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Comércio Exterior e Logística Internacional Brasil no contexto global Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Giovana Gavioli Revisão Textual: Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin 5 • O comércio internacional • Mercantilismo • Evolução e expansão do comércio internacional Em tese, parece simples receber e enviar produtos do e para o exterior. Contudo, o comércio internacional tem um objetivo mais amplo, que é manter o equilíbrio entre as nações, abastecendo as menos favorecidas e promovendo a troca de recursos minerais, produtos, serviços, tecnologia e mão de obra. Para que ele seja realizado, uma série de fatores deve ser considerada pela empresa e diversos agentes intervenientes devem ser adicionados ao processo. Nesta Unidade, vamos entender esta complexidade e conhecer a evolução do comércio internacional, sua importância, seus fluxos e sua estrutura. · O que é Comércio Internacional e como ele evoluiu ao longo do tempo?; · Quais os fatores a serem considerados para empresas que desejam participar do comércio internacional?; · De que forma a atividade logística se relaciona à compra e venda de produtos e serviços entre os países?; · Quais os benefícios do comércio internacional para o país?; · Quem são os agentes intervenientes do comércio exterior mundial e brasileiro? Brasil no contexto global • Fluxos da logística internacional • A importância do comércio internacional • Participantes do comércio internacional • Estrutura do comércio exterior brasileiro • Empresas atuantes no comércio exterior 6 Unidade: Brasil no contexto global Contextualização Para falar de comércio internacional, tema discutido nesta Unidade, precisamos entender o contexto global. Para isso, leia a reportagem disponível no link a seguir e veja os resultados do comércio internacional, assim como a situação das relações entre os países: http://opiniao.estadao.com. br/noticias/geral,o-brasil-e-as-perspectivas-do-comercio-internacional-imp-,1139396. http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral%2Co-brasil-e-as-perspectivas-do-comercio-internacional-imp-%2C1139396 http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral%2Co-brasil-e-as-perspectivas-do-comercio-internacional-imp-%2C1139396 7 O comércio internacional O Comércio Internacional consiste na compra e venda de produtos e/ou serviços entre empresas estabelecidas em duas ou mais nações. Glossário Comércio – é a permuta, compra e venda de produtos, serviços ou valores. Internacional – relativo a nações estrangeiras. O Comércio Internacional pode ser dividido em dois segmentos: 1) Transações que envolvem mercadorias; 2) Transações que envolvem serviços, que podem ser financeiros ou não. - Mercadorias – são as transações internacionais que envolvem a compra e venda de mercadorias, constituídas de importações e exportações: a) Importação – entrada de mercadorias em um país, provenientes do exterior, compreendendo os serviços ligados à aquisição desses produtos no exterior, chamados de operações acessórias que são necessárias para sua concretização (fretes, seguros, serviços bancários); b) Exportação – remessa de bens de um país para o outro, assim como as operações acessórias necessárias para sua concretização. - Serviços – transações internacionais com fluxos de capital para o exterior ou do exterior, ligadas a investimentos, comissões, remessa de lucros e juros, doações, turismo, manutenção de brasileiros no exterior, tratamentos de saúde etc. Você já pensou de onde vem o comércio internacional e como ele evoluiu ao longo do tempo? Vamos falar um pouco de história. Mercantilismo Bizelli (2001) define o Mercantilismo como um conjunto de práticas econômicas, desenvolvido na Europa, na Idade Moderna, que vai do século XV até o final do século XVIII. 8 Unidade: Brasil no contexto global O objetivo do Mercantilismo era angariar o máximo de moedas e ouro (metais preciosos) que representavam a riqueza de um país. Algumas características eram inerentes ao Mercantilismo, como a prática do Metalismo. O país que acumulava a maior quantidade de moedas e metais preciosos era considerado uma nação muito rica. Os governantes, então, objetivavam acumular estes metais e deixar suas nações ricas. Criou- se, portanto, o Protecionismo alfandegário, ou seja, os reis criavam impostos e taxas para evitar ao máximo a entrada de produtos vindos do exterior por meio das importações, o que significava ter de pagar por elas, diminuindo o estoque de moedas. Era uma forma de estimular a indústria