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Fichamento - O Futuro do Poder (p 23-48)

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Disciplina: Introdução ao Estudo das Relações Internacionais 
Professora Tatiana Garcia
Discente: Victória Evangelista Aguiar da Silva | 1º semestre noturno (campus Vila Olímpia)
NYE JR, Joseph. O futuro do poder. São Paulo: Benvirá, 2012. (PARTE 1: O que é poder nos assuntos globais?, p. 23 – 48
Ao iniciar o capítulo, Joseph Nye Jr. expõe a imprecisão do conceito de poder que, apesar de questionável, possui um significado. Em seguida, faz uma comparação dizendo que, assim como o amor possui obstáculos para ser medido com exatidão, o conceito de poder enfrenta as mesmas adversidades, porém seu significado “têm se provado difícil de substituir”. 
Adiante, cita o filósofo britânico Bertrand Russel, que comparou o papel de poder nas ciências sociais à centralidade do conceito de “energia” em física, e diz o porquê do ilustre autor estar equivocado: “Os físicos podem medir com muita precisão as relações de energia e força entre os objetos inanimados, enquanto o poder se refere a relacionamentos humanos mais efêmeros, que mudam de forma sob diferentes circunstâncias.” (p.23) 
Posteriormente, cita o argumento de que poder está para a política como dinheiro está para a economia, o que, de acordo Nye, também nos induz ao erro já que 
O dinheiro é um recurso líquido ou intercambiável. Pode ser usado para comprar uma ampla variedade de produtos, mas os recursos que produzem poder em um relacionamento ou contexto podem não o produzir em outro [...]. (p.24)
Sucessivamente, Joseph menciona outros atores que tentaram “apresentar fórmulas que pudessem quantificar o poder nos assuntos internacionais” (p.24). Nota-se que, apesar do poder militar ser um dos principais recursos nos assuntos internacionais, não abrange áreas como finanças ou mudanças no clima, por exemplo. Nessa linha de raciocínio, compara o poderio bélico da Al Qaeda ao dos Estados Unidos: Davi perante Golias. Contudo, 
o impacto dos terroristas se baseia menos no tamanho de suas forças do que nos efeitos teatrais de suas ações e narrativas e nas reações excessivas que podem produzir. Nesse sentido, o terrorismo é como o jiu-jitsu, em que o lutador fraco usa a força do maior contra ele próprio. Essa dinâmica não é captada pelos índices típicos de poder militar. (p.25)
Para exemplificar, ataques isolados da Al Qaeda (como os ataques às Torres Gêmeas e ao Pentágono, em 11 de setembro de 2001) causaram (felizmente ou não) mais impacto internacionalmente do que diversos bombardeios estadunidenses em território iraquiano, dando mais visibilidade a um evento isolado do que a uma situação pertinente.
Apesar dos esforços, as tentativas de quantificar e definir o poder falham porque “o poder depende de relacionamentos humanos que variam nos diferentes contextos”. (p.25)
Definição de poder
As pessoas que utilizam a palavra poder não entram em consenso a respeito de sua definição, pois cada escolha reflete forças e restrições dos respectivos interesses e valores. “Algumas definem o poder como a capacidade para fazer ou resistir à mudança. Outras dizem que ele é a capacidade para conseguir o que queremos.” (p. 26). Segundo o dicionário, “poder é a capacidade para fazer coisas em situações sociais para afetar outros a conseguirem os resultados que queremos” (p.26). Para o próprio Joseph, poder é simplesmente a capacidade de afetar outros para conseguir os resultados desejados. Independentemente da definição, ela inclui poder tanto sobre a natureza quanto sobre as pessoas.
