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ANIMAIS PEÇONHENTOS

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Conceito de animais peçonhentos, quais são, grau de letalidade, e principais da nossa região
ANIMAIS PEÇONHENTOS são aqueles que possuem glândulas de veneno que se comunicam com dentes ocos, ou ferrões, ou aguilhões, por onde o veneno passa ativamente. Ex.: serpentes, aranhas, escorpiões, abelhas, arraias.
ANIMAIS VENENOSOS são aqueles que produzem veneno, mas não possuem um aparelho inoculador (dentes, ferrões) provocando envenenamento passivo por contato (taturana), por compressão (sapo) ou por ingestão (peixe baiacu).
SERPENTES
As serpentes são animais vertebrados, carnívoros, que pertencem ao grupo dos répteis. Podem ser classificadas em dois grupos básicos: as peçonhentas, que são aquelas que conseguem inocular seu veneno no corpo de uma presa ou vítima, e as não peçonhentas, ambas encontradas no Brasil, nos mais diferentes tipos de habitat, inclusive em ambientes urbanos. A serpente peçonhenta é definida por três características fundamentais: presença de fosseta loreal; presença de guizo ou chocalho no final da cauda; presença de anéis coloridos (vermelho, preto, branco ou amarelo).
Gênero: Bothrops
Jararaca (Bothrops jararaca)
Coloração esverdeada com desenhos semelhantes a um "V" invertido, corpo delgado medindo aproximadamente 1m. Sua picada causa muita dor e edema no local, podendo haver sangramento também nas gengivas ou em outros ferimentos pré-existentes. É encontrada nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia.
Cruzeira (Bothrops alternatus)
Coloração marrom escuro, possui desenhos em forma de gancho de telefone. Mede aproximadamente 1,5m. Encontrada em vegetação rasteira, perto de rios e lagos ou plantações. Sua picada causa muita dor local, podendo haver sangramento também nas gengivas ou em outros ferimentos pré-existentes. É encontrada nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo e Minas Gerais.
O gênero Bothrops é encontrado principalmente em zonas rurais e periferias de grandes cidades, preferindo ambientes úmidos como matas e áreas cultivadas e locais onde haja facilidade para proliferação de roedores (paióis, celeiros, depósitos de lenha). O acidente botrópico é responsável por cerca de 90% dos envenenamentos em nosso país.
Gênero: Crotalus
Cascavel (Crotalus durissus)
Coloração marrom-amarelado, corpo robusto, medindo aproximadamente 1m. Apresenta chocalho na ponta da cauda. Após a picada, o paciente apresenta visão dupla e borrada e sua face se apresenta alterada (pálpebras caídas, aspecto sonolento). A urina pode se tornar escura de 6 a 12 horas após a picada. É encontrada nos Estados de Rondônia, Roraima, Pará, Maranhão, Tocantins, Ceará, Piauí, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.
Gênero: Micrurus
Coral Verdadeira (Micrurus frontalis)
Possui anéis vermelhos, pretos e brancos ao redor do corpo, medindo entre 70 e 80cm. Se esconde em buracos, montes de lenha e troncos de árvores. Após a picada, o paciente apresenta a visão dupla e borrada, a face se apresenta alterada (pálpebras caídas, aspecto sonolento), dores musculares e aumento da salivação. Insuficiência respiratória pode ocorrer como complicação do acidente. É encontrada nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins e Bahia.
Gênero: Lachesis
Surucucu
Também conhecida como pico-de-jaca. A cauda apresenta escamas eriçadas como uma escova. É a maior das serpentes peçonhentas das Américas, atingindo até 3,5m. São encontradas apenas em áreas de floresta tropical densa, como a Amazônia, pontos da Mata Atlântica e alguns enclaves de matas úmidas do Nordeste.
Tratamento
O tratamento consiste na administração, o mais precocemente possível, do soro antiofídico, distribuído gratuitamente pelo Ministério da Saúde para todos os hospitais, postos de atendimento médico.
