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Capítulo 2 – Receitas 1. Quais os tipos de receitas que são auferidos pela Multiplus? Sugestão de resposta: A receita bruta na demonstração do resultado é composta pelo valor dos pontos resgatados e pelo valor dos pontos que se estima que não serão resgatados (breakage). Além disso, também possui receitas de rendas financeiras e instrumentos financeiros derivativos. 2. Pelas notas explicativas, de que modo a Multiplus reconhece a receita de breakage? Onde tais vendas são registradas antes de atender as condições para reconhecimento no resultado? Sugestão de resposta: Inicialmente, a receita da venda dos pontos é reconhecida como receita diferida no passivo. Posteriormente, quando os pontos são resgatados, na forma de produtos ou serviços nos parceiros de resgate de prêmios ou nos parceiros de coalizão, a Multiplus reconhece no resultado tanto o custo do resgate quanto a receita pela venda dos pontos. Entretanto, uma vez que cada ponto emitido tem validade de dois anos, alguns expiram antes do resgate. Essa situação é conhecida como breakage e gera uma receita livre de custo. Ao final de cada mês, a companhia faz (i) uma provisão do montante equivalente à receita esperada de breakage, denominado passivo de breakage, e (ii) um reconhecimento gradual dessa receita nos resultados, na linha receita de breakage. Portanto, antes de atendidas as condições de reconhecimento de receitas, tais valores ficam registrados na conta de receitas diferidas (passivo). 3. Considerando a abordagem de reconhecimento da receita por intermédio do ponto de transferência de riscos e benefícios, as receitas de breakage da Multiplus atendem esse critério essencial do CPC 30 (R1)? Sugestão de resposta: A resposta sugerida na presente obra é que as receitas de brekage não atendem o critério do ponto de transferência. Considerando que parte da receita de breakage é reconhecida no resultado com base na parcela dos pontos que se espera que não sejam resgatados, mesmo antes da sua expiração, verifica-se que, nesse momento, não houve efetiva transferência dos riscos e benefícios (ocorre o reconhecimento da receita antes do ponto de transferência, conforme item 1, alínea (a), destacado no parágrafo baseado em Hendriksen & Van Breda (2010). 4. Segundo o IFRIC Interpretation 13 – Customer Loyalty Programmes, pode-se afirmar que o tratamento contábil adotado pela Multiplus para o breakage é correto? Justifique sua resposta. Sugestão de resposta: Verifica-se que o reconhecimento de receita de breakage pela Multiplus atende as orientações do IFRIC 13. A referida norma determina que as receitas de breakage devem ser diferidas (reconhecidas no passivo) para futura apropriação ao resultado. O reconhecimento da receita de breakage é realizada em relação (i) aos créditos de prêmios expirados e (ii) em relação à expectativa de que tais créditos não sejam resgatados, mesmo antes da sua expiração. Nesse caso, os valores devem ser fundamentados em estimativas robustas e em suporte confiável, com probabilidade de que os benefícios futuros fluirão para a entidade. Conforme informações das notas explicativas da Multiplus, a empresa efetua o reconhecimento da receita de breakage baseado nas expectativas de resgates dos pontos e nos pontos expirados. 5. Dentro das possibilidades abarcadas pela Teoria da Contabilidade Financeira, a forma como a Multiplus trata o breakage é uma escolha. Tomando como base a exposição de Hendriksen e Van Breda (2010), quais outras possibilidades temporais de reconhecimento poderiam ser aventadas e quais os eventuais impactos poderiam ser observados nas demonstrações de resultados de diferentes períodos? (Não são requeridos cálculos. Sustente sua explicação em argumentos.) Sugestão de resposta: A receita poderia ser totalmente reconhecida quando da expiração dos pontos, conforme o momento 2 destacado no parágrafo baseado em Hendriksen & Van Breda (2010). Nesse momento não existe mais qualquer possibilidade de resgate dos pontos por parte dos clientes. Esse procedimento postergaria as receitas para períodos futuros e armazenaria por mais tempo a conta receitas diferidas (passivo). A receita também poderia ser reconhecida antes do ponto de transferência, considerando que ocorre um processo de transferência de riscos e benefícios durante o transcorrer do prazo da expiração dos pontos, com base no momento 1, alínea (b) destacado no parágrafo baseado em Hendriksen & Van Breda (2010). Nessa situação, entende-se que também haveria postergação no reconhecimento da receita, visto que o valor de cada crédito seria apropriado no resultado dentro de um intervalo de tempo contínuo. Entendemos que parece não existir fundamento teórico que suporte o reconhecimento da receita após a transferência dos riscos e benefícios (momento 3 destacado no parágrafo baseado em Hendriksen & Van Breda (2010)). Capítulo 3 – Contratos de Construção 1. Considerando a realidade do mercado imobiliário brasileiro, explique como ocorre o reconhecimento da receita pela empresa quando: Sugestão de resposta: De acordo com a realidade brasileira, conforme explicado no OCPC 04, o reconhecimento de receita, quando a venda ocorre antes do término da construção, ocorre pelo método de completude. Conforme os itens 12 e 13 do OCPC 04, no setor imobiliário brasileiro, as entidades que realizam incorporação ou construção de imóveis firmam contratos antes do término da construção mediante contrato costumeiramente denominado de “promessa de compra e venda”. Esse contrato tem força de uma operação de compra e venda de unidade futura, sendo, via de regra, irrevogável e irretratável para ambas as partes. Como consequência, pode iniciar o reconhecimento da receita, mesmo sem antes do termino da construção, sem necessariamente ter que esperar para a entrega da chave. Sendo assim, para os imóveis que já foram vendidos, a entidade pode transferir ao comprador o controle, os riscos e os benefícios da propriedade do imóvel em construção em seu estágio atual de acordo com a evolução da obra. Portanto, o reconhecimento da receita deve ocorrer de forma proporcional ao andamento da construção. Esse é um ponto importante a ser observado: se houve a transferência contínua dos riscos e benefícios significativos sobre o imóvel em construção, o reconhecimento da receita e custos deve ser efetuado a medida que ocorre a transferência desses riscos e benefícios significativos. A venda do imóvel após a conclusão da construção é normatizada pelo CPC 30 – Receitas, e não mais pelo ICPC 02. 1.a) Imóvel é vendido na planta (não iniciou a construção); Sugestão de resposta: Imóvel é vendido na planta (não iniciou a construção): O reconhecimento da receita nessa situação é pelo POC (percentagem de conclusão). Sendo assim, como ainda não iniciou a construção do imóvel, até o momento nenhuma receita é reconhecida, mesmo que o imóvel já tenha sido vendido. 1.b) Imóvel é vendido durante a construção; Sugestão de resposta: Imóvel é vendido durante a construção: O reconhecimento da receita também se dá pelo método do POC (percentagem de conclusão). Ou seja, caso a venda ocorra durante a construção, no momento da venda se reconhece a receita referente a percentagem da obra que já foi construída, sendo o restante da receita reconhecida durante a continuação do processo de construção. 1.c) Imóvel é vendido após a conclusão; Sugestão de resposta: Imóvel é vendido após a conclusão: Nesse caso, o reconhecimento é normatizado pelo CPC 30. Como o imobilizado já está construído, o reconhecimento integral da receita no momento da venda, independentemente de ser a vista ou a prazo. 2. No Brasil, contratos de compra e venda de imóveis podem conter cláusulas prevendo o distrato do negócio, situação a qual pode exigir a devolução do total ou de parte dos valoresjá pagos pelos compradores. Caso os contratos firmados pela Rossi Residencial S.A. junto aos seus clientes contenham tais previsões de distrato, é adequado que a empresa reconheça as receitas pelo método do percentual de evolução da obra (POC)? Sugestão de resposta: a) Os itens 22 a 24 do CPC 17 (R1) determinam, de forma geral, que as receitas devem ser reconhecidas quando a conclusão de um contrato de construção puder ser estimada com confiabilidade, seu valor puder ser mensurado com confiabilidade e for provável que os benefícios econômicos associados ao contrato fluirão para a entidade. No caso de contrato de preço fixo (fixed price), é necessário, além do já mencionado, que tanto os custos para concluir o contrato quanto o estágio de execução da atividade contratual possam ser mensurados com confiabilidade ao término do período de reporte e que os custos atribuíveis ao contrato possam ser claramente identificados e mensurados com confiabilidade de forma tal que os custos atuais incorridos possam ser comparados com estimativas anteriores. No caso de contratos de custo mais margem (cost plus), é necessário, além do já mencionado no primeiro parágrafo da presente resposta, que seja provável que os benefícios econômicos associados ao contrato fluirão para a entidade e que os custos atribuíveis ao contrato, especificamente reembolsáveis ou não, possam sem claramente identificados e mensurados com confiabilidade. Quando houver incerteza acerca da realização de quantia incluída na receita do contrato e já reconhecida como receita na demonstração do resultado, o item 28 do CPC 17 (R1) define que o montante não realizável ou cuja recuperação deixou de ser provável deve ser reconhecido como despesa e não como ajuste às receitas do contrato. Em relação à recuperação dos custos já incorridos, o item 34 do CPC 17 (R1) determina que: “Os custos do contrato, cuja probabilidade de recuperação não seja provável, devem ser reconhecidos imediatamente como despesa. Exemplos de circunstâncias em que a recuperação dos custos de um contrato incorridos pode não ser provável, e em que os custos do contrato devem ser reconhecidos imediatamente como despesa, incluem contratos: (a) que não dispõem de instrumentos de coerção para seu cumprimento integral, isto é, sua validade pode ser seriamente questionada; (b) cuja conclusão está sujeita ao desfecho de litígio ou de legislação pendente; (c) relacionados com propriedades que tenham a possibilidade de serem condenadas ou expropriadas; (d) em que o contratante (cliente) está impossibilitado de cumprir com as suas obrigações; ou (e) em que a entidade contratada (fornecedora dos serviços) é incapaz de completar o contrato ou de cumprir com as suas obrigações, nos termos do contrato.” (grifo nosso) Além disso, o item 36 do CPC 17 (R1) estipula que a perda esperada deve ser reconhecida imediatamente como despesa quando for provável que os custos totais do contrato excederão a receita total do contrato. Assim, a partir da previsão contratual de distrato, a entidade necessita, para fins de reconhecimento da receita, avaliar a probabilidade de que os benefícios econômicos fluam para ela no futuro. A empresa necessita contabilizar uma provisão de acordo com o histórico de distratos. A partir de qualquer indício de que não seja provável que tais benefícios futuros sejam obtidos, os montantes cujo recebimento deixaram de ser prováveis devem ser reconhecidos como despesa na demonstração do resultado. 