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Contribuição da Epidemiologia para a gestão em saúde

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Contribuição da Epidemiologia para a gestão em saúde 
 
 
A Epidemiologia, enquanto campo produtor de símbolos, conhecimentos e instrumentos sobre 
a situação de saúde no nível populacional, pouco contribuirá para o processo de produção de 
ações e serviços de saúde. 
 
Entretanto, vale argumentar que a Epidemiologia Clínica, que propõe a utilização da 
metodologia epidemiológica fora de contextos populacionais, pode contribuir, mesmo que de 
forma limitada, para a efetividade da prática médica e de um modelo assistencial centrado 
nessa prática. 
 
O fato é que modelo médico-assistencial privatista encontra-se em crise há muito tempo, 
principalmente por não estar conseguindo melhorar os níveis de saúde da população e por 
estar apresentando custos crescentemente elevados, dificultando o acesso de muitos grupos 
populacionais a serviços essenciais de recuperação da saúde. 
 
A necessidade de novos modelos de saúde tem levado à prática de “experiências alternativas, 
ou seja, não hegemônicas. 
 
De forma geral, esses “modelos alternativos” possuem as seguintes características: 
 
 Valorização do trabalho em equipe multiprofissional de saúde e também de 
profissionais de outras áreas; 
 
 Atuação sobre o processo saúde/doença/cuidado, desde os Determinantes Sociais da 
Saúde (DSS), passando pelos riscos até os danos; 
 
 
 Mobilização de tecnologias médico-sanitárias integradas, necessárias para a atuação 
sobre determinantes, riscos e danos enfatizando a “oferta organizada” sobre 
problemas/necessidade de saúde em detrimento da “demanda espontânea”. 
 
Um desenho de um processo de produção de ações e serviços de saúde, com essas 
características, necessita o uso da Epidemiologia. 
 
Segundo Portela & Teixeira, (2011) para agir concretamente sobre os DSS, riscos e danos é 
preciso reconhecer a importância e a necessidade de ações sobre os mesmos. Identificar e 
explicar os problemas de saúde e seus determinantes, destacando as iniquidades também é 
imprescindível, além de dispor de tecnologias que permitam a realização de ações integradas 
e intersetoriais. 
 
A Epidemiologia é essencial ao delineamento e implantação de um modelo integral de atenção 
à saúde. 
 
Dessa forma, o gestor comprometido com a mudança do modelo assistencial precisa da 
Epidemiologia para delinear um processo de produção de ações de saúde que favoreça o 
alcance do objetivo de melhorar as condições de saúde da população, sem apresentar custos 
elevados. 
 
 
 
 
 2 
Entretanto, o desenho e a implantação de um modelo desse tipo não são tarefas simples, o 
que justifica a persistência da hegemonia do modelo médico-assistencial privatista. 
 
PORTELA & TEIXEIRA, (2011) destacaram certas características da gestão pública do SUS, em 
especial os limites da gestão tripartite vigente no Brasil como uma importante dificuldade 
para o desenho e implantação de um processo de produção de atenção integral à saúde. 
 
Esses autores relataram que apesar dos avanços nos processos de definição e divisão das 
atribuições das três esferas de governo, a integração institucional dos serviços de saúde, na 
sua interface com os usuários ainda está longe de ser uma realidade, predominando, na 
prática a fragmentação do cuidado em todos os aspectos, inclusive na divisão de trabalho 
institucional, com a esfera municipal se ocupando da atenção básica e as esferas estadual e 
federal, da atenção de média e alta complexidade. 
 
Algumas estratégias para reverter essa situação têm sido propostas, destacando a implantação 
de Territórios Integrados de Atenção à Saúde (TEIAS). Os TEIAS se propõem “a integrar as 
ações de atenção básica aos serviços de urgência e à atenção especializada, além das ações 
de vigilância em saúde para assegurar o acesso ao cuidado integral, a melhoria da gestão 
clínica, a promoção da saúde e o uso racional de recursos. Essa integração se baseia em 
mecanismos de gestão interinstitucional cooperativa, com formulação conjunta de políticas, 
adoção de processos decisórios participativos, compartilhamento de recursos e 
monitoramento e avaliação coletiva do desempenho da rede.”. 
 
O conceito de territórios integrados compartilha as características do modelo de atenção 
integral à saúde, exigindo a incorporação de conhecimentos epidemiológicos para o seu pleno 
funcionamento. 
 
Segundo Portela & Teixeira (2011) a implantação de um modelo de atenção integral à saúde 
significa a adoção de um processo de produção de ações e serviços de saúde que permita 
melhorar as condições de saúde da população. Dentro desse contexto, destaca-se a 
contribuição da Epidemiologia. 
 
A construção de um processo de produção de ações e serviços de saúde que, além de facilitar 
o trabalho do gestor, permite melhorar as condições de saúde da população está relacionada 
à produção de conhecimento sobre a influência dos Determinantes Sociais Da Saúde (DSS) no 
estabelecimento de um perfil epidemiológico. 
 
Dessa forma, a identificação e explicação dos problemas de saúde e a elaboração de 
estratégias que facilitem a realização de ações integradas sobre os DSS, riscos e danos serão 
imprescindíveis. É importante destacar que para contribuir com a gestão da saúde, a 
Epidemiologia não pode se limitar a identificar fatores de risco para agravos específicos. 
 
Na verdade, a Epidemiologia precisa desenvolver investigações na interface biológico-social 
de todo processo saúde/doença/cuidado, sendo necessário, ainda, o estabelecimento ou a 
restauração das relações de confiança entre profissionais e usuários dentro de um novo 
padrão de profissionalismo. 
 
No que diz respeito às relações de trabalho há uma especificidade da gestão da saúde que 
facilita a tarefa do gestor: a valorização do trabalho em saúde pela sociedade. Normalmente, 
as pessoas que trabalham cuidando da saúde de outras pessoas são generosas e solidárias e se 
 
 
 
 3 
sentem satisfeitas com isso. E, as pessoas que recebem o cuidado, geralmente, reconhecem o 
valor do trabalho do profissional de saúde. 
 
No plano da gestão pública da saúde, também existem especificidades que ajudam o gestor, 
destacando a própria Legislação do SUS, que exige a participação social, inclusive a dos 
trabalhadores, motivados pelos princípios da solidariedade, na gestão do sistema e dos 
serviços de saúde. A participação é uma estratégia importante para se alcançar a 
convergência entre os objetivos organizacionais e os objetivos pessoais de cada membro da 
organização.

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