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crime de tortura- de preconceito , raça e cor- crime contra o sistema financeiro

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Aula 07
Legislação Penal Extravagante p/ PC-CE
(Inspetor) Com Videoaulas - 2020
Autores:
Lucas Guimarães, Paulo
Guimarães, Thais Poliana Teixeira
Ribeiro de Assunção
Aula 07
9 de Março de 2020
59609281400 - jonas da cruz souza
 
 
 
 
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1 - Considerações Iniciais ................................................................................................... 2 
2 - Crimes de Tortura (Lei nº 9.455/1997) .......................................................................... 2 
3 - Crimes resultantes de Preconceito de Raça ou de Cor (Lei n. 7.716/89) ......................... 9 
4 - Lei nº 7.492/1986 (Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional) .............................. 19 
4.1 - Sistema Financeiro Nacional ................................................................................................... 19 
4.2 - Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional......................................................................... 21 
4.3 - Procedimento Criminal ............................................................................................................ 30 
5 - Resumo da Aula .......................................................................................................... 33 
6 - Jurisprudência relevante ............................................................................................. 38 
7 - Questões..................................................................................................................... 42 
7.1 - Questões Comentadas ............................................................................................................ 42 
7.2 - Lista de Questões .................................................................................................................... 75 
7.3 - Gabarito .................................................................................................................................. 93 
8 - Considerações Finais ................................................................................................... 93 
 
 
Lucas Guimarães, Paulo Guimarães, Thais Poliana Teixeira Ribeiro de Assunção
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1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Olá, caro amigo! 
Nosso curso está andando rapidamente e imagino que você está ganhando cada vez mais confiança 
na preparação, não é mesmo? ☺ 
Quero desde já chamar sua atenção para a necessidade de estruturar uma boa estratégia de revisão. 
Claro que isso será mais importante nos dias que antecederem a sua prova, mas desde já é bom 
pensar nisso, ok? 
Força! Bons estudos! 
 
2 - CRIMES DE TORTURA (LEI Nº 9.455/1997) 
A Lei dos Crimes de Tortura é pequena, mas muito importante. A Constituição Federal traz como 
princípio o repúdio à tortura e às penas degradantes, desumanas e cruéis. Vejamos o que diz a nossa 
Constituição sobre o assunto. 
 
Art. 5°, III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; 
[...] 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da 
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes 
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se 
omitirem. 
 
A tortura, portanto, é um crime inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. ATENÇÃO! O crime 
de tortura não é imprescritível! Essa característica é aplicável apenas aos crimes de racismo e às 
ações de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o estado democrático. 
Já houve decisão do STF no sentido de negar também a aplicação do indulto a condenado por crime 
de tortura. 
 
 
A Constituição determina que o crime de tortura é inafiançável e 
insuscetível de graça ou anistia, mas não é imprescritível. 
 
A definição de tortura deve ser buscada na Convenção Internacional contra a Tortura e Outras Penas 
ou Tratamentos Cruéis, Desumanos e Degradantes, aprovada pelas Nações Unidas em 1984 e 
ratificada e promulgada pelo Brasil em 1991. 
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O termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou 
mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma 
terceira pessoa, informações ou confissões; de castigá-la por ato que ela ou uma terceira 
pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta 
pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer 
natureza, quando tais dores ou sofrimentos são infligidos por um funcionários público 
ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu 
consentimento ou aquiescência. 
 
Podemos ver, portanto, que a tortura não resume à imposição de dor física, mas também está 
relacionada ao sofrimento mental e emocional. Essa agonia mental muitas vezes é chamada de 
tortura limpa, pois não deixa marcas perceptíveis facilmente. 
Antes da Lei n° 9.455/1997 não havia qualquer definição legal acerca do crime de tortura. O termo 
era mencionado em algumas leis, mas de forma genérica e esparsa, de modo que a Doutrina nunca 
aceitou que houvesse a tipificação do crime de tortura antes da referida lei. 
A Lei da Tortura é muito criticada pela imprecisão na tipificação do crimes. A lei foi votada às pressas 
e sem muita discussão no Poder Legislativo, sob o impacto emocional do que aconteceu na Favela 
Naval, em Diadema. 
Esse caso se refere a uma série de reportagens investigativas conduzidas em 1997 acerca de 
condutas praticadas por policiais militares na Favela Naval. Esses policiais foram filmados 
extorquindo dinheiro, humilhando, espancando e executando pessoas numa blitz. 
O fervor das discussões então levou à apresentação de um projeto de lei que foi rapidamente 
aprovado pelo Poder Legislativo, sem as discussões que seriam necessárias à elaboração de uma lei 
tecnicamente bem feita. 
Esse é o pano da fundo da história, mas isso obviamente não interessa para a nossa prova, não é 
mesmo!? Vamos ao que realmente interessa, que é a análise do texto legal. 
 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento 
físico ou mental: 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave 
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou 
medida de caráter preventivo. 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 
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A tortura, em qualquer de suas modalidades, é crime material, pois só ha consumação com o próprio 
resultado: o sofrimento da vítima. Pela mesma razão, podemos dizer que é possível a tentativa e a 
desistência voluntária. 
Além disso, não se admite o arrependimento eficaz e nem o arrependimento posterior. O crime de 
tortura é de ação penal pública incondicionada. 
 
CRIME DE TORTURA 
CARACTERÍSTICAS COMUNS A TODAS AS MODALIDADES 
É um crime material 
É possível a tentativa e a desistência voluntária 
Não se admite arrependimento eficaz e nem arrependimento posteriorAção penal pública incondicionada 
 
Pelo texto do art. 1°, podemos concluir que há diferentes modalidades de tortura, a depender da 
intenção do agente criminoso. Vejamos quais são essas modalidades, de acordo com a própria lei e 
a Doutrina. 
 
MODALIDADES DE TORTURA 
TORTURA-PROVA ou TORTURA 
PERSECUTÓRIA 
Infligida com a finalidade de obter 
informação, declaração ou confissão da 
vítima ou de terceira pessoa (inciso I, 
alínea “a”). 
TORTURA PARA A PRÁTICA DE CRIME ou 
TORTURA-CRIME 
Infligida para provocar ação ou omissão 
de natureza criminosa. 
TORTURA DISCRIMINATÓRIA ou 
TORTURA-RACISMO 
Infligida em razão de discriminação racial 
ou religiosa 
TORTURA-CASTIGO 
Infligida como forma de aplicar castigo 
pessoal ou medida de caráter preventivo. 
 
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Marquei de cor diferente a TORTURA-CASTIGO para que você memorize uma característica 
diferente. O inciso II do art. 1° tipifica a conduta daquele que inflige sofrimento a pessoa que esteja 
sob sua guarda, poder ou autoridade, com finalidade de castigar. 
Podemos concluir, portanto que a TORTURA-CASTIGO é um crime próprio, pois somente pode ser 
praticado por quem tenha o dever de guarda ou exerça poder ou autoridade sobre a vítima. Ao 
mesmo tempo exige-se também uma condição especial do sujeito passivo, que precisa estar sob a 
autoridade do torturador. 
O exemplo de TORTURA-CASTIGO mais comum é o do agente penitenciário que tortura presos, ou 
do pai que tortura os próprios filhos. 
As demais modalidades de tortura previstas no inciso I (tortura prova, para a prática de crimes e 
discriminatória) são crimes comuns, pois não se exige nenhuma qualidade especial do agente ou da 
vítima. 
 
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança 
a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante 
de medida legal. 
 
Esta é a TORTURA DO PRESO OU DE PESSOA SUJEITA A MEDIDA DE SEGURANÇA. A tipificação 
específica de crime cometido contra essas pessoas reforça o que determina a Lei do Abuso de 
Autoridade e a própria Constituição Federal, que assegura “aos presos o respeito à integridade física 
e moral”. 
Perceba que esta conduta é a única que não exige dolo específico do agente. Basta que a pessoa 
presa ou sujeita a medida de segurança seja submetida a sofrimento, não sendo exigida nenhuma 
finalidade especial por parte do torturador. 
 
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-
las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos. 
 
