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A importância do advogado na execução penal

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A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NA EXECUÇÃO PENAL 
 
THE IMPORTANCE OF THE LAWYER IN CRIMINAL EXECUTION 
 
 
Autor1 
Orientador2 
 
RESUMO 
 
O presente artigo pretende de forma sucinta abordar o tema referente a Execução 
Penal no ordenamento brasileiro, tendo como referência a assistência jurídica que 
deve ser prestada nesta fase ao apenado a fim de que seus direitos sejam 
protegidos. A fase de execução possui tanta importância quanto as demais fases do 
processo e a presença do advogado é tão indispensável nesta fase quanto é nas 
demais. O Brasil possui uma das maiores populações carcerárias de todo o mundo, 
além disso, uma parte da população carcerária encontra-se encarcerada de forma 
irregular, tendo já cumprido sua pena. A pesquisa do presente artigo foi realizada por 
meio de pesquisa bibliográfica e análise dos principais fatos relacionados a 
Execução Penal no Brasil e a indispensabilidade da atuação do Advogado nesta fase 
do processo. 
 
Palavras-chave: Advogado. Execução Penal. População Carcerária. 
 
Abstract 
 
The present article intends in a succinct way to approach the subject regarding 
Criminal Execution in the Brazilian order, having as reference the legal assistance 
that must be provided at this stage to the prisoners so that their rights are protected. 
The execution phase is as important as the other phases of the process and the 
presence of the lawyer is as indispensable at this stage as it is in the others. Brazil 
has one of the largest prison populations in the world, in addition, a part of the prison 
population is irregularly incarcerated, having already served its sentence. The 
research of this article was carried out through a bibliographical research and 
analysis of the main facts related to Criminal Execution in Brazil and the 
indispensability of the lawyer 's in this phase of the process. 
 
Key words: Lawyer. Penal execution. Prison population. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A Execução Penal é regulamentada no Brasil por meio da Lei nº 7.210 de julho 
de 1984, esta lei decreta como deve ocorrer essa fase do Processo penal, 
estabelecendo os seus limites, suas características e determinações. Como todo 
 
1 Inserir mine currículo 
2 Inserir mine currículo 
ramo do direito brasileiro a Execução possui seus próprios princípios, uns dos mais 
importantes deles é o da jurisdicionalidade e o princípio da humanização da pena. 
A Lei de Execuções define que todos os presos e ou internados, tem o direito a 
assistência jurídica. Na fase de execução a assistência jurídica é de suma 
importância no tocante a proteção dos direitos do preso. O Advogado no direito 
brasileiro é indispensável para a administração da justiça, possuindo esse 
profissional a técnica necessária para realizar a proteção dos que encontram-se em 
situação de cumprimento de pena. 
O Brasil possui uma das maiores populações carcerárias do mundo, apesar 
dessa informação aparentar conter várias características sobre os que estão 
encarcerados, como o fato de todos estarem cumprido uma sentença penal, vale 
salientar que uma parte da população carcerária já cumpriu a pena e continua preso 
por falta de uma assistência eficiente. 
O presente artigo pretende analisar, utilizando a pesquisa bibliográfica, a 
importância da atuação da assistência de um advogado na fase da execução penal, 
ao tempo em que será feita uma análise acerca deste instituto, sobressaltando seu 
conceito e princípios, bem como, o aspecto a respeito da importância da atuação do 
advogado no ordenamento jurídico brasileiro. 
 
