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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO Departamento de Biologia – Área de Microbiologia Curso: Agronomia MICROBIOLOGIA GERAL A Eng. Agr. M.Sc. Antonio Roberto G. Farias LAFIBAC - Fitopatologia UFRPE/LABBE – UFPE rfariasagro@gmail.com VÍRUS 1 Histórico, Importância e Características dos Vírus HISTÓRICO, IMPORTÂNCIA E CARACTERÍSTICAS DOS VÍRUS Período da história Data Virose Idade Antiga (4000 a.C., invenção da escrita, a 476 d.C., queda do Império Romano) 1500 a.C. 400 a.C. 300-200 a.C. Poliomielite no Egito Raiva dos animais Varíola humana (China e Índia) Idade Média (476 d.C. a 1453, queda de Constatinopla) 752 Folhas amarelas de Eupatorium sp. – Poema japonês Idade Moderna (de 1453 a 1789, Revolução Francesa) 1576 Variegação da flor da tulipa (tulipa rajada ou variegada) Idade Contemporânea (1789 até hoje) 1850 Viroses de insetos (poliedroses em lagartas do bicho-da-seda) 1886 Mosaico do fumo 1915-1917 Viroses bacterianas Tulip breaking virus - TBV Histórico 4 750 A.D. – poema escrito por uma imperatriz japonesa expressou seu descontentamento em relação ao amarelecimento de folhas de Eupatorium lindleyanum, que pareciam estar no inverno, quando na realidade era verão. Osaki et al. (1985) Geminivirus causando amarelecimento nessa planta:Tobacco leaf curl virus Histórico Holanda – Séc XVII Tulipas variegadas que na verdade estavam infectadas por um Potyvirus (Tulipomania) Histórico Elder, Ambrosius - Still Life with Flowers in a Wan-Li vase (1619) Flowers in a glass Vase with Fruit ca. 1665 Jan Davidsz de Heem Histórico Fitovirologia como ciência: iniciou-se no final do século XIX. Tobacco mosaic virus - TMV Histórico Período do reconhecimento da entidade viral (1886- 1898) Histórico Holanda – Adolf Mayer, 1886 Transmissão do mosaico do fumo por meio de injeção do extrato de uma planta doente em planta sadia Suspeitava-se que o agente etiológico fosse um fungo ou uma bactéria Primeira descrição parcial do vírus Histórico Repete o experimento de Mayer Extrato de planta infectada passado por filtro de porcelana continuava infeccioso Ele pensou que poderia ser uma substância tóxica da bactéria ou uma bactéria tão pequena que pudesse passar através do filtro. Dimitry Ivanowskij (1864-1920) 10 Holanda – Beijerinck, 1898 Vários experimentos Propõe que o mosaico do fumo é causado por agente distinto de fungos e bactérias, denominando-o de Vírus (Pai da virologia) Teoria do "contagium vivum fluidum" Histórico Beijerinck- Martinus (1851 – 1931) Químico norte-americano Wendell M. Stanley, 1935 Isolou o vírus do mosaico do fumo (Tobacco mosaic virus – TMV) e estudou as propriedades químicas. Descobriu que o TMV pode ser cristalizado Recebeu o prêmio Nobel em Química em 1946 HISTÓRICO Gallard (1869): “Vírus é um princípio desconhecido em sua essência e inacessível aos nossos sentidos, porém presente em algumas substâncias animais e capaz de transmitir a doença que o produziu.” Algumas definições de vírus Beijerinck (1898): “Vírus é um agente submicroscópico, filtrável, não cultivável em meio de cultura, não corpuscular ou não celular, solúvel em água, considerado um “fluido vivo contagioso” (contagium vivum fluidum) que se reproduz apenas em células vivas”. Bos (1983): “Vírus são agentes infecciosos (frequentemente causando doença), invisíveis ao microscópio ótico (submicroscópicos), pequenos bastante para passarem através de filtro bacteriano, com ausência de metabolismo próprio.” VÍRUS é um conjunto de uma ou mais moléculas moldes de ácido nucleico, normalmente envolto por uma capa