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Bioética da Eutanásia COMP

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Bioética da Eutanásia
Argumentos Éticos em Torno da Eutanásia
Hubert Lepargneur
O uso do termo eutanásia está presente em nossa história a muito tempo, podemos citar o imperador Aulgusto (63/14 a.C.) que já utilizava a expressão “euthanasia” para descrever a morte que considerava ideal, rapida e sem dor. Desde então muitos estudiosos, como por exemplo, Thomas More, Francis Bacon e Millard, tiveram longos debates folosóficos – e ainda tem – sobre como essa pratica poderia influenciar as relações humanas. 
É possivel dizer que, atualmente, nosso país segue uma tradição deontólogica, ou seja, contraria à eutanasia. O artigo 66 de nossa contituição veda “utilizar em qualquer caso, meios destinados a abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu responsável legal”, e mesmo assim não é raro encontrar médicos que já tenham recibido o pedido para a sua realização.
É preciso salientar que eutanásia designa uma morte suave – sem sofrimento – onde a antecipação do óbito, por compaixão, é ocasionada por ação ou omissão de outra pessoa. Mas cada pessoa ou grupo interpreta a dignidade que convém à pessoa no contexto das próprias crenças, isto é, de sua antropologia.
Segundo aqueles que apoiam a pratica para pacientes que buscam a eutanásia voluntária (feita a pedido da pessoa que deseja morrer) é preciso garantir que sejam verificados casos onde os procedimentos artifíciais de vida sejam muito onerosos ou problemáticos, ou caso a sobrevivência apresente prognóstico tão sombio que o mal menor seria nela não investir.
Ainda é possivel alegar que a maior parte daqueles que se opõem a tal ação são inspirados na crença de uma “sacralidade da vida” que tornaria a eutanásia um pecado contra a divindade. Argumento que seria decisivo para os crentes, mas de pouco valor para os descrentes, que buscam a todo custo o direito de possuir uma legislação não esteja baseada em crenças confessionais.
Dentro daquilo que consiste a eutanásia temos objeções que discorrem e receiam sobre a ocorrência de ondas de suicídios ocasionadas por uma ilegitimidade no uso da mesma. De nenhuma maneira as pessoas em bem estar vital, apesar de doentes, desejam morrer por imitação. O suicídio se dá de forma excepcional, na ausência de medidas extraordinárias e excêntricas. Também há a formação de um ambiente um tanto desconfortável para idosos, que proporciona a culpa nos mesmos, remetendo a inutilidade. Em todos esses casos pode se dizer que a lei natural da vida se encarrega de desaparecer, de forma progressiva, com as gerações. 
A eutanásia não pode ser comparada com um pedido de socorro, nem por parte dos familiares que acompanham o sofrimento e nem pelo próprio doente. Deve ser comparado ao pedido de ajuda para uma solução mais eficiente, pois para assumir a eutanásia também é necessário levar em conta o risco de, posteriormente, cometer um equivoco com tal pedido.
 Visto isso, é bom levar em conta dois fortes argumentos contrários a eutanásia. O primeiro diz respeito a possível facilitação ao homicídio, onde o paciente é coagido e fortemente induzido a aceitar a antecipação letal, reduzindo o zelo médico e tratando o paciente a uma “sorte mínima” observados por um relatório anglicano. A definição de eutanásia impõe o pedido explícito do interessado, porém isso tudo se opõe a essa definição. O outro argumento põe em pauta a religião, onde Deus, único que tem poder sobre a vida, se opõe a eutanásia.
 A fé religiosa é um dos principais vetos da eutanásia, onde, a mesma acredita que decidir sobre a própria vida em eutanásia é um pecado contra Deus. Porem, entre teólogos e religiosos e seus pensamentos, existem brechas que se opõem tratando daquilo que a fé prega e também o bem estar daquele que vegeta em vida e não se submete a eutanásia. Tudo isso em teoria, quando em prática, reconhece se como uma idolatria da vida, a falta de reconhecimento sobre a soberania divina e inúmeros outros aspectos que, de qualquer forma, não são cabíveis quando colocamos o valor sagrado da vida diante de decisões religiosas em outros assuntos como a pena de morte, guerras defensivas e inúmeras outras ações que sobrepõem se ao risco vital.
 Naquilo que diz respeito à eutanásia, inúmeros avanços já se fizeram, indicando que a mesma não é requisitada quando, e somente, há dor, e não deve se colocar como a luta contra a dor, mas sim de forma geral àquilo que proporciona sofrimento diante da vida e daquilo que ela trás ao longo do tempo, ou seja, medidas paliativas não tem sucesso ao tratar a perda do sentido da vida e dos prazeres que pode se desfrutar ao longo dela, o que torna a eutanásia mais atrativa, tentadora.
No que se refere à regulamentação jurídica, há alguns problemas constantemente observadas dentro da prática da eutanásia. A existência de regulamentações no código penal e deontológico são vistas como inúteis, a intromissão dos poderes públicos dentro das vontades ligadas intimamente a questões sociais e individuais é tido como algo nocivo, pois nesse cenário não caberia ao Estado interferir diretamente nas escolhas individuais de cada cidadão, ainda nesse âmbito, o fato de que apenas médicos estariam aptos a decidir o que seria mais cabível dentro de uma situação de vida ou morte, juntamente com os familiares do indivíduo que almeja praticar a eutanásia por razões pessoas e/ou ideológicas.