nacional e também evitar a saída de moedas para outros países. Em contrapartida, as exportações eram incentivadas, para que os países pudessem receber os metais em troca, como pagamento. A exploração de novos territórios foi incentivada neste período, a fim de que outros produtos fossem adquiridos, para posteriormente serem exportados. Foi nesse contexto histórico que a Espanha explorou toneladas de ouro das sociedades indígenas da América como, por exemplo, os Maias, Incas e Astecas. Outro importante aspecto do Mercantilismo foi a Industrialização, na qual o governo estimulava o desenvolvimento de indústrias em seus territórios. Como o produto industrializado era mais caro do que matérias-primas ou gêneros agrícolas, exportar manufaturados era certeza de bons lucros. As colônias europeias deveriam fazer comércio apenas com suas metrópoles, o chamado Pacto Colonial. Era uma garantia de vender caro e comprar barato, obtendo ainda produtos não encontrados na Europa. Nesse contexto histórico, ocorreu o ciclo econômico do açúcar no Brasil Colonial. Por isso as metrópoles não ocupavam ou desenvolviam as suas colônias; somente as exploravam. Outra característica do Mercantilismo foi o fortalecimento dos Exércitos e da Marinha a fim de proteger as rotas comerciais estabelecidas e a própria Colônia. Algumas expedições marítimas desta época eram comandadas por piratas e financiadas pela coroa Britânica com o objetivo de acumular mais metais. Em 1530, sabendo da rota Europa-África, piratas interceptaram navios espanhóis com aval da realeza. Muitos destes piratas foram posteriormente “promovidos” a cavaleiros reais. Da evolução do Mercantilismo, um dos conceitos que perduram até hoje é a noção de Balança Comercial Favorável, ou seja, sempre exportar mais do que importar. Desta forma, entrariam mais moedas no país do que sairiam, deixando-o em boa situação financeira. Também devido ao Mercantilismo, foram criados os primeiros Bancos Centrais, com o objetivo de guardar a riqueza acumulada pelo país (ouro e prata). Glossário Vantagens – evolução nos setores. Desvantagens – colonização exploratória e escravidão. 9 Após as contribuições do Mercantilismo, as 1ª e 2ª Revoluções Industriais (1780 a 1860 e 1860 a 1914) também tiveram impacto na evolução do Comércio Internacional: - artesãos passaram a trabalhar com máquinas, aumentando a produção; - migração dos camponeses para as cidades; - sistema monetário padrão ouro – moedas conversíveis em ouro. A evolução continuou após a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais. Após esta época, estacionária para o crescimento do comércio internacional, países que antes mal conseguiam alimentar sua população viraram potência mundial (DAVID; STEWART, 2010). As trocas geradas pelo Mercantilismo agora mudam de rumo. Ao invés de visar ao acúmulo de riquezas, o comércio internacional passa a ser visto como principal contribuinte para o bem estar da população mundial. As trocas econômicas fazem o papel de abastecimento dos países em produtos não disponíveis internamente, conforme exemplos de Bizelli (2001): 1) Igualar a distribuição de recursos minerais: • 80% das jazidas e da produção de carvão mineral estão na Rússia, China, EUA, Reino Unido, Alemanha e Polônia; • 85% das jazidas de petróleo bruto estão no Oriente Médio, Rússia, EUA, Venezuela, Líbia, Nigéria, Canadá e México; 2) Equilibrar as diferenças de clima e solo: • Caférequer clima especial e solo rico em ferro, como o brasileiro; • Trigo não se desenvolve em climas quentes e úmidos – Argentina produz 15 milhões de ton. de trigo/ano e consome cerca de 5 milhões de toneladas – exportação do excedente; 3) Disponibilidade de capital e mão de obra ou estágios tecnológicos diferentes: • Algumas nações possuem máquinas, aparelhos, equipamentos e tecnologia avançada, como o Japão; • Outras possuem abundância de mão de obra, como a China e a Índia. Neste cenário, o comércio internacional funciona como um mantenedor do equilíbrio entre as nações, abastecendo as menos favorecidas e promovendo a troca de recursos minerais, produtos, serviços, tecnologia e mão de obra em todo o globo. 