protetora ou capas de proteínas ou lipoproteínas, o qual é capaz de organizar sua própria replicação somente em células apropriadas do hospedeiro. Normalmente pode ser transmitido horizontalmente entre hospedeiros. Algumas definições de vírus Dentro dessas células, a replicação viral é: (I) dependente do sistema de síntese de proteína do hospedeiro; (II) Organizada a partir de seus componentes acumulados na célula hospedeira e não por fissão binária; (III) localizada em sítios não separados do conteúdo da célula hospedeira por uma membrana lipoprotéica dupla; (IV) continuamente dando origem a variantes através de vários tipos de mudanças no ácido nucléico viral. Algumas definições de vírus/Características Causam doenças em animais e plantas Infectam fungos, bactérias e outros eucariotos; São excelentes modelos para estudos de biologia molecular (TMV); Utilizados como vetores para síntese de proteínas e outras moléculas de interesse agronômico, farmacológico ou industrial; Vírus do latim virus, significa veneno ou fluido venenoso Importância Os fitovírus causam doenças chamadas fitoviroses; Queda de produção e da qualidade do produto; Um determinado vírus pode infectar uma ou mais espécies vegetais cultivadas; Uma planta pode ser infectada por mais de um vírus simultaneamente; Na natureza, raramente os vírus causam morte de plantas. Importância Não apresentam a célula como unidade estrutural básica; Apresentam apenas um tipo de ácido nucléico: DNA ou RNA; Apresentam como constituintes orgânicos básicos ácido nucléico e proteínas; Podem conter uma ou mais enzimas, entretanto, seu conteúdo enzimático não é suficiente para reproduzir vírions; Replicam-se apenas em células vivas, sendo parasitas intracelulares obrigatórios; Multiplicam-se dentro de células vivas usando a maquinaria de síntese das células hospedeiras (ausência de informação para produção de enzimas do ciclo energético, síntese de RNA de transferência e ribossômico); Características dos vírus Replicação somente a partir do seu próprio material genético; São inertes no ambiente extracelular (denominados de vírions); São agentes filtráveis; Insensíveis a antibióticos, pois não têm metabolismo próprio; São ultra-microscópicos, visualizados ao microscópio eletrônico – maioria de 20 a 300 nm (além do limite de resolução do microscópio ótico) Vírus da varíola – 200 nm Vírus da poliomelite – 28 nm São classificados de acordo com seus ácidos nucleicos e tipos de hospedeiro: vírus bacterianos, vírus de arqueias, vírus de animais, vírus de plantas, de protozoários, e assim por diante. Características dos vírus Características dos vírus Partícula viral Dimensão relativa das partículas virais com relação a outros fitopatógenos (Agrios, 2005). Características dos vírus Características dos vírus Características dos vírus Estrutura e morfologia dos vírus Genoma: informação genética (codificado pelo Ác. Nucléico – DNA ou RNA). Capsídeo: capa proteica que envolve o genoma viral. Capsômero: unidades do capsídeo (grupamento de proteínas) visível ao microscópio eletrônico. Nucleocapsídeo: conjunto genoma mais capsídeo. Envelope, envólucro ou peplos: membrana que envolve o nucleocapsídeo. Peplômeros (espículas): estruturas proeminentes geralmente constituídas de glicoproteínas e lipídeos, que são encontradas ancoradas ao envelope, expostas na superfície. Vírion ou virião: estrutura viral completa. Componentes estruturais Componentes estruturais Componentes estruturais Envelope: lipídios e proteínas Parte lipídica corresponde a bicamada fosfolipídica da membrana citoplasmática da célula hospedeira; Parte proteica