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435228234-FERNANDES-Florestan-Marx-e-Engels

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Organizador: Florestan Fernandes 
HISTÕRIA 
Ili. O CURSO HISTÓRICO DAS CIVILIZAÇÕES 
1. F. Engels: Barbárie e civilização
(A origem da familia, da propriedade privada e do
Estado).• 319 
2. K. Marx: A evolução da propriedade
(Fundamentos da critica da Economia Política). 337 
3. K. Marx e F. Engels: Burgueses e proletários
(Manifesto do Partido Comunista), 365 
4. K. Marx: Reprodução simples e lei geral da
acumulação capitalista [O capital), 376 
5. K. Marx: Produção progressiva de um excesso
relativo -de população ou exército industrial
de reserva (O capita/), 394 
IV. NATUREZA E SIGNIFICADO DO MATERIALISMO
HISTÓRICO
1. F. Engels: O materiali,smo moderno
(Do socialismo utópico ao socialismo cientifico), 406 
2. K. Marx: O método da economia política
(Contribuiçlío i1 cfítica da Economia Políticn), 409 
3. K. Marx: Auto-avaliação: porte e significado de
O capital (prefácio à 1." edição e posfácio ii
2." edição de O capital), 418 
4. K. Marx e F. Engels: Reflexões sobre a explicação
materialista da história, 431 
K. Marx: Crítica a Proudhon (carta a P. V. Annenkowl. 431 
K. Marx: O ·que é novo no materialismo histórico
(Carta a J. Weydemeyer), 441 
K. Marx: Sobre a lei do valor (carta a L. Kugelmann). 443 
K. Marx. Tecnologia e revoluçüo industrial {carta a F. En1Jels), 445
K. Marx: A comparação na investigação histórica
(carta il Redação da Otetschestwennyje Sapiski), 44 7 
K. Marx: A questão irlandesa (carta a S. Meyer e A. Vogt). 450 
F. Ençiels: · A concepção materialista da história 
(cartas a C. Schmidt), 455 
F. Engels: Derivação, ação recíproca e causação em uma 
perspectiva dialética (carta a F. Mehring}, 464 
F. Engels: Necessidade e acidente na história 
(carta a H. Starkenburg). 468 
F. Engels: Um punhado de çiente pode fazer a revolução? 
(carta a V. 1. Zassulitch), 471 
5. F. Engels: Ciência e ideologia na história:
a situação do historiador marxista
(L. F,euerbach e o fim da Filosofia clássica alemã). 475
INTRODUCAO 
,. 
Florestan Fernandes 
Professor de Sociologia da: 
Universidade de São Paulo ( 1945-69) 
Columbia University ( 1965-66) 
Universidade de Toronto ( 1969-72) 
Yale University ( !977) 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo 
Introdução 
"Em toda a ciéncia o di/icii é o começo 
Karl Marx 
Uma antologia constitui um instrumento de trabalho do leitor. Ten­
tei, nos limites da minha experiência e do meu conhecimento, dcsincum­
bir-me da tarefa de organizador desta antologia tendo cm vista esse fim. 
Imprimi à seJeçáo dos textos e à elaboraçiío dos comentários pertinentes 
um caráter didútico, com o fito de colaborar com o leitor na aventura 
que ele est,i iniciando. O propósito que me anima, do começo ao fim, 
consiste em recapturar, tanto quanto isso é possível em uma obra desta 
natureza, as idéias centrais de K, Marx e F. Engels sobre a ciéncia da
história. Só depois disso é que tentei ressaltar, quando me pareceu neces­
sário, o significado de suas posições e de suas contribuições para o ( ou 
no) desenvolvimento posterior das ciências sociais. Como escreve um 
dos mais notáveis historiadores marxistas: 
"O marxismo, que é ao mesmo tempo um método, um corpo de pensa­
mento teórico e um conjunto de textos considerados por seus seguidores 
como uma fonte de autoridade, sempre sofreu com a tendência dos 
marxistas de' começar por decidir o que pensam que Marx deveria ter 
dito e depois procurar a confirmação nos textos, dos pontos de vista 
escolhidos" 1. 
