incorretas: o
xingamento. Ainda não é possível defender com afinco que o palavrão seja um fenômeno universal, mas em todas as
principais sociedades estudadas até o momento ele está presente. Palavrões nada mais são do que palavras-tabu, que
consideramos feias ou mesmo inaceitáveis.
Além disso, existem benefícios no xingamento que não devem ser negligenciados. Um deles, que é o mais estudado, é o
efeito analgésico.
Quando você dá, sem querer, aquela pancada na quina da porta com o dedinho mindinho do pé, geralmente a dor é suficiente
para “te levar à Lua e voltar”. Porém, quando você enche a boca e fala um palavrão, naquela hora, o limiar da dor aumenta
imediatamente e você passa a sentir menos dor.
Outro benefício do xingamento se aplica justamente às brigas. Apesar de quase todo ato violento (fisicamente) ser precedido
por uma agressão verbal, repleta de xingamentos, não necessariamente todo xingamento evolui para briga física.
Na realidade, uma recente pesquisa sobre psicologia do trânsito descobriu que a maior parte dos
ataques de raiva seguidos por xingamento não evoluem para combate físico. Isso significa que o
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xingamento em si tem a propriedade de aliviar a raiva e impedir que ela escalone até níveis muito
elevados.
Essa está longe de ser uma ode ao xingamento, mas sim uma demonstração de que não podemos ser maniqueístas. Mesmo
comportamentos que aparentemente representam algo ruim podem nos ajudar a prevenir coisas ainda piores.
Comentário
O único conselho que a psicologia do palavrão dá a quem quer se beneficiar dos seus efeitos positivos é que não o
banalizem: os efeitos analgésicos e de regulação emocional são mais evidentes naqueles que xingam pouco. Portanto,
xingue com moderação!
Compreendendo a agressividade
O dicionário de psicologia da Associação de Psicologia Americana (APA) conceitua agressividade como uma tendência à
dominância social, a comportamentos ameaçadores, ou hostilidade, podendo ser em resposta a algum evento específico do
ambiente ou consequência de um traço pessoal.
Isso significa que, a princípio, a capacidade de agir de forma agressiva está presente em cada um de nós, porém algumas
pessoas apresentam uma tendência maior a nutrir esse espírito mais hostil.
Por exemplo, o álcool age reduzindo o potencial das nossas funções executivas, principalmente do controle inibitório, e isso
favorece a conversão de uma ideia agressiva em um comportamento agressivo propriamente dito — episódio que,
provavelmente, não ocorreria sem o efeito do álcool.
Curiosidade
No caso da cerveja, sob efeito do gosto amargo à boca, tendemos a nutrir crenças mais hostis em relação às pessoas à
nossa volta. Isso significa que bebidas alcoólicas amargas têm duas vezes mais possibilidade de desencadear um
comportamento agressivo.
Ainda que seja um tópico quase inesgotável, vamos finalizá-lo discutindo um tema que desperta bastante curiosidade e gera
bastante controvérsia entre as pessoas, mesmo entre a comunidade acadêmica:
As mídias em geral, especificamente os videogames, têm a propriedade de produzir uma
tendência mais agressiva no jogador?
Na realidade, não há uma definição desse debate, que é travado principalmente por dois expoentes pesquisadores da área:
Christopher Ferguson (2015) e Craig Anderson (2011).
Para Ferguson (2015), a associação entre videogames violentos e comportamento violento não passa de um exemplo de
pânico moral, em que a sociedade se vê na necessidade de encontrar um bode expiatório para atribuir a culpa pelas mazelas
da violência urbana contemporânea e viu no videogame um bode perfeito.
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Ele conduziu uma série de experimentos e metanálises demonstrando que a exposição a conteúdos violentos dos
videogames não leva a comportamentos violentos reais por parte dos jogadores.
No outro corne do ringue, ou melhor, no outro lado da discussão, temos o professor Anderson (2011), para quem os jogos
têm sim propriedade de influenciar o comportamento humano real, de forma a torná-lo mais agressivo. Ele também
desenvolveu muitos estudos e metanálises comprovando seu ponto.
Comentário
Não queremos que você termine essa leitura com uma informação frustrada. O fato de ainda não termos uma resolução
cabal para o debate sobre a relação entre jogos violentos e comportamento violento significa que existe uma dúvida razoável
em ambos os lados. Logo, você pode “sacar da manga” o professor Anderson para convencer seu filho de que não deve jogar
esse tipo de jogo, ao mesmo tempo em que pode “evocar” o professor Ferguson para provar aos seus pais que o que está
fazendo é inofensivo.
Neurobiologia das emoções
No caso das emoções, o substrato neural vem sendo descortinado pelo menos desde a década de 1930, com o James
Papez (MACLEAN, 1981).
James Papez foi um neurologista americano que propôs a existência de um sistema emocional no cérebro responsável por
conectar o córtex cerebral ao hipotálamo. Desde aquela época, Papez já considerava que o córtex cerebral era responsável
por dar o aspecto “colorido” à experiência emocional cotidiana. Essa ideia se mantém até os dias de hoje, inclusive com o
estudo de casos clínicos em que, após uma lesão significativa do córtex cerebral, o paciente perde a capacidade de
experienciar e manejar as emoções cotidianas.
No seu modelo, que ficou conhecido como circuito de Papez, a experiência emocional iniciava no córtex cingulado, que fica
logo acima do corpo caloso. Esse córtex cingulado enviava informações ao hipocampo, que retransmitia ao hipotálamo.
Para Papez, o hipotálamo tinha um papel fundamental em todo esse processo, pois as mudanças fisiológicas que ele
produzia no organismo como um todo eram responsáveis pela expressão comportamental da emoção e também eram
informadas aos núcleos anteriores do tálamo, que levavam a informação de volta ao córtex cingulado. Por sua vez, o córtex
cingulado apresentava intensa conectividade com várias estruturas do neocórtex, que produziam a sensação emocional
mais intensa. De acordo com esse modelo, a conexão entre o hipotálamo e o córtex cerebral é bidirecional. Veremos agora
com mais detalhes estas estruturas:
órtex cingulado
É constituídopelo giro cingulado e pela matéria cinzenta cortical que reveste as margens superior e inferior do sulco cingulado.
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Apesar de muito interessante o modelo de Papez, algumas das estruturas que ele incluiu em sua análise foram arbitrárias.
