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Info 725 STF

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Informativo 725 – STF 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
Processos excluídos deste informativo esquematizado por não terem sido concluídos em virtude de pedidos de 
vista: ADI 4357 QO/DF; ADI 4425 QO/DF; HC 115279/RJ. 
 
Julgado excluído por ter menor relevância para concursos públicos: HC 119538 AgR/SP. 
 
 
ÍNDICE 
 
Direito Constitucional 
 Caso Raposa Serra do Sol: embargos de declaração. 
 
Direito Penal e Processual Penal Militar 
 Civil que pratica injúria contra Tenente-Dentista: competência da Justiça comum. 
 
Direito Processual Penal 
 Em regra, a sentença é o momento processual oportuno para a emendatio libelli (art. 383, CPP). 
 Estagiário de Direito não pode fazer sustentação oral em habeas corpus por ele impetrado. 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
Caso Raposa Serra do Sol: embargos de declaração 
 
CASO RAPOSA SERRA DO SOL 
 
Principais pontos decididos pelo STF no julgamento dos embargos de declaração: 
 
1) Pessoas miscigenadas, ou que vivam maritalmente com índios, podem permanecer na área. 
 
2) Presença de autoridades religiosas e templos: cabe às comunidades indígenas o direito de 
decidir se, como, e em quais circunstâncias seria admissível a presença dos missionários e seus 
templos. 
 
3) Escolas públicas: as entidades federadas devem continuar a prestar serviços públicos nas 
terras indígenas, desde que sob a liderança da União (CF, art. 22, XIV). 
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4) Passagem de não índios pelas rodovias: os índios não exercem poder de polícia e não podem 
obstar a passagem de outras pessoas pelas vias públicas que cruzem a área demarcada. 
 
5) Ações individuais: quanto às ações individuais que questionam a boa-fé dos portadores de 
títulos de propriedade, proveu-se o recurso para explicitar que ao STF não foram submetidos 
outros processos a respeito de questões individuais relacionadas à área, devendo eles ainda 
serem julgados pelos juízes naturais. 
 
6) Posse das fazendas desocupadas: eventuais disputas do tipo devem ser resolvidas pelas 
comunidades interessadas, com a participação da FUNAI e da União, sem prejuízo da 
intervenção do Ministério Público e do Judiciário. 
 
7) Condições estipuladas na decisão: as condições integram o objeto da decisão e fazem coisa 
julgada material. Portanto, tais diretrizes não podem ser objeto de questionamento em outros 
processos. Isso não significa transformação da coisa julgada em ato normativo geral e abstrato, 
vinculante para outros processos que discutam matéria similar. Em outras palavras, essas 
condições estipuladas para a Raposa Serra do Sol não vinculam os juízes e tribunais quando 
forem julgar questões envolvendo outras terras indígenas. 
Vale ressaltar, entretanto, que é natural que o entendimento do STF sobre o tema sirva de 
força argumentativa para outros casos semelhantes. 
Comentários CASO RAPOSA SERRA DO SOL 
 
O que é? 
Raposa Serra do Sol é uma terra indígena, de 1.747.464 hectares, situada no Estado de 
Roraima, nos municípios de Normandia, Pacaraima e Uiramutã. Uma parte da reserva faz 
fronteira com a Venezuela. 
Destina-se à posse permanente dos grupos indígenas ingaricós, macuxis, patamonas, 
taurepangues e uapixanas, em uma população estimada de mais de 20 mil habitantes. 
A Raposa Serra do Sol foi demarcada pelo Ministério da Justiça através da Portaria n. 
820/98, posteriormente modificada pela Portaria 534/2005. 
A demarcação foi homologada por Decreto Presidencial em 15 de abril de 2005. 
 
Ações judiciais 
Foi dado um prazo de 1 ano para que as pessoas que não fossem indígenas deixassem o 
local. No entanto, logo em seguida, foram propostas diversas ações questionando a 
demarcação dessa reserva indígena e a desocupação foi suspensa pelo STF. 
Nas ações ajuizadas eram invocados os mais diversos argumentos, que incluíam vícios 
formais da demarcação, críticas ao modelo de demarcação contínua (e não em ilhas), 
prejuízos econômicos ao Estado de Roraima, riscos à segurança nacional, direitos das 
pessoas não indígenas que viviam na localidade etc. 
Na área onde é situada a reserva havia extensas propriedades de produtores de arroz, uma 
das principais atividades econômicas do Estado. 
Uma das ações propostas foi uma ação popular ajuizada por um Senador pelo Estado de 
Roraima e que tramitou no STF. 
 
Por que essa ação popular que, normalmente, tramita em 1ª instância, foi julgada 
originariamente pelo STF? 
A demarcação foi feita pela União (Portaria do Ministério da Justiça e Decreto do Presidente 
da República). A ação popular questionava tais atos. O Estado de Roraima concordava com 
o autor popular e também impugnava a demarcação. 
Desse modo, estava presente um conflito federativo entre a União e um Estado-membro. 
 
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Em tais casos, a competência originária para julgar é do STF, conforme previsto no art. 102, 
I, “f”, da CF/88: 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, 
cabendo-lhe: 
I - processar e julgar, originariamente: 
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre 
uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta; 
 
Veja trecho da ementa do julgado do STF reconhecendo a competência para a causa: 
Usurpação da competência. Processos judiciais que impugnam a Portaria 820/1998 do 
Ministério da Justiça. Ato normativo que demarcou a reserva indígena denominada Raposa 
Serra do Sol, no Estado de Roraima. Caso em que resta evidenciada a existência de litígio 
federativo em gravidade suficiente para atrair a competência desta Corte de Justiça (alínea f 
do inciso I do art. 102 da Lei Maior). Cabe ao STF processar e julgar ação popular em que os 
respectivos autores, com pretensão de resguardar o patrimônio público roraimense, 
postulam a declaração da invalidade da Portaria 820/1998 do Ministério da Justiça. 
Também incumbe a esta Casa de Justiça apreciar todos os feitos processuais intimamente 
relacionados com a demarcação da referida reserva indígena. 
Rcl 2.833, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 14-4-2005, Plenário, DJ de 5-8-2005. 
 
Resultado do julgamento: 
Em 2009, o Plenário do STF declarou a validade da Portaria 534/2005, do Ministro de Estado 
da Justiça, que demarcou a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, e do Decreto Presidencial de 
15/4/2005, que a homologou, mantendo a demarcação contínua, a ser ocupada apenas por 
grupos indígenas (Pet 3.388, Rel. Min. Ayres Britto, julgado em 19/03/2009). 
 
Condicionantes 
No julgamento da Pet 3.388, o STF, a partir do voto do falecido Min. Menezes Direito, 
estabeleceu que a referida Terra Indígena deveria ser mantida, mas que, em compensação, 
deveriam ser obedecidas certas condições que seriam pressupostos para o reconhecimento 
da demarcação válida. 
 
As condições estipuladas foram as seguintes: 
1) o usufruto das riquezas do solo, dos rios e dos lagos existentes nas terras indígenas (CF, 
art. 231, § 2º) pode ser relativizado sempre que houver, como dispõe o art. 231, § 6º, da CF, 
relevante interesse público da União, na forma de lei complementar; 
2) o usufruto dos índios não abrange o aproveitamento de recursos hídricos e potenciais 
energéticos, que dependerá sempre da autorização do Congresso Nacional; 
3) o usufruto dos índios não abrange a pesquisa e lavra das riquezas minerais, que 
dependerá sempre de autorização do Congresso Nacional, assegurando-se-lhes a 
participação nos resultados da lavra, na forma da lei; 
4) o usufruto dos índios não abrange a garimpagem nem a faiscação, devendo, se for o 
caso, ser obtida a permissão da lavra garimpeira; 
5) o usufruto dos índios não se sobrepõe ao interesse da Política de Defesa Nacional; a 
instalação de bases, unidades e postos militares e demais intervenções militares, a 
expansão estratégica da malha viária, a exploração de alternativas energéticas decunho 
estratégico e o resguardo das riquezas de cunho estratégico, a critério dos órgãos 
competentes (Ministério da Defesa e Conselho de Defesa Nacional), serão implementados 
 
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independentemente de consulta às comunidades indígenas envolvidas ou à FUNAI; 
6) a atuação das Forças Armadas e da Polícia Federal na área indígena, no âmbito de suas 
atribuições, fica assegurada e se dará independentemente de consulta às comunidades 
indígenas envolvidas ou à FUNAI; 
7) o usufruto dos índios não impede a instalação, pela União Federal, de equipamentos 
públicos, redes de comunicação, estradas e vias de transporte, além das construções 
necessárias à prestação de serviços públicos pela União, especialmente os de saúde e 
educação; 
8) o usufruto dos índios na área afetada por unidades de conservação fica sob a 
responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade; 
9) o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade responderá pela 
administração da área da unidade de conservação também afetada pela terra indígena, com 
a participação das comunidades indígenas, que deverão ser ouvidas, levando-se em conta 
os usos, as tradições e os costumes dos indígenas, podendo para tanto contar com a 
consultoria da FUNAI; 
10) o trânsito de visitantes e pesquisadores não-índios deve ser admitido na área afetada à 
unidade de conservação nos horários e condições estipulados pelo Instituto Chico Mendes 
de Conservação da Biodiversidade; 
11) devem ser admitidos o ingresso, o trânsito e a permanência de não-índios no restante 
da área da terra indígena, observadas as condições estabelecidas pela FUNAI; 
12) o ingresso, o trânsito e a permanência de não-índios não podem ser objeto de cobrança 
de quaisquer tarifas ou quantias de qualquer natureza por parte das comunidades 
indígenas; 
13) a cobrança de tarifas ou quantias de qualquer natureza também não poderá incidir ou 
ser exigida em troca da utilização das estradas, equipamentos públicos, linhas de 
transmissão de energia ou de quaisquer outros equipamentos e instalações colocadas a 
serviço do público, tenham sido excluídos expressamente da homologação ou não; 
14) as terras indígenas não poderão ser objeto de arrendamento ou de qualquer ato ou 
negócio jurídico que restrinja o pleno exercício do usufruto e da posse direta pela 
comunidade indígena ou pelos índios; 
15) é vedada, nas terras indígenas, a qualquer pessoa estranha aos grupos tribais ou 
comunidades indígenas, a prática da caça, pesca ou coleta de frutas, assim como de 
atividade agropecuária extrativa; 
16) as terras sob ocupação e posse dos grupos e das comunidades indígenas, o usufruto 
exclusivo das riquezas naturais e das utilidades existentes nas terras ocupadas, observado o 
disposto nos artigos 49, XVI, e 231, § 3º, da Constituição da República, bem como a renda 
indígena, gozam de plena imunidade tributária, não cabendo a cobrança de quaisquer 
impostos, taxas ou contribuições sobre uns ou outros; 
17) é vedada a ampliação da terra indígena já demarcada; 
18) os direitos dos índios relacionados às suas terras são imprescritíveis e estas são 
inalienáveis e indisponíveis; 
19) é assegurada a participação dos entes federados no procedimento administrativo de 
demarcação das terras indígenas encravadas em seus territórios, observada a fase em que 
se encontrar o procedimento. 
 