Esta é a OMISSÃO PERANTE A TORTURA. Já sabemos que, de acordo com o próprio Código Penal, a 
omissão só é penalmente relevante “quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado”. 
A Doutrina critica duramente este dispositivo, pois ele apenas criminaliza a omissão daquele que 
tinha o dever de agir para evitar a tortura, e não inclui aquele que, apesar de não ter o dever, tinha 
a possibilidade de impedir o ato de tortura e não o fez. 
 
 
 
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Apenas responde por OMISSÃO PERANTE A TORTURA aquele que 
tinha o dever de agir para evitar o ato de tortura e não o faz. 
 
 
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de 
quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. 
 
Estas são as hipóteses de TORTURA QUALIFICADA. Apenas chamo sua atenção para as 
qualificadoras, que são o resultado lesão corporal grave ou gravíssima, ou morte. A lesão corporal 
leve não é qualificadora do crime de tortura. 
 
A lesão corporal leve não é qualificadora do crime de tortura. A 
TORTURA QUALIFICADA somente ocorre quando houver como 
resultado lesão corporal grave ou gravíssima ou, ainda, o 
resultado morte. 
 
Para esclarecer as questões acerca da natureza da lesão corporal, é interessante que você relembre 
o teor do art. 129 do Código Penal, que trata do tema. As hipóteses de lesão corporal grave estão 
previstas no §1°, enquanto o §2° traz os casos de lesão corporal gravíssima. 
 
CP, Art. 129. 
[...] 
§1º Se resulta: 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; 
II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
IV - aceleração de parto: 
[...] 
§ 2° Se resulta: 
I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incurável; 
III- perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente; 
V - aborto: 
 
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Agora voltaremos à Lei n° 9.455/1997 para analisar as causas de aumento de pena para o crime de 
tortura. 
 
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: 
I - se o crime é cometido por agente público; 
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou 
maior de 60 (sessenta) anos; 
III - se o crime é cometido mediante sequestro. 
 
A definição de agente público deve ser tomada de forma ampla, nos termos do Código Penal, que 
estabelece que, para efeito penais, deve ser considerado funcionário público “aquele que, embora 
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública”. 
Você já sabe que, nos casos em que a condição de agente público é elementar do crime, não pode 
ser aplicada esta agravante. Não faria sentido, por exemplo, aplicar a agravante à TORTURA-
IMPRÓPRIA, quando o agente prisional se omite diante de ato de tortura, pois, se o agente não fosse 
funcionário público, não poderia haver o crime. 
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, são consideradas crianças as pessoas que tenham 
menos de 12 anos, enquanto adolescentes são aqueles que têm mais de 12 e menos de 18. 
Por fim, a agravante relacionada ao sequestro é aplicável quando a vítima é sequestrada e, durante 
o sequestro, o agente comete crime de tortura. Caso o agente cerceie a liberdade da vítima com a 
finalidade única de infligir a tortura, não há que se falar em sequestro. 
 
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição 
para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. 
 
Este é um efeito extrapenal administrativo da condenação. Caso o agente do crime de tortura seja 
funcionário público, perderá seu cargo, função ou emprego e ficará interditado para seu exercício 
pelo período equivalente ao dobro da pena. 
O STF e o STJ já decidiram que esse efeito decore automaticamente da condenação. 
 
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento 
da pena em regime fechado. 
 
Para responder as questões de prova com precisão, é importante conhecer, ao menos em parte, o 
conteúdo da Lei n° 8.072/1990, que trata dos crimes hediondos e equiparados, entre eles a tortura. 
A mencionada lei estabelecia o cumprimento das penas relativas aos crimes hediondos e 
equiparados em regime integralmente fechado. Quando a Lei de Tortura foi promulgada, 
considerou-se que houve derrogação parcial do dispositivo da Lei dos Crimes Hediondos. 
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Em 2007 a Lei dos Crimes Hediondos foi alterada, e hoje todos os crimes hediondos e equiparados 
devem ter suas penas cumpridas inicialmente em regime fechado, mas é possível a progressão de 
regime. 
A polêmica, porém, não acabou. O STJ tem afirmado, em julgados recentes, que não é obrigatório 
que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena em regime fechado. Esse 
entendimento decorre do posicionamento do STF relacionado aos crimes hediondos e equiparados, 
entre eles o crime de tortura. 
 
DIREITO PENAL. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA NO CRIME DE TORTURA. 
Não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena no 
regime prisional fechado. Dispõe o art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997 – lei que define os crimes 
de tortura e dá outras providências – que “O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a 
hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado”. Entretanto, cumpre ressaltar 
que o Plenário do STF, ao julgar o HC 111.840-ES (DJe 17.12.2013), afastou a obrigatoriedade do 
regime inicial fechado para os condenados por crimes hediondos e equiparados, devendo-se 
observar, para a fixação do regime inicial de cumprimento de pena, o disposto no art. 33 c/c o art. 
59, ambos do CP. Assim, por ser equiparado a crime hediondo, nos termos do art. 2º, caput e § 
1º, da Lei 8.072/1990, é evidente que essa interpretação também deve ser aplicada ao crime de 
tortura, sendo o caso de se desconsiderar a regra disposta no art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997, que 
possui a mesma disposição da norma declarada inconstitucional. Cabe esclarecer que, ao adotar 
essa posição, não se está a violar a Súmula Vinculante n.º 10, do STF, que assim dispõe: "Viola a 
cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora 
não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta 
sua incidência, no todo ou em parte". De fato, o entendimento adotado vai ao encontro daquele 
proferido pelo Plenário do STF, tornando-se desnecessário submeter tal questão ao Órgão Especial 
desta Corte, nos termos do art. 481, parágrafo único, do CPC: "Os órgãos fracionários dos tribunais 
não submeterão ao plenário, ou ao órgão especial, a arguição de inconstitucionalidade, quando já 
houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão". 
Portanto, seguindo a orientação adotada pela Suprema Corte, deve-se utilizar, para a fixação do 
regime inicial de cumprimento de pena, o disposto no art. 33 c/c o art. 59, ambos do CP e as 
Súmulas 440 do STJ e 719 do STF. Confiram-se, a propósito, os mencionados verbetes sumulares: 
"Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso 
do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito." 
(Súmula 440 do STJ) e "A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada 
permitir exige motivação idônea." (Súmula 719 do STF). Precedente citado: REsp 1.299.787-PR, 
Quinta Turma, DJe 3/2/2014. HC 286.925-RR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 13/5/2014. 
 
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território 
nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira. 
 
Em algumas situações, a Lei de Tortura pode ser aplicada mesmo fora do território nacional: 
- Quando a vítima do crime for brasileira; 
- Quando o agente se encontre em local em que a lei brasileira seja, em geral, aplicável. 
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3 - CRIMES RESULTANTES DE PRECONCEITO DE RAÇA OU DE COR (LEI N. 
7.716/89) 
Não pretendo tecer longas considerações históricas a respeito das origens do preconceito e do 
racismo no Brasil. Você sabe que por séculos a sociedade brasileira considerou os negros de origem 
africana como objetos, e que, com a abolição da escravatura, não houve qualquer política de 
inclusão dos negros na atividade produtiva, o que fez com que essas pessoas permanecessem à 
margem da sociedade, sem instrução formal e sofrendo fortíssimo preconceito em qualquer lugar 
que fossem. 
Do ponto de vista penal, por muito tempo os escravos não foram considerados pessoas, mas apenas 
em termos de culpabilidade. Eles eram criminosos, mas não podiam ser vítimas, pois eram 
propriedade do seu senhor. 
A primeira lei que tratou de combater o preconceito de raça e cor foi a Lei Afonso Arinos, de 1951, 
que tratou a discriminação como contravenção penal. Infelizmente essa foi uma daquelas famosas 
leis que “não pegam”. 
A Constituição de 1988 determina, em seu art. 4°, que o repúdio ao racismo é um dos princípios que 
regem a República em suas relações internacionais. Além disso, a prática de racismo é crime 
inafiançável e imprescritível, sujeito a pena de reclusão. 
A Lei n° 7.716/1989 surgiu para criminalizar as condutas de preconceito de raça ou de cor. Em 1997, 
a lei sofreu uma reforma de proporções consideráveis, que inclui em seu escopo também a 
discriminação ou preconceito de etnia, religião e procedência nacional. 
 
Art. 1o Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito 
de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. 
 
