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Capítulo 1: Assuntos Preliminares 1 PARTE I INTRODUÇÃO: MERCADOS E PREÇOS CAPÍTULO 1 ASSUNTOS PRELIMINARES OBSERVAÇÕES PARA O PROFESSOR O objetivo dos dois primeiros capítulos é relembrar aos alunos os conceitos de microeconomia que eles estudaram no curso introdutório de economia: o Capítulo 1 trata do tema geral da economia, enquanto que o Capítulo 2 desenvolve a análise de oferta e demanda. O uso de exemplos no Capítulo 1 propicia aos alunos uma maior compreensão de conceitos econômicos abstratos. Os exemplos nesse capítulo discutem os mercados de produtos farmacêuticos (Seção 1.2), a introdução de um novo automóvel (Seção 1.4), a elaboração de padrões de emissão de poluentes para automóveis (Seção 1.4), o salário mínimo (Seção 1.3), e os preços reais e nominais de ovos e educação (Seção 1.3). A discussão desses e outros exemplos é uma forma interessante de rever alguns conceitos econômicos importantes, como a escassez, os dilemas entre opções alternativas, a construção de modelos econômicos visando explicar o processo de tomada de decisões de consumidores e empresas, e a diferença entre mercados competitivos e não competitivos. As Partes I e II do texto pressupõem a existência de mercados competitivos; o poder de mercado é discutido na Parte III, e algumas conseqüências do poder de mercado são analisadas na Parte. A Questão para Revisão (2) ilustra a diferença entre análise positiva e normativa e pode incentivar discussões bastante produtivas em sala de aula. Outros exemplos para discussão estão disponíveis em Kearl, Pope, Whiting, e Wimmer, “A Confusion of Economists,” American Economic Review (May 1979). O capítulo conclui com uma discussão sobre preços reais e nominais. Dada que estaremos continuamente nos referindo a preços em dólares nos capítulos seguintes, os alunos devem entender que se trata sempre de preços em relação a algum padrão; nesse caso específico, trata-se de dólares a preços de um determinado ano. QUESTÕES PARA REVISÃO 1. Freqüentemente, diz-se que uma boa teoria é aquela que, em princípio, poderia ser refutada por meio de uma análise empírica. Explique por que uma teoria que não possa ser avaliada empiricamente não é uma boa teoria. A avaliação de uma teoria envolve dois passos: primeiro, é necessário examinar a razoabilidade das hipóteses adotadas; segundo, deve-se testar as previsões da teoria comparando-as com os fatos. Se uma teoria não pode ser testada, ela não pode ser aceita ou rejeitada. Logo, ela contribui muito pouco para nossa compreensão da realidade. 2. Qual dentre as seguintes afirmações envolve análise positiva e qual envolve análise normativa? Quais são as diferenças entre os dois tipos de análise? Capítulo 1: Assuntos Preliminares 2 a. O racionamento de gasolina (que fixa para cada indivíduo uma quantidade máxima de gasolina a ser comprada anualmente) é uma política insatisfatória do governo pois interfere no funcionamento do sistema de mercado competitivo. b. O racionamento de gasolina é uma política que piora a situação de um certo número de pessoas e melhora a de outras; o número das pessoas cuja situação piora é maior do que o número daquelas cuja situação melhora. A análise positiva descreve como o mundo é. A análise normativa descreve como o mundo deveria ser. A análise econômica nos diz que uma restrição na oferta deve mudar o equilíbrio de mercado. A afirmação (a) combina os dois tipos de análise. Primeiro, a afirmação (a) apresenta o argumento positivo segundo o qual o racionamento de gasolina “interfere no funcionamento do sistema de mercado competitivo”. Em seguida, é apresentada uma afirmação normativa (ou seja, que envolve um juízo de valor) segundo a qual o racionamento de gasolina é uma “política social ineficiente”. Dessa forma, a afirmação (a) representa uma conclusão derivada da análise positiva da política. A afirmação (b) é positiva porque descreve o efeito do racionamento de gasolina sem fazer qualquer juízo de valor acerca da desejabilidade da política. 3. Suponha que o preço da gasolina comum fosse $0,20 por litro mais cara em Nova Jersey que em Oklahoma. Você acha que poderia existir uma oportunidade para arbitragem (isto é, a possibilidade de que as empresas pudessem comprar gasolina em Oklahoma e vendê-la com lucro em Nova Jersey)? Por que sim ou por que não? Oklahoma e Nova Jersey representam mercados geográficos separados de gasolina devido à existência de custos de transporte elevados. Se os custos de transporte fossem zero, um aumento de preço em Nova Jersey levaria os arbitrageurs a comprar gasolina em Oklahoma e revender em Nova Jersey. É pouco provável que uma diferença nos custos de $0,20 por galão seja suficiente para criar uma oportunidade lucrativa de arbitragem, dada a existência de custos de transação e custos de transporte. 4. No Exemplo 1.2, quais forças econômicas poderiam explicar a razão da queda do preço real dos ovos e da alta do preço real do ensino universitário? De que forma tais mudanças de preço poderiam ter afetado as escolhas dos consumidores? O preço e quantidade dos bens (por exemplo, ovos) e serviços (por exemplo, ensino universitário) são determinados pela interação entre oferta e demanda. O preço real dos ovos caiu, entre 1970 e 1985, devido a uma redução na demanda (os consumidores passaram a comprar alimentos com pouco colesterol), a uma redução nos custos de produção Capítulo 1: Assuntos Preliminares 3 (ocorreram avanços na tecnologia de produção de ovos), ou a ambos os fatores. Conseqüentemente, o preço dos ovos diminuiu em relação a outros alimentos. O preço real do ensino universitário aumentou devido ao aumento na demanda (as pessoas passaram a dar mais valor à educação), ao aumento no custo da educação (associado, por exemplo, a aumentos salariais para os funcionários), ou a ambos os fatores. 5. Suponhamos que o iene japonês suba em relação ao dólar norte- americano, isto é, que de agora em diante seriam necessários mais dólares para adquirir uma determinada quantidade de ienes japoneses. Explique por que tal fato simultaneamente aumentaria o preço real de automóveis japoneses para consumidores norte-americanos e reduziria o preço real de automóveis norte-americanos para consumidores japoneses. À medida que o valor do iene aumenta com relação ao dólar (e supondo custos constantes na produção de automóveis no Japão e nos EUA), são necessários mais dólares para adquirir um iene. Como resultado da mudança na taxa de câmbio, a compra de um automóvel japonês com preço denominado em ienes requer maior quantidade de dólares. Analogamente, a compra de um automóvel americano com preço denominado em dólares requer menor quantidade de ienes. EXERCÍCIOS 1. As afirmações a seguir são verdadeiras ou falsas? Justifique sua resposta. a. Cadeias de fast food, como o McDonald’s, Burger King e Wendy’s, atuam em todos os EUA. Logo, o mercado de fast food é um mercado nacional. Esta afirmação é falsa. Geralmente, as pessoas consomem fast food nos locais onde vivem e não percorrem longas distâncias dentro do país somente para adquirir uma refeição mais barata. Dado que há poucas oportunidades para arbitragem entre restaurantes de fast food distantes entre si, é provável que haja múltiplos mercados de fast food no país. b. Em geral, as pessoas compram roupas nas cidades onde vivem. Logo, pode-se dizer que o mercado de vestuário de Atlanta, por exemplo, é diferente do mercado de Los Angeles. Esta afirmação é verdadeira. Dado que as pessoas realmente tendem a comprar roupas nas cidades onde vivem, elas interagem apenas com os vendedores nas respectivas cidades ⎯ não sendo, portanto, influenciadas pelo preço do vestuário nas lojas localizadas em outras cidades. Logo, há poucas oportunidades de arbitragem. Apenas emalguns poucos casos, é possível o surgimento de boas oportunidades de arbitragem entre mercados distantes, como no caso do mercado de jeans na ex-URSS. Capítulo 1: Assuntos Preliminares 4 c. Alguns consumidores preferem fortemente Pepsi e outros preferem fortemente Coca-Cola. Logo, não existe um único mercado de refrigerantes do tipo "cola". Esta afirmação é falsa. Apesar da existência de preferências muito fortes por determinadas marcas de refrigerante, as semelhanças entre as várias marcas são suficientes para caracterizar um único mercado. Há consumidores que não têm uma clara preferência por determinada marca de refrigerante, e outros que, mesmo apresentando alguma preferência, são influenciados pelos preços ao tomar suas decisões de consumo. Conseqüentemente, os preços dos refrigerantes "colas" não devem divergir significativamente, em especial no caso da Coca-Cola e Pepsi. 2. A Tabela E.1 apresenta o preço médio do leite no varejo e o Índice de Preços ao Consumidor entre 1980 e 1998. ˇ 1980 1985 1990 1995 1998 IPC 100 130,58 158,62 184,95 197,82 Preço do leite (varejo) $1,05 $1,13 $1,39 $1,48 $1,61 (fresco, integral, meio galão) a. Calcule o preço real do leite em dólares de 1980. O preço real aumentou, diminuiu ou permaneceu constante desde 1980? Preço real do leite no ano X = X ano no nominal preço*1980 anoXIPC IPC . 