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The Journal of Engineering and Exact Sciences - JCEC ISSN: 2527-1075 Vol. 0X N. 0Y (201Z) 00AA–00BB doi: https://doi.org/10.18540/252710750X0Y201Z00AA OPEN ACCESS CARACTERIZAÇÃO MECÂNICA DE COMPÓSITO PRODUZIDO A PARTIR DOS RESÍDUOS DE ESTEATITA MECHANICAL CHARACTERIZATION OF COMPOSITES PRODUCED FROM STEATITE RESIDUES C. E. da ROCHA1, M. V. VENANCIO1, P. H. B. P. GUIMARÃES1, C. R. FERREIRA1 1 Instituto Federal de Minas Gerais – Campus Ouro Branco, Departamento de Engenharia de Metalúrgica, Brasil E-mail: valentim.maik@gmail.com RESUMO: A esteatita é um mineral de origem metamórfica conhecida por apresentar granulometria fina e poucas aplicações. Neste trabalho, procura-se indicar novas aplicações para este material, reaproveitando resíduos do processamento de pedra sabão. Os resíduos obtidos foram peneirados a 20 mesh, o passante foi misturado com argamassa refratária para cerâmicos, acetato de polivinila (PVA), parafina granulada e água. As misturas foram então compactadas com forças de 10, 20 e 30 KN, com uma pré-carga de 5 KN, levadas a um Forno Mufla com aquecimento em rampa até atingir uma temperatura de 800ºC e mantidas a essa temperatura durante 1h. Para aferição das propriedades mecânicas do compactado, foram realizados ensaios de compressão diametral. No qual, demostraram que os resíduos compactados na presença dos aglomerantes, apresentaram resistência mecânica inferior devido à porosidade provocada pela volatilização da parafina. ABSTRACT: Steatite is a mineral of metamorphic origin known to have fine granulometry and few applications. In this work, we try to indicate new applications for this material, reusing waste from soapstone processing. The obtained residues were sieved at 20 mesh, the passant was mixed with ceramic refractory mortar, polyvinyl acetate (PVA), granular paraffin and water. The blends were then packed with forces of 10 K, 20 KN and a preload of 5 KN, taken to a Muffle Furnace with ramp heating to a temperature of 800 ° C and held at that temperature for 1 h. To measure the mechanical properties of the compacted, diametrical compression tests were performed. In which, they demonstrated that the compacted residues in the presence of the binders, presented inferior mechanical resistance due to the porosity provoked by the volatilization of paraffin. a r t i c l e i n f o Article history: Received 6 July 2016 Accepted 3 January 2017 Available online 6 January 2017 PALAVRAS-CHAVE: Esteatita; Pedra Sabão; Caracterização Mecânica; Reaproveitamento de Resíduos. KEYWORDS: Esteatite; Soapstone; Mechanical Characterization; Reuse of waste. The Journal of Engineering and Exact Sciences - JCEC, Vol. 0X N. 0Y (201Z) 00AA–00BB 1. INTRODUÇÃO A esteatita, popularmente conhecida como pedra-sabão, é um mineral de origem metamórfica, abundante no estado de Minas Gerais e bastante utilizado para a produção de peças artesanais para uso doméstico, como panelas, jogos, porta-livros, copos, cinzeiros, entre outros. Devido às características físicas e mecânicas como a baixa dureza e a boa estabilidade dimensional, este material permite a fabricação de peças com elevado grau de complexidade, além de apresentar boa resistência em condições adversas (exposição ao frio, calor, chuva, sol entre outros), o que o faz deste material ideal para a produção de peças artísticas como aqueles produzidas por Aleijadinho e nas cidades históricas de Minas Gerais e o revestimento do Cristo Redentor no Rio de Janeiro, fazendo da pedra-sabão um dos elementos mais importantes da cultura popular brasileira, conforme mostra a Figura 1. Figura 1- A Esquerda o Profeta Abdías