3. Verifica-se a partir da nota explicativa # 2.24 que a Rossi Residencial S.A. alterou seus procedimentos de reconhecimento de receitas em 2011. Quais os motivos pelos quais a companhia alterou seus procedimentos de reconhecimento de receitas? Quais os procedimentos anteriores e atuais adotados pela companhia? Sugestão de resposta: A Rossi Residencial S.A. informou em nota explicativa que tais alterações são decorrentes de uma revisão de práticas contábeis adotadas, com intuito de aprimoramento do conjunto de suas demonstrações financeiras. A entidade enquadrou essas modificações dentro das previsões do CPC 23. O procedimento anterior adotado pela companhia era o de reconhecer a receita de venda do terreno separadamente da receita de venda do imóvel. Após a alteração, a companhia passou a reconhecer a receita de forma conjunta, pela proporção do custo incorrido. 4. Qual a diferença entre os métodos de reconhecimento de receita de contratos de construção de incorporação imobiliária determinados pelas normas brasileiras e pelo IFRS? Qual seria o impacto nas demonstrações contábeis da empresa Rossi Residencial S.A. caso a empresa utilizasse o método de reconhecimento proposto pelas normas internacionais (IFRS)? Sugestão de resposta: As normas brasileiras determinam, de forma geral, o reconhecimento da receita pelo método de percentagem de completude (POC), pois consideram que a transferência dos riscos e benefícios ocorre durante a construção, já que a promessa de compra e venda, na realidade brasileira, tem sido tratada como um efetivo contrato de compra e venda, sendo, via de regra, irrevogável e irretratável para ambas as partes. Porém, para as normas internacionais IFRS, a compra de um imóvel ainda em construção tem a característica de um direito de adquirir um ativo no futuro, e não um contrato efetivamente de compra e venda. Portanto, as normas internacionais consideram que a receita deve ser reconhecida quando ocorre a transferência dos riscos e benefícios, sendo que para a prática internacional esse momento ocorre na entrega das chaves. Sendo assim, a receita somente poderia ser reconhecida nesse momento, não durante o processo de construção. Caso a empresa utilizasse o método do reconhecimento de acordo com as práticas internacionais, a receita seria reconhecida apenas na entrega das chaves e não durante a construção do bem, o que resultaria em uma postergação do reconhecimento da receita. Ceteris paribus, isso causa uma redução do resultado no exercício atual e aumento no resultado de períodos seguintes. Esse impacto refletiria da mesma forma no patrimônio da empresa. Além disso todos os valores recebidos antes do reconhecimento da receita seriam tratados como antecipação de clientes, no passivo. Capítulo 4 – Informações por segmento 1) Descreva o que são segmentos operacionais conforme CPC 22 e analise se os segmentos divulgados pela USIMINAS estão de acordo com esta definição. Resposta: De acordo com o item 5 do CPC 22 Um segmento operacional é um componente de entidade: (a) que desenvolve atividades de negócio das quais pode obter receitas e incorrer em despesas (incluindo receitas e despesas relacionadas com transações com outros componentes da mesma entidade); (b) cujos resultados operacionais são regularmente revistos pelo principal gestor das operações da entidade para a tomada de decisões sobre recursos a serem alocados ao segmento e para a avaliação do seu desempenho; e (c) para o qual haja informação financeira individualizada disponível. Um segmento operacional pode desenvolver atividades de negócio cujas receitas ainda serão obtidas. Por exemplo, as operações em início de atividade podem constituir segmentos operacionais antes da obtenção de receitas. As informações divulgadas pela USIMINAS demonstram que estes são os segmentos nos quais são tomadas as decisões estratégicas da empresa, o que atende ao item B. E as notas explicativas referentes aos segmentos mostram que os segmentos propostos obtém receitas e incorrem em despesas, assim como existe informações financeiras individualizadas disponíveis, o que atende aos itens A e C. Desta forma, os segmentos operacionais estão de acordo com o proposto pelo CPC 22. 2) De acordo com o parágrafo 12 do CPC 22, dois ou mais segmentos operacionais podemser agregados em um único segmento operacional se a agregação for compatível com o princípio do pronunciamento. Ao analisar as informações da USIMINAS, é possível identificar alguma agregação de segmento? Se sim, esta agregação está compatível com o previsto no pronunciamento? Poderia haver mais alguma agregação dentre os segmentos operacionais demonstrados? Resposta: O item 12 do CPC 22, os segmentos operacionais apresentam muitas vezes desempenho financeiro de longo prazo semelhante se possuírem características econômicas similares. Por exemplo, para dois segmentos operacionais, caso suas características econômicas sejam semelhantes, seriam esperadas margens brutas médias semelhantes no longo prazo. Dois ou mais segmentos operacionais podem ser agregados em um único segmento operacional se a agregação for compatível com o princípio básico deste Pronunciamento, se os segmentos tiverem características econômicas semelhantes e se forem semelhantes em relação a cada um dos seguintes aspectos: (a) natureza dos produtos ou serviços; (b) natureza dos processos de produção; (c) tipo ou categoria de clientes dos seus produtos e serviços; (d) métodos usados para distribuir os seus produtos ou prestar os serviços; e (e) se aplicável, a natureza do ambiente regulatório, por exemplo, bancos, seguros ou serviços de utilidade pública. Desta forma, o segmento “Mineração e Logística” pode gerar dúvidas quanto à sua agregação para divulgação por segmentos, dado que apenas os itens C e D poderiam corroborar a definição de segmento dada pela USIMINAS, entretanto a empresa não divulga se as operações de mineração e logística têm os mesmos clientes ou se estão atreladas pelo método de distribuição. Vale ressaltar que as apresentações da empresa para Acionistas destacam apenas o segmento de Mineração. Com relação à agregação de outros segmentos, acredita-se que isto não é possível dada a diferença entre a natureza dos produtos e serviços de cada segmento. 3) A respeito dos parâmetros quantitativos previstos no CPC 22 (parágrafo 13), todos os segmentos operacionais da USIMINAS atingem esses parâmetros? Demonstre por meio de cálculos. Resposta: De acordo com o item 13 do CPC 22, a entidade deve divulgar separadamente as informações sobre o segmento operacional que atenda a qualquer um dos seguintes parâmetros: (a) sua receita reconhecida, incluindo tanto as vendas para clientes externos quanto as vendas ou transferências intersegmentos, é igual ou superior a 10% da receita combinada, interna e externa, de todos os segmentos operacionais; (b) o montante em termos absolutos do lucro ou prejuízo apurado é igual ou superior a 10% do maior, em termos absolutos, dos seguintes montantes: (i) lucro apurado combinado de todos os segmentos operacionais que não apresentaram prejuízos; e (ii) prejuízo apurado combinado de todos os segmentos operacionais que apresentaram prejuízos; (c) seus ativos são iguais ou superiores a 10% dos ativos combinados de todos os segmentos operacionais. Os segmentos operacionais que não atinjam quaisquer dos parâmetros mínimos quantitativos podem ser considerados divulgáveis e podem ser apresentados separadamente se a administração entender que essa informação sobre o segmento possa ser útil para os usuários das demonstrações contábeis. Os cálculos abaixo demonstram que os segmentos Mineração e Logística, Siderurgia e Transformação do Aço atingem pelo menos um dos itens pedidos e, assim, devem ser divulgados, de acordo com a norma. Embora o segmento Bens de Capital não atinja os parâmetros para ser divulgado, ele foi divulgado como um segmento reportável. Essa divulgação pode ter ocorrido pelo fato de a USIMINAS considerar a informação útil ou mesmo por ser o único segmento não divulgável e, dessa forma, como é analisado pela administração, foi reportado como se fosse um segmento divulgável. Outro aspecto que vale ser mencionado a respeito do segmento Bens de Capital, é que o mesmo atingiu um percentual superior a 10% dos lucros da empresa no ano de 2011, o que também pode ter influenciado a divulgação deste segmento em 2012. 4. Com base nos valores encontrados no item anterior, analise de que forma as informações por segmento são importantes. Resposta: A informação por segmento mostra aos usuários da informação contábil a participação de cada segmento da empresa frente ao seu todo nos principais itens das demonstrações financeiras. Desta forma, a informação por segmento pode auxiliar a tomada de decisões para o investimento de recursos, o impacto que determinada medida do governo pode causar na empresa dentre outros aspectos. Um exemplo utilizando as informações da USIMINAS seria de que se a empresa pudesse focar seus novos investimentos em um dos setores em que ela atua, o setor beneficiado deveria ser o de mineração e logística, que possui os melhores indicadores de rentabilidade. 