Vamos fazer uma pequena análise da terminologia utilizada pelo dispositivo, com base nas 
explanações doutrinárias sobre o tema, ok? 
Discriminação é a separação, segregação. Representa o rompimento da igualdade, mas nem sempre 
é ilegítima. Existem, por exemplo, as políticas que são comumente chamadas de “Discriminação 
Positiva”, que são voltadas para apenas uma parcela da população. Tratando-se da população negra, 
podemos mencionar como exemplo o estabelecimento de cotas para acesso às instituições de 
ensino superior. 
Preconceito é um sentimento ou ideia pré-formatada, que seja favorável ou desfavorável em relação 
a determinada pessoa. O preconceito e a discriminação puníveis são aqueles relacionados à raça, 
cor, etnia, religião ou procedência nacional. 
Para fins e interpretação legal, raças são subgrupos nos quais a humanidade se divide, de acordo 
com características fisiológicas comuns. Uma observação interessante é que mesmo a ciência já não 
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aceita pacificamente a existência de diferentes raças. A ideia já foi inclusive confirmada pelo STF, no 
julgamento do HC 82424. 
 
HABEAS-CORPUS. PUBLICAÇÃO DE LIVROS: ANTI-SEMITISMO. RACISMO. CRIME 
IMPRESCRITÍVEL. CONCEITUAÇÃO. ABRANGÊNCIA CONSTITUCIONAL. LIBERDADE DE 
EXPRESSÃO. LIMITES. ORDEM DENEGADA. 1. Escrever, editar, divulgar e comerciar livros 
"fazendo apologia de ideias preconceituosas e discriminatórias" contra a comunidade judaica (Lei 
7716/89, artigo 20, na redação dada pela Lei 8081/90) constitui crime de racismo sujeito às 
cláusulas de inafiançabilidade e imprescritibilidade (CF, artigo 5º, XLII). 2. Aplicação do princípio 
da prescritibilidade geral dos crimes: se os judeus não são uma raça, segue-se que contra eles não 
pode haver discriminação capaz de ensejar a exceção constitucional de imprescritibilidade. 
Inconsistência da premissa. 3. Raça humana. Subdivisão. Inexistência. Com a definição e o 
mapeamento do genoma humano, cientificamente não existem distinções entre os homens, seja 
pela segmentação da pelé, formato dos olhos, altura, pêlosou por quaisquer outras características 
físicas, visto que todos se qualificam como espécie humana. Não há diferenças biológicas entre os 
seres humanos. Na essência são todos iguais. 4. Raça e racismo. A divisão dos seres humanos em 
raças resulta de um processo de conteúdo meramente político-social. Desse pressuposto origina-
se o racismo que, por sua vez, gera a discriminação e o preconceito segregacionista. 5. Fundamento 
do núcleo do pensamento do nacional-socialismo de que os judeus e os arianos formam raças 
distintas. Os primeiros seriam raça inferior, nefasta e infecta, características suficientes para 
justificar a segregação e o extermínio: inconciabilidade com os padrões éticos e morais definidos 
na Carta Política do Brasil e do mundo contemporâneo, sob os quais se ergue e se harmoniza o 
estado democrático. Estigmas que por si só evidenciam crime de racismo. Concepção atentatória 
dos princípios nos quais se erige e se organiza a sociedade humana, baseada na respeitabilidade e 
dignidade do ser humano e de sua pacífica convivência no meio social. Condutas e evocações 
aéticas e imorais que implicam repulsiva ação estatal por se revestirem de densa intolerabilidade, 
de sorte a afrontar o ordenamento infraconstitucional e constitucional do País. 6. Adesão do Brasil 
a tratados e acordos multilaterais, que energicamente repudiam quaisquer discriminações raciais, 
aí compreendidas as distinções entre os homens por restrições ou preferências oriundas de raça, 
cor, credo, descendência ou origem nacional ou étnica, inspiradas na pretensa superioridade de um 
povo sobre outro, de que são exemplos a xenofobia, "negrofobia", "islamafobia" e o anti-semitismo. 
7. A Constituição Federal de 1988 impôs aos agentes de delitos dessa natureza, pela gravidade e 
repulsividade da ofensa, a cláusula de imprescritibilidade, para que fique, ad perpetuam rei 
memoriam, verberado o repúdio e a abjeção da sociedade nacional à sua prática. 8. Racismo. 
Abrangência. Compatibilização dos conceitos etimológicos, etnológicos, sociológicos, 
antropológicos ou biológicos, de modo a construir a definição jurídico-constitucional do termo. 
Interpretação teleológica e sistêmica da Constituição Federal, conjugando fatores e circunstâncias 
históricas, políticas e sociais que regeram sua formação e aplicação, a fim de obter-se o real sentido 
e alcance da norma. 9. Direito comparado. A exemplo do Brasil as legislações de países organizados 
sob a égide do estado moderno de direito democrático igualmente adotam em seu ordenamento 
legal punições para delitos que estimulem e propaguem segregação racial. Manifestações da 
Suprema Corte Norte-Americana, da Câmara dos Lordes da Inglaterra e da Corte de Apelação da 
Califórnia nos Estados Unidos que consagraram entendimento que aplicam sanções àqueles que 
transgridem as regras de boa convivência social com grupos humanos que simbolizem a prática de 
racismo. 10. A edição e publicação de obras escritas veiculando ideias anti-semitas, que buscam 
resgatar e dar credibilidade à concepção racial definida pelo regime nazista, negadoras e 
subversoras de fatos históricos incontroversos como o holocausto, consubstanciadas na pretensa 
inferioridade e desqualificação do povo judeu, equivalem à incitação ao discrímen com acentuado 
conteúdo racista, reforçadas pelas consequências históricas dos atos em que se baseiam. 11. 
Explícita conduta do agente responsável pelo agravo revelador de manifesto dolo, baseada na 
equivocada premissa de que os judeus não só são uma raça, mas, mais do que isso, um segmento 
racial atávica e geneticamente menor e pernicioso. 12. Discriminação que, no caso, se evidencia 
como deliberada e dirigida especificamente aos judeus, que configura ato ilícito de prática de 
racismo, com as consequências gravosas que o acompanham. 13. Liberdade de expressão. Garantia 
constitucional que não se tem como absoluta. Limites morais e jurídicos. O direito à livre expressão 
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não pode abrigar, em sua abrangência, manifestações de conteúdo imoral que implicam ilicitude 
penal. 14. As liberdades públicas não são incondicionais, por isso devem ser exercidas de maneira 
harmônica, observados os limites definidos na própria Constituição Federal (CF, artigo 5º, § 2º, 
primeira parte). O preceito fundamental de liberdade de expressão não consagra o "direito à 
incitação ao racismo", dado que um direito individual não pode constituir-se em salvaguarda de 
condutas ilícitas, como sucede com os delitos contra a honra. Prevalência dos princípios da 
dignidade da pessoa humana e da igualdade jurídica. 15. "Existe um nexo estreito entre a 
imprescritibilidade, este tempo jurídico que se escoa sem encontrar termo, e a memória, apelo do 
passado à disposição dos vivos, triunfo da lembrança sobre o esquecimento". No estado de direito 
democrático devem ser intransigentemente respeitados os princípios que garantem a prevalência 
dos direitos humanos. Jamais podem se apagar da memória dos povos que se pretendam justos os 
atos repulsivos do passado que permitiram e incentivaram o ódio entre iguais por motivos raciais 
de torpeza inominável. 16. A ausência de prescrição nos crimes de racismo justifica-se como alerta 
grave para as gerações de hoje e de amanhã, para que se impeça a reinstauração de velhos e 
ultrapassados conceitos que a consciência jurídica e histórica não mais admitem. Ordem denegada. 
STF, HC 82424/RS, Rel. Min. MOREIRA ALVES, j. 17.09.2003, DJ 19.03.2004 PP-00017 EMENT 
VOL-02144-03 PP-00524. 
 