1. CONCEITOS E PRINCÍPIOS NA EXECUÇÃO PENAL 
 
1.1 Conceito 
 
A Execução Penal faz parte do processo criminal. Está regulamentada pela Lei 
nº 7.210 de julho de 1984. Essa etapa do processo penal faz parte da fase em que já 
existe uma sentença penal condenatório e o réu foi declarado culpado, tendo sido 
estabelecida a pena que deverá ser cumprida por este, nos termos da legislação 
vigente. 
Conforme o art. 1º da Lei de Execuções esta fase do processo tem por objetivo 
tornar efetiva as disposições estabelecidas na sentença ou na decisão criminal, bem 
como, proporcionar condições harmônicas de integração social para o condenado e 
ou internado. A Lei de Execuções abrange tanto os condenados pela Justiça 
Criminal quanto pela Justiça Eleitoral e Militar. 
De acordo com Norberto Cláudio Pâncaro Avena a execução penal possui 
como pressuposto fundamental a existência de uma sentença penal condenatória ou 
absolutória imprópria, que transitaram em julgado, sua natureza jurídica não é 
pacífica na doutrina, existindo alguns que entendem ser a execução puramente 
administrativa e outros que entendem que é eminentemente jurisdicional. (AVENA, 
2015, p. 24) 
A posição que é apreciada, pelo autor acima referido, é a que define a 
execução penal como tendo natureza predominantemente jurisdicional, tendo em 
vista que 
 
embora uma parte da execução penal refira-se a providências que ficam a 
cargo das autoridades penitenciárias, é certo que o título em que se funda a 
execução é uma sentença penal condenatória, uma sentença absolutória 
imprópria ou uma decisão homologatória de transação penal, sendo que o 
cumprimento forçado desses títulos apenas podem ser determinados pelo 
Poder Judiciário. Além disso, é inquestionável que, mesmo nos momentos 
de atuação administrativa, é garantido ao apenado o acesso ao Poder 
Judiciário e a todas as garantias que lhe são inerentes (ampla defesa, 
contraditório, devido processo, imparcialidade do juiz, direito à produção 
probatória, direito de audiência etc.) (AVENA, 2015, p. 25) 
 
O dever de executar a sentença penal é do Estado, não podendo este ser 
relegado a administração privada. Os condenados devem ter sua condição de 
humanidade preservada, tendo todos os direitos que não forem limitados pela 
sentença penal condenatória, bem como, os que são de proteção da pessoa 
humana como a proibição de distinção de qualquer natureza, seja racial, social, 
religiosa ou política, de acordo com art. 3º da referida lei. 
A comunidade pode ser chamada a cooperar com a execução da pena e das 
medidas de segurança. A execução penal é individual, sendo necessário um 
procedimento de classificação dos apenados de acordo com os crimes cometidos. 
Na execução da pena o Estado é o protetor dos direitos do preso, devendo 
garantir que este tenha assistência material, saúde, jurídica, religiosa, educacional e 
social. No tocante a assistência material o preso tem direito, de acordo com o art. 12 
da lei de execuções, a ter acesso à alimentação, vestuário e instalações higiênicas, 
podendo ter o acessoa a venda de objetos que não são fornecidos pela 
Administração. 
A assistência à saúde, de acordo com o art. 14, deve ser de caráter preventivo 
e curativo, compreendendo atendimento médico, farmacêutico e odontológico. Caso 
a instituição de internamento não possua a assistência médica necessária, poderá 
esta ser realizada em outro local, mediante autorização da direção do 
estabelecimento. É assegurada as mulheres presas o pré-natal e o pós-natal, e 
devidos cuidados referentes ao recém-nascido. 
A assistência jurídica, de acordo com o art. 15 e seguintes, é destinada aos 
presos ou internados que não possuem recursos financeiros para constituir 
advogado. Todos os estados da federação devem possuir assistência jurídica, 
integral e gratuita, devendo ser prestada pela Defensoria Pública a ser realizada 
dentro e fora das instituições prisionais. 
A assistência educacional, de acordo com o art. 17 e seguintes, compreende a 
instrução escolar e a formação profissional do preso e do internado, sendo o ensino 
do 1º grau obrigatório e integrado ao sistema escolar da Unidade Federativa, no 
tocante ao ensino médio, regular ou supletivo, com formação geral ou educação 
profissional de nível médio que deve ser implantada nos presídios. Podendo, de 
acordo com as condiçõeslocais, ser adaptado uma biblioteca, este espaço pode ser 
utilizado por todas as categorias de presos, devendo conter livros instrutivos, 
recreativos e didáticos. 
A assistência social, de acordo com o art. 22 e seguintes, tem por finalidade 
amparar o preso ou internado e prepará-los para o retorno à liberdade, são 
incumbências desta assistência, por exemplo, o acompanhamento das permissões 
de saídas e das saídas temporárias, bem como, a promoção no estabelecimento de 
meios de recreação. 
A assistência religiosa, de acordo com o art. 24, consiste na liberdade de culto, 
que será prestada aos presos e internados, permitindo sua participação em serviços 
estabelecidos no presídio, bem como a posse de livros de instrução religiosa, 
devendo haver um local no presídio apropriado para os cultos religiosos. Nenhum 
preso ou internado pode ser obrigado a participar de atividade religiosa. 
 
