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APS TRAFICO 2

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INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA: QUESTIONAMENTOS JURÍDICOS SOBRE TRÁFICO DE PESSOAS
 BRUNA SILVA SANTOS
CIBELE CORRÊA MACIEL
DANIELE DUARTE FONTES
LARISSA GALAVOTI MARTINS
NATHALIA CRISTINA DOS SANTOS MACEDO
VIVIAN B MARTINS
SOROCABA
2019
INSTITUTO DE JURÍDICAS
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA: QUESTIONAMENTOS JURÍDICOS SOBRE TRÁFICO DE PESSOAS
 BRUNA SILVA SANTOS
CIBELE CORRÊA MACIEL
DANIELE DUARTE FONTES
LARISSA GALAVOTI MARTINS
NATHALIA CRISTINA DOS SANTOS MACEDO
VIVIAN B MARTINS
Trabalho do componente curricular de Atividade Prática Supervisionada apresentado atendendo às exigências da disciplina de Direito e Globalização, sob a orientação e supervisão do Professor Me. Ricardo José Orsi de Sanctis.
SOROCABA 
2019
1. INTRODUÇÃO:
Segundo, Benigno Núñez Novo o tráfico humano é o comércio de seres humanos, mais comumente para fins de escravidão sexual, trabalho forçado ou exploração sexual comercial, tráfico de drogas ou outros produtos; para a extração de órgãos ou tecidos, incluindo para uso de barriga de aluguel e remoção de óvulos; ou ainda para cônjuge no contexto de um casamento forçado, escravidão e o tráfico de pessoas são oriundos da antiguidade, Mesopotâmia, Grécia e Roma tratavam os escravos como coisas, que tinham valor apenas quando estavam com validade e seu serviço ou produto de seu trabalho forçado pudesse dar lucro a quem o explorava. O Código de Hamurabi, o Justiniano e o da Lex Poetelia Papiria, determinavam que o escravo era uma coisa cuja importância se encerrava em seu lucro, não tendo nenhum direito de pleitear.
 No século XIX, rejeições ao tráfico de pessoas negras africanas para práticas escravistas tomaram fôlego, juntamente com a urgência, da preocupação com o tráfico de mulheres brancas para prostituição. Mesmo estando relacionado, os dois tipos de tráfico são acontecimentos distintos, pois são movidos por preocupações diversas. A elaboração da categoria tráfico de mulheres brancas, além de trazer consigo um racismo latente, se fez com base no empenho em proteger o ideal de pureza feminina. Inventou-se a prostituição num tempo marcado por teorias eugenistas e evolucionistas. No século XIX, marco da constituição de uma ciência sexual, a prostituição foi tratada como objeto do saber médico, entendida como doença, como desvio social. As prostitutas foram muradas fora das cidades, consideradas um empecilho à civilização e à moralidade. Naquela época, já se falava de prostituição atravessando fronteiras nacionais. 
 Em 1904, na esteira da discussão sobre tráfico para práticas escravistas nas Américas, o Tratado Internacional para Eliminação do Tráfico de Escravas Brancas, foi o primeiro instrumento internacional que tratou de tráfico para exploração sexual. No ano de 1885, o Criminal Law Amendment Act, que mencionava o tráfico de mulheres para prostituição, mas que não se constituía como uma norma específica sobre a questão.
 O Brasil integrou-se ao Tratado Internacional para Eliminação do Tráfico de Escravas Brancas e adaptou seu ordenamento jurídico ao conteúdo dessa convenção. Na redação original do Codigo Criminal do Imperio do Brazil de 1830, a prostituição não se constituía como um problema, embora já fosse visível a desqualificação de quem exercia essa atividade. A única referência feita a tal prática está no artigo 222, sobre estupro, onde aparece uma pena diferenciada caso o crime fosse cometido contra uma mulher honesta. Havia preocupações com relação a poligamia, adultério, rapto, ofensas à moral e aos bons costumes, diferenciações entre mulheres honestas, solteiras e casadas, o código imperial traduz a noção de prostituta como mulher pública, de todos, mulher da rua, fora dos padrões de comportamento normativo e que não merece a mesma proteção que as demais. Porém, inexiste uma preocupação específica com tal prática. Tampouco na redação original do Código Penal dos Estados Unidos do Brazil de 1890 os desassossegos a respeito de tráfico aparecem. Essa normativa, elaborada no auge do período vitoriano, mantém diferenciações entre mulheres honestas e prostitutas, concebe a prostituta como mulher pública, refere-se à virgindade das mulheres (porém não dos homens) e faz várias referências ao estado civil das mulheres (porém não dos homens). No título VIII, “Dos crimes contra a segurança da honra e honestidade das famílias e do ultraje público ao pudor”, capítulo III, “Do lenocínio”, com apenas dois artigos, o código faz uma menção ao tráfico. Praticava lenocínio quem excitasse, favorecesse ou facilitasse a prostituição de alguém para “satisfazer desejos desonestos ou paixões lascivas” de alguém. Em seguida, o artigo 278 parece tratar de exploração da prostituição.