10 Unidade: Brasil no contexto global Evolução e expansão do comércio internacional Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (www.mdic.gov. br), o comércio internacional cresceu 2.400% entre 1950 e 2005 e mais de 225% desde 1980, representando uma taxa de crescimento anual de 5%. Tal crescimento acentuado demonstra a importância que o Comércio Internacional conquistou e que continua crescendo de forma contínua. É necessário, portanto, entender o funcionamento da Logística Internacional e como ela contribui para a troca internacional de mercadorias. Silva (2008) afirma que a Logística é uma das ferramentas de gestão moderna que, no contexto atual da globalização, pode assegurar a competitividade das corporações frente ao processo de abertura de mercados e blocos econômicos. A troca entre as empresas em diversas partes do mundo somente pode ser alcançada com a utilização da Logística Internacional. David e Stewart (2010) definem a Logística Internacional como a atividade que engloba, além do transporte físico de mercadorias à montante (atividades de suprimento) e à jusante (atividades de distribuição) da cadeia de suprimentos, o gerenciamento das relações com fornecedores e consumidores, localizados em outros países. O gestor de Logística Internacional deve assegurar que as mercadorias cheguem a seu destino em boas condições e ao menor custo. Os profissionais se voltam para os aspectos táticos da cadeia de suprimentos global. As atividades de logística internacional se relacionam ao movimento de mercadorias e documentos de um país para outro e atividades básicas das operações de exportação e importação (DAVID; STEWART, 2010). Fluxos da logística internacional A interligação e a rápida troca de informações, proporcionada pelas atuais tecnologias de informação, fazem com que os fluxos logísticos se tornem a essência da atividade (SILVA, 2008). O gestor pode otimizar processos, reduzir tempo e custo e ganhar competitividade. - Fluxo de Informações: integra toda a cadeia, facilitando todo seu controle gerencial. Possibilita manter o cliente informado sobre a situação do pedido, rastrear cargas e aprimorar o planejamento dos estoques, interação de todos os agentes envolvidos no processo; http://www.mdic.gov.br http://www.mdic.gov.br 11 - Fluxo de Materiais: diferente de um fluxo nacional, o tempo de trânsito internacional pode atingir meses de acordo com o modal utilizado devido a adaptações de produto, embalagens, distâncias, programação de embarques, alfândegas etc. Por isso existe a necessidade de se manter uma grande quantidade de estoque em trânsito e, como consequência, um melhor planejamento do momento da disponibilização do produto ao consumidor final com exatidão; - Fluxo Financeiro: benefícios à exportação, linhas de crédito e financiamentos e ferramentas de antecipação de câmbio podem auxiliar os participantes do Comércio Internacional na gestão de seu fluxo financeiro a fim de equilibrar as finanças e auxiliar na saúde organizacional e equilíbrio de receitas e despesas; - Fluxo Reverso: nos dias de hoje, a Logística reversa tomou grande importância em relação aos temas de consumo responsável. Contudo, ao pensarmos em Logística Internacional, é possível imaginar a complexidade de realizar a logística reversa neste cenário. Recalls, falhas de processos, mercadorias com avarias e outros problemas tomam outras dimensões de tempo e custos que podem até inviabilizar o retorno do produto ao país de origem. Silva (2008) afirma que é necessário o desenvolvimento de um canal reverso a fim de reaproveitar as matérias primas a fim de que a empresa possa ganhar vantagem competitiva no futuro. A empresa precisa entender os fluxos a fim de ingressar com sucesso no Comércio Internacional, pois, apesar dos benefícios, algumas empresas não se preparam adequadamente para participar desta cadeia e acabam perdendo, ao invés de aumentarem sua lucratividade. Para Pensar Veja alguns erros comuns de empresas que desejam participar do Comércio Internacional: - Um produtor de roupas íntimas, na sua primeira exportação para os EUA, exportou peças da sua coleção utilizadas no mercado interno. Não foram vendidas, pois as cores preferidas e os tamanhos utilizados naquele mercado eram outros; - Um produtor mexicano de artigos em couro contatou 40 escritórios de promoção comercial em vários países, mas só tinha possibilidade de exportar para quatro mercados; - Um fabricante de eletrodomésticos vendeu muitos produtos ao exterior. Quando surgiu a necessidade de fornecer componentes para manutenção, não tinha peças suficientes. 