Entretanto, é curioso que, quase meio século antes dele, o famoso neurologista Paul Broca (DUFFAU, 2018) tenha descrito
um conjunto de estruturas que circundavam o tronco cerebral e dado o nome de lobo límbico. Mais curioso ainda é que
Broca não tenha especificado que essas estruturas estariam envolvidas na geração da nossa experiência e resposta
emocional — aliás, ele pensava que estavam envolvidas na percepção olfativa. Contudo, quase todas as estruturas do
chamado lobo límbico eram semelhantes às do circuito de Papez.
Foi apenas em 1952 que outro neurologista expoente, chamado Paul MacLean (TIMSIT-BERTHIER, 1994), resgatou o conceito
de lobo límbico, identificou as semelhanças com o circuito de Papez e resolveu dar o nome de sistema límbico a esse
conjunto de estruturas que circundam o corpo caloso e apresentam grande relevância para a nossa vida emocional.
Saiba mais
Com o passar dos anos, há uma grande discussão acerca do termo sistema, pois essa palavra remete a um conjunto de
estruturas que agem em sincronia para produzir alguma resposta específica. Logo, alguns autores divergem quanto à
necessidade de incluir no sistema límbico toda e qualquer estrutura cerebral que apresente algum papel na geração e
experimentação de emoções.
Porém, inegavelmente, o “sistema límbico” atual se ampliou para além das paredes do corpo caloso, ao mesmo tempo que
deixou de ser um sistema unificado:
Atualmente, compreende-se que o sistema límbico seja, na verdade, formado por dois sistemas
distintos, mas que trabalham harmoniosamente em conjunto.
Vejamos, agora estes dois sistemas:

Sistema límbico emocional
Ele engloba estruturas cerebrais como o córtex orbitofrontal, a amígdala e o giro cingulado anterior.

Sistema límbico mnemônico

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Ele é formado por estruturas como o hipocampo, o giro cingulado posterior, o corpo mamilar e o fórnix.
Como a relação entre emoções e memórias está bem descrita na literatura, é óbvio que esses dois sistemas conversam
bastante entre si.
Neurobiologia das emoções e o sistema límbico
Neste vídeo, o especialista reflete sobre os componentes do sistema límbico e a neurobiologia das emoções.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Uma das funções da ficção é a simulação da realidade. Mesmo por meio de personagens fantásticos, simulamos
situações que representam conflitos reais e, mediante a análise do desfecho dos personagens, é possível extrair
aprendizados reais. Diante disso, julgue as assertivas abaixo e depois assinale a alternativa correta.
I. De acordo com uma famosa investigação conduzida durante a pandemia da covid-19, indivíduos que tinham um
histórico de assistir a filmes de terror foram mais resilientes durante a pandemia.
Porque
II. Filmes de terror que simulam riscos e medos ancestrais, como o de contaminação, acabam estimulando
aprendizados relevantes a esse contexto.
A As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C A asserção I é uma proposição verdadeira, já a II é uma proposição falsa.
D A asserção I é uma proposição falsa, já a II é uma proposição verdadeira.
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Parabéns! A alternativa A está correta.
O estudo em questão foi desenvolvido pelo professor Mathias Clasen, da Universidade de Aarhus, que trabalha bastante
com o paradigma de que histórias de terror, por mais sobrenaturais que possam ser, simulam ameaças reais e podem
favorecer aprendizados importantes. Portanto, as duas asserções estão corretas.
Questão 2
O medo é uma resposta emocional básica diante de alguma ameaça em potencial. Recentemente, os cientistas
descobriram que a própria expressão de medo pode favorecer determinadas cognições e comportamentos adaptativos.
Acerca das consequências da expressão de medo em si, leia as asserções abaixo e, na sequência, assinale a opção
correta.
I. A expressão de medo diminui a percepção sensorial.
Porque
II. A expressão de medo é caracterizada pelo aumento no diâmetro dos olhos e na dilatação da narina.
Parabéns! A alternativa D está correta.
O padrão da contração facial que caracteriza o medo realmente envolve o aumento da abertura dos olhos, revelando
mais a esclera, bem como a dilatação da narina. Portanto, a segunda assertiva está correta. Entretanto, essas alterações
físicas levam a um aumento na percepção sensorial, não à diminuição, o que torna a primeira asserção incorreta.
E As asserções I e II são proposições falsas.
A As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C A asserção I é uma proposição verdadeira, já a II é uma proposição falsa.
D A asserção I é uma proposição falsa, já a II é uma proposição verdadeira.
E As asserções I e II são proposições falsas.
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2 - Fisiopatologia da ansiedade e dos transtornos do humor
Ao �nal deste módulo, você será capaz de distinguir de forma assertiva entre um estado de humor saudável
e um disfuncional, tendo em vista a variação dos afetos.
Mecanismos do estresse
Homeostase é o termo utilizado para se referir a um estado em que o organismo se encontra funcionando de forma
harmônica. Entender a homeostase é fundamental para compreender o conceito de estresse, tendo em vista que este
significa o rompimento daquela: sempre que a homeostase é quebrada, por qualquer razão que seja, estamos sob uma
condição de estresse.
De fato, essa reação se aplica a qualquer fator. Pode ser uma febre, que altera temperatura e hábitos alimentares; pode ser
uma maratona, que altera frequência cardíaca e respiratória; ou pode ser a preocupação com a avaliação da semana que
vem, que altera as faculdades mentais. Todos esses exemplos se referem a tipos diferentes de estresse, pois todos eles
guardam em comum a alteração no estado de homeostase.
A visão mais clássica — e mais antiga — do estresse psicológico compreende que ele é formado por três fases distintas,
sendo chamado de modelo trifásico do estresse.
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São elas: 1) alerta; 2) resistência; 3) exaustão.
Vamos entender essas fases utilizando um exemplo de estresse relacionado às demandas educacionais:
O exemplo falou sobre as fases do estresse numa situação em que elas são percorridas dentro de uma curta janela
temporal. Entretanto, é fundamental entender que há situações em que o indivíduo pode ficar durante dias ou semanas em
cada uma das fases. Nesses casos, obviamente, o dano à saúde mental e à qualidade do relacionamento social pode ser
irreparável.