Medidas Preventivas
Usar botinas com perneiras ou botas de cano alto no trabalho, pois 80% das picadas atingem as pernas abaixo dos joelhos.
Usar luvas de couro nas atividades rurais e de jardinagem; não colocar as mãos em buracos na terra, ocos de árvores, cupinzeiros, utilizando para isso um pedaço de pau ou enxada.
Examinar os calçados, pois serpentes podem refugiar-se dentro deles.
Vedar frestas e buracos em paredes e assoalhos.
Limpar as proximidades das casas, evitando folhagens densas junto delas.
Evitar acúmulo de lixo, entulhos e materiais de construção.
Avaliar bem o local onde montar acampamentos e fazer piqueniques.
Preservar inimigos naturais (raposa, gambá, gaviões e corujas) e criar aves domésticas, que se alimentam de serpentes.
LAGARTAS(Lonomia sp)
Lagartas, rugas, mandorovás, marandovás, bicho cabeludo e taturanas identificam lagartas (larvas) de lepidópteros vulgarmente conhecidas como borboletas, de hábitos diurnos, ou mariposas, de hábitos noturnos. Os acidentes com lagartas de vários gêneros são comuns em todo o Brasil.
A lagarta Lonomia ou simplesmente taturana, como é mais conhecida no sul do país, apresenta coloração marromesverdeada com listras longitudinais marrom-escuro e amarelo- ocre, cabeça cor de caramelo e espinhos ramificados e pontiagudos, em forma de "pinheirinhos" ao longo do dorso. Chegam a medir de 6 a 7cm. Dados das Regiões Sul e Sudeste indicam que existe uma sazonalidade na ocorrência desses acidentes, que se expressa mais nos meses de verão (novembro a março) e que vários fatores são responsáveis pelo crescimento desta espécie no sul do país, como o desmatamento, condições climáticas favoráveis, diminuição dos predadores e adaptação deste agente a espécies vegetais exóticas ao meio. As lagartas alimentam-se de folhas, principalmente de árvores e arbustos. A intoxicação ocorre pelo contato com as cerdas ou espículas da lagarta. O veneno está nos espinhos e atua no sangue provocando falta de coagulação. A manifestação inicial é dor e irritação imediatas no local atingido; dor de cabeça e náuseas; sangramentos através da pele, gengiva, urina, pequenos ferimentos, nariz. A vítima pode ter hemorragias que podem levar à morte.
Tratamento
Lavagem da região com água corrente e compressas frias, antihistamínico oral, creme de corticóide local e analgésicos, se necessário.
Medidas Preventivas
Olhar, atentamente, para as folhas e troncos de árvores, evitando contato com as taturanas.
Verificar presença de folhas roídas, casulos ou pupas e fezes de lagartas no solo.
Usar luvas quando manipular troncos, árvores frutíferas ou em atividades de jardinagem.
ESCORPIÕES
Os escorpiões têm hábitos noturnos e, durante o dia, escondem-se sob cascas de árvores, pedras e dentro de domicílios, principalmente em sapatos. Podem sobreviver vários meses sem alimento e mesmo sem água, o que torna seu combate muito difícil. Os escorpiões picam com a cauda, causando muita dor local, que se irradia; pode ocorrer suor, vômitos e até mesmo choque. No Brasil, os de importância médica pertencem ao gênero Tityus.
Escorpião Amarelo (Tityus serrulatus)
Amarelo claro, com manchas escuras sobre o tronco e na parte inferior do fim da cauda, podendo chegar a 7cm. O quarto anel da cauda possui dentinhos formando uma serra. É encontrado nos Estados da Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo.
Escorpião Marrom (Tityus bahiensis)
Marrom avermelhado escuro, braços e pernas mais claros, com manchas escuras, pode ter até 7cm. Não possui serrinha na cauda. É encontrado nos Estados de Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Além dos citados acima existem outros escorpiões do mesmo gênero: o Tityus stigmurus, encontrado nos Estados da Região Nordeste do país; o Tityus cambridgei, na Região Amazônica e o Tityus metuendus, nos Estados do Amazonas, Acre e Pará.
