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islã e alcorão (1)

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UNIRIOS – Centro Universitário do Rio São Francisco
Willas Souza da Silva
História do Direito
Direito 
1° Período
Sala 204, Bloco A, 1º Andar.
Paulo Afonso BA
2020
Memória da Aula de História do Direito
Professora: Maria Cleonice de Souza Vergne
Capítulo VIII
O Islã
O Direito Muçulmano, nascido na Idade Média, hoje é a base da vida de cerca de um quinto da humanidade, independentemente de suas nacionalidades. Esse Direito é utilizado bastante na atualidade, visto que a religião islâmica cresce em todo mundo e é o meio de unidade de vários países. Por meio de interpretações do livro sagrado dos muçulmanos, inúmeras mulheres são obrigadas a ter o corpo todo coberto, não podem ter sequer identidade civil em alguns países, não têm direito algum sobre os filhos e são condenadas à morte, mesmo em casos comprovados de estupro. 
O Islã surgiu na Arábia, na região situada na Ásia e Arábia, entre o Mar Mediterrâneo e o Oceano Indico. Sendo um movimento político-religioso, ele transpôs rapidamente as fronteiras da Arábia alcançando a Ásia, o norte da África e a Europa, pela Península Ibérica. Os beduínos, como eram chamados os árabes do deserto, tinham uma vida bastante difícil, permeada por constante ameaça de fome e guerra. A região central da Península Arábica é formada por desertos de zonas pedregosas, dunas, rios secos e oásis que apresentam poços de água em meio à exuberante vegetação. São estes que possibilitam a vida neste local, entretanto são temporários. 
Antes de o Islã surgir, as tribos vivia tentando garantir a posse destes oásis. Quando um poço secava, o povo que vivia ao seu redor migrava procurando outro e ao encontrá-lo tentavam expulsar as tribos que viviam no local. A população de beduínos era extremamente numerosa, a poligamia era uma prática comum e, embora produzissem tâmaras e trigos e criassem ovelhas, cabras e camelos, isto não era geralmente suficiente para alimentar toda a população. Antes do Islã eles eram politeístas, seus deuses eram representados por ídolos depositados no santuário da cidade de Meca em um templo quase cúbico chamado Caaba; para lá deveriam ir beduínos, em data fixa no ano, para realizar a peregrinação. Este edifício de quinze metros de altura, dez de comprimento e doze de largura. 
O Islamismo tem um fundador, Mohamed. Sua vida, sua história, é a própria essência do Islamismo. Ele é, até hoje, o exemplo a ser seguido, o guia do Islã. O Islamismo em nascimento tem um ambiente a ser compreendido. Além dos desertos, duas cidades são personagens principais desta natividade: Meca e Medina.
Meca era uma cidade de comercio, um centro de peregrinações. A cada ano, no inverno, uma caravana de cidadãos de Meca ia procurar em Adem mercadorias provenientes da Índia. Estes produtos eram distribuídos, durante o verão, através de caravanas, para a Síria e o Egito, para daí partirem para o sul. Mohamed nasceu em Meca e era de uma família de notáveis da cidade que havia perdido sua influência. Ele perdeu o pai antes de nascer e a mãe aos seis anos. Cresceu exercendo o comercio e aos vinte e cinco anos casou com Khadija, viúva de quarenta anos. Mohamed, ao ir para um retiro teve um sonho, que um sobre-humano lhe dava umas ordens. Para os muçulmanos era mensagens que o Anjo Gabriel ditava. 
Em Medina, Mohamed passou a ser atribuições também políticas e buscou centralizar o poder, inclusive através da nova religião que pregava. Quando o numero de seguidores do Islamismo tornou-se grande, Mohamed tomou Meca, destruiu seus ídolos e transformou a Caaba no centro religioso do Islamismo.
