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Interpretação do Pacto de San José da Costa Rica à luz do Direito dos Contratos

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A INTERPRETAÇÃO DA CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS À LUZ DO DIREITO DOS CONTRATOS
Segundo Francisco Rezek (2008, p. 14), uma convenção Internacional é um acordo formal concluído entre pessoas jurídicas de direito internacional público, e destinado a produzir efeitos jurídicos.Nesse viés, a Convenção Americana De Direitos humanos ou Pacto de San José Da Costa Rica (1969) é um tratado internacional que versa sobre direitos econômicos , sociais e internacionais, que deverão ser acolhidos pelo ordenamento jurídico interno dos países que o celebraram. Tal convenção configura-se como um contrato internacional, e pode ser interpretada à luz do direito dos contratos pátrio, e seu objetivo encontra-se em sincronia com o que preleciona Maria Helena Diniz (2011, p.34): Um instrumento de conciliação de interesses, pactuando-se desejos, com vista a pacificação social, superação das dificuldades e desenvolvimento econômico.
 Assim como os contratos comuns, o Pacto de San José Da Costa Rica possui um elemento estrutural que se traduz na pluralidade de Estados aderentes, dentre eles o Brasil, uma vez que não é possível firmar um tratado celebrado apenas por um Estado.Além disso, o seu elemento funcional é justamente a composição de interesses contrapostos, uma vez que cada Estado possui seus costumes, particularidades e interesses que podem não ser os mesmos de outros, porém harmônicos.Essa harmonia dar-se-á em detrimento do instrumento de reservas aos tratados multilaterais, conforme previsto no art.75 do documento da Convenção (1969), ao qual é permitido a um Estado, no momento da celebração do contrato internacional, excluir ou modificar certas disposições contidas nele.
Na interpretação dessa Convenção, sob a ótica de Mazzuoli (2006, p.59), predomina-se a observância da boa-fé, que , de acordo com Maria Helena Diniz (2011, p.53) significa que as partes(nesse caso os Estados soberanos) deverão agir com lealdade, honestidade, de forma a respeitar os outros contratantes, não trair a confiança depositada, etc.Tal preceito é parte integrante da regra Pacta Sunt Servanda, na qual, conforme Diniz (2011, p.48), o pactuado deve ser cumprido.Assim, pode-se dizer que na Sociedade Internacional impera a autonomia e coordenação, pois nenhum Estado é obrigado a celebrar determinado tratado/convenção , porém, caso o queira, esse acordo terá força obrigatória, e suas estipulações deverão ser fielmente cumpridas, sob pena de responsabilidade internacional.Além disso, há de se falar no princípio do relativismo, em que os convenções internacionais apenas produzem efeitos entre as partes, não se falando em oponibilidade à terceiros. Nesse caso específico, o pacto, quando ratificado, é capaz de gerar direitos e obrigações, e portanto, apto a produzir efeitos jurídicos, logo, caso Estado aderente deixe de aplicar algum dispositivo previsto nele , pode vir a responder internacionalmente.
Seguindo a lógica da Cláusula Rec Sic Stantibus, positivada no art.478 e 479 do Código Civil (BRASIL, 2002) ,em caso por força de um acontecimento novo, superviniente e imprevisível torne uma prestação onerosa, poderá o devedor pedir resolução do contrato.Nesse sentido, a Convenção de Viena sobre o Direito dos tratados e o próprio pacto de San José da Costa Rica (1962), estabelecem de forma similar no art.62 e art.27 respectivamente, a terminação/ suspensão do tratado em caso de mudança fundamental de circunstância, ocorrida em relação as existentes no momento da conclusão do tratado, como uma guerra por exemplo.
REFERÊNCIAS
BRASIL.Código Civil. 25.ed.São Paulo: Saraiva, 2018
CONVENÇÃO Americana De Direitos Humanos = CONVENCION Americana sobre Derechos Humanos.22 nov 1969.Disponível em: http://www.oas.org/dil/esp/tratados_B-32_Convencion_Americana_sobre_Derechos_Humanos.htm.Acesso em : 23 set. 2019
CONVENÇÃO de Viena sobre o Direito dos Tratados = VIENNA Convention on the Law of Treaties.22 maio 1969.Disponível em: https://treaties.un.org/doc/Treaties/1980/01/19800127%2000-52%20AM/Ch_XXIII_01.pdf Acesso em : 23 set. 2019
DINIZ, Maria Helena. Teoria das Obrigações Contratuais e Extracontratuais. 27. ed.São Paulo: Saraiva, 2011
MAZZUOLI, Valério de Oliveira Mazzuoli. Direito Internacional Público. 3. ed.São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006
REZEK, Francisco. Direito Internacional Público.11.ed.São Paulo: Saraiva, 2008.

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