5. Quais as conciliações exigidas em nota explicativa pelo CPC 22? Analisando as informações da USIMINAS, estas conciliações foram demonstradas adequadamente? Resposta: De acordo com o item 28, a entidade deve fornecer conciliações dos seguintes elementos: (a) o total das receitas dos segmentos divulgáveis com as receitas da entidade; (b) o total dos valores de lucro ou prejuízo dos segmentos divulgáveis com o lucro ou o prejuízo da entidade antes das despesas (receitas) de imposto de renda e contribuição social e das operações descontinuadas. No entanto, se a entidade alocar a segmentos divulgáveis itens como despesa de imposto de renda e contribuição social, a entidade pode conciliar o total dos valores de lucro ou prejuízo dos segmentos com o lucro ou o prejuízo da entidade depois daqueles itens; (c) o total dos ativos dos segmentos divulgáveis com os ativos da entidade; (d) o total dos passivos dos segmentos divulgáveis com os passivos da entidade, se os passivos dos segmentos forem divulgados de acordo com o item 23; (e) o total dos montantes de quaisquer outros itens materiais das informações evidenciadas dos segmentos divulgáveis com os correspondentes montantes da entidade. Todos os itens de conciliação materiais devem ser identificados e descritos separadamente. Por exemplo, o montante de cada ajuste significativo necessário para conciliar lucros ou prejuízos do segmento divulgável com o lucro ou o prejuízo da entidade, decorrente de diferentes políticas contábeis, deve ser identificado e descrito separadamente. Com base nas conciliações demonstradas pela USIMINAS nas notas explicativas, podemos afirmar que elas estão de acordo com o CPC 22, uma vez que, no caso do resultado, a reconciliação entre o resultado contábil e o EBITDA está apresentada e, no caso do total de ativos e passivos, a informação contábil é a base do relatório analisado pela administração, e o único item de reconciliação são as transações entre segmentos. Capítulo 5 – Ativos Biológicos 1) Quais são os ativos biológicos e os produtos agrícolas da Klabin? Qual é a representatividade desses ativos biológicos e desses produtos agrícolas em relação ao ativo total da Klabin? Sugestão de resposta: O CPC 29 define que ativo biológico é “um animal e/ou uma planta, vivos”. Consequentemente, os ativos biológicos da Klabin são suas plantas vivas, especificamente, são seus pinus e seus eucaliptos vivos plantados e cultivados nas suas florestas. Vale destacar que os ativos biológicos não se referem às terras da floresta, mas sim ao cultivo e ao plantio que nelas se localizam. Ou seja, são ativos biológicos apenas as culturas que estão sobre os 242 mil hectares de florestas plantadas e não propriamente os 242 mil hectares de terras. No que se refere aos produtos agrícolas, cumpre retomar o CPC 29, que define produção agrícola como “o produto colhido de ativo biológico da entidade”. Logo,os produtos agrícolas da Klabin são os pinus e os eucaliptos colhidos dos plantios e dos cultivos das florestas (não mais vivos). Cumpre salientar que os produtos agrícolas são apenas aqueles obtidos no momento da colheita e não aqueles derivados do posterior processamento, como toras de madeira e celulose. A Figura 1 ilustra a diferenciação entre os ativos biológicos, os produtos agrícolas e os produtos resultantes do processamento após a colheita na Klabin: No que se refere à representatividade, nota-se que os ativos biológicos apresentam o segundo montante mais expressivo no ativo total da Klabin, correspondente a 24% do ativo total em 2012 e a 21% em 2011 (apenas o ativo imobilizado possui montante mais expressivo do que eles). No que se refere aos produtos agrícolas, assumindo que os valores expressos no item de estoques “madeiras e toras” contem parte das madeiras de pinus e de eucalipto imediatamente colhidas, nota-se pequena relevância em relação ao Figura 1 Ativos biológicos, produtos agrícolas e produtos resultantes do processamento após a colheita na Klabin Ativos biológicos Produtos agrícolas Produtos resultantes do processamento após a colheita Cultivo e plantio das florestas de pinus e eucalipto (planta viva) Pinus e eucalipto (planta colhida) Toras de madeira e celulose total do ativo, com montantes correspondentes a apenas 1%, tanto em 2012 quanto em 2011. A Tabela 1 evidencia detalhes da representatividade de cada ativo: Tabela 1 – Representatividade dos ativos biológicos e dos produtos agrícolas 31/12/2012 31/12/2011 ATIVO Valor % Valor % Circulante Caixa e equivalentes de caixa 2.517.312 18% 2.341.064 18% Títulos e valores mobiliários 240.077 2% 221.260 2% Contas a receber 981.986 7% 821.148 6% Estoques 0% 0% Produtos acabados 123.358 1% 129.714 1% Matérias-primas 115.924 1% 122.456 1% Madeiras e toras 99.999 1% 111.193 1% Combustíveis e lubrificantes 6.133 0% 6.731 0% Material de manutenção 122.355 1% 128.982 1% Provisão para perdas -11.625 0% -3.127 0% Outros 17.514 0% 10.269 0% Impostos e contribuições a recuperar 135.310 1% 100.619 1% Despesas antecipadas e outros ativos circulantes 83.747 1% 93.173 1% Não Circulante 0% 0% Realizável a longo prazo 374.045 3% 400.132 3% Investimentos 462.193 3% 618.029 5% Imobilizado 5.379.426 38% 4.917.083 39% Ativos biológicos 3.441.495 24% 2.715.769 21% Intangíveis 8.654 0% 7.100 0% TOTAL DO ATIVO 14.097.903 100% 12.741.595 100% 2) Considerando-se que os ativos biológicos, assim como os demais ativos, apenas podem ser reconhecidos se a entidade controlá-los como resultado de eventos passados e deles esperar obter benefícios econômicos futuros, responda: o que configura o controle da Klabin sobre os ativos que reconhece como biológicos e quais são os benefícios econômicos futuros deles esperados? Sugestão de resposta: O controle dos ativos biológicos pode ser evidenciado pela propriedade legal e a Klabin mostra ter a propriedade própria ou arrendada dos 242 mil hectares nos quais se localizam o cultivo e o plantio dos pinus e dos eucaliptos. No que se refere aos benefícios econômicos futuros, destaca-se que os produtos agrícolas (pinus e eucaliptos) são advindos dos ativos biológicos (cultivo e plantio de florestas de pinus e de eucaliptos) e proporcionarão a entrada de recursos econômicos pela sua venda a terceiros e pelo seu uso na produção de celulose para confecção de papéis e de embalagens. 3) Os ativos biológicos produzidos pelos pequenos proprietários rurais participantes do Programa de Fomento Florestal compõem os ativos biológicos da Klabin? E os produtos agrícolas deles derivados são produtos agrícolas da Klabin? Para responder a essa questão considere dois cenários: (1) não há contrato de exclusividade e os pequenos proprietários rurais têm a possibilidade de efetuar a venda dos pinus e eucaliptos para a Klabin ou para qualquer outra entidade que oferte condições mais vantajosas; e (2) os pequenos proprietários rurais firmam um contrato de exclusividade com a Klabin, de modo que só poderão vender seus produtos para ela. Sugestão de resposta: A entidade deve reconhecer um ativo biológico ou produto agrícola quando, e somente quando, controlar o ativo como resultado de eventos passados, apresentar probabilidade de que benefícios econômicos futuros associados com o ativo fluirão para a entidade e puder mensurar confiavelmente seu valor justo ou custo. Considerando o cenário em que a Klabin não possui contrato de exclusividade com os pequenos proprietários rurais, não se detecta seu controle sobre o cultivo e sobre o plantio de pinus e de eucalipto (o controle é detido pelos pequenos proprietários). Ademais, não há garantia de que os benefícios econômicos futuros fluirão apenas para a Klabin. Nessa situação, a Klabin exerce apenas o papel de fornecer a orientação necessária para que os proprietários rurais tenham uma atuação mais eficiente, ajudem a preservar os ecossistemas e planejem sua propriedade para estabelecer os plantios comerciais de forma a atender à legislação ambiental pertinente. Consequentemente, a Klabin não pode reconhecer o cultivo e o plantio de pinus e de eucalipto desses pequenos proprietários rurais como seus ativos biológicos. No que tange ao reconhecimento dos pinus e dos eucaliptos como produtos agrícolas, destaca-se que esses compõem os estoques da Klabin quando são colhidos dos pequenos proprietários e são por ela adquiridos para serem vendidos como toras ou transformados em celulose a ser usada como matéria-prima na produção do papel. Considerando o cenário em que há um contrato de exclusividade que obriga os pequenos produtores rurais a venderem seus produtos agrícolas unicamente à Klabin, nas condições estabelecidas contratualmente, pode-se constatar a essência de controle, assim como a certeza de que os benefícios econômicos advindos desses ativos fluirão a ela. Nesse caso, se for viável a mensuração confiável do custo ou do valor justo desses ativos biológicos, poderá haver seu reconhecimento. No momento da colheita, esses ativos biológicos transformam-se em produtos agrícolas e permanecem reconhecidos pela Klabin. 4) Qual(is) é(são) a(s) forma(s) possível(is) para se mensurar os ativos biológicos, segundo o CPC 29 (Ativo Biológico e Produto Agrícola)? O CPC 29 orienta a operacionalização do cálculo dessa(s) forma(s) possível(is) de mensuração? Sugestão de resposta: O CPC 29 determina que os ativos biológicos sejam mensurados pelo seu valor justo menos sua despesa de venda. Há situações em que o custo pode se aproximar do valor justo, particularmente quando uma pequena transformação biológica ocorre desde o momento inicial ou quando não se espera que o impacto da transformação do ativo biológico sobre o preço seja material. Há outras situações em que, apesar de não existir mercado separado para os ativos biológicos, pode existir mercado ativo para a combinação deles com a terra em que estão implantados. Nessas situações, a entidade pode usar informações sobre o conjunto para mensurar o valor justo dos ativos biológicos, deduzindo o valor justo da terra nua e da terra com melhorias do valor justo dos ativos combinados. Há ainda outra situação (configurada como exceção, não regra) em que se rejeita a premissa de que o valor justo dos ativos biológicos pode ser mensurado de forma confiável. Isso ocorre quando um ativo biológico deveria ter seu valor cotado pelo mercado, porém, não tem um mercado ativo disponível e não possui alternativas confiáveis para a sua mensuração. Diante dessa situação, o ativo biológico deve permanecer mensurado a custo, menos qualquer depreciação e perda por irrecuperabilidade acumuladas. Assim que o valor justo se tornar mensurável de forma confiável, a entidade deve tomá-lo, subtraído das despesas de venda, como base demensuração dos ativos biológicos. O CPC 29 não traz orientações específicas sobre o cálculo do valor justo, uma vez que o tema é escopo do Pronunciamento Técnico CPC 46 – Mensuração do Valor Justo. Segundo esse pronunciamento, o valor justo pode ser determinado com base em três distintos níveis de informação: (1) preços de ativos idênticos cotados (não ajustados) em mercados ativos (informações de Nível 1); (2) preços de ativos similares cotados em mercados ativos, preços de ativos idênticos cotados em mercados não ativos, ou preços calculados de acordo com informações observáveis, como, taxas de juros, volatilidades e spreads (informações de Nível 2); e (3) preços calculados de acordo com informações não observáveis (informações de Nível 3). Prioridade deve ser dada à determinação do valor justo com base em informações de Nível 1. 