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Resumo teoria da história

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*UNIDADE1
História e memoria
“A memória, onde cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para servir o presente e o futuro. Devemos trabalhar de forma a que a memória coletiva sirva para a libertação e não para a servidão dos homens” (Jacques le Goff). 
Aqui ele coloca alguns elementos fundamentais como memória coletiva, diferenciação entre memoria e história uma problematização que relaciona presente futuro e passado. Sendo mecanismo interpretativo importantes pra disciplina de teoria. 
Vamos pensar sobre as frases: O povo brasileiro não tem memória? Somos um país sem memória? O povo brasileiro não conhece sua História? Somos um país sem passado? Ou ainda: Precisamos valorizar a nossa História. É preciso resgatar o passado. Devemos recuperar nossa memória. Precisamos preservar nosso patrimônio histórico. É preciso defender a memória nacional. Mas o que significa tudo isso? Pois memoria diferentes povo tem, as problematizações sobre o passado vão acontecer. O que devemos estabelecer é que tudo isso cria uma relação com o passado, história e memoria são diferentes, mas estabelecem uma relação com o passado, sendo conceitos diferentes
“Passado e memória dão conteúdo, identidade e espessura a todos os humanos. Por mais isolado que se encontre um grupo, uma comunidade ou mesmo um só indivíduo, todos estão imbuídos de um passado, de uma memória e de uma história” (YOKOI; QUEIROZ, 1999, p. 7). 
O homem ele ganha densidade na sua experiencia histórica, na sua relação com o passado na elaboração na memoria não sendo uma simples lembrança, tendo assim que tomar um cuidado, pois você lembrar de uma época não significa que ela foi exatamente daquela maneira.
História e memória são dois conceitos diferentes: 
“[...] um acontecimento vivido é finito, ou pelo menos encerrado na esfera do vivido, ao passo que o acontecimento lembrado é sem limites, porque é apenas uma chave para tudo o que veio antes e depois” (Walter Benjamin).
· O historiador não é aquele que fica preso no passado. E usar o passado de acordo com as coisas que vivemos no presente. 
· Portanto não conseguimos ficar preso ao passado, nos vivemos com relação ao passado, vivemos nossas experiencias, nos trabalhamos o que significa o passados, mas não podemos ficar preso a ele
· A historia se refere ao que foi vivido mas também é um estudp do passado, utilizando documentos, registros. Documentos até o século XIX eram vistos de uma maneira, como documentos oficiais, regido pelos governos. A partir do século XX, com a escola dos anales, outras coisas viram documentos, toda cultura material, toda indumentaria, toda forma de portar algum objeto, tudo isso faz parte das relações que as pessoas estabelecem com a sua historia, então a noção de documento se amplia.
· Já a memória diz respeito à lembrança daquilo que aconteceu; está viva nos indivíduos e nos grupos sociais. Assim como uma pessoa não se recorda de tudo o que viveu, também nem todos os acontecimentos ficam na memória coletiva. Dessa forma, a memória compreende lembranças e esquecimentos.
· O historiador transforma o passado em história
Lugares de Memória e História Manipulada
História: vivido (passado): Área de conhecimento registro dos acontecimentos compreensão do passado construção de identidades (grupos sociais, nacionais) construção da memória coletiva 
Memória: individual e social: Viva na consciência do grupo Pode se alojar em objetos, artefatos, construções, gestos e imagens Função identitária Direito à memória: cidadania
Uma sociedade que não conhece seu passado, não forma cidadãos pois é fundamental o conhecimento do passado.
· A memória se cristaliza nos objetos, nos artefatos, nas construções, nos gestos e nas imagens. Uma ferramenta, um artefato ou um edifício, por exemplo, são lócus de conservação da memória. Como componentes da cultura material, conservam inscritas as técnicas utilizadas em sua produção, as relações sociais envolvidas, o modo de vida de quem os usava, as formas de trabalho e muitas outras informações a serem decodificadas.
· A memoria e algo que pode ser manipulado, É preciso destacar que o acesso à memória é uma questão política. Então após determinados eventos algumas coisas podem ser manipuladas.
· A memória coletiva está sujeita a esquecimentos e silêncios, pois pode ser manipulada e objeto de disputa de poder e a manipulação daquilo que vai ser lembrado é fonte de poder. Resulta que a memória assim tratada é artificial e excludente.
· O esforço de grupos sociais marginalizados ou excluídos em busca da preservação de sua memória e da sua história é um ato político na busca de afirmação de um direito, da sua própria identidade social e da democratização da memória.
História
· Por muito tempo existe uma história que e vista como oficial, mas com o passar do séculos isso foi mudando. Por muito tempo, as realizações extraordinárias dos grandes personagens apresentados muitas vezes como heróis, até chegarmos à situação atual em que se busca um entendimento mais amplo do passado, considerando a multiplicidade de agentes sociais envolvidos no processo histórico.
· Apesar de o indivíduo existir na história, não será ele o objeto principal do historiador. Mesmo em períodos em que se privilegiou uma história de heróis, foi impossível caracterizar a heroicidade isoladamente; o herói sempre precisou de um momento adequado para demonstrar sua habilidade e, principalmente, de uma identificação com um objetivo supra pessoal, com um grupo e com ideais por este concebidas.
As relações interpessoais, a construção mental e física do mundo, o exercício do poder de uns sobre os outros, os encontros entre diferentes estão na base daquilo que Virginia Woolf definia como “fantasma imenso e coletivo, incapaz de ser exorcizado”, ou seja, o passado, ao qual o historiador dará forma para que ele se transforme em história (YOKOI; QUEIROZ, 1999, p. 8).
· Existe uma relação necessária entre o estudo da História e o presente: para Marc Bloch seria preciso “compreender o passado pelo presente” e para Lucien Febvre, a História teria como função “organizar o passado em função do presente”. Então o presente que vai ditar as grandes questões, as grandes perguntas, as grandes indagações.
· Não podemos pensar em uma história fechada sobre si mesma, isolada no passado, e que o historiador vai acessá-la independente de qualquer outra coisa. As perguntas vêm do momento em que o historiador vive, do momento presente.
· A construção do conhecimento histórico parte sempre do presente. Por isso, o estudo do passado não se esgota. Paradoxalmente, nesta condenação do historiador ao presente situa-se a eternidade de um passado que nunca se esgota. Caso contrário, a história da Grécia, por exemplo, teria sido escrita por Heródoto e ponto final. 
No entanto, cada século reelaborou a história grega dentro de suas perspectivas e possibilidades. Nos limites entre a “consciência possível” e a “consciência real”, próprias de seu tempo, o historiador busca no passado a consciência de seu próprio tempo (YOKOI; QUEIROZ, 1999, p. 8).
História, para quê?
· No momento contemporâneo no início do século XXI, quando alguém estuda o Egito antigo, vai estudar por exemplo o as relações que existem no Egito antigo, mas coloca problemas da sua época. 
· Aquela história antiga, como a história como ‘mestra da vida’ como lembrança que os gregos utilizavam, vai sendo superada. Então chega no século XIX é utilizada como biografia da nação, como a história das nacionalidades, uma peça fundamental de um certo projeto, mas no século contemporâneo isso e superado, e reescrito e reelaborado. 
· Tendo uma discussão que a história vai assumir importantes funções na sociedade, como lembrado anteriormente, grupos excluídos tem direito a sua memória, por exemplo no brasil dos povos originários, que estão no território que depois veio a se chamar américa portuguesa e por fim Brasil, eles tem direito a sua memória, aquilo que aconteceu na sua história, aquilo que está escondido, aquilo que é vivenciado.Portanto existe tanto um debate que colabora na formação da identidade social, portanto um componente da cidadania.
· As vinculações politicas da história precisam ser problematizadas.
Teoria da historia
· Caráter polissêmico da palavra teoria, especialmente no âmbito das ciências sociais. Sobre isso, diz-nos Raymond Boudon: “[...] a polissemia do termo teoria nas ciências sociais parece resultar, em larga escala, do fato de que as situações lógicas que as disciplinas encontram, quando se propõem explicar este ou aquele fenômeno social, são diversas e nem sempre se deixam reduzir ao modelo epistemológico saído das ciências da natureza e em particular das ciências físico-químicas. De maneira que a atividade teórica assume formas diferentes conforme os contextos”
· A palavra Teoria pode ter uma ideia polissêmica, ou seja vários sentidos. Nos analisamos os usos, por que em uma certa sociedade não existe tal palavra. As palavras tem um emprego histórico, um uso social, a forma que alguns grupos se utilizam, ou não utilizam certos termos, são marcações sociais. 
· Não existe uma única teoria, existe teorias que serão problematizadas.
Em sentido amplo, uma teoria é uma forma de ver o mundo, mas como se constrói o conhecimento sobre História?
· Teoria da História – base conceitual e científica 
· Historiografia – História da História 
· Metodologia – procedimentos 
· Campo teórico: teorias gerais e particularizadas 
· Paradigmas conceituais 
· Território de disputas e diálogos. Diferentes correntes, diferentes formas de compreender a história, tudo isso são disputas. Se história não e exatamente a questão do que a gente lembra, se existe uma produção de um saber cientifico sobre o passado, existem formas de compreende-la. Podendo ter um olhar mais elitista ou um olhar mais popular.
O senso comum gosta de afirmar, que a história e escrita pelos vencedores. Não é, isso foi! No mundo contemporâneos no final do século xix e inicio do xxi, não é. Gruspos subalternos tem sua historia, e vao inserir as suas lutas e seus debates. Um exemplo na historia brasileira, e uma historiografia que vem discutir Palmares, e Canudos. Não pela ótica do estado, mas pelas vitimas, o contestado ou qualquer outro movimento que você eleja para pesquisar. Agora dizer que a historia e sempore a historia do vencedor, e uma forma ideológica de olhar para própria historia, foi assim, mas não é mais. A teoria nos ajuda entender assim.