2.2 Princípios da Execução Penal 
 
A Execução Penal é regida por princípios que regem o direito penal e 
processual penal, devendo obedecer ao princípio da legalidade, da 
jurisdicionalidade, do devido processo legal, da verdade real, da imparcialidade do 
juiz, da igualdade das partes, da persuasão racional ou livre convencimento, do 
contraditório e da ampla defesa, da iniciativa das partes, da publicidade, da 
oficialidade e do duplo grau de jurisdição. 
Outro princípio de grande importância para a execução penal é o princípio da 
humanização da pena, “pelo que deve-se entende que o condenado é sujeito de 
direitos e deveres, que devem ser respeitados, sem que haja excesso de regalias, o 
que tornaria a punição desprovida da sua finalidade” (MARCÃO, 2015, p. 34) (grifo 
do autor) 
Além desses citados acima a execução está sujeita aos princípios que regem a 
pena, como o princípio da personalidade ou princípio da intranscendência, que diz 
que nenhuma pena ou medida de segurança poderá ir além do autor que cometeu a 
infração, de acordo com o art. 5º, inciso XLV, da Constituição Federal. 
Os demais princípios da pena são: o princípio da inderrogabilidade, ou seja, 
ocorrendo o delito não pode a pena deixar de ser aplicada por liberalidade do juiz ou 
de qualquer outra autoridade; o princípio da proporcionalidade, o qual determinada 
que a pena deverá ser equalizada de acordo com o crime praticado; o princípio da 
individualização da pena, impondo que o juiz deve estabelecer para cada autor do 
crime a pena na exata medida de seus atos. (AVENA, 2015, p. 30) 
Outro princípio que é inerente a Execução é o da jurisdicionalidade recorrente 
do art. 2º da Lei de Execuções Penais, o qual diz que “a jurisdição penal dos Juízes 
ou Tribunais da Justiça ordinária em todo o Território Nacional, será exercida, no 
processo de execução, na conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal”. 
Na realidade fática isto quer dizer que 
 
a intervenção do juiz não se esgota com o trânsito em julgado da sentença 
proferida no processo de conhecimento, estendendo-se ao processo 
executório da pena. Significa também que, apesar de alguns atos 
administrativos fazerem parte da atuação do magistrado, sua intervenção na 
execução da pena é essencialmente jurisdicional. Em consequência, 
aplicam-se, em sede de execução, as garantias da ampla defesa, 
contraditório, duplo grau de jurisdição, devido processo legal, imparcialidade 
do juiz, uso de meios de prova lícitos e legítimos, publicidade etc. (AVENA, 
2015, p. 31) 
 
O juiz da execução é chamado a exercer a função jurisdicional podendo 
modificar as condições estabelecidas na sentença condenatória desde que tenha 
ocorrido uma mudança nas condições fáticas, sofrendo revisões nos casos descritos 
na lei. 
 