Embora nosso organismo esteja bastante adaptado ao estresse agudo — que é aquele que surge de repente, mas que dura
pouco tempo —, não é possível dizer o mesmo sobre o estresse crônico — aquele que se alarga ao longo dos dias. Na
condição crônica, queocorre sempre que o agente estressor não é resolvido rapidamente, o estresse pode precipitar várias
doenças autoimunes, dermatológicas e até cardiovasculares, além de fomentar episódios de depressão.
Primeira fase
Suponha que você esteja na semana de avaliações na sua faculdade. Você estuda à noite e acorda assustado
com o fato de que se esqueceu completamente de estudar para a prova daquele dia. Isso faz com que você se
levante da cama sob efeito do alerta e acabe se sentindo bastante energizado, ao ponto de pegar o material e
começar a estudar.
Segunda fase
Porém, com o passar das horas, aquele estudo vai se tornando enfadonho e, ao mesmo tempo, você ainda não
se sente apto a fazer a avaliação. Ou seja, a necessidade do estudo, que foi o problema inicial, ainda não se
resolveu. Nesse momento em que a perseveração continua, mas de forma mais difícil, você está na fase de
resistência. É quando começam a surgir os primeiros sintomas do estresse, tais como esquecimento,
sudorese e sentimentos catastróficos.
Terceira fase
Agora suponha que o tempo continue passando e que a sensação de que você não está aprendendo nada com
aquele estudo de última hora esteja ficando cada vez maior. Logo chegará o momento em que seus recursos
cognitivos começarão a se esgotar, enquanto os sintomas do estresse serão potencializados. Devido a todo o
turbilhão desses sintomas, você conseguirá alocar ainda menos atenção ao estudo que está tentando realizar.
Você enfim chegou à fase de exaustão, em que insistir na tentativa de continuar estudando passa a ser
disfuncional.
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No entanto, é preciso também pararmos de nutrir uma visão eminentemente negativa acerca do estresse. Saiba que o
estresse, principalmente o agudo, é bastante funcional. Inclusive, em última instância, pode-se dizer que você está aqui,
fazendo parte desse mundo, porque um dos seus pais (provavelmente o seu pai) se estressou.
Saiba mais
Um estudo convidou voluntários para o laboratório. Esses voluntários não sabiam de nada do que iria acontecer. Eles
basicamente tinham que interagir com alguém do sexo oposto e de elevado nível de atratividade. Antes dessa conversa,
forneciam uma amostra de saliva para avaliar diferentes hormônios. Após a conversa, uma nova coleta de saliva era
realizada, para comparar o antes com o depois.
A conclusão do estudo foi de que não houve tanta variação hormonal nas mulheres depois de interagirem com homens
atraentes. Contudo, uma variação significativa ocorreu entre os homens, principalmente envolvendo o aumento do nível de
cortisol, que é conhecido como “hormônio do estresse”. O mais interessante: aqueles que sofreram um maior pico de
cortisol após a conversa eram justamente os que tinham se interessado mais pela mulher bonita.
Apesar de essa ter sido uma pesquisa não muito ecológica, é possível considerar que, de alguma forma, ela simula a
realidade do flerte humano em contexto real.
Ou seja, aquele jogo de paquera no barzinho à noite certamente envolve flutuações hormonais significativas no cortisol
masculino, que lhes dá coragem para se aproximar e, quem sabe, iniciar um grande amor. Portanto, desde já, entenda que
você é fruto do estresse, mas de um estresse bom!
Você certamente conhece pessoas que são orientadas para problemas. Problemas esses que geralmente não são fáceis de
resolver, o que faz com que inicie um processo de estresse crônico.
Na época do extinto Orkut, uma famosa rede social da primeira década do século XXI, havia algumas “comunidades” com
títulos engraçados, que por vezes serviam para você colar embaixo de comentários estressados. Seu colega comentava, por
exemplo, que estava de saco cheio do trabalho, então você colava o link da comunidade “Cem terrenos para você capinar”
embaixo do comentário dele.
A ideia por trás dessa brincadeira ia além da ironia pura e simples. Trata-se da crença, nutrida por muitos de nós, de que o
estresse é fruto de uma rotina desocupada. Logo, se você for pescar, capinar um terreno, lavar uma louça ou realizar
qualquer outra atividade, é óbvio que a sensação de estresse diminuirá, não é? Só que não!
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Uma pessoa que tem como um tema de sua vida “ser estressada” continuará encontrando razões para se estressar mesmo
em meio a um monastério; ou ficará estressada porque os peixes não estão fisgando a isca; ou porque o terreno do vizinho
está melhor cortado. Ou seja, mesmo em ambientes com tudo favorável para uma visão de mundo “mais cor de rosa”, essas
pessoas conseguirão enxergar razões para ver tudo “cinza”. Essas pessoas apresentam uma tendência à repetição de scripts
ansiógenos, mesmo que o cenário e os personagens sejam diferentes.
Esse é um dos exemplos da teoria dos temas de vida. Essa teoria basicamente defende que a pessoa cronicamente
estressada enxerga o estresse como um “tema” na sua vida. Diante disso, os personagens podem até mudar, mas o roteiro
continua o mesmo e a pessoa acaba repetindo a história. Seja em casa, seja em uma viagem paradisíaca, essa pessoa
encontrará razões para acreditar que o estresse está presente.
Comentário
Essa teoria nos ajuda a entender que, apesar de existirem ambientes favoráveis ao estresse, este é — em última instância —
um problema também do indivíduo. Em muitos casos, é necessário o acompanhamento psicológico para que a pessoa deixe
de sentir a necessidade de se estressar constantemente e passe a gozar de uma vida mais leve e solta.
Transtornos do humor
O humor é um tema bastante comum na Psicologia, principalmente — mas não somente — na clínica. Entretanto, nem todos
que utilizam essa palavra conhecem seu verdadeiro significado à luz da Psicologia.
O Dicionário de Psicologia da APA define o humor como uma tendência a responder emocionalmente às situações do
cotidiano de uma determinada forma, que permanece estável ao longo de horas, dias ou semanas. Ele difere do conceito de
emoção, porque emoções têm gatilhos específicos: você ficou alegre por causa de algo; ficou triste por causa de algo. No
caso do humor, não existe esse gatilho específico, você simplesmente está de bom humor ou mau humor.
Agora, é fato que o humor influenciará o tipo de emoção que você sentirá ao longo do tempo. Por exemplo, se você estiver
com um humor deprimido, a tendência é que sinta mais frequentemente as emoções ditas negativas, como a tristeza, o
medo e a raiva.