 
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Embargos de declaração 
Contra essa decisão, foram opostos vários embargos de declaração, pelo autor popular, 
pelo PGR e por comunidades indígenas e, agora, em 2013, eles foram julgados. 
 
Principais pontos alegados nos embargos pelo autor da ação: 
Nos embargos de declaração opostos foram feitas algumas indagações ao STF: 
a) as pessoas miscigenadas poderiam permanecer na reserva? 
b) as pessoas que vivem maritalmente com índios poderiam permanecer na reserva? 
c) as autoridades religiosas de denominações não indígenas poderiam continuar a exercer 
suas atividades na reserva? 
d) os templos religiosos já construídos deveriam ser destruídos? 
e) as escolas públicas estaduais e municipais poderiam continuar em funcionamento? Em 
caso positivo, poderiam continuar a lecionar conteúdo voltado à população não 
indígena? 
f) a passagem de não índios pela única rodovia federal a ligar Boa Vista a Pacaraima, na 
fronteira com a Venezuela, é assegurada, no todo ou em parte, ou depende de 
autorização dos indígenas? O mesmo ocorre quanto à rodovia que liga Normandia a 
Pacaraima? 
g) se for necessária autorização, a quem caberia autorizar a passagem por essas rodovias? 
h) ações individuais que questionam a boa-fé dos portadores de títulos de propriedade 
estão automaticamente extintas ou serão ainda julgadas individualmente? 
i) Como deve se fazer com a posse das fazendas desocupadas? 
 
 
PGR questionou as condições impostas 
A Procuradoria Geral da República (PGR) questionou, também em embargos de declaração, 
a validade das condicionantes incorporadas ao acórdão da PET 3388. 
Para a PGR, não caberia ao STF traçar parâmetros abstratos de conduta, quando esses 
temas não foram sequer objeto de discussão no processo e não permitiram direito ao 
contraditório. Para a PGR, a Corte extrapolou os limites da causa. 
 
 
Principais pontos decididos pelo STF: 
 
1) Presença de outras pessoas miscigenadas e que vivam com indígenas 
Pessoas miscigenadas, ou que vivam maritalmente com índios, podem permanecer na área. 
A CF/88 tem caráter pluralista e inclusivo, de maneira que o critério adotado pelo acórdão 
do STF para ocupar a reserva não é genético, mas sociocultural. 
Desse modo, pode permanecer na área demarcada e valer-se de seu usufruto todos que 
integre as comunidades indígenas locais. Importa, para esse fim, a comunhão com o modo 
de vida tradicional dos índios da região. 
 
2) Presença de autoridades religiosas e templos 
A indagação acerca da presença de autoridades religiosas ou de templos de denominações 
não indígenas não foi debatida no acórdão de forma específica, mas o objetivo da 
Constituição é o de resguardar, para os índios, um espaço exclusivo onde possam viver a 
própria cultura e religiosidade. Esse direito, entretanto, não exige a ausência de contato 
com pessoas de fora desse espaço, como os não indígenas. 
Ressalvou-se, por outro lado, que não seria legítima a presença de indivíduos que tivessem 
como propósito interferir sobre a religião dos índios. 
Sublinhou-se, ainda, que a Constituição não teria por objetivo impedir os índios de fazer 
suas próprias escolhas, como se devessem permanecer em isolamento incondicional. 
 
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Concluiu-se que, nos termos do acórdão, seria aplicável à questão religiosa a mesma lógica 
aplicada quanto ao usufruto das riquezas do solo, que seria conciliável com a eventual 
presença de não índios, desde que tudo ocorresse sob a liderança institucional da União. 
Asseverou-se caber às comunidades indígenas o direito de decidir se, como, e em quais 
circunstâncias seria admissível a presença dos missionários e seus templos. 
Não se trataria de ouvir a opinião dos índios, mas de dar a ela o caráter definitivo que 
qualquer escolha existencial mereceria. 
 
3) Escolas públicas 
No tocante às escolas públicas, explicitou-se que o acórdão teria sido expresso ao dizer que 
as entidades federadas deveriam continuar a prestar serviços públicos nas terras indígenas, 
desde que sob a liderança da União (CF, art. 22, XIV). 
Assim, seria necessária a presença de escolas públicas na área, desde que respeitadas as 
normas federais sobre a educação dos índios, inclusive quanto ao currículo escolar e o 
conteúdo programático. 
 
4) Passagem de não índios pelas rodovias 
No que se refere à passagem de não índios pelas rodovias citadas, lembrou-se que o 
acórdão estabelecera esse direito de passagem, visto que os índios não exerceriam poder 
de polícia, sequer poderiam obstara passagem de outros pelas vias públicas que cruzassem 
a área demarcada. 
 
5) Ações individuais 
Quanto às ações individuais que questionam a boa-fé dos portadores de títulos de 
propriedade, proveu-se o recurso para explicitar que ao STF não teriam sido submetidos 
outros processos a respeito de questões individuais relacionadas à área. 
Assentou-se que, uma vez transitada em julgado a sentença de mérito proferida em ação 
popular, nos termos do art. 18 da Lei 4.717/65 (“Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa 
julgada oponível ‘erga omnes’, exceto no caso de haver sido a ação julgada improcedente 
por deficiência de prova; neste caso, qualquer cidadão poderá intentar outra ação com 
idêntico fundamento, valendo-se de nova prova”), todos os processos relacionados a essa 
terra indígena deveriam adotar as seguintes premissas: 
a) a validade da portaria do Ministério da Justiça e do decreto presidencial, observadas as 
condições estabelecidas no acórdão; e 
b) a caracterização da área como terra indígena, para os fins dos artigos 20, XI, e 231 da CF. 
 
Disso resultaria a inviabilidade de pretensões possessórias ou dominiais de particulares, 
salvo no tocante a benfeitorias derivadas da ocupação de boa-fé. 
 
6) Posse das fazendas desocupadas 
Frisou-se que o tema não foi objeto de decisão no acórdão, mas eventuais disputas do tipo 
deveriam ser resolvidas pelas comunidades interessadas, com a participação da FUNAI e da 
União, sem prejuízo da intervenção do Ministério Público e do Judiciário. 
 
 
O que o STF decidiu sobre as condições impostas no julgamento? 
 
O Ministro Relator iniciou afirmando que a incorporação das salvaguardas (condições) foi 
uma decisão atípica e que o papel do STF não era o de traçar parâmetros abstratos de 
conduta, que sequer tinham sido objeto de discussão na lide. Entretanto, observou que, 
sem elas, seria impraticável por fim ao conflito existente na região. As salvaguardas foram 
uma espécie de regime jurídico a ser seguido para a execução do decidido, explicando o 
sistema constitucional incidente na matéria. 
 
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No caso concreto, o STF estipulou essas condições porque seria impossível resolver o 
conflito fundiário apresentado sem enunciar os aspectos básicos do regime jurídico 
aplicável à área demarcada. 
 
Nesse sentido, as condições integram o objeto da decisão e fazem coisa julgada material. 
Portanto, tais diretrizes não podem ser objeto de questionamento em outros processos. 
 
Isso não significa transformação da coisa julgada em ato normativo geral e abstrato, 
vinculante para outros processos que discutam matéria similar. Em outras palavras, essas 
condições estipuladas para a Raposa Serra do Sol não vinculam os juízes e tribunais quando 
forem julgar questões envolvendo outras terras indígenas. 
 
Vale ressaltar, entretanto, que é natural que o entendimento do STF sobre o tema, a partir 
da interpretação do sistema constitucional, sirva de diretriz relevante para as autoridades 
estatais que vierem a enfrentar novamente as mesmas questões. Em suma, o acórdão do 
STF sobre a Raposa Serra do Sol não tem efeitos vinculantes em sentido formal para outras 
demarcações, mas ostenta a força de decisão da mais alta Corte do País, do que decorre 
elevado ônus argumentativo para casos semelhantes. 
 
Garimpagem e faiscação 
As comunidades indígenas de Socó, Barro, Maturuca, Jawari, Tamanduá, Jacarezinho e 
Manalai questionaram a necessidade de os índios obterem permissão para exercerem a 
chamada lavra garimpeira. Isso porque uma das condições incluídas no acórdão diz que os 
índios não poderão, sem autorização do Congresso Nacional, explorar recursos hídricos e 
energéticos da reserva. A própria Constituição prevê que o usufruto não permite a 
exploração de recursos. 
Em seu voto, o Min. Roberto Barroso disse que não se pode confundir mineração 
(exploração econômica), com formas tradicionais de extrativismo, históricas, integrantes do 
modo de vida de determinadas comunidades indígenas. Para o Ministro, deve ser permitida 
aos índios a forma tradicional de extrativismo mineral, sem finalidade econômica, como 
para a produção de brincos e colares. 
Assim, os índios podem explorar os minérios desde que seja de forma artesanal, para 
preservar a cultura. O extrativismo não se confunde com o garimpo, que precisa ser 
autorizado pela União. 
 