12 Unidade: Brasil no contexto global A importância do comércio internacional A participação do país em mercados internacionais traz desenvolvimento econômico, substituição de técnicas primitivas de produção por uma economia moderna, alta tecnologia para produtos importados e exportados, desenvolvimento de parque industrial e ampliação do mercado consumidor. Você Sabia ? Maior mercado = mais produção = mais vendas = mais lucros = mais impostos = mais assistência social = mais qualificação = mais postos de trabalho. Para as empresas, a importância em atuar nos mercados internacionais deixou de ser uma estratégia de diferencial competitivo para ser uma necessidade pura de sobrevivência e condição básica de equilíbrio. Ela consegue reduzir a instabilidade e diluir seus riscos. A empresa que participa do mercado internacional também consegue novos clientes em seu país de origem. Isso se deve a uma campanha indireta de marketing, ou seja, o consumidor acredita que, pelo produto também ser aceito no mercado internacional, ele possui maior qualidade que outros produtos comercializados somente no mercado interno. A empresa pode também prolongar o ciclo de vida do produto, ou seja, um produto que já não é aceito no mercado nacional, pode ser vendido no mercado internacional. Para Pensar Vamos conhecer alguns exemplos de como as empresas podem se beneficiar do Comércio Internacional? As novelas produzidas e exibidas no Brasil passam também em outros países. A novela Avenida Brasil, exibida em 2012, teve sua exibição em mais de 50 países; em alguns, com muito sucesso, como na Argentina. Isso também pode acontecer com outros produtos. Peças de moda praia, como biquínis, maiôs e sungas podem ser vendidas no Brasil na época do verão e em países do hemisfério norte, como Estados Unidos, Inglaterra, França e Alemanha, nas demais estações do ano. Desta maneira, a empresa transforma meses que seriam de baixa venda, por causa do inverno e do frio, em meses de venda normal ou até superior, aproveitando-se do verão nestes países. Outro exemplo de sucesso é a empresa Alpargatas e seu produto Havaianas. Visto no Brasil como um produto para as classes econômicas C e D, a empresa foi buscar mercados estrangeiros, posicionando seu produto como item de luxo e status. O resultado foi um sucesso e esta mudança também afetou a percepção do consumidor brasileiro, que passou a enxergar o produto como alto padrão, voltado para as classes A e B. Ideias-chave Para as empresas e para o país, participar do Comércio Internacional significaCOMPETITIVIDADE. 13 O Comércio Internacional também tem grande importância econômica. David e Stewart (2010) estimam que o custo da atividade de Logística Internacional seja de aproximadamente 15% do volume total do Comércio Internacional, o que seria de aproximadamente US$ 1,4 trilhão. Além disso, o Comércio Internacional gera uma quantidade considerável de receita adicional para os governos, vez que a maioria dos produtos importados está sujeita a tarifas. Diversos outros fatores podem levar empresas a buscar mercados internacionais. David e Stewart (2010) citam quatro fatores, como podemos a seguir. Quadro 1 . Fatores motivadores para o Comércio Internacional. FATORES MOTIVAÇÃO DA EMPRESA Custo A empresa busca um mercado maior para suas vendas, a fim de otimizar seus custos de produção; a empresa busca fornecedores com custos menores que os fornecedores locais a fim de minimizar seus custos de fabricação Concorrência A empresa investe em outros países, conforme a movimentação de seus concorrentes, a fim de evitar a perda de mercado. Mercado A empresa deseja disponibilizar seus produtos para aquisição de seus clientes em qualquer mercado. Tecnológicos Os consumidores podem adquirir os produtos de qualquer parte do mundo – competição global Fonte: Adaptada de David e Stewart (2010). É necessário, portanto, saber quais passos a empresa deve seguir para poder ter sucesso participando do mercado internacional e aumentando sua lucratividade e competitividade. Um dos conhecimentos iniciais principais é conhecer os principais agentes participantes do Comércio Internacional. Participantes do comércio internacional A criação de uma regulamentação mundial e unificada para o comércio internacional teve início após a Segunda Guerra, em 1946, com o surgimento de um acordo geral sobre tarifas, chamado de GATT (General Agreement on Tariffs and Trade) e assinado por 148 países. O acordo evoluiu com o tempo, adicionando mais países e modificando seu objetivo principal, que era regulamentar o comércio entre países. Em 1994, o GATT foi substituído pela Organização Mundial do Comércio (OMC) que passa a ter como funções: - o gerenciamento dos acordos multilaterais de comércio; - servir de fórum para acordos internacionais; - supervisionar a adoção e prática dos acordos firmados. 