Isso não significa que estará imune à alegria, mas ela terá menos vez nos seus dias. Por isso, é possível fazer uma
comparação do humor com o clima e da emoção com a temperatura. Climas tropicais tendem a favorecer temperaturas
mais altas, ainda que possa haver dias frios.
Antes de falarmos sobre os transtornos do humor, é importante esclarecer os tipos de humor:
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Humor eutímico ou eutimia
É quando o humor é equilibrado — lembrando que “linha reta” não existe.
Humor depressivo ou depressão
É quando o humor está significativamente rebaixado.
Humor maníaco ou mania
É quando o humor está significativamente aumentado.
Tome cuidado com aquilo que comentamos há pouco! Quando se diz que o humor está rebaixado ou aumentado, isso não
significa que a pessoa esteja sob efeito de uma tristeza ou alegria. Tristeza, alegria, medo, raiva, nojo, desprezo, surpresa,
inveja, culpa, vergonha, ciúmes, orgulho... Todas essas são emoções que fazem parte do nosso repertório e têm até sua
função em determinado contexto. Isso é do jogo! Isso não é disfuncional! A disfunção reside numa tendência a manifestar
sempre (ou quase sempre) um tipo de emoção, mesmo em contextos nos quais outras emoções seriam mais adaptativas.
Certavez, Aristóteles, um dos mais importantes filósofos da história, cunhou sua máxima que dizia: “A virtude está no meio
termo!” Isso se aplica a praticamente todas as questões em Psicologia, especialmente ao humor. Isso porque os transtornos
do humor são aqueles que rompem com o estado de eutimia, seja para baixo, seja para cima e para baixo.
Atenção!
Lembre-se de que a eutimia não deve ser entendida como uma linha reta, até porque não existe um humor reto. Ela apresenta
pequenas flutuações, mas que não atingem um ponto de produzir prejuízo funcional ou sofrimento subjetivo, o que
caracterizaria um transtorno.
Agora, vamos ver com mais detalhes os transtornos de humor:
É um dos transtornos do humor e talvez a condição psiquiátrica mais frequente na população. Sua característica
principal é o rebaixamento crônico do humor, que faz com que o indivíduo apresente uma redução na volição ou
vontade para realizar as atividades cotidianas (anedonia), redução no nível de prazer decorrente de atividades outrora
prazerosas e desesperança em relação ao presente e futuro. Vale ressaltar que, apesar de as ideações suicidas
serem relativamente comuns nesse quadro, nem sempre elas estão presentes.
Ainda, a depressão está relacionada a determinadas alterações neuropsicológicas que, por vezes, explicam a
manutenção dos sintomas. A saber, a severidade do quadro depressivo se correlaciona com déficits mais acentuados
em várias funções cognitivas, mas sobretudo na memória episódica, nas funções executivas e na velocidade de
processamento. Por isso pacientes com depressão apresentam dificuldade em se recordar de eventos específicos,
em gerenciar suas próprias vidas e em elaborar pensamentos rápidos (por exemplo, entender uma piada).
É importante deixar claro que, embora os sintomas psiquiátricos potencializem os déficits cognitivos, eles já estavam
presentes desde o início da doença, o que levanta a hipótese de que a fragilidade cognitiva funcione como um fator
Depressão 
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de vulnerabilidade para a instalação do transtorno.
Além disso, alterações na cognição social também já foram descritas em pacientes depressivos, principalmente no
subcomponente chamado teoria da mente de segunda ordem. Essa faculdade mental é responsável por habilitar você
a inferir o que a pessoa "A" pode estar pensando ou sentindo sobre a pessoa "B". Devido ao comprometimento nesse
processo, é possível que pacientes depressivos apresentem dificuldades de compreender o mundo social e, por isso,
acabem ficando mais alheios às interações interpessoais.
É outro transtorno do humor, mas bem menos frequente na população. Sua característica principal é a oscilação entre
estados de mania e de depressão, com durações variáveis. Ainda, apresenta dois tipos de manifestação. Uma delas é
o transtorno bipolar tipo I, em que o paciente cicla do episódio depressivo para um episódio de mania bem
caracterizada. Já o transtorno bipolar tipo II, apesar de apresentar a fase depressiva em comum, não possui uma
mania extrema, o paciente atinge um nível mais brando de mania, chamado de hipomania.
Atenção! É importante esclarecer desde já que, devido à própria natureza cíclica da doença, há momentos em que o
paciente passa pela zona de eutimia.
Esse transtorno também apresenta, em todas as fases do ciclo, alguns comprometimentos cognitivos que merecem
destaque. Ainda que na eutimia o nível seja mais ameno, os déficits cognitivos continuam presentes durante esse
período. Entretanto, é na fase maníaca que eles atingem o pior resultado. Esse dado, aliado ao fato de que as
alterações neuropsicológicas estão presentes desde o início dos sintomas, também reforçam a tese de que as
alterações cognitivas no transtorno bipolar sejam primárias, ou seja, responsáveis por criar a vulnerabilidade do
indivíduo ao transtorno em si.
As funções executivas são as faculdades mentais mais comprometidas no transtorno, seguidas pela cognição social.
O déficit em funções executivas, principalmente no controle inibitório, pode explicar a impulsividade característica da
doença, principalmente — mas não somente — durante a fase maníaca. Além disso, a alteração em cognição social,
principalmente na teoria da mente afetiva e positiva, ajuda a explicar o viés de hostilidade, que é tão característico do
transtorno. Esse viés faz com que esses pacientes considerem erroneamente que outras pessoas estão sendo hostis
e desrespeitosas com eles, o que pode engatilhar discussões infrutíferas e prejuízo nas relações interpessoais.
Transtorno afetivo bipolar (TAB) 
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Não existe nenhuma norma ou manual dizendo expressamente que é proibido ao psicólogo tratar um paciente com
TAB sozinho, mas a literatura demonstra que a monoterapia cognitiva não apresenta muita eficácia na melhoria dos
sintomas. Portanto, os estudos mais recentes demonstram claramente a necessidade das medicações e indicam que
a psicoterapia pode funcionar como um meio para esclarecimento e identificação de sinais que indiquem uma
possível mudança no quadro.
Os transtornos do humor
Neste vídeo, o especialista reflete sobre o conceito de humor e reconhece os transtornos do humor e suas consequências no
funcionamento cognitivo.