Lei complementar de que trata o art. 231, § 6º da CF/88 
O Ministro Relator explicou que, em regra, a utilização das terras indígenas pela União 
depende da prévia edição de lei complementar (art. 231, § 6º, da CF/88). Essa reserva de lei 
complementar não alcança, contudo, toda e qualquer atuação da União em terras 
indígenas. Em particular, o patrulhamento de fronteiras, a defesa nacional e a conservação 
ambiental nas áreas demarcadas não dependem da prévia promulgação da referida lei. 
 
Concursos do MPF e AGU 
Consta acima o resumo dos principais pontos julgados. 
Ao final deste informativo, está transcrita a notícia na íntegra do julgado. 
Se você estiver estudando para concursos MPF e AGU é importante que estude de forma 
mais aprofundada o tema para uma segunda fase ou prova oral. 
Processo STF. Plenário. Pet 3388 ED - Terceiros/RR, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 23/10/2013. 
 
 
 
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DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
Em regra, a sentença é o momento processual oportuno para a emendatio libelli (art. 383, CPP) 
 
Segundo a jurisprudência do STF e do STJ, a sentença é o momento processual oportuno para a 
emendatio libelli, a teor do art. 383 do CPP. 
Tal posicionamento comporta relativização, hipótese em que admissível juízo 
desclassificatório prévio, em caso de erro de direito, quando a qualificação jurídica do crime 
imputado repercute na definição da competência. 
Comentários Oferecimento da denúncia ou queixa (art. 41 do CPP): 
O Ministério Público ou o querelante, ao oferecer a denúncia ou a queixa, deverá: 
a) Fazer a qualificação do acusado (nome, nacionalidade, estado civil, profissão, endereço); 
b) Expor o fato criminoso, com todas as suas circunstâncias (ex: no dia 10/10/2010, às 10h, 
na rua 10, do Bairro Parque 10, na cidade de Manaus/AM, o acusado subtraiu para si 
um relógio, marca X..., de propriedade da vítima X..., agindo com destreza, uma vez 
que...); 
c) Classificar qual foi o crime narrado (ex: diante disso, o denunciado praticou o crime de 
furto qualificado mediante destreza, delito previsto no art. 155, § 4º, II, do Código Penal); 
d) Arrolar testemunhas (se necessário). 
 
Posturas do juiz diante da denúncia ou queixa: 
a) REJEITAR a denúncia ou queixa, nos casos do art. 395 do CPP: 
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
I - for manifestamente inepta; 
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
 
b) RECEBER a denúncia ou queixa caso não se verifique nenhuma das hipóteses do art. 395. 
 
Juiz discorda da classificação do crime 
Se o magistrado entender que a classificação do crime feita na denúncia ou queixa foi 
incorreta, ele poderá receber a peça, alterando, contudo, a capitulação jurídica dos fatos? 
(ex: juiz considera que, pela narrativa dos fatos, não houve furto, mas sim roubo). 
 
NÃO. Segundo a jurisprudência do STF e do STJ é a sentença o momento processual 
oportuno para a emendatio libelli, a teor do art. 383 do CPP. Esta é a posição majoritária. 
Veja: 
 
STJ: “havendo erro na correta tipificação dos fatos descritos pelo órgão ministerial, ou 
dúvida quanto ao exato enquadramento jurídico a eles dado, cumpre ao togado receber a 
denúncia tal como proposta, para que, no momento que for prolatar a sentença, proceda às 
correções necessárias.” (RHC 27628/GO, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, julgado em 
13/11/2012). 
 
STF: “Não é lícito ao Juiz, no ato de recebimento da denúncia, quando faz apenas juízo de 
admissibilidade da acusação, conferir definiçãojurídica aos fatos narrados na peça 
acusatória. Poderá fazê-lo adequadamente no momento da prolação da sentença, ocasião 
em que poderá haver a emendatio libelli ou a mutatio libelli, se a instrução criminal assim o 
indicar.” (HC 87.324-SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, Primeira Turma, julgado em 10/04/2007). 
No mesmo sentido, mais recentemente: HC 111445/PE, rel. Min. Dias Toffoli, 16/4/2013. 
 
 
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Vale destacar, contudo, que existe importante corrente doutrinária e jurisprudencial que 
afirma ser possível, excepcionalmente, a correção do enquadramento típico logo no ato de 
recebimento da denúncia ou queixa em dois casos: 
a) para beneficiar o réu; ou 
b) para permitir a correta fixação da competência ou do procedimento a ser adotado. 
 
Nesse sentido: Antônio Scarance Fernandes, citado por Renato Brasileiro (Manual de 
Processo Penal. Vol. II. Niterói : Impetus, 2012) e Fernando da Costa Tourinho Filho (Código 
de Processo Penal Comentado. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 1046). 
 
Julgados adotando esta tese: STJ. 5ª Turma. HC 103.763/MG, Rel. Min. Felix Fischer, julgado 
em 17/02/2009; STF. 1ª Turma. HC 89686, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgado em 
12/06/2007. 
 
Ex: MP denuncia o réu por furto qualificado (art. 155, § 4º, II, do CP). O juiz, analisando a 
denúncia, percebe que, pelos fatos narrados, aquela conduta se amolda ao tipo do 
estelionato (art. 171, caput, do CP). Nesse caso, o magistrado poderia, ao receber a denúncia, 
desde já fazer a desclassificação para estelionato, ao invés de aguardar pela sentença, porque 
isso possibilitará que o acusado tenha direito à suspensão condicional do processo, cabível no 
caso de estelionato (cuja pena mínima é igual a 1 ano), mas impossível na hipótese de furto 
qualificado (pena mínima de 2 anos). 
 
É importante conhecer essa posição para ser mencionada em provas práticas e orais da 
Defensoria Pública. Em provas objetivas, deve-se adotar o entendimento majoritário. Veja: 
(DPE/MA 2011 – CESPE) É lícito ao juiz, no ato de recebimento da denúncia, conferir definição 
jurídica aos fatos narrados na peça acusatória diversa da atribuída pelo MP, podendo, ainda, 
fazê-lo no momento da prolação da sentença, ocasião em que poderá haver emendatio libelli 
ou mutatio libelli. (ERRADO) 
 
Emendatio e mutatio libelli 
Desse modo, caso o juiz não concorde com a classificação jurídica feita na denúncia ou 
queixa, ele deverá aguardar a realização de toda a instrução processual e, ao final, na 
sentença, fazer a desclassificação do crime. A isso dá-se o nome de emendatio libelli. Vamos 
relembrar as principais características desse instituto e suas diferenças em relação à 
mutatio libelli: 
EMENDATIO LIBELLI MUTATIO LIBELLI 
Quando ocorre 
Ocorre quando o juiz, ao condenar ou 
pronunciar o réu, altera a definição jurídica 
(a capitulação do tipo penal) do fato 
narrado na peça acusatória, sem, no 
entanto, acrescentar qualquer 
circunstância ou elementar que já não 
esteja descrita na denúncia ou queixa. 
Quando ocorre 
Ocorre quando, no curso da instrução 
processual, surge prova de alguma 
elementar ou circunstância que não havia 
sido narrada expressamente na denúncia 
ou queixa. 
Requisitos 
1) Não é acrescentada nenhuma 
circunstância ou elementar ao fato que 
já estava descrito na peça acusatória. 
 
2) É modificada a tipificação penal. 
 
Requisitos 
1) É acrescentada alguma circunstância 
ou elementar que não estava descrita 
originalmente na peça acusatória e 
cuja prova surgiu durante a instrução. 
2) É modificada a tipificação penal. 
 
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Exemplo 
O MP narrou, na denúncia, que o réu, 
valendo-se de fraude eletrônica no sistema 
da internet banking, retirou dinheiro da 
conta bancária da vítima, imputando-lhe o 
crime de estelionato (art. 171 do CP). O 
juiz, na sentença, afirma que, após a 
instrução, ficou provado que os fatos 
ocorreram realmente na forma como 
narrada pelo MP, mas que, em seu 
entendimento, isso configura furto 
mediante fraude (art. 155, § 4º, II, do CP). 
Exemplo 
O MP narrou, na denúncia, que o réu 
praticou furto simples (art. 155, caput, do 
CP). Durante a instrução, os depoimentos 
revelaram que o acusado utilizou-se de 
uma chave falsa para entrar na furtada. 
Com base nessa nova elementar, que 
surgiu em consequência de prova trazida 
durante a instrução, verifica-se que é 
cabível uma nova definição jurídica do fato, 
mudando o crime de furto simples para 
furto qualificado (art. 155, § 4º, III, do CP). 
Previsão legal 
Prevista nos arts. 383, caput, e 418 do CPP: 
Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição 
do fato contida na denúncia ou queixa, 
poderá atribuir-lhe definição jurídica 
diversa (leia-se: muda a capitulação penal), 
ainda que, em consequência, tenha de 
aplicar pena mais grave. 
Previsão legal 
Prevista no art. 384 do CPP: 
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, 
se entender cabível nova definição jurídica 
do fato, em consequência de prova 
existente nos autos de elemento ou 
circunstância da infração penal não contida 
na acusação, o Ministério Público deverá 
aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 
(cinco) dias, se em virtude desta houver 
sido instaurado o processo em crime de 
ação pública, reduzindo-se a termo o 
aditamento, quando feito oralmente. 
Procedimento 
Se o juiz, na sentença, entender que é o 
caso de realizar a emendatio libelli, ele 
poderá decidir diretamente, não sendo 
necessário que ele abra vista às partes para 
se manifestar previamente sobre isso. 
Tal se justifica porque no processo penal o 
acusado se defende dos fatos e como os 
fatos não mudaram, não há qualquer 
prejuízo ao réu nem violação ao princípio 
da correlação entre acusação e sentença. 
Procedimento 
1) Se o MP entender ser o caso de mutatio 
libelli, ele deverá aditar a denúncia ou 
queixa no prazo máximo de 5 dias após o 
encerramento da instrução; 
2) Esse aditamento pode ser apresentado 
oralmente na audiência ou por escrito; 
3) No aditamento, o MP poderá arrolar 
até 3 testemunhas; 
4) Será ouvido o defensor do acusado no 
prazo de 5 dias. Nessa resposta, além 
de refutar o aditamento, a defesa 
poderá arrolar até 3 testemunhas; 
5) O juiz decidirá se recebe ou rejeita o 
aditamento; 
6) Se o aditamento for aceito pelo juiz, 
será designado dia e hora para 
continuação da audiência, com 
inquirição de testemunhas, novo 
interrogatório do acusado e realização 
de debates e julgamento. 
 