14 Unidade: Brasil no contexto global A OMC funciona como um órgão regulador do comércio mundial, facilitando a comunicação entre os países e concentrando os acordos feitos. E no Brasil? Quem são os responsáveis? Veja na figura 1. Estrutura do comércio exterior brasileiro Figura 1. Intervenientes do Comércio Internacional Brasileiro. O Comércio Exterior brasileiro está subordinado à Presidência da República e a quatro intervenientes principais: a CAMEX, o MF, o MDIC e o MRE. Vamos conhecer cada um deles e como eles atuam nas operações de Comércio Internacional. CAMEX – Câmara de Comércio Exterior A Camex é um órgão consultivo, ou seja, serve de conselho para as decisões da Presidência da República, relacionadas ao Comércio Internacional. Seus participantes são os ministros do MDIC, o Chefe da Casa Civil, dos Ministérios da Fazenda, Planejamento, Orçamento e Gestão, Relações Exteriores e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Qualquer outro representante de órgãos do governo podem ser convidados, principalmente de áreas estratégicas para o país, como abastecimento, por exemplo. 15 A Camex tem como função: - Formular, decidir e coordenar políticas e atividades relativas ao comércio exterior de bens e serviços, incluindo o turismo; - Servir de instrumento de diálogo e articulação junto ao setor produtivo e seus agentes econômicos. É uma ponte de diálogo entre governo, indústria e comércio; - Definir diretrizes e orientações sobre normas e procedimentos de credenciamento para a atividade de comércio exterior, nomenclatura de mercadoria, classificação e padronização de produtos, marcação e rotulagem de mercadorias, regras de origem e procedência; - Fixar diretrizes para política de financiamentos das exportações de bens e serviços e cobertura de operações a prazo relativas a seguro de crédito às exportações; - Fixar alíquotas de Impostos de Importação e Exportação; regulamentar e fiscalizar normas antidumping e subsídios compensatórios, provisórios, definitivos, salvaguardas e eventuais suspensões. MF – Ministério da Fazenda O Ministério da Fazenda é responsável pela formulação, orientação, coordenação e execução da política de comércio exterior do país, atuando nos campos fiscal, tributário, aduaneiro e cambial. Sob seu comando estão a Receita Federal e o Banco Central, que tem como funções: RFB – Receita Federal do Brasil: - Fiscalizar a exportação e importação de mercadorias e serviços; - Verificar a correta utilização dos estímulos fiscais concedidos pela legislação; - Controlar a arrecadação dos tributos aduaneiros incidentes sobre a importação/exportação. BACEN – Banco Central do Brasil: - Planejar e executar a política cambial brasileira, mediante controle da entrada e saída de divisas do país; - Administrar o balanço de pagamentos do país e acompanhar a realização de compras e vendas de divisas; - Guardar as reservas oficiais em ouro ou em moeda estrangeira; - Autorizar e fiscalizar as instituições financeiras que operem com a troca de moedas (câmbio); - Atuar no mercado de câmbio a fim de manter a estabilidade relativa às taxas e equilíbrio no balanço de pagamentos. 16 Unidade: Brasil no contexto global MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio É o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio que regulamenta e supervisiona todas as atividades de comércio exterior do país. Ele é responsável pela aplicação dos mecanismos de defesa comercial, aumentar e melhorar a relação comercial do Brasil com os demais países, participando ativamente em negociações de comércio exterior e divulgação dos produtos brasileiros para a conquista de novos mercados. Estão subordinados a este ministério as Secretarias de Comércio Exterior (SECEX) e as delegacias e departamentos atuantes em suas respectivas áreas. Vamos conhecer as responsabilidades de cada um: SECEX – Secretaria de Comércio Exterior: - Formula propostas de políticas e programas de comércio exterior, estabelecendo normas necessárias à implementação destes programas; - Propõe medidas fiscais e cambiais, de financiamento, de recuperação de créditos à exportação, de seguro, de transportes, fretes e promoção comercial; - Incrementa a participação brasileira no comércio internacional, apoiando e ampliando polos exportadores, como o polo calçadista de Franca; - Realiza estatísticas e controla a entrada e saída de mercadorias impondo licenciamentos, procedimentos e outras exigências. DECEX – Delegacia de Comércio Exterior: - Realiza estudos sobre a evolução da comercialização de produtos estratégicos para o comércio exterior brasileiro; - Zela pelo cumprimento das normas estabelecidas; - Organizar palestras e treinamento a empresários; DECOM – Departamento de Defesa Comercial: - Assegura que os produtos importados estão em boas condições, visando à lealdade do mercado internacional; - Instaura processos de investigação de preços (dumping) de acordo com a OMC; - Analisa processos de subsídios dentro e fora do país; - Responsável pela preparação e defesa em processos contra empresas brasileiras. 