Transtornos da ansiedade
A raiz da ansiedade é um pensamento catastrófico, que pode ter como base algo da realidade objetiva, como também pode
ser uma fantasia criada pela mente humana. No fim das contas, o resultado será o mesmo: você sentirá ansiedade.
Vale ressaltar que a ansiedade pura e simples não é, necessariamente, a vilã da história. Na verdade, ela até carrega consigo
uma sabedoria, que nos ajuda a controlar as finanças no supermercado, por exemplo. Afinal, quando você está passando por
um período de “vacas magras” e vê um produto na prateleira que não é essencial e, além disso, custa muito caro, é a
ansiedade que silencia o desejo de colocá-lo no carrinho de compras. Naquele momento, você se projeta no futuro tendo
dificuldades financeiras maiores ainda por ter comprado coisas supérfluas, e isso gera uma sensação ruim.
Os transtornos da ansiedade surgem quando há uma desregulação no circuito da ansiedade,
fazendo com que ela ocorra com frequência ou de formas desproporcionais. Em decorrência
disso, o indivíduo acaba tendo prejuízos no seu funcionamento diário.
Vamos ver agora dois tipos de transtornos psiquiátricos:
Neste transtorno o sintoma principal é a ocorrência dos ditos ataques de pânico, seguida pelo medo de ter um novo
ataque de pânico ou de enlouquecer, uma vez que a razão desses pacientes é quase sempre colocada em descrédito

Transtorno do pânico 
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pelos próprios profissionais da saúde que realizam o atendimento inicial. Isso ocorre porque o ataque de pânico é um
fenômeno muito abrupto, no qual o indivíduo apresenta um conjunto de sinais e sintomas que simulam condições
clínicas graves (acidente vascular cerebral, infarto etc.), e ele acaba indo a um hospital em busca de ajuda
emergencial.
Lá chegando, realiza todos os exames necessários e o resultado acusa negativo para qualquer doença grave. Você
deve estar pensando: “Nossa! Que bom, né? Receber um resultado negativo para doenças graves é algo muito
satisfatório!”. Sem dúvida! Contudo, a maneira como isso é transmitido nem sempre é a mais adequada. Não raro é
dito a esse paciente que ele não teve nada, que deve voltar para casa e ter uma vida normal. Agora pense em como a
pessoa lida com essa resposta. Certamente pensa algo no seguinte sentido: “Como assim não tive nada? Meu braço
esquerdo estava dormente, meu coração muito acelerado, se isso não eraum infarto, então eu devo estar louco!” e é
aí que se origina a crença de que se está perdendo a razão.
Perceba que, caso a abordagem hospitalar tivesse sido diferente, provavelmente esse tipo de pensamento
disfuncional não estaria martelando na cabeça do paciente. Por exemplo, se a abordagem fosse da seguinte forma:
“Analisamos seus exames e você realmente não apresenta nenhum sinal de comprometimento cardíaco ou
neurológico. Entretanto, reparei que chegou aqui com bastante ansiedade, e é comum que a ansiedade turve um
pouco o nosso julgamento e nos faça acreditar que estamos sofrendo com algo grave. Por isso eu recomendo que
você procure um profissional da saúde mental, que o fará se sentir muito melhor!”. Pronto! Esclareceu sobre a
ausência do risco cardíaco e neurológico, ao mesmo tempo, não invalidou os sintomas que o paciente estava
apresentando e orientou quanto ao tipo de profissional que ele deve buscar para ficar cada vez melhor.
Isso não significa que o medo de enlouquecer não se manifestará. Porém, a depender do tipo de acolhimento
recebido na emergência hospitalar, a chance de isso acontecer é realmente menor.
Muitas vezes é considerada a doença do “e-se”, porque o paciente fica o tempo inteiro preocupado com uma possível
catástrofe futura. Então, se precisa fazer uma viagem, já pensa: “E se der algo errado com o avião?”; se precisa mudar
de emprego: “E se eu não me adaptar?”. Lembrando que esse tipo de preocupação é normal, principalmente diante de
novidades. Contudo, no caso do TAG, a preocupação é tão frequente e intensa que faz com que o paciente desista do
empreendimento em questão, e isso gera inúmeros prejuízos para a vida pessoal ou profissional dele.
Transtorno de ansiedade generalizada (TAG) 
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O estresse pode ser definido como o rompimento da homeostase (equilíbrio do organismo), que ocorre de forma
abrupta (agudo) ou longitudinal (crônico). Apesar de poucas pessoas gostarem do estresse agudo, não é possível dizer
que ele provoque algum dano ao nosso organismo. Entretanto, isso não pode ser dito do estresse crônico que, em níveis
muito severos, pode até precipitar doenças autoimunes e mesmo levar ao óbito. Em relação às medidas para combater
o estresse crônico, leia as assertivas abaixo e, na sequência, assinale a opção correta.
I. Pessoas cronicamente estressadas, quando afastadas do contexto estressor, reduzem o nível de estresse a zero.
Porque
II. O estresse sempre é decorrente de fatores externos ao indivíduo.
Parabéns! A alternativa E está correta.
Cada vez mais fica claro que o estresse é um fenômeno multideterminado, de forma que está fadada ao erro a pessoa
que atribui a ele uma causa única, seja ambiental, seja subjetiva. Isso significa que a asserção II está errada. Além disso,
é preciso atentar para o fato de que pessoas cronicamente estressadas, mesmo ao se afastar do contexto estressor,
A As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C A asserção I é uma proposição verdadeira, já a II é uma proposição falsa.
D A asserção I é uma proposição falsa, já a II é uma proposição verdadeira.
E As asserções I e II são proposições falsas.
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podem apresentar a tendência à repetição do estresse no novo contexto. Portanto, a primeira asserção também está
errada — inclusive pelo fato de não existir “nível zero” de estresse.
Questão 2
A depressão pode ser considerada um dos transtornos do humor mais frequentes na população. Entre suas
características clínicas mais importantes estão a redução significativa do humor, da volição e da cognição social, que os
impede de fazer julgamentos sociais assertivos. Tendo em vista que a solidão, no caso da depressão, funciona como
causa e consequência da doença, leia as asserções abaixo e assinale a alternativa correta.
I. Pacientes com depressão tendem a experienciar mais solidão durante o cotidiano.
Porque
II. A anedonia (redução da volição) afeta negativamente o desejo de estabelecer e manter vínculos sociais de longo prazo.