Obs: se o órgão do MP, mesmo surgindo 
essa elementar ou circunstância, entender 
que não é caso de aditamento, e o juiz não 
 
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concordar com essa postura, aplica-se o 
art. 28 do CPP. 
 
 
Espécies de ação penal em que é cabível: 
 Ação penal pública incondicionada; 
 Ação penal pública condicionada; 
 Ação penal privada. 
Espécies de ação penal em que é cabível: 
 Ação penal pública incondicionada; 
 Ação penal pública condicionada; 
 Ação penal privada subsidiária da pública. 
Obs: somente o MP pode oferecer mutatio. 
Emendatio libelli em 2º grau de jurisdição: 
É possível que o tribunal, no julgamento de 
um recurso contra a sentença, faça 
emendatio libelli, desde que não ocorra 
reformatio in pejus (STJ HC 87984 / SC). 
Mutatio libelli em 2º grau de jurisdição: 
Não é possível, porque se o Tribunal, em 
grau de recurso, apreciasse um fato não 
valorado pelo juiz, haveria supressão de 
instância. 
Nesse sentido é a Súmula 453-STF. 
 
Obs1: a denúncia não precisa descrever as agravantes. Desse modo, caso a denúncia não 
narre determinada agravante, mesmo assim ela poderá ser reconhecida pelo juízo na 
sentença, sem necessidade de mutatio libelli. 
 
Obs2: se, após realizar a emendatio ou mutatio, o juiz perceber que há possibilidade de 
proposta de suspensão condicional do processo, ele deverá abrir vista ao MP para oferecer 
a proposta. Ex: o crime imputado era furto qualificado e foi realizada a emendatio para 
estelionato.Como o estelionato permite a suspensão condicional do processo, deve ser 
feita a proposta pelo MP mesmo o processo já estando com a instrução encerrada. 
 
Obs3: se, após realizar a emendatio ou mutatio, a nova definição jurídica do crime acarretar 
a mudança da competência, o magistrado deverá declarar-se incompetente e encaminhar 
os autos ao juízo competente. 
 
Para maiores informações, vide LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. Vol. 
II. Niterói : Impetus, 2012. 
Processo STF. 1ª Turma. HC 115831/MA, rel. Min. Rosa Weber, julgado em 22/10/2013. 
 
 
Estagiário de Direito não pode fazer sustentação oral em habeas corpus por ele impetrado 
 
O estagiário de Direito pode impetrar habeas corpus no STF, mas não terá direito de fazer 
sustentação oral de seu pedido. 
Segundo a 1ª Turma do STF, a sustentação oral é ato privativo de advogado. 
Comentários Um estagiário de Direito pode propor um habeas corpus em favor de um réu? 
SIM. 
 
O habeas corpus é ação autônoma de impugnação, constitucionalmente estabelecida, que 
tem por finalidade evitar ou fazer cessar a violência ou a coação à liberdade de locomoção 
decorrente de ilegalidade ou abuso de poder. 
 
Segundo o Código de Processo Penal, não é necessário ser advogado para impetrar HC: 
Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de 
outrem, bem como pelo Ministério Público. 
 
 
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O Estatuto da OAB também dispõe no mesmo sentido: 
Art. 1º (...) § 1º Não se inclui na atividade privativa de advocacia a impetração de habeas 
corpus em qualquer instância ou tribunal. 
 
Desse modo, não se exige capacidade postulatória para propor HC, razão pela qual o 
estagiário, assim, como qualquer pessoa, pode impetrar habeas corpus em seu favor ou em 
benefício de terceiros. 
 
A dúvida que surge é a seguinte: 
Se o estagiário – que não é advogado – impetra habeas corpus no STF, ele poderá fazer 
sustentação oral expondo verbalmente as razões desse writ na tribuna da Corte? 
NÃO. A 1ª Turma do STF indeferiu o pedido do estagiário do curso de Direito que havia 
impetrado um habeas corpus em favor de terceiro e que almejava fazer sustentação oral na 
sessão de julgamento. 
 
Segundo a maioria dos Ministros, o Estatuto da OAB estabelece que a sustentação oral é ato 
privativo de advogado. De igual modo, o Regimento Interno do STF também prevê essa 
prerrogativa apenas para os advogados (art. 124) e não para estagiários. 
 
Ficou vencido o Min. Dias Toffoli, relator, que admitia a sustentação sob o argumento de 
que qualquer cidadão pode impetrar habeas corpus. 
Processo STF. 1ª Turma. HC 118317/SP, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 
22/10/2013. 
 
 
DIREITO PENAL PROCESSUAL PENAL MILITAR 
(obs: este julgado somente interessa para os concursos que exigem a matéria) 
 
Civil que pratica injúria contra Tenente-Dentista: competência da Justiça comum 
 
Civil que pratica injúria e difamação contra Tenente-Dentista, criticando o seu atendimento 
como dentista, deverá ser julgado pela Justiça comum. 
Não se trata de competência da Justiça Castrense porque não houve ofensa às instituições 
militares. 
Comentários Imagine a seguinte situação adaptada: 
João é Tenente-Dentista do Exército, prestando atendimento em clínica localizada dentro 
do quartel. 
Maria, civil, fez um tratamento dentário com João e, como não ficou satisfeita com o 
resultado, divulgou um e-mail proferindo supostas ofensas difamatórias contra o 
profissional (“Tenente metido a Brigadeiro”, “mal educado”, “porqueira” e “Tenentizinho 
de meia-tigela”). 
Por conta disso, Maria foi denunciada pela prática dos crimes de difamação e injúria. 
 
Essa ação penal deverá tramitar na Justiça Militar ou Justiça comum? 
JUSTIÇA COMUM. 
 
A 1ª Turma do STF entendeu que as supostas ofensas difamatórias foram proferidas em 
razão da conduta do dentista durante atendimento odontológico à paciente, razão pela 
qual essas ofensas ficaram limitadas à esfera pessoal do dentista ofendido, de modo a 
macular somente a sua honra subjetiva. 
 
 
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Assim, não se vislumbrou que a conduta de Maria tenha ofendido as instituições militares. 
Ora, se não houve ofensa às Forças Armadas, a competência não será da Justiça castrense. 
 
Ficaram vencidos os Ministros Marco Aurélio e Dias Toffoli, que entendiam que a situação 
se amoldava ao art. 9º, III, b, do CPM (“Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: 
... os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as 
instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como 
os do inciso II, nos seguintes casos: ... em lugar sujeito à administração militar contra militar 
em situação de atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da 
Justiça militar, no exercício da função inerente ao seu cargo”). 
Processo STF. 1ª Turma. HC 116780/CE, rel. Min. Rosa Weber, julgado em 22/10/2013. 
 
 
 
 
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JULGADOS QUE NÃO FORAM COMENTADOS POR SEREM DE MENOR 
RELEVÂNCIA PARA CONCURSOS PÚBLICOS 
 
ED e demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol 
O Plenário, por maioria, proveu em parte embargos de declaração opostos de decisão proferida em sede de 
ação popular (Pet 3388/RR, DJe de 1º.7.2010), na qual julgara-se parcialmente procedente o pedido 
formulado para, observadas algumas condições, declarar a validade da Portaria 534, de 13.4.2005, do 
Ministro de Estado da Justiça, que demarcou a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, e do Decreto 
Presidencial de 15.4.2005, que a homologou. Sustentava-se que o acórdão seria contraditório, na medida 
em que daria natureza mandamental a decisão declaratória proferida em sede de ação popular. Além disso, 
alegava-se que o Estado de Roraima não teria sido citado para integrar a lide como litisconsorte do autor, 
embora a competência da Corte para julgar a ação popular resultasse da existência de conflito federativo. 
Suscitavam-se, também, as seguintes questões: a) se pessoas miscigenadas poderiam permanecer na 
reserva; b) se pessoas que vivem maritalmente com índios poderiam permanecer na reserva; c) se 
autoridades religiosas de denominações não indígenas poderiam continuar a exercer suas atividades na 
reserva; d) se templos religiosos já construídos deveriam ser destruídos; e) se escolas públicas estatuais e 
municipais poderiam continuar em funcionamento; f) se, em caso positivo, poderiam continuar a lecionar 
conteúdo voltado à população não indígena; g) se a passagem de não índios pela única rodovia federal a 
ligar Boa Vista a Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, teria sido negada ou assegurada, no todo ou em 
parte, ou se dependeria de autorização; h) se o mesmo ocorreria quanto à rodovia que liga Normandia a 
Pacaraima; i) a quem caberia autorizar a passagem por essas rodovias; j) qual seria a situação das ações 
individuais que questionam a boa-fé dos portadores de títulos de propriedade, se estariam 
automaticamente extintas ou se seriam julgadas individualmente; e k) como se procederia a posse das 
fazendas desocupadas. 
 
No tocante à ausência de citação do Estado de Roraima, desproveram-se os embargos. Lembrou-se que, 
após encerrada a instrução, esse Estado-membro teria pleiteado ingresso como litisconsorte ativo, e o STF 
teria rejeitado o pedido, para admitir o ente federativo somente como assistente simples, a fim de 
ingressar no processo na situação em que se encontrava. Quanto à natureza da decisão proferida em ação 
popular, desproveu-se o recurso. Registrou-se que não seria mais aceito em caráter absoluto entendimento 
segundo o qual apenas sentenças condenatórias seriam suscetíveis de execução. Essa percepção teria sido 
reforçada após a alteração do CPC, que suprimira a referência a sentença condenatória proferida em 
processo civil. Sobreviera o art. 475-N, cujoinciso I identificaria como título executivo a sentença proferida 
no processo civil que reconhecesse a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar 
quantia. Assentou-se que esse dispositivo aplicar-se-ia à sentença que, ao julgar improcedente, parcial ou 
totalmente, o pedido de declaração de inexistência de relação jurídica obrigacional, reconhecesse a 
existência de obrigação do demandante para com o demandado. No caso, apontou-se que o STF teria 
declarado a validade da Portaria 534, de 13.4.2005, do Ministro de Estado da Justiça, que estabelecera a 
demarcação, bem como as condições em que seria implementada. Assim, o objeto executado na decisão da 
Corte seria o decreto presidencial que homologara essa portaria. Ademais, destacou-se que simples 
declaração judicial não teria o condão de fazer cessar, de forma imediata, toda e qualquer oposição 
indevida aos direitos reconhecidos no processo. Concluiu-se que o STF optara por dar execução própria a 
essa decisão, de modo a concretizar a portaria do Poder Executivo. 
 
