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6 Direitos de Personalidade Liberdade de Expressão e Expressão Artística

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Tópicos Constitucionais
6. Recortes objetivos da doutrina recomendada no plano de ensino. Confronte com o conteúdo aplicado e as análises efetuadas em sala de aula, questões de concurso, e a bibliografia indicada. Examine a legislação e consulte a jurisprudência. Pesquise, atualize, questione e discorra sobre a matéria.
Direitos de Personalidade
Os direitos da personalidade são: 
· (conceito) aqueles irrenunciáveis e intransmissíveis que todo indivíduo tem de controlar o uso de seu corpo, nome, imagem, aparência ou quaisquer outros aspectos constitutivos de sua identidade. Direitos atinentes à promoção da pessoa na defesa de sua essencialidade e dignidade. 
A evolução a proteção dos direitos da personalidade deve-se em boa medida à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (Inspirada nos pensamentos dos iluministas e na Revolução Americana, a Assembleia Nacional Constituinte da França revolucionária aprovou em 26 de agosto de 1789 e votou definitivamente a 2 de outubro do mesmo ano; e a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH,1948, adotada pela Organização das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, esboço do canadense John Peters Humphrey. Ainda que não seja documento com obrigatoriedade legal é a base de dois tratados sobre direitos humanos da ONU com força de lei: o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais).
Os direitos da personalidade, como categoria de direito, firmam-se a partir do século XX, mas a tutela jurídica da integridade da pessoa sempre foi uma constante ocupação do direito. A actio iniuriarum referia-se aos atentados à pessoa, física ou moral e a lex poetelia papilia distinguia o corpo do devedor da respetiva dívida, impossibilitando que o devedor ou seus dependentes pudessem tornar-se escravos do credor, dando o seu corpo como garantia para empréstimo (direito romano antigo). 
Natureza jurídica: de poderes que o homem exerce sobre a sua própria pessoa. 
Sujeito ativo: a pessoa humana, o indivíduo, a pessoa física. 
Características (flexíveis, admitem temperamento): 1) inatos; 2) gerais (generalidade, outorgado pela mera existência da pessoa); 3) extra-patrimoniais. Disso se infere que são impenhoráveis (não se sujeitam à penhora). Ainda que insuscetíveis de apreciação econômica, sua violação pode gerar consequências de ordem patrimonial – direito ao pleito dos reflexos patrimoniais causados pela lesão a direito da personalidade; 4) absolutos (oponíveis erga-omnis); 5) indisponíveis (relativamente. A cessão de uso não deve ser geral e ocorrer dentro de certo lapso temporal); 6) imprescritíveis (não há prazo para que possa ser exercido, mas a pretensão indenizatória que surja da violação de um determinado direito da personalidade é prescritível (3 anos, art. 206, § 3º, V, CC); 7) intransmissíveis (Se extinguem com a morte do titular. Art. 11 CC. Mas, podem ser transmitidos e/ou adquiridos com a herança. Podem requerer a tutela dos direitos do falecido os legitimados indiretos – cônjuge, quaisquer parentes em linha reta ou colateral até o quarto grau, Art. 12, § único, CC -, porque como sofrem danos reflexos podem pleiteá-los). 
Regulação no Código Civil. Os direitos da personalidade não são regulados exaustivamente pelo Código Civil. Em caso de colisão entre eles deve-se aplicar a técnica da ponderação. 
Art. 1º, III, CF. A dignidade da pessoa humana é um dos fundamentos da República (forma de governo na qual o chefe do Estado é eleito pelo povo ou seus representantes, tendo a sua chefia duração limitada. A eleição do chefe de Estado (por regra denominado presidente da república) é normalmente realizada através do voto livre e secreto. Dependendo do sistema de governo (presidencialista ou parlamentarista), o presidente da República pode ou não acumular o poder executivo. O mandato tem duração típica de quatro ou cinco anos, havendo geralmente limitação no número consecutivo de mandatos). A dignidade da pessoa humana torna concretos os direitos da personalidade.
Art. 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
Art. 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar. 