Construção de Conhecimento
· A atividade do historiador não se esgota em recolher as informações obtidas em registros e fontes documentais, organizá-las e relacioná-las. Seu exercício profissional implica construir interpretações capazes de reconstituir o passado e conferir-lhe significado. 
· História comporta a existência de diferentes versões e interpretações do passado e sendo produzida a partir de um presente que se altera, modificam-se também as questões que são formuladas para o passado. 
· O historiador está no presente e é a partir dele que lança as perguntas para o passado de forma a construir sua explicação. Há uma historicidade intrínseca nesse processo que se inicia na própria escolha dos temas a serem abordados.
· O conhecimento histórico é cumulativo. 
· O repertório de perguntas do historiador se ampliou, as pesquisas e os trabalhos produzidos se multiplicaram nos séculos XX e XXI; hoje se sabe muito mais sobre o passado do que se sabia em épocas anteriores.
· Não é simplesmente juntar um monte de informações, uma aula de historia que coloca apenas informações pros alunos não é uma aula de historia. Se não existe a relação, a problematização ou a discussão sobre, não fica nada para o aluno. 
A Teoria da História e a produção do Conhecimento Histórico
· Fontes documentais: matéria-prima 
· Teoria da História: referencial teórico 
· Metodologia: procedimentos e técnicas 
Documentos: 
· fragmentos/vestígios/indícios
· lacunas 
· diversidade 
· Historiador: questões formuladas no presente
Aquele que faz a analise ele olha para sua época, ao olhar para sua época ele problematiza, assim olhando a historia a partir do momento que você está.
· Fatos históricos: acontecimentos e processos econômicos, sociais e representações simbólicas 
· Periodização e marcações de tempo 
· pesquisa, crítica documental, reconstituição, análise, interpretação 
· Interpretações controladas 
· Validação pelos pares. Não é por que acredito que é verdade. Existe uma comunidade cientifica debatendo. 
Escola Metódica e correntes teóricas do século XIX
· “A grande revolução de 1789-1848 foi o triunfo não da ‘indústria’ como tal, mas da indústria capitalista; não da liberdade e da igualdade em geral, mas da classe média ou da sociedade ‘burguesa’ liberal; não da ‘economia moderna’ ou do ‘Estado moderno’, mas das economias e Estados com uma determinada região geográfica do mundo (parte da Europa e alguns trechos da América do Norte), cujo centro eram os Estados rivais e vizinhos da Grã-Bretanha e França” (HOBSBAWM, 2010, p. 20). 
· Superação de alguns valores tradicionais e religiosos dominantes na vida social e política; disseminação do espírito de liberdade, de igualdade e de fraternidade; crença no progresso e no desenvolvimento do capitalismo; consolidação dos estados-nacionais: nacionalismo; Imperialismo; Neocolonialismo e Eurocentrismo.
· Escola Metódica. 
· Positivismo. 
· Historicismo.
· Cientificismo.
Vão contaminar ou contagiar, influenciar as práticas no bom sentido. 
· Ciência e técnicas: entendidas como responsáveis pelo avanço e pelo progresso. 
· Método científico. 
· Matemática, mecânica, termodinâmica. 
· Razão, evidências empíricas e experiência. 
Impactos nas ciências sociais: 
· Estudos científicos e racionais; estatísticas e recenseamentos. 
· Cálculos administrativos e contábeis e leis explicativas para o social.
Cientistas e pensadores: promessa de um futuro promissor. Para Rossi (2000, p. 52): “Quem crê no progresso [...] geralmente não se contenta com escolhas efetuadas no reino da imaginação. Não tende à fuga da história. Conta ou julga poder contar com possibilidades reais ou que interpreta como reais. Vê presentes na história algumas possíveis confirmações das suas esperanças, julga que ela procede – nem que seja nos tempos longos – segundo uma e não outra direção. Considera em todo caso que tem sentido operar no mundo com base em projetos regidos pela esperança num futuro desejável, melhor que um presente cujos limites e insuficiências são visíveis”.
· Busca das explicações para os fenômenos da natureza e da sociedade: continuação do Iluminismo; a ciência de caráter preferencialmente mecanicista, inclusive utilizando a matemática para traduzir os fenômenos da natureza. Imparcial e infalível, essa matemática seria o símbolo do método científico capaz de distante de quaisquer discussões metafísicas, alcançar o pleno conhecimento da realidade. Afinal, tratava-se de fazer a defesa da ciência e da técnica, responsáveis pela melhoria das condições de vida da humanidade. 
· Tratava-se apenas de utilizar a razão, submetendo-a à evidência empírica e da experiência
· A escola metódica e os discursos sobre o método: o positivismo, o cientificismo e o historicismo. 
· No século XIX, alguns pensadores e escolas decidiram se afastar do romantismo literário dos escritos históricos do período anterior. 
· “Busca de um método crítico para estabelecer uma documentação segura. Escreviam rápido demais, um pouco como romancistas que eram. [...] Para alcançar uma concepção mais válida da história, definida agora como curiosidade intelectual, era preciso o método, o método científico, como se dirá na segunda metade do século. A erudição já era conhecida antes da época romântica. Mas os eruditos do Antigo Regime, sobretudo do século XVII, conservavam as maneiras de colecionadores de antiguidades e de raridades. Foi, sobretudo, no início do século XIX que a compilação crítica dos textos e documentos se desenvolveu paralelamente à história viva” (ARIÈS, 1989, p. 149).
· O método crítico requeria, inicialmente,credulidade na recepção da informação e no acolhimento ao documento; depois, deveria duvidar, desconfiar e suspeitar. “A confiança no documento não deveria ser fundada na declaração de intenção do próprio documento, mas construída pela ‘dúvida metódica’ [...]. O historiador não dava a sua confiança ao documento, ele a elaborava e a construía objetivamente” (REIS, 2001, p. 7).
· “O seu ponto de vista é ‘objetivante’: a lembrança é de uma experiência vivida localizada e datada. O testemunho diz: ‘eu estava lá, eu presenciei, eu vi’. A autópsia é o porto seguro do historiador empirista, obcecado com testemunhos oculares, local, data e horário, evidências exteriores, marcas, objetos, enfim, provas concretas. A sua utopia é ter assistido ele mesmo, com os seus próprios olhos, aos eventos de muitos anos atrás!” (REIS, 2001, p. 6).
O método científico: 
· Criação de um método científico capaz de alçá-la a mesma condição de importância e objetividade das outras ciências. O futuro não importava: interessava apenas o conhecimento do passado, apreendido por meio do estudo dos eventos, singulares, irreversíveis e únicos. A História não podia ser reduzida a nenhum princípio absoluto derivado de leis e essências. Ao contrário, [...] a consciência histórica é finita, limitada, relativa a um momento histórico – o que levará ao ceticismo quanto à possibilidade de um conhecimento histórico objetivo, válido para todos. Não é um princípio supra histórico que organiza o processo efetivo, mas sim a própria história que organiza o pensamento e a ação, os quais existem em uma ‘situação’: um lugar e uma data – um evento (REIS, 2004, p. 9).
Positivismo
No século XIX veio os positivismos. E vai acabar contaminando no sentido positivo, uma serie de práticas, que nos vamos inclusive enxergar na inscritos na Bandeira Nacional, o positivismo ‘ordem e progresso ‘ vem dessa crença. “o amor por princípios, a ordem por meio e o progresso por fim ‘Augusto Conti. Os princípios aí são regras e normas. Então nos temos. 
· A escola histórica metódica, dita “positivista”, que inclui autores alemães, como Ranke e Niebuhr, e franceses, como Langlois e Seignobos, 
 “Defende que o passado é real e pode e deve ser restaurado em sua integralidade. Mesmo se o sujeito o constrói, essa construção deve ser positiva. Deve ser uma ‘reconstituição’. Ingênuos quanto ao aspecto ainda ‘metafísico’ do seu esforço, e ostentando um discurso antimetafísico, afirmam que querem conhecer os fatos em sua ‘realidade’, ‘tal como se passaram’” (REIS, 2000, p. 330-1).
· Uma pergunta surge desse cenário: mas o fato de essas novas correntes terem assumido todos esses pressupostos já não configurava também a adoção de uma filosofia da História? Em outras palavras: apesar de as novas correntes preconizarem uma História a posteriori, isso, per si, já não seria um critério a priori?
Os ‘historiadores cientistas’, antifilosóficos em suas declarações, na prática ocultavam a sua dependência das ideias e conceitos das filosofias da história. Digamos que, no século XIX, houve um esforço de rompimento com a filosofia, que obteve um resultado apenas parcial. Foram tentativas de constituição de uma ‘história objetiva’, que por um lado obtiveram sucessos significativos, mas por outro não puderam vencer sua dependência em relação às formulações universalizantes dos filósofos (REIS, 2004, p. 12). 
· Os fatos falam por si e o que pensa o historiador a seu respeito é irrelevante.
“Os fatos existem objetivamente, em si, brutos, e não poderiam ser recortados e construídos, mas sim apanhados em sua integridade, para se atingir a sua verdade objetiva, isto é, eles deverão aparecer ‘tais como são’. Passivo, o sujeito se deixa possuir pelo seu objeto, sem construi-lo ou seleciona-lo. [...] Para obter esse resultado, o historiador deve se manter isento, imparcial, emocionalmente frio e não se deixar contaminar pelo seu ambiente sociopolítico cultural” (REIS, 2004, p. 18).
Auguste Comte (1798-1857). 
 Objetividade científica versus religião/metafísica. 
 Classificação das ciências e dos fatos científicos. 
 Ciências naturais: hierarquizadas e divididas: abstratas e gerais/concretas.
 Estudo das ciências: histórico/dogmático.
Temos sempre que problematizar, temos que tencionar as explicações. 