Tratamento
O tratamento consiste na aplicação local de anestésico e, nos casosmais graves, deve ser usado o soro antiescorpiônico ou antiaracnídico.
· ARANHAS
As aranhas são animais carnívoros, alimentando-se principalmente de insetos, como grilos e baratas. Muitas têm hábitos domiciliares e peridomiciliares. Apresentam o corpo dividido em cefalotórax e abdômen. No cefalotórax articulam-se os quatro pares de patas, um par de pedipalpos e um par de quelíceras, onde estão os ferrões utilizados para inoculação do veneno.
Armadeira (Phoneutria sp)
De cor cinza ou castanho escuro, corpo e pernas com pelos curtos e vermelhos perto dos ferrões, atingem até 17cm quando adultas, incluindo as pernas (o corpo de 4 a 5cm). A armadeira é encontrada em terrenos baldios, sob cascas de árvores, cachos de bananas e até dentro de casas em calçados. Sai para caçar em geral à noite. É muito agressiva, assumindo postura ameaçadora (daí seu nome). Apresenta uma dor intensa no local da picada. É encontrada na Região Amazônica, nos Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.
Tratamento
O tratamento consiste na aplicação local de anestésico e, nos casos mais graves, deve ser usado o soro antiaracnídico.
Aranha Marrom (Loxosceles sp)
De cor marrom amarelada, sem manchas, abdômen em forma de caroço de azeitona, atinge de 3 a 4cm incluindo as pernas. Vive em teias irregulares que constrói em tijolos, telhas, cantos de parede. Não é agressiva e os acidentes são raros mas, em geral, graves. Os primeiros sintomas de envenenamento são uma sensação de queimadura e formação de bolhas e escurecimento da pele no local da picada. É encontrada em várias regiões do país, principalmente no Estado de Santa Catarina.
Tratamento: O tratamento é feito com soro aracnídico ou antiloxoscélico.
Aranha de Grama, Aranha de Jardim ou Tarântula (Lycosa sp)
De cor acinzentada ou marrom, com pelos vermelhos perto dos ferrões e uma mancha escura em forma de flecha sobre o corpo. Atinge até 5cm, incluindo as pernas. Vive em gramados e os acidentes são frequentes, porém sem gravidade. É encontrada, praticamente, em todo o país.
Tratamento: não há necessidade de tratamento com soro.
Viúva Negra (Latrodectus sp)
De cor preta, com manchas vermelhas no abdômen. A fêmea mede 2,5 a 3cm, o macho é 3 a 4 vezes menor. Vive em teias que constrói sob vegetação rasteira, em arbustos, barrancos. São conhecidos poucos acidentes no Brasil, de pequena e média gravidade. É encontrada, praticamente, em todo o país.
Tratamento: o tratamento consiste na aplicação local de anestésico nos casos mais graves, deve ser usado o soro antilatrodectus.
Caranguejeira (Mygalomorphae)
Aranha de porte geralmente grande, na cor marrom escuro, com pelos compridos nas pernas e no abdômen. Pode atingir até 25cm com as patas estendidas. Embora muito temida, os acidentes são raros, ocorrendo apenas uma dermatite pela ação irritante dos pelos do abdômen, que se desprendem quando o animal se sente ameaçado. É encontrada, praticamente, em todo o país.
Tratamento: não há necessidade de tratamento com soro.
Medidas Preventivas
· Usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem.
· Examinar e sacudir calçados e roupas pessoais, de cama e banho, antes de usá-las.
· Afastar camas das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários.
· Não acumular lixo orgânico, entulhos e materiais de construção.
· Limpar o domicílio, observando atrás de móveis, cortinas e quadros.
· Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros, meia-cana e rodapés.
· Utilizar vedantes em portas, janelas e ralos.
· Limpar locais próximos das casas, evitando folhagens densas junto delas e aparar gramados.