2. A ATUAÇÃO DO ADVOGADO 
 
De acordo com o art. 133 da Constituição Federal o advogado é indispensável 
para a administração da justiça. Em sendo assim fica demonstrada a grande 
importância do advogado para a realização da justiça. 
No Estado Democrático de Direito a advocacia possui uma função social sendo 
necessária para a realização da democracia e da administração da justiça. O Estado 
é o detentor da jurisdição, e por conseguinte da administração da justiça, em sendo 
assim, os conflitos que são protegidos pelo Estado são resolvidos por meio do 
Estado, por meio dos órgãos que compõe o Poder Judiciário e dos órgãos auxiliares 
deste. 
O art. 5º, inciso LV, consolida o direito a defesa, por meio do direito ao 
contraditório e a ampla defesa. Para que exista uma composição técnica em um 
processo judicial, as partes devem estar asseguradas por uma defesa técnica, e é 
essa a função do advogado, exercer uma defesa técnica, a fim de ser possível a 
realização da defesa, em sendo o contrário não poderia ser realizada uma defesa 
concreta pois, o Direito brasileiro é constituído por uma gama de especificidades, os 
profissionais que atuam na área jurídica estão submetidos a uma grade curricular 
que forma o grau de bacharelado no curso de Direito, o qual tem duração de 5 
(cinco) anos. Ocorre que, um cidadão que não tenha realizado esse determinado 
curso, não tem conhecimento aprofundado das informações inerentes ao conteúdo 
jurídico brasileiro, sendo dificultada sua defesa, seja efetivamente se defendendo de 
alguma acusação, seja no tocante a reivindicar algum direito por meio do processo 
judicial. 
Nos casos em que uma das partes do processo não tenha condições de pagar 
por um advogado, deve o Estado prestar esse serviço, esse direito está estabelecido 
no art. 134 da Constituição Federal o qual estabelece ser a Defensoria Pública 
instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado. Esta instituição e 
incumbida de ser a expressão e o instrumento do regime democrático, no tocante a 
orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, 
judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e 
gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição 
Federal. 
É dever do Estado prestar as atividades necessárias para a resolução dos 
conflitos. De acordo com Jaques e Spengler, a administração dos conflitos pelo 
Estado é um direito dos que vivem em um Estado Democrático de Direito, sendo 
este responsável por prover o acesso à justiça, conforme citação abaixo: 
 
No ordenamento jurídico pátrio, o Estado, como responsável por prover o 
bem-estar social, estabelece o direito de acesso à justiça como direito 
fundamental, proclamando-o no artigo 5º, inciso XXXV da Constituição 
Federal de 1988, que determina que a lei não exclui-rá da apreciação do 
Poder Judiciário a lesão ou a ameaça ao direito. Tal princípio garante a 
possibilidade de que todos, sem qualquer distinção, possam pleitear suas 
demandas junto aos órgãos do Poder Judiciário, desde que respeitadas as 
regras formais estabelecidas pela legislação processual vigente para o 
devido exercício deste direito. (JAQUES; SPENGLER, 2016, p. 119) 
 
Em sendo assim, o acesso à resolução dos conflitos por meio dos instrumentos 
estatais é direito de todo cidadão que vive em um Estado Democrático de Direito, 
para que este cidadão tenha o acesso real a esse direito ele precisa do 
acompanhamento técnico que deve ser exercido, em determinadas circunstâncias, 
pelo advogado. 
De acordo com Marcos da Costa 
 
O advogado não exerce apenas uma atividade profissional. Pela 
Constituição Federal, ele está investido de função pública ao postular em 
nome do cidadão, provocando o Judiciário no sentido de aplicar o Direito, a 
partir do debate, das teses, dos argumentos jurídicos que apresenta na 
defesa de seu constituinte, procurando convencer o julgador e chegar a 
uma decisão justa. Paralelamente, seu trabalho ajuda a construir a paz 
social ao solucionar conflitos e a enriquecer a jurisprudência nacional em 
todas as cortes do país e fazer a doutrina avançar. (COSTA, 2013) 
 
O advogado exerce função pública, em algunscasos, devido à complexidade 
pode o cidadão pleitear o seu direito sem o advogado, como é o caso dos Juizados 
de Especiais e da Justiça do Trabalho. No entanto, nem todas as instâncias podem 
ser acessadas sem a presença do advogado, bem como, em alguns casos mesmo 
não sendo exigida a presença do advogado o acompanhamento técnico facilita a 
realização da justiça. 
 
