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ATIVIDADE: ESTUDO DIRIGIDO DO SUS OBJETIVO: Discorrer sobre a evolução do Sistema ùnico de Saúde (SUS) no Brasil e sua relação com fatos históricos mundiais na busca da atenção primária em saúde para a população. 1 - Como a Declaração de Alma Ata se insere na história das políticas de saúde? Em setembro de 1978, a Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em Alma-Ata, na República do Cazaquistão, expressava a “necessidade de ação urgente de todos os governos, de todos os que trabalham nos campos da saúde e do desenvolvimento e da comunidade mundial para promover a saúde de todos os povos do mundo”. A Declaração de Alma Ata – documento síntese desse encontro – afirmava a partir de dez pontos que os cuidados primários de saúde precisavam ser desenvolvidos e aplicados em todo o mundo com urgência, particularmente nos países em desenvolvimento. http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/entrevista/a-declaracao-de-alma-ata-se-revestiu- de-uma-grande-relevancia-em-varios 2 - Qual a importância dessa declaração e quais países/instituições influenciou? Melhor organização do sistema, importância de estabelecer e fortalecer atenção primária de saúde e de uma universalização, para que sejam a base de um sistema de qualidade e faça com que toda a população participe, permitindo que todos tenham acesso e os mesmos direitos ao sistema. A Alma Ata influenciou diversos países: África, Ásia e América Latina com foco nos países em desenvolvimento. A instituições influenciadas foram principalmente os sistemas de saúde de todos os países. No Brasil, havia uma ênfase diferente dessa, mesmo antes do Sistema Único de Saúde [SUS]. O movimento da Reforma Sanitária brasileira já propunha a ideia de um sistema universal de saúde, de uma APS forte, abrangente e integral, e isso foi se materializando com experiências que iam surgindo em vários lugares: no interior de Minas Gerais, em São Paulo, no Rio Grande do Sul, em muitos lugares do Nordeste, enfim, em 1978, quando a Alma-Ata define a sua proposta, já havia várias experiências coincidentes com essa leitura em desenvolvimento no Brasil. http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/entrevista/a-declaracao-de-alma-ata-se-revestiu- de-uma-grande-relevancia-em-varios http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/entrevista/a-declaracao-de-alma-ata-se-revestiu-de-uma-grande-relevancia-em-varios http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/entrevista/a-declaracao-de-alma-ata-se-revestiu-de-uma-grande-relevancia-em-varios http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/entrevista/a-declaracao-de-alma-ata-se-revestiu-de-uma-grande-relevancia-em-varios http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/entrevista/a-declaracao-de-alma-ata-se-revestiu-de-uma-grande-relevancia-em-varios https://scielosp.org/article/sdeb/2018.v42nspe1/434-451/ 3 - O que são e quais foram as Conferências de saúde do Brasil? As Conferências Nacionais de Saúde (CNS) representam um importante momento de avaliação da situação da saúde no país e de formulação de diretrizes para as políticas públicas no setor, reunindo cidadãos pela defesa da garantia de direitos, em atenção às necessidades da população. Um exemplo é a 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, um marco na história da saúde no Brasil, que forneceu as bases para elaboração do capítulo sobre saúde na Constituição Federal de 1988 e criação do Sistema Único de Saúde (SUS). Saiba os temas e assuntos discutidos desde a primeira edição da Conferência Nacional de Saúde, até a mais recente, realizada em 2019. 1ª CNS (1941) Temas: 1. Organização sanitária estadual e municipal; 2. Ampliação e sistematização das campanhas nacionais contra a hanseníase e a tuberculose; 3. Determinação das medidas para desenvolvimento dos serviços básicos de saneamento; 4. Plano de desenvolvimento da obra nacional de proteção à maternidade, à infância e à adolescência. 2ª CNS (1950) Tema: Legislação referente à higiene e à segurança do trabalho. 3ª CNS (1963) Temas: 1. Situação sanitária da população brasileira; 2. Distribuição e coordenação das atividades médico-sanitárias nos níveis federal, estadual e municipal; 3. Municipalização dos serviços de saúde. 4. Fixação de um plano nacional de saúde. 4ª CNS (1967) Tema: Recursos humanos para as atividades em saúde. 5ª CNS (1975) https://scielosp.org/article/sdeb/2018.v42nspe1/434-451/ Temas: 1. Implementação do Sistema Nacional de Saúde; 2. Programa de Saúde Materno-Infantil; 3 Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica; 4. Programa de Controle das Grandes Endemias; e 5. Programa de Extensão das Ações de Saúde às Populações Rurais. 6ª CNS (1977) Temas: 1. Situação atual do controle das grandes endemias; 2. Operacionalização dos novos diplomas legais básicos aprovados pelo governo federal em matéria de saúde; 3. Interiorização dos serviços de saúde; e 4. Política Nacional de Saúde. 