Nye e outros acadêmicos consentem que poder é um fenômeno relacional, onde os atores (Estados) em suas relações com outros atores são capazes de impor sua vontade, ou seja, estabelecem formas de exercício de poder como um meio de impor sua vontade sobre o outro, anulando as eventuais resistências que a isso se imponha através da coerção. É preciso avaliar a conjuntura de cada indivíduo para saber qual poder usar (hard ou soft) para assim entender a verdadeira necessidade e não causar consequências que poderiam ser evitadas. 
É necessário se atentar também a definições que relacionam o poder unicamente a recursos, sejam eles demográficos, econômicos, ideológicos, etc. Nesse sentido, atores “mais bem dotados de poder nem sempre conseguem os resultados que querem” (p.28), entrando em um paradoxo. Contudo, isso não significa negar a importância dos recursos de poder, pelo contrário, “o poder é comunicado por meio de recursos, quer tangíveis ou intangíveis” (p.29). “Ter os recursos do poder não garante que você sempre consiga os resultados desejados” (p.29), é essencial analisar o contexto e a habilidade dos atores em converter esses recursos utilizando estratégias que alcancem tais resultados, o que Joseph chama de smart power (poder inteligente). 
Basicamente, os “formuladores de política” precisam ter inteligência contextual para compreender quais “recursos proporcionam a melhor base para o comportamento de poder em determinado contexto” (p.30). “O petróleo não era um recurso de poder antes da era industrial” (p.30). Portanto, mais uma vez estratégias inteligentes entram em cena. Não adianta um país ser detentor de inúmeras forças potenciais se não é capaz de transformá-las em forças reais; é uma faca de dois gumes. O que interessa é a habilidade do país em converter tais forças potenciais em poderes que, dependendo do contexto, transformam os recursos em estratégias que produzam os resultados preferidos.
Em suma, 
As estratégias de conversão de poder passam a ser uma variável fundamental que não recebe atenção suficiente. [Elas] relacionam os meios aos fins, e aquelas que combinam com sucesso os recursos de poder duro e brando em diferentes contextos são a chave para o poder inteligente. (p.32)
Três aspectos do poder relacional
Nesse momento, “convém distinguir três aspectos diferentes do poder relacional: comando da mudança, controle das agendas e estabelecimento das preferências.” (p.32). 
Uma outra capacidade importante, além de controlar pessoas para mudar seu comportamento contra suas preferências iniciais, é a de influenciar as opções dos outros para que queiram o que você quer e não seja necessário dar diretrizes para que mudem seus favoritismos. “Dwight Eisenhower referiu-se a isso como conseguir que as pessoas façam algo ‘não só porque vocês lhes disse para fazê-lo, mas porque elas instintivamente querem fazê-lo para você’ ” (p.32). Poder não se resume apenas a ordens; trata-se de persuasão também. 
A primeira “face” do poder foi definida por um cientista político chamado Robert Dahl, que “se concentra na capacidade de conseguir que os outros ajam de maneiras contrárias às suas preferências e estratégias iniciais” (p.33). Ele diz que “para medir ou julgar o poder, você tem de saber até que ponto são fortes as preferências iniciais da outra pessoa ou da nação e o quanto elas foram modificadas por seus esforços” (p.33), ou seja, é preciso entender até que ponto o outro está disposto a aguentar e a ceder. Nesse caso, a coerção torna-se uma opção viável e cabível.
Aspectos econômicos são um pouco mais sensíveis, pois um pagamento ou incentivo “pode facilmente se transformar em uma sanção negativa pela ameaça implícita ou explícita de sua remoção” (p.33). O crucial é alguém ter a “capacidade de conseguir que os outros ajam contra suas preferências e estratégias iniciais, e ambos os lados percebem esse poder.” (p.33)
Na década de 60, outros dois cientistas políticos, Peter Bachrach e Morton Baratz, deram outra face ao poder, já que afirmaram que Dahl havia “ignorado a dimensão do ajuste e da regulação da agenda” (p.34). Assim, consentiram que é possível mudar a preferência dos outros sem pressioná-los.