1980 $1,05 1985 $0,86 1990 $0,88 1995 $0,80 1998 $0,81 Desde 1980 o preço real do leite diminuiu. b. Qual foi a variação percentual no preço real (em dólares de 1980) entre 1990 e 1995? Variação percentual no preço real entre 1990 e 1995 = 0.80 − 0.88 0.88 = −0.09 = −9%. c. Mude a base do IPC para 1990 = 100 e determine o preço real do leite em dólares de 1990. Para mudar a base do IPC para 1990=100, divida o IPC de cada ano pelo IPC de 1990. Use a fórmula do item (a) e os novos valores do IPC, apresentados abaixo, para calcular o preço real do leite. Novo IPC 1980 63 Preço real do leite 1980 $1,67 1985 82 1985 $1,38 1990 100 1990 $1,39 Capítulo 1: Assuntos Preliminares 5 1995 117 1995 $1,26 1998 125 1998 $1,29 d. Qual foi a variação percentual no preço real (em dólares de 1990) entre 1990 e 1995? Compare este resultado com sua resposta no item (b). O que você observa de interessante? Explique. Variação percentual no preço real entre 1990 e 1995 = 1.26 −1.39 1.39 = −0.093= −9.3%. A resposta é praticamente idêntica (com exceção de erros de arredondamento) à resposta do item (b). O ano escolhido como base não afeta o resultado. 3. Na época em que este livro foi concluído, o salário mínimo nos EUA era de $5,15. O salário mínimo atual pode ser encontrado em http.//www.bls.gov/top20.html Clique em: Consumer Price Index- All Urban Consumers (Current Series) Selecione: U.S. All items Dessa forma, você obterá a série do IPC de 1913 até o presente. a. A partir desses valores, calcule o salário mínimo real atual em dólares de 1990. Salário mínimo real em 1998 = 13,4$15,5 163 7,130 15,5* 1998 1990 === IPC IPC . b. Qual foi a variação percentual no salário mínimo real, expresso em dólares de 1990, entre 1985 e 1998? Suponha que o salário mínimo em 1985 fosse $3,35. Logo, Salário mínimo real em 1985 = 07,4$35,3* 6,107 7,130 35,3* 1985 1990 == IPC IPC . A variação percentual no salário mínimo real foi, então: 1,5% de cercaou ,0147,0 07,4 07,413,4 = − . Capítulo 2: O Básico sobre a Oferta e a Demanda 5 CAPÍTULO 2 O BÁSICO SOBRE A OFERTA E A DEMANDA OBSERVAÇÕES PARA O PROFESSOR Este capítulo apresenta uma revisão dos conceitos básicos sobre a oferta e a demanda que os alunos devem ter estudado no curso introdutório de economia. O tempo a ser gasto nesse capítulo depende do grau de profundidade da revisão que os alunos necessitam. O capítulo se diferencia da maioria dos livros-texto de microeconomia em nível intermediário no que se refere ao tratamento dos conceitos básicos de oferta e demanda, que são discutidos e ilustrados através da análise de alguns dos principais mercados mundiais (trigo, gasolina e automóveis). As aplicações da teoria a situações reais contribuem de forma significativa para a compreensão dos conceitos teóricos. Os alunos costumam encontrar algumas dificuldades para compreender a análise de oferta e demanda. Uma das principais fontes de confusão refere-se à distinção entre movimentos ao longo da curva de demanda e deslocamentos da demanda. É importante discutir a hipótese de ceteris paribus, enfatizando que, ao representar uma função de demanda (através de um gráfico ou de uma equação), todas as demais variáveis são supostas constantes. Os movimentos ao longo da curva de demanda ocorrem apenas devido a mudanças no preço. Quando as demais variáveis mudam, a função de demanda se desloca. Pode ser útil discutir um exemplo em que a função de demanda dependa diretamente de outras variáveis além do preço do bem, tais como a renda e o preço de outros bens, de modo a mostrar aos alunos que essas outras variáveis efetivamente afetam a função de demanda, estando "escondidas" no intercepto da função de demanda linear. O Exemplo 2.9 trata de funções de demanda e oferta que dependem do preço de um produto substituto. Outra possível dificuldade dos alunos refere-se ao instrumental matemático envolvido na análise de oferta e demanda. Em particular, pode ser útil rever o método de solução de um sistema com duas equações e duas incógnitas. Cabe observar que esse é um bom momento para decidir o nível de formalização a ser utilizado em sala de aula; caso se opte pela utilização intensiva de álgebra e cálculo, é recomendável fazer uma revisão dessa matéria antes de prosseguir. É importante enfatizar os aspectos quantitativos da curva de demanda através da distinção entre a quantidade demandada como função do preço, Q = D(P), e a função de demanda inversa, na qual o preço é função da quantidade demandada, P = D -1 (Q). Dessa forma, a posição do preço no eixo-Y e da quantidade no eixo-X podem ficar mais claras. Os estudantes também podem se perguntar de que forma o mercado se ajusta a um novo equilíbrio. Um mecanismo simples de ajustamento é o modelo de ajustamento parcial da teia de aranha, cuja apresentação (baseada no exemplo tradicional do ciclo do milho ou em qualquer outro exemplo) adiciona um certo realismo à discussão e agrada bastante aos estudantes. Caso se opte por escrever a função de demanda explicitamente em função da renda e dos preços de outros produtos, pode-se discutir alguns exemplos interessantes que explorem as inter- Capítulo 2: O Básico sobre a Oferta e Demanda 6 relações entre mercados ⎯ em particular, a forma pela qual as mudanças em um mercado afetam o preço e a quantidade nos demais mercados. Esse capítulo apresenta os conceitos de elasticidade-preço, elasticidade-renda e elasticidade cruzada; entretanto, pode-se postergar a discussão da elasticidade-renda e cruzada até o Capítulo 4, quando o tema da elasticidade da demanda será retomado. O conceito de elasticidade apresenta muitas dificuldades para os estudantes; por isso, é útil explicitar claramente as razões pelas quais uma empresa poderia estar interessada em estimar uma elasticidade. Para tanto, pode-se usar exemplos concretos, como um artigo do Wall Street Journal, publicado na primavera de 1998, em que se discutia de que forma o conceito de elasticidade podia ser usado pela indústria cinematográfica para cobrar preços diferentes para se assistir a filmes diferentes. Dado que os estudantes universitários costumam assistir a muitos filmes, esse é um exemplo que motiva bastante seu interesse. Cabe notar, por fim, que essa discussão pode ser adiada até o momento em que se discutirá o conceito de receita. QUESTÕES PARA REVISÃO 1.Suponha que um clima excepcionalmente quente ocasione um deslocamento para a direita da curva de demanda de sorvete. Por que o preço de equilíbrio do sorvete aumentaria? Suponha que a curva de oferta se mantenha inalterada. O clima excepcionalmente quente causa um deslocamento para a direita da curva de demanda, gerando, no curto prazo, um excesso de demanda ao preço vigente. Os consumidores competirão entre si pelo sorvete, pressionando o preço para cima. O preço do sorvete aumentará até que a quantidade demandada e a quantidade ofertada sejam iguais. D1 D2 P1 P2 S Preço Quantidade de sorveteQ1 = Q2 Figura 2.1 2. Utilize as curvas de oferta e demanda para ilustrar de que forma cada um dos seguintes eventos afetaria o preço e a quantidade de manteiga comprada e vendida: a. Um aumento no preço da margarina. Capítulo 2: O Básico sobre a Oferta e Demanda 7 A maioria das pessoas considera a manteiga e a margarina bens substitutos. Um aumento no preço da margarina causará um aumento no consumo de manteiga, deslocando a curva de demanda de manteiga para a direita, de D1 para D2 na Figura 2.2.a. Esse deslocamento da demanda causará o aumento do preço de equilíbrio de P1 para P2 e da quantidade de equilíbrio de Q1 para Q2. D1 D2 P1 P2 S Preço Quantidade de manteigaQ1 Q2 Figura 2.2.a b. Um aumento no preço do leite. O leite é o principal ingrediente na fabricação da manteiga. Um aumento no preço do leite elevará o custo de produção da manteiga, deslocando a curva de oferta de manteiga para a esquerda, de S1 para S2 na Figura 2.2.b. Isso resultará em um preço de equilíbrio mais alto, P2, de modo a cobrir os custos mais elevados de produção, e a uma menor quantidade de equilíbrio, Q2. Capítulo 2: O Básico sobre a Oferta e Demanda 8 D P1 P2 S2 Preço Quantidade de manteigaQ1Q2 S1 Figura 2.2.b Observação: Dado que a manteiga é produzida a partir da gordura extraída do leite, a manteiga e o leite são, na verdade, produtos complementares. Levando em consideração tal relação, a resposta a essa questão será diferente. De fato, à medida que o preço do leite aumenta, a quantidade ofertada também aumenta. O aumento na quantidade ofertada de leite implica maior oferta de gordura para a produção de manteiga e, portanto, um deslocamento da curva de oferta de manteiga para a direita. Conseqüentemente, o preço da manteiga cai. c. Uma redução nos níveis de renda média. Suponha que a manteiga seja um bem normal. Uma redução no nível de renda média causa um deslocamento da curva de demanda de manteiga de D1 para D2, causando a redução no preço de equilíbrio de P1 para P2, e na quantidade de equilíbrio de Q1 para Q2. Veja a Figura 2.2.c. Capítulo 2: O Básico sobre a Oferta e Demanda 9 D1 P1 P2 S Price Quantity of ButterQ1Q2 D2 Figura 2.2.c 3. Suponha que um aumento de 3% no preço de sucrilhos cause uma redução de 6% em sua quantidade demandada. Qual é a elasticidade da demanda de sucrilhos? A elasticidade da demanda é a variação percentual na quantidade demandada dividida pela variação percentual no preço. A elasticidade da demanda de sucrilhos é − + = − 6 3 2 , que é maior (em valor absoluto) que - 1,0 e, portanto, implica uma curva de demanda elástica. 