esculpido por Aleijadinho e a direita o Cristo Redentor no Morro do Corcovado no Rio de Janeiro Segundo Torres et al. (2007), a produção das peças de esteatita é feita a partir do desgaste da rocha in natura, que é primeiramente cortada com auxílio de serras, e após o corte as peças são torneadas ou podem ser desgastadas com pequenas ferramentas utilizadas pelos artesãos. A produção das peças de esteatita gera grande quantidade de resíduos pós, resíduos estes que, devido ao caráter artesanal da produção, são majoritariamente descartados de maneira irregular na natureza (Torres et al, 2007; Santos, 2010). Estima-se que de toda a esteatita extraída apenas cerca de 60% são convertidos em resíduos, segundo Rodrigues et al. (2012), portanto o desenvolvimento de um método para o reaproveitamento destes resíduos torna-se de grande relevância. Entre os minerais presentes na esteatita estão a clorita, quartzo, calcita, dolomita, magnesita, hematita entre outros, e apesar das múltiplas aplicações, pouca literatura foi desenvolvida sobre a caracterização da esteatita e consequentemente de seus resíduos. Uma importante contribuição para o desenvolvimento de novas aplicações foi dada por Ranieri The Journal of Engineering and Exact Sciences - JCEC, Vol. 0X N. 0Y (201Z) 00AA–00BB (2011), no qual está, desenvolveu um método de reaproveitamento dos resíduos através de sua compactação, misturados em aglomerantes de baixo custo. O método desenvolvido por Ranieri foi levado e aprovado por artesãos da cidade de Santa Rita de Minas. Recentemente o método foi desenvolvido com adição de outros componentes (Rocha et al, 2017) Neste trabalho objetiva-se caracterizar um compósito obtido através da compactação de resíduos de esteatita com materiais aglomerantes, de forma a auxiliar no desenvolvimento de novas aplicações para estes resíduos. 2. MATERIAIS E MÉTODOS No presente trabalho foram utilizados resíduos da chamada esteatita esverdeada. Os resíduos foram então peneirados, em peneiras com abertura de 20 mesh. O material passante foi misturado com argamassa refratária para cerâmicos comercial, parafina granulada, acetato de polivinila (PVA) e água. Dentre estes matérias, a agua, a parafina e o PVA foram satisfatoriamente testados como aglomerantes por Ranieri [5], e neste trabalho testou-se também a argamassa refratária para cerâmicos. Pela necessidade se obtenção de resistência, o método de conformação escolhido foi a prensagem uniaxial para a formação de todos os compostos sintéticos de esteatita. As amostras foram produzidas em tréplicas, sendo que no total foram produzidas 18 (dezoito) amostras com iguais composições química e massa total de 65 g cada amostra. Das amostras produzidas 9 (nove) passaram pelo processo de aquecimento até a temperatura de 800°C, buscando uma provável sinterização. As massas de cada material utilizado na produção das amostras são encontradas na Tabela 1. Tabela 1 - Composição em massa dos materiais misturados para formação das amostras Material Massa (g) % (peso) Esteatita 50 77,0 Argamassa 5 7,7 Acetato de Polivinila (PVA) 2,5 3,8 Parafina granulada 5 7,7 Água 2,5 3,8 Para a compactação das amostras adaptou-se uma Máquina Universal de Tração EMIC DL-30000 de carga máxima de 300 KN, com um punção de aço SAE 1020 com diâmetro de 40 mm ou área de 1256 mm2, de forma com que este se encaixa perfeitamente, em um tubo também de aço SAE 1020 utilizado como matriz de compactação. A Figura 2 mostra o equipamento utilizado na compactação das amostras e a Figura 3 mostra o esquema do The Journal of Engineering and Exact Sciences - JCEC, Vol. 0X N. 0Y (201Z) 00AA–00BB Figura 2 - Máquina de Universal de Tração