1. Principais aspectos da legislação brasileira
O artigo 1° da lei 13. 344, de 6 de outubro de 2016, define que a lei abrange o tráfico de pessoas cometido no território nacional contra vítima brasileira ou estrangeira e no exterior contra vítima brasileira, sendo que de acordo com o parágrafo único o enfrentamento ao tráfico de pessoas compreende a prevenção e a repressão desse delito, bem como a atenção às suas vítimas.
O Capítulo II define que a prevenção ao tráfico de pessoas deve ser através de medidas integradas de todos os setores sociais e com o respaldo de campanhas socioeducativas, mobilizadoras e preventivas.
No capítulo III a repressão ao tráfico deverá ser realizada com cooperação dos órgãos judiciais, nacionais e estrangeiros, integração de políticas e ações de repressão e responsabilização dos autores.
Em relação a proteção e assistência às vítimas, o art. 6° estipula a assistência jurídica, social, de trabalho e emprego e saúde, devendo a vítima ser acolhida e abrigada, com o atendimento de suas especificidades, etária, sexual, cultural ou qualquer outra necessidade, tendo a sua intimidade e identidade preservada, com atendimento humanizado.
De acordo com o art. 7° será concedida residência permanente às vítimas de tráfico de pessoas no território nacional, independentemente da situação migratória e de colaboração em procedimento administrativo, policial ou judicial, sendo o visto ou residência permanente estendido a cônjuges, companheiros, ascendentes e descendentes e para outros membros do grupo familiar que comprovem dependência econômica ou convivência habitual com a vítima.
Nas disposições processuais, no art. 8°, o juiz de ofício, a requerimento do MP ou com representação do delegado de polícia, poderá decretar medidas assecuratórias aos bens, direitos ou valores do investigado ou acusado, caso tenha indícios.
O art. 13 consta a inclusão no decreto lei n° 2.848 de 7 de dezembro de 1940, o art. 149-A do CP, cujo texto define a tipicidade do tráfico de pessoas, como agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar, ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de remoção de órgãos, tecidos ou partes do corpo, submeter a trabalho análogo à de escravo ou qualquer tipo de servidão, adoção ilegal ou exploração sexual, com a reclusão de 4 a 8 anos e multa, sendo a pena aumentada de um terço até a metade se o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, se o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência, com a prevalência de relações de parentesco do agente e quando a vítima for retirada do território nacional.
2. Julgado e argumentos jurídicos 
Tribunal Regional Federal da 3ª Região TRF-3 - APELAÇÃO CRIMINAL : ACR 0002955-90.2005.4.03.6181 SP
1. Recurso de apelação interposto por réu contra sentença em que foi ele condenado pela praticade delito tipificado pelo Artigo 231, §§ 2º e 3º do código penal, com redação anterior conferida pela Lei 11.106\05.
2. Inexistência de abolitio criminis. Conduta em tese amoldada ao novel artigo 149-A do Código Penal. Imputação de pratica de delito de aliciar pessoas, mediante fraude, para posterior saída do território nacional com o intuito de exploração sexual das vítimas.
3. Materialidade e autoria. Comprovação. Réu que atuava na coordenação do esquema, bem como no fornecimento dos meios materiais para a promoção da saída das aliciadas do território nacional. Condição de participe (relevante), atestada na forma do artigo 29 do Código Penal. Vítimas que eram aliciadas diretamente pelo irmão do réu (cuja a ação penal foi desmembrada), com falsas promessas de emprego regular na Europa como garçonetes. Chegando em solo português, eram submetidas a exploração sexual continua, mediante coação. Comprovada, ainda, a ciência do réu quanto ao método fraudulento de promoção da saída das vítimas do território nacional. Pratica da conduta típica na forma qualificada (Código Penal, art. 231, § 2º, na redação anterior a vigência da Lei 11.106| 05). Condenação mantida. 