7ª CNS (1980) Tema: Extensão das ações de saúde por meio dos serviços básicos. 8ª CNS (1986) Temas:1. Saúde como direito; 2. Reformulação do Sistema Nacional de Saúde; e 3. Financiamento setorial. 9ª CNS (1992) Tema central: Municipalização é o caminho. Temas específicos: 1. Sociedade, governo e saúde; 2. Implantação do SUS; 3. Controle social; 4. Outras deliberações e recomendações. 10ª CNS (1996) Temas: 1. Saúde, cidadania e políticas públicas; 2. Gestão e organização dos serviços de saúde; 3. Controle social na saúde; 4. Financiamento da saúde; 5. Recursos humanos para a saúde; e 6 Atenção integral à saúde. 11ª CNS (2000) Tema central: Efetivando o SUS – Acesso, qualidade e humanização na atenção à saúde com controle social. 1. Controle social; 2. Financiamento da atenção à saúde no Brasil; 3. Modelo assistencial e de gestão para garantir acesso, qualidade e humanização na atenção à saúde, com controle social. 12ª CNS (2003) Tema central: Saúde direito de todos e dever do Estado, o SUS que temos e o SUS que queremos. Eixos temáticos: 1. Direito à saúde; 2. A Seguridade Social e a saúde; 3. A intersetorialidade das ações de saúde; 4. As três esferas de governo e a construção do SUS; 5) A organização da atenção à saúde; 6. Controle social e gestão participativa; 7. O trabalho na saúde; 8. Ciência e tecnologia e a saúde; 9. O financiamento da saúde; 10. Comunicação e informação em saúde. 13ª CNS (2007) Tema central: Saúde e qualidade de vida, políticas de estado e desenvolvimento Eixos temáticos: 1. Desafios para a efetivação do direito humano à saúde no Século XXI: Estado, sociedade e padrões de desenvolvimento; 2. Políticas públicas para a saúde e qualidade de vida: o SUS na Seguridade Social e o pacto pela saúde; 3. A participação da sociedade na efetivação do direito humano à saúde. 14ª CNS (2011) Tema: Todos usam o SUS! SUS na seguridade social - política pública, patrimônio do povo brasileiro A 15ª CNS (2015) Tema central: “Saúde pública de qualidade para cuidar bem das pessoas: direito do povo brasileiro”. A 16ª CNS (2019) Tema central: Financiamento do SUS. https://portal.fiocruz.br/linha-do-tempo-conferencias-nacionais-de-saude#1941 https://conselho.saude.gov.br/16cns 4 - Qual conferência é considerada o marco fundamentaldo SUS? O relatório final da 8° conferência nacional de saúde apontava o consenso em relação à formação de um sistema único de saúde, separado da previdência, e coordenado, em nível federal, por um único ministério. O financiamento se daria por impostos gerais e incidentes sobre produtos e atividades nocivas à saúde. Também https://portal.fiocruz.br/linha-do-tempo-conferencias-nacionais-de-saude#1941 https://conselho.saude.gov.br/16cns/ foram aprovadas as propostas de integralização das ações, de regionalização e hierarquização das unidades prestadoras de serviço e de fortalecimento do município (...) O relatório aponta ainda a necessidade de participação popular, através de entidades representativas, na formulação da política, no planejamento, na gestão e na avaliação do sistema. http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/oitava-conferencia-nacional-de -saude-o-sus-ganha-forma 5 - Em que contexto histórico ela ocorreu? A convocação da 8ª CNS se deu durante um conflito entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Previdência e Assistência Social. Uma das propostas do movimento sanitário era levar o Inamps para dentro do Ministério da Saúde, de forma que a assistência à saúde, restrita aos previdenciários, pudesse ser estendida. De acordo com a professora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) Sarah Escorel, o impasse foi uma das razões para a convocação da 8ª: “Na hora de fazer a unificação, os dois ministérios vestiram a sua camisa e começaram uma grande discussão a esse respeito. A 8ª Conferência foi feita na tentativa de resolver o problema”. A 8ª foi a primeira conferência que contou com a participação de usuários. Antes dela, os debates se restringiam à presença de deputados, senadores e autoridades do setor. “As conferências eram intra ministério. http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/oitava-conferencia-nacional-de-saud e-o-sus-ganha-forma 6 - Como foram definidos os princípios e diretrizes do SUS? Foram definidos mediante as reivindicações da sociedade civil através de movimentos pela reforma sanitária, que buscava a "Saúde como um Direito do Cidadão e Dever do estado”, e regulamentado em duas leis federal n.º 8.080/90 e n.