5) Qual(is) das formas possíveis de mensuração dos ativos biológicos permitidas pelo CPC 29 são utilizadas pela Klabin? Quais são as justificativas apresentadas pela Klabin e/ou que fatores poderiam explicar essa decisão? Sugestão de resposta: Na Klabin, a mensuração do cultivo e do plantio das florestas de eucalipto e de pinus é feita pelo custo e pelo valor justo. Nos anos iniciais (até o terceiro ano para o eucalipto e até o quinto ano para o pinus), os ativos biológicos da Klabin são mensurados com base nos custos históricos, pois se enquadram na situação em que seu valor justo se aproxima do custo. Segundo a administração da Klabin, isso ocorre porque a pequena transformação biológica que ocorre no momento inicial da plantação não impacta materialmente o valor justo. Após o terceiro e o quinto ano de plantio, o cultivo de eucalipto e de pinus, respectivamente, passa a ser mensurado pelo valor justo, com base na projeção dos fluxos de caixa futuros descontados. A Klabin não retrata se durante o crescimento e o desenvolvimento das culturas de eucaliptos e de pinus haveria um mercado ativo para sua comercialização, seja específico ou similar; somente menciona que o valor justo é mensurado utilizando o valor presente do fluxo de caixa líquido esperado de acordo com o ciclo de produtividade projetado das florestas. Um fator que pode explicar essa decisão é o fato que os produtos agrícolas derivados dos ativos biológicos da Klabin são usados como insumos na produção própria de papéis. Com isso, a Klabin acaba sendo a principal responsável pelas transações no mercado dos seus produtos agrícolas, o que poderia influenciar o preço no mercado ativo dos seus ativos biológicos, mesmo em fase de desenvolvimento. Dessa forma, a mensuração do valor justo mediante apuração do valor presente do fluxo de caixa líquido esperado, pautado pelo preço divulgado por pesquisas de mercado e incorrido em transações com terceiros, permite reduzir o impacto de a própria Klabin movimentar o mercado dos seus ativos biológicos. 6) O pronunciamento CPC 46 (Mensuração a Valor Justo) estabelece três níveis de hierarquia para as técnicas de avaliação utilizadas na mensuração do valor justo. Se a Klabin tiver ativos biológicos mensurados a valor justo, em que nível de hierarquia sua mensuração está enquadrada e quais são as premissas utilizadas para sua designação? Sugestão de resposta: A mensuração do valor justo dos ativos biológicos na Klabin classifica-se como hierarquia de nível 3, pois dados não observáveis são usados para calcular o fluxo de caixa líquido esperado para o ativo biológico. Para determinação desse fluxo de caixa líquido, a Klabin define três principais premissas: (1) estimativa do volume de produtividade das florestas; (2) preços dos pinus e dos eucaliptos; e (3) taxa de desconto. (1) A produtividade das florestas é determinada com base em análises estratificadas das espécies, do material genético, do regime de manejo florestal, do potencial produtivo, da rotação e da idade das florestas. O conjunto dessas características compõe um índice denominado IMA (Incremento Médio Anual), expresso em metros cúbicos por hectare/ano. (2) Os preços dos pinus e dos eucaliptos, denominados em R$/metro cúbico, são obtidos através de pesquisas de preço de mercado, divulgados por entidades especializadas, e/ou referem-se aos preços praticados pela Klabin em vendas para terceiros. Os preços são deduzidos dos seus custos associados, o que inclui: (a) os custos de capital referente a terras; (b) os custos necessários para colocação dos ativos em condição de venda ou de consumo; (c) os gastos com plantio (que se referem aos custos de formação dos ativos biológicos); e (d) a exaustão dos ativos biológicos (com base na quantidade de madeira cortada, avaliada por seu valor justo). (3) A taxa de desconto, por sua vez, corresponde ao WACC (Custo de Capital Ponderado) da Klabin. 7) Considerando que algumas premissas usadas na mensuração do valor justo podem ser facilmente identificadas e verificadas enquanto outras podem não ser observáveis, relate o grau percebido de verificabilidade e de subjetividade para as premissas relacionadas na questão 6 (se aplicável). Sugestão de resposta: A premissa relativa à produtividade das florestas possui alto grau de verificabilidade, pois é possível observar se, a cada ano, há ou não, em média, maior produção de pinus e de eucaliptos em um mesmo hectare plantado. As premissas relativas aos preços dos pinus e dos eucaliptos, e dos seus custos associados, permanecem sendo verificáveis, mas já implicam em certo grau de subjetividade. A seleção das pesquisas de mercado, a mensuração do custo de capital das terras, a determinação dos custos necessários para colocar o ativo em condições de venda, o método de custeio adotado para mensuração do custo de formação do ativo biológico e a apuração da exaustão estão permeadas a projeções. Essas projeções são estimadas, em maior ou menor extensão, com subjetividade, ou seja, não são tão facilmente verificáveis. A premissa relativa à taxa de desconto é mais subjetiva e implica em mais discricionariedade. Dados não observáveis pelo mercado podem ser incluídos e alterarem os valores reconhecidos. Há, contudo, que se ressaltar que a taxa de desconto também é composta por elementos objetivos, impedindo que a arbitrariedade seja total. Diante da existência de itens não observáveis no processo de mensuração dos ativos biológicos, é importante considerar se suas adoções pela Klabin são consistentes ao longo dos anos e se certificar de que não está havendo uso aleatório para gerenciamento de resultados. 8) Os preços do papel são cíclicos e estão sujeitos a fatores alheios ao controle da Klabin, sendo influenciados principalmente por períodos de expansão e de retração da economia mundial. Caso haja uma variação nesses preços, o valor dos ativos biológicos da Klabin pode ser alterado (em variações de preços tanto com perspectivas definitivas quanto passageiras)? Justifique sua resposta. Sugestão de resposta: Na determinação do valor justo dos ativos biológicos pelo fluxo de caixa descontado, é importante que as entidades discirnam entre a valorização desses ativos e a valorização de sua própria atividade. Desse modo, não se deve confundir que eventuais quedas ou aumentos no preço do papel influenciem a produtividade das florestas, já que essa é determinada pela espécie, pelo material genético, pelo regime de manejo florestal, pelo potencial produtivo, pela rotação e pela idade das florestas. Contudo, o preço do papel acabará por influenciar o valor justo do cultivo e do plantio dos pinus e dos eucaliptos por interferir no preço que o mercado estará disposto a pagar por eles: com a maior demanda por papel, o preço dos seus insumos tenderá a aumentar, e, consequentemente, o valor justo dos ativos biológicos tenderá a se expandir. Situação inversa acontecerá se houver uma retração de demanda. A taxa de desconto também pode vira ser influenciada pelo aumento/diminuição no preço de papel ao passo que pode interferir a expectativa de retorno dos acionistas e a taxa de juros cobrada por credores. 9) Antes da vigência do CPC 29, o valor do cultivo e do plantio dos pinus e dos eucaliptos na Klabin somente era aumentado (debitado) com novos plantios e diminuído (creditado) pela exaustão, de acordo com a quantidade de madeira extraída. E com a vigência do CPC 29, como se dá o aumento (débito) e a diminuição (crédito) do valor pelo qual estão mensurados os ativos biológicos da Klabin? Quais são as contas movimentadas em contrapartida a esse aumento ou a essa diminuição? Sugestão de resposta: Com o CPC 29 foi trazida a perspectiva de valor justo e o valor do cultivo e do plantio dos pinus e dos eucaliptos na Klabin, apesar de permanecer sendo ampliado (debitado) pelo custo incorrido em novos plantios, passou a ser aumentado também pela variação do valor justo. A variação do valor justo ocorre em função do aumento do preço e do crescimento do cultivo (o valor justo de pinus com dez anos, por exemplo, é maior do que aquele que era aos nove anos). A diminuição (crédito) do valor do cultivo e do plantio dos pinus e dos eucaliptos na Klabin permanece ocorrendo pela exaustão, só que essa não considera apenas o custo exaurido, mas também o valor justo que foi consumido na colheita dos ativos biológicos. Ademais, no caso de o valor justo do ativo ser inferior ao que estava reconhecido no exercício anterior, há a diminuição (crédito) do saldo da conta pela variação negativa do valor justo. O débito decorrente do plantio ativa custos, tais como sementes, mudas, fertilizantes, água, energia elétrica, que em algum momento incumbiram em saída de caixa ou em assunção de contas a pagar. Já o débito referente à variação do valor justo é registrado em contrapartida a uma conta de receita do exercício. O crédito referente à exaustão, tanto do custo quanto do valor justo, é registrado em contrapartida aos estoques, que serão utilizados no processo produtivo, ou ao custo dos produtos vendidos dos produtos agrícolas diretamente vendidos a terceiros. O crédito da variação negativa do valor justo, por sua vez, é reconhecido em contrapartida ao débito de uma despesa no resultado. 10) A Klabin possui uma reserva de lucros que designa como “reserva de ativos biológicos”. O que a Klabin registra nessa reserva e qual é sua classificação segundo a legislação societária? Qual motivo pode ter levado a Klabin a constituir essa reserva? Sugestão de resposta: A Klabin registra nessa reserva a receita de variação do valor justo ainda não realizada financeiramente (reconhecida em contrapartida ao ajuste positivo do valor justo dos ativos biológicos). A baixa da reserva ocorre somente na realização financeira da variação do valor justo, quando há a exaustão pela colheita ou a venda dos ativos biológicos. A reserva é revertida para lucros ou prejuízos acumulados caso haja uma despesa de variação do valor justo ainda não realizada financeiramente (reconhecida em contrapartida ao ajuste negativo do valor justo dos ativos biológicos). A reserva de ativos biológicos se classifica, de acordo com a legislação societária, como uma reserva de lucros a realizar, já que, como tal, tem o objetivo de não distribuir dividendos da parcela do lucro que ainda não foi realizada financeiramente. Como o lucro é formado por ganhos e perdas já realizados economicamente, que podem tanto terem sido quanto não terem sido realizados financeiramente, a constituição da reserva de lucros a realizar (opcional para as entidades) viabiliza uma distribuição de dividendos compatível com os recursos financeiros de fato disponíveis. A Klabin optou por constituir essa reserva para evitar que as variações positivas do valor justo dos ativos biológicos ainda não realizadas financeiramente fossem distribuídas na forma de dividendos. Considerando a expressividade da variação do valor justo no resultado da Klabin (40% do lucro bruto de 2012, conforme discorrerá a questão 11), pode-se deduzir que a distribuição antecipada de valores não realizados financeiramente poderia trazer problemas à liquidez da entidade. 