é composta por proteínas virais, sintetizadas dentro da célula do hospedeiro. Componentes estruturais Componentes estruturais A. Genoma Porção infectiva DNAss, DNAds, RNAss, RNAds – Linear ou circular Vírus de animais, plantas, bacterianos, algas e fungos OBS: Um grupo de vírus utiliza DNA e RNA como seu material genético, porém em diferentes estágios de seu ciclo de replicação (EX.: Retrovírus e Hepadnavírus) Componentes químicos O RNA pode também existir como um genoma segmentado em duas ou maispartes encapsidados na mesma partícula ou em partículas diferentes (Ex.: Influenzavírus). Genoma pequeno: 1 a 12 genes no caso de vírus de plantas, até aproximadamente 260 nos vírus que infectam animais. Maior genoma viral: Minivírus (infecta Amoeba) 1,8 Mpb A. Genoma Componentes estruturais Componentes químicos B. Capsídeo Composto por moléculas proteicas. A maioria possui várias proteínas quimicamente distintas que se associam formando os capsômeros (alguns requerem assistência de proteínas da célula hospedeiras); As informações para a associação da proteínas está contida na estrutura das próprias proteínas (automontagem do vírion); Protege o genoma viral da ação de fatores adversos, aderência do vírus à célula hospedeira e confere simetria estrutural. Diferencia estirpes de um mesmo vírus proporção e presença de aminoácidos (histidina e metionina); Alguns poucos vírus apresentam um único tipo de proteína em seu capsídeo TMV (2.130 cópias da simples proteína do capsômero estão arranjadas em uma hélice com dimensões de 18 3300 nm). B. Capsídeo Componentes químicos C. Envelope Bicamada lipídica (fosfolipídeos, glicolipídeos, gorduras, ácidos graxos, aldeídos graxos e colesterol) contendo proteínas, geralmente glicoproteínas) Lípídeos da menbrana viral – derivados da célula hospedeira Proteínas – codificadas pelos genes virais Proteínas – são críticas para adesão à célula hospedeira e liberação do vírion Epícuas de alguns vírus envelopados – constituídos e glicoproteínas Envelope viral – fosfolipídeos (destruídos por solventes lipídicos tais como éter ou clorofórmio Inativar a infectividade Componentes químicos D. Enzimas (embora os vírus sejam metabolicamente inertes) Uma ou mais enzimas virais específicas no interior do vírus; Lisozima – pequeno orifício na parede celular bacteriana (bacteriófagos) lise da célula hospedeira; Polimerase de ácido nucleico – replicação do genoma viral e transcrição do RNA víruss-específico (retrovírus-transcriptase reversa); Célula hospedeira é incapaz de sintetizar DNA ou RNA a partir de um molde de RNA. Componentes químicos Enzimas que auxiliam na liberação do hospedeiro (Muramidase em vírus de animais). Proteínas com importantes funções: movimento do vírus na célula, transmissão por determinados insetos vetores e processamento proteico, como a clivagem de proteínas codificadoras pelo vírion. D. Enzimas (embora os vírus sejam metabolicamente inertes) Componentes químicos Microscopia eletrônica – características morfológica dos vírus Tamanho de 20 a 14000 nm Arquitetura do vírus revelada pelo arranjo (proteínas + ac. nucléico) Simetria viral Simetria cúbica (vírus esféricos) - na cabeça icosaédrica, molécula de ácido nucléico compactada e enovelada; capsômeros envolvendo o genoma. Simetria helicoidal (vírus cilíndricos) - capsídeo com capsômeros arranjados em torno do ácido nucléico na forma de uma hélice. Simetria viral Não envelopados – 46 ηm a 2200 ηm Bastonete rígido Gêneros: Furovirus, Tobamovirus e Tobravirus Filamento flexuoso Gêneros: Carlavirus, Closterovirus, Potexvirus, Potyvirus Além dos vírus de plantas, as