º 8.142/90 como descrito na Constituição federal de 1988: O art. 196º Saúde é direito de todos. É dever do estado garantir a saúde por meio de políticas sociais e econômicas. O objetivo é reduzir o risco de doença com acesso universal e igualitário às ações de proteção e recuperação. O art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios: I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/oitava-conferencia-nacional-de-saude-o-sus-ganha-forma http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/oitava-conferencia-nacional-de-saude-o-sus-ganha-forma http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/oitava-conferencia-nacional-de-saude-o-sus-ganha-forma http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/oitava-conferencia-nacional-de-saude-o-sus-ganha-forma II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral; IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie; V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário; VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática; VIII - participação da comunidade; IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo: a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde; X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico; XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população; XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos. http://cmdss2011.org/site/wp-content/uploads/2011/07/Declaração-Alma-Ata.pdf 7 - Quais são os princípios ético/doutrinários e qual é sua importância? Universalização: a saúde é um direito de cidadania de todas as pessoas e cabe ao Estado assegurar este direito, sendo que o acesso às ações e serviços deve ser garantido a todas as pessoas, independentemente de sexo, raça, ocupação, ou outras características sociais ou pessoais. Equidade: o objetivo desse princípio é diminuir desigualdades. Apesar de todas as pessoas possuírem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e, por isso, têm necessidades distintas. Em outras palavras, equidade significa tratar desigualmente os desiguais, investindo mais onde a carência é maior. Integralidade: este princípio considera as pessoas como um todo, atendendo a todas as suas necessidades. Para isso, é importante a integração de ações, incluindo a promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação. Juntamente, o princípio de integralidade pressupõe a articulação da http://cmdss2011.org/site/wp-content/uploads/2011/07/Declara%C3%A7%C3%A3o-Alma-Ata.pdf saúde com outras políticas públicas, para assegurar uma atuação intersetorial entre as diferentes áreas que tenham repercussão na saúde e qualidade de vida dos indivíduos. Sua importância: Garantir o acesso em saúde em todo território nacional, assim como garantia de assistência direta como consultas, exames e assistência indireta a saúde a exemplo dos serviços de vigilância em saúde. Essa garantia consta no artigo 196 da Constituição federativa do Brasil. https://www.saude.gov.br/sistema-unico-de-saude/principios-do-sus 8 - Quais são os princípios organizativos e qual é sua importância? Os princípios organizativos do SUS são: Regionalização e Hierarquização: os serviços devem ser organizados em níveis crescentes de complexidade, circunscritos a uma determinada área geográfica, planejados a partir de critérios epidemiológicos, e com definição e conhecimento da população a ser atendida. A regionalização é um processo de articulação entre os serviços que já existem, visando o comando unificado dos mesmos. Já a hierarquização deve proceder à divisão de níveis de atenção e garantir formas de acesso a serviços que façam parte da complexidade requerida pelo caso, nos limites dos recursos disponíveis numa dada região. Descentralização e Comando Único: descentralizar é redistribuir poder e responsabilidade entre os três níveis de governo.Com relação à saúde, descentralização objetiva prestar serviços com maior qualidade e garantir o controle e a fiscalização por parte dos cidadãos. No SUS, a responsabilidade pela saúde deve ser descentralizada até o município, ou seja, devem ser fornecidas ao município condições gerenciais, técnicas, administrativas e financeiras para exercer esta função. Para que valha o princípio da descentralização, existe a concepção constitucional do mando único, onde cada esfera de governo é autônoma e soberana nas suas decisões e atividades, respeitando os princípios gerais e a participação da sociedade. Participação Popular: a sociedade deve participar no dia-a-dia do sistema. Para isto, devem ser criados os Conselhos e as Conferências de Saúde, que visam formular estratégias, controlar e avaliar a execução da política de saúde. Sua importância: A organização e a gestão do SUS são pautadas na lei 8080/90. O Art. 8º aponta as ações e serviços de saúde serão executadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), seja diretamente ou mediante participação complementar da iniciativa privada, serão https://www.saude.gov.br/sistema-unico-de-saude/principios-do-sus organizados de forma regionalizada e hierarquizada em níveis de complexidade crescente e no Art. 9º consta que a direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é única, de acordo com o inciso I do art. 198 da Constituição Federal, sendo exercida em cada esfera de governo (Municipal, Estadual e Federal). https://www.saude.gov.br/sistema-unico-de-saude/principios-do-sus http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm 9 - Como os princípios e diretrizes influenciam a organização e fluxo de serviços de saúde no SUS? Considerando os artigos 8° e 9° da lei 8080/90, cada esfera da Gestão são responsáveis pela organização em seu âmbito de atuação. 