17 DEINT – Departamento de Negociações Internacionais: - Informa a posição brasileira nos acordos internacionais; - Participa de negociações no âmbito da OMC e de conferências internacionais; - Regula a emissão de Certificados. DEPOC – Departamento de Políticas de Comércio Exterior: - Propõe e acompanha políticas e programas de Comex; - Analisa problemas e causas e estabelece de medidas para sua solução. MRE – Ministério das Relações Exteriores: O MRE tem como objetivo receber diplomatas e dar assistência a Consulados e Embaixadas de outrospaíses no Brasil, assim como cuidar das embaixadas e consulados brasileiros em outros países. Por meio do Itamaraty, organiza cerimônias para recebimento de Chefes de Estado no país e fora dele assim como divulga a cultura brasileira no exterior, buscando oportunidades de investimento e transferência de tecnologia. É o MRE que regula o fluxo de turistas brasileiros no exterior e vice-versa. Outros Órgãos Intervenientes - BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social: financia a execução de projetos industriais, comerciais ou de infraestrutura no território brasileiro, além da importação de bens de capital, sem similar nacional e as exportações de produtos manufaturados; - APEX – Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos: incrementa as exportações brasileiras por meio da participação das micro, pequenas e médias empresas no mercado internacional, orientando quanto à busca de oportunidades, participação em feiras e exposições e organização de missões comerciais. - Órgãos anuentes como o IBAMA, Ministério da Agricultura e ANVISA: atestam o cumprimento das condições para fins de licenciamento da operação de importação ou exportação. O licenciamento é obrigatório para alguns produtos, veja alguns exemplos: - IBAMA: licencia a exportação ou importação de produtos químicos da família do propano e metano, madeira, lenha, serragem, carvão vegetal etc.; - Ministério da Agricultura e Abastecimento: frutas, cascas, farinha, pimenta, soja, mármores, granito, arroz, malte etc.; - ANVISA: produtos médicos e de saúde como vacinas, instrumentos cirúrgicos, próteses, aparelhos para reconstrução etc. 18 Unidade: Brasil no contexto global Empresas atuantes no comércio exterior Para que a empresa possa atuar na importação e exportação de mercadorias ou serviços, ela irá contar com diversas outras empresas no processo: - Companhias marítimas, aéreas, ferroviárias, dutoviárias, rodoviárias: são as empresas que detém os veículos para transporte dos produtos como a empresa dona do navio ou da aeronave. Tais empresas mantêm rotas em todo o globo e negociam os espaços em seus equipamentos para o transporte de produtos; - Agentes de carga: fazem a ponte entre o cliente/consumidor e as companhias. É por meio do agente que a empresa que deseja importar ou exportar seus produtos reserva espaço em navios, aviões, trens, caminhões etc.; - Despachantes Aduaneiros: a figura do despachante atua entre a empresa e a Receita Federal do Brasil e o Banco Central do Brasil. É o despachante que possui acesso aos sistemas de controle aduaneiro (SISCOMEX e SISBACEN), e fica responsável pela entrada e acompanhamento da liberação dos processos de importação e exportação. Você Sabia ? O Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX) tem grande importância para o controle do comércio exterior brasileiro. Este sistema permite ao governo efetuar a gestão estratégica das exportações e das importações. O sistema é utilizado para o desenvolvimento de estatísticas e serve de base para a implementação de novas políticas de comércio internacional. O Sisbacen é um sistema de gestão do processamento dos contratos de câmbio entre bancos e clientes. Nele, o governo identifica o andamento dos fechamentos de contratos de câmbio das operações que estão registradas no Siscomex. É possível, por intermédio das informações cadastradas neste sistema, conhecer o volume de transações de comércio exterior que ainda serão objeto de contratação de operações de câmbio. O Sisbacen é um gerador de diversas estatísticas que serão utilizadas na tomada de decisões do governo. Resumindo • O Comércio Internacional consiste na compra e venda de produtos e/ou serviços entre empresas estabelecidas