Evitei cuidadosamente esta tendência, que, aliás, seria contraditória e 
contraproducente na preparação de uma antologia. 
A universidade e a especialização criaram um processo profundo 
e persistente de fragmentaçi.io do trabalho de investigação em todas as
1 HODSBAWM, E. J. Revolucionários. P, 155. 
Diana Magna <dianamagna69@gmail.com>
Marina Garcia
Realce
1 0 
ciéncias. Esse processo, porém, é mais intenso e devastador nas ciências 
sociais. O sociólogo, o h istoriador, o antropólogo, o c ientista político, 
o psicólogo, mesmo quando marxistas, sucumbem a essa tendência, r afir­
mando-se primeiramente em nome de sua especialidade. Marx e Engels
trabalharam numa direção oposta , defendendo uma concepção unitária
de ciência e representando a história como uma ciência de síntese. Se
lidei com textos de K. Marx e F. Engels desde o início da minha
carreira 2, nem por isso escapei à especiâlização dominante. É como
sociólogo, portanto, que me lanço a esta tarefa . Provavelmente um
historiador poderia dar conta do recado com maior elasticidade e pre­
cisão. Mesmo a um h istoriador escrupuloso, não é fácil ser comple­
tamente justo com dois autores como eles . Um dizia , a propósito de
"marxistas" franceses da década de 1 870 : " tudo o que sei é que eu nüo
sou um marxista" :i . � O outro atribuía ao companheiro toda a origina­
lidade e papel criativo. Não me posso pôr à sua altura, mas tenho
consciência de que me esforcei para sair da pele do especialista e do
adepto do m arxismo, para entender melhor a sua concepçào de ciência
e da ciência da história . De qualquer modo, em nenhum momento
senti-me em contradiçüo com as idéias que cheguei a defender no campo
da sociologia ou com as esperanças de todos os socialistas, de que as
relações entre ciência e sociedade serão profundamente al teradas no
futuro.
Além dessas duas considerações prévias, ju lgo que devo fazer uma 
pequena história desta antologia . O Dr. José Arthur Giannotti é quem 
deveria organizá-la. Infelizmente, as c i rcunst:lncias não lhe permitiram, 
depois de vários anos, que se encarregasse dessa obra e o substituto que 
ele escolheu niio se animou a realizá- la . I nicialmente, o projeto se refe­
ria somente a K. Marx. Ao ter de encarregar-me da antologia, ampliei 
o projeto e incorporei F. Engels ao mesmo . Daí resultou um volume
duplo, contra as normas da coleção "Grandes Cientistas Sociais" . Há
:! Em 1 946, saía a tradução que fiz da Contribuição à crítica da Economia Po­
lítica, editada com extensa introdução de minha autoria; em 1954, em um curso 
sobre ·'Os Problemas da Indução na Sociologia", dado nesse ano a professores 
de sociologia de escolas normais, dediquei especial atenção a K. Marx (publ icado 
nessa data, o ensaio foi incluído em Fundamentos empíricos da explicação socio­
lógica na Sociologia ) . Nos cursos ou nos livros que tratam de teoria sociológica, 
as contribuições de K. Marx sempre foram consideradas em termos de sua impor­
tância na história da matéria; por fim, em A natureza sociológica da Sociologia, 
o significado de K. Marx entre os clássicos é parte da temática do capítulo 1 ;
o capítu lo 5 é devotado à "Sociologia e ma rxismo" e o capítulo 6 focaliza as
questões da transição para o comunismo. Nos cursos, a presença de K. Marx
dependia da natureza do assunto. Na pós-graduação da ):'UC-SP, em 1980 e
1 9 8 1 , dei quatro cursos semestrais sobre o movimento operário em São Paulo, e
aí tive oportunidade de empreender um melhor aproveitamento da contribuição
teórica de K. Marx.