A cor se refere à tonalidade da pele da pessoa. A etnia diz respeito à origem das comunidades, e 
abarca não só características físicas, mas também componentes culturais (dialetos, religião, crenças, 
costumes). 
Religião é uma crença em comum, normalmente manifestada por meio de ritos próprios. Origem 
nacional se refere ao país de procedência da pessoa. Aqui a Doutrina faz considerações também 
sobre os locais de origem dentro de um mesmo país, com relação a uma região específica, estado 
ou cidade. 
Aqui vale mencionar também um julgado do STF em que se reconhece a aplicabilidade da Lei n. 
7.716/1989 a situações de preconceito e discriminação relacionadas a orientação sexual e 
identidade de gênero (homofobia e transfobia). Ainda que esses fatores não sejam expressamente 
previstos na lei, o STF entendeu que a lei será aplicável até que o Congresso Nacional criminalize a 
homofobia. 
É importante ainda frisar que, no próprio julgado, o STF fez ressalvas à liberdade religiosa, 
resguardando aos ministros religiosos o direito de pregar e de divulgar o seu pensamento e de 
externar suas convicções, ensinando segundo sua orientação doutrinária, desde que tais 
manifestações não configurem discurso de ódio, ou seja, desde que não incitem a discriminação, a 
hostilidade ou a violência contra pessoas em razão de sua orientação sexual ou de sua identidade 
de gênero. 
 
Na ADO, o colegiado, por maioria, fixou a seguinte tese: “1. Até que sobrevenha lei emanada do 
Congresso Nacional destinada a implementar os mandados de criminalização definidos nos incisos 
XLI e XLII do art. 5º da Constituição da República, as condutas homofóbicas e transfóbicas, reais 
ou supostas, que envolvem aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de 
alguém, por traduzirem expressões de racismo, compreendido este em sua dimensão social, 
ajustam-se, por identidade de razão e mediante adequação típica, aos preceitos primários de 
incriminação definidos na Lei nº 7.716, de 08.01.1989, constituindo, também, na hipótese de 
homicídio doloso, circunstância que o qualifica, por configurar motivo torpe (Código Penal, art. 121, 
§ 2º, I, “in fine”);2. A repressão penal à prática da homotransfobia não alcança nem restringe ou 
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limita o exercício da liberdade religiosa, qualquer que seja a denominação confessional professada, 
a cujos fiéis e ministros (sacerdotes, pastores, rabinos, mulás ou clérigos muçulmanos e líderes ou 
celebrantes das religiões afro-brasileiras, entre outros) é assegurado o direito de pregar e de 
divulgar, livremente, pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, o seu pensamento e 
de externar suas convicções de acordo com o que se contiver em seus livros e códigos sagrados, 
bem assim o de ensinar segundo sua orientação doutrinária e/ou teológica, podendo buscar e 
conquistar prosélitos e praticar os atos de culto e respectiva liturgia, independentemente do espaço, 
público ou privado, de sua atuação individual ou coletiva, desde que tais manifestações não 
configurem discurso de ódio, assim entendidas aquelas exteriorizações que incitem a discriminação, 
a hostilidade ou a violência contra pessoas em razão de sua orientação sexual ou de sua identidade 
de gênero; 3. O conceito de racismo, compreendido em sua dimensão social, projeta-se para além 
de aspectos estritamente biológicos ou fenotípicos, pois resulta, enquanto manifestação de poder, 
de uma construção de índole histórico-cultural motivada pelo objetivo de justificar a desigualdade 
e destinada ao controle ideológico, à dominação política, à subjugação social e à negação da 
alteridade, da dignidade e da humanidade daqueles que, por integrarem grupo vulnerável (LGBTI+) 
e por não pertencerem ao estamento que detém posição de hegemonia em uma dada estrutura 
social, são considerados estranhos e diferentes, degradados à condição de marginais do 
ordenamento jurídico, expostos, em consequência de odiosa inferiorização e de perversa 
estigmatização, a uma injusta e lesiva situação de exclusão do sistema geral de proteção do 
direito”. 
ADO 26/DF, rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 13.6.2019. (ADO-26) 
MI 4733/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 13.6.2019. (MI-4733) 
 
O STF reconhece a aplicabilidade da Lei n. 7.716/1989 a situações de preconceito e 
discriminação relacionadas a orientação sexual e identidade de gênero (homofobia e 
transfobia). Ainda que esses fatores não sejam expressamente previstos na lei, o STF 
entendeu que a lei será aplicável até que o Congresso Nacional criminalize a homofobia. 
 
Normalmente nos referimos aos crimes previstos na Lei nº 7.716/1989 como “crimes de racismo”. 
O racismo, na realidade, é a crença na superioridade de uma determinada raça sobre outra, que gera 
consequências sociais extremas. Utilizarei esta expressão aqui para me referir aos crimes previstos 
na lei, ok? 
 
Primeiramente vamos analisar o tipo mais genérico, previsto no art. 20. 
 
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião 
ou procedência nacional. 
Pena: reclusão de um a três anos e multa. 
Este tipo abarca qualquer ato relacionado à promoção de atitudes discriminatórias ou 
preconceituosas relacionadas aos elementos que já estudamos. 
 
§ 1o Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou 
propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. 
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. 
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§ 2o Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de 
comunicação social ou publicação de qualquer natureza: 
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. 
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Público ou a 
pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência: 
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo; 
II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou da publicação 
por qualquer meio; 
III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na rede mundial de 
computadores. 
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após o trânsito em julgado da decisão, 
a destruição do material apreendido. 
 
A criminalização do uso do símbolo do nazismo (suástica) é consequência dos traumas gerados pelas 
políticas racistas e segregacionistas adotadas pelo regime de Adolf Hitler e que marcaram a 
expansão alemã durante a Segunda Guerra Mundial. 
O símbolo ficou tão fortemente ligado ao racismo que até hoje sua utilização constitui crime punido 
severamente. 
Há também uma pena mais grave se os crimes de racismo forem cometidos utilizando-se meios de 
comunicação social ou publicação, também conhecidos como “meios de comunicação de massa”. 
Uma atitude racista transmitida na TV, rádio ou internet é punida mais severamente do que aquela 
feita de forma tímida e com menor alcance. 
Para investigar a utilização de meios de comunicação, o juiz pode determinar medidas cautelares 
com a principal finalidade de interromper a transmissão de conteúdos racistas. O §4º determina 
ainda que a destruição do material de cunho racista é efeito da condenação. 
 
Art. 3o Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da 
Administração Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça, cor, 
etnia, religião ou procedência nacional, obstar a promoção funcional. 
Pena: reclusão de dois a cinco anos. 
 
Aqui a conduta tipificada é a obstacularização ou o impedimento do acesso de pessoa habilitada a 
cargo ou à promoção funcional. O sujeito ativo é pessoa componente da Administração Pública, que 
detenha cargo ou função de chefia ou atribuições relacionadas ao acesso a cargo ou promoção, 
enquanto o sujeito passivo é o próprio Estado e, secundariamente, o ofendido pelo ato 
discriminatório. 
É necessário ainda que haja o elemento subjetivo da vontade dirigida à atitude discriminatória ou 
preconceituosa relacionada aos elementos mencionados no parágrafo único. Isso não significa que 
outras atitudes discriminatórias não sejam puníveis, ok? A discriminação contra idosos, ou por razão 
de sexo e estado civil são puníveis com base em leis específicas. 
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Art. 4o Negar ou obstar emprego em empresa privada. 
§ 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raçaou de corou práticas 
resultantes do preconceito de descendência ou origem nacional ou étnica: 
I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao empregado em igualdade de condições 
com os demais trabalhadores; 
II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar outra forma de benefício profissional; 
III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no ambiente de trabalho, 
especialmente quanto ao salário. 
§ 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços à comunidade, incluindo atividades 
de promoção da igualdade racial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamento 
de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para emprego cujas 
atividades não justifiquem essasexigências. 
Pena: reclusão de dois a cinco anos. 
 
Este tipo penal é bastante interessante. Enquanto o art. 3º tratava da negativa de acesso ao cargo 
ou à promoção funcional na Administração Pública e nas concessionárias de serviços públicos, este 
trata das empresas privadas. 
As condutas criminalizadas são as seguintes: 
• Negar ou obstar emprego; 
• Deixar de providenciar os equipamentos necessários a empregado; 
• Impedir a ascensão ou outro benefício funcional a empregado; 
• Tratar empregado de forma diferente dos demais; 
• Exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para emprego sem justificativa. 
Lembro que, em todos os tipos penais relacionados ao racismo, é necessária a existência de dolo 
relacionado ao preconceito ou discriminação resultante de raça, cor, etnia, religião ou origem. 
 
