Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Farmacologia Veterinária - Sistema nervoso autônomo Ele é uma parte essencialmente importante para nossa fisiologia, pois regula nossas funções vitais, inclusive algumas críticas para nossa sobrevivência, exemplos: controle térmico, respiração, batimento cardíaco, etc. É considerado um sistema vegetativo, no qual apresenta duas divisões sob um olhar funcional farmacológico: divisão simpática e antipática - colinérgica ou parassimpática. (Antigamente os professores de fisiologia e farmacologia diziam que este é o freio e o simpático, acelerador.) Os estudos de neurociência mais recentes colocam uma terceira divisão, a entérica, responsável pelo controle do trato digestório, motilidade do intestino, a qual é uma divisão que não usa os transmissores autonômicos clássicos (simpático e parassimpático) e, por isso, é de costume colocá-la fora dessa dicotomia, porém continua sendo parte do sistema autônomo. Ao longo do tempo, esse sistema nervoso foi bastante esmiuçado. Otto Loewi foi um pesquisador importante para a elaboração de um teste que demonstrou a existência de um transmissor químico na regulação da função cardíaca. O experimento foi feito assim: construiu-se uma cuba para que o órgão ficasse lá dentro batendo (por exemplo, coração de rã), lembrando que há uma inervação colinérgica do nervo vago que modifica a função cardíaca para mais lenta. Depois, foi colocado um segundo coração em outra cuba em solução fisiológica, e posteriormente desenhou um sistema de vasos comunicantes, de tal forma que as alterações químicas, depois do estímulo do nervo vago, realizadas no primeiro coração possam ir ao segundo, mesmo que sem nenhuma comunicação anatômica entre eles. Se ele conseguisse demonstrar que haveria alterações no segundo mesmo com o empecilho outrora citado, então ele estaria demonstrando que havia um componente químico - e, portanto, não elétrico - liberado pelo nervo vago capaz de resultar nessa alteração. Primeiramente, Otto não foi reconhecido pelos outros cientistas de sua época, recebendo críticas, pois poderia não ser algo transmissor, mas sim o potássio, etc, porém hoje em dia ele é um clássico da farmacologia. Loewi não sabia o que exatamente era aquela solução em que foi posto o coração e por isso apenas o chamou de “substância que faz o coração bater mais devagar”, contudo, anos depois, descobriu-se que se tratava da própria acetilcolina. Ou seja, o nervo vago, ao ser estimulado, causava uma liberação do transmissor e a acetilcolina era capaz de se ligar a esse receptor presente nessa célula do coração que respondia ao estímulo vagal. E, assim, o autônomo começou a ser progressivamente compreendido, assim como as funções e reguladores também. O que sabemos do autônomo hoje é que se trata de um sistema que regula órgãos-alvo, tais quais glândulas (salivares, sudoríparas), músculo liso (vasos, intestinos, útero), coração, e é uma regulação dependente de dois neurônios, em que um deles tem o corpo celular no sistema nervoso central - ou no tronco cerebral, ou em segmentos da medula espinhal - e que se projeta um axônio, chamado de fibra pré-ganglionar, e aqui temos a primeira sinapse, logo após vem o neurônio pós-ganglionar, tendo seu corpo celular no gânglio e a fibra segue em direção aos efetores viscerais. Então, o autônomo é conhecido por sistema motor, porque ele é responsável pela regulação de órgãos-alvo já supracitados, não sendo um sistema sensorial. O parassimpático regula a função dos órgãos a partir de sinapses químicas. O responsável pela mensagem entre células pré e pós-sinápticas se denomina neurotransmissor; sendo este, no nosso caso, a acetilcolina, a qual é produzida através de uma ação enzimática e de precursores nessa terminação pré-sináptica, onde é armazenada dentro de uma vesícula sináptica. O sistema parassimpático funciona dependentemente da acetilcolina, que, quando é liberada das vesículas citadas por exocitose, chega nos receptores presentes nas células pós-sinápticas, todavia ela também pode atuar sobre receptores pré-sinápticos, no que chamamos de feedback regulatório. Depois que o transmissor cumpriesua mensagem, ele é clivado por uma enzima denominada acetilcolinesterase, e curiosamente há medicamentos que atuam sobre essa enzima. Os receptores colinérgicos foram sendo descobertos aos poucos, a partir de bloqueadores farmacológicos. Basicamente temos os receptores colinérgicos nicotínicos, sendo um pentâmero, que pode se abrir e acetilcolina entra; ele está presente no gânglio autonômico, chamado canal iônico ativado por ligante. Além dos gânglios, temos nicotínicos no sistema nervoso central e também na adrenal; enquanto o outro receptor nicotínico não pertence ao autônomo, o qual se refere ao nicotínico muscular, que regula a contração da musculatura esquelética. Há outro tipo de receptor colinérgico, que se denomina muscarínico. Está presente nos efetores do sistema nervoso autônomo, no músculo liso, glândulas ou coração. É totalmente diferente do tipo de receptor supracitado, sendo metabotrópico, ou seja, depende do sistema de proteínas Gs, não sendo um canal iônico. O muscarínico já era razoavelmente conhecido e sabia-se que estava presente nos efetores, entretanto não eram conhecidos seus subtipos, pois se usava um teste baseado no antagonismo desse receptor com atropina. Até que se conseguiu produzir um fármaco que bloqueava somente o muscarínico do estômago, que foi denominado de M1, e outros, inicialmente, foram denominados de M2. Progressivamente foram descobrindo ainda mais receptores, contudo os principais são o M1, M2 e M3. O M1 e M3 estão ligados ao sistema metabotrópico da fosfolipase C, enquanto o M2 está acoplada a adenilato ciclase, porém é uma proteína G inibitória; então, quando a acetilcolina se liga a esse receptor, temos uma diminuição da AMPcíclico e isso faz com que o coração bata mais devagar. O M3 (glandular) refere-se ao músculo liso e glândulas, enquanto o M2 (cardíaco) está presente no coração; o M1 - neural - se encontra nas células parietais do estômago. Os efeitos colinérgicos, a um olhar primário, guardam uma relação com os agonistas. Os efeitos estudados são com base em bloqueio de receptores, pois assim é uma forma mais fidedigna de se apurar um efeito fisiológico. O efeito muscarínico surge com doses convencionais da acetilcolina, o qual pode ser obtido com muscarina, mas que, fundamentalmente, pode ser suprimido quando usa-se bloqueadores muscarínicos. Como é feito seu teste: primeiro é feito um teste com acetilcolina sozinha, numa preparação que mede a pressão arterial (quando o parassimpático é estimulado, a pressão arterial cai), então tivemos uma queda de pressão arterial com o uso da acetilcolina, se aumentarmos a dose, a queda será ainda maior, então obteremos um efeito dose-dependente, e isso comprova que não houve um artefato o qual acrescentou mais moléculas ao experimento e produziu efeito. Até agora, ainda não se sabe se é ou não um efeito muscarínico, então começa-se o teste de hipótese: caso quisermos chegara um efeito muscarínico, a única maneira de efetuar isso é bloqueando o receptor com atropina; feito isso, se aplicarmos novamente a acetilcolina da mesma proporção que a primeira dose, toda a queda da pressão arterial deixará de acontecer. Toda essa supressão efetuada pela atropina revela que os efeitos primeiramente obtidos eram muscarínicos. O efeito nicotínico será explorado mais a frente, sendo um efeito que surge com doses altas de acetilcolina depois do bloqueio colinérgico muscarínico.
Compartilhar