3 MARX, K. e ENGELS, F. Sefecred corre.1po11de11ce, p. 4 1 5 ( ' ·marxistas" como no 
original ) . 
1 1
a considerar, também, que a mesma coleção já contém duas obras sobre 
K. Marx e uma sobre F. Engels ·1 • Fiz o possível para evitar a repetição
de textos. Mas falhei redond amente no que diz respeito .l coletànea
organ izada pelo Dr. Octavio lanni . O mais grave é que as repetições 
atingem diversos textos, âos quais não podia prescindir sem preJuízo da 
informação e d·a formação do leitor. O professor Ianni concor�do� genero­samente com o meu alvitre, que, felizmente, não afeta a substancia do seu 
livro (pois, aqui, os textos s iío encarados ü luz da formação, desenvol\i­
mentó e significação do materialismo histórico) . Além disso, eu própno 
decidi-me a adotar certa liberdade nos comentários, do que decorre algu­
mas superposições ou repetições, que um critério �ais estrito evitaria. No 
entanto, achei preferível introduzir nos comentárws as conclusoes r:neto­
dológicas que e les suger�m.O leitor con tará, assim, c?m a oporturnda9e 
de um amadurecimento gradativo. Ele poderá, a part1r dos textos e nao 
das minhas idéias ( ou das de outro autor ) , local izar-se d ian te do mate­
rial ismo histórico, como ele brotou da produçào científica de K. Marx 
e F. Engels . Ao chegar il ú l tima parte, propriamente m�tod�lógica, 
estará em condições de en tender melhor o significado e as 1mphcações 
da concepção materialista e dialética da história , bem c?mo de avali�; c�m 
maior rigor sua importância na formação e desenvolvimento das ctencias 
sociais. 
A presehte coletünea visa proporcionar aos le itores, cm particular 
aos estudantes, um painel das preocupações e das realizações de K . Marx 
e de F. Engels no campo da história . J\!e_nhum deles desfrut°.u ( ou 
ostentou ) a condição de historiador. Não obstante, a onentaçao que 
·in'fündiram :\ crítica da e�peculação filosófica, da dialética hegel iana,
,da economia política e do socialismo utópico os converteu em fu,nda.-:­
dores das ciências sociais ( ou, como eles prefeririam dizer, da Ciência
dá história) . Ambos comparti lham uma situação incontestável como
Criadores do conhecimento científico nessa esfera do pensamento e �ou­
be-l_hes encarnar, na história das ciências . sociais, os in teress_es e asã._spirações revolucionárias das cl asses trabalhadoras . A conex,\O entre 
Ciência social e rcvol.uçi'ío_, no scculo XlX, não só encontra neles os 
répresentan tes mais completos, íntegros e corajosos. Eles a leva:aID: i�s 
últimas conseq üências, resolvendo a equação do que deve ser a 111vest1-
gaÇão científica quando esta rompe com os controles conse:vadores 
externos ou internos ao pensamento científico ptópriamente dito. Por 
isso, eles legaram às ciências sociais um modelo de exp}icaçãq estrit a­
mente objetivo e in trinsecamente revol ucionário ( revolucionário no 
4 JANNI, O., ·org. Mar.,· (Sociol ogia ) ; NErro; L Paulo, org
.., 
Engels ( Política) : 
SrNGER, P . , org. Marx (Economia) . 
1 
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Diana Magna <dianamagna69@gmail.com>
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Diana Magna <dianamagna69@gmail.com>
Diana Magna <dianamagna69@gmail.com>
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Marina Garcia
Realce
Marina Garcia
Realce
Marina Garcia
Realce
Marina Garcia
Realce
Marina Garcia
Realce
Marina Garcia
Realce
Marina Garcia
Realce
Marina Garcia
Realce
\,J 
, 
duplo sentido : das consequencrns da c iência Independente e da imersão 
na transformação proletária da sociedade burguesa ) . É espan toso que 
eles fossem tiio longe, excluídos do àmbito acadêmico e da "ciência ofi­
cial " ; e tendo pela frente a mais impiedosa perseguiçào polici al e política. 