Mohamed morreu em Medina, dez anos após a Hégrica. Após sua morte muitas disputas aconteceram, no seio do mundo islâmico, no sentido de apontar ou manter sucessores para a posição de chefia que o Profeta poderia substituí-lo, mas a tradição dizia a contrário. 
O Direito Muçulmano é melhor titulado como “O Direito dos Muçulmano”, assim o é porque, sendo um direito bastante religioso, ou é atualmente o Direito efetivo de alguns países de religião islâmica ou é base do direito de países islâmicos. Pode-se afirmar mais absolutamente de que no caso de qualquer outro direito, que este Direito muçulmano é religioso, tendo em vista que não é uma ciência autônoma, mas uma das faces da religião. Além disso, a principal sanção compreendida neste direito muçulmano preocupa-se, geralmente, muito poucos com sanções nas regras que prescreve e, pelo mesmo motivo, somente é aplicável aos fiéis. É na puberdade que o muçulmano se torna obrigado à lei, isto porque se considera que, a partir deste período, o indivíduo possui o uso da razão. É costume preparar as crianças para o momento a partir do qual deverão obedecer a lei islâmica. São quatro fontes do direito muçulmano: o Alcorão, o livro sagrado da religião; a Suna, tradição relativa ao profeta sua vida e suas decisões; o Idjamá, acordo unânime e da comunidade; e o Ciyãs, que é o raciocínio por analogia. 
A Suna, sem duvidas, é de grande importância para a religião e para a legislação islâmica, é o conjunto de atos, palavras e silêncios, comportamentos do profeta Mohamed. Cada uma das ações do profeta constitui um hadith, estes foram compilados nos séculos VIII e IX. Para vários muçulmanos, o Alcorão não é suficiente como legislação, que necessita ser precisado, mesmo se somado também à Suna. Então, alem do livro sagrado, a opinião dos doutores em unanimidade - chamados Idjamá’ – também é considerada na formação da Shari’a – palavra árabe para lei. Portanto, o Idjmâ’ é considerado como a interpretação infalível e definitiva do Alcorão e da Suna. Esta doutrina foi construída entre os séculos VIII e IX. O ano de 922 d.C e apontado pelos Muçulmanos a data limite da possibilidade de interpretação das fontes da “Lei Revelada”, assim sendo, desde então, a doutrina é imutável. Os sábios deste período aplicaram princípios diferentes, dando origem a escolas jurídicas diversas; entre estes princípios podemos apontar a própria Idjmâ’, o interesse comum chamado istiçlâh, a interpretação pessoal e o qiyâs, raciocínio por analogia.
Durante a Idade Média, a escola de ash’aritas ficou predominada, que partia do pressuposto de que o bem provinha unicamente do bel-prazer de Deus. Atualmente há varias escolas que muitas vezes diferem entre si por causa de detalhes mínimos. São quatro as escolas em que nos dias atuais podem ser indicados como principais:
· Escola Hanafita: cujo fundador foi Abu Hanifa, morto em 767. Esta escola é encontrada atualmente na Turquia, na Índia, na China e tem adeptos nos países que historicamente pertenceram ao Império Otomano. Este rito se baseia na razão primordialmente, tendo uma tendência mais liberal na interpretação das fontes.
· Escola Malekita: Malik, que morreu em 795, foi o fundador desta escola qu está presente na Arábia, na África do Norte e Ocidental, no Sudão e no Alto Egito. Os malekitas insistem no recurso ao princípio da utilidade geral, do bem comum.
· Escola Shafi’ita: fundada por Al-Shafi’i, morto em 855. Este rito tem forte presença no Baixo Egito, na Síria, na Arábia Meridional, Malásia, Indonésia e África Oriental. Baseando-se no recurso da analogia, esta escola busca unir a tradição e o consenso. 
· Escola Hanbalita: Ibn Hanbal, falecido no ano de 855, fundou esta escola extremamente tradicionalista que se encontra atualmente na Arábia.