4. Por que as elasticidades de longo prazo da demanda são diferentes das elasticidades de curto prazo? Considere duas mercadorias: toalhas de papel e televisores. Qual das duas é um bem durável? Você esperaria que a elasticidade-preço da demanda de toalhas de papel fosse maior a curto ou a longo prazo? Por quê? Como deveria ser a elasticidade-preço da demanda de televisores? A diferença entre as elasticidades de curto e longo prazo de um bem é explicada pela velocidade com que os consumidores reagem a mudanças no preço e pelo número de bens substitutos disponíveis. O aumento no preço das toalhas de papel, um bem não-durável, levaria a uma reação pouco significativa dos consumidores no curto prazo. No longo prazo, porém, a demanda de toalhas de papel seria mais elástica, devido à entrada no mercado de novos produtos substitutos (tais como esponjas e toalhas de cozinha). Por sua vez, o aumento no preço dos televisores, um bem durável, poderia levar a mudanças substanciais no curto prazo. Por exemplo, o efeito inicial do aumento no preço dos televisores poderia ser o adiamento das compras de novos aparelhos. Mais cedo ou mais arde, porém, os consumidores trocarão seus televisores antigos por aparelhos mais novos e modernos; logo, a demanda pelo bem durável deve ser mais elástica no longo prazo. Capítulo 2: O Básico sobre a Oferta e Demanda 10 5. Explique por que, no caso de muitas mercadorias, a elasticidade-preço de longo prazo da oferta é maior do que a elasticidade de curto prazo. A elasticidade da oferta é a variação percentual na quantidade ofertada dividida pela variação percentual no preço. Um aumento no preço leva à elevação da quantidade ofertada pelas empresas. Em certos mercados, algumas empresas são capazes de reagir rapidamente, e com custos baixos, a mudanças no preço; outras empresas, porém, não conseguem reagir com a mesma rapidez, devido a restrições de capacidade produtiva no curto prazo. As empresas com restrição de capacidade no curto prazo apresentam elasticidade da oferta mais baixa que as demais; entretanto, no longo prazo, todas as empresas conseguem aumentar sua produção, de modo que a elasticidade agregada de longo prazo tende a ser maior que n curto prazo. 6. Suponha que o governo regulamente os preços da carne bovina e do frango, tornando-os mais baixos do que seus respectivos níveis de equilíbrio de mercado. Explique por que ocorreria escassez dessas mercadorias e quais os fatores que determinarão a magnitude dessa escassez. O que deverá ocorrer com o preço da carne de porco? Explique resumidamente. Quando o preço de um bem é fixado abaixo do nível de equilíbrio, a quantidade que as empresas estão dispostas a ofertar é menor do que a quantidade que os consumidores desejam adquirir. A magnitude do excesso de demanda depende das elasticidades relativas da demanda e da oferta. Se, por exemplo, ambas a oferta e a demanda são elásticas, a escassez é maior do que no caso de ambas serem inelásticas. Dentre os fatores que determinam tais elasticidades e, portanto, influenciam o excesso de demanda, cabe destacar a disposição dos consumidores a comer menos carne e a capacidade dos agricultores de mudar a quantidade produzida. O racionamento é comum em situações caracterizadas por excesso de demanda, nas quais alguns consumidores não conseguem adquirir as quantidades desejadas. Os consumidores com demanda insatisfeita tentarão adquirir produtos substitutos, aumentando a demanda e os preços de tais produtos. Assim, face à fixação dos preços da carne bovina e do frango abaixo do nível de equilíbrio, o preço da carne de porco deve aumentar. 7. Durante uma discussão sobre anuidades, uma funcionária da universidade argumenta que a demanda por vagas é completamente inelástica ao preço. Como prova disso, ela afirma que, embora a universidade tenha duplicado o valor das anuidades (em termos reais) nos últimos 15 anos, não houve redução nem no número, nem na qualidade dos estudantes que vêm se candidatando às vagas. Você aceitaria essa argumentação? Explique de forma resumida. (Sugestão: a funcionária faz uma afirmação a respeito da demanda por vagas, mas ela realmente está observando uma curva de demanda? O que mais poderia estar ocorrendo?) Capítulo 2: O Básico sobre a Oferta e Demanda 11 Se a demanda é constante, a empresa individual (a universidade) pode determinar o formato da curva de demanda com que se defronta através de aumento de preço e análise das variações na quantidade vendida. A funcionária da universidade não estáobservando uma curva de demanda inteira, mas apenas o preço e a quantidade de equilíbrio nos últimos 15 anos. Se a demanda se desloca para cima, à medida que também a oferta se desloca para cima, a demanda poderia assumir qualquer valor. (Veja a Figura 2.7, por exemplo.) A demanda poderia estar se deslocando para cima pelo fato de que o valor do ensino universitário aumentou e os estudantes estão desejando pagar um preço alto por cada vaga. Seria necessária uma pesquisa de mercado mais extensa para se concluir que a demanda é completamente inelástica ao preço. S1976 Preço Quantidade S1986 S1996 D1996 D1986 D1976 Figura 2.7 8. Utilize os deslocamentos das curvas de oferta e demanda para ilustrar os efeitos dos eventos a seguir ocorridos no mercado de maçãs. Esclareça qual a direção da modificação ocorrida tanto no preço como na quantidade vendida. a. Os cientistas descobrem que comer uma maçã por dia, de fato, evita doenças. As pessoas demandarão mais maçãs, levando a um deslocamento para a direita da curva de demanda. O preço de equilíbrio das maçãs aumentará, assim como a quantidade de equilíbrio. b. O preço das laranjas triplica. Dado que as laranjas são substitutos prováveis para as maçãs, a curva de demanda de maçãs se deslocará para a direita. O preço de equilíbrio das maçãs aumentará, assim como a quantidade de equilíbrio. c. A seca reduz a colheita de maçãs a um terço da quantidade normal. Capítulo 2: O Básico sobre a Oferta e Demanda 12 A curva de oferta de maçãs se deslocará para a esquerda, fazendo com que o preço de equilíbrio aumente e a quantidade de equilíbrio diminua. d. Milhares de estudantes universitários abandonam os estudos para se tornarem colhedores de maçãs. O aumento da oferta de colhedores de maçãs levará a uma diminuição no custo de colocar maças no mercado. Esse custo mais baixo tem como conseqüência um deslocamento para a direita da curva de oferta de maçãs, causando uma queda no preço de equilíbrio e um aumento na quantidade de equilíbrio. e. Milhares de estudantes universitários abandonam os estudos para se tornarem plantadores de maçãs. Haveria um deslocamento da curva de oferta de maçãs para a direita, levando a uma diminuição do preço de equilíbrio a um aumento da quantidade de equilíbrio. 9. Suponha que curva de demanda de um produto seja dada por Q=10- 2P+Ps, onde P é o preço do produto e Ps é o preço de um bem substituto. O preço do bem substituto é $2,00. (a) Suponha P=$1,00. Qual é a elasticidade-preço da demanda? Qual é a elasticidade cruzada da demanda? Primeiro, é preciso calcular a quantidade demandada ao preço de $1,00. Q=10-2(1)+2=10. Elasticidade-preço da demanda = 2,0 10 2 )2( 10 1 −=−=−= P Q Q P . Elasticidade cruzada da demanda = 2,0)1( 10 2 == S S P Q Q P . (b) Suponha que o preço do bem, P, aumente para $2,00. Agora, qual seria a elasticidade-preço da demanda, e qual seria a elasticidade cruzada da demanda? Primeiro, é preciso calcular a quantidade demandada ao preço de $2,00: Q=10-2(2)+2=8. Elasticidade-preço da demanda = 5,0 8 4 )2( 8 2 −=−=−= P Q Q P . Elasticidade cruzada da demanda = 25,0)1( 8 2 == S S P Q Q P . Capítulo 2: O Básico sobre a Oferta e Demanda 13 10. Suponha que, em vez da redução na demanda suposta no Exemplo 2.7, um aumento no custo da produção de cobre leve a curva de oferta a se deslocar para a esquerda em 40%. O que ocorrerá com o preço do cobre? Se a curva de oferta se desloca para a esquerda em 40%, então, a nova quantidade ofertada será 60% da quantidade ofertada original, a qualquer preço. Por conseguinte, a nova curva de oferta é Q’ = 0,6(-4,5+16P) = -2,7+9,6P. Para calcular o novo preço de equilíbrio do cobre, considere a nova oferta igual a demanda, tal que - 2,7+9,6P=13,5-8P. Resolvendo para o preço: P= $0,92 por libra para o novo preço de equilíbrio. 11. Suponha que a demanda por gás natural seja perfeitamente inelástica. Qual será o efeito, se houver algum, do controle de preços do gás natural? Se a demanda por gás natural for perfeitamente inelástica, então, a curva de demanda será vertical. Os consumidores irão demandar uma determinada quantidade e pagarão qualquer preço por ela. Neste caso, um controle de preços não terá efeito sobre a quantidade demandada. EXERCÍCIOS 1. Considere um mercado competitivo no qual as quantidades anuais demandadas e ofertadas a diversos preços sejam as que aparecem no esquema no final deste exercício: Preço ($) Demanda (milhões) Oferta (milhões) 60 22 14 80 20 16 100 18 18 120 16 20 a. Calcule a elasticidade-preço da demanda quando o preço for $80 e também quando o preço for $100. Sabemos que a elasticidade-preço da demanda pode ser calculada por meio da equação 2.1 expressa no livro: E Q Q P P P Q Q P D D D D D= = . Com um aumento de $20 em cada preço, a quantidade demandada diminui em 2. Logo, Capítulo 2: O Básico sobre a Oferta e Demanda 14 1,0 20 2 −= − = P QD Ao preço P = 80, a quantidade demandada é igual a 20 e 40,0)1,0( 20 80 −=− =DE Similarmente, ao preço P = 100, a quantidade demandada é igual a 18 e 56,0)1,0( 18 100 −=− =DE b. Calcule a elasticidade-preço da oferta quando o preço for $80 e também quando o preço for $100. A elasticidade da oferta é dada por: E Q Q P P P Q Q P S S S S S= = . Com um aumento de $20 em cada preço, a quantidade ofertada aumenta em 2. Logo, 1,0 20 2 == P QS Ao preço P = 80, a quantidade ofertada é igual a 16 e 5,0)1,0( 16 80 = =SE Similarmente, ao preço P = 100, a quantidade ofertada é igual a 18 e 56,0)1,0( 18 100 = =SE c. Quais são o preço e a quantidade de equilíbrio? O preço e a quantidade de equilíbrio são dados pelo ponto em que a quantidade ofertada é igual à quantidade demandada. Como vemos na tabela, o preço de equilíbrio é $100 e a quantidade de equilíbrio é 18 milhões. d. Suponha que governo estabeleça um preço teto de $80. Haverá escassez? Em caso afirmativo, qual será sua dimensão? Com um preço teto de $80, os consumidores desejam adquirir 20 milhões; entretanto, os produtores fornecerão apenas 16 milhões. Isso resultará em uma escassez de 4 milhões. 