· Combater a proliferação de insetos, principalmente baratas e cupins, pois são alimentos preferidos dos aracnídeos.
· Preservar os inimigos naturais e criar aves domésticas, que se alimentam de aracnídeos.
número de acidentes, acidentes fatais e com afastamento
No Estado de São Paulo, o Centro de Vigilância Epidemiológica é responsável pelo controle de animais peçonhentos e monitoramento dos acidentes.
Em Sorocaba, no ano de 2019 os números foram o seguinte:
Serpente: 266 sem óbito
Escorpião:778 sem óbito
Abelha: 472 1 óbito
Aranha: 656 sem óbito
Lagarta: 33 sem óbito
Abaixo histórico de acidente com os principais animais peçonhentos:
Abelha:
Escorpião:
Aranhas:
métodos de prevenção e socorro em casos de acidente
Métodos de prevenção:
O Brasil tem proporção territorial continental, com farta fauna e flora, tem ainda clima tropical, que favorece diversas espécies de animais peçonhentos, aliado a isso, temos a ocupação de áreas de matas na periferia das cidades com as zonas industriais.
Assim, os trabalhadores de diversos seguimentos estão expostos aos riscos de ataques dos animais peçonhentos, desde os trabalhadores rurais até os trabalhadores de industriais.
Sendo assim, os métodos de prevenção devem variar de acordo com o ramo de atividade somando aos riscos expostos, ou seja, determinadas atividades causam maior risco de exposição a determinados animais. 
Abaixa as formas de prevenção para atividades expostas a riscos: 
· Atividades rurais no campo e jardinagem: 
· risco de animais peçonhentos rastejantes.
· EPI´s – botas cano auto, luvas de couro, perneiras.
· Atividades rurais apicultura e cultivo espécies Plantae:
· risco de insetos peçonhentos.
· Máscara respiratória semifacial; Máscara respiratória semifacial; Repelente contra inseto; Botina de amarrar bi-densidade; Fita zebrada de sinalização; Luva de procedimento látex; Capa de chuva PVC; Camisa de Brim; Luva de malha de aço.
· Atividades em água:
· Peixes aguas fluviais e salgadas e moluscos.
· vestimenta para proteção de todo o corpo contra umidade proveniente de operações com água; luvas.
· Ambientes de trabalho industrial:
· Animais peçonhentos típico de cada região.
· Controle ambiental através do manejo e armadilhas.
· Curiosidade: kit de captura animais peçonhentos:
Socorro em caso de acidente:
A principal ação a ser tomada em caso de acidente com animais peçonhentos é encaminhar a vítima o mais rápido possível ao hospital.
No entanto, algumas medidas imediatas podem ser tomadas:
· Lavar o local da picada com água e sabão;
· Retire anéis, pulseiras e similares pois pode haver inchaço caso a mordida tenha sido nos membros superiores.
· Transporte a pessoa em repouso, deitada. No caso de picadas em braços ou pernas, é importante mantê-los em POSIÇÃO MAIS ELEVADA.
· Se ocorrerem sintomas como choque ou paralisia, coloque a parte superior do corpo da vítima no chão e coloque as pernas para cima.
· Certifique-se de que a cobra venenosa possa ser identificada para que a vítima possa receber um soro apropriado. Se necessário, tire uma foto com a câmera digital ou telefone celular para que você possa mostrá-la ao médico em caso de dúvida.  
Jamais deve ser feito:
· NÃO amarrar ou fazer torniquetes, o que impede a circulação do sangue, podendo produzir necrose ou gangrena.
· NÃO colocar nenhuma substância, folhas ou qualquer produto na picada.
· NÃO cortar ou chupar o local da picada.
· NÃO dar bebida alcóolica ou querosene ao acidentado.
· Manter o acidentado em REPOUSO, evitando que ele ande, corra ou se locomova, o que facilita a absorção do veneno. No caso de picadas em braços ou pernas, é importante mantê-los em POSIÇÃO MAIS ELEVADA.

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