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Direitos do Consumidor: Teorias e Jurisprudência

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Os direitos básicos 
do consumidor
O conflito entre a teoria finalista 
e a maximalista e a orientação do Superior Tribunal de Justiça
Como dar uma resposta satisfatória para a hipótese em que um aluno e um professor adquirem, 
ao mesmo tempo, e no mesmo estabelecimento, canetas idênticas, este para corrigir suas provas, 
portanto, em princípio utilizando o objeto para desenvolver sua atividade profissional, e aquele para 
estudar, sendo destinatário final fático na cadeia de consumo; canetas estas que, por conta de defeito 
de fabricação, vazam tinta que mancham as vestes dos dois destacados personagens, causando-lhes os 
mesmos prejuízos de ordem material (NUNES, 2000, p. 77-89).
Esse problema de destinação diversa de um mesmo objeto pode ser visto ainda na aquisição 
de combustível, que tanto pode ser utilizado para abastecer um automóvel para uma viagem de lazer, 
como para encher o tanque de outro carro que é utilizado na atividade econômica de uma empresa de 
transporte de passageiros, ou mesmo, na utilização de energia elétrica, que é exatamente a mesma em 
uma residência familiar e em uma empresa que atua no ramo imobiliário e que precisa desse bem para 
atender adequadamente seus clientes e movimentar parte de sua estrutura.
Como se observa, a caracterização da relação de consumo precisa ser elucidada neste momento, 
mormente, quando da análise da pessoa jurídica ou dos empresários enquanto consumidores, pois 
existe ainda hoje, quase duas décadas após a entrada em vigor do Código de Defesa do Consumidor 
(CDC), divergência quanto ao sentido da expressão destinatário final; noção essencial para efeito de 
aplicação da citada Lei. A discussão é travada entre três principais correntes.
Os defensores da tese maximalista atribuem interpretação extensiva à ideia, sustentando que a 
expressão destinatário final se divide em destinatário fático e destinatário econômico (BESSA, 2007, p. 54). 
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Escoram suas ideias na premissa que dita que a aquisição de um bem ou serviço caracteriza a relação, 
sendo irrelevante se o objeto ou a atividade tenham sido contratados pelo particular ou para ser 
utilizados em uma atividade econômica ou profissional (ANDRIGHI, 2004, p. 6). Afirma-se desde já que a 
adesão a essa linha de pensamento é minoritária, tanto na doutrina, quanto na jurisprudência.
Por sua vez, os finalistas defendem sua tese a partir do destino dado ao objeto da prestação 
desempenhada, distinguindo-o de um lado em bem de consumo e do outro como insumo, esse último, 
caracterizado por aqueles bens que serão transformados ou que serão necessários à transformação 
de outros no processo produtivo, como ocorre no caso de aquisição de tecido por certa empresa, para 
confeccionar camisas ou calças, e ainda, da energia elétrica necessária para o funcionamento das suas 
máquinas. Tal corrente sustenta que se aplica o CDC quando o bem adquirido não seja transformado ou 
incorporado a outro, mas sim seja utilizado instrumentalmente, como é o caso de computadores e de 
todo o material de escritório utilizado em uma imobiliária (PASQUALOTTO, 2005, p. 134).
A terceira corrente é ainda mais restritiva, sendo sua precursora a professora Cláudia Lima Marques, 
e é conhecida por teoria do finalismo aprofundado, por meio da qual a vulnerabilidade do consumidor 
deverá ser analisada em concreto quando este for uma pessoa jurídica (2002, p. 347-353). Nesse condão, 
considerando-se que o CDC é uma lei para desiguais, há de se ter cautela para aplicá-lo em uma relação 
jurídica negocial existente entre duas empresas, especialmente por conta dos princípios sobre os 
quais foram construídas as fundações do Código Civil (CC), que garante tratamento justo e equitativo 
a todos os participantes da relação jurídica (MARQUES, 2005, p. 74), mas que não se esquece que é 
uma lei para solucionar problemas surgidos no âmbito dos contratos entre iguais. Saliente-se que essa 
pesquisa constatou que as últimas decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ) seguem essa vertente 
doutrinária, como se observa do seguinte julgado:
A jurisprudência do STJ tem evoluído no sentido de somente admitir a aplicação do CDC à pessoa jurídica empresária 
excepcionalmente, quando evidenciada a sua vulnerabilidade no caso concreto; ou por equiparação, nas situações 
previstas pelos artigos 17 e 29 do CDC. [...]. (AgRg no REsp 687.239 / RJ)
As principais dúvidas ecoam no conflito entre as duas últimas teorias apontadas, não se podendo 
afirmar que uma prevalece sobre a outra, mas que a nosso ver ambas se complementam.