Pressupostos positivistas: 
1. Na história está presente uma lei que tende, através de graus ou etapas, à perfeição e à felicidade do gênero humano.
 2. Tal processo de aperfeiçoamento é, geralmente, identificado com o desenvolvimento e o crescimento do saber científico e da técnica. 
3. Ciência e técnica são a principal fonte do progresso político e moral, constituindo a confirmação de tal progresso (ROSSI, 2000, p. 96).
Suporte para todo o conhecimento: matemática. 
 Estágios das ciências: teológico, metafísico e positivo. 
 Corpus de conhecimento estruturado a partir de uma razão prática, da experiência e da indução. 
 Positivismo no Brasil 
 Membros do Exército e “elites intelectuais”; 
 Uso político no discurso político republicano de críticas ao Império; 
 Lema da bandeira nacional: Ordem e Progresso
Paradigmas
· O método positivo tem como paradigma de modelo de conhecimento objetivo as ciências naturais. 
· A imparcialidade, a objetividade e a distância em relação ao objeto permitem ao historiador positivista “reconstituir o fato do passado” tal como ele efetivamente teria ocorrido.
· O evento é aquele acontecimento já encerrado, passível de ser dominado, dissecado e controlado.
Positivismos do Comte
“Mas este estudo deve ser concebido inteiramente separado do estudo próprio e dogmático da ciência, sem o qual a história não seria inteligível” (COMTE, 1978, p. 28). 
· Comte também hierarquizou a forma como as ciências deveriam ser estudadas, segundo a ordem de contribuição dos progressos reais que cada ciência apresentava e que possibilitava a compreensão dos aspectos referentes às demais. 
“Concebe-se, com efeito, que o estudo racional de cada ciência fundamental [...] não pode fazer progressos reais [...] a não ser depois de um grande desenvolvimento das ciências anteriores, relativas a fenômenos mais gerais, mais abstratos, menos complicados e independentes dos outros. É pois, nessa ordem que a progressão, embora simultânea, necessitou ter ocorrido” (COMTE, 1978, p. 34).
História, século XIX e o Método Histórico
O método histórico apresentava três principais características: 
a) a heurística, a pesquisa dos documentos, sua localização; 
b) as operações analíticas, as críticas externa e interna (de restituição, proveniência e classificação; de interpretação, sinceridade, exatidão);
 c) as operações sintéticas: a construção histórica, o agrupamento dos fatos, a exposição, a escrita histórica. A história contará com certo número de ciências auxiliares: epigrafia, paleografia, diplomática, filologia, história literária, arqueologia, numismática, heráldica... Dependendo do ramo da história em que o historiador se especializar, ele deverá conhecer algumas dessas ciências (REIS, 2004, p. 23).
· O apego ao documento, o esforço obsessivo para conferir autenticidade às fontes, a dúvida sistemática e o culto ao fato histórico, o evento único e irreversível: essas são as atitudes dos historiadores “positivos”. 
 Fustel de Coulanges (1830-1889), da escola histórica metódica: embora ele tenha partido de uma hipótese inicial (procedimento que não faz parte do manual positivo) e não tenha se baseado em qualquer lei histórica (como Comte talvez preferisse), Fustel se distinguiu do romantismo poético, literário e imaginativo de Michelet (1798-1874) e se tornou o modelo de historiador avesso a qualquer tipo de especulação. Na Introdução à Cidade antiga, [...] Fustel rompe com as tradições clássicas que davam aos antigos a fisionomia de um protótipo humano válido para todos os tempos e lugares: ‘Empenhar-nos-emos, diz ele, em mostrar as diferenças radicais e essenciais que distinguem para sempre os povos antigos das sociedades modernas’. Não se poderia formular com mais clareza e precisão o objetivo essencialda história, seu objetivo primeiro, pelo menos, sua maneira de se afirmar, distinguindo-se das outras reflexões sobre o homem: a busca das diferenças dos tempos (ARIÈS, 1989, p. 151).
· Temendo o caráter incontrolável do evento contemporâneo, do qual não se conhecem as consequências, os positivistas escapavam do evento presente e de seu caráter explosivo.
· Culto do evento passado, embalsamando-o e “arquivando-o”; sugerindo, talvez, o que propunham se fizesse com os eventos do presente. 
Estratégia objetivista de evasão da história: o historiador procura se separar de seu objeto, o vivido humano. Distanciando-se, o sujeito se retira do evento e observa do exterior, como se o evento não o afetasse, como se fosse uma “coisa-ai” sem qualquer relação com o seu próprio vivido. A narração histórica separa-se do vivido e se refere a ele “objetivamente”, narrando-o e descrevendo-o do exterior (REIS, 2004, p. 31)
A História no século XIX
 Período anterior: 
· iluminismo/idealismo. 
· Metafísica. 
· Filosofias da História. 
· Princípios invariantes e essenciais do modelo imutável da razão humana. 
 História: procura se afastar da filosofia. 
· Busca de constituição de método científico. 
· Positivismo: aproximação das ciências humanas com as naturais/leis. 
· Cientificismo e historicismo: métodos “positivos” – baseados na indução e em evidências empíricas.
· Distanciamento da ficção e da imaginação.
· Relação de causalidade: causa/efeito. 
· Empirismo: evidências – documentos. 
· Eventos: analisados e organizados de forma encadeada – revelam o passado (único, irreversível.)
Historicismo
· Historicismo: condição histórica da experiência humana/singularidade do conhecimento histórico independente dos modelos da física. 
· Eventos: singulares, irreversíveis e únicos. 
· Não pode ser reduzida a leis ou essências: história organiza pensamento e ação em um lugar e data (evento).
· Enquanto o positivismo buscava a aproximação das ciências humanas com as ciências naturais, o historicismo pretendeu dar continuidade à obra kantiana; afinal, a utilização de um método crítico não era garantia do conhecimento objetivo! 
· No historicismo, “a filosofia retorna à história, mas de forma kantiana. [...] Seu objetivo é estabelecer um conjunto de critérios que singularize o conhecimento histórico, tornando-o independente dos modelos de objetividade da física e afastando-o da filosofia especulativa” (REIS, 2004, p. 34)
Historicismo alemão
· Leopold Von Ranke (1795-1886). 
· Preocupação com a formação do Estado alemão. 
· Documentos oficiais. 
· Estudioso da história do Estado, municiou-se de documentos diplomáticos escritos e oficiais para narrar a trajetória da formação do Estado alemão. 
· Documentos oficiais, rigorosamente analisados e organizados, de autenticidade comprovada; a partir desse material, Ranke fez surgir o seu objeto de pesquisa, fechando as portas para qualquer possibilidade de interferência – incluindo a sua, de sujeito do conhecimento – no processo de elaboração histórica. 
· O historiador não podia julgar o passado, sendo a ele apenas permitido narrá-lo a partir de procedimentos objetivos e isentos de qualquer reflexão filosófica
“Os fatos falam por si e o que pensa o historiador a seu respeito é irrelevante. Os fatos existem objetivamente, em si, brutos, e não poderiam ser recortados e construídos, mas sim apanhados em sua integridade, para se atingir a sua verdade objetiva, isto é, eles deverão aparecer ‘tais como são’. Passivo, o sujeito se deixa possuir pelo seu objeto, sem construi-lo ou selecioná-lo. [...] Para obter esse resultado, o historiador deve se manter isento, imparcial, emocionalmente frio e não se deixar contaminar pelo seu ambiente sociopolítico cultural” (REIS, 2004, p. 18). 
Distância do sujeito em relação ao seu objeto, fazendo do passado a área de investigação e utilizando rigor e objetividade para analisar os documentos que contariam a história tal como ela “efetivamente havia ocorrido”. 
Conferir ou não autenticidade aos documentos e o desenvolvimento de técnicas para o estudo de manuscritos e textos. [...] “superestimava a eficácia do método crítico em seu esforço de objetividade, que escondia, na verdade, suas ideias filosóficas sobre a história” (REIS, 2004, p. 19).
· Na Alemanha, a nova corrente foi representada pelo historicismo e pelo cientificismo. Na França, ela buscou não se desvencilhar completamente da herança iluminista, apenas atualizando-a por força da filosofia comtiana e do evolucionismo darwiniano. Não se tratava de um presente superando o passado, “mas da temporalidade evolutiva, cumulativa, da evolução gradual, irreversível, linear e infinita do progresso iluminista” (REIS, 2004, p. 20). 
· O caminho histórico estava dado pela evolução na direção de uma sociedade moral e fraterna, cujas realizações encontravam-se apoiadas no espírito positivo. 
· “O século XIX é tão metafísico como Comte pode sê-lo: sob o discurso positivo, cientificista, há uma compreensão total da marcha da humanidade, uma metafísica, uma filosofia da história” (REIS, 2004, p. 21). 
· Ideia de progresso.
Historiografia no século XIX
· História: torna-se disciplina acadêmica. 
· Historiador: profissional. 
· Coleções de documentos, arquivos, museus. 
· Documentos oficiais/autênticos. 
· Técnicas para estudo de manuscritos e textos. 
· Rigor. 
· Objetividade. 
· Não julgamento. 
· Suposta ausência de reflexão filosófica. 
· Distanciamento de crítica social.
· Caráter científico: paradigma das ciências naturais. 
· Objetividade: distância em relação ao objeto. 
· Imparcialidade e neutralidade. 
· Fato: acontecimento a ser dissecado. 
· Documentos. Documentos: 
· Testemunho da verdade histórica. 
· Autenticidade. 
· Crítica documental. 
· Reunião exaustiva de coleções de documentos. 
· Documentos: escritos e de cunho oficial
Método histórico
Características gerais: 
 Os fatos tal como realmente aconteceram. 
 Factual: narrativa encadeada de fatos com relação de causalidade. 
 História política-oficial. 
Sobre a pesquisa: 
a) Heurística, pesquisa dos documentos, localização. 
b) Operações analíticas, crítica interna e externa (restituição, proveniência, exatidão). 
c) Operações sintéticas: a construção histórica, o agrupamento dos fatos, a exposição, a escrita histórica.