Nüo é preci so q ue se recorde, K. M arx e F. Engels nunca se pro­
puseram a profissionalização institucionalizada ( o primeiro quase foi 
envolvido por uma quimera dessas, que logo se evaporou ) . Tendo de 
dedicar-se à h istó ria, à economia e à sociologia, faziam-no a partir dos 
vínculos com o movimento operário e como campeões da "ótica comu­
nista" da revol uçüo social . Viveram os seus papéis como fundadores de 
um modo muito difíc i l , al truísta e arriscado - contando natura lmente 
com pouco tempo e estímulo para se dedicarem ti ref lexiio sobre o mé­
todo e o objeto daque las ci ências socia is . O que escreveram, a respeito, 
fizeram-no movidos pel a necessidade teórica extrema ( sob forma pol ê­
mica ; com o intento de dar fund amento lógico a sua concepçiio da 
história ; ou, ainda, para satisfazer a curiosidade de certos companheiros) . 
Como o resto de su a obra, são _escritos que nascem do combate coti­
diano e nào sào "ocasionais" "'-·o ll "miuginais", como mu itos pretendem. 
Dê · ·qualquer modo, é su rpreendente o volume e a qual idade de tais 
escritos: im postos pe l a necess idade de auto- realizaçilo e de com unica­
c.;ão. Os que pensam u con trúr io n u nca se deram ao traba l ho de aval i a r 
quantos sociólogos, h is tori adores, econ omistas, etc. , protegi dos pelos 
muros da un iversidade e da carreira profiss ional , escreveram algo que 
valha a pena nesse terreno. Mesmo entre os "clássicos", mui tas figuras 
importantes nüo deixaram nada que ficasse à altura de seu prestígio ou 
d os papéís q ue desempenharam . 
Ambos pensavam que a história era a verdadeira ciéncia ou a 
ciência magna en tre as ciênciás sociais . Se tivessem de contrapor a lguma 
'Ciência à física newtoniana, e la nüo seria a economia política ( uma 
emanação ideológica dos in teresses da burguesia ) , mas a história. De 
outro l ado, o cerne mesmo de sua concepção ele revolução e d a conexão 
da ciência com o processo revo l ucionário induziu-os a ver nas relaçõ-es 
' soci ais de prod uçào ( ou seja , na economia ) o núcleo principal da inves­
. tigaçào empírica e da elaboraçüo teórica. A burguesia fizera da econo-
, mia política a sua trincheira ideológica e os "economistas se tornaram 
1 os porta-vozes da defesa " racional'' do status quo . As c l asses traba­
lhadoras deveriam começar por aí, pois sem uma teoria própria da 
acumulaçào capitalista n üo poderiam articu l a r uma visito independente 
de suas tarefas pol íticas na l uta de c lasses. Nesse vasto esquema inter­
pretativo, a sociologia era um ponto de vista inserido na concepção 
materialista e dialética da história ( o equivalente do que muitos consi­
deram uma ciência aux i l iar e outros um método ) , Contudo, esse ponto 
de vista possuía extrema importância, na medida em que as rel ações 
de produçiio er a_1�1 _v i_s t1,1 s como relaç{5es . . 1·oci_qis e histáricas. - ·Én9u'11liõ
1 3 
a economia política dissociava a economia d e seu contexto social e 
político, Marx e Engels insisti am no caráter c?�creto do� �at�s bási�os 
da prodiição e reprodu_çüo das formas matenais de ex1stcnc1a social . 