famílias Inoviridae (ssDNA) e Rudiviridae (dsDNA), que infectam bactérias e archaea, respectivamente. Vírus Alongados Simetria helicoidal Simetria viral Envelopados - 60 a 1950 ηm Gêneros: Cytirhabdovirus e Nucleorhabdovirus Mais comum em vírus (-)ssRNA , que causam doenças em humanos como: sarampo (Paramyxoviridae), gripe (Orthomyxiviridae), raiva (Rhabdoviridae), ebola (Filoviridae), hantavirose (Bunvaviridae), febre de Lassa ( Arenaviridae) Simetria helicoidal Simetria viral Vírus Alongados TMV Simetria helicoidal Simetria viral Vírus Ebola- um filovirus, com forma filamentosa, com 14m de comprimento e 80nm de diâmetro. O seu genoma é (-) ssRNA. Simetria helicoidal Simetria viral Vírus Poliédricos ou esféricos Icosaedro (poliedro de 20 faces, 12 vértices e 3 lados) Sem envelope - 17 a 60nm Gêneros: Alphacryptovirus, Bromovirus, Carmovirus, Cucumovirus, Nepovirus, Tymovirus, Tombosvirus São os menores vírus conhecidos – ex. Vírus do papiloma humano (HPV) Com envelope - possuem de 42 a 200nm Gênero: Tospovirus Pouco comuns entre os vírus de animais, sendo observados principalmente nas famílias Arteviridae, Flaviridae, Herpesviridae ou Togaviridae Alguns vírus podem apresentar envelope e genoma segmentados Simetria cúbica Simetria viral Papilomavírus humano - O vírion apresenta diâmetro aproximado de 55 nm, contém 360 unidades, arranjadas em 72 agrupamentos, cada um contendo 5 unidades. Simetria cúbica Simetria viral Vírus da gripe suína, gripe A (H1N1), Influenza A subtipo H1N1 O vírus Influenza pertence à família Orthomyxoviridae Simetria cúbica Simetria viral Vírus que infectam plantas Simetria viral A cabeça é isométrica ou alongada (50 - 110 ηm de diâmetro), e a cauda pode ser longa e contrátil (Myoviridae: 80 - 455 ηm), longa não-contrátil (Siphoviridae: 65 - 570 ηm), ou curta não-contrátil (Podoviridae: 17 ηm) Vírus complexos (bacteriófagos) Diagrama e microfotografia de um bacteriófago T Simetria viral Partícula viral 5 a 40 % de ácido nucléico 60 a 95 % de proteína Vírus alongados - menor proporção de ácido nucléico e a maior porcentagem de proteínas Vírus poliédricos - maior porcentagem de ácido nucléico e menor de proteínas. Vírus envelopados - a proporção de proteínas pode chegar apenas a 20 % do peso das partículas. Simetria viral Fatores do ambiente que interferem na sobrevivência e na infectividade dos vírus: Temperatura e luz solar (UV): sobrevivem melhor em temperaturas mais baixas e com pouca incidência solar; Umidade relativa do ar (UR): são mais estáveis no ambiente com baixa umidade; pH: os rotavírus e os enterovírus podem sobreviver por até 10 dias em ampla faixa de pH (3,0 – 9,0); Tipo de superfície, adsorção a sólidos: superfícies inanimadas secas de 8 a 7 dias; Persistência dos vírus no ambiente Características estruturais das partículas (tamanho e ausência de envelope): podem passar pelos processos de filtração (estações de tratamento de água e esgoto), que impedem a passagem de bactérias e outros parasitos; Vírus envelopados podem ser inativados por certos compostos químicos que agem diretamente sobre esta estrutura Presença de enzimas: enzimas como as proteases e nucleases extracelulares podem inativar as partículas, e consequentemente diminuir a viabilidade dos vírus no ambiente Persistência dos vírus no ambiente Eng. Agr. M.Sc. Antonio Roberto G. Farias LAFIBAC - Fitopatologia UFRPE/LABBE – UFPE rfariasagro@gmail.com UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO Departamento de Biologia – Área de Microbiologia Curso: Agronomia MICROBIOLOGIA GERAL A
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