 Ciências auxiliares: 
 Epigrafia; Paleografia; Diplomática 
 Filologia 
 Arqueologia; Numismática 
 Geografia
UNIDADE 2
Contexto histórico meados do século XIX
No século XIX o que marca a teoria nesse momento é o avanço do capitalismo industrial. Isso quer dizer que não é qualquer capitalismo, por que capitalismo e a forma de organização dessa acumulação nessa sociedade, mas o industrial é um tipo especifico, por exemplo se você pega um capitalismo pós fordista ou uma sociedade tecnológica, são tipos de organizações. 
· Se você pega e fala sociedade industrial, o que vai marcar muito, veio a revolução industrial a partir da Inglaterra no século XVII, e fica evidente a separação dos proprietários e a classe operaria. Nesse sentido quem são os burgueses? São os proprietários de meios de produção. E quem é a classe operaria? Aquele que vende sua força de trabalho. 
· Nessa organização dessa sociedade europeia, inicialmente na Inglaterra depois isso se espalha, os baixos salários, a fome, as longas jornadas de trabalho, as desigualdades salarial entre mulheres, homens e crianças e a ausência de direitos trabalhista e de liberdade de expressão e organização, leva a Organização do Movimento Operário com sua reivindicações. 
O capitalismo ao se estabelecer não sofre um processo linear, e ao contrário, quando olhamos para o capitalismo e pensamos em uma evolução de um ponto inferior para um ponto superior e pense isso de uma maneira automática, isso é irreal. Existem crises, de marchas e contra marchas, quando pensamos em crises, o senso comum acha que crise é apenas o declínio ou a pior das situações, se for olha teoricamente crise é a perda da operacionalidade do momento vigente, ou seja aquilo que estava valendo numa situaçãodeixa de valer, pode ser no sentido de declínio? Pode, mas pode ser também no sentido de expansão. 
Agora no capitalismo estamos pensando em crises que vão penalizar enormemente a população, dessa forma começa surgir matrizes interpretativas do mundo que eles estavam e disputas teóricas. Por que matrizes interpretativas? Por que não existe uma única forma de interpretar a realidade. 
· Por que quando você diz, existe um socialismo utópico, um socialismo utópico é aquele que quer mudar o mundo, mas não sabe como fazer, pois não tem um projeto de poder ainda. 
· Mas nasce a partir do ano de 1848, quando Marx e Engels publicam seu manifesto do partido comunista, vindo o Marxismo um socialismo visto como cientifico, e ai muda a teoria, a teoria vai pregar a ideia de revolução, de poder popular, de fim da propriedade privada e meios de produção, saindo do utópico para se tornar cientifico. 
· Só que daí vem mais uma característica, o Anarquismo, que nasce dessa disputa política, se no Marxismo existe uma fase para os processos, o Anarquismo vai direto para ruptura, não sendo por etapas ou passando por fases. 
· Nesses processos existem disputas, não tendo apenas uma única matriz.
Marxismo
· Karl Marx nasceu em 1818 e morreu em 1883: Formação de Marx: direito e filosofia. 
· Atuação inicial – doutoramento: Diferença entre as filosofias da natureza e Demócrito e Epicuro. Jornalismo – colaboração na Gazeta Renana e com o jornal New York Daily Tribune. Discussão da condição dos camponeses que recolhiam lenha nas florestas e da censura. 
· Crítica ao pensamento de Hegel. A figura do Hegel e uma referencia importante.
· Parceira Marx e Engels – encontro em Paris, 1844. 
· Ele é expulso da Alemanha, da França, e vai para Inglaterra.
· 1844 – Marx: A questão judaica; Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel; Manuscritos Econômico filosóficos. Começando a desenvolver texto teóricos antes mesmo do Manifesto do partido Comunista.
· Engels que era filho de industrial e proprietário de empresas, ele viveu junto a classe operaria pobre na Inglaterra inclusive se envolveu afetivamente com uma irlandesa da classe operaria, portanto uma mulher que já recebia menos que os homens, irlandesa que já sofria violência por isso. Engels viveu de perto o que sofria essa classe trabalhadora e ele vai teorizar isso no livro – A situação da classe trabalhadora na Inglaterra (1845) – comunista antes de Marx
Quando os dois se encontram, começam a problematizar a realidade em que viviam.
Bruxelas – 1845 – Marx e Engels – A Sagrada Família – defesa do materialismo contra o idealismo. 
Desenvolvimento da crítica de Marx: até hoje “os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo”; 
· Então existe um raciocínio programático, ou seja existe uma realidade e deve haver uma intervenção nessa realidade. 
 “a essência humana não é uma abstração inerente a cada indivíduo. Na sua realidade ela é o conjunto das relações sociais”;
· Portanto aqui vamos desmitificar nessa forma de interpretação, a ideia que a coisa e dada e estática e é isso que é. Marx vai dizer não são relações sociais que vão organizar essas disputas na sociedade, e surge com isso a Doutrina Materialista, Materialismo Histórico: 
“A doutrina materialista de que os seres humanos são produtos das circunstâncias e da educação, [de que] seres humanos transformados são, portanto, produtos de outras circunstâncias e de uma educação mudada, esquece que as circunstâncias são transformadas precisamente pelos seres humanos e que o educador tem ele próprio de ser educado” 
· Portanto não é um simples materialismo, é um materialismo histórico dialético, portanto você tem a realidade e você influencia na vida do ser humano e a vida do ser humano influencia na realidade, não sendo uma via de mão única e sim tendo uma relação. Isso é o pensamento dialético.
1846 – Marx e Engels concluem a Ideologia Alemã, publicada apenas em 1932.
· Mas ainda não são os momentos de maiores enfrentamentos de disputas politicas. 
Marx e Engels: Manifesto do Partido Comunista – 1848
As críticas políticas começam a crescer, por volta de 1847-1848 quando Marx e Engels: saem da Liga dos Justos que se transforma em Liga dos Comunistas, buscando o fim da propriedade privada, dos meios de produção.
· Em 1848 a disputa ganha um status maior com a publicação do Manifesto do partido Comunista, tendo a Emancipação do operariado por sua luta, ou seja, chamando o operário para o enfrentamento. 
· Também em 1848 na Europa, é uma época de enfrentamentos, temos a primavera dos povos, tendo lutas, disputas, aquela classe trabalhadora que sente o desenvolvimento do capitalismo e sente as consequências de baixo salário, longas jornadas e ausência de trabalho, começam a partir pro enfrentamento.
 O que a teoria vai começar a fazer, começa a dar conta dessa realidade, não simplesmente para interpreta-la, mas sim interpreta-la e partir de aí propor uma intervenção, sendo assim o pensamento deles.
· A partir dai vai vir uma primeira análise política de Marx: o 18 Brumário de Luís Bonaparte (1852). Luís Bonaparte é um sobrinho do napoleão que foi eleito presidente na França, depois de uma grande crise, para parar a crise o elegeram. Porem ele deu um golpe de estado e se tornou um Imperador. 
· Aí Marx faz a análise. E nesse momento a partir da década de 50/60 temos um movimento operário cada vez mais forte, a organização da internacional comunista, o problema para ele é ‘como chegar ao poder’, então agora não é apenas uma análise e sim uma proposição. Vindo do Manifesto: 
Marx – “Conquistar o poder político tornou-se, portanto, o grande dever das classes operárias [...] Proletários de todos os países, uni-vos!”
· 1867 – O capital – primeiro livro e principal obra de Karl Marx.
O Engels pode aparecer na historiografia as vezes como uma figura menor em relação ao Marx. Mas não foi apenas Marx que inventou o comunismo e puxou Engels, Engels influencia no pensamento comunista de Marx.
Marxismo e desenvolvimento do Materialismo Histórico
· Materialismo histórico: anterioridade da matéria sobre as ideias e a consciência fazendo a crítica ao idealismo. 
· Estudo da História das sociedades e com apoio em diversas ciências. 
· Observação das condições de produção e reprodução da vida social. 
· É por meio do trabalho que o homem produz o que é necessário para sua sobrevivência. 
· Materialismo histórico e dialético. 
· No processo histórico, os homens desenvolvem relações de produção, de cooperação ou de exploração, que se relacionam à existência da propriedade. 
· É ao longo da História que se constituem as bases sobre as quais se constroem determinadas formas de consciência social (arte, filosofia, religião, ciência, direito, entre outras) e as instituições jurídico-políticas (Estado).
Um dos primeiros problemas que Marx analisou na Alemanha, foi as pessoas do campo que recolhiam madeira nas floresta que tinham donos, e eram incriminadas por isso. Então ele discute quem tem a propriedade ali, quem tem o direito a vida ali pois precisa da lenha e para se aquecer, tendo assim ali uma discussão politica. Partindo para uma questão cientifica.
· Ênfase é na existência de relações.
· Ciências: ideias e conceitos. 
· Conceitos: representam o real. 
· Dialética: conjunto em constante transformação. Debate de Marx com as ideias de Hegel: 
· Método de investigação – Hegel (1770-1831) – expressão do idealismo alemão – dialética.
O marxismo e os modos de produção
· O debate fundamental vai olhar para o modo de produção, articulação de forças produtivas (força de trabalho, ferramentas, instalações etc.) e relações de produção (se expressam nas relações de propriedade).
· Marx e Engels vão dizer que a produção, acumulação e etc, variaram ao longo da história. 
· O capital: contradição inerente ao capitalismo: produção socializada com apropriação privada dos bens produzidos. 
· Apropriação dos bens produzidos pelos capitalistas que detêm os meios de produção. 
· Funcionamento do capitalismo:exploração da força de trabalho; obtenção da “mais-valia” (mais-valor)
· Acreditando que o sistema capitalista: fadado à destruição. 
· Produção não planejada, desorganização do sistema e oscilação de preços. 
· Acúmulo do capital nas mãos do capitalista. 