11) Segundo o CPC 29, deve haver divulgação do ganho ou da perda decorrente da alteração do valor justo entre o período corrente e o período inicial. Se a Klabin tiver ativos biológicos mensurados a valor justo, responda a qual percentual do lucro bruto esse ganho ou essa perda correspondeu em 2012 e em 2011, e em quanto aumentou ou diminuiu de 2011 a 2012. Sugestão de resposta: A variação do valor justo dos ativos biológicos correspondeu a 40% do lucro bruto em 2012 e a 20% do lucro bruto em 2011. Em 2012, houve uma ampliação do seu montante em relação a 2011 de R$ 615.411 mil, ou seja, de 227%. A Tabela 2 demonstra os valores consultados para os cálculos: Tabela 2 – Variação do valor justo dos ativos biológicos 31/12/2012 31/12/2011 Receita líquida de vendas 4.163.670 3.889.151 Variação do valor justo dos ativos biológicos 885.988 270.577 Custo dos Produtos Vendidos -2.823.148 -2.827.442 Lucro Bruto 2.226.510 1.332.286 Percentual da variação em relação ao lucro bruto 40% 20% 12) O CPC 29 encoraja a divulgação segregada de variações decorrentes de flutuações do preço no mercado e de variações decorrentes de mudanças físicas. Considerando as variações de preço e de crescimento apresentadas pela Klabin de 2009 a 2012, levante possíveis fatores que podem estar a elas associadas: 31/12/2009 31/12/2010 31/12/2011 31/12/2012 Variação de preço (152.336) 75.455 102.999 290.705 Variação de mudança física (crescimento) 216.913 373.170 167.578 595.283 Sugestão de resposta: 31/12/2009 31/12/2010 31/12/2011 31/12/2012 Variação de preço (152.336) 75.455 102.999 290.705 Possíveis fatores associados: Queda do preço dos pinus e dos eucaliptos (crise); Aumento da taxa de desconto. Aumento do preço dos pinus e dos eucaliptos; Redução da taxa de desconto. Aumento do preço pinus e dos eucaliptos; Redução da taxa de desconto. Aumento do preço dos pinus e dos eucaliptos; Redução da taxa de desconto. Variação de mudança física (crescimento) 216.913 373.170 167.578 595.283 Possíveis fatores associados: Aumento da produtividade projetada da floresta; Redução da taxa de desconto. Aumento da produtividade projetada da floresta; Redução da taxa de desconto. Aumento da produtividade projetada da floresta; Redução da taxa de desconto. Aumento da produtividade projetada da floresta; Redução da taxa de desconto. Capítulo 6 – Concessões 1) Qual o tipo de atividade da concessão? Quem é a concedente? Qual o prazo de vigência da concessão? Sugestão de resposta: A Cemig Distribuição tem concessões para exploração nas áreas de distribuição de energia elétrica e a concedente é a União (Governo Federal), que delega à ANEEL muitas das tarefas operacionais como regulador, incluindo fiscalização. A concessão tem vigência de 20 anos, terminando em fevereiro de 2016. A Cemig Distribuição manifestou interesse em prorrogar suas concessões que vencem em 2016 (de acordo com a MP 579/2012), por mais 30 anos. 2) Com base nas Notas Explicativas acima apresentadas quais são os riscos e benefícios associados a essa concessão (obrigações e direitos da companhia)? E quanto ao risco da demanda por energia elétrica, quem assume: a concedente (União) ou a concessionária (Cemig Distribuição S.A.)? Sugestão de resposta: Segundo a Nota Explicativa 3, a companhia não possui obrigações de pagamentos compensatórios pela exploração das concessões, mas ela deve atender às exigências de qualidade e investimentos previstas nos contratos. A infraestrutura investida será objeto de indenização doPoder Concedente ao final das concessões. Quem assume o risco de demanda é a própria concessionária, de modo que a receita da companhia depende da demanda por energia elétrica. Como a companhia assume esse risco, ela tem o direito de requerer reajustes anuais nas tarifas, para compensar os efeitos da inflação e repassar alterações nos custos que estejam for a do controle da companhia. Além disso, ela pode solicitar revisões extraordinária das tarifas em caso de eventos que alterem significativamente o equilíbrio econômico-financeiro da concessão, mas sujeita, em certo grau, à discricionariedade da ANEEL. Não há garantia de que a ANEEL estabeleça tarifas que compensarão adequadamente a companhia, e que as receitas e os resultados não serão prejudicados por tais tarifas. O contrato de concessão de distribuição permite que a Companhia cobre uma tarifa pelo fornecimento de energia consistindo em dois componentes: custos com energia elétrica comprada para revenda, encargos de uso da rede básica de transmissão e encargos de uso do sistema de distribuição de energia não gerenciáveis e uma parcela de custos operacionais, além do reajuste da inflação. 3) Caracterize os ativos vinculados à concessão. Por que esses ativos não estão registrados como parte do imobilizado da companhia? Sugestão de resposta: Os ativos relacionados às concessões se referem à infraestrutura investida no processo de distribuição de energia elétrica que será objeto de indenização ao Poder Concedente ao final das concessões. Segundo o item 11 do ICPC 01 (R1), a infraestrutura dentro do alcance “não será registrada como ativo imobilizado do concessionário porque o contrato de concessão não transfere ao concessionário o direito de controlar o uso da infraestrutura de serviços públicos”. 4) Se os ativos relacionados à concessão não podem ser classificados como imobilizado na concessionária, como eles são, então, classificados (reconhecimento inicial e posterior) e qual o critério? Qual a relação desse critério com o risco da demanda? Sugestão de resposta: Os novos ativos são registrados inicialmente no ativo intangível, mensurados pelo custo de aquisição, incluindo os custos de empréstimos capitalizados. Quando da sua entrada em operação são bifurcados entre ativo financeiro e ativo intangível. A parcela dos ativos da concessão que será integralmente utilizada durante a concessão é registrada como um ativo intangível e amortizada integralmente durante o período de vigência do contrato de concessão, pois a concessionária assume os riscos pela demanda. A parcela do valor dos ativos que será indenizada no final do contrato, por ser um direito incondicional de receber caixa ou outro ativo financeiro diretamente do poder concedente, não estará integralmente amortizada até o final da concessão. Neste caso, o risco da demanda é assumido pela concedente, portanto, é registrada como um ativo financeiro pela concessionária. 5) Quais os critérios precisam ser atendidos para a classificação dos ativos financeiros na questão anterior segundo o ICPC 01/IFRIC 12? Justifique. Sugestão de resposta: Não, os ativos financeiros da CEMIG não representam um direito incondicional de receber caixa porque o risco da demanda é assumido totalmente pela CEMIG. 6) Suponha que parte dos ativos da concessão seja fornecida pela concedente como parte da remuneração a ser paga pela concedente. Neste caso, estes ativos se constituíram como subvenções governamentais? Sugestão de resposta: De acordo com o item 27 do ICPC 01 (R1), nesse caso, eles não se constituem como subvenções governamentais conforme definido no CPC 07 – Subvenção e Assistência Governamentais. Portanto, “esses outros ativos devem ser registrados como ativos do concessionário, avaliados pelo valor justo no seu reconhecimento inicial. O concessionário deve registrar um passivo relativo a obrigações não cumpridas que ele tenha assumido em troca desses outros ativos”. 7) Que tratamento contábil recebem os empréstimos e financiamentos obtidos para investimentos na infraestrutura objeto dos contratos de concessão? Sugestão de resposta: Os custos de empréstimos são capitalizados inicialmente como ativos intangíveis e, assim como os demais custos, quando da entrada do ativo em operação, são bifurcados entre ativo financeiro e ativo intangível. 8) Dadas as obrigações contratuais de manutenção da infraestrutura e melhoria na qualidade, os bens vinculados a concessão podem ser repostos várias vezes durante o prazo de concessão. Como deve ser efetuado o reconhecimento dos gastos relativos a essas obrigações? Qual o procedimento feito pela Cemig Distribuição S.A.? Sugestão de resposta: Quando o concessionário constrói ou melhora a infraestrutura é considerado como serviços de construção ou de melhoria. Neste caso, deve ser reconhecida a receita de construção juntamente com a despesa de construção. O reconhecimento da receita é realizado nos períodos contábeis em que os serviços forem prestados, sendo confrontados com suas respectivas despesas. Como visto nas Notas Explicativas número 20 e 21, este é o procedimento feito pela companhia, que registra a receita e despesa de construção no mesmo valor (R$ 1.228.483,00). 9) Conforme pode ser verificado no gráfico a seguir, as alterações impostas pela MEDIDA PROVISÓRIA No 579 (LEI FEDERAL No 12.783) divulgadas no dia 11/09/2012, impactaram substancialmente – e negativamente – a percepção do Mercado em relação à performance futura das empresas do segmento e, de forma relevante, as ações da CEMIG (CMIG4 – PN): A CEMIG possui em sua estrutura societária, como subsidiárias integrais – dentre outras investidas – a Cemig Geração e Transmissão S.A., e a Cemig Distribuição S.A.. Tratam-se de investimentos relevantes dentro do grupo e fatores que impactam os negócios das subsidiárias são fortemente refletidos no grupo e, portanto, nas suas ações negociadas em bolsa. Para complementar o entendimento do impacto desta Medida provisória no grupo, considere as notas explicativas divulgadas nas informações consolidadas da Companhia Energética de Minas Gerais, controladora da Cemig D: NOTA EXPLICATIVA 4. DAS CONCESSÕES E OS EFEITOS DA MEDIDA PROVISÓRIA N° 579 DE 11 DE SETEMBRO DE 2012 (CONVERTIDA NA LEI DE N° 12.783 DE 11 DE JANEIRO DE 2013) […] Dessa forma, o Conselho de Administração da Companhia decidiu pelas seguintes deliberações no que se refere à renovação das concessões em conformidade aos termos da MP 579: Distribuição de energia elétrica A Companhia requereu a renovação de todos os contratos de concessão de distribuição no Estado de Minas Gerais […] Considerando que as concessões da Light possuem vencimentos apenas após 2026, as regras introduzidas pela MP 579 não afetam a Companhia neste momento, e nenhum impacto relevante a ser reconhecido foi identificado. Transmissão de energia elétrica A Companhia requereu a renovação do contrato de concessão No 006/97 – Cemig, referente às instalações de transmissão sob a sua responsabilidade classificadas como integrantes da Rede Básica no Estado de Minas Gerais, de acordo com a Lei no 9.074/95 e regulamentação pertinente. O valor contábil dos ativos financeiros referentes ao contrato 006/97 correspondiam ao montante de R$635.209. A indenização prevista na Portaria Interministerial MME n° 580 para os ativos de transmissão da Companhia posteriores a junho de 2000 é de R$285.438, não sendo ainda divulgado, conforme comentário anterior, o valor da indenização para os ativos de transmissão anteriores a junho de 2000. Tendo em vista que a Companhia, em conformidade aos critérios previstos na MP 579, tem direito a indenização do total dos ativos ainda não depreciados e ainda não foi divulgado pela Aneel o valor efetivo da indenização, a Companhia estimou os valores da indenização, utilizando comoreferência a Nota Técnica da Aneel no 387/2012, onde são apresentados estudos para definição do VNR das instalações de transmissão, sendo estimada a indenização total da Cemig em R$827.519. A diferença entre os valores contábeis e o valor estimado de indenização foi registrada pela Companhia como um ganho no resultado do exercício de 2012, no valor de R$192.310. […] NOTA EXPLICATIVA 16 Em 11 de setembro de 2012 foi editada a Medida Provisória 579, que trata das renovações das concessões. O Processo de Revisão Tarifária da controlada Cemig D ocorre a cada 5 anos, através de um