10 - Com relação a Reforma Sanitária e o estabelecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), apresente e comente as concepções de saúde ao longo da história – internacionalmente e nacionalmente. Na antiguidade, quando das religiões politeístas, acreditava-se que a saúde era dádiva e a doença castigo dos deuses, com o decorrer dos séculos e com o advento das religiões monoteístas a dádiva da saúde e o castigo da doença passou a ser da responsabilidade de um único Deus. No entanto, 400 anos AC, Hipócrates desenvolve o tratado “Os Ares e os Lugares” onde relaciona os locais da moradia, a água para beber, os ventos, com a saúde e a doença. Séculos mais tarde, as populações passam a viver em comunidade e a teoria miasmática toma lugar. Tal teoria consiste na crença de que a doença é transmitida pela inspiração de “gases” de animais e dejetos em decomposição (BUCK et al., 1988). Tal teoria permanece até o século XIX; no entanto, “ao final do século XVIII, predominavam na Europa como forma de explicação para o adoecimento humano os paradigmas socioambientais, vinculados à concepção dinâmica, tendo se esboçado as primeiras evidências da determinação social do processo saúde-doença. Com o advento da Bacteriologia, a concepção ontológica firmou-se vitoriosa e suas conquistas levaram ao abandono dos critérios sociais na formulação e no enfrentamento dos problemas de saúde das populações” (OLIVEIRA; EGRY, 2000). A teoria microbiana passa a ter, já nos fins do século XIX, uma predominância de tal ordem que, em boa medida, fez obscurecer algumas concepções que destacavam a multicausalidade das doenças ou que apontavam para os fatores de ordem socioeconômica, descritos por Hidden (1990). Na atualidade, identifica-se o predomínio da multicausalidade, com ênfase nos condicionantes individuais. Como alternativa para a sua superação, propõe-se a articulação das dimensões individual e coletiva do processo saúde-doença, que tudo tem a ver com a prática da Estratégia Saúde da Família. A base conceitual do movimento da medicina preventiva foi sistematizada no livro de Leavell & Clark, “Medicina Preventiva” (1976), cuja primeira edição surge em 1958: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm#cfart198 https://www.saude.gov.br/sistema-unico-de-saude/principios-do-sus http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm sobre a tríade ecológica que define o modelo de causalidade das doenças a partir das relações entre agente, hospedeiro e meio-ambiente. O conceito de história natural das doenças é definido como “todas as interrelações do agente, do hospedeiro e do meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente ou em qualquer outro lugar (pré-patogênese), passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte (patogênese)”. https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/modulo_politico_gestor/Unidad e_6.pdf 11 - Como surgiu e o que foi o movimento de Reforma Sanitária no Brasil? Explicite qual era o contexto histórico, político e social vigente no país. Qual era o conceito de saúde e modelo de atendimento à saúde neste contexto? Embasado na concepção de saúde enquanto direito de todos e dever do Estado. A construção do SUS rompeu com o caráter meritocrático que caracterizava a assistência à saúde no Brasil até a Constituição de 1988, e determinou a incorporação da saúde, como direito, numa ideia de cidadania, que naquele momento se expandia, e que considera não apenas o ponto de vista de direitos formais, de direitos políticos, mas principalmente a ideia de uma democracia substancial, de direitos substantivos, que envolviam certa igualdade de bem-estar. A assistência à saúde no Brasil eclode na previdência social, que foi o marco básico do sistema de proteção social montado no Brasil. Foi por meio da previdência social que se desenvolveu a sustentação dos direitos sociais pelo Estado. E essa previdência, quando surge, já traz a segmentação de suas clientelas. Inicialmente nas Caixas, ligadas às empresas, e depois nos Institutos de Aposentadorias e Pensões, os IAPs, construídos em torno de categorias profissionais, sendo que cada Instituto prestava também residualmente assistência à saúde O mais importante nessa história é que o benefício era vinculado ao contrato de trabalho formal, tendo as características de seguro e não de direito de cidadania. Nesse sentido, reveste se do caráter meritocrático vinculado à inserção no mercado de trabalho, cujas diferenciações reproduz. Além disso, a