· Queda de preços e da taxa de lucro (tendência declinante da taxa de lucro).
Contexto histórico da crítica ao capital: século XIX
· Fins do século XIX: crise geral do capitalismo. 
· Exemplo: crise de 1873, na Europa, da qual a Inglaterra sai enfraquecida, e como primeira potencia da Europa sai a Alemanha competindo com a Inglaterra, a Alemanha sem possessões imperialista, parte para disputa da partilha da África, sendo um dos elementos que envolve a primeira guerra mundial. Portanto não é pouca coisa essa primeira crise do capitalismo.
· Aumento da exploração do trabalhador – salários baixos. 
· Enorme pressão sobre os trabalhadores – existência do exército industrial de reserva. 
· Busca de solução pela classe trabalhadora: destruição do capitalismo.
Então eles começaram a fundamentar o pensamento, pelas críticas ao capitalismo.
· Compreensão de que o capitalismo é um sistema, ou seja, um conjunto em que os elementos se integram numa unidade. 
· Organização econômica em que os diferentes agentes se inter-relacionam
Para Marx e Engels havia uma contradição no capitalismo: o fato de que enquanto a produção em si é cada vez mais socializada, o resultado do trabalho coletivo, a apropriação, é privado, individual. O trabalho cria, o capital se apropria. No capitalismo, a criação pelo trabalho já se tornou uma empresa conjunta, um processo cooperativo com milhares de operários trabalhando em conjunto. Mas os produtos, socialmente produzidos, são apropriados não pelos seus produtores, mas pelos donos dos meios de produção – os capitalistas. E aí está o problema – a origem do conflito. A produção socializada contra a apropriação capitalista (HUBERMAN, 1974, p. 293)
Produção no capitalismo
O que eles analisam: O capital, não é atoa que o livro mais importante do Marx é o Capital, uma teoria bastante densa, mas que precisa ser enfrentada. Ele vai perceber que a força de trabalho produz as mercadorias, mas também vendo que a força de trabalho automaticamente se torna uma mercadoria, por que ele vai vender sua força de trabalho. 
Crítica ao capitalismo
O pensamento Marxista ao fazer a critica ao capitalismo, vai dar muita ênfase a ideia de exploração. Exemplo: o trabalhador produz uma quantidade de produto, por exemplo valendo 1000, mas é isso tudo que o trabalhador vai receber? Mesmo com descontos, o restante vai ser o que sobrar? Não, por exemplo o trabalhador vai receber apenas 10. 
· Conceito-chave: “mais-valia” (mais-valor).
· Forma de exploração no capitalismo. 
· Trabalho: mercadoria utilizada para produzir mercadorias. 
· Compra do trabalho (salário) e venda da mercadoria com lucro. 
· Diferença entre valor de troca do trabalhador e valor de troca das mercadorias: “mais-valia”.
Método científico para a História: a proposta de uma Teoria da História 
Pensar em um Material histórico em que é: 
· objetivável; 
· quantificável; 
· observável; 
· analisável. 
Ou seja, tangível a questionamentos.
· Base: começam a perceber que existem estruturas econômico-sociais. 
· Modo de produção – estrutura invisível que subjaz e dá sentido às relações visíveis (REIS, 2004, p. 56). 
· Tudo sendo envolvido pelas Relações de produção. 
· Estrutura/superestrutura
“[A realidade histórica] é regular e irregular, permanência e mudança, e sua abordagem precisa reconstruir a dialética de sua sincronia e de sua diacronia. Seu método de abordagem dessa ‘estrutura-processo’ é ‘científico’ e consiste na descoberta da estrutura interna das formações sociais, o modo de produção, que se oculta sob o seu funcionamento visível; o modo de produção é uma estrutura invisível que subjaz e dá sentido às relações visíveis” (REIS, 2004, p. 56)
Portanto aquela que ideia se nos fazermos uma explicação a partir daquilo somente que observamos, nos deixamos de captura, de entender, de analisar e interpretar, aquilo que esta formando aquilo que nos enxergamos. 
· Existência de classes sociais: definidas pela sua situação no processo produtivo.
· Relações de produção (objeto principal de estudo da História). 
· Dinâmica da História:
· processo histórico; 
· transformação das forças produtivas; 
· luta de classes; 
· consciência de classe; 
· alteração nas relações de produção. 
 Pressupostos: conflitos sociais – contradições, luta, movimentos de oposição; realidade histórica: estrutura em processo; internamente contraditória; estrutura feita de contradições que levam ao surgimento de outra estrutura; os homens constroem a História; sucessão de modos de produção (REIS, 2004, p. 56
· Então o sistema se modifica, cria o novo, e o novo influencia na vida dos homens, que modifica novamente sendo uma relação constante. Portanto os homens constroem a história, mas não a fazem como querem. O fato de você trabalhar em uma sociedade não quer dizer que você determina os modos de realidade existentes dentro dessa sociedade. 
Dai nos temos uma crítica que vai surgis ao marxismo muito forte, que seria muito esquemático, ele pensando no século xix, o século xix tem essa matriz cientificista muito forte. Modos de produção: comunismo primitivo; escravismo; feudalismo; capitalismo; socialismo; comunismo. Sendo etapista, cientificista. 
· Para Marx: História é História da luta de classes: onde sempre havia (explorados X exploradores); onde existe fruto de evolução e possibilidade de revolução; pensando e dando ênfase nas rupturas e transformações.
Papel do Historiador
· O historiador é aquele que faz e está sujeito a opções, escolhas e perspectivas de classe. Ele seleciona o que vai analisar e como dito anteriormente ele não ira excluir tudo só por conta de uma questão de gosto, mas sim vai se relacionar, vai debater. 
· Então ele tem sua subjetividade aparecendo na sua analise de discurso, pois ele não pode ficar alheio de aquilo que acontece na sociedade, por exemplo: tensões, aos conflitos e às lutas de classe. 
· Ou seja, o conhecer é tomar partido, na visão do século XIX tomar partido em prol dos explorados. Para a matriz dentro do marxismo, o conhecimento tem um caráter político, e o papel desse caráter politico é fazer essa transformação. 
· Então o que eles vão dizer, que o historiador vai ser aquele que vai agir para conhecer e parar essas transformações. 
Perguntas de um trabalhador que lê – Bertolt Brecht
“Quem construiu Tebas, a cidade das sete portas? Nos livros estão nomes de reis; os reis carregaram pedras? E Babilônia, tantas vezes destruída, quem a reconstruía sempre? Em que casas da dourada Lima viviam aqueles que a edificaram? No dia em que a Muralha da China ficou pronta, para onde foram os pedreiros? A grande Roma está cheia de arcos-do-triunfo: quem os erigiu? Quem eram aqueles que foram vencidos pelos césares? Bizâncio, tão famosa, tinha somente palácios para seus moradores?”
“Na legendária Atlântida, quando o mar a engoliu, os afogados continuaram a dar ordens a seus escravos. O jovem Alexandre conquistou a Índia. Sozinho? César ocupou a Gália. Não estava com ele nem mesmo um cozinheiro? Felipe da Espanha chorou quando sua frota naufragou. Foi o único a chorar? Frederico Segundo venceu a guerra dos sete anos. Quem partilhou da vitória? A cada página uma vitória. Quem preparava os banquetes comemorativos? A cada dez anos um grande homem. Quem pagava as despesas? Tantas informações. Tantas questões.”
No texto do dramaturgo, podemos ver a sua problematização acerca de, onde esta as pessoas na história, a população, qual suas condições, quem são seus descendentes, qual sua matriz cultural, portanto as coisas, os acontecimentos não vieram do nada. Houve pessoas além dos grandes heróis, e nomes por trás dessa história.
Marxismo e Teoria da História
· Na concepção marxista haveria uma ciência da História coerente, total e dinâmica, em vista das constantes mudanças às quais a humanidadeestava sujeita.
· Conjunto de três hipóteses construiria um sentido histórico, “racionalmente estruturado”, o que significa isso tem que ter uma lógica de organização.
a) “a produtividade é a condição necessária da transformação histórica, isto é, se as forças produtivas não se modificam, a capacidade de criação da vida humana se imobiliza, e se elas se modificam tudo se move; Ou seja, se fica estático a historia para de acontecer, se existe a correlação de forças dinâmicas, a coisa se transforma.
b) as classes sociais, cuja luta constitui a própria trama da história, não se definiriam pela capacidade de consumo e pela renda, mas por sua situação no processo produtivo; Ou seja, não e por que você acessa um bem maior, que você deixou de ser o proletário que trabalha e se transformou no proprietário de meios de produção, não é.
c) a correspondência entre forças produtivas e relações de produção constitui o objeto principal da historia-ciência, que a aborda com os conceitos de ‘modo de produção’ e ‘formação social’” (VILAR, 1982 apud REIS, 2004, p. 52). 
Portanto o que existe aqui é uma problematização, essa problematização acredita que exista condições na produção da sociedade que diferencia as pessoas, ou seja a diferença de classes, e para essa teoria essa diferença é superada por meio da revolução e por meio do fim da propriedade privada e meios de produção. 
· “Permanência e mudança formam uma totalidade e se explicam reciprocamente. A abordagem da ‘realidade material’ seria ‘científica’. Aquela realidade é [...] algo em si, concreta, materialista” (REIS, 2004, p. 53). 
· Dai vindo o sentido dialético, algumas coisas ficam, outras tencionam para mudança, aquilo que muda transforma o que havia ficado e vai caminhando nessa tensão. Então por ser uma abordagem que tem que ser cientifica, vem a ideia de ser o materialismo histórico.