processo de avaliação econômica, no qual são definidas as tarifas das concessões de distribuição da companhia no Estado de Minas Gerais. Dentro do processo de revisão tarifária é definida a Base Regulatória de Remuneração (“BRR”) relacionada aos ativos vinculados às concessões. Em 11 de março de 2013, a Superintendência de Fiscalização Econômico Financeira (SFF) da ANEEL, através do Despacho n° 689, divulgou a BRR preliminar da Cemig D, no 144 montante de R$5.111.837. Logo após a divulgação da BRR preliminar, a Administração iniciou discussões com a ANEEL com o intuito de demonstrar tecnicamente a esta Agência a necessidade de que referido montante fosse revisado. Considerando que o valor informado de forma preliminar pela ANEEL deveria ser modificado e que, na opinião da Administração, este era significativamente inferior ao valor pelo qual deveria ser feita sua homologação, a Administração não possuía elementos suficientes para determinar se haveria a necessidade de ajustes nas demonstrações financeiras de 31 de dezembro de 2012 da Cemig D, originalmente arquivadas em 28 de março de 2013. Em 5 de abril de 2013, em reunião da Diretoria da ANEEL, foi homologada a BRR revisada da Cemig D, no montante de R$5.511.768, superior em R$399.931 à BRR preliminarmente divulgada. A companhia ainda aguarda o julgamento do primeiro recurso interposto junto à ANEEL, no qual manifesta sua discordância quanto a determinados critérios e valores adotados pela ANEEL na definição da BRR preliminar informada e que ainda não foi apreciado pela ANEEL. Adicionalmente, a companhia interporá novo recurso à ANEEL questionando certos critérios e valores da BRR que foram definidos em 5 de abril de 2013, uma vez que os montantes considerados na BRR revisada divulgada, relacionados principalmente aos gastos efetuados pela companhia com o Programa Luz para Todos (“Programa Luz para Todos” ou “PLPT”) ainda são substancialmente inferiores aos efetivamente incorridos na execução deste programa. A Administração mantém sua expectativa de que, quando da apreciação desses recursos pela ANEEL, sejam revistos critérios e valores definidos por esta Agência para a BRR, o que resultará num montante superior ao recentemente apresentado. Tendo em vista o mencionado no parágrafo anterior, a Administração refez os cálculos dos impactos desta nova BRR na composição dos ativos financeiros e intangíveis de suas concessões e concluiu, com base em suas melhores estimativas, que não são necessários ajustes nos saldos dessas contas apresentados nas demonstrações financeiras da Companhia em 31 de dezembro de 2012. PARECER DOS AUDITORES INDEPENDENTES O parecer dos auditores independentes (Deloitte), apesar de sem ressalvas, conta com algumas ênfases. Dentre elas, consta: a) Conforme descrito nas notas explicativas no. 2.6(i) e 13, os bens do imobilizado da atividade de geração de energia elétrica no regime de produção independente são depreciados pelo seu prazo estimado de vida útil e os ativos financeiros relacionados às atividades de distribuição de gás natural foram determinados pela Administração assumindo indenização do respectivo poder concedente, considerando-se os fatos e circunstâncias que estão mencionados nas referidas notas. À medida que novas informações ou decisões dos órgãos reguladores ou dos poderes concedentes sejam conhecidas, o atual prazo de depreciação dos ativos imobilizados ou a forma de realização do ativo financeiro poderão ou não ser alterados. Nossa opinião não contém ressalva relacionada a esse assunto. Dado o contexto das disposições desta nova Medida Provisória, responda: a) Até o momento de divulgação destas informações, de acordo com o disposto nas notas explicativas, houve impactos relevantes nos demonstrativos da empresa (Cemig D) e seu resultado? De que forma? No caso da Cemig Distribuição, a empresa considerou que não deveriam ser incorporados aos demonstrativos da empresa em 2012 os reflexos de tal Medida Provisória, como pode ser verificado no comentário na nota explicativa 12: “Companhia entende que os números divulgados pela SFF ainda são provisórios e foi divulgado por um montante substancialmente inferior às suas expectativas e, por esta razão está em discussão com a Agência dos valores a serem homologados. Dessa forma, ainda não é possível estimar os valores definitivos da BRR a serem homologados pela Diretoria da Aneel e que servirão de base para a definição das tarifas a vigorarem a partir de 8 de abril de 2013, bem como os seus impactos nas demonstrações financeiras da Companhia. Assim que a Companhia obtiver os valores definitivos da BRR, efetuará os registros nas Demonstrações Financeiras dos eventuais impactos.” No entanto, é interessante mencionar a discordância dos auditores independentes em relação a esta prática, ao ressalvarem os demonstrativos a empresa por indicarem não ser possível avaliar a composição destes itens. b) E no caso do Grupo como um todo, quais as considerações pertinentes? Até o momento de divulgação das demonstrações contábeis, apesar de os efeitos da MP terem sido sentidos e incorporados ao valor da empresa pelo Mercado, isto não refletiu de forma significativa nos demonstrativos financeiros da empresa. No que se refere à distribuição, por exemplo, a nota explicativa N.4 (Cemig S.A.) indica: “Considerando que as concessões da Light possuem vencimentos apenas após 2026, as regras introduzidas pela MP 579 não afetam a Companhia neste momento, e nenhum impacto relevante a ser reconhecido foi identificado.” No caso da transmissão de energia elétrica, como está indicado na mesma nota explicativa, o valor da indenização proposto na MP supera o valor contábil reconhecido. Desta forma, a empresa reconheceu nesta atividade um ganho, conforme descrito: “A diferença entre os valores contábeis e o valor estimado de indenização foi registrado pela Companhia como um ganho no resultado do exercício de 2012, no valor de R$192.310.” A respeito da controlada Cemig Distribuição, na nota explicativa 16, a empresa esclarece que não foram incorporados aos demonstrativos de 2012 maiores detalhes a respeito dos ativos da Cemig Distribuição por falta de informações suficientes para ajustar os demonstrativos, bem como por haver discordância em relação a alguns termos propostos pela ANEEL em relação à revisão tarifária. Desta forma, optou-se por não impactar, por hora, os demonstrativos da empresa. Esta decisão foi suportada pelos auditores independentes, ao apenas colocarem uma ênfase no assunto, indicando, no entanto, que estavam de acordo com os procedimentos contábeis adotados. Nota-se que este parecer, apesar de ser do mesmo auditor Deloitte, não foi ressalvado, enquanto o parecer da controlada (Cemig D), foi ressalvado. c) Na nota explicativa 16 (publicada pela empresa Cemig controladora) a empresa esclarece que está aguardando julgamento em relação a aspectos em que ela manifestou discordância junto à ANEEL. Supondo que o resultado do julgamento seja desfavorável à empresa, qual o potencial impacto que isso trará aos seus resultados e por quê? (Atenção: não é necessário responder quantitativamente, e sim apenas qualitativamente). Havendo uma resposta desfavorável à empresa quanto à definição da BRR(Base Regulatória de Remuneração) isso irá impactar o fluxo de caixa futuro a ser recebido pela empresa, negativamente. Desta forma, a Cemig D teria uma perda – em relação ao que havia sido anteriormente estimado – em relação aos ativos da concessão. Assim, isto impactaria negativamente os Ativos Financeiros e Intangíveis vinculados à concessão, que posteriormente registrariam uma perda para refletir esta revisão tarifária inferior àquela demandada pela empresa junto ao órgão regulador. Capítulo 7 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada 1)- Considerando a decisão de descontinuidade das operações ligadas à produção e comercialização de biodiesel realizada no ano de 2012, qual a obrigação de divulgação a que a empresa está submetida, em relação as operações descontinuadas? A entidade cumpriu a obrigação? Em caso afirmativo, qual foi o valor transferido para operações descontinuadas de cada um dos seguintes itens da DRE: Receita líquida de vendas. Custo dos Produtos Vendidos. Resultado do exercício. Resposta: De acordo com o item 34 do CPC31, a entidade deve divulgar novamente as evidenciações do item 33 para períodos anteriores apresentados nas demonstrações contábeis, de forma que as divulgações se relacionem com todas as operações que tenham sido descontinuadas à data do balanço do último período apresentado. A empresa atendeu esta obrigação quando apresentou em nota explicativa – item 2.1 – Base de apresentação das demonstrações financeiras – da reapresentação das cifras comparativas por (b) – Operações descontinuadas, na qual são apresentados os requisitos descritos no item 33 de forma retrospectiva ao ano de 2011, em função da decisão de descontinuidade das operações de biodiesel realizada no ano de 2012. Retrospectivamente, o ano de 2011 sofreu impacto na DRE (reapresentada para fins de comparabilidade), em diversos itens, relacionados aos resultados da operação de biodiesel, os resultados solicitados são os seguintes: Receita líquida de vendas: R$ 567.649 – este valor refere-se a receita da operação de biodiesel que está em processo de descontinuidade; Custo dos Produtos Vendidos: R$ 555.172 – este valor se refere aos custos dos produtos vendidos relativos a operação de biodiesel, que está em processo de descontinuidade; Resultado do exercício: R$ 0 - não existe diferença no lucro líquido do ano de 2011, a informação retrospectiva apenas realoca os valores das operações descontinuadas para apenas 01 (uma) linha na DRE, retirando das demais e deixando apenas os valores relativos às operações em continuidade. 