Nesse condão, aparentemente alguns autores, a partir da análise teleológica da questão, 
sustentam que o Poder Judiciário deverá reconhecer a vulnerabilidade da pequena empresa e dos 
profissionais liberais quando esses adquirem produtos ou serviços que fogem da sua esfera de 
especialidade, aplicando por consequência o CDC (LIMA, 2003, p. 61), tese essa que em princípio 
responde as questões suscitadas no início deste capítulo e que versam sobre a aquisição de um 
mesmo produto ou serviço por pessoa natural e jurídica, dando aos mesmos idênticos tratamentos.
Nesse sentido, há um julgado interessante proferido no Superior Tribunal de Justiça (STJ) que 
equipara o pequeno agricultor, considerado como empresário pelo CC, a consumidor, na hipótese desse 
ter adquirido adubo para preparar o plantio da safra futura, considerando ainda que aquele consumiu 
o bem comprado (REsp 208.793).
Uma outra resposta interessante à apontada crise é dada pela professora Heloísa Carpena (2004, 
p. 29-48) ao defender que quando o bem adquirido ou o serviço contratado for considerado essencial, 
como é o caso de fornecimento de água e de energia elétrica, especialmente se exercidos por meio 
de monopólio, o consumidor, seja ele pessoa física ou jurídica, será sempre vulnerável, em razão da 
imprescindibilidade do serviço.
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Como se afere do debate trazido à análise, a resposta para a questão, que busca aferir qual a 
melhor ideia de destinatário final e o campo de aplicação do CDC, ainda está por ser encontrada.
Os direitos básicos do consumidor
Superadas as dúvidas iniciais acerca do âmbito de atuação do CDC, bem como, promovida uma 
profunda análise de sua principiologia, e, da melhor forma de interpretar a lei estudada, cumpre, a partir 
de agora, promover um longo passeio pelas estradas que singram o direito do consumidor, viagem essa 
que começa na análise de seus direitos básicos, previstos expressamente no artigo 6.º da Lei 8.078/90.
Desse modo, frisa-se, inicialmente, se o consumidor tem direito “a proteção da vida, saúde e 
segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados 
perigosos ou nocivos”, consoante dita o inciso I, do citado artigo, resta claro o papel do fornecedor no 
que pertine ao dever de evitar que os produtos e serviços que põe à disposição do mercado causem danos 
aos consumidores, e se houver qualquer risco, cumpre àquele, informar de modo ostensivo sua existência, 
como se observa na publicidade de cigarros, bebidas alcoólicas, remédios e pesticidas em geral.
A esse respeito, pode-se pensar ainda que no caso de alienação de determinado bem imóvel, 
deverá o agente imobiliário, informar previamente ao consumidor se a construção erigida sobre o 
terreno possui defeitos, e ainda, por exemplo, se a água do córrego que corre tranquilo em uma das 
linhas divisórias dessa propriedade é ou não potável.
O consumidor também tem direito, por força do inciso II do mesmo artigo, “à educação e divulgação 
sobre o consumo adequado dos produtos e serviços [sendo-lhe] assegurada a liberdade de escolha e a 
igualdade nas contratações”, e dessa forma, parece que violaria essa regra a cobrançade preços distintos 
na oferta de imóvel para locação, formulada por empresa do ramo imobiliário, quando um dos potenciais 
locatários seja um estudante, e o outro, um profissional com algumas décadas de vida.
Os manuais de instrução que hodiernamente acompanham qualquer eletrodoméstico, bem 
como os selos que dizem que o produto consome certa quantidade de energia elétrica são outros dois 
belos exemplos dos efeitos práticos que são observados no dia a dia e nascem desse dispositivo legal.