· “Para Marx, a história era uma processualidade que porta[va] em si mesma uma especificidade primariamente independente das representações que dela faz[iam] os sujeitos; segundo, esse processo [era] contraditório já que ele [era] marcado pela tensão entre os interesses sociais que circunscrev[iam] os diferentes sujeitos em presença; terceiro, [era] um processo com sujeitos [...], grupos sociais vinculados por interesses comuns; quarto, os projetos [eram] conduzidos por sujeitos determinados [...], segundo imperativos e possibilidades que se coloca[vam] concretamente nos espaços e tempos precisos; quinto, [eram] sujeitos conscientes [...]. E seis, [era] um processo [...] marcado pela ação dos sujeitos [com] finalidades, sendo, pois, um processo tencionado por sujeitos com suas próprias teleologias” (NETTO, 1998, p. 76).
· Não sendo o que as pessoas dizem o que aconteceu, é por que elas dizem por que as coisas aconteceram daquela maneira, é uma explicação. Como tem uma matriz filosófica no século XIX isso vai deixando cada vez mais densa a explicação. 
· Todos aqueles que estão envolvidos na sociedade tem seus interesses, alguns sabem deles e outros nem tanto. O que esta colocado dentro da sociedade e que vai influenciar a vida das pessoas. 
Para alguns existem uma Mecânica da evolução histórica: 
· Onde haveriam “Leis essenciais” (CHAUÍ, 1989).
 “O fio que tece a História é o desenvolvimento das forças produtivas, desenvolvimento que é contraditório com as relações sociais de produção e por isso o fio é rompido pela luta de classes. Esse fio produz o movimento imanente ou o desenvolvimento de uma forma singular, um modo de produção determinado, e a ruptura desse fio pela luta de classes engendra o devir histórico dos modos de produção” (CHAUÍ, 2007, p. 11). 
Engendrar, ou seja, forma dentro de si, e o devir é aquilo que vai continuar e o que vai acontecer depois. 
Dinâmica do processo histórico: 
· Devir (sucessão dos modos de produção) e desenvolvimento (movimento cíclico no interior do modo de produção que conduz à sua destruição).
· Então nessa forma interpretativa, as contradições vão se acumular, essa acumulação de contradições vai leva a superação. Dai no século XIX até uma parte do século XX, muitos comunistas de carteirinha acreditavam na queda do capitalismo, por ele ser contraditório em si, então ele iria ser superado pelo socialismo para chegar ao comunismo. Sendo uma crença deles.
Agora quer dizer que necessariamente assim? Não! Mas se a teoria vem do século XIX, que tem uma visão cientificista e alguns aspectos mecânicos, é uma forma de interpretação. Para neto Marx é necessário para compreensão, mas não o suficiente, pois ele viveu só até o século XIX, então ele não consegue interpretar a realidade humana depois do século em que ele viveu. Sendo uma ferramenta, mas não a única. 
· Para Chauí (2007, p. 20), “Marx se esforçava para evidenciar a história como produção de um sentido no qual o destino da humanidade estava posto em jogo, porém, ao mesmo +tempo, não cessava de descrever as forças mobilizadas para desarmar os efeitos do novo”. A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, mestre de corporação e companheiro, numa palavra, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou sempre, ou por uma transformação revolucionária, da sociedade inteira, ou pela destruição das duas classes em luta (MARX; ENGELS, 1999, p. 7).
· Alguns entendem o marxismo como uma filosofia da história – e essa é uma das críticas que os historiadores não marxistas fazem em relação ao pensamento marxiano – identificando em seu escopo traços dos iluministas, de Comte e até mesmo de Darwin. 
· Para Marx, a história era uma sucessão de processos particulares que ocorriam depois de uma ruptura e provocando, mais adiante, outra ruptura. Para a burguesia, esse pensamento era uma ameaça, já que vaticinava a derrota de quem, um dia, derrotou outra classe. “O presente é consumido pelo futuro, não pela evolução gradual e pacífica, mas pela ‘crise permanente’” (REIS, 2004, p. 64).
· A exploração do passado conduziu Marx a reduzir a história a leis essenciais, chaves de uma mecânica que se repetiria rigorosamente durante o período da evolução. No marxismo, a classe dos explorados destruía a classe dos exploradores e a tirava do poder e essa superação estava ligada não a uma vontade de potência, a uma maturidade moral, mas a um estado de desenvolvimento econômico-técnico. 
Ou seja, a sociedade esta pronta para superação, então existe todo um discurso que é acusado de ser mecanicistas. 
· A burguesia eliminaria a nobreza graças à substituição pelo capitalismo comercial da economia senhorial. O proletariado eliminaria a burguesia quando a propriedade social tivesse substituído a propriedade individual (ARIÈS, 1989, p. 37).
Influências do marxismo: novos rumos
Propagação das ideias marxistas e materialistas da História: 
“A concepção materialista da História”, escreveu Engels, [...] “origina-se do princípio que a produção, e com a produção a troca de seus produtos, é a base de toda ordem social; que em cada sociedade que apareceu na História a distribuição dos produtos, e com ela a divisão da sociedade em classes ou estados, é determinada pelo que é produzido, como é produzido e como o produto é trocado. De acordo com esta concepção, as causas finais das mudanças sociais e das revoluções políticas devem ser vistas, não na mente dos homens nem em seu crescente impulso em direção da eterna verdade e da justiça, mas sim nas mudanças das maneiras de produção e de troca; devem ser vistas não por meio da filosofia, mas sim da economia da época concernente” (HEILBRONER, 1996, p. 138).
· Ou seja, a analise não vem apenas por uma especulação externa. Então se o século XIX e um século de muitas disputas, teorias e problematização, isso vai deixar consequências, o pensamento crítico ele vai mudando.
· Pensamento crítico ele vai mudando: socialismo utópico - socialismo científico/materialismo histórico-dialético- anarquismo (Bakunin; Proudhon; Kropotkin) e social-democracia. E ao contrario do senso comum o anarquismo não é a ausência completa e absoluta de qualquer relação de poder, é uma relação de poder que não venha da sociedade liberal burguesa, e sim uma que venha da base popular. Tendo regras dentro dessa base da anarquia, e quem faz as regras, essa sociedade, e não o grupo dirigente, sim a ausência de um grupo dirigente, burguês ou capitalista. E na social democracia, seria chegar ao poder para promover um governo a esquerda porem dentro das eleições, dentro de um sistema eleitoral estabelecido no século XIX.
· Existem momentos de ruptura por exemplo 1871 – a Comuna de Paris, sendo a primeira experiencia marxista da história, depois foi violentamente reprimida. Napoleão III ele vinha lutando contra a Prússia, a Prússia formando a Alemanha, a França foi derrotada, o governo francês está um caos, e a população toma o poder só que ai vem as forças da repressão: Revolução, leis sociais e autogestão, ou seja, mulheres se envolvendo na luta, igualdade entre as pessoas, ensino gratuito, sem pagamento por moradia, tendo uma serie de implantações da teoria, na pratica vai virar repressões. 
Quando chega o Século XX – Marxismo e política: nos temos uma ideia de um modelo de Estado. 
· Isso começa a ser problematizado a partir da Revolução Russa (1917) – os Bolcheviques no poder. Comandada por Lênin (1870-1924): dentro dessas disputas de poder o marxismo-leninismo – da origem da União Soviética. Trotsky 1979-1940 (expansão da revolução mundial para 1garantia do comunismo): trotskysmo versus Stalin 1879-1953 (querendo a consolidação dentro da Rússia primeiro para depois seguir para a expansão): stalinismo.
· Quem vence a disputa e Stalin, vira um ditador na Rússia, e o stalinismo persegue o trostky que vai ser assassinado no México, México sendo um país de grande efervescência política no começo do século XX, com a revolução mexicana tendo grandes nomes como Diego Riviera e Frida khalo das artes. 
Século XX: marxismo como: 
· Ideologia de Estado. Lenin cria um estado sob a ideologia marxista, tendo um divisor de águas na história soviética, como Lenin morre cedo e Stalin ocupa o poder, o stalinismo vai organizar um comunismo, só que ele vai enfrentar o Nazismo. 
· Comunismo versus nazifascismo. Quando temos um contexto de 2 guerra mundial, quem enfrenta e derrota o nazismo é o stalinismos, do lado oriental, tendo as outras potencias aliadas, os Eua, Inglaterra, França sendo dominada e depois libertada. Tendo uma disputa. 
· O Stalinismo vai se relacionar com partidos comunistas. Internacionais comunistas.
Marxismo inglês:
· Na Inglaterra por exemplo, nos temos uma vertente que vai se descolar dessa explicação do stalinismos a partir das denúncias referente aos crimes do stalinismo, ai vem uma destalinização quando descobrem que existiam campos, que tinha uma violência muito grande dentro da Rússia e do stalinismo, quem enfrentava Stalin era perseguido, ai vem a critica da pratica dentro do stalinismo.
· Para a área de teoria e de ensino de História é uma vertente importante e presente em trabalhos/manuais de grande importância nos cursos de História das universidades ocidentais. 
· Século XX: Revolução Bolchevique, 1917 – Revolução Russa: Derrubada do czar Nicolau Romanov por uma revolução burguesa (fevereiro-março). Revolução bolchevique (outubro de 1917): 
· Poder de Lênin e criação da União Soviética (URSS) – além de líder revolucionário foi importante teórico do marxismo. 
“Na concepção de Marx, como na de Hegel, a Dialética compreende o que hoje se chama de teoria do conhecimento ou gnoseologia, que deve igualmente considerar seu objeto do ponto de vista histórico, estudando e generalizando a origem e o desenvolvimento do conhecimento, a passagem da ignorância ao conhecimento” (LÊNIN, 1979, p. 20).
Ditadura Stalinista
· Ditadura stalinista (1924-1953): 
· Stalin versus Trotsky. 
· II Guerra Mundial. 
“A partir de Stálin, o marxismo-leninismo torna-se um sistema ideológico cuja função é justificar a ditadura do partido-Estado. Dado que encarna a classe operária, dado que fez a revolução, dado que determina o curso da história, o partido comunista não pode enganar-se. O seu saber legitima o seu poder. [...] De imediato, o materialismo histórico é promovido à categoria de ciência exata, capaz de estabelecer leis permitindo conhecer o passado e prever o futuro” (BOURDÉ; MARTIN, 1990, p. 169).