ConCebia.Iri', portanto, o modo de produção capital ista como uma 
: categoria_ histórica. Oponham-se, assim, tant __ o à reduçào abstrata das
1 ·relações econômicas a um tipo ideal, quanto a pulverização dos eventos 
e processos históricos entre várias "ciências históricas especiais" . Mesmo 
depois de recusarem validade à incursão dos filósofos nas áreas da 
ciência ( da natureza e da h istória) e de terem restringido seu campo 
à lógica e à crítica dos princípios da explicação cie�tífica, nunca ab_a?­donaram o recurso ú filosofia . Além disso, nunca Julgaram necessano 
que a "partilha do objeto" se transferisse da ciência da natureza para 
a ciência do homem : economia, sociedade, superestruturas políticas e 
ideológicas, ainda que -decompostas em fatores determinantes ou em 
efeitos essenciais, deviam ser comp_reendidas em sua rel ação recí­
proca. No plano ·da represen taçüo, da reconstrução emp írica e da 
·expl icação causal, partiam d i r_etamente do conc,:eJq, i sto é, da "uni­
dade do diverso,) e defendiam com coerência lógica uma visão ma­
terialista e dialética do real , intrinsecamente totalizadora e histórica.
É possível separar, no estudo de suas contribuições empíricas e teóricas,
a história da economia, da sociologia, da psicologia ou da política.
Contudo , tal separação corre por conta dos analistas, empenhados na
avaliação de .. sua importância para o desenvolvimento ulterior desta ou
daquela disciplina. O mesmo sucede com a relação entre teoria e prá­
tica. O critério de Verificaçüo da verdade, na pesquisa histórica, estari3
-na _ação. Um conhecimento teórico infundado ou incompleto não per­
mitiria in troduzir mudanças revolucionárias na sociedade. Sem a d imen-
são h istórica do papel pol ítico do proletariado na luta de c l asses, a
ciência da história nem seria possível - não teria razão de ser e de
existir - e tampouco teria como provar a verdade e a validade de sua
teoria ( em sentido figurado, careceria de seu laboratório e dos meios
para as experiências cruciais ) . Ao contrário dos modelo_s liberal-natu­ralistas de explicação nas ciências sociais, �ão_estabeleciam um longo
"intervalo técnico" entre a descÓberta da teoria e sua aplicação. Em 
sua relaç ão ativa com a transformação da sociedade burguesa e a ma­
tura.ção de uma nova época histórica re_volucionária, as c lasses operá-
rias absorvem rapidamente, em sua prática social e política, a teoria
que explica com objetividade e indepen dência indomúvel a fo rma de ,· ,1 ·, 
constituição , desenvolvimento e dissolução dessa sociedade.
Por pouco que represente, esta coletànea obriga a refleti r sobre
a natureza e a magnitude científicas da· obra de K. Marx e de F. Engels
no campo da história. Infelizmente, os intelectuais - mais precisa­
mente os acadêm icos - marxistas perd eram muito tempo em repe­
tições de uma sistematização do marxismo que é estéril para o enri-
Diana Magna <dianamagna69@gmail.com>
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Marina Garcia
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Realce
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1 4 
quecimento daquela obra científica. Misturando os papéis acadêmicos 
com as tarefas de intelectuais de partido, deixaram à margem o que 
era essencial para a ciência: encetar e multiplicar as investigações 
originais, que usassem menos palavras como "marxismo", "materialis­
mo dialético", "contradição", etc. , (ou certas palavras rebarbativas, que 
não se encontram em Marx ) , e revelassem mais o verdadeiro espírito 
da análise e da explicação causal subjacentes a O capital. K. Marx e F. 
