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MECÂNICA DOS FLUIDOS APLICADA FLUIDODINÂMICA Prof. Ricardo Tadeu Ferracioli 1 FLUIDODINÂMICA 2 Observando a figura, o fluido pode ser dividido em duas regiões: uma em que o movimento do fluido é perturbado pela presença do objeto sólido, e outra em que o fluido escoa como se o objeto não estivesse presente. 1 - INTRODUÇÃO 2 FLUIDODINÂMICA 3 Uma seção, perpendicular às linhas de corrente, na região do fluido não perturbada pela presença do objeto, será denominada a partir de agora ‘seção ao longe ou no infinito’. 1 - INTRODUÇÃO 3 FLUIDODINÂMICA 4 Ao passar pelo corpo, o fluido provocará nele o aparecimento de uma força resultante. Essa força, supondo o escoamento bidimensional, poderá ser decomposta em duas componentes, que serão chamadas: resistência ao avanço ou força de arrasto (Fa), paralela às linhas de corrente ao longe; força de sustentação (Fs), que é a componente normal ou perpendicular às linhas de corrente ao longe. 1 - INTRODUÇÃO 4 FLUIDODINÂMICA 5 As hipóteses gerais para o estudo dessas forças são: na seção ao longe as linhas de corrente são paralelas; na seção ao longe o diagrama de velocidade é uniforme; o regime é permanente; o fluido incompressível; Para a determinação das diferenças de pressão, desprezam-se as diferenças de cotas. 1 - INTRODUÇÃO 5 FLUIDODINÂMICA 6 Equação de Bernoulli Energia Cinética (pressão dinâmica ) – Pressão pelo movimento do fluido Energia Potencial de Pressão () - Energia potencial por unidade de volume. Energia Potencial de Posição (pressão estática) () – Energia do sistema devido sua posição no campo gravitacional em relação ao PHR. Essa energia é medida pelo potencial de realização de trabalho no sistema, cujo centro de gravidade está a uma cota Z em relação a um PHR. G = m . g F = m . a W = F . d W = G . d W = m . g . d W = Ep Ep = m . g . h ou m . g . z 6 FLUIDODINÂMICA 7 Equação de Bernoulli Fazendo alguns equacionamentos teremos: ENERGIA 7 FLUIDODINÂMICA 8 Carga ou Altura Manométrica CARGA 8 FLUIDODINÂMICA 9 PHR Pressão estática Pressão dinâmica Pressão por unidade de volume ENERGIA PRESSÃO 9 FLUIDODINÂMICA 10 PHR PRESSÃO 10 FLUIDODINÂMICA 11 PHR A mesma massa de fluído que passou na secção transversal A1 em um intervalo de tempo, deve passar na secção transversal A2 no mesmo intervalo de tempo. Portanto a velocidade do fluido aumentará para estabelecer a condição de que a vazão no ponto 1 seja igual a vazão no ponto 2, ou seja: 11 FLUIDODINÂMICA 12 1 2 No ponto (2) o fluido incide na superfície sólida e para. Um ponto nesta condição denomina-se ponto de parada ou de estagnação, logo, = 0 Velocidade máxima 12 FLUIDODINÂMICA 13 2 - Conceitos Fundamentais A ação de um fluído numa superfície sólida pode-se decompor numa ação normal (pressão) e numa ação tangencial (tensão de cisalhamento). Para facilitará a compreensão, o estudo pode ser realizado separando o efeito normal das pressões do efeito tangencial das tensões de cisalhamento. 13 FLUIDODINÂMICA 14 Efeito das pressões, dado pelo deslocamento das partículas do fluido para que o objeto siga sua trajetória. Para este estudo será considerado a inexistência da tensão de cisalhamento, fluído ideal, portanto viscosidade do fluido µ = 0. Força de arrasto de superfície, dado pelas forças viscosas. 14 FLUIDODINÂMICA 15 O efeito da pressão é dado pelo deslocamento das partículas do fluido para que o objeto siga sua trajetória. Para este estudo será considerado a inexistência da tensão de cisalhamento, fluído ideal, portanto viscosidade do fluido = 0 15 FLUIDODINÂMICA 16 No ponto 4, note-se uma diminuição na seção devido a presença do corpo, sofrendo um estreitamento, e pela equação da continuidade temos 16 FLUIDODINÂMICA 17 é o coeficiente fluidodinâmico ou o coeficiente que permite que a expressão adotada venha a coincidir com o valor real de . O coeficiente adimensional (coeficiente de arrasto) pode ser obtido experimentalmente. 