· Ou seja, vai ser usado para justificar na verdade um estado autoritário.
· Quando Stalin morre, vem a destalinização, a critica daquelas pratica vai fortalecer o aparecimento de outras interpretações. Exemplo na Inglaterra.
Críticas ao stalinismo
Em 1956, Nikita Khrushchov denunciou os crimes da ditadura de Stálin – Em meio à luta de classes, o Partido Comunista ganhou um papel de importância. Estar contra ele era estar contra a revolução. Estar contra ele era estar a favor da burguesia liberal, insatisfeita com a chegada dos operários ao poder. Foi preciso “esperar o fim dos anos 1950 e o início dos anos 1960 para que as obras de A. Gramsci, O. Bauer, G. Lukács e outros autores, que mantiveram viva a reflexão marxista apesar da esclerose estalinista, sejam conhecidas e discutidas nos círculos de militantes” (BOURDÉ; MARTIN, 1990, p. 173). 
Críticas ao stalinismo (A. Gramsci, O. Bauer, G. Lukács). 
· Guerra Fria. 
· Invasões promovidas pela URSS.
Neomarxismo inglês
Novas discussões para a historiografia de base marxista. 
· “Marxistas humanistas”. 
· Christopher Hill, Eric Hobsbawm, Edward Thompson, Perry Anderson.
Tendo toda uma interpretação não mecanicista dogmática, que utiliza as artes, culturas, relações econômicas dentro dessa sociedade. 
· Guerra Fria: os marxistas ingleses – distanciamento das questões políticas soviéticas. Por que no final pós queda do muro de Berlim a união soviética vai ruir, existindo outras interpretações que vai continuar. 
· Inúmeros historiadores ingleses marxistas que trataram de avançar nas críticas e contribuições à teoria de Marx, entre eles: Christopher Hill, John Saville, Raphael Samuel, Raymond Williams, Eric Hobsbawm e Edward Thompson, pensadores que formaram, sob a influência de Maurice Dobb, o grupo dos “marxistas humanistas”. 
· Debate dos conceitos de classe social e luta de classes. 
· Obras para compreender o “aburguesamento” da classe operária em função da diminuição das disparidades na distribuição de renda e do aumento do poder de consumo dos trabalhadores. 
· Grande parte desses estudos visava a compreender os motivos do contínuo antagonismo entre operários e administradores ou pessoas de classes sociais mais privilegiadas.
Neomarxismo inglês – Thompson
· Crítica ao marxismo e reforço à tradição marxista: discussão de conceitos de classe social e luta de classes com a valorização de aspectos culturais (“A formação da classe operária”). 
· Ênfase na consciência de classe. 
· “1957: publicação de Socialist Humanism, Thompson indicou que a dicotomia base-superestrutura levava a um modelo estático e determinista, o qual operaria de forma autônoma, independente da ação humana consciente, levando o marxismo ortodoxo a afastar-se dos homens e mulheres reais. Neste texto, já podem ser encontradas as bases da produção thompsoniana futura, a qual, rejeitando o aprisionamento ao determinismo econômico, buscava a construção de um modelo analítico que resgatasse a ação humana e a complexidade das relações socioculturais no estudo da história” (MUNHOZ, 2007, p. 154).
Neomarxismo – críticas a alguns usos do marxismo
Esse Materialismo histórico foi se alterando– método historiográfico: 
· contexto intelectual e científico do século XIX; 
· determinismo; 
· evolucionismo; 
· impregnou amplamente as formas de se ver a História e a Historiografia no século XX e na atualidade. 
Marxismo ortodoxo: 
· limites – base/superestrutura; 
· modelo estático e determinista; 
· distanciamento dos homens e das mulheres reais; 
· não considera a ação humana consciente.
Neomarxismo
·Procura de um modelo analítico que resgatasse a ação humana e a complexidade das relações socioculturais.
· Base econômica: mantida (críticas). 
 “[...] às vezes chamado de ‘culturalista’, Thompson buscou desenvolver um trabalho bastante original, abrangendo a política popular, as tradições religiosas, os rituais, os hinos, as danças e as bandeiras” (MUNHOZ, 2007, p. 154).
UNIDADE 3
HISTÓRIA NO SECULO XIX: Uma velha História?
· Teoria não é aquilo que fica distante da realidade, ela e aquilo que nos ajuda a interpretar essa realidade. Olhar para o século XIX e pensar ‘tudo aquilo foi superado e foi jogado fora” não é um olhar realista. Nós passamos por vários momentos, discutimos o Cientificismo. - Escola metódica. - Positivismo. - Historicismo. – Marxismo, existem contrapontos, reações, avanços.
· Mas quando entramos no século XX, a historia e a teoria da historia vai se reconfigurar, as escolas historiográficas. Então existindo um confronto, aquilo que vinha do XIX era visto como uma história factual.
· No século XX, vemos muitas críticas ao que se considerava a histoire évenementielle ou história factual.
· Da: Política. Factual. Documentos escritos oficiais. Nacional. Oficial/Tradicional.
· Isso começa a ser questionado, a ideia de discordar. Começam a surgir varias interpretações, que vão se desiludir fundamentalmente com essa noção de progresso.
Contexto histórico de mudanças no pensamento e olhar historiográfico
· Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Vai jogar por terra essas crenças da evolução do século XIX. Com o Final da Belle Époque, quando a crença burguesa de evolução e melhora de sociedade é destruída. Aquelas sociedades altamente civilizadas da Europa vão se destruir. Vindo o questionamento dos valores da sociedade.
Desilusão – ideologia do progresso. 
· Forte abalo nas crenças/modelos explicativos anteriores. Exemplo: Um modelo certinho, explicado, só que a realidade vai lá e destrói, ou seja, você tem um modelo de sociedade civilizada em que a sociedade vai bem, e aí vem a guerra e joga tudo isso por terra. 
· Eles vão começar a entender que a realidade complexa exigindo estratégias explicativas também mais complexas.
· Então a gente tem uma complexificação tanto do objeto que a gente está analisando quanto a realidade a ser explicada, e isso vai contaminar, no sentido positivo de encostar e levar para outras coisas, no pensamento histórico/historiográfico. Aí vai surgir a Escola dos Annales.
Annales
· Pós I Guerra – França: 1929 
· Annales d’histoire économique et sociale que é uma revista. Onde Lucien Febvre e Marc Bloch vão começar dizer o seguinte, história não é decorar fato político, não é decorar grandes feitos de reis, não é constituir grandes figuras históricas, é problematizar as situações. 
· Reação à história política – évenementielle (factual). Vão iniciar a incorporação de métodos de abordagem das ciências sociais. 
· O ambiente de renovação intelectual: vão deixar a história se contagiar e envolver com antropologia, psicologia, sociologia e geografia. Que se formos pensar, são ciências irmãs.
· Escola dos Annales: não existe uma hierarquia do melhor ou do pior, mas existe uma valorização da interdisciplinaridade. 
· Diálogo com outras disciplinas, a incorporação de métodos e de abordagens das ciências sociais ampliou o olhar dos historiadores, enriqueceu suas análises e contribuiu para diversificar as abordagens historiográficas existentes.
Duas vertentes: 
· “História Total”: diferentes dimensões da temporalidade (ênfase na longa duração); história das estruturas (combinação entre diacronia e sintonia) – Fernand Braudel. 
· Civilização Material, Economia e Capitalismo (1979-1986) –Braudel. 
· O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrâneo na Época de Filipe II – 2 volumes. 
· Representações: mentalidades, imaginário – Nova História.
· Substituição da tradicional narrativa de acontecimentos por história-problema. 
· O repúdio à história factual se expressava também na defesa da substituição da tradicional narrativa de acontecimentos por uma história-problema. 
· O historiador deveria se voltar para o passado e problematizá-lo a partir de questionamentos do presente. 
· História de todas as atividades humanas e não apenas história política. 
· Interdisciplinaridade.
· Diálogo com outras disciplinas: geografia, sociologia, psicologia, economia, linguística e antropologia social.
· Antes mesmo da criação da revista, novas visões sobre a história vinham sendo defendidas. 
· Marc Bloch já havia escrito uma obra renovadora na qual se observa a influência, além da antropologia e da sociologia, da psicologia, que despontava como uma possibilidade de estudo dos aspectos simbólicos no pensamento. 
· Em Os Reis Taumaturgos (1924), o assunto abordado era a crença disseminada na Inglaterra e na França quanto ao poder curativo do ‘toque real’. Havia uma ampla crença de que o doente de escrófula, uma doença de pele, poderia ser curado se o rei o tocasse, organizando-se cerimônias para isso na Idade Média que perduraram até o século XVII. 
· De acordo com Peter Burke (1997), o trabalho de Bloch foi inovador em vários aspectos. Já de início, a periodização escolhida ia além de um período convencional, a Idade Média, anunciando o que veio a ser entendido posteriormente como “longa duração”.
Os Reis Taumaturgos – Marc Bloch – exemplo de novos debates
· Os Reis Taumaturgos – o caráter sobrenatural do poder régio na França e na Inglaterra (1924) – exemplo de novos debates. 
· Na abordagem utilizada, introduziu elementos de uma “psicologia religiosa”, anunciando a história das mentalidades, marca distintiva da historiografia dos Annales. Quanto a esse aspecto, apoia-se no conceito de “representação coletiva” emprestado de Émile Durkheim, um dos iniciadores da sociologia clássica. 
· E, ainda, utiliza-se da história comparativa, um recurso típico dessa historiografia. O seu colega Febvre também anunciou os caminhos a serem defendidos na revista em seus trabalhos sobre o Renascimento e a Reforma, nos quais enveredou pelos aspectos simbólicos e atitudes coletivas, em uma abordagem tributária de uma “psicologia histórica”. 