2. Considere o exemplo 2.4 sobre o mercado do trigo. No final de 1998, o Brasil e a Indonésia abriram seus mercados para os agricultores dos EUA Capítulo 2: O Básico sobre a Oferta e Demanda 15 (Fonte: http://www.fas.usda.gov/). Suponha que esses novos mercados tenham adicionado 200 milhões de bushels à demanda de trigo dos EUA. Qual será o preço do trigo no livre mercado e que quantidade será produzida e vendida pelos agricultores dos EUA neste caso? As seguintes equações descrevem o mercado do trigo em 1998: QS = 1944 + 207P e QD = 3244 - 283P. Se o Brasil e a Indonésia adicionassem 200 milhões de bushels à demanda de trigo dos EUA, a nova curva de demanda QD , seria igual a QD + 200, ou QD = (3244 - 283P) + 200 = 3444 - 283P. Igualando a oferta à nova demanda, podemos determinar o novo preço de equilíbrio, 1944 + 207P = 3444 - 283P, ou 490P = 1500, ou P* = $3,06 por bushel. Para calcular a quantidade de equilíbrio, substitua o preço na equação de oferta ou na de demanda: QS = 1944 + (207)(3,06) = 2.577,67 e QD = 3444 - (283)(3,06) = 2.577,67 3. Uma fibra vegetal é comercializada em um mercado mundial competitivo, e preço mundial é $9 por libra. Quantidades ilimitadas estão disponíveis para importação pelos EUA a este preço. A oferta e demanda domésticas dos EUA, para vários níveis de preço, são apresentadas abaixo. Preço Oferta dos EUA Demanda dos EUA (milhões lb.) (milhõeslb.) 3 2 34 6 4 28 9 6 22 12 8 16 15 10 10 18 12 4 a. Qual é a equação da demanda? Qual é a equação da oferta? A equação da demanda tem a seguinte especificação: Q=a-bP. Inicialmente, calculamos a inclinação, dada por Capítulo 2: O Básico sobre a Oferta e Demanda 16 Q P = −6 3 = −2 = −b. Esse resultado pode ser verificado observando-se, na tabela, que sempre que o preço aumenta 3 unidades, a quantidade demandada cai 6 milhões de libras. Inserindo o valor calculado de b na equação, a demanda passa a ser Q=a-2P. Para determinar a, pode-se substituir Q e P por qualquer par de preço e quantidade demandada apresentado na tabela; por exemplo, Q=34=a-2*3, de modo que a=40 e a demanda é Q=40-2P. A equação da oferta tem a especificação Q=c+dP. Inicialmente, calculamos a inclinação, dada por Q P = 2 3 . Esse resultado pode ser verificado observando-se, na tabela, que sempre que o preço aumenta 3 unidades, a quantidade ofertada aumenta 2 milhões de libras. Inserindo o valor calculado de d na equação, a oferta passa a ser Q = c + 2 3 P. Para determinar c, pode-se substituir Q e P por qualquer par de preço e quantidade ofertada apresentado na tabela; por exemplo, Q = 2 = c + 2 3 (3) de modo que c=0 e a oferta é Q = 2 3 P. b. Ao preço de $9, qual é a elasticidade-preço da demanda? E ao preço de $12? Elasticidade da demanda para P=9 é ( ) 82,0 22 18 2 22 9 −= − =−= P Q Q P Elasticidade da demanda para P=12 é ( ) 5,1 16 24 2 16 12 −= − =−= P Q Q P c. Qual é o preço elasticidade da oferta ao preço de $9? E ao preço de $12? Elasticidade da oferta para P=9 é 0,1 18 18 3 2 6 9 == = P Q Q P Elasticidade da oferta para P=12 é 0,1 24 24 3 2 8 12 == = P Q Q P d. Qual será o preço nos EUA e a quantidade de importações do país sob o livre mercado? Na ausência de restrições ao comércio, o preço nos EUA será igual ao preço mundial, ou seja, P=$9. A esse preço, a oferta doméstica é 6 milhões de libras, enquanto que a demanda doméstica é 22 milhões de libras. Logo, as importações são de 16 milhões de libras, correspondentes à diferença entre demanda e oferta doméstica. Capítulo 2: O Básico sobre a Oferta e Demanda 17 4. A agência de controle de aluguéis da cidade de Nova York descobriu que a demanda agregada é: QD = 100 - 5P, com a quantidade medida em dezenas de milhares de apartamentos e o preço correspondendo ao aluguel mensal médio expresso em centenas de dólares. A agência observou também que o aumento em Q para valores mais baixos de P é conseqüência de um maior número de famílias (de três pessoas) vindas de Long Island para a cidade, demandando apartamentos. A associação de corretores de imóveis da cidade reconhece que essa é uma boa estimativa da demanda, e apresenta a seguinte estimativa da oferta: QS = 50 + 5P. a. Se a agência e a associação estiverem corretas a respeito da demanda e da oferta, qual será o preço do livre mercado? Qual será a variação da população da cidade caso a agência estabeleça um aluguel médio mensal máximo de $100 e todas as pessoas que não consigam encontrar um apartamento deixem a cidade? Para calcular o preço do livre mercado de apartamentos, devemos igualar a oferta à demanda: 100 - 5P = 50 + 5P, ou P = $500, pois o preço está medido em centenas de dólares. Inserindo o preço de equilíbrio na equação de oferta ou na de demanda, podemos determinar a quantidade de equilíbrio: QD = 100 - (5)(5) = 75 e QS = 50 + (5)(5) = 75. Observa-se que, para um aluguel de $500, são alugados 750.000 apartamentos. Se a agência de controle de aluguéis fixar o aluguel em $100, a quantidade ofertada será de 550.000 (QS = 50 + (5)(1) = 55), que corresponde a uma redução de 200.000 apartamentos em relação ao equilíbrio de livre mercado. (Supondo três pessoas por apartamento, isso implicaria uma perda de 600.000 pessoas.) Para o aluguel de $100, a demanda de apartamentos é de 950.000 unidades; logo, verifica-se uma escassez de 400.000 unidades (950.000-550.000). A população da cidade diminuirá em apenas 600.000 pessoas, em decorrência da queda no número de apartamentos de 750.000 para 550.000, ou 200.000 apartamentos com três pessoas. Capítulo 2: O Básico sobre a Oferta e Demanda 18 Apartamentos (x 10.000) $1.000 Aluguel 100 200 300 400 500 600 700 800 900 20 40 60 80 100 Excesso de demanda Demanda Oferta Figura 2.4 b. Suponha que a agência ceda às solicitações da associação, estabelecendo um aluguel mensal de $900 para todos os apartamentos a fim de permitir aos proprietários uma taxa de retorno “razoável”. Se 50% de qualquer aumento na oferta de apartamentos de longo prazo surgir a partir de novas construções, quantos apartamentos terão sido vendidos? Ao preço do aluguel de $900, a oferta de apartamentos será 50 + 5(9) = 95, ou 950.000 unidades, que corresponde a um aumento de 200.000 unidades em relação ao equilíbrio de livre mercado. Logo, (0,5)(200.000) = 100.000 unidades seriam construídas. Cabe ressaltar, porém, dada uma demanda de apenas 500.000 unidades, 400.000 unidades não seriam alugadas. 5. Grande parte da demanda de produtos agrícolas dos EUA vem de outros países. No Exemplo 2.4, a demanda agregada é Q = 3244 - 283P. Sabemos também que a demanda doméstica é Qd = 1700 - 107P e a oferta doméstica é QS = 1944 + 207P. Suponha que a demanda por exportação de trigo sofra uma queda de 40%. a. Os agricultores norte-americanos estão preocupados com essa queda na demanda de exportação. O que deve acontecer com o preço do trigo dos EUA sob o livre mercado? Os agricultores têm razão de estar preocupados? Dada a demanda agregada, Q = 3244 - 283P, e a demanda doméstica , Qd = 1700 - 107P, podemos obter a demanda de exportação por resíduo, Qe = 1544 - 176P. O preço de equilíbrio inicial é obtido igualando-se a demanda agregada à oferta: Capítulo 2: O Básico sobre a Oferta e Demanda 19 3244 - 283P = 1944 + 207P, ou P = $2,65. O melhor procedimento para tratar da queda da demanda de exportação em 40% é supor que a curva de demanda de exportação gira para baixo e para a esquerda em torno do intercepto vertical, de modo que a demanda diminui 40% para todos os preços, e o preço de reserva (o preço máximo que o país estrangeiro está disposto a pagar) não se altera. Se a curva de demanda se deslocasse para baixo e para a esquerda paralelamente à curva original, o efeito sobre o preço e a quantidade seria o mesmo em termos qualitativos, mas seria diferente em termos quantitativos. A nova demanda de exportação é 0,6Qe=0,6(1544-176P)=926,4-105,6P. Graficamente, a demanda de exportação girou em torno do intercepto, conforme ilustrado na figura 2.5a abaixo: Qe 1544926.4 8.77 P Figura 2.5a A demanda total passa a ser QD = Qd + 0,6Qe = 1700 - 107P + (0,6)(1544 - 176P) = 2626,4 – 212,6P. Igualando oferta agregada e demanda agregada, 1944 + 207P = 2626,4 – 212,6P, ou P = $1,63, que corresponde a uma redução significativa do preço de mercado em relação ao preço de equilíbrio original de $2,65 por bushel. A esse preço, a quantidade de equilíbrio é 2280,65 milhões de bushels. A receita total diminuiu de $6614,6 milhões para $3709,0 milhões. A maioria dos agricultores estaria preocupada. b. Agora, suponha que o governo dos EUA queira adquirir anualmente uma quantidade de trigo que seja suficiente para elevar seu preço até Capítulo 2: O Básico sobre a Oferta e Demanda 20 o nível de $3,50 por bushel. Com essa queda na demanda da exportação, qual seria a quantidade de trigo que o governo teria que comprar a cada ano? Quanto isto custaria ao governo? Para o preço de $3,50, o mercado