Engels produziram fora do mundo acadêmico e contra a corrente . É 
uma irrisão que eles se convertam - principalmente em nome do 
m'arxismo e da dialética materialista - em meio de ganhar prestígio 
intelectual e de entreter modas filosóficas. Eles não eram apenas escri­
tores "engaj ados" e "divergentes". Inauguraram um tipo de pesquisa 
histórica revolucionária, em sua fomia e em seu conteúdo. Saíram dos 
pequenos círculos intelectuais e 1'extreffiistas" para a atividade parti­
dária em sentido amplo, realizando-se intelectual e cientificamente como 
ativistas de vanguarda do movimento operário. É preciso que tudo 
isso seja levado em conta, para que se preste maior atenção à necessi­
dade, urgente e permanente, de dar continuidade ao seu padrão de 
trabalho científico e de aprofundar-se o significado de suas descobertas 
teóricas na ciência atual 5• 
A antologia, para coordenar adequadamente os vários tipos de 
textos, deveria ter uma divisiio abrangente. Em primeiro lugar, acredito 
que se deve é0nsiderar o que . é específico na pesquisa histórica de 
Màrx e Engels : história que se ligava a uma concepção científica revQ, 
.l1=1c_ionária e_ feita por homens que eralll reVôlucionários de primeira 
linha. Há, aí, uma questão central : não só por que mas como se consti­. tuiu a consciéncia revolucionária da história, que os compeliu a enlaçar 
ciência e comunismo. A revoluçfío burguesa gerara uma nova geração 
de historiadores, capazes de descrever as classes e de entender o signi­
ficado histórico da luta de classes. Os trabalhos de K. Marx e de F. 
Engels não só se imbricam nessa orientação investigativa. Eles a 
suplantam, tanto no terreno empírico quanto no da teoria, porque pro­
jetaram a pesquisa histórica sobre a formação e o desenvolvimento da 
nova classe revolucionária e sobre o presente in flux, buscando na l_uta 
de classes uma chave para interpretar o futuro em perspectiva histórica. 
De um golpe, eles eliminam o arraigamento estático da história , que 
excluía o sujeito-investigador do circuito histórico e convertia o passado 
em um santuário de arquivos e documentos. Essa nova história, que 
é psicologia . em uma face, economia e sociologia em outra, era tão 
avançada para a sua época - e para a nossa - que ainda hoje não 
5 Veja-se, por exemplo, o belo estudo de VILAR, P. Marxisme et hístoire dans 
le développement des sciences humaines. Pour un débat méthodologique. ln : Une
Histoire en construction, p. 320-51. 
1 5 
fç,i inteiramente compreendida e aceita como o grande marco d a insti­
tuição da história como ciência. Nem todos os textos essellciais pude­
ram ser incorporados a essa primeira parte. Porém, fiz um esforço 
para que ela abarcasse pelo menos os mais reveladores entre os textos 
ess·enciais. 
Em segundo lugar, vêm as contribuições que têm sido usualmente 
encaradas como a expressão mais acabada do padrão de pesquisa 
histórica e de explicação de acontecimentos e processos históricos no 
materialismo histórico : os famosos ensaios históricos de K. Marx e 
F. Engels, que focalizam � .. _história _ em_ _ _p_ro�l?so __ ( e, especialmente, ._ o
presente em proc�isso) . - EsséS ênsaiüs são eXtieirfainente ricos e inspira� 
·dores, e ninguém -_:_ ninguém mesmo, em nome de qualquer concepção
da "especificidade da história" - pode negar-lhes categoria de inves­
tigação histórica exemplar. Seria impossível incluir na antologia todas
as leituras representativas. Isso é lamentável 1 porque marca a antologia
pelo que falta ! Contudo, as leituras escolhidas devem ser apreciadas
como um elenco de exemplos ou uma amostragem : os textos que não
foram contemplados possuem as mesmas qualidades que aqueles que
esUio aqui arrolados. Essa divisiio também é importante por outro
motivo. Não há nos textos ensaísmo barato, mas história verdadeira
e de tão alto nível que deve pôr em xeque os historiadores "profissio­
nais" resistentes à história recente e à história do presente. De outro
lado, é notável como os fundadores do materialismo histórico, enten­
didos corno "fanáticos" determínistas econômicos (? ! ) , sabem s,eparar
a descrição ·histórica límpida da algaravia economista vulgar, que nada
explica. Eles se detêm sobriamente sobre os fatos e os fatores econô­
micos mais relevantes, no quadro geral, traçam a sua importància na
complexa rede de causas e efeitos histó ricos in terdependentes, e cuidam
concentradamente dos vários desdobramentos do tema focalizado.