17 FLUIDODINÂMICA 18 Conhecendo , pode-se obter - área projetada - medido pelo dinamômetro 18 FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto de superfície 19 Na Força de Pressão considerou-se fluido ideal, ausência de tensões de cisalhamento. A força é resultante das pressões dinâmicas. Nos fluidos reais, a ação do atrito ou das tensões de cisalhamento irá causar um acréscimo na força resultante aplicada pelo fluido no sólido. - é a força de arrasto de superfície, força provocada pelas tensões de cisalhamento na superfície sólida. - área da superfície do corpo onde agem as tensões de cisalhamento 3 – Força de arrasto de superfície 19 FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto de superfície 20 20 FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto de superfície 21 Para camada limite laminar: Para camada limite turbulento: Placa plana lisa: Escoamento Lamina: Escoamento turbulento: : 21 FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto de superfície 22 EXEMPLO 1 Uma placa plana retangular de 1 m de largura e 2 m de comprimento, imersa em água ( e ), é arrastada horizontalmente com velocidade constante de 1,5 m/s. Calcula a força necessária, supondo os três casos seguintes: A camada limite mantém-se laminar desde o bordo de ataque até o bordo de fuga; A cama limite é turbulenta desde o bordo de ataque; O número de Reynolds crítico é 5 x . K = f() 1.050 1.700 3.300 8.700 O valor do será função da rugosidade da placa, da troca de calor entre ela e o fluido e das turbulências ao longo da placa. 22 23 EXEMPLO 1 Solução: Força de arrasto na superfície Obs: Área (A) é duas vezes a área da placa, pois as tensões de cisalhamento agem de ambos os lados. L = 1 m C = 2 m V = 1,5 m/s FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto de superfície 23 24 EXEMPLO 1 Solução: a) A camada limite mantém-se laminar desde o bordo de ataque até o bordo de fuga: FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto de superfície 24 25 EXEMPLO 1 Solução: b) A camada limite é turbulenta desde o bordo de ataque; FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto de superfície 25 26 EXEMPLO 1 Solução: c) Para significa que na abscissa haverá a passagem de laminar para turbulento. V = 1,5 m/s FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto de superfície Logo nem o resultado do item (a) nem o do item (b) são reais. Devemos utilizar a equação abaixo devido a transição de laminar para turbulento. Em haverá passagem de laminar para turbulento 26 27 EXEMPLO 1 Solução: Da tabela, para obtém-se k = 1.700. FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto de superfície 27 28 FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto de forma ou de pressão 4 – Força de arrasto de forma ou de pressão Para ilustrar a existência da força de arrasto de forma ou de pressão, será utilizada a descrição do escoamento em torno de um cilindro, já que a simetria permite uma explicação mais simples. Se o escoamento fosse perfeitamente simétrico, as pressões teriam uma distribuição também simétrica, de forma que não haveria nenhum saldo em favor devido a elas. 28 29 FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto de forma ou de pressão diminuição da seção; máxima velocidade; mínima pressão. - Velocidade aumenta - Pressão diminui, variação negativa Pressão cresce no sentido do escoamento. 29 30 FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto de forma ou de pressão A camada limite se separa da superfície e o escoamento se desloca em contra fluxo. Forma-se uma região de baixa energia na esteira do corpo. Modelo real 30 31 FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto de forma ou de pressão 31 32 FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto de forma ou de pressão O Gerador de Votex altera a interação entre os fluxos de ar lento da camada-limite e o rápido da corrente de ar livre. Como? Ele causa uma perturbação aerodinâmica em miniatura que transforma o fluxo da camada-limite mais próximo ao corpo(fluxo que é quase estático) em vórtices, micro-turbulências ordenadas, como se fossem canudos ou bolinhas de gude girando, deixando-o bem mais rápido e energizado. Com menos fricção e diferença de velocidade entre a corrente de ar livre (na imagem acima, superior à linha branca) e a camada-limite colada à superfície, a separação de fluxo da camada-limite é postergada, ocorrendo mais para trás do corpo e em menor escala. 32 33 FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto de forma ou de pressão A bola de golfe apresenta menos arrasto aerodinâmico que uma esfera perfeitamente. As cavidades na superfície da bola, geradores de vórtices, provocam pequenos turbilhoes. Estes turbilhões apresentam menos fricção com a corrente de ar livre que uma camada-limite estática, que é o que aconteceria numa bola perfeitamente esférica. Com isso, o fluxo de ar contornando a bola sofre menos desaceleração, a separação de camada-limite atrás da bola é mais suave e há menos arrasto. 