não está em equilíbrio. As quantidades demandadas e ofertadas são QD = 2626,4-212,6(3,5)=1882,3,e QS = 1944 + 207(3,5) = 2668,5. O excesso da oferta é, portanto, 2668,5-1882,3=786,2 milhões de bushels. O governo deve adquirir essa quantidade manter o preço em $3,5, e gastará $3,5(786,2 milhões) = $2751,7 milhões por ano. 6. Em 1998, os americanos fumaram 470 bilhões de cigarros. O preço médio no varejo era de $2 por maço. Estudos estatísticos mostraram que a elasticidade-preço da demanda é –0,4, e a elasticidade-preço da oferta é 0,5. Utilizando essa informação, derive as curvas de demanda e de oferta lineares para o mercado de cigarros. Seja a curva de demanda Q=a+bP e a curva de oferta Q=c+dP, onde a, b, c, e d são as constantes que você tem que calcular dadas as informações acima. Para começar, lembre-se da fórmula da elasticidade-preço da demanda EP D = P Q Q P . São fornecidos os valores da elasticidade, de P, e de Q, o que significa que você pode resolver para a inclinação, que é b, na fórmula da curva de demanda acima. b P Q P Q =−= −= =− 94 2 470 4,0 470 2 4,0 Para calcular a constante a, insira os valores de Q, P, e b na fórmula acima tal que 470=a-94*2 e a=658. A equação da demanda é, portanto, Q=658-94P. Para encontrar a curva de oferta, lembre-se da fórmula da elasticidade da oferta e prossiga como acima: d P Q P Q P Q Q P E Sp == = = = 5,117 2 470 5,0 470 2 5,0 Capítulo 2: O Básico sobre a Oferta e Demanda 21 Para calcular a constante c, insira os valores de Q, P, e d na fórmula acima tal que 470=c+117,5*2 e c=235. A equação da oferta é, portanto, Q=235+117,5P. 7. No Exemplo 2.7 vimos os efeito de uma diminuição de 20% na demanda de cobre sobre o seu preço, utilizando curvas de oferta e de demanda lineares que foram desenvolvidas na Seção 2.6. Suponha que a elasticidade-preço a longo prazo para a demanda do cobre fosse de –0,4 em vez de –0,8. a. Mantendo a premissa anterior de que o preço e a quantidade de equilíbrio são P* = $0,75 por libra e Q* = 7,5 milhões de toneladas métricas por ano, derive uma curva de demanda linear que seja consistente com a elasticidade, agora, menor. Seguindo o método mostrado na Seção 2.6, resolvemos para a e b na equação de demanda QD = a - bP. Primeiro, sabemos que para a função de demanda linear ED = −b P * Q* . Aqui, ED = -0,4 (a elasticidade-preço a longo prazo), P* = 0,75 (o preço de equilíbrio), e Q* = 7,5 (a quantidade de equilíbrio). Resolvendo para b, −=− 5,7 75,0 4,0 b , ou b = 4. Para encontrar o intercepto, inserimos os valores de b, QD (= Q*), e P (= P*) na equação de demanda: 7,5 = a - (4)(0,75), ou a = 10,5. A equação de demanda linear consistente com a elasticidade- preço a longo prazo –0,4 é, portanto, QD = 10,5 - 4P. b. Utilizando essa curva de demanda, recalcule o efeito de uma queda de 20% na demanda do cobre sobre o seu preço. A nova demanda é 20% menor do que a original (utilizando nossa convenção de que a quantidade demandada é reduzida em 20% para qualquer preço): QD = 0.8( ) 10.5 − 4P( ) = 8.4 − 3.2P . Igualando isso à oferta, 8,4 – 3,2P = -4,5 + 16P, ou P = 0,672. Com a queda de 20% na demanda, o preço do cobre cai para $ 0,672 por libra. 8. O Exemplo 2.8 analisa o mercado mundial de petróleo. Utilizando os dados fornecidos neste exemplo, Capítulo 2: O Básico sobre a Oferta e Demanda 22 a. Mostre que as curvas da demanda a curto prazo e da oferta competitiva a curto prazo podem realmente ser expressas por D = 24,08 – 0,06P SC = 11,74 + 0,07P. Primeiro, considerando a oferta dos países não membros da OPEP: Sc = Q* = 13. Com ES = 0,10 e P* = $18, ES = d(P*/Q*) implica d = 0,07. Inserindo os valores de d, Sc, e P na equação de oferta, c = 11,74 e Sc = 11,74 + 0,07P. Similarmente, dado que QD = 23, ED = -b(P*/Q*) = -0,05, e b = 0,06. Inserindo os valores de b, QD = 23, e P = 18 na equação de demanda, temos 23 = a – 0,06(18), tal que a = 24,08. Portanto, QD = 24,08 – 0,06P. b. Mostre que as curvas da demanda a longo prazo e da oferta competitiva a longo prazo podem realmente ser expressas por D = 32,18 – 0,51P SC = 7,78 + 0,29P. Como acima, ES = 0,4 e ED = -0,4: ES = d(P*/Q*) e ED = -b(P*/Q*), implicando 0,4 = d(18/13) e –0,4 = -b(18/23). Então, d = 0,29 e b = 0,51. Em seguida, resolva para c e a: Sc = c + dP e QD = a - bP, implicando 13 = c + (0,29)(18) e 23 = a - (0,51)(18). Então, c = 7,78 e a = 32,18. c. No final dos anos 90, a Arábia Saudita, membro da OPEP, era responsável pela produção de 3 bilhões de barris de petróleo por ano. Suponha que uma guerra ou revolução levasse a Arábia Saudita a parar a produção de petróleo. Utilize o modelo acima para calcular o que aconteceria com o preço do petróleo no curto e no longo prazo se a produção da OPEP diminuísse em 3 bilhões de barris por ano. Com a oferta da OPEP reduzida de 10 bb/ano para 7 bb/ano, insira essa oferta menor, de 7 bb/ano, nas equações de oferta de curto e de longo prazo: Sc = 7 + Sc = 11,74 + 7 + 0,07P = 18,74 + 0,07P e S = 7 + Sc = 14,78 + 0,29P. Essas são equacionadas com a demanda de curto e de longo prazo tal que: 18,74 + 0,07P = 24,08 – 0,06P, implicando que P = $41,08 no curto prazo; e 14,78 + 0,29P = 32,18 - 0,51P, Capítulo 2: O Básico sobre a Oferta e Demanda 23 implicando que P = $21,75 no longo prazo. 9. Considere o Exemplo 2.9, que analisa os efeitos do controle de preços do gás natural. a. Utilizando os dados disponíveis no exemplo, mostre que as seguintes curvas de oferta e de demanda realmente descreviam o mercado em 1975: Oferta: Q = 14 + 2PG + 0,25PO Demanda: Q = -5PG + 3,75PO onde PG e PO são os preços do gás natural e do petróleo, respectivamente. Verifique também que, se o preço do petróleo for $8,00, essas curvas implicariam um preço de $2,00 para o gás natural no livre mercado. Para resolver este problema, nós aplicamos a análise feita na Seção 2.6 à definição de elasticidade cruzada da demanda dada na Seção 2.4. Por exemplo, a elasticidade cruzada da demanda por gás natural com relação ao preço do petróleo é: EGO = QG PO PO QG . Q G P O é a mudança na quantidade de gás natural demandada, devido a uma pequena mudança no preço do petróleo. Para as equações de demanda lineares, Q G P O é constante. Se representamos a demanda: QG = a - bPG + ePO (observe que a renda é mantida constante), então Q G P O = e. Inserindo na fórmula da elasticidade cruzada, EPO = e PO * QG * , onde PO * e QG * são o preço e a quantidade de equilíbrio. Sabemos que PO * = $8 e QG * = 20 trilhões de pés cúbicos (Tpc). Resolvendo para e, = 20 8 5,1 e , ou e = 3,75. Similarmente, se a forma geral da equação de oferta é representada por: QG = c + dPG + gPO, a elasticidade cruzada da oferta é g PO * QG * , que sabemos ser 0,1. Resolvendo para g, Capítulo 2: O Básico sobre a Oferta e Demanda 24 = 20 8 1,0 g , ou g = 0,25. Os valores para d e b podem ser calculados utilizando as equações 2,5a e 2,5b dadas na Seção 2.6. Sabemos que ES = 0,2, P* = 2, e Q* = 20. Logo, = 20 2 2,0 d , ou d = 2. Também, ED = -0,5, então, =− 20 2 5,0 b , ou b = -5. Inserindo esses valores de d, g, b, e e em nossas equações de oferta e de demanda lineares, podemos resolver para c e a: 20 = c + (2)(2) + (0,25)(8), ou c = 14, e 20 = a - (5)(2) + (3,75)(8), ou a = 0. Se o preço do petróleo for $8,00, essas curvas implicam um preço de $2,00 no mercado livre de gás natural. Insira o preço do petróleo nas curvas de oferta e de demanda para a verificação dessas equações. Depois, igualeuma curva à outra e resolva para o preço do gás. 14 + 2PG + (0,25)(8) = -5PG + (3,75)(8), 7PG = 14, ou PG = $2,00. b. Suponha que o preço regulamentado em 1975 para o gás fosse de $1,50 por mil pés cúbicos, em vez de $1,00. Qual teria sido a dimensão do excesso de demanda? Com o preço regulamentado de $1,50 para o gás natural e o preço do petróleo igual a $8,00 por barril, Demanda: QD = (-5)(1,50) + (3,75)(8) = 22,5, e Oferta: QS = 14 + (2)(1,5) + (0,25)(8) = 19. Com a oferta de 19 Tpc e a demanda de 22,5 Tpc, haveria um excesso de demanda de 3,5 Tpc. c. Suponha que o mercado de gás natural não tivesse sido regulamentado. Se o preço do petróleo subisse de $8 para $16, O que teria ocorrido com o preço do gás no mercado livre? Se o preço do gás natural não tivesse sido regulamentado e o preço do petróleo subisse de $8 para $16, então, Demanda: QD = -5PG + (3,75)(16) = 60 - 5PG, e Oferta: QS = 14 + 2PG + (0,25)(16) = 18 + 2PG. Capítulo 2: O Básico sobre a Oferta e Demanda 25 Igualando a oferta e a demanda e resolvendo para o preço de equilíbrio, 18 + 2PG = 60 - 5PG, ou PG = $6. O preço do gás natural teria triplicado de $2 para $6. 