em duas ou mais nações; • Pode envolver transações de mercadorias (importação e exportação ou de serviços); • O Mercantilismo foi um conjunto de práticas econômicas, desenvolvido na Europa, com o objetivo de angariar o máximo de moedas e ouro (metais preciosos) que representavam a riqueza de um país; 19 • Algumas de suas características são o metalismo, o protecionismo alfandegário, a balança comercial favorável à industrialização, o pacto colonial e o fortalecimento dos exércitos e da marinha; • O comércio internacional tem como funções igualar a distribuição de recursos minerais, equilibrar as diferenças de clima e solo, equalizar a disponibilidade de capital e mão de obra ou estágios tecnológicos diferentes, mantendo o equilíbrio entre as nações, abastecendo as menos favorecidas e promovendo a troca de recursos minerais, produtos, serviços, tecnologia e mão de obra em todo o globo; • As empresas participam do comércio internacional devido a fatores de custo, concorrência, mercado e tecnologia; • O comércio internacional vem crescendo ao longo dos anos, apresentando 2.400% de crescimento entre 1950 e 2005 e mais de 225% desde 1980, representando uma taxa de crescimento anual de 5%; • As atividades de logística internacional se relacionam ao movimento de mercadorias e documentos de um país para outro e atividades básicas das operações de exportação e importação; • Para os países, o comércio internacional representa maior mercado, produção, vendas e lucros. Gerando mais impostos, que são revertidos em assistência social que, por sua vez, geram mais qualificação e postos de trabalho; • Para as empresas, participar do Comércio Internacional significa maior competitividade; • Os fluxos do comércio internacional são divididos em fluxo de informações, materiais, financeiro e reverso; • A OMC atua na regulação do comércio internacional, gerenciando acordos multilaterais de comércio, servindo de fórum para acordos internacionais e supervisionando a adoção e prática dos acordos firmados; • A estrutura do comércio exterior brasileiro conta com a CAMEX, como órgão consultivo e ponte de diálogo entre a Presidência da República, seus ministérios e a sociedade; • O Ministério da Fazenda atua no comércio exterior brasileiro por meio da RFB e do BACEN; • O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio intervém por meio da Secex e as demais delegacias e departamentos como o DECEX, DECOM, DEINT e DEPOC; • O Ministério das Relações Exteriores atua por intermédio do Itamaraty nas negociações diplomáticas; • Outras entidades importantes para o comércio internacional são o BNDES, a Apex e entidades anuentes como a ANVISA e o IBAMA; • Outros agentes intervenientes do comércio internacional são as companhias marítimas, aéreas, ferroviárias, dutoviárias e rodoviárias, os agentes de carga e os despachantes aduaneiros, que atuam por intermédio dos sistemas de comércio exterior SISCOMEX e SISBACEN. 20 Unidade: Brasil no contexto global Material Complementar Segue dica de leitura e links interessantes para leitura e aprofundamento no tema de Comércio Internacional e Estrutura: • CAVUSGIL, T.; KNIGHT G., RIESENBERGER, J.R., Negócios internacionais: estratégia, gestão e novas realidades. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010, cap. 2; • MACHADO NETO, Alfredo José; ALMEIDA, Fernando Carvalho de. A internacionalização da indústria calçadista francana. RAM, Rev. Adm. Mackenzie (Online) [online]. 2008, vol.9, n.8, pp. 88-111. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ram/v9n8/a06v9n8.pdf. • SILVA, Orlando M. da; ALMEIDA, Fernanda M.; OLIVEIRA, Bethania M. de. Comércio internacional “x” intranacional no Brasil: medindo o efeito-fronteira. Nova econ.[online]. 2007, vol.17, n.3, pp. 427-439. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ neco/v17n3/v17n3a03.pdf. http://www.scielo.br/pdf/ram/v9n8/a06v9n8.pdf http://www.scielo.br/pdf/neco/v17n3/v17n3a03.pdf http://www.scielo.br/pdf/neco/v17n3/v17n3a03.pdf 21 Referências BIZELLI, J. dos Santos; BARBOSA, R. Noções Básicas de Importação. 8.ed. São Paulo: Aduaneiras, 2001. BRASIL, Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio. Disponível em <http//:www.mdic.gov.br>.Acesso em: 08 ago. 2011 DAVID, P., STEWART, R. Logística Internacional. São Paulo, Cengage Learning, 2010. SILVA, L. A. T. Logística no Comércio Exterior. 2.ed.São Paulo: Aduaneiras, 2008. 22 Unidade: Brasil no contexto global Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000 http://www.cruzeirodosulvirtual.com.br
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