adpatada para o ensaio (esquerda) e amostras preparadas (direita). Foram realizadas misturas com a mesma composição, essas misturas foram então compactadas com 3(três) forças diferentes: 10, 20 e 30 KN em um intervalo de tempo de 45- 60 segundos cada, com uma pré-carga de 2 KN. Após a compactação das amostras aguardou- se a secagem desta in natura por pelo menos 48 horas. Para uma melhor visualização das informações, as pressõesde compactação são de 7.96, 15.92 e 23.88 Mpa. A Tabela 2 mostra uma representação geral das amostras preparadas, lembrando que estas foram feitas em tréplicas. Tabela 2 – Representação geral das amostras preparadas Amostra Força de compactação (kN) Força de Compressão Média (N) Aquecimento à 800°C 1 10 740 Não 2 20 840 Não 3 30 406,6 Não 4 10 173,3 Sim 5 20 220 Sim 6 30 186,6 Sim Após a compactação, as amostras 4, 5 e 6 foram aquecidas na rampa em forno do tipo mufla com uma taxa de aquecimento 30ºC/min até atingir uma temperatura de 800ºC. As amostras foram então mantidas nessa temperatura por aproximadamente 1h e em seguida, The Journal of Engineering and Exact Sciences - JCEC, Vol. 0X N. 0Y (201Z) 00AA–00BB resfriadas à temperatura ambiente. A Figura 3 retrata a curva de aquecimento/resfriamento em relação ao tempo, no qual as amostras foram submetidas. Figura 3 - Ciclo térmico de Aquecimento A partir das amostras, aquecidas a 800°C ou não, teve início o processo de caracterização das propriedades mecânicas do material obtido. O método escolhido para a caracterização das propriedades mecânicas das amostra foi a resistência a tração calculada a partir da compressão diametral conforme Figura 4 e equação a seguir: (1) Nessa formula P representa a carga aplicada, D o diâmetro da amostra e h a espessura da amostra. A escolha deste método baseou-se na boa repetibilidade e facilidade na obtenção dos resultados. A carga máxima aplicada em cada amostra foi a carga até o rompimento. Os ensaios foram todos conduzidos no Laboratório de Ensaios Mecânicos do IFMG Campus Ouro Branco e o aquecimento foi conduzido em um Forno Mufla do IFMG Campus Ouro Branco. The Journal of Engineering and Exact Sciences - JCEC, Vol. 0X N. 0Y (201Z) 00AA–00BB Figura 4 - Esquema do Ensaio de Compressão Diametral (esquerda) e realização do ensaio (direita). 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES A partir das amostras compactadas e aquecidas à 800°C quando foi o caso, mediu-se a espessura dessas e verificou-se que quanto maior a força de compactação menor é a espessura obtida. Após a compactação, aguardou-se a secagem das amostras in natura por pelo menos 48 horas e notou-se que estas esfarelavam bem menos que as amostras recém-compactadas, que apesar de apresentar boa estabilidade, esfarelavam bastante nas bordas. Percebeu-se ainda que as amostras aquecidas até 800°C apresentavam elevada porosidade, e que estas esfarelavam bastante. Acredita-se que isso tenho sido resultado da volatização da parafina granulada. A volatização da parafina pode ser percebida de maneira clara quando o forno estava em temperaturas entre 250 e 400°C. Acredita-se que a parafina e água deixaram nas amostras muitos espaços vazios, o que resultou em elevada porosidade e consequentemente menor resistência mecânica. A Tabela 2 e a Figura 5 mostra os resultados de resistência a tração obtidos através da compressão diametral das amostras. A partir dos dados percebe-se que tanto nas amostras aquecidas a 800 °C quanto nas amostras sem aquecimento a maior resistência mecânica foi obtido com a força de compressão de 20 KN, o que equivale a 15,92 MPa (Figura 5). The Journal of Engineering and Exact Sciences - JCEC, Vol. 0X N. 0Y (201Z) 00AA–00BB Figura 5 - Resultados dos Ensaios de Compressão Diametral apresentados graficamente. Tabela 2 – Resultados dos Ensaios de Compressão Diametral Amostra Força de compactação (kN) Força de Compressão Média (N) Aquecimento à 800°C 1 10 740 Não 2 20 840 Não 3 30 406,6 Não 4 10 173,3 Sim 5 20 220 Sim 6 30 186,6 Sim A partir dos dados registrados de deformação das amostras aquecidas a 800°C durante o ensaio de compressão diametral foi possível plotar o gráfico de tensão de compressão em função da deformação para as amostras que passaram pelo aquecimento. Os resultados estão nas Figuras a seguir para as amostras compactadas com 10, 20 e 30 kN respectivamente. The Journal of Engineering and Exact Sciences - JCEC, Vol. 0X N. 0Y (201Z) 00AA–00BB Figura 6 - Tensão de Compressão x Deformação para Amostra 4 Figura 7 - Tensão de Compressão x Deformação para Amostra 5 The Journal of Engineering and Exact Sciences - JCEC, Vol. 0X N. 0Y (201Z) 00AA–00BB Figura 8 - Tensão de Compressão x Deformação para Amostra 6 4. CONCLUSÕES A partir dos dados encontrados e discutidos conclui-se que os resíduos de esteatita compactados na presença de parafina granulada, argamassa refratária para cerâmicos, PVA e água apresenta resistência mecânica inferior quando o compósito é aquecido a 800°C na rampa devido a porosidade provocada pela volatilização da parafina. Este resultado permite inferir que durante o aquecimento não ocorreu a sinterização do material, que era esperado para aumentar a resistência mecânica deste. Conclui-se ainda que tanto para as amostras aquecidas a 800°C quanto para as amostras somente compactadas a resistência mecânica é maior quando a força de compactação foi de 20 KN ou 15,92 MPa. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SANTOS, R. A. Viabilidade da utilização de resíduos da Pedra sabão na fabricação de material refratário. 2010. 40 f. Monografia (Graduação em Engenharia Metalúrgica) – Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, MG, 2010. TORRES, H. S. S. Caracterização do refugo do esteatito das indústrias e oficinas artesanais da região de Congonhas, Conselheiro Lafaiete, Mariana e Ouro Preto. 2007. 132 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Materiais) – Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, MG, 2007. The Journal of Engineering and Exact Sciences - JCEC, Vol. 0X N. 0Y (201Z) 00AA–00BB RODRIGUES, M. L. M.; LIMA, R. M. F. Cleaner production of soapstone in the Ouro Preto region of Brazil: a case study. Journal of Cleaner Production, Ouro Preto, MG, v.32, p.149-156, mar./abr. 2012. TORRES, H. S. S.; VARAJÃO, A. F. D. C.; SABIONI. A. C. S. Technological properties of ceramic produced from steatite (soapstone) residues–kaolinite clay ceramic composites. Applied Clay Science, Santa Luzia, MG, v.112-113, p.53–61, abr./mai. 2015. RANIERI, M. G. A. Aproveitamento dos resíduos gerados pelo processamento industrial/artesanal de pedra-sabão da região de Ouro Preto. 2011, 115 f. Tese (Doutorado em Engenharia Mecânica de Materiais) – Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, SP, 2011. ROCHA, C. E.; VENANCIO, M. V.; GUIMARÃES, P. H. B. P.; FERREIRA, C. R. Caracterização e Produção de Compostos Sintéticos de Esteatita a partir de resíduos gerados pelo Processamento de Pedra Sabão. In: Seminário de Iniciação Científica IFMG, 2017, Betim, MG. Anais. Instituto Federal de Minas Gerais. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7222: Argamassa e concreto - Determinação da resistência à tração por compressão diametral de corpos- de-prova cilíndricos - Método de ensaio. Rio de Janeiro 1994.
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