10. A tabela abaixo mostra o preço no varejo e as vendas de café instantâneo e café torrado para 1997 e 1998. Preço no varejo de café instantâneo Vendas de café instantâneo Preço no varejo de café torrado Vendas de café torrado Ano ($/lb.) (milhões lb.) ($/lb.) (milhões lb.) 1997 10,35 75 4,11 820 1998 10,48 70 3,76 850 a. Utilizando esses dados, estime a elasticidade-preço da demanda a curto prazo para café torrado. Derive, também, a curva de demanda linear para café torrado. Para calcular a elasticidade, deve-se, primeiro, estimar a inclinação da a curva de demanda: 7,85 35,0 30 76,311,4 850820 −=−= − − = P Q . Sabendo a inclinação, podemos, então, estimar a elasticidade utilizando os dados de preço e quantidade mostrados na tabela acima. Dado que se presume que a curva de demanda seja linear, a elasticidade será diferente em 1997 e 1998, porque o preço e a quantidade são diferentes. Você pode calcular a elasticidade nos dois anos e no ponto médio entre os dois anos: 40,0)7,85( 835 935,3 2 2 38,0)7,85( 850 76,3 43,0)7,85( 820 11,4 9897 9897 98 97 −=−= + + = −=−= = −=−= = P Q QQ PP E P Q Q P E P Q Q P E Méd p p p Capítulo 2: O Básico sobre a Oferta e Demanda 26 Para derivar a curva de demanda de café torrado, observe que a inclinação da curva de demanda é –85,7=-b. Para encontrar o coeficiente a, utilize qualquer um dos pontos da tabela acima de modo a obter a=830+85,7*4,11=1172,3 ou a=850+85,7*3,76=1172,3. A equação da curva de demanda é, portanto, Q=1172,3-85,7P. b. Agora, estime a elasticidade-preço da demanda a curto prazo de café instantâneo. Derive a curva de demanda linear de café instantâneo. Para calcular a elasticidade, deve-se estimar, primeiro, a inclinação da a curva de demanda: 5,38 13,0 5 48,1035,10 7075 −=−= − − = P Q . Sabendo a inclinação, podemos, então, estimar a elasticidade utilizando os dados de preço e quantidade mostrados na tabela acima. Dado que se presume que a curva de demanda seja linear, a elasticidade será diferente em 1997 e 1998, porque o preço e a quantidade são diferentes. Você pode calcular a elasticidade nos dois anos e no ponto médio entre os dois anos: 52,5)5,38( 5,72 415,10 2 2 76,5)5,38( 70 48,10 31,5)5,38( 75 35,10 9897 9897 98 97 −=−= + + = −=−= = −=−= = P Q QQ PP E P Q Q P E P Q Q P E Méd p p p Para derivar a curva de demanda de café instantâneo, observe que a inclinação da curva de demanda é -38,5=-b. Para encontrar o coeficiente a, utilize qualquer um dos pontos da tabela acima de modo a obter a=75+38,5*10,35=473,1 ou a=70+38,5*10,48=473,1. A equação da curva de demanda é, portanto,. Q=473,1-38,5P. c. Qual dos dois cafés possui a elasticidade-preço da demanda a curto prazo mais elevada? Por que você acha que isso acontece? O café instantâneo é significativamente mais elástico do que o café torrado. Na verdade, a demanda por café torrado é inelástica e a demanda por café instantâneo é elástica. O café torrado pode ter uma demanda inelástica no curto prazo, pois muitas pessoas consideram o café um bem necessário. Por outro lado, o café instantâneo pode ser Capítulo 2: O Básico sobre a Oferta e Demanda 27 visto, por muitos, como um substituto conveniente, mas imperfeito, para o café torrado. Dado o preço mais elevado, por libra, do café instantâneo e a preferência de muitos consumidores por café torrado, a demanda por este será menos elástica do que a demanda por café instantâneo. Observe, também que o café torrado é um bem de luxo; sua demanda se encontra à direita da demanda por café instantâneo. Isso levará a demanda por café torrado a ser mais inelástica, pois, qualquer que seja o preço, a quantidade demandada será maior para café torrado do que para café instantâneo. Essa diferença de quantidade será grande o suficiente para compensar a diferença na inclinação das duas curvas de demanda. Capítulo 3: Comportamento do consumidor 22 PARTE II PRODUTORES, CONSUMIDORES E MERCADOS COMPETITIVOS CAPÍTULO 3 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR OBSERVAÇÕES PARA O PROFESSOR O Capítulo 3 fornece a base a partir da qual será derivada a curva de demanda no Capítulo 4. Para que os alunos sejam capazes de entender a teoria da demanda, eles devem dominar os conceitos de curvas de indiferença, taxa marginal de substituição, linha do orçamento, e escolha ótima do consumidor. É possível discutir as escolhas do consumidor sem aprofundar-se nos detalhes da teoria da utilidade. Para muitos estudantes, as funções de utilidade são um conceito mais abstrato do que as relações de preferência. No entanto, caso se pretenda discutir a questão da incerteza no Capítulo 5, será necessário discutir antes o conceito de utilidade marginal (seção 3.5). Mesmo que a teoria da utilidade seja apresentada apenas brevemente, é importante que os alunos compreendam o conceito de utilidade, pois esse termo aparecerá muitas vezes no Capítulo 4. Ao introduzir o conceito de curva de indiferença, é importante enfatizar que os dois eixos representam quantidades físicas. De fato, após terem estudado a oferta e a demanda, os alunos poderiam pensar que o preço deveria estar no eixo vertical. Como forma de ilustrar as curvas de indiferença, escolha uma cesta inicial no gráfico e peça aos alunos para apontar as cestas que os consumidores devem preferir em relação à cesta inicial, e aquelas que devem ser consideradas inferiores à cesta inicial. Isso deverá dividir o gráfico em quatro quadrantes, o que tornará mais fácil para os alunos a visualização do conjunto de cestas entre as quais o consumidor é indiferente. É recomendável que sejam apresentados vários exemplos com diferentes tipos de mercadorias, pedindo-se à turma para desenhar as curvas de indiferença em cada caso. Os exemplos também são úteis para explicar a significância das hipóteses relativas às preferências; ao apresentar diferentes exemplos, pode-se perguntar quais hipóteses seriam violadas. A explicação do conceito de utilidade flui naturalmente a partir da discussão das curvas de indiferença. Apesar de tratar-se de um conceito abstrato, é possível transmitir aos alunos a essência desse conceito em tempo relativamente curto. Para tanto, pode-se partir da observação de que o objetivo dos consumidores é maximizar sua utilidade sujeito a uma restrição orçamentária. Quando um consumidor vai a uma loja, escolhe a cesta de produtos preferida dentre aquelas que pode adquirir. A partir disso, pode-se derivar a curva de demanda. É importante ressaltarque, para o consumidor, o que importa é a ordenação relativa entre as várias possíveis cestas de produtos, e não o valor absoluto da utilidade, que não tem qualquer significado. Por fim, outro conceito fundamental é a taxa à qual os consumidores estão dispostos a trocar mercadorias (a taxa marginal de substituição), que depende da satisfação relativa derivada do consumo de cada mercadoria. Capítulo 3: Comportamento do consumidor 23 A taxa marginal de substituição, TMS, é um conceito que pode confundir os alunos. Alguns deles tendem a confundir a TMS com a razão entre as quantidades das duas mercadorias. Quando isso ocorre, pode-se notar que a inclinação é igual à razão entre a variação na quantidade medida no eixo vertical, Y, e a variação na quantidade do eixo horizontal, X. Essa razão é igual à razão dos interceptos de uma linha tangente à curva de indiferença. À medida que nos movemos ao longo de uma curva de indiferença convexa, esses interceptos mudam e, conseqüentemente, a TMS também muda. Outro problema é a terminologia “TMS de X por Y”, que pode causar confusão pelo fato de que não estamos trocando “X por Y”, mas Y por uma unidade de X. É recomendável ilustrar esse importante conceito através de diversos exemplos em sala de aula. QUESTÕES PARA REVISÃO 1. O que significa o termo transitividade de preferências? A transitividade de preferências significa que, se alguém prefere A em relação a B, e B em relação a C, então essa pessoa prefere A em relação a C. 2. Suponha que um determinado conjunto de curvas de indiferença não possua inclinação negativa. O que você pode dizer a respeito de quão desejáveis são essas duas mercadorias? Uma das principais hipóteses da teoria das preferências é que quantidades maiores dos bens são preferidas a quantidades menores. Logo, se a quantidade consumida de um bem diminui, os consumidores devem obter um menor nível de satisfação. Esse resultado implica necessariamente curvas de indiferença negativamente inclinadas. No entanto, se uma mercadoria é indesejável, o consumidor estará em melhor situação ao consumir quantidades menores da mercadoria; por exemplo, menos lixo tóxico é preferível em relação a mais lixo. Quando uma mercadoria é indesejável, as curvas de indiferença que mostram o dilema entre aquela mercadoria e a mercadoria desejável apresentam inclinações positivas. Na Figura 3.2 abaixo, a curva de indiferença U2 é preferida à curva de indiferença U1. Capítulo 3: Comportamento do consumidor 24 Bem Y Lixo tóxico Pontos preferidos U2 U1 Figura 3.2 3. Explique a razão pela qual duas curvas de indiferença não podem se interceptar. A resposta pode ser apresentada mais facilmente com a ajuda de um gráfico como o da Figura 3.3, que mostra duas curvas de indiferença se interceptando no ponto A. A partir da definição de uma curva de indiferença, sabemos que um consumidor obtém o mesmo nível de utilidade em qualquer ponto sobre uma determinada curva. Nesse caso, o consumidor é indiferente entre as cestas A e B, pois ambas estão localizadas sobre a curva de indiferença U1. Analogamente, o consumidor é indiferente entre as cestas A e C porque ambas estão localizadas sobre a curva de indiferença U2. A propriedade de transitividade das preferências implica que tal consumidor também devera ser indiferente entre C e B. No entanto, de acordo com o gráfico, C está situada acima de B, de modo que C deve ser preferida a B. Assim, está provado que duas curvas de indiferença não podem se interceptar. Capítulo 3: Comportamento do consumidor 25 Bem Y Bem X A C B U1 U2 Figura 3.3 4. Desenhe um conjunto de curvas de indiferença para as quais a taxa marginal de substituição seja constante. Desenhe duas linhas de orçamento com diferentes inclinações; mostre, em cada caso, qual será a escolha maximizadora de satisfação. Que conclusões você poderia tirar? Na Figura 3.4, a mercadoria X e a mercadoria Y são substitutos perfeitos, de modo que as curvas de indiferença são linhas retas, U1 e U2, ambas com inclinação igual a -1. No caso de mercadorias