No que se refere às demais questões formuladas nos embargos, assinalou-se que pessoas miscigenadas, ou 
que vivessem maritalmente com índios, poderiam permanecer na área. Explicou-se que a CF/88 teria 
caráter pluralista e inclusivo, de maneira que o critério adotado pelo acórdão do STF não seria genético, 
mas sociocultural. Desse modo, poderiam permanecer na área demarcada e valer-se de seu usufruto todos 
que integrassem as comunidades indígenas locais. Importaria, para esse fim, a comunhão com o modo de 
vida tradicional dos índios da região. Reputou-se que a indagação acerca da presença de autoridades 
religiosas ou de templos de denominações não indígenas não teria sido debatida no acórdão de forma 
 
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específica, mas reforçou-se que o objetivo da Constituição seria resguardar, para os índios, um espaço 
exclusivo onde pudessem viver a própria cultura e religiosidade. Esse direito, entretanto, não exigiria a 
ausência de contato com pessoas de fora desse espaço, como os não indígenas. Ressalvou-se, por outro 
lado, que não seria legítima a presença de indivíduos que tivessem como propósito interferir sobre a 
religião dos índios. Sublinhou-se, ainda, que a Constituição não teria por objetivo impedir os índios de fazer 
suas próprias escolhas, como se devessem permanecer em isolamento incondicional. Concluiu-se que, nos 
termos do acórdão, seria aplicável à questão religiosa a mesma lógica aplicada quanto ao usufruto das 
riquezas do solo, que seria conciliável com a eventual presença de não índios, desde que tudo ocorresse 
sob a liderança institucional da União. Asseverou-se caber às comunidades indígenas o direito de decidir se, 
como, e em quais circunstâncias seria admissível a presença dos missionários e seus templos. Não se 
trataria de ouvir a opinião dos índios, mas de dar a ela o caráter definitivo que qualquer escolha existencial 
mereceria. No tocante às escolas públicas, explicitou-se que o acórdão teria sido expresso ao dizer que as 
entidades federadas deveriam continuar a prestar serviços públicos nas terras indígenas, desde que sob a 
liderança da União (CF, art. 22, XIV). Assim, seria necessária a presença de escolas públicas na área, desde 
que respeitadas as normas federais sobre a educação dos índios, inclusive quanto ao currículo escolar e o 
conteúdo programático. No que se refere à passagem de não índios pelas rodovias citadas, lembrou-se que 
o acórdão estabelecera esse direito de passagem, visto que os índios não exerceriam poder de polícia, 
sequer poderiam obstar a passagem de outros pelas vias públicas que cruzassem a área demarcada. 
Quanto às ações individuais que questionam a boa-fé dos portadores de títulos de propriedade, proveu-se 
o recurso para explicitar que ao STF não teriam sido submetidos outros processos a respeito de questões 
individuais relacionadas à área. Assentou-se que, uma vez transitada em julgado a sentença de mérito 
proferida em ação popular, nos termos do art. 18 da Lei 4.717/65 (“Art. 18. A sentença terá eficácia de 
coisa julgada oponível ‘erga omnes’, exceto no caso de haver sido a ação julgada improcedente por 
deficiência de prova; neste caso, qualquer cidadão poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, 
valendo-se de nova prova”), todos os processos relacionados a essa terra indígena deveriam adotar as 
seguintes premissas: a) a validade da portaria do Ministério da Justiça e do decreto presidencial, 
observadas as condições estabelecidas no acórdão; e b) a caracterização da área como terra indígena, para 
os fins dos artigos 20, XI, e 231 da CF. Disso resultaria a inviabilidade de pretensões possessórias ou 
dominiais de particulares, salvo no tocante a benfeitorias derivadas da ocupação de boa-fé. Por fim, quanto 
à posse das fazendas desocupadas, desproveu-se o recurso. Frisou-se que o tema não teria sido objeto de 
decisão no acórdão, mas eventuais disputas do tipo deveriam ser resolvidas pelas comunidades 
interessadas, com a participação da Funai e da União, sem prejuízo da intervenção do Ministério Público e 
do Judiciário. Vencido, em parte, o Ministro Marco Aurélio, que, considerados os esclarecimentos 
prestados pelo Plenário quanto a essas questões, provia os embargos em maior extensão. 
 
Em seguida, o Plenário, por maioria, proveu parcialmente embargos declaratórios nos quais impugnadas as 
condições incorporadas ao dispositivo do acórdão recorrido. Alegava-se que não caberia ao STF traçar 
parâmetros abstratos de conduta, que sequer teriam sido objeto de discussão na lide. Sustentava-se que 
condições definidas em caráter geral e abstrato só poderiam ser impostas, a partir de casos concretos, por 
meio de súmula vinculante, inviável na hipótese porque inexistiriam reiteradas decisões da Corte sobre o 
tema. A Corte afirmou que as citadas condições seriam pressupostos para o reconhecimento da 
demarcação válida. Dessa forma, se o fundamento para se reconhecer a validade da demarcação é o 
sistema constitucional, seria o caso de não apenas explicitar o resultado, mas também as diretrizes que 
confeririam substância ao usufruto indígena e o compatibilizariam com outros elementos protegidos pela 
Constituição. Ponderou-se que seria impossível resolver o conflito fundiário apresentado sem enunciar os 
aspectos básicos do regime jurídico aplicável à área demarcada. Nesse sentido, as condições integrariam o 
objeto da decisão e fariam coisa julgada material. Portanto, a incidência das referidas diretrizes na reserva 
em comento não poderia ser objeto de questionamento em outros processos. Ressalvou-se, porém, que 
isso não significaria transformação da coisa julgada em ato normativo geral e abstrato, vinculante para 
outros processos que discutissem matéria similar. Assim, a decisão proferida na ação popular não vincularia 
juízes e tribunais quanto ao exame de outros processos relativos a terras indígenas diversas. Entretanto, 
uma vez pronunciado o entendimento da Corte sobre o tema, a partir da interpretação do sistema 
 
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constitucional, seria natural que esse pronunciamento servisse de diretriz relevante para as autoridades 
estatais que viessem a enfrentar novamente as mesmas questões. Em suma, ainda que o acórdão 
embargado não tivesse efeitos vinculantes em sentido formal, ostentaria a força de decisão da mais alta 
Corte do País, do que decorreria elevado ônus argumentativo nos casos em que se cogitasse de superação 
das suas razões. 
 
A parte recorrente sustentava, ainda, que o STF teria dado primazia incondicionada a interesses da União, 
bem como à tutela do meio ambiente, em detrimento dos direitos indígenas. No ponto, o Tribunal 
observou que o acórdão teria sido expresso a respeito da orientação adotada, sem que se pudesse 
vislumbrar primazia incondicionada em favor de alguém. Explicou-se que se aplicariam aos índios, como a 
quaisquer outros brasileiros nas suasterras, os regimes de proteção ambiental e de segurança nacional. O 
acórdão embargado teria definido como seriam conciliadas, em princípio, as pretensões antagônicas 
existentes. Sublinhou-se que essa seria tarefa ordinária do legislador, mas, na ausência de disposições 
claras sobre essas questões, coubera à Corte discorrer sobre o sentido das exigências constitucionais na 
matéria, à luz do caso concreto. Destacou-se que essa ponderação em abstrato, feita pelo STF, não 
impediria que outros julgadores chegassem a conclusões específicas diversas, que poderiam ser 
questionadas pelas vias próprias. 
 
Alegava-se, também, que a utilização das terras indígenas pela União dependeria da prévia edição de lei 
complementar (CF, art. 231, § 6º). A respeito, o Tribunal asseverou que, de acordo com a interpretação 
conferida pelo acórdão, a reserva de lei complementar prevista nesse dispositivo não alcançaria toda e 
qualquer atuação da União nas terras indígenas. Em particular, o patrulhamento de fronteiras, a defesa 
nacional e a conservação ambiental nas áreas demarcadas não dependeriam da prévia promulgação da 
referida lei. 
 
Indagava-se, ademais, como se realizaria a participação das comunidades indígenas nas deliberações que 
afetassem seus interesses e direitos. A respeito, a Corte afirmou que a consulta aos indígenas seria 
elemento central da Convenção 169 da OIT, que integraria o direito pátrio e teria sido considerada no 
acórdão. Entretanto, frisou-se que esse direito de participação não seria absoluto. Assim, certos interesses 
também protegidos pela Constituição poderiam excepcionar ou limitar, sob certas condições, o 
procedimento de consulta prévia. No caso, lembrou-se que a decisão destacara que o direito de prévia 
consulta deveria ceder diante de questões estratégicas relacionadas à defesa nacional. Via de regra, o 
planejamento das operações militares não envolveria a necessidade de prévia consulta, mas, em relação a 
outros temas, ainda que estrategicamente relevantes, caberia às autoridades, e eventualmente ao 
Judiciário, utilizar-se da referida Convenção para ponderar os interesses em jogo. Salientou-se que a 
relevância da consulta às comunidades indígenas não significaria que as decisões dependessem 
formalmente da aceitação dessas comunidades como requisito de validade. A mesma lógica se aplicaria em 
matéria ambiental, de modo que não haveria problema no fato de que as tradições e costumes indígenas 
fossem considerados como apenas mais um fator, a ser sopesado pela autoridade ambiental. Assim, a 
autoridade responsável pela administração das áreas de preservação não poderia decidir apenas com base 
nos interesses dos indígenas, e deveria levar em conta as exigências relacionadas à tutela do meio 
ambiente. Assinalou-se que, em qualquer caso, estaria garantido o acesso ao Judiciário para impugnar 
qualquer decisão da autoridade competente. 
 