Art. 5o Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender 
ou receber cliente ou comprador. 
Pena: reclusão de um a três anos. 
Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento de 
ensino público ou privado de qualquer grau. 
Pena: reclusão de três a cinco anos. 
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor de dezoito anos a pena é agravada de 
1/3 (um terço). 
 
No parágrafo único não consta agravante, mas sim uma causa de aumento de pena. A expressão foi 
utilizada pelo legislador de forma atécnica. 
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A negativa de acesso a instituições de ensino por motivos racistas era muito comum há algumas 
décadas. Perceba que nem as escolas mantidas por instituições religiosas podem negar o acesso de 
alunos que não pertençam àquela denominação. Isso não impede, é claro, que sejam estabelecidas 
normas de conduta a serem observadas no dia a dia da instituição. 
 
Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer 
estabelecimento similar. 
Pena: reclusão de três a cinco anos. 
Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares, confeitarias, ou 
locais semelhantes abertos ao público. 
Pena: reclusão de um a três anos. 
Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabelecimentos esportivos, casas de 
diversões, ou clubes sociais abertos ao público. 
Pena: reclusão de um a três anos. 
Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de cabeleireiros, barbearias, 
termas ou casas de massagem ou estabelecimento com as mesmas finalidades. 
Pena: reclusão de um a três anos. 
Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais e elevadores 
ou escada de acesso aos mesmos: 
Pena: reclusão de um a três anos. 
Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como aviões, navios barcas, barcos, 
ônibus, trens, metrô ou qualquer outro meio de transporte concedido. 
Pena: reclusão de um a três anos. 
Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em qualquer ramo das Forças Armadas. 
Pena: reclusão de dois a quatro anos. 
Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casamento ou convivência familiar 
e social. 
Pena: reclusão de dois a quatro anos. 
 
Mais uma vez chamo sua atenção para a necessidade do elemento subjetivo da conduta do agente: 
o dolo de impedir ou obstruir o acesso das pessoas a esses locais em razão de discriminação ou 
preconceito quanto à raça, cor, etnia, religião ou origem da pessoa. 
 
Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou função pública, para o servidor 
público, e a suspensão do funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior a 
três meses. 
[...] 
Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei não são automáticos, devendo ser 
motivadamente declarados na sentença. 
 
O art. 16 estabelece alguns efeitos extrapenais da condenação pelos crimes da Lei n. 7.716/1989: 
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a) Perda do cargo ou da função pública, para o servidor público; 
b) Suspensão do funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior a 3 
meses. 
O art. 18 esclarece que esses efeitos não são automáticos, devendo ser expressa e motivadamente 
declarados na sentença. Você pode estar se perguntando acerca do art. 17, mas este dispositivo foi 
vetado na época da promulgação da lei. 
 
Na Jurisprudência dos Tribunais Superiores há pouquíssimos julgados sobre os crimes de racismo. O 
HC 82424, julgado pelo STF, tratou da publicação de livros com conteúdo antissemita, ou seja, 
discriminatório e preconceituoso contra a comunidade judaica. 
Na ocasião, a Suprema Corte confirmou o caráter criminoso da publicação de livros “fazendo 
apologia de ideias preconceituosas e discriminatórias contra a comunidade judaica”. O STF 
relacionou as publicações às antigas ideias de supremacia ariana em relação aos judeus, veiculadas 
pelo regime nazista. 
Há ainda um outro julgado interessante, desta vez do STJ, que foi cobrado numa questão do 
concurso de 2013 da Polícia Rodoviária Federal. 
Na ocasião, discutiu-se a possibilidade de um clube social negar a admissão de uma pessoa em razão 
de preconceito de raça ou cor, quando, de acordo com o estatuto do clube, a sua diretoria não 
precisava justificar a negativa. Nem preciso dizer que isso não faz o menor sentido, não é mesmo? 
 
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. DIREITO PROCESSUAL PENAL.INÉPCIA DA 
DENÚNCIA. CRIME DE PRECONCEITO DE RAÇA OU DE COR.AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. 
INOCORRÊNCIA. 
1. A denúncia que se mostra ajustada ao artigo 41 do Código de Processo Penal, ensejando o pleno 
exercício da garantia constitucional da ampla defesa, não deve, nem pode, ser tida e havida como 
inepta. 2. A recusa de admissão no quadro associativo de clube social, em razão de preconceito de 
raça ou de cor, caracteriza o tipo inserto no artigo 9º da Lei nº 7.716/89, enquanto modo da 
conduta impedir, que lhe integra o núcleo. 3. A faculdade, estatutariamente atribuída à diretoria, 
de recusar propostas de admissão em clubes sociais, sem declinação dos motivos, não lhe atribui 
a natureza especial de fechado, de maneira a subtraí-lo da incidência da lei. 4. A pretensão de 
exame de prova é estranha, em regra, ao âmbito angusto do habeas corpus. 5. Recurso improvido. 
STJ, Relator: Ministro HAMILTON CARVALHIDO, Data de Julgamento: 22/03/2005, T6 - SEXTA 
TURMA 
Acerca dos aspectos processuais, há um julgado importante do STJ que reconhece que a consumação 
do crime de racismo por meio da internet ocorre no local de onde foram enviadas as manifestações 
racistas. 
 
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE RACISMO PELA INTERNET. 
MENSAGENS ORIUNDAS DE USUÁRIOS DOMICILIADOS EM DIVERSOS ESTADOS. 
IDENTIDADE DE MODUS OPERANDI. TROCA E POSTAGEM DE MENSAGENS DE CUNHO 
RACISTA NA MESMA COMUNIDADE DO MESMO SITE DE RELACIONAMENTO. OCORRÊNCIA 
DE CONEXÃO INSTRUMENTAL. NECESSIDADE DE UNIFICAÇÃO DO PROCESSO PARA 
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FACILITAR A COLHEITA DA PROVA. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 76, III, E 78, AMBOS DO 
CPP. PREVENÇÃO DO JUÍZO FEDERAL PAULISTA, QUE INICIOU E CONDUZIU GRANDE 
PARTE DAS INVESTIGAÇÕES. PARECER DO MPF PELA COMPETÊNCIA DO JUÍZO FEDERAL 
DE SÃO PAULO. CONFLITO CONHECIDO, PARA DECLARAR COMPETENTE O JUÍZO FEDERAL 
DA 4A. VARA CRIMINALDA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO, O SUSCITADO, 
DETERMINANDO QUE ESTE COMUNIQUE O RESULTADO DESTE JULGAMENTO AOS DEMAIS 
JUÍZOS FEDERAIS PARA OS QUAIS HOUVE A DECLINAÇÃO DE COMPETÊNCIA. 1. Cuidando-
se de crime de racismo por meio da rede mundial de computadores, a consumação do delito ocorre 
no local de onde foram enviadas as manifestações racistas. 2. Na hipótese, é certo que as supostas 
condutas delitivas foram praticadas por diferentes pessoas a partir de localidades diversas; todavia, 
contaram com o mesmo modus operandi, qual seja, troca e postagem de mensagens de cunho 
racista e discriminatório contra diversas minorias (negros, homossexuais e judeus) na mesma 
comunidade virtual do mesmo site de relacionamento. 3. Dessa forma, interligadas as condutas, 
tendo a prova até então colhida sido obtida a partir de único núcleo, inafastável a existência de 
conexão probatória a atrair a incidência dos arts. 76, III, e 78, II, ambos do CPP, que disciplinam 
a competência por conexão e prevenção. 4. Revela-se útil e prioritária a colheita unificada da prova, 
sob pena de inviabilizar e tornar infrutífera as medidas cautelares indispensáveis à perfeita 
caracterização do delito, com a identificação de todos os participantes da referida comunidade 
virtual. 
[...] 
STJ, CC 102454/RJ, Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, j. 25.03.2009, DJe 15.04.2009. 
 
Veremos agora alguns dispositivos de outras leis que mencionam a discriminação ou preconceito 
baseados no racismo. 
O art. 140 do Código Penal trata do crime de injúria, mas o que realmente nos interessa aqui é 
conteúdo do §3º, que estabelece uma variante qualificada desse crime. 
 