Ato contínuo, ao dispor o inciso III do citado artigo que o consumidor tem direito “à informação 
adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, 
características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentam”, parece que, 
por exemplo, a incorporadora ou o empreiteiro que vende um imóvel na planta, obriga-se a informar 
o prazo máximo de conclusão da obra, bem como, se for o caso, qual é a taxa de juros cobrada em razão 
do financiamento para a aquisição do imóvel na planta. 
Aproveita-se o exemplo para questionar se a cobrança de juros nessa hipótese é lícita, já que 
não há empréstimo que justifique a incidência de juros compensatórios nessas situações, como tem 
decidido o STJ, respeitando assim o contido no item 14 da portaria 3 da Secretaria de Direito Econômico, 
editada em 2001, que dispõe que cláusula que estabeleça a cobrança de juros antes da entrega das 
chaves no contrato de compra e venda é nula.
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Ademais, esse dever de informar vai além, impondo ao fornecedor o dever de comunicar 
àquele que se propõe a comprar o bem ofertado, se a área em que o apartamento ou a casa estão 
localizados é afetada por enchentes ou excessiva criminalidade, obrigando-se ainda, se da publicidade 
constar promessa de instalação de rede elétrica, de água, de esgoto etc., mesmo que tais obrigações 
não constem expressamente da minuta assinada pelas partes, também conhecida por compromisso 
particular de compra e venda, a observar o dever jurídico assumido, que uma vez não cumprido, 
autoriza o consumidor a resolver o contrato e a postular, além da devolução de eventual quantia paga, 
indenização por eventuais perdas e danos.
Aliás, esse último exemplo poderia ilustrar ainda a hipótese prevista no inciso IV da norma 
comentada, pois ao determinar que ao consumidor também é garantida “a proteção contra a publicidade 
enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas 
abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços”, impõe ao fornecedor o dever de honrar 
tudo aquilo que prometeu, mesmo que sua intenção seja apenas a captação de clientes.
A respeito dessa regra, salienta-se também que cláusula que determine a perda total da quantia 
paga pelo consumidor que não pode quitar o financiamento do imóvel será considerada como não 
escrita, posto que se trata de cláusula abusiva.
Por sua vez, o inciso V do artigo analisado dita que o consumidor tem direito “à modificação 
das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de 
fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas”, garantindo àquele o direito de rever os 
contratos pactuados sempre que estes lhe obriguem ao pagamento de prestações desproporcionais, 
situação bastante comum nos contratos firmados junto ao Sistema Financeiro da Habitação (SFH).
De fato, no mercado imobiliário para consumo, não há como se negar a integral aplicação do 
CDC, pois é impossível não qualificar como fornecedoras as empresas que trabalham no ramo de incor-
poração imobiliária, de construção, e ainda dos agentes financeiros (LEONARDO, 2003, p. 178). E desse 
modo, na medida em que a função social do contrato está intimamente ligada à noção de equilíbrio 
entre as prestações assumidas pelas partes, um contrato que onera uma das partes, deve ser revisto 
pelo Judiciário (TARTUCE, 2005, p. 96).
Fato é que no Brasil, o CDC rompeu com o dogma da força obrigatória enquanto máxima inquestio-
nável, dispondo que qualquer alteração da base negocial poderá ser utilizada como argumento para a alte-
ração de cláusulas desfavoráveis ao consumidor, sendo necessária apenas a demonstração de que a parte 
mais fraca na relação de consumo se viu obrigada a uma prestação desproporcional à vantagem auferida 
por conta de fatos ulteriores (TARTUCE, 2003, p. 139) que alteraram a base negocial em seu desfavor.
Por sua vez, os incisos VI e VII são também de elevada importância, pois, o primeiro determina 
que o consumidor merece “a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, 
coletivos e difusos”, e o segundo garante a efetividade desses direitos ao dispor que àquele está garan-
tido “o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, com vistas à prevenção ou reparação de danos 
patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica, administrativa e 
técnica aos necessitados”.