Teoria civil constitucional. Direitos da Personalidade não são direitos patrimoniais. São direitos inerentes à pessoa humana. Devem ser exercidos concomitantemente com os direitos da plena realização da pessoa humana. Os direitos da personalidade concretizam a dignidade da pessoa humana. 
Teoria clássica. Não abordava explicitamente o princípio da dignidade da pessoa humana. Conceito. Direitos subjetivos que têm como objeto os bens e valores essenciais da pessoa em seu aspecto físico, moral e intelectual. 
Personalidade jurídica, não é uma mera aptidão genérica para ser sujeito de direitos e deveres. A personalidade é um atributo inerente à pessoa humana que permite a sua plena realização como ser humano. 
A pessoa humana nascida com vida tem personalidade.
Art. 2º do Código Civil. “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”.
Não se deve confundir personalidade com capacidade. Art. 1º do Código Civil. “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. Isso significa que, adquirida a personalidade toda pessoa passa a ser titular de direitos e deveres na ordem civil. Isso é capacidade de direito. Toda pessoa que tem capacidade de direito tem personalidade, mas nem toda pessoa que possui personalidade tem capacidade de fato, que significa poder realizar por si só os atos da vida civil. Teoria das incapacidades. Art. 3º do CC. “São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos”. Art. 4º do CC. “São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: I os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II – os ébrios, habituais e os viciados em tóxico; III – aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; IV – os pródigos. Parágrafo único: a capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial”. A Lei n. 4.375, de 17-8-64, estabelece em seu art. 73 que, para efeito do serviço militar, cessará a incapacidade civil do menor, na data em que completar 17 anos. 
Representado. O absolutamente incapaz não participa do ato jurídico, sendo praticado pelo representante. 
Assistido. Um ato praticado por alguém relativamente incapaz deverá ter, para sua validade, assistência. Alguns atos podem ser praticados pelos relativamente incapazes sem assistência e sem que isso redunde em nulidade. 
O Código Civil e os institutos de Direito Civil como um todo têm que ser submetidos ao filtro dos princípios constantes na Constituição Federal. 
Art. 1º, III, CF A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: III – a dignidade da pessoa humana. 
A partir da Constituição de 1988 qualquer instituto de Direito somente é legítimo e credor de tutela se estiver de acordo com esse ditame constitucional, o princípio da dignidade da pessoa humana. 
O Código Civil de 1916 não previa de direitos da personalidade; valorizava o proprietário (a pessoa como dona de bens) e não a pessoa humana, estrito senso. Foi o Código Civil de 2002 que trouxe a inovação, com base no método constitucional de 1988: Parte geral, Livro I, Das Pessoas, Capítulo II, Dos direitos da personalidade, arts. 11 a 21. 
Os direitos da personalidade, consagrados no Código Civil têm que sempre estar em consonância com os princípios da Dignidade da Pessoa Humana, da Igualdade, da Solidariedade e todo o arcabouço constitucional que modificou o conjunto axiológico da ordemjurídica brasileira.
A pessoa humana é o centro da ordem jurídica brasileira; a ocupação central do Direito. 
METODOLOGIA A SER UTILIZADA PELO JUIZ NA APLICAÇÃO DA LEI
1) O ordenamento jurídico brasileiro é uno e complexo a um só tempo.
2) A Constituição Federal possui natureza normativa, o que significa que seus princípios têm força normativa, eficácia, prescindem de norma infraconstitucional para que ocorra a produção de efeitos no âmbito regulado. 
3) Interpretação que elimina a subsunção do fato concreto à lei, meramente. O juiz deve ao aplicar a lei levar em conta a completude do ordenamento jurídico, a integração do ordenamento considerando a mais ampla tutela da pessoa humana. 
Eficácia horizontal dos princípios constitucionais: os princípios constitucionais também incidem nas relações privadas. 
Relação entre os direitos da personalidade e o princípio da dignidade da pessoa humana
Relação de complementariedade. Para que os direitos da personalidade sejam assegurados é fundamental o respeito à dignidade da pessoa humana. O princípio da dignidade da pessoa humana é o garante dos direitos da personalidade. Os direitos da personalidade não podem ser assegurados sem respeito ao princípio da dignidade da pessoa humana.

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