Art. 140 Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: 
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; 
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. 
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio 
empregado, se considerem aviltantes: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 
§ 3º - Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem 
ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: 
Pena - reclusão de um a três anos e multa. 
 
Entre outros elementos, constam aqueles presentes no art. 1º da Lei do Racismo. 
Nas palavras de Celso Delmanto, "comete o crime do artigo 140, § 3º do CP, e não o delito do artigo 
20 da Lei nº 7.716/89, o agente que utiliza palavras depreciativas referentes a raça, cor, religião ou 
origem, com o intuito de ofender a honra subjetiva da vítima". 
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Já o crime de racismo seria aquele cometido por quem pratica conduta discriminatória dirigida a um 
determinado grupo ou coletividade. O crime de racismo é considerado mais grave pelo legislador, e, 
além de imprescritível e inafiançável, sua persecução se dá por meio de ação penal pública 
incondicionada, enquanto, no caso da injúria racial, a ação penal é pública condicionada à 
representação do ofendido. 
Com relação à injúria racial, vale a pena também mencionar julgado do STF que confirmou a 
condenação do blogueiro Paulo Henrique Amorim pelo crime, estendendo à injúria racial a 
imprescritibilidade prevista para o crime de racismo. 
 
DIREITO PENAL. AGRAVO INTERNO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. CRIME 
DE INJÚRIA RACIAL. IMPRESCRITIBILIDADE. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL 
AMPLAMENTE ANALISADA NA ORIGEM. NEGATIVA MONOCRÁTICA DE SEGUIMENTO. 
MANUTENÇÃO DA DECISÃO. DESPROVIMENTO DO AGRAVO. 
1.Como afirmado na decisão monocrática ora atacada, os fatos foram detida e profundamente 
apreciados nas instâncias ordinárias. De modo que não se pode rediscutir a matéria sem revolver 
os fatos para que se chegue à conclusão diversa da encontrada pelo Superior Tribunal de Justiça. 
De se salientar que não se trata de manter a decisão, com exame da questão de fundo, mas da 
impossibilidade de proceder à revisão nesta via recursal. 
2.Por outro lado, como também explicitado na decisão, a questão relativa à imprescritibilidade é 
insuscetível de reapreciação por se tratar de matéria infraconstitucional, objeto de profunda análise 
pelo Superior Tribunal de Justiça, órgão constitucionalmente vocacionado para o exame da matéria. 
Ag. Reg. noRE com Ag. 983.531. Rel. Min. Roberto Barroso, j. 18.8.2017. 
 
É interessante conhecer também o crime de redução a condição análoga à de escravo, tipificado no 
art. 149 do CP, e que prevê aumento de pena se a conduta for relacionada ao racismo. 
 
Art. 149 Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados 
ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, 
por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. 
[...] 
§ 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: 
[...] 
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. 
 
A Lei nº 9.455/1997, que trata dos crimes de tortura, também prevê no tipo penal um componente 
relacionado ao racismo: 
 
Art. 1o Constitui crime de tortura: 
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico 
ou mental: 
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[...] 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 
 
4 - LEI Nº 7.492/1986 (CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO 
NACIONAL) 
4.1 - SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 
A Lei n° 7.492/1986 é costumeiramente chamada de Lei dos Crimes de Colarinho Branco. Ela 
demonstra a grande preocupação do legislador com a proteção do Sistema Financeiro Nacional. Essa 
preocupação se explica em grande parte por causa do que se convencionou chamar de “risco 
sistêmico”. Explicarei para você em poucas palavras do que se trata. 
As instituições financeiras são pessoas jurídicas que exercem as atividades de intermediação 
financeira, ou seja, elas captam recursos (quando você deposita seu dinheiro em um banco, ele está 
captando seus recursos), e, em seguida, repassam esses recursos, mediante empréstimos, 
financiamentos, planos previdenciários, etc. 
Acontece que as instituições financeiras não operam isoladamente. Há uma extensa e complexa rede 
de operações que une todas essas instituições: elas emprestam recursos e tomam emprestados 
umas das outras, têm ações negociadas em bolsa e seus recursos estão espalhados por todo o 
sistema. 
Agora imagine comigo a seguinte situação: um diretor de um grande banco pratica o crime de gestão 
fraudulenta, e a informação vem a público, fazendo com que a imagem desse banco fique muito 
comprometida. Diante dos sinais de instabilidade, rapidamente o valor de mercado das ações 
daquele banco cai, e as pessoas passam a desconfiar de que seus recursos não estão seguros sob a 
guarda daquela instituição. 
O próximo acontecimento, portanto, é uma corrida às agências daquele banco, com pessoas 
retirando seus recursos para levar para outras instituições mais confiáveis, ou mesmo para guardar 
consigo. Você já está compreendendo onde isso pode parar, não é mesmo? Este banco pode ficar 
sem recursos para pagar seus credores, e este grupo inclui outros bancos, o Banco Central, e algumas 
vezes até o Tesouro Nacional.Você conseguiu perceber a importância da proteção de todo o Sistema Financeiro Nacional? As 
ações criminosas, em razão do risco sistêmico, podem atingir um número incontável de pessoas, e 
prejudicar a população e o próprio Estado. 
 
Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito 
público ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a 
captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou 
estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de 
valores mobiliários. 
Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira: 
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I - a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer 
tipo de poupança, ou recursos de terceiros; 
II - a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas neste artigo, ainda que de 
forma eventual. 
 
Este dispositivo define o que é instituição financeira, e o conjunto dessas instituições é o que forma 
o Sistema Financeiro Nacional. As instituições que formam o SFN são públicas e privadas. Este 
aspecto já foi cobrado em provas anteriores, hein? 
O conceito de instituição financeira trazido pela lei é bastante amplo, não é mesmo? Já expliquei a 
você o que é a atividade de intermediação financeira, mas o art. 1° trata como instituições 
financeiras também aquelas dedicadas à custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação 
ou administração de valores mobiliários. 
Os títulos e valores mobiliários são aqueles negociados em bolsas de valores e mercado de balcão, 
a exemplo das ações, opções, debêntures, etc. Dessa forma, as corretoras e distribuidoras de títulos 
e valores mobiliários também são consideradas instituições financeiras. 
O parágrafo único amplia ainda mais a definição, abarcando também as corretoras de seguros, de 
câmbio, as instituições que promovem consórcios, e qualquer outra que capte recursos de terceiros. 
A Lei Complementar nº 105/2001, que trata do sigilo bancário, traz o rol das entidades que são 
consideradas instituições financeiras. São instituições financeiras, para os fins da LC 105, os bancos 
de qualquer espécie; distribuidoras de valores mobiliários; corretoras de câmbio e de valores 
mobiliários; sociedades de crédito, financiamento e investimentos; sociedades de crédito 
imobiliário; administradoras de cartões de crédito; sociedades de arrendamento mercantil; 
administradoras de mercado de balcão organizado; cooperativas de crédito; associações de 
poupança e empréstimo; bolsas de valores e de mercadorias e futuros; entidades de liquidação e 
compensação; outras sociedades que, em razão da natureza de suas operações, assim venham a ser 
consideradas pelo Conselho Monetário Nacional. 
 
 
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4.2 - CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 
Agora que aprendemos o que é o Sistema Financeiro Nacional e quais são as instituições financeiras, 
voltemos nosso estudo aos tipos penais trazidos pela lei. Esta parte, sem dúvida, é a mais importante 
para a sua prova, ok? 
Primeiramente, alguns crimes aqui previstos são próprios, apenas podendo ser praticados pelas 
pessoas previstas pelo art. 25. Por exemplo, os art. 4º, 5º, 6º, 9º, 11 e 17. 
 
Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores 
de instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes. 
§ 1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira o interventor, o liquidante ou 
o síndico. 
 
O controlador é aquele que tem poder de comando. Em geral é o acionista que possui maior 
participação ou o sócio que detém maior número de cotas, e geralmente ele é conhecido como o 
“dono” do negócio. 
Os administradores são aqueles a quem é concedido o poder de decisão na instituição. São os 
diretores e gerentes, que geralmente representam a instituição na condução dos negócios. 
O interventor e o liquidante são figuras existentes nas normas específicas que tratam dos 
procedimentos de intervenção e liquidação de instituições financeiras. Síndico era o nome dado ao 
responsável pela condução da falência. Hoje esta figura é chamada de administrador judicial. 
Decidi reproduzir os dispositivos legais e fazer comentários sucintos, apenas para facilitar seu 
entendimento. Historicamente, as questões acerca desses crimes cobram muito pouco além do que 
é prescrito pela lei. 
 