Como se observa, o legislador se preocupou com a promoção de uma tutela preventiva, não 
havendo necessidade de que ocorra a violação do direito do consumidor para que esse busque o Poder 
Judiciário, bastando a mera possibilidade disso ocorrer. Essas regras, conjugadas, são de grande valia, 
por exemplo, autorizando as associações de defesa de consumidores a ajuizar ações visando impedir 
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propagandas com oferta de venda de lotes em áreas de preservação ambiental, e ainda, buscando a 
declaração de nulidade de tais loteamentos, em razão da ofensa ao texto constitucional.
Com amparo no inciso VI, o consumidor teria direito a buscar a exclusão de seu nome dos bancos de 
dados restritivos de crédito, que deverão ser tratados pelas empresas a partir do reconhecimento de sua 
relevância, visando reabilitar seu crédito e ter divulgados dados condizentes com a mais absoluta verdade 
(EFING, 1999, p. 195). Já por meio do citado inciso VII, mais uma vez resta consagrada a tutela conhecida 
por inibitória, ou de remoção do ilícito, que visa a atuar sobre a vontade do réu, convencendo-o a praticar 
ou a não praticar um ato, para que o ilícito não se verifique, não se repita ou não prossiga (MARINONI, 
1998, p. 117), o que aliás, é um dever do juiz e não uma simples faculdade, pois no atual estágio das 
garantias constitucionais, as tutelas de urgência possuem relevante papel na promoção da efetividade 
da tutela jurisdicional contra toda e qualquer lesão ou ameaça a direito subjetivo (THEODORO JÚNIOR, 
2002, p. 46).
A ideia também que impera aqui é a de que ao consumidor é garantida a reparação integral dos 
prejuízos que venha a suportar por conta dos produtos e serviços colocados no mercado de consumo 
pelo fornecedor, tenha ele suportado prejuízos materiais ou de ordem extrapatrimonial, como pode 
ocorrer no caso de acidente de consumo que o impeça de trabalhar e ainda que lhe cause lesão a inte-
gridade psicofísica.
Outra regra deveras importante está prevista no inciso VIII, do artigo ora estudado, diretriz que 
assegura ao consumidor o direito a obter em seu favor, a inversão do ônus da prova quando a tese por ele 
sustentada tenha elevada aparência de probabilidade fática ou se ele for considerado hipossuficiente; 
não se podendo negar que obrigar o consumidor a produzir algumas provas para ter assegurado seu 
direito seria o mesmo que negar-lhe esse direito, como ocorre no caso de intoxicação alimentar, cujos 
efeitos são patentes, mas as causas de complexa aferição, daí a importância da regra que autoriza o juiz 
a determinar a inversão do ônus probatório, impondo ao fornecedor o dever de provar que o alegado 
pelo consumidor não ocorreu, ou não ocorreu da forma relatada.
Texto Complementar
Pessoajurídica pode ser consumidora segundo 
orientação do Superior Tribunal de Justiça
1. No que tange à definição de consumidor, a Segunda Seção desta Corte, ao julgar, aos 
10.11.2004, o REsp 541.867/BA, perfilhou-se à orientação doutrinária finalista ou subjetiva, de sorte 
que, de regra, o consumidor intermediário, por adquirir produto ou usufruir de serviço com o fim 
de, direta ou indiretamente, dinamizar ou instrumentalizar seu próprio negócio lucrativo, não se 
enquadra na definição constante no art. 2.º do CDC. Denota-se, todavia, certo abrandamento na 
interpretação finalista, na medida em que se admite, excepcionalmente, a aplicação das normas do 
CDC a determinados consumidores profissionais, desde que demonstrada, in concreto, a vulnerabi-
lidade técnica, jurídica ou econômica.
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52 | Os direitos básicos do consumidor
2. A recorrida, pessoa jurídica com fins lucrativos, caracteriza-se como consumidora intermediária, 
porquanto se utiliza dos serviços de telefonia prestados pela recorrente com intuito único de 
viabilizar sua própria atividade produtiva, consistente no fornecimento de acesso à rede mundial 
de computadores (internet) e de consultorias e assessoramento na construção de home pages, em 
virtude do que se afasta a existência de relação de consumo. Ademais, a eventual hipossuficiência da 
empresa em momento algum foi considerada pelas instâncias ordinárias, não sendo lídimo cogitar-se 
a respeito nesta seara recursal, sob pena de indevida supressão de instância. 