3. A EXECUÇÃO PENAL E A ATUAÇÃO DO ADVOGADO 
 
A Lei de Execução Penal estabelece em seu art. 15 que é direito do preso ou 
internado a assistência jurídica, que deve ser exercida por profissional que contenha 
competência técnica. 
Nos casos em que o preso ou internado tenha condições de arcar com as 
despesas de um advogado poderá contratar tal profissional, o imprescindível é que 
esses tenha acesso à assistência jurídica no decorrer da execução de sua pena ou 
medida de segurança. 
Nesta fase do processo penal, que é a última, a importância do advogado 
consiste, eminentemente, na proteção do indivíduo que se encontra preso ou 
internado. Um dos maiores bens do ser humano, que é a liberdade, encontra-se 
cerceada devido ao cumprimento de uma pena ou medida de segurança, 
determinada por uma sentença que transitou em julgado, decretando que aquele 
indivíduo deve cumprir tal medida a fim de que possa voltar para a sociedade, tendo 
como finalidade a ressocialização do indivíduo conm o intuito de que este não seja 
possa voltar ao convívio social. Ocorre que, em muitos dos casos a pena ou medida 
de segurança, consiste em uma desumanidade, seja por ser realizada em ambientes 
insalubres, com superpopulação carcerária, ou seja, tornando a pena um ato de 
tortura, que não ressocializa o indivíduo, mas o trata como um animal enjaulado. O 
princípio da humanidade deve ser respeitado, como bem preceitua Guilherme de 
Souza Nucci 
 
A Constituição Federal consagra o princípio da humanidade, voltando-se, 
particularmente, às penas apontadas, internacionalmente, como cruéis, tais 
como a morte, a prisão perpétua, o banimento e os trabalhos forçados. Não 
considera, por óbvio, como cruel a pena privativa de liberdade, que, aliás, 
consta da relação do art. 5.º, LXVI, a, da CF, uma das sugeridas para 
adoção pela lei ordinária. O ponto relevante para ser destacado é a real 
condição do cárcere na maioria das comarcas brasileiras. É de 
conhecimento público e notório que vários presídios apresentam celas 
imundas e superlotadas, sem qualquer salubridade. Nesses locais, em 
completo desacordo ao estipulado em lei, inúmeros sentenciados contraem 
enfermidades graves, além de sofrerem violências de toda ordem. Parte 
considerável dos estabelecimentos penais não oferece, como também 
determina a lei, a oportunidade de trabalho e estudo aos presos, deixando-
os entregues à ociosidade, o que lhes permite dedicar-se às organizações 
criminosas. Sob outro prisma, observa-se carência de vagas igualmente no 
regime semiaberto, obrigando a que presos aguardem, no fechado, o 
ingresso na colônia penal, direito já consagrado por decisão judicial. Outras 
várias mazelas poderiam ser apontadas, indicando a forma desumana com 
que a população carcerária é tratada em muitos presídios. Entretanto, não 
se registra, com a frequência merecida, a insurgência expressa da doutrina 
penal e, principalmente, da jurisprudência, no tocante a tal situação, que por 
certo configura pena cruel, logo, inconstitucional. Parece-nos que a questão 
autenticamente relevante não é a alegada falência da pena de prisão, como 
muitos apregoam, em tese, mas, sim, a derrocada da administração 
penitenciária, conduzida pelo Poder Executivo, que não cumpre a lei penal, 
nem a lei de execução penal. Não se pode argumentar com a falência de 
algo que nem mesmo foi implementado. Portanto, a solução proposta é 
muito simples: cumpra-se a lei. Diante disso, haveria de se demandar do 
Judiciário uma avaliação realista do sistema carcerário, impedindo a 
crueldade concreta na execução das penas privativas de liberdade, por se 
tratar de tema diretamente ligado à Constituição Federal. Quando o juiz da 
execução penal tomar conhecimento de situação desastrosa no 
estabelecimento penal sob sua fiscalização, deve tomar as medidas legais 
cabíveis para sanar a flagrante ilegalidade e consequente 
inconstitucionalidade. Se a parcela da sociedade que se encontra no 
cárcere não tiver seus direitos, expressamente previstos em lei, respeitados, 
nem puder confiar no Poder Judiciário, prejudica-se seriamente o Estado 
Democrático de Direito. (NUCCI, 2016, p. 72) 
 