Segundo Nye, “atores poderosos podem garantir que os menos poderosos jamais sejam convidados para a mesa ou só cheguem lá depois de as regras do jogo já terem sido estabelecidas pelos que chegaram primeiro.” (p.34)
Todavia,
Aqueles que estão sujeitos a essa segunda face do poder podem ou não estar conscientes dela. Se aceitarem a legitimidade das instituições ou o discursosocial que estruturou a agenda, podem não se sentir indevidamente constrangidos pela segunda face do poder. (p.34)
É importante ressaltar também que “se a agenda da ação for restringida por ameaças de coerção ou promessas de pagamentos, então ela é apenas um exemplo da primeira face do poder” (p.34).
Na década de 70, o sociólogo Steven Lukes apontou uma dimensão de poder que estava ausente na definição de Dahl. Em síntese, “posso exercer poder sobre você determinando suas próprias vontades, [...] e não meramente mudar a situação de uma maneira que o faça mudar sua estratégia para obter suas preferências” (p.35). Esse novo anexo ficou conhecido como a terceira face do poder. 
Outro ponto importante a ser destacado são as críticas em determinar como “voluntariamente” pessoas ou nações tomam suas decisões. Nye usa Hitler e Stalin como exemplos, dizendo que eles “tentaram criar uma aura de invencibilidade pra atrair seguidores” (p.35-36), o que de fato aconteceu. Entretanto, é importante deixar claro que 
Na medida em que a força cria uma sensação de terror que atrai os outros, ela pode ser uma fonte indireta de poder cooptativo, mas, se a força for diretamente coercitiva, então ela é simplesmente um exemplo da primeira face do poder. (p.36)
Todas as três faces vêm sendo chamadas de públicas, ocultas e invisíveis, “refletindo os graus de dificuldade do alvo em descobrir a fonte de poder” (p.36). Embora a segunda e a terceira face incorporem espectros estruturais, algumas decisões são intencionalmente tomadas enquanto outras são consequência de “forças maiores”.
Nye tece críticas a ambas as faces, pois a primeira foca muito no indivíduo e as demais enfatizam demasiadamente a estrutura em que esse indivíduo está inserido. Para ele, o ideal é o equilíbrio entre ambas, também conhecido como smart power.
Alguns encaram a distinção entre as 3 faces inúteis; Nye não concorda. Ele diz que, caso concordemos que diferenciação não exista, “é provável que limitemos o que vemos em termos de comportamento, o que tende a limitar as estratégias que os formuladores de política planejam para atingir seus objetivos” (p.38). Adiante, disserta sobre como esses formuladores vem se importando somente com o hard power e ignorando o soft power, finalizando dizendo que “quando a cooptação é possível, os formuladores de políticas podem economizar em recompensas” (p.39).
Seguindo, Joseph fala sobre como buracos estruturais podem afetar a comunicação eficiente entre Estados; aqueles que tem condições de explorar essas brechas podem usar sua posição como uma fonte de poder controlando (ou seria manipulando?) a comunicação com os outros. Exemplificando, é como se duas pessoas se comunicassem através de um intérprete, já que não falam a mesma língua, e este traduzisse apenas o que condiz com seus interesses pessoais e ignorando o que não estivesse de acordo. Essa posição intermediária e privilegiada é crucial em determinadas situações.
O encontro de vínculos fracos na produção e disseminação de informações inovadoras ocasiona a união de grupos de maneira bem sucedida, resultado na capacidade de um país em obter poder com outros, e não sobre os outros. Criar redes de confiança que trabalhem em prol de um objetivo em comum é o que o economista Kenneth Boulding chama de poder integrativo. Hannah Arendt tem a mesma linha de raciocínio. É como se você quisesse muito trabalhar em uma empresa que não está contratando, mas tivesse vínculos com alguém em uma posição estratégica lá dentro; seria necessário, entre algumas outras poucas coisas, entregar um currículo para essa pessoa e pedir para ela fazer uma boa apresentação sobre você para a área de Recursos Humanos e o departamento em que tem interesse.