Parabéns! A alternativa A está correta.
A anedonia compromete a vida do paciente com depressão em diferentes aspectos. Um deles é, de fato, a motivação
para criar e sustentar vínculos interpessoais. Diante da não alimentação de tais vínculos, não é raro que esses pacientes
acabem vivenciando uma solidão não apenas objetiva, mas também subjetiva, solidão essa que pode agravar os
sintomas depressivos e, por isso, precisa ser combatida. Portanto, ambas as asserções estão corretas e a segunda é
sim uma explicação da primeira.
A As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C A asserção I é uma proposição verdadeira, já II é uma proposição falsa.
D A asserção I é uma proposição falsa, já a II é uma proposição verdadeira.
E As asserções I e II são proposições falsas.
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3 - Bases biológicas dos transtornos mentais e das afasias
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a linguagem como uma faculdade mental e seus
efeitos nas relações interpessoais afetivas.
Neurobiologia dos transtornos mentais
A década de 1990 foi considerada por muitos como a década do cérebro. Isso porque as tecnologias que permitiam gerar
imagens bem definidas desse órgão em funcionamento atingiram um pico de efetividade e aplicabilidade. Foi nesse período
que muitos dos estudos mais estruturantes da neurociência foram desenvolvidos e o mundo passou a ter a certeza de que
nós somos o nosso cérebro.
Esse tipo de consciência foi muito importante para os profissionais da saúde mental como um todo. Afinal, diferentemente
de outras áreas da Medicina que são mais palpáveis, como a Ortopedia, em que você tira uma radiografia do paciente e
mostra a ele que seu fêmur está quebrado, no caso do estudo das doenças mentais, não havia essa concretude.
Esse grande avanço na compreensão das bases biológicas dos transtornos mentais levou alguns psiquiatras expoentes,
como o dr. Thomas Insel (WINERMAN, 2013) a questionar a validade da tão aguardada quinta edição do Manual Diagnóstico
e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-5). Tal questionamento se deu pois a obra contempla pouco ou quase nada
desses achados laboratoriais sobre os transtornos, insistiu em focar a semiologia pura e simples, que, apesar de relevante,
carece dessa comprovação mais física.
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Em outras palavras, os profissionais da saúde mental do século XXI já não estão aceitando muito
bem explicações dos transtornos mentais baseadas unicamente na sintomatologia.
Entretanto, é preciso evitar deslumbramentos muito efusivos envolvendo a aplicação clínica das neurociências, inclusive
envolvendo a relação médico-paciente. A primeira impressão que formamos de alguém, que é um processo automático e
não deliberado, sempre envolve a avaliação de dois componentes:

O grau de competência
Este julgamento diz respeito ao quanto nós acreditamos que determinada pessoa tem capacidade para desempenhar o
papel que está tentando desempenhar.

O grau de cordialidade
Estejulgamento diz respeito à nossa percepção do quanto aquela pessoa é justa, simpática, amável e autêntica.
Na relação do clínico com o seu paciente, esses dois componentes não apenas importam, mas são determinantes, inclusive
da tendência do paciente seguir as recomendações feitas. Porém, quando o clínico exagera muito na descrição física dos
sintomas que o paciente está manifestando, utilizando maquetes de cérebro para explicar a tristeza decorrente da
depressão, o paciente o avalia como sendo competente — afinal, domina uma área difícil do conhecimento —, mas pouco
cordial.
Isso, no fim das contas, leva a uma percepção geral do profissional como alguém frio e distante. Por isso, por mais que a
neurociência avance, e que continue sempre avançando, o aspecto humanizado do atendimento, com a valorização da
queixa subjetiva do paciente e o contato olho no olho, jamais se tornará obsoleto.
Agora, existem alguns contextos em que a perspectiva biológica dos transtornos mentais pode afetar a opinião pública sobre
eles, por exemplo, no caso da psicofobia, termo cunhado pela Associação Brasileira de Psiquiatria para se referir ao estigma
relacionado às doenças mentais.
Quando ficou claro que as doenças mentais são, na verdade, doenças do cérebro, muitas
campanhas passaram a ser criadas com esse slogan, no intuito de reduzir a estigmatização
dessa população. Isso porque, ao atribuir uma condição de vida disfuncional ao funcionamento
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inadequado de um órgão, retira da pessoa aquela possível culpa por agir de tal forma. É como se
fosse assim: “Não é minha culpa, é do meu cérebro”
Esse tipo de raciocínio não é totalmente correto, mas o fato é que ajudou em muito a diminuir o estigma em relação à
esquizofrenia e até mesmo à dependência química.
Atenção!
Há um efeito colateral, no entanto: quando as pessoas percebem que a razão da doença é biológica, elas têm uma tendência
a nutrir uma crença fatalista, pensam que a cura para a condição que possuem é praticamente impossível — quando, na
verdade, não é assim. Então, o mais correto seria a promoção de campanhas em que as doenças mentais são vistas como
doenças do cérebro, mas que são passíveis de serem tratadas com sucesso.
Em contextos judiciais, a noção neurobiológica também afeta o julgamento das pessoas. Criminosos em série que
apresentam como álibi um laudo revelando tumores cerebrais em porções mais frontais do cérebro são punidos com menor
severidade. Parte-se do pressuposto — controverso, é verdade — de que a pessoa não tinha livre arbítrio para ser diferente,
pois o cérebro estava totalmente comprometido. Logo, como a intencionalidade é o que conta no nosso julgamento moral,
alguém que cometeu um crime sem tanta intenção acaba sendo julgado com mais compaixão.
Trocando em miúdos, isso significa que a neurobiologia dos transtornos mentais, principalmente ao longo das últimas três
décadas, foi um verdadeiro manjar dos deuses para a saúde mental. Entretanto, tudo que se come demais pode ter um preço
a pagar. Daí a importância de recorrer à neurociência, mas com moderação, jamais invalidando os aspectos humanos do
tratamento de um paciente.
Linguagem e desenvolvimento
O Dicionário de Psicologia da APA (2021) define o termo linguagem como "um sistema para expressar ou comunicar
pensamentos e sentimentos através da fala e de símbolos". Esse conceito já torna claro que a função primária da linguagem
é a comunicação e a imortalização.