3. Todavia, in casu, mesmo não configurada a relação de consumo, e tampouco a fragilidade 
econômica, técnica ou jurídica da recorrida, tem-se que o reconhecimento da responsabilidade civil 
da concessionária de telefonia permanecerá prescindindo totalmente da comprovação de culpa, 
vez que incidentes as normas reguladoras da responsabilidade dos entes prestadores de serviços 
públicos, a qual, assim como a do fornecedor, possui índole objetiva (art. 37, §6.º, da CF/88), sendo 
dotada, portanto, dos mesmos elementos constitutivos. Nesse contexto, importa ressaltar que tais 
requisitos, quais sejam, ação ou omissão, dano e nexo causal, restaram indubitavelmente reconhe-
cidos pelas instâncias ordinárias, absolutamente soberanas no exame do acervo fático-probatório. 
4. Por fim, com base na análise do conjunto fático-probatório, principalmente das perícias 
realizadas, cujo reexame é vedado nesta seara recursal (Súmula 7 da Corte), entenderam as 
instâncias ordinárias que o incêndio que acometeu as instalações telefônicas da concessionária 
não consubstancia caso fortuito, não havendo que se falar em excludente da responsabilidade civil 
objetiva da recorrente. 
5. Diante do exposto, a manutenção da condenação da empresa concessionária de telefonia 
é medida de rigor, mesmo que por outros fundamentos, alterando-se tão somente a qualificação 
jurídica dos fatos delineados pelas instâncias ordinárias, da responsabilidade consumerista para a 
dos entes prestadores de serviço público, ante a identidade e comprovação dos elementos configu-
radores da responsabilização civil, ambas de ordem objetiva, a par de restar comprovada a ausência 
de qualquer causa excludente da responsabilidade civil.
6. Com efeito, não se mostraria razoável, à luz dos princípios da celeridade na prestação 
jurisdicional, da economia processual, da proporcionalidade e da segurança jurídica, anular-se 
todo o processo, equivalente a 05 (cinco) anos de prestação de serviço judiciário, no qual restou 
exaustivamente discutida e demonstrada a responsabilidade civil da empresa concessionária de 
telefonia, sob pena de se privilegiar indevidamente o formalismo exacerbado em total detrimento 
do escopo de pacificação social do processo, mantendo-se situação de instabilidade e ignorando-se 
por completo a orientação preconizada pelos modernos processualistas. 
7. Recurso Especial não conhecido.
(STJ. REsp. 660.026/RJ, 4.ª Turma, Rel. Ministro JORGE SCARTEZZINI, julgado em 3.5.2005, DJU 
27.06.2005, p. 409)
[...] Ressalto, inicialmente, que se colhe dos autos que a empresa recorrida, pessoa jurídica 
com fins lucrativos, caracteriza-se como consumidora intermediária, porquanto se utiliza do serviço 
de fornecimento de energia elétrica prestado pela recorrente, com intuito único de viabilizar sua 
própria atividade produtiva. Todavia, cumpre consignar a existência de certo abrandamento na 
interpretação finalista, na medida em que se admite, excepcionalmente, desde que demonstrada, 
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in concreto, a vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica, a aplicação das normas do CDC. Quer 
dizer, não se deixa de perquirir acerca do uso, profissional ou não, do bem ou serviço; apenas, como 
exceção e à vista da hipossuficiência concreta de determinado adquirente ou utente, não obstante 
seja um profissional, passa-se a considerá-lo consumidor. Ora, in casu, a questão da hipossuficiência 
da empresa recorrida em momento algum foi considerada pelas instâncias ordinárias, não sendo 
lídimo cogitar-se a respeito nesta seara recursal, sob pena de indevida supressão de instância [...]
(STJ. REsp. 661.145/ES, 4.ª Turma, Rel. Ministro JORGE SCARTEZZINI, julgado em 22.2.2005, DJU 28.03.2005, p. 286)
Atividades
1. Diferencie a teoria finalista da teoria finalista aprofundada a partir dos efeitos práticos de cada 
uma dessas linhas de pensamento. 
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