Diante de tais argumentos em relação a forma como a pena é executado no 
país pode-se destacar que a atuação do advogado é de extrema importância, pois, 
com o acompanhamento devido é possível minimizar determinados aspectos do dia 
a dia das cadeias brasileiras, como por exemplo o acesso à liberdade por aqueles 
que já cumpriram pena e continuam presos por não possuírem assistência jurídica 
de fato. 
De acordo com relatório realizado pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ o 
Brasil encontra-se em 4º lugar no tocante ao quantitativo de presos que existem no 
mundo, com uma população carcerária de 563.526. 
O programa Mutirão Carcerário é realizado pelo CNJ desde agosto de 2008, e 
tem por finalidade garantir os direitos fundamentais, 
“em síntese, a linha de atuação nos Mutirões é baseada em dois eixos: a garantia do 
devido processo legal com a revisão das prisões de presos definitivos e provisórios; 
e a inspeção nos estabelecimentos prisionais do Estado”, desde que foi criado já 
foram libertados um total de 45 mil presos que já haviam cumprido a pena decretada 
pelo Justiça competente. O trabalho realizado pelo mutirão consiste em reunir juízes 
para percorrer os presídios nacionais para analisar as condições dos presos e dos 
presídios. 
Este dado demonstra que a atuação da assistência jurídica no Brasil se 
encontra prejudicada, pois não vem sendo desenvolvida de maneira a garantir que a 
execução penal aconteça de acordo com os princípios estabelecidos, para esse 
ramo do direito, os quais foram discutidos no tópico 1 deste artigo. Em sendo assim, 
sendo o advogado o profissional que deve estar presente principalmente nesta fase 
de monitoramento da execução da pena, a dificuldade de atender a esta parte do 
processo torna a execução da pena no Brasil uma realização precária, e de difícil 
proteção, sendo a atuação do advogado de extrema importância para a realização 
da justiça. 
 
CONCLUSÃO 
 
Apesar de existir direitos protegidos pela legislação brasileira, seja no âmbito 
constitucional, seja no âmbito infraconstitucional, os direitos dos que encontram-se 
encarcerados são violados, um dos motivos descritos no presente artigo faz 
referência a existência de uma superlotação nos sistemas prisionais. 
O preso e ou internado possui direito à saúde, à educação, assistência jurídica, 
entre outras que devem ser prestadas pelo Estado de forma indistinta. A assistência 
jurídica pode ser um grande suporte no tocante a realização destes direitos. 
O Advogado é fundamental para a realização da justiça no ordenamento 
brasileiro, a assistência jurídica que está prevista na Lei de Execuções Penais como 
a ser prestada pela Defensoria Pública, sendo dever do Estado prestar essa 
assistência dentro e fora dos presídios aparenta não conseguir realizar esta 
proteção, tendo em vista que o programa realizado pelo CNJ intitulado Mutirão 
Carcerário conseguiu colocar em liberdade o quantitativo de 49 mil presos que já 
cumpriram a pena e encontravam-se ainda encarcerados, o que demonstra a 
existência de um deficit na prestação desenvolvida pelo Estado. 
Por todo o exposto, pode-se concluir que, a falta de uma assistência jurídica 
realizada da forma como está estabelecida na Lei de Execuções Penais ocasiona na 
realidade fática uma ineficácia no tocante a proteção dos direitos do preso, sendoque a atuação da defesa técnica mesmo sendo dever do Estado a ser realizada pela 
Defensoria Pública não é suficiente para garantir a proteção desses, sendo a 
atuação do advogado nesta fase do processo penal de extrema importância no 
tocante a assegurar as garantias constitucionais estabelecidos para os apenados. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
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Paulo: Método, 2015. 
 
 
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Diário Oficial. Brasília 
 
 
______. Lei Federal nº 7210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução 
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1988. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Diário 
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COSTA, Marcelo da. O artigo 133 da Constituição dignificou a advocacia. 2013. 
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MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. 
 
 
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. 12. ed. Rio de Janeiro: 
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