política de saúde brasileira apresentava diferenciação funcional e institucional: ao Ministério da Saúde cabiam as ações de caráter coletivo e algumas de assistência básica, e à Previdência Social, a saúde curativa restrita aos segurados. Então, se num momento a assistência empresarial era complementar à assistência pública, passa a ser suplementar, ou seja, passa a ter independência, vida própria e adquire importância como política de pessoal, passando a fazer parte, aliás, das negociações coletivas dos trabalhadores, que reivindicam mais e mais planos https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/modulo_politico_gestor/Unidade_6.pdfhttps://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/modulo_politico_gestor/Unidade_6.pdf de saúde empresariais. A consequência política disso para o SUS é muito grande, uma vez que perde significativo apoio de um ator político que é exatamente a massa de trabalhadores organizados. Daí advêm consequências muito complexas. As decisões de políticas do passado explicam por que na Constituinte teremos forte embate entre os novos atores − os novos sujeitos coletivos, que se organizam a partir de meados da década de 1970 no Brasil, o chamado movimento sanitário, com propostas inovadoras no sentido de um sistema de saúde universal e de caráter igualitário. https://docs.google.com/document/d/1KkeWSb-JJmmAQE_xt13rwTxK-MNfoC BRKVZj0UA1FtI/edit# 12 - Quais foram os reflexos da Reforma Sanitária no que diz respeito à concepção, conquistas históricas e legais da saúde no país? Os aspectos relevantes: (*) a Constituição define saúde como direito social e universal; (*) às ações em serviço de saúde são caracterizadas como de relevância pública, cabendo ao poder público dispor sobre sua regulamentação, fiscalização e controle que permite priorizar a saúde – o controle é algo em que precisamos avançar: o que significa isso? que tipo de regulação é essa?; (*) Ocorre a criação do SUS, organizado segundo as diretrizes de descentralização, atendimento integral e participação da sociedade. Isso não é pouco. É preciso defender esse gigante que é o SUS num país do tamanho do Brasil, em que de fato se efetivou uma descentralização. Antes havia o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social, o Inamps, órgão federal completamente centralizado, e o SUS vai para os cinco mil e tantos municípios brasileiros, concretizando a ideia do atendimento integral em todos os níveis de complexidade da atenção; e da participação da sociedade, que reflete todo o contexto de democratização, da ação de movimentos sociais para ampliação da democracia. (*) Simultaneamente, porém, a constituição define que a iniciativa privada é livre no setor, com garantias que contrariam o espírito da oitava Conferência, o caráter complementar do setor privado prestador de serviço. Com isso, priorizou-se a rede pública e privada sem fins lucrativos. (*) Vedou-se a destinação de recursos públicos para auxílios e subvenções em instituições privadas com fins lucrativos, mas não se tratou da questão dos subsídios indiretos ao sistema de saúde privado. http://www.scielo.br/pdf/hcsm/v21n1/0104-5970-hcsm-21-1-00077.pdf 13 - Sobre o que dispõe a Lei nº 8.080 de 1990 e quais são os principais aspectos abordados pela Lei? https://docs.google.com/document/d/1KkeWSb-JJmmAQE_xt13rwTxK-MNfoCBRKVZj0UA1FtI/edit# https://docs.google.com/document/d/1KkeWSb-JJmmAQE_xt13rwTxK-MNfoCBRKVZj0UA1FtI/edit# http://www.scielo.br/pdf/hcsm/v21n1/0104-5970-hcsm-21-1-00077.pdf Os aspectos mais relevantes são voltadas às ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências, regula em todo o território nacional as ações e serviços de saúde. -A lei trata da organização, da direção e da gestão do SUS; das competências e atribuições das três esferas do governo; do funcionamento e da participação complementar dos serviços privados de assistência à saúde; -Política de recursos humanos; -Recursos financeiros, da gestão financeira, do planejamento e do orçamento. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm 14 - Sobre o que dispõe a Lei nº 8.142 de 1990 e qual é sua importância na organização do SUS? A lei dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. - Conferência de Saúde que se reúne a cada quatro anos com representantes de vários segmentos sociais, para assim avaliar a situação de saúde e propor diretrizes para formulação da política de saúde nos níveis correspondentes. -Conselho de Saúde que contém representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas as decisões serão decididas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada esfera do governo. -O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) terão representantes no Conselho Nacional de Saúde. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8142.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8142.htm
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