Comunicação porque você deixa claro aos demais o que se passa na sua cabeça e, dessa forma, fica muito mais simples
coordenar uma atividade coletiva, por exemplo. Imortalização porque, a partir do momento em que você expande suas ideias
para a mente dos demais, você passa a viver nessas outras pessoas, em termos de ideias e pensamentos.
A linguagem em si é instintiva. Ou seja, não aprendemos a linguagem, já viemos ao mundo instalados com o software
cerebral específico para ela. O que aprendemos, logo nos primeiros meses de vida, é a falar o idioma da sociedade em que
nascemos. Por isso, essa é uma questão a se deixar claro: todo bebê normal nasce com linguagem, mas nenhum nasce
sabendo falar, porque a fala é aprendida e leva por volta de 1 ano.
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Quando se estuda o desenvolvimento humano como um todo, compreende-se que os primeiros anos de vida são
fundamentais para “n” questões. No caso da linguagem não é diferente. Assume-se que, ao final do 24º mês de vida, a
criança tenha domínio significativo do vocabulário, sendo que esse fator irá predizer o sucesso dela em várias outras áreas
da vida.
Assim sendo, uma criança que chega aos 2 anos de idade com um vocabulário empobrecido tende a ter um
desenvolvimento comprometido em outras áreas, incluindo em raciocínio matemático. Uma das razões para isso é o fato de
a matemática envolver muitos problemas de lógica, que exigem adequada interpretação de texto.
Por isso é fundamental que os pais ou cuidadores estimulem o desenvolvimento do vocabulário infantil, principalmente
mediante a fala direcionada à criança. Mesmo que a criança muito pequena pareça não compreender o conteúdo daquilo
que está sendo dito a ela, a mera exposição às palavras fará uma grande diferença no seu repertório e, como vimos, na sua
vida como um todo!
Um ponto importante sobre o desenvolvimento da linguagem diz respeito às diferenças de gênero. Em geral, as meninas
desenvolvem um vocabulário mais complexo mais cedo, se comparadas aos meninos. Portanto, é comum que as meninas
comecem a falar um pouco mais cedo que os meninos. No entanto, conforme os anos vão passando, a diferença na
linguagem entre homens e mulheres vai diminuindo, tornando-se mais pareada.
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As brincadeiras típicas de meninas usam mais a fala como base do que as brincadeiras masculinas.
Correlatos neurobiológicos das afasias
Ainda que a década do cérebro tenha sido nos anos 1990, o início das neurociências remonta a bem antes disso, pelo menos
ao século XIX. Na época, um dos expoentes da neurociência era o neurologista Paul Broca. Uma de suas descobertas mais
fascinantes derivou do estudo de pacientes que haviam perdido parte do lobo frontal. Ele identificou que um dos pacientes
com uma grande lesão frontal apresentava a redução na capacidade de se expressar verbalmente, ou seja, conseguia pensar,
estruturar a frase, mas na hora de falar travava.
Área de Broca.
A essa condição ele deu o nome de afasia motora, que mais tarde veio a se chamar de afasia de Broca.
Basicamente, essa incapacidade de se expressar verbalmente era consequência da lesão no córtex frontal inferior posterior
esquerdo. Essa região depois também ficou chamada de área de Broca.
Essa história, apesar de inspiradora por tratar de um diagnóstico neurológico raiz, feito à base da correlação entre estrutura e
função, não necessariamente representa o paradigma atual das neurociências. À época de Broca, reinava o paradigma
localizacionista, em que o objetivo do neurocientista era mapear as diferentes regiões cerebrais e atribuir a elas uma função
específica, de forma que, quando elas sofressem alguma lesão, seria possível antecipar o déficit que o paciente poderia ter e
já iniciar um tratamento. Entretanto, apesar de estudos localizacionistas acontecerem até os dias atuais e serem publicados
em revistas de prestígio, eles não representam mais o padrão-ouro da pesquisa neurocientífica atual.
Hoje em dia, os neurocientistas estão muito mais preocupados em compreender o padrão de
conectividade entre as diferentes estruturas cerebrais e a forma como esse padrão determina
comportamentos distintos do quemapear regiões corticais e subcorticais e associá-las a
funções específicas. Esse novo paradigma, que recebe o nome de conexionismo, nos ajuda a
compreender inclusive a razão de vários pacientes neurológicos com destruição parcial ou
completa da área de Broca não manifestarem afasia de Broca.
É importante que a gente compreenda esses indícios e entenda que talvez a dita área de Broca não seja necessariamente “a
grande” área motora da fala. Inegavelmente ela faz parte do circuito cerebral da linguagem falada, mas não dá para restringir
todo o processamento motor da fala a ela, senão as evidências de lesões nela sem ocorrência de afasia motora seriam
impossíveis.
Assim como a afasia de Broca, existem também outras afasias que merecem destaque:
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Foi descoberta por outro neurologista importante e conterrâneo do Broca, Karl Wernicke (CAMPOS FILHO, 2003). Ele
identificou que pacientes com lesões temporais, principalmente na porção mais posterior e do hemisfério esquerdo,
começavam a apresentar uma fala incompreensível, apesar da fluência ser intacta. De fato, o que ocorria é que esse
tipo de lesão extirpava a chamada área da compreensão da linguagem — mais tarde chamada de área de Wernicke —,
de forma que os pacientes não conseguiam compreender o que lhes era dito, nem mesmo estruturar uma frase que
fizesse sentido. Tudo isso, aliás, vinha atrelado a uma anosognosia, que é a negação do próprio déficit. Ou seja,
apesar de dizerem coisas sem fundamento, eles achavam que estavam sendo compreendidos por todos.
Ocorre quando existem lesões, pois as áreas de Broca e de Wernicke são intimamente conectadas, realizando isso
através do fascículo arqueado. Então, assim como qualquer outra região cerebral, esse fascículo também está
suscetível a lesões. Nesse caso, como a área de Broca e a de Wernicke estão preservadas, a fluência verbal e a
compreensão estão funcionando bem, mas a condução da informação está interrompida. Portanto, esses pacientes
acabam cometendo muitos erros no uso de sílabas e outras letras para expressar ao outro seus sentimentos.
Existem outras afasias também, mas essas são as mais comuns e relevantes para o domínio dos futuros profissionais.
Porém, mais importante ainda é entender aquele debate entre localizacionismo e conexionismo, sabendo que, embora os
dois paradigmas ainda sejam vigentes, o segundo fornece melhores condições de compreender as bases neurobiológicas
dos processos mentais, inclusive aqueles resultados que soam paradoxais.