Alcorão
O alcorão é tratado por os muçulmanos como sendo de autoria divina, pois Mohamed teria ouvido do anjo Gabriel as palavras de Alah e transmitido para os Crentes. Mas Mohamed não sabia ler e nem escrever, logo não foi ele que escreveu o Alcorão. Quando falava, os seguidores retinham suas palavras na memória ou a escreviam no mais variado tipo de materiais, qualquer que estivesse à mão, como pele de cabra, omoplatas de camelos, folhas de tamareiras, pergaminhos, pedras. Após a morte de Mohamed, seu sucessor, de nome Abu Bakr, resolveu encarregar Zaid Ibn Thabet de reunir todos os fragmentos das palavras do Profeta como meio de impedir que estas se perdessem. O terceirosucessor de Mohamed mandou organizar o livro da maneira que chegou até os dias de hoje. Os textos foram repartidos em 114 suras ou capítulos, subdivido em versículos. Cada sura tem um titulo que não resumo o assunto como comumente um titulo o faz, é apenas uma palavra que existe no meio da sura que foi retirada para servir de titulo. Cada sura é como uma preleção. As suras e os versículos variam muito em extensão e não sabemos por que não foram organizadas de maneira cronológica e sim por tamanho, já que as maiores aparecem primeiro e as menores são deixadas para o fim. A mensagem alcorânica pode ser dividida, de forma simplista, em duas partes: O corpo de mensagens de Meca (82 suras) e o Medina (28 suras). As mensagens de Meca são basicamente religiosas e dizem respeito ao Monoteísmo, ao bom trato de convivência entre os crentes e à obediência a Alah. Mas, quando o Profeta teve que mudar-se de Meca para Medina por causa de perseguições e nesta cidade tornou-se um líder religioso, político e militar, isto ficou refletido em suas mensagens. 
Executando-se questões diárias muito interessantes contidas no Alcorão, este documento tem uma mensagem muito simples: ele anuncia o juízo final e o que um bom crente deve fazer para evitar as ameaças de fogo eterno. Mas, mesmo neste sentido, o Alcorão tem dois momentos específicos; as mais antigas insistiam em questões relativas à justiça social; depois, pouco a pouco as ameaças objetivam àqueles que rejeitam a unidade de Deus ou que não aceitam Mohamed como o Profeta e o líder espiritual e político do islã. 
Alguns pontos do Alcorão:
a) A infalibilidade do Alcorão: um dos dogmas mais profundos do Islamismo e, por conseguinte, de seu Livro Sagrado é a infalibilidade deste e o Profeta escolhido por Alah para difundir suas palavras. 
b) Justiça e Equidade: Em um sentido geral, a sociedade muçulmana é igualitária, visto que não reconhece sacerdócio. Logo, para a lei, todos devem ser tratados de maneira igual, pois são idênticos na fé. 
c) Recompensa daqueles que cumprem a Lei: Um dos pilares da fé islâmica é a recompensa espiritual dada àqueles que são fieis à crença e a punição com o inferno para aqueles chamados infiéis. Neste sentido, o Alcorão promete um paraíso muito semelhante ao que, provavelmente, um crente à época de Mohamed consideraria como uma ótima vida na terra.
d) Pena de Talião: Para o Alcorão a aplicação do principio da pena de talião é prevista, inclusive com exemplos.
e) Homicídio: O principio da pena de Talião também deve ser aplicado quando do homicídio, entretanto está aberta a possibilidade de perdão. Quando há o perdão do homicídio, um parente da vítima deve ser indenizado.
Além desses, no Alcorão traz pontos referentes a alimentos proibidos, bebidas e jogos, usurpação e suborno, peregrinação e condições, casamento, poligamia, mulheres, adultério, divorcio, testemunho e herança, viúvas, órfãos, adoção, moral sexual e celibato, difamação e injuria, endividamento e juros, inviolabilidade de domicilio, despojos de guerra e privilégios do profeta.

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