IMPRESSÃO OU PUBLICAÇÃO NÃO AUTORIZADAS 
Art. 2º Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou pôr em circulação, sem autorização 
escrita da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro documento representativo de título ou 
valor mobiliário: 
Pena– Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem imprime, fabrica, divulga, distribui ou faz 
distribuir prospecto ou material de propaganda relativo aos papéis referidos neste artigo. 
 
Já vimos o que são os títulos e valores mobiliários, não é mesmo? Este crime é praticado por quem 
cria fraudulentamente ou põe em circulação sem autorização um documento que pretensamente 
representa um título ou valor mobiliário. 
A mesma pena pode ser aplicada para aquele que produz material de divulgação do título ou valor 
mobiliário falso. 
DIVULGAÇÃO FALSA OU INCOMPLETA DE INFORMAÇÃO 
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Art. 3º Divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição financeira: 
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 
 
Há um enorme perigo na divulgação de informações a respeito de instituições financeiras. Isso 
ocorre porque, como já expliquei, uma quebra de confiança na saúde financeira da instituição pode 
provocar um colapso em todo o Sistema Financeiro. 
 
GESTÃO FRAUDULENTA 
Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira: 
Pena- Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa. 
Parágrafo único. Se a gestão é temerária: 
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. 
 
Este tipo penal é tosco. Na realidade, ele não tipifica nada, pois não há qualquer dispositivo legal ou 
regulamentar que explique o que significa “gerir fraudulentamente”. Apesar disso, a Jurisprudência 
historicamente o tem aplicado, dando à expressão significado relacionado à prática de atos 
fraudulentos, de ardil, embuste ou desfalque. 
A gestão temerária, por outro lado, é praticada pelo administrador que não segue as regras de 
cautela. 
Há entidades públicas que compõem o Sistema Financeiro Nacional e são responsáveis por editar 
normas prudenciais, que devem ser obedecidas por todas as instituições financeiras. Essas 
instituições reguladoras são o Banco Central do Brasil (BC), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), 
a Superintendência de Seguros Privados (Susep) e a Superintendência Nacional de Previdência 
Complementar (Previc). 
Devemos aqui mencionar posicionamentos dos Tribunais Superiores no sentido de que a gestão 
fraudulenta é um crime residual, que estará caracterizado quando não estiverem presentes 
elementos próprios de outro crime. 
 
PENAL E PROCESSUAL PENAL. LEI 7.492/1986, ARTS. 16 (OPERAR INSTITUIÇÃO 
FINANCEIRA SEM AUTORIZAÇÃO) E 22(EVASÃO DE DIVISAS). 
[...] 
3. O delito de gestão fraudulenta é previsto em dispositivo legal que tem caráter de norma geral e, 
portanto, o crime será residual, e restará absorvido sempre que não houver uma norma específica, 
criminalizando uma determinada conduta que importe em lesão à integridade do sistema. No caso 
dos autos, a conduta atribuída aos acusados está perfeitamente delimitada e definida pela norma 
dos arts. 16 e 22 da Lei nº 7.492/1989. Logo, condenar os réus, com base nos mesmos fatos, pela 
prática do crime do art. 4º da citada lei, importaria em inadmissível bis in idem. 
STF, ARE 920688/RJ Rel. Min. EDSON FACHIN, j. 18.12.2015, DJe 02.02.2016. 
APROPRIAÇÃO INDÉBITA E DESVIO DE RECURSOS 
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Art. 5º Apropriar-se, quaisquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, de dinheiro, título, 
valor ou qualquer outro bem móvel de que tem a posse, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio: 
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena qualquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, 
que negociar direito, título ou qualquer outro bem móvel ou imóvel de que tem a posse, sem 
autorização de quem de direito. 
 
Em regra, quando os procedimentos de fiscalização mostram que a instituição não está “bem das 
pernas”, as entidades reguladoras utilizam esses expedientes para intervir, assumir a condução dos 
negócios e, em alguns casos, liquidar a instituição e retirá-la do mercado. 
Se o controlador, os administradores, o interventor, o liquidante ou administrador judicial se 
apropria, desvia ou negocia bem ou valor do qual tem a posse me razão do exercício da função, 
incorre neste crime. 
 
SONEGAÇÃO DE INFORMAÇÃO 
Art. 6º Induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou repartição pública competente, 
relativamente a operação ou situação financeira, sonegando-lhe informação ou prestando-a 
falsamente: 
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 
 
Mais uma vez estamos diante de uma conduta que pode pôr em risco não só a instituição financeira, 
mas todo o sistema. Da mesma forma que a divulgação de informação falsa levar o público e os 
investidores a tomar decisões erradas, a sonegação de informação a sócios, investidores ou agentes 
públicos pode prejudicar outras instituições, a população e o Estado. 
 
EMISSÃO, OFERECIMENTO OU NEGOCIAÇÃO IRREGULAR DE TÍTULOS OU VALORES 
MOBILIÁRIOS 
Art. 7º Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou valores mobiliários: 
I - falsos ou falsificados; 
II - sem registro prévio de emissão junto à autoridade competente, em condições divergentes das 
constantes do registro ou irregularmente registrados; 
III - sem lastro ou garantia suficientes, nos termos da legislação; 
IV - sem autorização prévia da autoridade competente, quando legalmente exigida: 
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. 
 
Para negociar títulos ou valores mobiliários, é necessário que a sociedade proceda à abertura de 
capital. Esse procedimento é bastante complexo, e deve seguir uma série de exigências legais, além 
dos regulamentos da Comissão de Valores Mobiliários. 
Se esses procedimentos não forem seguidos ou os títulos ou valores forem emitidos em desacordo 
com essas normas, o agente incorrerá no crime em estudo. 
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EXIGÊNCIA DE REMUNERAÇÃO ALÉM DA LEGALMENTE PERMITIDA 
Art. 8º Exigir, em desacordo com a legislação, juro, comissão ou qualquer tipo de 
remuneração sobre operação de crédito ou de seguro, administração de fundo mútuo ou fiscal ou 
de consórcio, serviço de corretagem ou distribuição de títulos ou valores mobiliários: 
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
Os serviços de intermediação financeira não podem ser realizados por qualquer pessoa. As 
instituições financeiras somente podem operar no mercado com autorização das entidades 
reguladoras que foram mencionadas. 
Além da intervenção de pessoas não autorizadas, também comete este crime aquele que é 
autorizado a operar no mercado, mas não respeita os limites estabelecidos pela lei e pelos 
regulamentos. Geralmente as instituições financeiras são autorizadas a operar “carteiras” 
específicas. Se uma empresa é autorizada a comercializar seguros, por exemplo, não pode operar no 
mercado de câmbio. 
 
FRAUDE À FISCALIZAÇÃO OU AO INVESTIDOR 
Art. 9º Fraudar a fiscalizaçãoou o investidor, inserindo ou fazendo inserir, em documento 
comprobatório de investimento em títulos ou valores mobiliários, declaração falsa ou diversa da 
que dele deveria constar: 
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. 
 
Esta é uma modalidade mais específica de fraude. Neste crime o fraudador ilude o investidor ou o 
fiscalizador (BC, CVM, Susep, Previc, etc.) mediante inserção de declaração falsa ou diferente da que 
deveria constar nos processos. 
 
DOCUMENTOS CONTÁBEIS FALSOS OU INCOMPLETOS 
Art. 10. Fazer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido pela legislação, em 
demonstrativos contábeis de instituição financeira, seguradora ou instituição integrante do sistema 
de distribuição de títulos de valores mobiliários: 
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. 
 
Este é mais um crime relacionado à fraude. A legislação e os regulamentos são muito detalhados e 
rigorosos acerca da prestação de contas das instituições financeiras. Todos os anos elas precisam 
elaborar, enviar às instituições reguladoras e publicar diversos relatórios e demonstrações 
contábeis. 
A necessidade de controle é explicada pelo já mencionado risco sistêmico. Daí o rigor na punição 
daquele que falseia demonstrativos contábeis de instituição financeira, seja inserindo elemento 
falso, seja omitindo elemento exigido. 
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CONTABILIDADE PARALELA 
Art. 11. Manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela 
legislação: 
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. 
 