Em terceiro lugar, estão as contribuições que permitem pôr em
equação p:roblema5-_ ... de i_Tlve_sti_g�çà_o_ C?f1:1P_arada o� da dinàmica dascivilizações. Em Sua· füâiôffa, -· OS híSfoúadores "Profissionais" perfilham,
como os antropólogos e os sociólogos, o ponto de vista de que o teste
científico da história está na contribuição que ela dá ao estudo das
civilizações. K. Marx e F. Engels se devotaram di,etamente à investi­
gação dos modos de produçiío e aos efeitos da alteração ou dissolução dos
grandes mod,os de produçiio. Por aí penetram no estudo das formas anta­
gônicas de sociedade e, também, das civil izações correspondentes. Eles
nunca se identificaram com a "história da civilização ) ) da sua época,
que se revelou incapaz de superar os reSíduos idealistas ( e até mesmo
as deformações especulativas) , herdados da filosofia da história, e quando
reagia contra isso não passava do empirismo abstrato
1 
insuficiente para
permitir que a investigação histórica interpretasse realisticamente as
diversas manífestações da ideologia na história. No entanto, só para
dar um exemplo, · uma obra como O capital contém a chave da inter-
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Crítica a aproṕriação indevida e inapropriada dos trabalhos de Marx e Engels na contemporaneidade.Diana Magna <dianamagna69@gmail.com>
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Tema de análise em Marx e Engels
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1 6 
pretação histórica d a civil ização industrial moderna. É preciso , pois, 
avançar na direção do que sign ificam as suas contribuições científicas, 
o que e las revelam sobre as bases econômicas e, por conseguin te, sobre
os dinamismos ( de reproduçüo e de transformação ou de dissoluçiío ) das
grandes civilizações. Além disso, a própria substància de sua teoria da
história nüo os conve rtia em observadores compl acentes , estudassem o
passado ma is remoto ou os mais recentes confli tos operários. Ambos
procedem à crítica da civilização e, com referência ao seu mundo histó­
rico, essa crítica torna-se implacável . Os textos selecionados retêm as
diversas gamas dessa posição interpretativa e exprimem conveniente­
mente sua importüncia para as ciências sociais.
Em quarto lugar, são consideradas as questões do método. A con­
cepção materia l i sta e dialética da história não foi, contínua a ser uma
novidade. Embora nos comentúrios aos textos, por uma ori entação 
didática necessária, tenha sempre procurado salientar essas questões 
( t irando-as, portanto, d iretamente do próprio texto ) , julguei indispen­
sável contar com uma divisào na qual o assunto fosse reconsiderado 
globalmente. Ai nda aqu i·, nem tudo o que deveria en trar na antologia 
foi contempl ado. A principal cxclus ilo refere-se a A nti-Diihring, pre­
sente só através de uma pequena passagem extraída de Socialismo utópico
e cientifico . Mas existem outros escritos que mereciam ser submetidos 
ao leitor. Não obstante, p rocurei fazer com que as leituras escolhidas 
cobrissem a maior parte possível do v asto painel de uma concepção da 
história que n ão ignora os aspectos empíricos e lógicos da observação 
científica e lhe infunde, substantivamente, urna dimensão prática intrín­
seca. Portanto, também no plano do método aparece c laramente o que 
significa "aliar-se ativamente" ou " fazer parte perm anentemente" do 
movimento operário . A burguesia engendrou um esquema liberal de 
ciência aplicada, pela qual afastou, na aparência , a ciência da dominação 
de classe. O proletari ado não poderia fazer a mesma coisa, como víti­
ma que era dessa dominação e, mais ainda, como sujeito determinado 
que era de uma revolução para acabar com a dominação de classe e 
com as próprias classes sociais . Por aí se desvenda a natu reza e o 
significado da concepção material ista e di alética da história, instrumento 
claro, aberto, d i reto da consciência social e da atividade política revo­
lucionárias das classes trabalhadoras. 