33 34 FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto de forma ou de pressão 34 35 FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto de forma ou de pressão A velocidade em um dado ponto pode mudar em valor e direção. O surgimento de um escoamento turbulento depende da velocidade do fluido (v), sua viscosidade (µ), sua densidade (ρ), e o tamanho do obstáculo que ela encontra (D). Para o escoamento em torno de um cilindro de diâmetro D, temos que 35 36 FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto de forma ou de pressão 36 37 FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto total 5 – Força de arrasto total A força de arrasto total é a soma das forças de arrasto de forma e de superfície. Uma nunca aparece separada da outra, apesar de, em certos casos, uma poder ser muito pequena quando comparada à outra. De qualquer forma: 37 38 FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto total Coeficiente de arrasto para uma esfera lisa. O gráfico mostra a variação do coeficiente de arrasto para uma esfera lisa, em função do número de Reynolds. Quanto menor esse número, significa menos atrito. 38 39 FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto total Coeficiente de arrasto para uma esfera lisa. Para Re < 1, o escoamento é dito lento, e o varia linearmente com o número de Reynolds. Nessa situação, não acontece o descolamento, e a força de arrasto é praticamente devida somente às tensões de cisalhamento (). 39 40 FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto total Coeficiente de arrasto para uma esfera lisa. Para Re > 1, a camada limite começa a descolar na traseira e o arrasto de forma começa a crescer de importância, tornando-se proporcional a . Ao aumentar o Re, o descolamento vai se estendendo para a parte dianteira da esfera, até que, em Re ≅ 1.000, o ponto de separação fixa-se aproximadamente a 80° do ponto de estagnação. 40 41 FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto total Coeficiente de arrasto para uma esfera lisa. Para 103 < Re < 3,5 x 105, o ponto de descolamento mantém-se aproximadamente fixo e será constante, valendo aproximadamente 0,45. 41 42 FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto total Coeficiente de arrasto para uma esfera lisa. Para Re ≅ 3,5 × 105, nota-se uma queda brusca do Ca. A explicação é a passagem da camada limite de laminar para turbulenta e, conforme figura (a) e (b), há um salto do ponto de descolamento da parte dianteira para a parte traseira da esfera. O ponto de descolamento irá se localizar aproximadamente a 115° do ponto de estagnação. 42 43 FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto total Coeficiente de arrasto para uma esfera lisa. Note-se que esses resultados são para a esfera lisa. As turbulências podem ser induzidas artificialmente, tornando a superfície rugosa e com isso diminuindo o valor de Ca. Isso faz aumentar o arrasto de superfície, mas nesse caso ele é secundário e é plenamente compensado pela diminuição do arrasto de forma. Exemplos desse efeito podem ser observados nas bolas de tênis ou de golfe, que não são lisas exatamente para induzir a uma camada limite turbulenta. Os valores dos coeficientes de arrasto referentes a diversos corpos, para diferentes Re, podem ser encontrados na literatura especializada. 43 44 FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto total Exemplo 2 Qual será a máxima velocidade de descida de um paraquedista que pesa com seu equipamento 1.200 N, sendo que o paraquedas tem uma diâmetro de 6 m e um coeficiente de arrasto igual a 1,2 ? De que altura se deveria saltar sem paraquedas para chegar ao solo com a mesma velocidade? ( Solução: Sabe-se que a força de arrasto aumenta com a velocidade; logo, o paraquedista atingirá a máxima velocidade quando o seu peso for equilibrado pela força de arrasto. 44 45 FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto total Exemplo 2 V = 0 G = mg = 0 V G = mg V G = mg Solução: 45 46 FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto total Exemplo 2 Área projeta (círculo) Solução: 46 47 FLUIDODINÂMICA – Força de arrasto total Exemplo 2 Queda livre Solução: O movimento de queda livre (queda dos corpos), é uma particularidade do movimento uniformemente variado, onde desprezando-se a resistência do ar. 47
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