Este é o famoso “caixa dois”, ou seja, a movimentação ilícita de recursos da entidade sem o devido 
registro. Este tipo de prática não só mascara a saúde financeira da empresa, como também ilude a 
administração tributária. 
 
OMISSÃO DE INFORMAÇÕES 
Art. 12. Deixar, o ex-administrador de instituição financeira, de apresentar, ao interventor, 
liquidante, ou síndico, nos prazos e condições estabelecidas em lei as informações, declarações 
ou documentos de sua responsabilidade: 
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
A partir do momento em que é decretada a intervenção ou liquidação extrajudicial da instituição 
financeira, o ente regulador assume a condução da empresa. O ex-administrador não pode, 
portanto, deixar de prestar informações ou entregar documentos ao administrador judicial, 
interventor ou liquidante. 
Para evitar esse tipo de situação, geralmente os atos que decretam as liquidações, intervenções ou 
a própria falência são editados logo cedo pela manhã, no momento em que o administrador judicial, 
interventor ou liquidante já está na porta da instituição. Publicado o ato, o agente já entra e se 
estabelece, evitando que os administradores destruam qualquer tipo de evidência. 
 
DESVIO DE BEM INDISPONÍVELArt. 13. Desviar bem alcançado pela indisponibilidade legal resultante de intervenção, liquidação 
extrajudicial ou falência de instituição financeira. 
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 
Parágrafo único. Na mesma pena incorra o interventor, o liquidante ou o síndico que se apropriar 
de bem abrangido pelo caput deste artigo, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio. 
 
Os procedimentos de liquidação extrajudicial guardam muitas semelhanças com a falência. O 
liquidante nomeado é responsável por verificar o patrimônio da instituição financeira e aliená-lo 
para saldar as dívidas com os credores. 
Se o liquidante ou interventor desviar esses bens, incorrerá em crime contra o sistema financeiro. 
 
APRESENTAÇÃO DE DECLARAÇÃO OU RECLAMAÇÃO FALSA 
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Art. 14. Apresentar, em liquidação extrajudicial, ou em falência de instituição financeira, 
declaração de crédito ou reclamação falsa, ou juntar a elas título falso ou simulado: 
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. 
Parágrafo único. Na mesma pena incorre o ex-administrador ou falido que reconhecer, como 
verdadeiro, crédito que não o seja. 
 
Mais uma vez tratamos dos procedimentos de liquidação extrajudicial e de falência. Declaração de 
crédito é um título que comprova que a pessoa física ou jurídica é credora da massa liquidanda (ou 
falida). Já a reclamação não é definida pela Lei nº 6.024/1974, que trata da liquidação extrajudicial, 
e nem pela Lei nº 11.101/2005 (Lei de Falências e Recuperação). 
Há outro crime muito semelhante, tipificado pela Lei de Falências. A única diferença é que naquela 
norma a conduta prevista não abrange o procedimento de liquidação extrajudicial. A pena prevista 
na Lei nº 7.492/1986 também é mais severa. 
 
MANIFESTAÇÃO FALSA 
Art. 15. Manifestar-se falsamente o interventor, o liquidante ou o síndico, à respeito de assunto 
relativo a intervenção, liquidação extrajudicial ou falência de instituição financeira: 
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. 
 
Essas pessoas têm grande responsabilidade com relação ao pagamento dos credores da massa 
liquidanda ou falida, e uma informação falsa dada por um deles pode causar enorme prejuízo. 
 
OPERAÇÃO DESAUTORIZADA DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA 
Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou com autorização obtida mediante declaração 
falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou de câmbio: 
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
Este é o crime praticado por aquele que, no intuito de obter autorização para o funcionamento de 
instituição financeira, presta informações falsas. Esta autorização, como já vimos, precisa ser 
concedida pelas entidades que regulam o mercado. 
Um banco, por exemplo, não pode funcionar sem que tenha autorização prévia e específica do Banco 
Central. O procedimento é bastante rigoroso, e leva em consideração não só o capital a ser 
empregado na atividade, mas também o currículo, idoneidade e competência dos gestores. 
 
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No mesmo crime incorre aquele que, sem autorização, opera no mercado financeiro. 
 
EMPRÉSTIMO A ADMINISTRADORES OU PARENTES E DISTRIBUIÇÃO DISFARÇADA DE 
LUCROS 
Art. 17. Tomar ou receber crédito, na qualidade de qualquer das pessoas mencionadas no art. 
25, ou deferir operações de crédito vedadas, observado o disposto no art. 34 da Lei no 4.595, 
de 31 de dezembro de 1964: 
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: 
I - em nome próprio, como controlador ou na condição de administrador da sociedade, 
conceder ou receber adiantamento de honorários, remuneração, salário ou qualquer outro 
pagamento, nas condições referidas neste artigo; 
II - de forma disfarçada, promover a distribuição ou receber lucros de instituição financeira. 
 
A conduta típica aqui é a tomada ou recebimento de crédito ou o deferimento de operações de 
crédito proibidas. Na redação anterior, havia um outro elemento do tipo, que era a pessoal à qual 
o crédito era concedido, que deveria ser parente do controlador ou administrador. Desde 2017 não 
há mais essa limitação. 
O inciso I tipifica também a conduta do controlador ou administrador que concede ou recebe 
adiantamentos de remuneração, independentemente de serem honorários, salários, ou outro tipo, 
enquanto o inciso II criminaliza a distribuição ou recebimento disfarçado de lucros. 
ATENÇÃO!!! Já houve discussão acerca da possibilidade deste crime ser absorvido pelo de gestão 
temerária, quando forem praticados numa só ação e originados de uma só transação bancária. O STJ 
já se pronunciou no sentido de que, neste caso, o agente deve ser processado pelos dois crimes em 
concurso formal, pois os dois tipos penais protegem bens jurídicos diferentes. 
 
VIOLAÇÃO DE SIGILO BANCÁRIO 
Art. 18. Violar sigilo de operação ou de serviço prestado por instituição financeira ou integrante 
do sistema de distribuição de títulos mobiliários de que tenha conhecimento, em razão de ofício: 
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
Esta é uma conduta muito grave. A divulgação de informações bancárias pode trazer enormes 
prejuízos à segurança daquele cujas informações são violadas. 
O sigilo bancário é tratado especificamente pela Lei Complementar nº 105/2001. Esta lei determina 
a obrigação das instituições financeiras de manter em sigilo suas operações ativas e passivas, e traz 
também o rol das entidades que são consideradas instituições financeiras, mas apenas para fins de 
sigilo. 
 
 
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OBTENÇÃO FRAUDULENTA DE FINANCIAMENTO 
Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira: 
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é cometido em detrimento 
de instituição financeira oficialou por ela credenciada para o repasse de financiamento. 
 
O perigo da obtenção fraudulenta de financiamento é a enorme possibilidade de “calote”. A 
exposição das instituições financeiras a riscos demasiados prejudica todo o sistema, como já 
mencionamos. Além disso, o cálculo do risco ao qual a instituição está exposta subsidia a política de 
juros. Este tipo de fraude, ao menos em teoria, faz com que os juros praticados pela instituição 
subam. 
O aumento de pena no caso de o crime ser cometido contra instituição oficial se justifica porque 
essas instituições operam linhas de crédito subsidiadas por recursos públicos. É caso, por exemplo, 
do financiamento imobiliário da Caixa Econômica Federal, que utiliza recursos oriundos do FGTS, ou 
de certos financiamentos do Banco do Brasil, que utilizam recursos do Fundo de Amparo ao 
Trabalhador (FAT). 
Você percebeu que o sentido deste dispositivo fica comprometido quando levamos em conta o teor 
do art. 25? Se os crimes previstos nesta lei somente podem ser praticados pelo controlador, 
administradores, interventor, liquidante ou síndico, este crime apenas seria possível se essas 
pessoas obtivessem financiamento de forma fraudulenta. Essa situação se repente com relação a 
outros dispositivos... 
 
APLICAÇÃO IRREGULAR DE FINANCIAMENTO

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