Ainda nesse âmbito, os Estados Unidos é visto como exemplo, onde existe uma ampla regulamentação para tudo o que refere-se a morte assistida, sendo ela planejada, prevista ou provocada. Porém, muitos querem facilitar a burocracia existente para a liberação legal desta prática, para que estes possam conseguir uma liberação mais ágil nos órgãos responsáveis pela liberação da prática. O problema, é que essa linha é muito tênue, tendo que ter cuidado com a sutilidade envolvida nessa liberação, para que não ocorram abusos por parte destas repartições ligadas aos poderes públicos.
Entretanto, essa liberação mais ágil para autorização para a prática de eutanásia, não significa que seja permitido deliberadamente. Neste caso, vale considerar as leis vigentes na Holanda, onde é estritamente proibida a realização deste procedimento. Nesse contexto, neste país, ocorre apenas uma leve tolerância vigiada, isto é, o país permite que a eutanásia seja realizada, se um médico - previamente declarado competente para o cargo, tendo este passado por outros laudos para avaliação psicológica -, esteja apto para julgar se o paciente tem direito a realização da morte assistida, se o paciente não obtiver nenhuma perspectiva no tratamento que está realizando, e o mesmo encontrar-se lúcido e em condições integrais de suas capacidades cognitivas para tomar tal decisão referente à sua própria vida. 
Todas as discussões atuais acerca do que significa optar pela realização ou não da eutanásia, distanciam-se de antigas definições sobre o que é certo ou errado em uma visão totalmente voltada para diretrizes religiosas. Nesse âmbito, o papel dos médicos enquanto profissionais da saúde, diretamente envolvidos com pacientes em estados terminais que tendem a tomar esta decisão, tem corroborado arduamente para ascender ainda mais a discussão em torno disso.
A ascensão biotecnológica tem levantado ainda mais uma interrogação: a crescente disponibilidade de tecnologias que visam aumentar e melhorar a expectativa de vida da população, levando em consideração que a disposição de instrumentos que possibilitem essa melhora, pode fazer com que os envolvidos nessa situação, não vejam claramente as possibilidades que lhe são oferecidas. Assim, Hitch, enfatiza a dificuldade entre decidir democraticamente o debate da oposição que existe entre o progresso científico e médico existente e contesta as dificuldades em perceber a humanidade neles.
O cansaço de viver pode motivar muitos a aderirem ou considerarem tal prática, como foi o caso da mãe de Santo Agostinho, que deixou bem claro a amigos e ao próprio filho, a constante infelicidade que a cercava, vendo a morte como um alívio às angústias vivenciadasdiariamente. Apenas a vontade de acabar com a vida não justifica inteiramente esta decisão, já que questões religiosas são levadas em consideração, para que seja realizada a manutenção da vida ou simplesmente pelo medo da incerteza que é a morte. Assim, pensadores espanhóis explicitam a sua própria definição deste conceito, deliberando livremente sobre ao conceito de morte digna, que para eles, seria aquela cujo há um modelo pessoal de morte, visando aliviar a dor.
Para que se tenha uma avaliação eficaz do conceito de eutanásia, seja em âmbito social ou filosófico, deve considerar-se a cultura, a sociedade e as leis vigentes na qual o indivíduo está inserido, pois elas estão diretamente associadas à construção histórica e cultural. 
Segundo o psicólogo Aneramin-Camon, a sociedade mostra-se ineficaz em combater as vontades e anseios daqueles que desejam a morte, cujos quais não veem motivo em continuar uma vida de insatisfações e decepções, vendo sua existência vazia e desnecessária. Para ele, a sociedade individualista, colabora diretamente com a ascensão desse pensamento autodestrutivo.
Ainda nesse contexto, a somatória desses fatores característicos de nossa sociedade, com problemas oriundos da idade e/ou doenças, corroboram diretamente para que indivíduos em situações extremas, física, emocionais e/ou psicológicas, considerem aderir a eutanásia como único meio para cessar seu sofrimento. Freud questiona a insistência em uma vida, na qual a morte é vista como libertação, entrando nesse mérito, podemos mencionar como a fé religiosa supervaloriza o sofrimento do qual todos tentam evitar e também, aceitam uma vida pacata e frustrada tendo como finalidade a própria frustração em si.
 
Referências Bibliográficas
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FERNANDA NERI ANDRADE DE QUEIROZ - D7493H1
JENNIFER RODRIGUES SEABRA- N283GH0
LARISSA APARECIDA MORALES- D6490E0
MARIA FERNANDA ALVES MONTEIRO- N242477
BIOÉTICA DA EUTANÁSIA
Argumentos Éticos em Torno da Eutanásia
Trabalho de Atividade Pratica Supervisionada, apresentado à disciplina de Bioética, referente ao primeiro semestre do curso de Farmácia na Universidade Paulista.
Orientador: Profº Carlos R. Pizante
Sorocaba, 2018

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