Questionava-se, ainda, a vedação à ampliação das áreas demarcadas, nos termos do que decidido pelo 
Plenário. Primeiramente, o Tribunal esclareceu que o instrumento da demarcação, previsto no art. 231 da 
CF, não poderia ser empregado, em sede de revisão administrativa, para ampliar a terra indígena já 
reconhecida, sob pena de insegurança jurídica quanto ao espaço adjacente. Isso não impediria, entretanto, 
que a área sujeita a uso pelos índios fosse aumentada por outras vias previstas no direito. Nesse sentido, os 
índios e suas comunidades poderiam adquirir imóveis na forma da lei. Além disso, a União poderia obter o 
domínio de outras áreas, por meio de compra e venda, doação ou desapropriação. Em segundo lugar, a 
Corte explicitou que o acórdão não proibiria toda e qualquer revisão do ato de demarcação. Permitir-se-ia 
 
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o controle judicial, e a limitação prevista no ato decisório alcançaria apenas o exercício da autotutela 
administrativa. Portanto, não haveria espaço para nenhum tipo de revisão fundada na conveniência e 
oportunidade do administrador. Isso não ocorreria, porém, nos casos de vício no processo de demarcação. 
Impor-se-ia o dever à Administração de anular suas decisões quando ilícitas, observado o prazo decadencial 
de 5 anos. Nesses casos, a anulação deveria ser precedida de procedimento administrativo idôneo. 
Ademais, como a nulidade configuraria vício de origem, fatos ou interesses supervenientes à demarcação 
não poderiam ensejar a cassação administrativa do ato. Em terceiro lugar, o Tribunal explicitou que seria 
vedado à União rever os atos de demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, ainda que no exercício 
de autotutela administrativa, considerado o fato de que sua correção formal e material teria sido atestada 
pela Corte. Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Joaquim Barbosa, Presidente, que proviam os embargos 
quanto às condicionantes expostas na parte dispositiva do acórdão, visto que encerrariam normas 
abstratas autônomas. Aduziam não caber ao STF atuar de forma tão alargada, como legislador positivo, 
para introduzir regras que somente poderiam existir mediante atuação do Poder Legislativo. 
 
Em seguida, o Plenário proveu parcialmente embargos de declaração nos quais, em face da condicionante do 
acórdão a estipular que o usufruto dos índios não compreenderia a garimpagem ou a faiscação, que 
dependeriam de permissão de lavra garimpeira, alegava-se que caberia apenas aos indígenas o 
aproveitamento de jazimento mineral localizado naquelas terras. A Corte rememorou que o acórdão 
embargado não discutira à exaustão o regime legal e regulamentar aplicável à espécie, mas apenas definira 
que o usufruto não conferiria aos índios o direito de explorar os recursos minerais sem autorização da União, 
nos termos de lei específica (CF, artigos 176, § 1º, e 231, § 3º). Diferenciou-se mineração, como atividade 
econômica, das formas tradicionais de extrativismo, praticadas imemorialmente, nas quais a coleta 
constituiria expressão cultural de determinadas comunidades indígenas. Assim, no primeiro caso, não haveria 
como afastarem-se as exigências constitucionais citadas. Ademais, indagava-se como se realizaria o 
pagamento de indenização quando a feitura de obras públicas, fora da terra indígena, prejudicasse o usufruto 
exclusivo dos índios sobre a área. Esclareceu-se que o ponto não integraria o objeto da ação e, por isso, não 
teria sido abordado na decisão embargada. Salientou-se que a configuração do dever de indenizar dependeria 
de pressupostos que deveriam ser examinados em cada caso concreto, à luz da legislação pertinente. 
 
Seguindo no julgamento do recurso, o Plenário deliberou, em face de questão de ordem apresentada pelo 
Ministro Roberto Barroso, relator, que tão logo transitado em julgado o acórdão, cessaria a competência do 
STF em relação ao feito. Anotou-se que a execução do que decidido pela Corte estaria a transcorrer, na 
justiça federal local, normalmente, e que não haveria mais conflito federativo a sanar. Dessa forma, 
eventuais processos a envolver a área em questão deveriam ser julgados pelos órgãos locais competentes. 
Pet 3388 ED - Primeiros a Sétimos/RR, rel. Min. Roberto Barroso, 23.10.2013. 
 
“Habeas corpus” e sigilo 
A 2ª Turma negou provimento a agravo regimental em habeas corpus no qual condenado a prisão civil por 
dívida pretendia obstar a possibilidade de ofensa ao seu status libertatis. Na espécie, em razão das 
informações do tribunal de origem no sentido de que o paciente obtivera liminar suspensiva do decreto 
prisional com subsequente expedição de contramandado de prisão, o Ministro Celso de Mello, relator, 
julgou prejudicado o habeas corpus. No presente recurso, a defesa intenta o sigilo aos autos, ao argumento 
de se tratar, na origem, de ação de alimentos. A Turma ressaltou a correção da decisão agravada, ante a 
perda superveniente de objeto. Afirmou-se que, embora o CPC determinasse que na ação civil de alimentos 
se observasse o regime de segredo de justiça, não se poderia impor sigilo a habeas corpusem que 
controverso o ius libertatis do devedor alimentante. Frisou-se que não constaria, na autuação do presente 
recurso, o nome do alimentado, cuja não identificação somente se legitimaria quando se tratasse de 
processo de natureza civil. 
HC 119538 AgR/SP, rel. Min. Celso de Mello, 22.10.2013. 
 
 
 
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OUTRAS INFORMAÇÕES QUE CONSTAM NO INFORMATIVO ORIGINAL 
 
 
R E P E R C U S S Ã O G E R A L 
DJe de 21 a 25 de outubro de 2013 
 
REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 677.730-RS 
RED P/ O ACÓRDÃO: MIN. GILMAR MENDES 
Recurso extraordinário. Paridade dos inativos. Art. 40, § 8º, da CF (redação dada pela Emenda Constitucional 20/1998). Servidores aposentados e 
pensionistas do extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER). Extensão dos efeitos financeiros previstos no Plano Especial de 
Cargos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Repercussão geral reconhecida. 
 
Decisões Publicadas:1 
 
C L I P P I N G D O D JE 
21 a 25 de outubro de 2013 
 
Inq N. 3.141-MG 
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES 
Penal. Rejeição da denúncia. Recurso em sentido estrito. 2. Falsificação de documento público (GFIP). 3. Sonegação de contribuição previdenciária. 
4. Falso utilizado como crime-meio para sonegação. Princípio da consunção. 5. Ausência de constituição definitiva do crédito. 6. Súmula Vinculante 
n. 24. 7. Recurso não provido. 
 
AG. REG. NO AI N. 856.945-MS 
RELATORA: MIN. ROSA WEBER 
EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO. ICMS. IMUNIDADE. PRETENSÃO DE ENQUADRAMENTO DE PRODUTO DESTINADO À 
EXPORTAÇÃO COMO SEMIELABORADO. LEI COMPLEMENTAR 65/1991. DEBATE DE ÂMBITO INFRACONSTITUCIONAL. 
EVENTUAL VIOLAÇÃO REFLEXA DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA NÃO VIABILIZA O MANEJO DE RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO. ACÓRDÃO RECORRIDO PUBLICADO EM 16.3.2010. 
As razões do agravo regimental não são aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a decisão agravada, mormente no que se refere ao âmbito 
infraconstitucional do debate, a inviabilizar o trânsito do recurso extraordinário. 
Agravo regimental conhecido e não provido. 
 
AG. REG. NO HC N. 110.814-MG 
RELATOR: MIN. ROBERTO BARROSO 
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. 1. Tráfico de entorpecentes (109 pedras de “crack”). 2. A jurisprudência da Primeira 
Turma do Supremo Tribunal Federal consolidou-se no sentido de admitir que a natureza e a quantidade de droga apreendida sejam utilizadas tanto na 
primeira fase de dosimetria quanto na graduação da minorante prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006. Precedentes. 3. Agravo regimental desprovido. 
 
EMB.DECL. NO AG. REG. NO RE N. 415.296-GO 
RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI 
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 
INCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. REPERCUSSÃO GERAL DO TEMA RECONHECIDA NO RE 
574.706 RG, REL. MIN. CÁRMEN LÚCIA, DJE DE 16/05/2008. DEVOLUÇÃO DOS AUTOS À ORIGEM, PARA APLICAÇÃO DA 
SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS, COM EFEITOS INFRINGENTES. 
 
HC N. 107.199-SP 
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO 
JÚRI – QUALIFICADORAS – INSUBSISTÊNCIA. Uma vez reconhecido que a vítima não foi alvo de surpresa, havendo provocado o agressor, 
descabe a qualificadora do motivo fútil – disputa pela ocupação de uma mesa de sinuca. 
*noticiado no Informativo 716 
 
AG. REG. NO ARE N. 759.995-RJ 
RELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIA 
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. DIREITO DO CONSUMIDOR. SÍTIO DE BUSCA 
NA INTERNET. DIVULGAÇÃO DE FOTOGRAFIAS. DETERMINAÇÃO JUDICIAL DE EXCLUSÃO DO MATERIAL FOTOGRÁFICO. 
ALEGADA AFRONTA AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. NECESSIDADE DE PRÉVIA ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO 
INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA CONSTITUCIONAL INDIRETA. SÚMULA N. 636 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO 
REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 
 
AG. REG. NO RE EM HC N. 97.664-DF 
RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI 
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PENAL. ESTUPRO CONTRA VÍTIMA MENOR DE 14 
ANOS. ART. 213 C/C ART. 224, A, DO CP, COM REDAÇÃO ANTERIOR À LEI 12.015/2009. VIOLÊNCIA PRESUMIDA. CARÁTER 
ABSOLUTO. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 
1. A jusrisprudência majoritária do Supremo Tribunal Federal reafirmou o caráter absoluto da presunção de violência no crime de estupro contra 
vítima menor de catorze anos (art. 213 c/c art. 224, “a”, do CP, com a redação anterior à Lei 12.015/2009), sendo irrelevantes, para tipificação do 
delito, o consentimento ou a compleição física da vítima. Precedentes. 
 