4. Dosimetria. Alterações. Pena base reduzida, excluindo-se a valoração negativa da conduta social do réu, de maneira a evitar inaceitável bis in idem. Mantida a valoração da culpabilidade, das circunstancias do crime e da personalidade do réu. Bem se sabe que a avaliação da personalidade de um indivíduo deve ser feita com rigorosa cautela, para que não se recaia em preconceitos ou no desvalor apenas com base em morais de maior aceitação em determinadas quadras históricas, subjetivismos vedadas em ordenamento jurídico pluralistas e assegurados de liberdades e de direitos individuais em geral. Ocorre que, o caso concreto, há provas no sentido de que o réu praticou crimes em diversas espécies por longo espaço de tempo em reiterado e contundo descumprimento das normas básicas (jurídicas e sociais) de convívio humano. Conforme consta dos autos, foi o réu condenado na República Portuguesa (com transito em julgado) pelas práticas de sequestro, lenocínio, falsificação de documentos, lesão corporal e porte ilegal de armas, condutas essas práticas a partir de 1998. Demais disso, e conforme relatos das vítimas constantes dos autos, praticava o acusado agressões contra elas e mesmo contra sua esposa, chegando a obrigar a própria cônjuge a se prostituir. Reduzida a majoração de pena decorrente da aplicação da regra prevista no artigo 71 do Código Penal (continuidade delitiva), em linha com a jurisprudência do C. STJ a respeito do tema. Pena de multa e valor unitário do dia-multa reduzidos. Multa que deve ser estabelecido com obediência aos mesmos critérios utilizados para fixação concreta da pena privativa de liberdade, ante as circunstancias judicias especialmente negativas do caso concreto. Código Penal, art. 33, § 3º.
5. Condenação mantida. Recurso defensivo parcialmente provido. Determinada expedição de oficio ao Ministério da Justiça, para posterior encaminhamento ao Reino da Espanha (onde ocorre processo de extradição movido em face do réu por esta Republica). 
O réu foi condenado de acordo com o artigo dp CP - Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940:
Art. 231. Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de alguém que nele venha a exercer a prostituição ou outra forma de exploração sexual, ou a saída de alguém que vá exercê-la no estrangeiro. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) (Revogado pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
§ 3o Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) (Revogado pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
O art. 13 consta a inclusão no decreto lei n° 2.848 de 7 de dezembro de 1940, o art. 149-A do CP, define que submeter a trabalho análogo à de escravo ou qualquer tipo de servidão, adoção ilegal ou exploração sexual, terá reclusão de 4 a 8 anos e multa, sendo a pena aumentada de um terço até a metade se o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, se o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência, com a prevalência de relações de parentesco do agente e quando a vítima for retirada do território nacional. Na situação o réu era irmão do aliciador da vítima e a retirou do território nacional para exploração sexual com objetivo de vantagem econômica.
 Considerações Finais
Mesmo sendo muito discutido atualmente, o Tráfico de Pessoas, às vezes, torna-se imperceptível aos alhos das autoridades brasileiras.
É certo que vem crescendo consideravelmente as medidas preventivas e repressivas, mas esse delito ainda vem tomando proporções e gerando lucros para os criminosos.
O Tráfico de Pessoas faz e já fez várias pessoas como vítimas, mas, as principais deste crime horrendo são mulheres, crianças e adolescentes.
De alguma forma, o medo e a vergonha de ter sido inserido na rede do tráfico, faz com que as vítimas deixem de denunciar e, assim, o crime continua impune e se alastra.
Para se combater o Tráfico de Seres Humanos, é preciso que todas as autoridades, nacionais e internacionais, estejam envolvidas nesta busca e que, principalmente as vítimas, denunciem as ações criminosas.
Sabemos que a rede do tráfico é muito estruturada e organizada, portanto, às vezes, não basta o trabalho da polícia, sendo necessária a grande participação da população com as denúncias.
Conforme o desenvolvimento desse trabalho, aprofundamos o conhecimento acerca do Tráfico de Pessoas e vimos além daquilo que é passado na televisão. Logo, conclui-se que o órgão policial brasileiro tem se dedicado enormemente à luta contra o Tráfico de Seres Humanos, para que a impunidade não atinja proporções mais assustadoras.
 REFERÊNCIAS: 
https://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/artigo/4495/trafico-internacional-pessoas
http://www.scielo.br/pdf/rbh/v33n65/03.pdf
RODRIGUES, Bruno Porangaba. Tráfico de pessoas e escravidão contemporânea: reflexões críticas. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 24, n. 5864, 22 jul. 2019. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/75281. Acesso em 2/ setembro/2019
https://www.politize.com.br/trafico-de-pessoas-no-brasil-e-no-mundo/

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