Portanto, nações que utilizam exclusivamente da primeira face estão sujeitas a perder uma crescente e importante forma de poder.
O realismo e a totalidade do espectro do comportamento do poder 
Na contemporaneidade, ainda existem países que seguem a doutrina do realismo (princípio de que, na política internacional, não há autoridade governamental maior que os estados, que preservam sua segurança através da força militar). Por conta disso a guerra tem sido uma realidade pertinente no decorrer dos anos.
Os realistas acreditam que a política global é a política do poder, o que não é errado, mas seu conceito sobre poder é limitado apenas à força bélica.
O poder brando, ou soft power, desempenha um papel de extrema importância em países desenvolvidos e em aqueles que ainda estão se desenvolvendo.
Na era da informação, ter uma comunicação inteligente molda os resultados e, consequentemente, a história do “vencedor”. Para você, quem ganhou a Guerra do Vietnã: os capitalistas estadunidenses ou os comunistas vietcongues? Tudo depende de quem conta a história.
Com base nesse último exemplo é possível entender a proporção que a segunda e a terceira faces do poder vêm tomando.
Comportamento e recursos do poder brando
Aqui, Nye critica a abrangência que vêm dando ao significado de poder brando. As pessoas confundem as “ações de um Estado que procura alcançar os resultados desejados com recursos usados para produzi-lo" (p.41). Para ele, o poder brando agora parece significar tudo. 
O ajuste da agenda, a atração positiva e a persuasão são partes dos comportamentos que o autor inclui no poder brando. Em uma definição mais completa, poder brando é a “capacidade de afetar outros utilizando meios cooptativos de ajuste da agenda, persuasão e produção de atração positiva para a obtenção dos resultados preferidos” (p.41). Já o poder duro é, principalmente, o uso da força, pagamentos e alguns ajustes de agenda.
Apesar de constantemente associarem fatores tangíveis e recursos como força e dinheiro ao poder duro e fatores intangíveis como ideias, valores e cultura ao poder brando, nem sempre é assim. “Recursos intangíveis como patriotismo, moral e legitimidade afetam fortemente a capacidade militar para lutar e vencer. As ameaças de uso da força são intangíveis, ainda que sejam uma dimensão do poder duro.” (p.44)
“As forças navais podem ser usadas para vencer batalhas (poder duro) ou conquistar corações e mentes (poder brando)” (p.45). Nessas situações, é de suma importância analisar a conjuntura.
Nye tece críticas a acadêmicos e formuladores de política que utilizam o poder brando como sinônimo de cultura. Recursos de poder que podem produzir comportamentos não devem ser confundidos com o comportamento em si. Os recursos de poder produzirão comportamentos favoráveis caso a conjuntura e as habilidades do agente conversor permitam. 
Poder brando e poder inteligente
O conceito de poder inteligente surgiu para dar fim à “percepção equivocada de que o poder brando isoladamente pode produzir uma política externa efetiva” (p.46). Assim sendo, Joseph definiu poder inteligente como a “capacidade de combinar recursos do poder duro e brando em estratégias efetivas”. 
O poder inteligente engloba pequenos e grandes estados - como a Noruega que, com pouco mais de 5 milhões de habitantes aumentou as políticas legitimadoras na pacificação e assistência ao desenvolvimento, e a China, que, com o crescente aumento nos recursos econômicos e militares, investiu em soft power para parecer menos ameaçadora aos seus vizinhos - e também atores não estatais. 
Embora alguns países sejam dotados de recursos de poder maiores que outros, acabam não sendo eficientes em transformá-los em estratégias que tragam os resultados preferidos.
O poder inteligente não te faz escolher entre força militar e influência na política internacional, ele sugere o equilíbrio entre esses dois extremos e o pleno entendimento dos tipos e usos do poder.

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