que são substitutos perfeitos, o consumidor sempre preferirá comprar a mercadoria mais barata, de modo a obter utilidade máxima. Por exemplo, se a mercadoria Y for mais barata que a mercadoria X, o consumidor se defrontará com a restrição orçamentária L2 e maximizará sua utilidade no ponto A. Por outro lado, se a mercadoria X for mais barata que a mercadoria Y, o consumidor se defrontará com a restrição orçamentária L1 e maximizará sua utilidade no ponto B. Se a mercadoria X e a mercadoria Y tiverem o mesmo preço, a restrição orçamentária coincidirá com a curva de indiferença, e o consumidor será indiferente entre qualquer ponto sobre a curva. Para entender a razão disso, lembre que a inclinação da linha do orçamento é − Px Py . Em termos mais gerais, a inclinação de uma curva de indiferença linear é a taxa constante à qual o consumidor está disposto a trocar as duas mercadorias. Se as inclinações da linha de orçamento e da curva de indiferença forem iguais, o consumidor será indiferente entre qualquer ponto sobre a linha do orçamento. Quando as inclinações forem diferentes, o consumidor deverá optar por uma das extremidades da linha do orçamento, de acordo com as respectivas inclinações. Capítulo 3: Comportamento do consumidor 26 Bem Y Bem X A B U1 U2L1 L2 Figura 3.4 5. Explique por que a taxa marginal de substituição de uma pessoa entre duas mercadorias deve ser igual à razão entre os preços das mercadorias para que o consumidor possa obter satisfação máxima. A TMS representa a taxa à qual o consumidor está disposto a trocar uma mercadoria por outra de modo a manter seu nível de satisfação inalterado. A razão entre os preços representa a troca que o mercado está disposto a realizar entre as duas mercadorias. A tangência de uma curva de indiferença com a linha do orçamento representa o ponto no qual as duas taxas são iguais e consumidor obtém satisfação máxima. Se a TMS entre duas mercadorias não fosse igual à razão entre os preços, o consumidor poderia trocar uma mercadoria pela outra aos preços de mercado, de modo a obter níveis de satisfação mais elevados. Esse processo continuaria até que o nível de satisfação mais alto possível fosse atingido. 6. Explique por que os consumidores provavelmente estariam em piores condições de satisfação quando um produto que eles consomem fosse racionado. Se a quantidade máxima de uma mercadoria for fixada por lei em nível inferior à quantidade desejada, nada garante que o mais alto nível de satisfação possível possa ser alcançado. De fato, o consumidor não será capaz de obter maiores quantidades da mercadoria racionada através da redução do consumo de outras mercadorias. O consumidor só conseguirá maximizar sua utilidade sem restrição no caso em que a quantidade máxima for fixada em nível acima do desejado. (Observação: o Capítulo 3: Comportamento do consumidor 27 racionamento pode causar maior nível de bem-estar social, por razões de eqüidade ou justiça entre os consumidores.) 7. Após a fusão com a economia da Alemanha Ocidental, os consumidores da Alemanha Oriental demonstravam preferência por automóveis Mercedes-Benz em relação a automóveis Volkswagen. Entretanto, depois de terem convertido suas poupanças para marcos alemães, muitos desses consumidores correram até os revendedores Volkswagen. Como você explicaria esse aparente paradoxo? Para responder essa questão, são necessárias três hipóteses: 1) um Mercedes custa mais do que um Volkswagen; 2) a função de utilidade dos consumidores da Alemanha Oriental inclui duas mercadorias: automóveis e todas as outras mercadorias, avaliadas em marcos alemães; e 3) os consumidores da Alemanha Oriental auferem alguma renda. Combase nessas premissas, podemos especular que, ainda que os consumidores da antiga Alemanha Oriental prefiram um Mercedes a um Volkswagen, é possível que eles não tenham renda suficiente para comprar um Mercedes ou, então, que eles prefiram uma cesta composta por um Volkswagen e outras mercadorias a uma cesta que inclua apenas um Mercedes. A utilidade marginal de consumir um Mercedes pode exceder a utilidade marginal de consumir um Volkswagen, mas para o consumidor o que importa é a utilidade marginal por dólar para cada mercadoria. O fato dos consumidores terem se dirigido aos revendedores Volkswagen, e não aos revendedores Mercedes, indica que a utilidade marginal por dólar deve ter sido mais elevada para os Volkswagen. 8. Descreva o princípio da igualdade marginal. Explique por que esse princípio não se mantém se uma utilidade marginal crescente estiver associada ao consumo de uma ou ambas as mercadorias. De acordo com o princípio da igualdade marginal, para que o grau máximo de satisfação seja obtido é necessário que a razão entre utilidade marginal e preço seja igual para todas as mercadorias. A linha de raciocínio é a mesma apresentada na Questão para Revisão No. 5. Parte-se do fato de que a utilidade é maximizada quando o orçamento é alocado de modo a igualar, para todas as mercadorias, a utilidade marginal por dólar gasto. Se a utilidade marginal é crescente, o consumidor maximiza sua satisfação consumindo quantidades cada vez maiores da mercadoria. Isso significa que, supondo preços constantes, o consumidor acabaria gastando toda sua renda com uma única mercadoria. Teríamos, então, uma solução de canto, na qual o princípio da igualdade marginal não pode valer. 9. Qual é a diferença entre utilidade ordinal e utilidade cardinal? Explique por que a suposição de utilidade cardinal não se faz necessária para a ordenação das preferências do consumidor. Capítulo 3: Comportamento do consumidor 28 A utilidade ordinal implica um ordenamento das alternativas que não leva em consideração a intensidade das preferências. Essa abordagem permite, por exemplo, afirmar que a primeira escolha do consumidor é preferida à segunda escolha, mas não especifica quão preferível é a primeira opção. A utilidade cardinal implica que a intensidade das preferências pode ser quantificada. Uma classificação ordinal é suficiente para ordenar as escolhas do consumidor de acordo com suas preferências. Não é necessário saber quão intensamente um consumidor prefere a cesta A à cesta B; é suficiente saber que A é preferida a B. 10. Os preços dos computadores caíram substancialmente durante as duas últimas décadas. Use essa queda no preço para explicar por que o IPC tende a subestimar o índice de custo de vida para indivíduos que utilizam essas máquinas intensivamente. O índice de preços ao consumidor mede as variações na média ponderada dos preços de uma cesta de mercadorias adquiridas pelos consumidores. Os pesos de cada mercadoria correspondem à sua participação na despesa total do consumidor. Escolhe-se um ano-base, e usam-se os pesos observados no ano para calcular o IPC naquele e nos anos seguintes. Quando o preço de uma mercadoria cai de forma significativa, o consumidor tende a consumir mais daquela mercadoria em detrimento das demais, o que implica mudanças na distribuição da renda do consumidor entre as várias mercadorias. O uso dos pesos do ano-base ignora o efeito das variações de preço sobre a participação de cada mercadoria no total de despesas, levando, assim, a uma medida imprecisa das mudanças no custo de vida. Por exemplo, suponha que, em 1970, Fred gastasse 10% de sua renda em computadores, e que a participação de cada mercadoria na despesa total de Fred em 1970 tenha sido usada como peso no cálculo do IPC de Fred nos anos seguintes. Se a demanda de Fred por computadores fosse inelástica, reduções no preço dos computadores (em relação às outras mercadorias) diminuiriam a proporção de sua renda gasta com computadores. Após 1970, um IPC baseado nos pesos de 1970 estaria atribuindo um peso de 10% ao preço dos computadores, apesar de Fred gastar menos que 10% de sua renda com computadores. Supondo que os preços das outras mercadorias estivessem aumentando, ou caindo menos que 10%, o IPC estaria atribuindo pesos excessivamente pequenos às variações nos preços das outras mercadorias, e subestimando as mudanças no custo de vida de Fred. Capítulo 3: Comportamento do consumidor 29 EXERCÍCIOS 1. Neste capítulo, não foram consideradas mudanças nas preferências do consumidor por diversas mercadorias. Todavia, em determinadas situações, as preferências devem se modificar à medida que ocorre o consumo. Discuta por que e como as preferências poderiam se alterar ao longo do tempo tendo por referência o consumo das seguintes mercadorias: a. Cigarros A hipótese de preferências constantes é razoável se as escolhas do consumidor são independentes no tempo. Mas essa hipótese não é válida nas situações em que o consumo do bem envolve a criação de hábitos ou vícios, como no caso dos cigarros: o consumo de cigarros em um período influencia seu consumo nos períodos seguintes. b. Jantar pela primeira vez em um restaurante de culinária típica Jantar pela primeira vez em um restaurante diferente não envolve nenhum vício do ponto de vista físico, mas, ao propiciar ao consumidor maiores informações sobre o restaurante em questão, influencia suas escolhas nos períodos subseqüentes. O consumidor pode gostar de jantar sempre em restaurantes diferentes, que ainda não conheça, ou então pode estar cansado de fazê-lo. Em ambos os casos, as preferências mudam à medida que ocorre o consumo. 