Reconhecendo as diferentes afasias
Neste vídeo, o especialista reflete sobre as diferentes afasias e suas consequências.
Afasia de compreensão 
Afasia de condução 

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
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Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A década de 1990 ficou conhecida como década do cérebro. Desde então, o aumento das pesquisas em neurociência foi
exponencial, inclusive envolvendo a compreensão dos transtornos mentais como doenças do cérebro. À época do
lançamento da quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-5), o dr. Thomas Insel
(então presidente do National Institute of Mental Health) fez uma manifestação bastante contundente acerca da obra.
Leia as assertivas abaixo e assinale a opção correta.
I. Para Thomas Insel, o DSM-5 representou uma atualização muito completa e esperada para a prática da saúde mental.
Porque
II. O DSM-5 contempla, sem deixar espaço para dúvida, tanto os aspectos envolvendo a sintomatologia dos transtornos
quanto uma detalhada descrição dos achados laboratoriais que podem ajudar no diagnóstico e acompanhamento
clínico.
Parabéns! A alternativa E está correta.
A crítica de Thomas Insel ao DSM-5 foi justamente no sentido contrário. Para ele e para vários profissionais da saúde ao
redor do mundo, a nova edição do manual desapontou bastante, principalmente por contemplar pouco ou quase nada os
estudos laboratoriais envolvendo os transtornos mentais. Portanto, ambas as asserções estão erradas.
Questão 2
A As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C A asserção I é uma proposição verdadeira, já a II é uma proposição falsa.
D A asserção I é uma proposição falsa, já a II é uma proposição verdadeira.
E As asserções I e II são proposições falsas.
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Diferenças de gênero são evidentes em vários comportamentos e cognições humanas, apesar de ser um tópico que
desperta polêmica. Entretanto, a polêmica está na incompreensão de que só se pode falar de diferenças de gênero em
termos de grupos/populações, não de indivíduos. Ou seja, esse conhecimento jamais deve ser utilizado para inferir que a
pessoa A (pertencente ao grupo X) tem um desempenho superior à pessoa B (pertencente ao grupo Y) em uma
determinada tarefa, pois há indivíduos que fogem à média do grupo que representam. Para eu saber se A é melhor que
B, preciso avaliar as duas pessoas e comparar seus escores, sem recorrer aos dados de média de grupo. Dito isso, a
diferença de gênero envolvendo o desenvolvimento da linguagem é uma realidade. Leia as asserções abaixo e depois
assinale a opção correta.
I. A diferença de gênero existe, mas sofre modificações ao longo da vida.
Porque
II. Nos primeiros anos de vida, o domínio da linguagem das meninas é superior. Porém, na idade adulta, a situação
inverte e os homens passam a ter uma linguagem mais rica e proficiente.
Parabéns! A alternativa C está correta.
A diferença de gênero na linguagem é mesmo um fato e sofre sim mudanças ao longo da vida, mas essas mudanças
não estão alinhadas ao texto da segunda asserção. Na realidade, o que ocorre é uma sobressalência da linguagem em
meninas, principalmente na primeira infância, mas que vai se tornando mais equiparada conforme os indivíduos vão
crescendo. Ou seja, a diferença de gênero na linguagem de adultos é inexistente. Portanto, a primeira asserção está
correta, mas a segunda não.
Considerações �nais
A As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C A asserção I é uma proposição verdadeira, já a II é uma proposição falsa.
D A asserção I é uma proposição falsa, já a II é uma proposição verdadeira.
E As asserções I e II são proposições falsas.
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O afeto é a linguagem da Psicologia e a linguagem é o método que utilizamos para restabelecer afetos eventualmente
desregulados. Portanto, o objetivo deste material não foi esgotar o tema, que é virtualmente infinito, mas deixar claro a você
algumas das bases desses fenômenos, seja em condições adequadas de temperatura e pressão, seja em momentos de
turbulência.
É importante que você tenha compreendido a relação entre os temas também. Inicialmente, tratamos das emoções como
ciência básica, descrevendo seus conceitos e suas características mais elementares. Em seguida, apresentamos uma
abordagem mais aplicada, transportando os conceitos básicos para a compreensão da prática clínica, recorrendo aos
transtornos do humor e da ansiedade como exemplos disso. Finalmente, abordamos a relevância de compreender a mente
humana à luz da neurociência e o alertade que isso não deve erradicar o aspecto humano da compreensão de um paciente.
Ao mesmo tempo, vimos sobre o desenvolvimento da linguagem, que guarda muitas relações com os afetos, e as
características das condições neurológicas que impedem a sua expressão fluente.
Então, todas as informações estão encadeadas de forma que você compreenda a complexidade da natureza humana, mas
também consiga se deslumbrar com as curiosidades envolvendo tais processos.
Podcast
Neste podcast, o especialista refletirá sobre a importância da psicofisiologia das emoções, da linguagem e dos afetos na
identificação dos diversos transtornos derivados.

Referências
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COELHO, C. M. et al. Super-natural fears. Neuroscience & Biobehavioral Reviews, v. 128, p. 406-414, 2021.
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WINERMAN, L. NIMH funding to shift away from DSM categories. Monitor on Psychology, v. 44, n. 7, p. 10, July 2013.
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ao vídeo Steven Pinker: Linguistics as a Window to Understanding the Brain | Big Think, no YouTube. Você pode selecionar o
ícone de tradução automática para português.
De modo a ampliar o conhecimento do vídeo anterior, com informações mais recentes, assista ao vídeo Steven Pinker (em
português) - "Language, Cognition, and Human Nature" no canal da Associação Brasileira de Linguística, também no
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Assista ao vídeo António Damásio – Entrevista Exclusiva para assistir à fala do neurocientista que tirou as “emoções” do
limbo científico e as colocou em um lugar de destaque nos estudos neurocientíficos. Você pode encontrá-lo no canal
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as Brain Disorders: Thomas Insel at TEDxCaltech. Está disponível no canal TEDx Talks, no YouTube. Lembre-se de ativar as
legendas.
Por fim, para compreender a perspectiva corporificada das emoções, assista ao vídeo Amy Cuddy: Sua linguagem corporal
molda quem você é, no canal TED, no YouTube. Ative as legendas e aproveite!

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