2) Para a resolução das questões descritas subsequentemente, utilize as informações descritas na nota explicativa 32 (as questões referem-se exclusivamente às informações de operações descontinuadas): a) Qual o valor do resultado das operações descontinuadas do exercício de 2012? Resposta: Controladora 2012 = (R$ 74.813) Consolidado 2012 = (R$ 74.813) b) Qual o valor da receita líquida de vendas do exercício de 2012 relativa a operações descontinuadas? Resposta: Controladora 2012 = R$ 94.141 Consolidado 2012 = R$ 94.141 O valor da receita líquida de vendas se refere às operações com biodiesel que foram consideradas em processo de descontinuidade no ano de 2012. As informações estão descritas na NE32.3 – Descontinuidade das operações com Biodiesel. c) O Resultado das operações descontinuadas do exercício de 2011 apresentado individualmente é compatível com o demonstrado no resumo geral? Existe algum item de valor relevante que não possui explicação nas notas? Resposta: Resultado das operações descontinuadas de 2011 Controladora 2011 = (R$ 69.942) Consolidado 2011 = (R$ 69.942) Estes resultados provêm das seguintes operações: Item 32.1. – Alienação da fábrica de óleo = R$ 1.716 (lucro) Item 32.2. – Alienação das participações na Tropical Bioenergia S.A. = R$ 26.393 (lucro) + Resultada de Equivalência Patrimonial = R$ 6.057 (lucro) Item 32.3. – Descontinuidade das operações de Biodiesel = (R$ 7.488) (prejuízo) Saldo do resultado de 2011 = R$ 26.678 (lucro) Resultado apresentado na NE32 = (R$ 69.942) (prejuízo) Diferença apurada = (R$ 96.620) A diferença apurada é verificada no corpo da nota explicativa 32: -Realização de ágio na venda da participação na Tropical = (R$ 96.620) O valor de (R$ 96.620) referente a realização de ágio na venda da participação na Tropical não possui explicação adicional. d) Considere que não existam informações adicionais para o valor de R$ 96.620 evidenciado como realização do ágio na venda da participação na Tropical (NE32). Qual seria uma justificativa para este valor estar presente nos resultados das operações descontinuadas? Resposta: Como já informado na questão anterior o valor de (R$ 96.620) relativos a realização do ágio na venda da participação na Tropical não possui informação adicional nas notas explicativas de 2012. O resultado impactou os demonstrativos de 2011, entretanto, em razão da necessidade de comparabilidade, as informações deste ano deveriam ser apresentadas de forma completa, pois o resultado é apresentado juntamente com o de 2012. O leitor das DF não possui informação complementar sobre a origem deste valor. Este valor se refere ao ágio pago na aquisição da Tropical, o qual está sendo baixado no momento da alienação. Desta forma podemos afirmar que o mesmo se refira a ágio por rentabilidade futura (goodwill) e que, neste momento está gerando uma baixa por ocasião da venda do investimento. 3) A entidade está cumprindo as obrigações de divulgação constantes no item 33 do CPC31? Resposta: O item 33 do CPC31 determina que a empresa deve evidenciar os seguintes itens: (a) um montante único na demonstração do resultado compreendendo: (i) o resultado total após o imposto de renda das operações descontinuadas; e (ii) os ganhos ou as perdas após o imposto de renda reconhecidos na mensuração pelo valor justo menos as despesas de venda ou na baixa de ativos ou de grupo de ativos(s) mantidos para venda que constituam a operação descontinuada. Informações apresentadas na demonstração de resultado do exercício: (b) análise da quantia única referida na alínea (a) com: (i) as receitas, as despesas e o resultado antes dos tributos das operações descontinuadas; (ii) as despesas com os tributos sobre o lucro relacionadas conforme exigido pelo item 81(h) do Pronunciamento Técnico CPC 32 – Tributos sobre o Lucro; (iii) os ganhos ou as perdas reconhecidas na mensuração pelo valor justo menos as despesas de venda ou na alienação de ativos ou de grupo de ativos mantidos para venda que constitua a operação descontinuada; e (iv) as despesas de imposto de renda relacionadas conforme exigido pelo item 81(h) do Pronunciamento Técnico CPC 32 - Tributos sobre o Lucro. A análise pode ser apresentada nas notas explicativas ou na demonstração do resultado. Se for na demonstração do resultado, deve ser apresentada em seção identificada e que esteja relacionada com as operações descontinuadas, isto é, separadamente das operações em continuidade. A análise não é exigida para grupos de ativos mantidos para venda que sejam controladas recém-adquiridas que satisfaçam aos critérios de classificação como destinadas à venda no momento da aquisição (ver item 11). Informações apresentadas na nota explicativa 32.2: (a) os fluxos de caixa líquidos atribuíveis às atividades operacionais, de investimento e de financiamento das operações descontinuadas. Essas evidenciações podem ser apresentadas nas notas explicativas ou nos quadros das demonstrações contábeis. Essas evidenciações não são exigidas para gruposde ativos mantidos para venda que sejam controladas recém-adquiridas que satisfaçam aos critérios de classificação como destinadas à venda no momento da aquisição (ver item 11); Informações apresentadas na nota explicativa 32.4 (a) o montante do resultado das operações continuadas e o das operações descontinuadas atribuível aos acionistas controladores. Essa evidenciação pode ser apresentada alternativamente em notas explicativas que tratam do resultado. APRESENTADO NA DEMONTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO Cabe salientar aqui que a empresa não possui acionistas não controladores, desta forma a obrigatoriedade descrita no item (d) não se faz necessária, mesmo assim a empresa apresenta o resultado de forma clara para os acionistas. A empresa está cumprindo o que determina o item 33 do CPC31 com as notas explicativas apresentadas, especificamente a nota 32 e a DRE. Capítulo 8 - Pagamento Baseado em Ações I - Conceituação 1) Uma entidade pode fazer um pagamento baseado em ações a uma contraparte em troca da aquisição ou do recebimento de produtos ou serviços. Qual é a contraparte da Grendene e quais produtos ou serviços ela oferece? Quais instrumentos patrimoniais a Grendene fornece em troca desses produtos ou serviços? Sugestão de resposta: A contraparte da Grendene é composta pelos seus executivos, dos níveis de Administração, Diretoria e Gerência, que oferecem serviços de administração, direção e gestão. A Grendene, em troca desses serviços, fornece um pagamento baseado em ações liquidado com instrumentos patrimoniais. Os instrumentos são: opções de compra ações.. 2) Em quais datas (dia, mês e ano) a Grendene outorgou à sua contraparte os instrumentos patrimoniais em troca dos produtos ou serviços que recebeu ou que pretende receber? Como se denominam e a que se referem essas datas? Sugestão de resposta: A Grendene outorgou opções de compra ou subscrição de ações nas seguintes datas: 25 de abril de 2008, 05 de março de 2009, 04 de março de 2010, 24 de fevereiro de 2011 e 1° de março de 2012. Essas datas denominam-se datas da outorga e referem-se à data em que a Grendene conferiu a seus executivos o direito de receber opções de compra ou subscrição das suas ações, desde que as condições de aquisição de direito especificadas sejam cumpridas. Nessas datas, detalhadamente, o Conselho de Administração da Grendene, determinou os beneficiários, estabeleceu o número de ações que poderiam ser adquiridas com o exercício de cada opção, o preço de exercício de cada opção, as condições de seu pagamento, os prazos e as condições de exercício de cada opção. Como a contraparte da Grendene são seus executivos, essas datas também são as datas da mensuração, ou seja, a data na qual o valor justo dos instrumentos patrimoniais outorgados é mensurado. 3) A Grendene impõe condições de aquisição de direito (vesting conditions) determinando que o direito aos instrumentos patrimoniais outorgados não é imediatamente adquirido pela sua contraparte. Essas condições de aquisição impostas pela Grendene classificam-se como condições de desempenho, como condições de serviço ou como ambas? Sugestão de resposta: A Grendene impõe condições de aquisição classificadas como condições de serviço, já que exige que seus executivos completem um período de tempo especificado na prestação dos serviços para que tenham direito a receber as opções de compra ou subscrição de ações. Especificamente, a Grendene impõe a condição de prestação dos serviços de até 3 anos (contados a partir da data de outorga), liberando 33% das opções no primeiro aniversário, 66% no segundo aniversário e 100% no terceiro aniversário. A Grendene não impõe condições de aquisição classificadas como condições de desempenho, pois não exige que seus executivos alcancem metas especificadas de desempenho (como, por exemplo, um aumento nos lucros ao longo de um período de tempo especificado). Vale destacar que as análises realizadas pela Grendene do lucro obtido no exercício anterior, da evolução do EBIT e da participação no total das exportações brasileiras de calçados ocorrem antes de as opções serem outorgadas, para determinar sua quantidade, e, portanto, não caracterizam exigência aos executivos de atendimento de determinado desempenho. II - Reconhecimento 4) Em que momento a Grendene deve reconhecer os produtos ou os serviços recebidos ou adquiridos em troca dos instrumentos patrimoniais outorgados? Qual deve ser a contabilização correspondente? Qual foi o valor contabilizado pela Grendene em 2012 e em 2011? Sugestão de resposta: A Grendene deve reconhecer os serviços na medida em que os recebe e, como os executivos não adquirem imediatamente as opções de compra ou subscrição de ações outorgadas, deve presumir que esses serviços serão recebidos no futuro, ao longo do período de aquisição de direito (vesting period). Especificamente, a Grendene deve reconhecer os serviços dos seus executivos na medida em que os mesmos são recebidos ao longo dos três anos estabelecidos como período de aquisição de direito. Por exemplo, no primeiro aniversário, a partir da data de outorga, o serviço correspondente às opções já exercíveis (33%) deve estar integralmente reconhecido, enquanto o serviço correspondente às opções ainda não exercíveis (66%) deve ser reconhecido ao longo de todo o período de aquisição (um terço para cada um dos três anos). Os serviços recebidos pela Grendene, em troca das opções de compra ou subscrição de ações, não se qualificam como ativos, e, portanto, devem ser reconhecidos como despesa. Em contrapartida à despesa deve haver um correspondente aumento no patrimônio líquido. Cumpre ressaltar que o CPC 10 (R1) determina que as transações com pagamento baseadas em ações liquidadas com instrumentos patrimoniais devem ser contabilizadas no patrimônio líquido, mas não define em que componente específico. Contudo, considerando que o patrimônio líquido, conforme a Lei das S.A,divide-se em capital social, reserva de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucro, ações em tesouraria e prejuízos acumulados, observa-se tendência de as entidades Brasileiras de contabilizarem as despesas de transações com pagamento baseadas em ações em contrapartida à reserva de capital. Na nota explicativa 20, a Grendene revela que a despesa reconhecida de remuneração por meio de opções de compra ou subscrição de ações foi de R$1.636 mil em 2012 e de R$1.615 mil em 2011. Destaca-se que, nesta mesma Nota Explicativa, a Grendene confirma que o reconhecimento dos serviços ocorre ao longo dos três anos do período de aquisição de direito e envolve um débito de despesa em contrapartida a um crédito no patrimônio líquido: “o valor justo das opções concedidas durante o período de serviço exigido pelo plano é reconhecido como despesa, em base linear, em contrapartida de Reserva de Capital”. 