2. Desenhe as curvas de indiferença para as seguintes preferências de um consumidor por duas mercadorias: hambúrguer e cerveja. a. Alex gosta de cerveja, porém detesta hambúrgueres. Ele sempre prefere consumir mais cerveja, não importando quantos hambúrgueres possa ter. Para Alex, os hambúrgueres são um “mal.” As suas curvas de indiferença apresentam inclinação positiva em vez de negativas. Para Alex, U1 é preferida a U2 e U2 é preferida a U3. Veja a figura 3.2a. Se os hambúrgueres fossem um bem neutro, as curvas de indiferença seriam verticais e a utilidade cresceria à medida que nos movêssemos para a direita e mais cerveja fosse consumida. b. Betty mostra-se indiferente entre cestas que contenham três cervejas ou dois hambúrgueres. Suas preferências não se alteram à medida que consome maior quantidade de qualquer uma das duas mercadorias. Dado que Betty é indiferente entre três cervejas e dois hambúrgueres, existe uma curva de indiferença ligando esses dois pontos. As curvas de indiferença de Betty são um conjunto de linhas paralelas com inclinação de −2 3 . Veja a figura 3.2b. c. Chris come um hambúrguer e em seguida toma uma cerveja. Ele nunca consumirá uma unidade adicional de um item sem que consuma também uma unidade adicional do outro. Capítulo 3: Comportamento do consumidor 30 Para Chris, hambúrgueres e cerveja são complementos perfeitos, ou seja, ele sempre deseja consumir as duas mercadorias em proporções fixas. As curvas de indiferença apresentam formato de L, com os ângulos do L ao longo de uma linha de 45 graus a partir da origem. Veja a figura 3.2c. Hambúrgueres Cerveja U3 U2 U1 Figura 3.2.a Hambúrgueres Cerveja U1 U2 U3 1 2 3 4 5 6 7 8 9 3 6 9 Figura 3.2.b d. Doreen gosta muito de cerveja, porém é alérgica a carne. Toda vez que come um hambúrguer, fica com urticária. Capítulo 3: Comportamento do consumidor 31 Para Doreen, os hambúrgueres não são um “bem”, mas um “mal,” de modo que sua utilidade não aumenta ao mover-se para cima e para a direita, e sim para baixo e para a direita. Para Doreen, U1 é preferidaa U2 e U2 é preferida a U3. Veja a figura 3.2d. Hambúrgueres Cerveja U1 U2 U3 1 2 3 1 2 3 Figura 3.2.c Hambúrgueres Cerveja U1 U2 U3 Figura 3.2.d 3. O preço de uma fita cassete é $10 e o preço de um CD é $15. Philip tem um orçamento de $100 e já adquiriu 3 fitas. Portanto, ele ainda possui $70 para gastar com fitas adicionais ou CDs. Desenhe a linha do orçamento de Philip. Se o resto de suas despesas for destinado a comprar 1 fita cassete e 4 CDs, mostre sua escolha de consumo na linha do orçamento. Capítulo 3: Comportamento do consumidor 32 Dada a renda de $70 que ainda lhe resta, Philip pode adquirir até 7 fitas cassete, caso gaste toda a renda nesse tipo de mercadoria, ou até 4,7 CDs, caso toda a renda seja destinada a essa mercadoria. Assim, conforme mostra a figura 3.3, a sua linha do orçamento intercepta o eixo vertical na quantidade de 7 fitas e o eixo horizontal na quantidade de 4,7 CDs. Dado que os preços são constantes, a linha do orçamento apresenta inclinação constante e é uma linha reta. 4.7 7 CD’s Fitas 4 1 Figura 3.3 4. Debra geralmente toma um refrigerante quando vai ao cinema. Ela pode escolher entre três tamanhos de refrigerante: pequeno (8 onças), que custa $1,50, médio (12 onças), que custa $2,00, e grande (16 onças), que custa $2,25. Descreva a restrição orçamentária de Debra referente à decisão de quantas onças de refrigerante adquirir. (Suponha que Debra possa se desfazer da quantidade de refrigerante que não deseja sem qualquer custo.) Observe, em primeiro lugar, que o preço por onça diminui à medida que aumenta o tamanho do refrigerante. Quando Debra compra o refrigerante de 8 onças, paga onçapor 19,0$ 8 50,1$ = oz . Quando ela compra o refrigerante de 12 onças, paga $0,17 por onça, e quando ela compra o refrigerante de 16 onças, paga $0,14 por onça. A existência de três preços diferentes implica que a linha do orçamento deve apresentar duas quebras, como mostra a figura 3.4. Capítulo 3: Comportamento do consumidor 33 Refrigerante (onças) 8 12 16 Figura 3.4 5. Suponha que Bill considere manteiga e margarina como substitutos perfeitos. a. Desenhe um conjunto de curvas de indiferença que descreva as preferências de Bill por manteiga e margarina. Manteiga Margarina U1 U2 U3 10 5 15 20 5 10 15 20 Figura 3.5.a b. Será que tais curvas de indiferença seriam convexas? Por quê? A convexidade implica que qualquer segmento de reta ligando dois pontos da curva deve estar situado acima da curva, ou seja, a curva é Capítulo 3: Comportamento do consumidor 34 “arqueada para dentro”. Dado que o consumidor considera a manteiga e a margarina como substitutos perfeitos, a utilidade marginal não é decrescente, e as curvas de indiferença resultantes são linhas retas. Curvas de indiferença retas não são estritamente convexas. c. Se a manteiga custasse $2 e a margarina apenas $1, e Bill tivesse um orçamento de $20 por mês, qual seria a cesta de mercado que Bill escolheria? Você poderia demonstrar isso graficamente? Sejam Y a renda de Bill, PB o preço da manteiga, B a quantidade de manteiga, PM o preço da margarina e M a quantidade de margarina. A restrição orçamentária é, portanto, dada por: Y = PB B + PM M. Inserindo nessa equação os valores dados de Y, PB, e PM,, obtemos a representação específica da restrição orçamentária de Bill: 20 = 2B + 1M, ou B = 10 - 0.5M. Tendo em vista que Bill é indiferente entre manteiga e margarina, e o preço da manteiga é maior que o preço da margarina, Bill comprará apenas margarina. Trata-se de uma solução de canto, pois a escolha ótima ocorre sobre um dos eixos. Na Figura 3.5.c, a cesta que maximiza a utilidade de Bill é o ponto A. Manteiga Margarina U1 U2 U3 10 5 15 20 5 10 15 20 L1 A Figura 3.5.c 6. Suponha que Jones e Smith tenham decidido reservar $1.000 por ano para despesas com bebidas alcoólicas e não-alcoólicas. Jones e Smith possuem preferências substancialmente diferentes por esses dois tipos de bebida. Jones prefere as bebidas alcoólicas, ao passo que Smith tem preferência pelas não-alcoólicas. a. Desenhe um conjunto de curvas de indiferença para Jones e um segundo conjunto para Smith. Capítulo 3: Comportamento do consumidor 35 Alcoólicas Não-alcoólicas J1 J2 S1 S2 Figura 3.6.a b. Utilizando o conceito de taxa marginal de substituição, discuta a razão pela qual os dois conjuntos de curvas de indiferença são diferentes entre si. Para qualquer combinação de bebidas alcoólicas, A, e não-alcoólicas, N, Jones está disposto a abrir mão de grande quantidade de N para obter uma unidade adicional de A, enquanto que Smith está disposto a abrir mão de grande quantidade de A para obter uma unidade adicional de N. Dado que Jones precisa receber mais N do que Smith para ser compensado pela perda de determinada quantidade de A, a sua taxa marginal de substituição de bebidas alcoólicas por não-alcoólicas é mais baixa que a de Smith. Colocando as bebidas alcoólicas no eixo vertical, as curvas de indiferença de Jones são menos inclinadas que as curvas de indiferença de Smith em qualquer ponto do gráfico. c. Se Smith e Jones pagassem os mesmos preços por suas bebidas, suas taxas marginais de substituição de bebidas alcoólicas por não- alcoólicas seriam iguais ou diferentes? Explique. A maximização da utilidade implica que o consumidor deve escolher as quantidades de cada mercadoria de modo que a TMS entre quaisquer duas mercadorias seja igual a razão entre seus preços. Se Smith e Jones são consumidores racionais, as suas TMS devem ser iguais, pois eles se defrontam com os mesmos preços de mercado. É importante ressaltar que, por possuírem preferências diferentes, eles deverão consumir quantidades diferentes das duas mercadorias, apesar de suas TMS serem iguais. 7. Na Geórgia, o preço do abacate é o dobro do preço do pêssego, ao passo que, na Califórnia, os dois produtos apresentam o mesmo preço. Se os consumidores dos dois estados maximizam a utilidade, suas taxas marginais Capítulo 3: Comportamento do consumidor 36 de substituição de pêssegos por abacates serão iguais? Caso não o sejam, em que estado a taxa será mais elevada? A taxa marginal de substituição de pêssegos por abacates é a quantidade de abacates que uma pessoa está disposta a ceder em troca de um pêssego adicional. Quando os consumidores maximizam a utilidade, eles igualam sua taxa marginal de substituição à razão dos preços, que nesse caso é abacate pêssego P P . Na Geórgia, abacatepêssego PP =2 , o que significa que, quando os consumidores maximizam a utilidade, 2 1 == abacate pêssego P P TMS . Na Califórnia, abacatepêssego PP = , o que significa que quando os consumidores maximizam a utilidade, 1 1 == abacate pêssego P P TMS . Logo, a taxa marginal de substituição não é igual nos dois estados, e deverá ser mais elevada na Califórnia. 8. Anne participa de um programa de milhagem que lhe confere, por meio de bônus, descontos de 25% nas passagens aéreas após ter completado 25.000 milhas no ano, e de 50% após ter completado 50.000 milhas. Você poderia traçar a linha do orçamento com que se defronta Anne ao planejar seus vôos para o ano? Na Figura 3.8, apresentamos as milhas de vôo (M) no eixo horizontal, e todas as outras mercadorias (G), em dólares, no eixo vertical. A restrição orçamentária é: Y = PM M + PG G, ou G = Y PG − M PM PG . A inclinação da linha do orçamento é − P P M G . Nesse caso, o preço das milhas de vôo muda à medida que o número de milhas aumenta, de modo que a linha do orçamento apresenta quebras para 25.000 e 50.000 milhas. Supondo que PM seja $1 por milha para milhagens menores ou iguais a 25.000 milhas, teremos PM = $0,75 para 25.000 < M 50.000,
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