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2. Agravo regimental a que se nega provimento. 
 
HC N. 112.103-MG 
RELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI 
EMENTA: PENAL. HABEAS CORPUS. PACIENTE DENUNCIADO PELO CRIME DE FURTO QUALIFICADO (ART. 155, § 4º, IV, DO CP). 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. REPROVABILIDADE DA CONDUTA DO AGENTE. REPRIMENDA QUE NÃO 
DESBORDOU OS LINDES DA PROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE. ORDEM DENEGADA. 
I – A aplicação do princípio da insignificância, de modo a tornar a ação atípica, exige a satisfação, de forma concomitante, de certos requisitos, quais 
sejam, a conduta minimamente ofensiva, a ausência de periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a lesão 
jurídica inexpressiva. 
II - Para o reconhecimento da insignificância da ação, não se pode levar em conta apenas a expressão econômica da lesão. 
III – No caso sob exame, a conduta do paciente não pode ser considerada minimamente ofensiva, além de apresentar elevado grau de reprovabilidade. 
IV – Os limites da razoabilidade e da proporcionalidade na aplicação da pena foram observados pelo juízo de primeiro grau e pelo Tribunal estadual, 
que, ao apreciar a apelação interposta pela defesa, reduziu a reprimenda ao mínimo legal. 
V – Ordem denegada. 
*noticiado no Informativo 676 
 
AG. REG. NO ARE N. 681.780-DF 
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI 
EMENTA: Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Administrativo. Servidor público. Remoção de ofício. Impossibilidade 
de continuar frequentando curso superior na nova lotação. Impossibilidade de remoção do cônjuge para acompanhá-lo. Circunstâncias 
fáticas que nortearam a decisão da origem em prol do princípio da proteção à família. Reexame de fatos e provas. Impossibilidade. 
Precedentes. 
1. A Corte de origem concluiu, em razão de circunstâncias fáticas específicas, que o princípio da proteção à família deveria prevalecer em relação ao 
princípio da supremacia do interesse público, ante o evidente prejuízo que a remoção acarretaria ao servidor e à sua família. 
2. Ponderação de interesses que, in casu, não prescinde do reexame dos fatos e das provas dos autos, o que é inadmissível em recurso extraordinário. 
Incidência da Súmula nº 279/STF. 
3. Agravo regimental não provido. 
 
AG. REG. NO RE N. 594.233-DF 
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI 
EMENTA: Administrativo. Servidor público. Anistia. Extinção de empresa pública. Estrutura absorvida pela Administração direta. Direito 
ao aproveitamento que não representa violação da exigência de concurso público. Possibilidade de o empregado anistiado vir a ocupar cargo 
público oriundo de transformação. 
1. A benesse concedida pela Lei nº 8.878/94 ficou condicionada à transferência ou absorção da atividade desenvolvida pelo ente extinto por outro 
órgão da Administração Pública Federal. É possível inferir do acórdão regional que o feixe de competências antes atribuído à Empresa Brasileira de 
Transportes Urbanos foi conferido ao Ministério dos Transportes. 
2. A jurisprudência da Corte já reconheceu que o implemento da exigência prevista na lei de anistia constitui direito do empregado/servidor ao 
aproveitamento. 
3. Não há qualquer ofensa à exigência de concurso público na hipótese, uma vez que o recorrente já figurava nos quadros da Administração, 
exercendo emprego que, por força de reforma administrativa,foi convertido em cargo público. 
4. O recorrente que mantinha vínculo permanente não foi investido em cargo público com burla da regra do concurso público, mas, sim, aproveitado 
pela Administração por força da conversão de seu vínculo anterior. 
5. Com relação ao agravante que mantinha vínculo precário com a Administração, nada há a prover, pelo fato de sua pretensão não estar acobertada 
pela envergadura da lei de anistia. Essa conclusão a que chegou a Corte de origem somente poderia ser ilidida a partir de nova imersão no cenário 
fático-probatório constante dos autos. Incide, nesse particular, a Súmula nº 279 da Corte. 
 
HC N. 111.205-CE 
RED P/ O ACÓRDÃO: MIN. ROBERTO BARROSO 
EMENTA: HABEAS CORPUS. ROUBO MAJORADO. PRISÃO PREVENTIVA. EXCESSO DE PRAZO. SUPERVENIÊNCIA DA SENTENÇA 
CONDENATÓRIA. ORDEM DENEGADA. 
A alegação de excesso de prazo da prisão preventiva fica superada pela superveniência da sentença condenatória. 
Ordem denegada. Cassada a liminar deferida. 
 
HC N. 110.013-MS 
RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI 
EMENTA: HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME. COMETIMENTO DE FALTA GRAVE. INTERRUPÇÃO DO 
PRAZO PARA A CONCESSÃO DE NOVA PROGRESSÃO. ILEGALIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. PRECEDENTES. ORDEM DENEGADA. 
1. É firme a jurisprudência desta Corteno sentido de que a prática de falta grave no decorrer da execução penal interrompe o prazo para concessão de 
progressão de regime, reiniciando-se, a partir do cometimento da infração disciplinar grave, a contagem do prazo para que o condenado possa pleitear 
novamente o referido benefício executório. Precedentes. 
2. Ordem denegada. 
 
AG. REG. NO ARE N.679.802-PE 
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI 
EMENTA: Agrvo regimental no recurso extraordinário com agravo. Administrativo. Responsabilidade civil do Poder Público. Disparo de 
arma de fogo por policial militar em serviço. Lesão corporal. Dever de indenizar demonstrado na origem. Indenização. Valor. Reexame de 
fatos e provas. Impossibilidade. Precedentes. 
1. O Tribunal de Justiça concluiu, com base nos fatos e nas provas dos autos, que o Estado tinha o dever de indenizar o agravado, policial militar, 
pelos danos por estes sofridos em decorrência de disparo de arma de fogo desferido por outro policial militar dentro da Corporação. 
2. Para rever a conclusão a que chegou a Corte de origem acerca do dever de indenizar, bem como quanto ao montante da indenização, seria 
necessário reexaminar os fatos e as provas dos autos, o que é inadmissível em recurso extraordinário. Incidência da Súmulas nº 279 da Corte. 
3. Agravo regimental não provido. 
 
AG. REG. NO ARE N.705.174-PR 
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI 
EMENTA: Servidor público preso preventivamente. Descontos nos proventos. Ilegalidade. Precedentes. 
 
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1. A jurisprudência da Corte fixou entendimento no sentido de que o fato de o servidor público estar preso preventivamente não legitima a 
Administração a proceder a descontos em seus proventos. 
2. Agravo regimental não provido. 
 
RHC N. 107.210-PE 
RED P/ O ACÓRDÃO: MIN. DIAS TOFFOLI 
EMENTA: Recurso ordinário em habeas corpus. Penal. Latrocínio (CP, art. 157, § 3º). Nulidade da sentença penal condenatória. Alegação de 
falta de fundamentação e de ausência de elementos probatórios. Não ocorrência. Fundamentação idônea quanto à materialidade do delito e à 
responsabilidade do recorrente. Pretendido reconhecimento de crime único contra o patrimônio, resultante na morte da primeira vítima e 
em lesão corporal à segunda. Plausibilidade jurídica da tese. Delito praticado com unidade de desígnios. Reconhecimento do concurso formal 
próprio (CP, art. 70, 1ª parte). Precedentes da Suprema Corte. Reconhecimento da atenuante da menoridade do recorrente ao tempo do 
crime (CP, 65, inciso I). Comprovação. Tema, contudo, não submetido às instâncias antecedentes. Inadmissível dupla supressão de instância. 
Não observância da incidência da atenuante pelas instâncias de mérito. Ilegalidade flagrante. Recurso parcialmente provido. Ordem de 
habeas corpus concedida de ofício. 
1. A alegação de falta de fundamentação do édito condenatório - por ausência de materialidade do delito e de responsabilidade do recorrente - não se 
sustenta na espécie, uma vez que o Tribunal estadual, de forma fundamentada, contextualizou as provas colacionadas nos autos, entendendo-as 
suficientes para a condenação do ora recorrente. 
2. O pretendido reconhecimento do concurso formal próprio no delito de latrocínio praticado encontra respaldo jurídico na jurisprudência do Supremo 
Tribunal, segundo a qual “o crime de latrocínio é um delito complexo, cuja unidade não se altera em razão da diversidade de vítimas fatais; há um 
único latrocínio, não obstante constatadas duas mortes; a pluralidade de vítimas não configura a continuidade delitiva, vez que o crime-fim 
arquitetado foi o de roubo e não o de duplo latrocínio” (HC nº 71.267/ES, Segunda Turma, Relator o Ministro Maurício Corrêa, DJ de 20/4/95). 
3. Embora a incidência da atenuante da menoridade não tenha sido submetida às instâncias antecedentes, de modo a ser vedada a sua análise no 
presente ensejo, sob pena de dupla supressão de instância, a existência de prova cabal nos autos demonstrando essa condição pessoal do recorrente ao 
tempo do crime autoriza a concessão de habeas corpus de ofício para que se implemente o redutor de pena (CP, art. 65, inciso I), uma vez que 
configura constrangimento ilegal flagrante a sua não observância pelas instâncias de mérito. 
4. Recurso ordinário parcialmente provido. 
5. Ordem concedida de ofício para reduzir a pena pela atenuante prevista no art. 65, inciso I, do Código Penal. 
 
