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Os diferentes discursos nas narrativas
Profa. Conceição Flores
Reconhecer diferentes tipos de discurso utilizados na construção do texto narrativo;
Identificar cada um desses recursos no texto narrativo. 
Objetivos:
Num lugar de La Mancha, de cujo nome não quero lembrar-me, vivia, há muito, um fidalgo, dos de lança em cabido, adarga
antiga, rocim fraco, e galgo corredor. Passadio, olha seu tanto
mais de vaca do que de carneiro, as mais das ceias restos da carne picados com sua cebola e vinagre, aos sábados outros sobejos ainda somenos, lentilhas às sextas-feiras, algum pombito de crescença aos domingos, consumiam três quartos do seu haver. O remanescente, levavam-no saio de velarte, calças de veludo para as festas, com seus pantufos do mesmo. E para os dias de semana o seu vellorí do mais fino. Tinha em casa uma ama que passava dos quarenta, uma sobrinha que não chegava aos vinte, e um moço da poisada e de porta afora, tanto para o trato do rocim, como para o da fazenda. Orçava na idade o nosso fidalgo pelos cinquenta anos. Era rijo de compleição, seco de carnes, enxuto de rosto, madrugador, e amigo da caça.
(CERVANTES,1981, p. 29 
Dom Quixote
“[...] pode designar um conjunto de enunciados
que manifestam certas propriedades verbais cuja descrição se pode efetuar no quadro de uma análise estilístico-funcional. É nessa acepção que se utiliza a expressão registros do discurso.
Discurso pode também definir-se como sequência de enunciados que globalmente configuram uma unidade linguística superior à frase.” (REIS, 1988, p. 27). 
Discurso:
Nesse tipo de discurso, seja em forma de diálogo ou de monólogo, a personagem assume o papel de sujeito da enunciação, ou seja, a sua voz aparece no texto tal qual ela o enunciaria. 
A fala passa do narrador para a personagem, em geral, introduzida por um verbo dicendi ou sentiendi, que anuncia a passagem da voz de um (narrador) para outro (personagem). Assim como, também surgem grafemas adequados à introdução do discurso alheio: dois pontos, travessão, aspas, por exemplo. 
As narrativas mais contemporâneas, no entanto, muitas vezes, utilizam o discurso direto omitindo qualquer tipo de marca introdutória a esse discurso. 
Discurso Direto
Verbo dicendi – verbo de dizer – introduzem o discurso alheio.
Exemplos: dizer, exclamar, afirmar, entre outros.
Verbo sentiendi – verbos de sentir – são assim nomeados em relação aos verbos dicendi. Expressam uma carga de sensibilidade.
Exemplos: sentir, gemer, chorar, queixar-se, lamentar, entre outros.
 
Pues, diz que o divã no consultório do analista de Bagé é forrado com um pelego. Ele recebe os pacientes de bombacha e pé no chão.
— Buenas. Vá entrando e se abanque, índio velho.
— O senhor quer que eu deite logo no divã?
— Bom, se o amigo quiser dançar uma marca, antes, esteja a gosto. Mas eu prefiro ver o vivente estendido e charlando que nem china da fronteira, pra não perder tempo nem dinheiro.
(VERÍSSIMO, 1982, p.78)
O analista de Bagé
Um homem foi bater à porta do rei e disse-lhe, Dá-me um barco, [...] E tu para que queres um barco, pode-se saber, foi o que o rei de facto perguntou quando finalmente se deu por instalado, com sofrível comodidade, na cadeira da mulher da limpeza, Para ir à procura da ilha desconhecida, respondeu o homem, Que ilha desconhecida, perguntou o rei disfarçando o riso, como se tivesse na sua frente um louco varrido, dos que têm a mania das navegações, a quem não seria bom contrariar logo de entrada, A ilha desconhecida, repetiu o homem, Disparate, já não há ilhas desconhecidas, [...]
(SARAMAGO. 1999, p. 14)
O conto da ilha desconhecida
Esse recurso narrativo deixa para o narrador a reprodução da voz dos personagens. 
O narrador, portanto, é o sujeito da enunciação. Ele seleciona, resume e interpreta as vozes das personagens, “operando uma série de conversões em nível dos tempos verbais, da categoria linguística de pessoa e das locuções adverbiais de
tempo e de lugar” (REIS, 1988, p. 276). 
Discurso Indireto 
A narração ocorre, em geral, na terceira pessoa do verbo e não há marcas introdutórias da fala das personagens, embora ainda haja a utilização de verbos dicendi para introduzir essas falas.
“Já nem sei a que propósito é que isso vinha, mas o Senhor Professor disse um dia que as palmas das mãos dos pretos são mais claras do que o resto do corpo porque ainda há poucos séculos os avós deles andavam com elas apoiadas ao chão, como os bichos do mato, sem as exporem ao sol, que lhes ia escurecendo o resto do corpo.” (HONWANA, 2008, p. 119) 
 
É um recurso híbrido, “onde a voz da personagem penetra a estrutura formal do discurso do narrador, como se ambos falassem em uníssono fazendo emergir uma voz ‘dual’” (REIS, 1988, p. 277). 
Nesse discurso, coexistem a terceira pessoa,
as interrogações diretas, os traços interjetivos e expressivos.
 