Resta-me comunicar ao leitor o que penso de um dos autores. 
Está em voga a depreciaçiío de F. Engels . Nüo compart i l ho dessa voga. 
Com freqüência, falo em K. Marx: e·.F. Engels. Com isso, niio pretendo 
confundi-los, metáITlorfoseando-os 'em irmãos siameses espirituais. Um 
homem como Marx sabia muito bem o seu valor e não se confund ia 
· com ninguém, mesmo com o amigo mais íntimo e com o companheiro
de quase 40 anos de l utas em comum. Por sua vez, Engels também
tinha a sua grandeza e uma esfera de autonomia pessoal como pensa-
1 7 
dor inventivo e como ati vista pol ítico O • Basta lembrar uma coisa : A 
situação da classe operária na Inglaterra em 1844 é um clássico nas 
ciências sociais e foi causa ( e não produto) da simpatia de Marx por 
ele e da descoberta de ambos por seus fo rtes interesses comuns . .. _As 
_comparações estreitas e falsas produzem conseqüências fan tasiosas . Ê 
óbvio que K. M arx é uma figura ímpar na história da filosofia, das 
ciências sociais e do comunismo. Engels foi o primeiro a proclamar 
isso e o fez com uma devoçiio ardente , consi derando-o como um gênio 
do qual e ! e teve a sorte de pa rti lhar o dest ino. Contudo, a modéstia de 
F. Engels n üo deve ser um fator de confusão . Ser o segundo, o com­
panheiro por decisüo mútua e o seguidor ma is acreditado não só na
vida cotidiana
) 
mas na produção científica e na atividade polít ica de
Marx, q uer d izer alguma coisa. A lém disso, F. Enge ls não era só um
''segundo" ou um "seguidor" : por vúrias vezes foi ele quem abriu os
caminhos originais das investigações mais promissoras de K. M arx; a
ele cabia, na divisão de trabalho comum, certos assuntos e tarefas ; e
Marx confiava em seu cr i tério histórico , científico e político , a ponto
de convertê-lo em uma esp'écie de spçirring inte lectual . ( como o de­
monstra a sua correSpondência de longos anos ) . Tudo isso quer dizer
que ele nüo era um reflexo da sombra de Marx ; ele projetava a s_ua
própda sombra . Niio se pode separá-los, principalmente se o assunto
· for à' constituiçiio do material ismo dialéti co e seu desenvolvimento . Fo i
o que fiz, dentro d e um senso de equanimidade que se impõe pelo
respeito mútuo que um tinha pelo outro. Se na soma das le i turas cabe
a K. Marx um maior número de entradas, isso se deve a sua irnpor­
tància ímpar seja na elaboração do material ismo dialético (o que F.
Engels sempre confirmou expressamente ) , seja na história das ciências
sociais.
1 . A consciência revolucionária da história
A questiiô' ·que se deve colocar aqui , como a questão essencial,
é clara : podia existir uma conscWncia revolucionária da história em 
uma sociedade capital ista que enfrentava os transes da revolução bur­
guesa ( Inglaterra e França ) ou se debat ia com a impotência da 
burguesia para soltar sua revolução (Alemanh a ) , sem surgir uma classe 
capaz de opor-se, como e enquanto cl asse, contra a ordem existente e 
ti Ver NElT0, J . Paulo. Engels, p. 27-50; o exceJente estudo de JoNES, G . Sted­
mun. Retrato de Engels. l n : HoaS13AWM , E. J . . org. Históri(I do marxismo., v. 1 , 
p. 377-42 l , e NEGT, O. O marxismo e a teoria da revolução no úl t imo En-?�ls.
ln : HOBSBAWM, E. J . , org. História do marx1.1·mo,. v. 2, p. 1 25-200 (uma anal ise
que procura resgatar o pensamento teórico de F. Engels dos dois enquadramentos 
subseqiientes, o que se realizou a1ravés da II In t ernacional e o que se deu graças 
ao "sta linismo" ) . 
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