AG. REG. NO AG. REG. NA Rcl N. 6.239-RO 
RED P/ O ACÓRDÃO: MIN. ROSA WEBER (ART.38,IV, b, DO RISTF) 
EMENTA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. ATUAÇÃO PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 
ATRIBUIÇÃO DO PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA. ILEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. 
Incumbe ao Procurador-Geral da República, na condição de custos legis ou na hipótese em que o Ministério Público da União seja parte, atuar perante 
este Supremo Tribunal Federal, consoante entendimento jurisprudencial consagrado à luz dos arts. 128, § 1º, da Constituição da República e 46, 
caput, da Lei Complementar 75/93. 
Ausência de legitimidade do Ministério Público do Trabalho para recorrer de decisão proferida no âmbito desta Suprema Corte. Precedentes. 
Agravo regimental conhecido e não provido. 
*noticiado no Informativo 667 
 
AG. REG. NO RE N. 661.243-DF 
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI 
EMENTA: Agravo regimental no recurso extraordinário. Direito Civil. Dano moral. Não caracterização. Dever de indenizar Inexistência. 
Reexame de fatos e provas. Impossibilidade. Ausência de repercussão geral. Precedentes. 
1. O Tribunal de origem concluiu, com base nos fatos e nas provas dos autos, que o agravado, ao veicular o artigo jornalístico, não teria abusado do 
direito de informar, nem tido o ânimo de ofender a honra do ora agravante, de modo que não teria ocorrido ato ilícito apto a configurar dano moral 
indenizável. Incidência da Súmula nº 279/STF. 
2. O Plenário da Corte, no exame do ARE nº 739.382/RJ, Relator o Ministro Gilmar Mendes, concluiu pela ausência de repercussão geral do tema 
relativo à configuração da responsabilidade civil por dano à imagem ou à honra, haja vista que o deslinde da questão não ultrapassa o interesse 
subjetivo das partes, tampouco prescinde do reexame de fatos e provas. 
3. Agravo regimental não provido. 
 
AG. REG. NO ARE N. 763.778-RS 
RELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIA 
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE A 
MENOR SOB GUARDA DA AVÓ. CONDIÇÃO DE BENEFICIÁRIA DEPENDENTE: ANÁLISE PRÉVIA DE NORMA 
INFRACONSTITUCIONAL E REEXAME DE FATOS E PROVAS. OFENSA CONSTITUCIONAL INDIRETA. SÚMULA N. 279 DO 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.HC N. 114.534-SP 
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES 
Habeas corpus. 2. Quadrilha armada, falsidade ideológica e concussão. Condenação. Negativa do direito de recorrer em liberdade. 3. Pedido de 
concessão da ordem para que os pacientes possam recorrer em liberdade ou, subsidiariamente, conversão da prisão em medidas cautelares, nos termos 
da Lei 12.403/2011. 4. Manutenção da prisão justificada na necessidade de garantir a ordem pública e assegurar a aplicação da lei penal. Quadrilha 
armada composta por policiais civis e militares, voltada à exploração de jogos de azar. Cometimento de crimes com prevalecimento do cargo, 
propiciando, em Guarulhos, o descrédito da polícia investigativa. Fundamentação idônea que recomenda a medida constritiva. 5. Medidas cautelares 
alternativas diversas da prisão, previstas na Lei 12.403/2011, não se mostram suficientes para acautelar o meio social. 6. Ausência de constrangimento 
ilegal. Ordem denegada. 
 
AG. REG. NO AI N. 738.804-SP 
RELATORA: MIN. ROSA WEBER 
EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO. IPTU. IMUNIDADE. ENTIDADE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL SEM FINS LUCRATIVOS. LOCAÇÃO DE 
IMÓVEL. DESTINAÇÃO DA RENDA OBTIDA COM O ALUGUEL. SÚMULA 279/STF. ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DE EVENTUAL 
AFRONTA À CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DEPENDENTE DO REEXAME DA MOLDURA FÁTICA CONSTANTE NO ACÓRDÃO 
REGIONAL. ACÓRDÃO RECORRIDO PUBLICADO EM 19.12.2007. 
À luz da moldura fática delineada no acórdão recorrido, a pretensão da recorrente de obter decisão em sentido diverso do acórdão recorrido encontra 
óbice na Súmula 279/STF. 
Agravo regimental conhecido e não provido. 
 
AG. REG. NO RE N. 668.722-RS 
 
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RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI 
EMENTA: Agravo regimental no recurso extraordinário. Direito à saúde. Portadora de doença grave. Determinação para que o Estado 
forneça fraldas descartáveis. Caracterização da necessidade. Reexame de fatos e provas. Impossibilidade. Precedentes. 
1. O Poder Judiciário, em situações excepcionais, pode determinar que a Administração Pública adote medidas concretas, assecuratórias de direitos 
constitucionalmente reconhecidos como essenciais, como é o caso da saúde. 
2. A Corte de origem consignou ser necessária a aquisição das fraldas descartáveis, em razão da condição de saúde da agravada e a impossibilidade de 
sua representante legal de fazê-lo às suas expensas. 
3. Inadmissível, em recurso extraordinário, o reexame dos fatos e das provas dos autos. Incidência da Súmula nº 279/STF. 
4. Agravo regimental não provido. 
 
AG. REG. NO ARE N. 725.451-RJ 
RELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIA 
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. CONSTITUCIONAL. ANISTIA. ART. 8º DO 
ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS. PROMOÇÃO RESTRITA AO POSTO QUE O MILITAR ALCANÇARIA SE 
TIVESSE SIDO REFORMADO PELOS TRÂMITES LEGAIS. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA 
PROVIMENTO. 
 
Acórdãos Publicados: 389 
 
TRANSCRIÇÕES 
 
Com a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensão mais 
aprofundada do pensamento do Tribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões que tenham 
despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade jurídica. 
 
Revisão de benefício previdenciário e prazo decadencial (Transcrições) 
 
(v. Informativo 724) 
 
RE 626489/SE* 
 
RELATOR: Ministro Roberto Barroso 
 
 
EMENTA: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS). REVISÃO DO ATO DE 
CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. 
1. O direito à previdência social constitui direito fundamental e, uma vez implementados os pressupostos de sua aquisição, não deve ser 
afetado pelo decurso do tempo. Como consequência, inexiste prazo decadencial para a concessão inicial do benefício previdenciário. 2. É 
legítima, todavia, a instituição de prazo decadencial de dez anos para a revisão de benefício já concedido, com fundamento no princípio da 
segurança jurídica, no interesse em evitar a eternização dos litígios e na busca de equilíbrio financeiro e atuarial para o sistema previdenciário. 
3. O prazo decadencial de dez anos, instituído pela Medida Provisória 1.523, de 28.06.1997, tem como termo inicial o dia 1º de agosto de 
1997, por força de disposição nela expressamente prevista. Tal regra incide, inclusive, sobre benefícios concedidos anteriormente, sem que isso 
importe em retroatividade vedada pela Constituição. 4. Inexiste direito adquirido a regime jurídico não sujeito a decadência. 
 
Voto: I. A HIPÓTESE 
 
1. O presente recurso extraordinário discute a incidência do prazo decadencial de dez anos – introduzido pela Medida Provisória n° 1.523, de 
28.06.1997 – sobre as pretensões de revisão de benefícios previdenciários instituídos antes dessa inovação legislativa. O caso concreto subjacente 
envolve aposentadoria por invalidez concedida a **, em 08.06.1995 (fl. 26). O Juizado Federal declarou extinta a demanda ajuizada pela aposentada, 
com resolução de mérito em seu desfavor. O fundamento foi a suposta decadência do direito à revisão, tendo em vista que a ação somente foi proposta 
em 03.06.2009, já após o referido prazo decenal. A Turma Recursal dos Juizados Especiais de Sergipe deu provimento ao recurso interposto da 
sentença e afastou a decadência, determinando ao juízo de origem que analisasse a questão de fundo. Dessa decisão foi interposto o recurso 
extraordinário. O provimento judicial impugnado tem a seguinte ementa: 
 
“DIREITO PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. DECADÊNCIA. NORMA DE DIREITO MATERIAL. 
APLICAÇÃO APENAS AOS BENEFÍCIOS PREVIDENCI-ÁRIOS CONCEDIDOS A PARTIR DA EDIÇÃO DE MEDIDA PROVISÓRIA NO. 
1.523/1997. ENTENDIMENTO PACÍFICO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DESTA TURMA RECURSAL. PRECEDENTES. 
PROVIMENTO DO RECURSO. 
1. Esta Corte já firmou entendimento de que o prazo decadencial previsto no caput do artigo 103 da Lei de Benefícios, introduzido pela 
Medida Provisória no. 1.523-9, de 27.6.1997, convertida na Lei no. 9.528/1997, por se tratar de instituto de direito material, surte efeitos 
apenas sobre as relações jurídicas constituídas a partir de sua entrada em vigor. Na hipótese dos autos, o benefício foi concedido antes da 
vigência da inovação mencionada e, portanto, não há que se falar em decadência do direito de revisão, mas, tão somente, da prescrição das 
parcelas anteriores ao quinquênio antecedente à propositura da ação (STJ, Agravo Regimental no Agravo de Instrumento n. 846.849/RS, 
Quinta Turma, Relator(a) JORGE MUSSI, DJE Data: 3/3/2008). 
2. Como o benefício previdenciário revisando foi concedido à parte autora antes da vigência da Medida Provisória no. 1.523-9/1997 
está imune à incidência do prazo decadencial. 
3. Orientação pacífica do Superior Tribunal de Justiça e desta Turma Recursal. 
4. Provimento do recurso.” 
 
2. A controvérsia tem sua origem no fato de que a Lei n° 8.213/1991, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social, não 
continha previsão de prazo para a postulação de benefício previdenciário e tampouco para os pedidos de sua revisão. Previa-se apenas a incidência do 
prazo de cinco anos para a cobrança de parcelas vencidas e não pagas, preservando-se integralmente o fundo de direito. Confira-se a redação original 
do art. 103: 
 
“Art. 103. Sem prejuízo do direito ao benefício, prescreve em 5 (cinco) anos o direito às prestações não pagas nem reclamadas na 
época própria, resguardados os direitos dos menores dependentes, dos incapazes e dos ausentes.” 
 
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2
 
 
3. Posteriormente, a Medida Provisória n° 1523-9/1997 alterou a redação do dispositivo transcrito, passando a prever prazo decadencial para 
revisão do benefício inicialmente concedido, nos seguintes termos: 
 
“Art. 103. É de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para a revisão do ato 
de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento

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