Discurso Indireto Livre 
O monólogo, recurso utilizado como forma direta de apresentação de pensamentos e sentimentos das personagens. O monólogo interior gera um aprofundamento dos processos mentais, deixando que os pensamentos das personagens fluam diretamente de sua mente para o leitor. Implica no diálogo da personagem consigo mesma.
 
Monólogo interior 
Ouve-me, ouve meu silêncio. O que falo nunca é o que falo e sim outra coisa. Quando digo “águas abundantes” estou falando da força de corpo nas águas do mundo. Capta essa outra coisa de que na verdade falo
porque eu mesma não posso. Lê a energia que está no meu silêncio. Ah tenho medo do Deus e do seu silêncio.
Sou-me.
(LISPECTOR, 1980, p.30) 
Esse recurso, como o próprio nome já informa, procura traduzir, da maneira como ele flui, o discurso que é projetado pela mente da personagem. Ele pode se confundir com o monólogo interior, mas, em uma versão mais experimental, ele sequer faz uso de pontuação.
As palavras são organizadas em
jorro, rompendo totalmente com a lógica de uma sequência de conteúdos, ou com a
pontuação necessária à construção de sentidos pré-determinados.
 
Fluxo de consciência 
[...] e a noite em que a gente perdeu o bote em Algeciras o vigia indo
por ali sereno com a lanterna dele e oh aquela tremenda
torrente profunda oh e o mar o mar carmesim às vezes como fogo e os poentes gloriosos e as fgueiras nos jardins da Alameda sim e as 
ruazinhas esquisitas e casas rosas e Gilbratar eu mocinha onde eu era uma Flor da montanha sim (JOYCE, 1977, p. 846) 
Sinhá Vitória desejava possuir uma cama igual à de seu Tomás da bolandeira. Doidice. Não dizia nada para não contrariá-la, mas sabia que era doidice. Cambembes podiam ter luxo? E estavam ali de passagem. Qualquer dia o patrão os botaria fora, e eles ganhariam o mundo, sem rumo, nem teriam meio de conduzir os cacarecos. Viviam de trouxa arrumada, dormiriam bem debaixo de um pau. Olhou a caatinga amarela, que o poente vermelhava. Se a seca chegasse, não ficaria planta verde. Arrepiou-se. Chegaria naturalmente. Sempre tinha sido assim, desde que ele se entendera. (RAMOS, 1980, p.40) 
Vidas secas
Quando iniciaram a viagem já ele se acostumava de cantar, dando vaga a distraídas brincriações. No convívio com a solidão, porém, o canto acabou por migrar de si. Os dois caminheiros condiziam com a estrada, murchos e desesperançados.
Muidinga e Tuahir param agora frente a um autocarro queimado. Discutem discordando-se. O jovem lança o saco no chão, acordando poeira. O velho ralha:
- Estou-lhe a dizer, miúdo: vamos instalar casa aqui mesmo.
- Mas aqui? Num machimbombo todo incendiado?
- Você não sabe nada, miúdo. O que já está queimado não volta a arder.
(COUTO, 2007, p.10) 
Terra sonâmbula
COUTO, Mia. Terra sonâmbula. São Paulo: Companhia das Letras, 2007 
HONWANA, Luís Bernardo. Nós matamos o cão tinhoso. Lisboa: Edições Cotovia, 2008, p. 119-122.
LISPECTOR, Clarice. Água viva. 9 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
RAMOS, Graciliano. Vidas secas. São Paulo: Record, 1980.
REIS, Carlos. LOPES, Ana Cristina M. Dicionário deTeoria da Narrativa. São Paulo: Ática, 1988.
SARAMAGO, José. O conto da ilha desconhecida. Lisboa: Caminho, 1999. 
TELLES, Lygia Fagundes. Invenção e memória. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.
VERÍSSIMO, Luis Fernando. O analista de Bagé. In: ______. O gigolô das palavras. Porto
Alegre: L&PM Editores. 
Referências

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