· Marc Bloch também é lembrado por obras fundamentais como Apologia da história: Ou o ofício do historiador – obra inacabada. Bloch foi fuzilado pelos nazistas em 16 de junho de 1944, foi publicada em 1949 por Lucien Febvre.
Fases do movimento: os Annales
· 1920-1945 – Período em que Lucien Febvre e Marc Bloch promovem uma verdadeira guerra contra a história factual tradicional. 
· 1945-1968 – Nessa fase, Fernand Braudel está à frente do grupo e os Annales já assumem o domínio do establishment histórico. Há o surgimento dos conceitos de estrutura e conjuntura. 
· 1968 – Emergência da terceira geração dos Annales (Nova História) com ênfase nas mentalidades e dá-se a fragmentação de temas e abordagens.
A fase de Braudel
“Não é o presente em grande parte a presa de um passado que se obstina em sobreviver, e o passado, por suas regras, diferenças e semelhanças, a chave indispensável para qualquer compreensão séria do tempo presente?” (Fernand Braudel)
· Ou seja, nós temos que usar o presente para entender as relações que existem no passado.
· Visita ao Brasil como professor universitário (1935-1937). Influenciando no Brasil.
· Passou pela Segunda Guerra Mundial. 
· Herdeiro intelectual de Febrve. 
· Establishment.
“Numa história completa do mundo há, porém, razões para desencorajar os mais intrépidos e até os mais ingênuos. É um rio sem margens, sem começo nem fim. E a comparação ainda é inadequada: a história do mundo não é um rio, são rios. Felizmente, os historiadores estão habituados ao confronto com superabundâncias. Simplificam-nas dividindo a história em setores (história política, econômica, social, cultural). Sobretudo aprenderam com os economistas que o tempo se divide em diversas temporalidades e assim se doméstica, se torna, em suma, manejável: há as temporalidades de longa e muito longa duração, as conjunturas lentas e menos lentas, os desviosrápidos, alguns instantâneos, sendo os mais curtos muitas vezes os mais fáceis de detectar” (BRAUDEL, 1998, p. 7).
· Ou seja, Braudel enxerga aqui, diferentes ritmos, então dentro de uma mesma sociedade você convive com diferentes ritmos. Existem pessoas que estão presas a condições de vida anteriores, exemplo: uma pessoa veio de um lugar migrou para a capital, mas ainda tem habito de sua vida original que veio antes, então ele tem um ritmo de vida que e diferente daquele que e nativo do lugar para que ele migrou. 
· Quando ele começa a estudar, O Mediterrâneo (1943). Para alguns vai virar até uma Geo-história. Pela mistura de história e geografia. Ele começa a perceber uma realidade, e começa a complexificar as explicações pensando em:
Três temporalidades: 
· tempo geográfico; 
· tempo social; 
· tempo individual. 
Olhando para:
· Oposição à história tradicional. 
· Eventos: Braudel percebe que existem as forças na superfície. Mas também nas forças profundas, que a gente nem vê.
· Estruturas econômicas e sociais.
O Mediterrâneo: 
· Longa duração: homem e o meio; transformações muito lentas. 
· Média duração: estruturas econômicas, sociais e políticas. 
· Curta duração: eventos.
Ou seja, a analise não pode ser simplista, eu vejo evento e vou achar que a realidade esta composta inteira naquele evento, não. É isso mas outras relações que estão juntas.
Braudel ao valorizar essa História total, ele olha para:
· Economia. 
· Sociedade. 
· Cultura. 
· Política, ao fazer isso não é aquela politica do grande líder, mas aquilo que acontece na realidade.
· Civilização material, economia e capitalismo (1979-1986). Vai ser uma obra que vai trabalhar dentro dessa complexidade, diversos elementos.
A questão da temporalidade
· Ele está começando a desenvolver essa noção cada vez mais forte de temporalidade.
· De processo histórico: transformações e permanências. 
· De ritmos diferentes de mudança. 
· De curta, média e longa durações.
Críticas
· Acusações de determinismo geográfico. 
· Pouca atenção a atitudes e mentalidades coletivas. 
· Questiona-se também a ausência de um projeto social na proposta da Escola dos Annales e a falta de compromisso social dos historiadores desse movimento. Essa cobrança vem de uma ótica marxista da história e se torna mais forte com relação à Nova História. 
· Nessa visão, a fragmentação, o olhar particularizado e especializado de temas e abordagens dessa vertente historiográfica expressariam os dilemas da sociedade pós-moderna. A ausência de vinculação com um projeto de futuro levado a efeito a partir de uma transformação social seria a roupagem adequada para uma história pós-moderna sem compromisso social e imersa na globalização.
Nova História
· Há quem nomeie toda a historiografia oriunda dos Annales de “Nova História”. Entretanto, preferimos utilizar a concepção que designa dessa forma a terceira geração dos Annales (NOVAIS; SILVA, 2011), vigente no período posterior ao de Braudel, no qual o movimento dos Annales havia se tornado hegemônico nos meios acadêmicos franceses. 
· A partir da década de 1970, em que a terceira geração se faz presente, essa orientação historiográfica ampliou ainda mais sua área de influência para além do território europeu, assumindo forte presença na produção global do conhecimento histórico. 
· 3ª geração dos Annales. 
· História: novos temas, novos objetos, novas abordagens (1976-1986). 
· Renovação historiográfica.
“Obra coletiva e diversificada pretende, no entanto, ilustrar e promover um novo tipo de história. Não a história de uma equipe ou de uma escola. Se nos autores, ou no espírito da obra, frequentemente for encontrada a marca da pretensa escola dos Annales, isso se deve ao fato de a nova história ser bastante devedora a Marc Bloch, a Lucien Febvre, a Fernand Braudel e a todos os que continuam a inovação por eles iniciada. Mas não há aqui qualquer ortodoxia, mesmo aquela mais aberta. [...] Ainda que provenientes de horizontes diversos e pertencendo a gerações diferentes, os membros da equipe aqui reunida revelam a convergência de formações, de preocupações, de objetivos semelhantes” (LE GOFF; NORA, 1979, p.11-12).
· Então a explicação da nova história é: Nós sabemos das referencias que se utilizou, mas vamos além.
· Então o que vai acontecer, vão acusar de “determinismo” braudeliano. 
· Então existe uma Valorização da liberdade da ação humana. Até que limite o homem age, ele age por vontade própria ou age dentro de estrutura. Vira um debate 
· Existe uma Reação quanto ao predomínio da história social e estrutural. 
· 3º nível: mentalidade e simbólicos entram em discussão.
· “Do porão ao sótão”. Da parte inferior que você nem enxerga até a parte de cima não necessariamente você percebe, o olhar comum pega só o meio pega a casa que vê, mas o olhar analítico olha o porão ou o sótão, tem outra realidade, tem coisas que estão guardadas no porão e no sótão que a gente não vê. Sendo uma forma da gente olhar para história também. 
· Existe um Reconhecimento da importância dos níveis mentais e simbólicos. 
· Entender que a Realidade é social/culturalmente construída. O elemento da realidade existe um dado da cultura que vai ser um componente fundamental. 
· Importância dada a fenômenos culturais abriu caminho junto com a psicologia histórica para a constituição de uma história das mentalidades. Estão nesse caso, os trabalhos de Robert Mandrou sobre bruxaria e cultura popular e de Jean Delumeau sobre a história do medo e da culpa no Ocidente. 
· História das mentalidades (mas com outro aporte teórico): valorização do imaginário social nos trabalhos de Jacques Le Goff sobre a Idade Média. As análises de Georges Duby sobre o mesmo período se valem de uma aproximação teórica com o marxismo, utilizando o conceito de ideologia e se preocupando com a reprodução cultural.
· A partir da década de 1970, a busca por novos caminhos se intensifica. A reação se dá em oposição ao predomínio da história social e estrutural. Por um lado, a aproximação com a antropologia cultural e a valorização do nível do simbólico assumem especial relevo. Entretanto, outras abordagens surgem, como é o caso da micro-história de Le Roy Ladurie. 
· Montaillou, povoado occitânico de 1294 a 1324. 
· Junte-se a isso o crescimento da importância conferida à vida das pessoas comuns, às experiências sociais cotidianas e à cultura popular. 
· O ângulo de visão do historiador se altera radicalmente, preconizando-se uma história “vista de baixo”.
· A proposta ampla da Escola dos Annales, na perspectiva da história-total em que toda atividade humana interessa para a história, fez com que houvesse uma multiplicação de temas e abordagens. De tal forma que fazem parte hoje do rol de interesse do historiador assuntos tão variados como história do corpo, da sexualidade, da família, da infância e da morte, além de temas mais tradicionais. 
· Nas décadas finais do século XX, esse movimento foi tão intenso que levou François Dosse (1992), historiador crítico da Nova História, considerar que teria ocorrido uma fragmentação tão intensa do conhecimento histórico, tamanha a pulverização de temas e a diversificação de abordagens, que o resultado havia sido uma “história em migalhas”.
· Tendências que se fortalecem: 
· Aproximação com antropologia cultural – valorização do simbólico. 
Multiplicação de temas e abordagens. 
· (história do corpo, da sexualidade, da família, da infância e da morte, da leitura etc.). 
História “vista de baixo”. Três eixos principais: 
· Mentalidades (Jacques Le Goff, Robert Mandrou, Georges Duby). 
· Quantitativa/serial. 
· Narrativa/política/antropologia. 
· Crítica: fragmentação do conhecimento histórico “História em migalhas” (François Dosse).
ESCOLA DOS ANNALES
Duas grandes vertentes: 
· História total, longa duração, estruturas. 
· Mentalidades, imaginário, representações sociais. 
Contribuições importantes: 
· Interdisciplinaridade. 
· Ampliação de temas e abordagens. 
· Diversificação das fontes – ampliação do conceito de documento histórico. 
· Renovação metodológica

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