5) A Grendene, por impor condições de aquisição de direito (vesting conditions) aos instrumentos patrimoniais outorgados, não tem, no momento da outorga, conhecimento exato da quantidade de instrumentos patrimoniais que terão os direitos adquiridos. Diante dessa incerteza, a Grendene deve ou não reconhecer o montante relativo aos produtos ou serviços recebidos durante o período de aquisição de direito (vesting period)? Caso a resposta seja afirmativa, de que forma deve ser o reconhecimento? Sugestão de resposta: A Grendene deve reconhecer o montante relativo aos serviços recebidos dos executivos durante o período de aquisição de direito (vesting period). Para tanto, ela deve basear-se na melhor estimativa disponível sobre a quantidade de opções de compra ou subscrição de ações das quais se espera a aquisição de direito (expected to vest). Deve ainda revisar tal estimativa sempre que informações subsequentes indicarem que o número esperado de opçõesque irão proporcionar a aquisição de direito será diferente da estimativa anterior. Na data da aquisição do direito (vesting date), a Grendene deve revisar a estimativa de forma a igualar o número de instrumentos patrimoniais que efetivamente proporcionaram a aquisição de direito (ultimately vested). 6) O Conselho de Administração da Grendene pode aplicar um desconto de até 50% na base usada para designar o preço de exercício dos instrumentos patrimoniais outorgados. A redução do preço de exercício aumenta o valor justo desses instrumentos patrimoniais e implica em uma modificação. Explique como a Grendene deve reconhecer essa eventual modificação do preço de exercício supondo dois cenários: (i) decisão de conceder um desconto de 50% durante o período de aquisição de direito e (ii) decisão de conceder um desconto de 50% após a data da aquisição de direito. Sugestão de resposta: Cenário (i): Se, durante o período de aquisição de direito, a Grendene aplicar um desconto de 50% sobre a média da cotação da ação para alterar o preço de exercício da opção, o valor justo incremental outorgado deve ser incluído na mensuração do montante reconhecido pelos serviços. Essa inclusão deve ocorrer para o período a partir da data da modificação até a data em que as opções de compra ou subscrição de ações modificadas tenham seu direito adquirido (vest), adicionalmente ao montante baseado no valor justo na data da outorga. Cenário (ii): Se, após a data de aquisição de direito, a Grendene aplicar um desconto de 50% sobre a média da cotação da ação para alterar o preço de exercício da opção, o valor justo incremental outorgado deve ser reconhecido imediatamente. Se o executivo for obrigado a concluir um período de serviço adicional antes de ter direito incondicional a essas opções modificadas, o valor justo incremental outorgado deve ser reconhecido ao longo do período de aquisição de direito. 7) Além da alteração do preço de exercício, há algumas outras situações em que os direitos conferidos em relação aos instrumentos patrimoniais outorgados podem ser modificados. O que a Grendene deve reconhecer no caso de modificações por (i) desligamento por aposentadoria ou invalidez permanente; e por (ii) desligamento por falecimento da sua contraparte? Sugestão de resposta: No caso de desligamento por (i) aposentadoria ou invalidez permanente e (ii) falecimento da contraparte, a Grendene elimina a condição de serviço e as opções não exercíveis passam a ser automaticamente exercíveis. Assim, a Grendene deve revisar a estimativa do número esperado de instrumentos patrimoniais que terão a aquisição de direito e reconhecer imediatamente como serviços recebidos o montante que somente seria reconhecido ao longo do período de aquisição de direito. 8) Pode-se constatar, principalmente ao analisar a Tabela 2, que parcela do direito aos instrumentos patrimoniais outorgados pela Grendene poderá ser expirada se não for exercida até o prazo final designado. Após o reconhecimento inicial dos produtos e serviços recebidos, como a Grendene deverá reconhecer a parcela dos instrumentos patrimoniais outorgados que foi expirada por não ter sido exercida dentro do prazo designado? Sugestão de resposta: A Grendene não deve fazer nenhum ajuste depois de ter reconhecido a despesa dos serviços recebidos e o correspondente aumento no patrimônio líquido. O montante reconhecido como despesa, relativo aos serviços recebidos dos executivos, não deve ser subsequentemente revertido mesmo que as opções não sejam exercidas e expirem. Contudo, a Grendene não deve deixar de promover a transferência dentro do patrimônio líquido, ou seja, de transferir tais direitos da reserva de capital (opções outorgadas) para lucros acumulados e daí para a sua destinação pertinente. III - Mensuração 9) A Grendene mensura o valor justo dos produtos ou serviços recebidos em troca da outorga de instrumentos patrimoniais de forma direta (valor justo dos produtos ou serviços) ou de forma indireta (valor justo dos instrumentos patrimoniais outorgados)? Qual motivo pode ser extraído do CPC 10 (R1) para corroborar a escolha da forma de mensuração da Grendene? Sugestão de resposta: A Grendene mensura o valor justo dos serviços dos seus executivos de forma indireta, tomando como base o valor justo das opções outorgadas. O CPC 10, no seu parágrafo 11, realça que em transações com empregados, a entidade deve mensurar o valor justo dos serviços recebidos tomando como base o valor justo dos instrumentos patrimoniais outorgados, pois normalmente não consegue estimar com confiabilidade o valor justo dos serviços recebidos. Essa falta de confiabilidade deriva do fato que os instrumentos patrimoniais outorgados fazem parte do pacote de remuneração, adicionalmente aos salários e outros benefícios. Normalmente, não é possível mensurar, de forma direta, os serviços recebidos por componentes específicos do pacote de remuneração dos empregados. Pode não ser possível também mensurar o valor justo do pacote de remuneração como um todo de modo independente, sem se mensurar diretamente o valor justo dos instrumentos patrimoniais outorgados. Ademais, as opções de compra ou subscrição de ações são, por vezes, outorgadas como parte de acordo de pagamento de bônus, em vez de serem outorgadas como parte da remuneração básica dos empregados. Tratam-se, portanto, de incentivos para que os empregados permaneçam nos quadros da entidade ou para premiar seus esforços na melhoria do desempenho da entidade. 10) Em qual data a Grendene deve mensurar o valor justo dos produtos ou serviços recebidos em troca da outorga dos seus instrumentos patrimoniais? Quais foram os fatores considerados pela Grendene para determinar esse valor justo? Sugestão de resposta: A Grendene deve mensurar o valor justo dos serviços dos seus executivos (de forma indireta, com base no valor justo das opções outorgadas) na data da outorga, também correspondente à data da mensuração. Como não há preços de mercado disponíveis para as opções outorgadas, a Grendene utiliza técnica de avaliação para estimar a que preço elas poderiam ser negociados, na data da mensuração, em uma transação sem favorecimentos, entre partes conhecedoras do assunto e dispostas a negociar. A Grendene usa o modelo de precificação de opções Black-Scholes, que tal como outros modelos de precificação de opções, leva em consideração, os seguintes fatores: (i) o preço de exercício da opção; (ii) a vida da opção (maturidade máxima e maturidade média); (iii) o preço corrente das ações subjacentes (valor justo na data da concessão); (iv) a volatilidade esperada do preço da ação (com base na oscilação média histórica dos últimos 18 meses anteriores à data de outorga); (v) os dividendos esperados sobre as ações (com base na média de pagamentos de dividendos por ação em relação ao valor de mercado das ações nos últimos 12 meses); e (vi) a taxa de juros livre de risco para a vida da opção (taxa média projetada da Selic, divulgada pelo Banco Central). 11) A outorga dos instrumentos patrimoniais da Grendene se sujeita ao cumprimento de condições de aquisição de direito (vesting conditions). De que forma essas condições de aquisição devem ser consideradas pela Grendene para a estimativa do valor justo dos produtos ou serviços recebidos em troca da outorga dos seus instrumentos patrimoniais? Sugestão de resposta: As condições de aquisição da Grendene devem ser consideradas no ajuste da quantidade de opções, de tal forma que o montante reconhecido dos produtos ou serviços seja estimado com base no número de opções de compra ou subscrição de ações para os quais o direito seja eventualmente adquirido (eventually vest). Cumpre ressaltar que as condições de aquisição da Grendene são condições de serviço (não são condições de mercado) e, portanto, não devem ser levadas em contaquando da estimativa do valor justo das opções (apenas da sua quantidade). IV - Divulgação 12) O CPC 10 define que, dentre outras divulgações, uma entidade com transações de pagamento baseado em ações deve divulgar a quantidade e o preço médio ponderado de exercício das opções de ações para cada um dos seguintes grupos: (i) em circulação no início do período; (ii) outorgadas durante o período; (iii) com direito prescrito durante o período; (iv) exercidas durante o período; (v) expiradas durante o período; (vi) em circulação no final do período; e (vii) exercíveis no final do período. Se essas informações forem aplicáveis a Grendene, informe se elas foram divulgadas, em qual nota explicativa e quais foram suas quantidades e preços médios. Sugestão de resposta: Tais informações são aplicáveis a Grendene e são divulgadas ao longo da nota 20. Algumas informações são divulgadas de maneira explícita e outras de modo não tão explícito, de forma que tornam necessária a articulação de dados dispostos em distintas tabelas. Nota explicativa Quantidade Preço médio (R$) Opções de ações em circulação no início do período 20 3.137.051 7,29/4,12/9,16/9,76 (preços das ações nas datas da outorga de 2008, 2009, 2010 e 2011) Opções de ações outorgadas durante o período 20 326.847 3,92 Opções de ações com direito prescrito durante o período 20 - * Expirações a partir de 2014 Opções de ações exercidas durante o período 20 310.000 4,74 Opções de ações expiradas durante o período 20 148.563 7,29/9,16/9,76/3,92 (preço das ações canceladas durante 2012) Opções de ações em circulação no final do período 20 3.005.335 7,29/4,12/9,16/9,76/3,92 (preços das ações nas datas da outorga de 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012) Opções de ações exercíveis no final do período 20 1.407.027 7,29/4,12/9,16/9,76 (preços das ações nas datas da outorga de 2008, 2009, 2010 e 2011) Capítulo 9 – Conversão Moeda Funcional 1) Qual é a moeda funcional da BRF? Por que? As Demonstrações Financeiras da BRF S.A. devem ser preparadas em Real, pois essa é a moeda da economia mais influente na sua atuação. 2) Quais as moedas funcionais adotadas pelas subsidiárias da BRF? Que motivos poderiam justificar essa escolha? As subsidiárias argentias Avex S.A., Grupo Dánica e Quickfood S.A. adotam o Peso Argentino ("ARS") e a subsidiária holandesa Plusfood Groep B.V. adota o Euro. As demais adotam o Real. Provavelmente, todas as subsidiárias estrangeiras que adotam o real, mesmo que localizadas em países estrangeiros, tem suas receitas e custos definidos em real, ou até mesmo a sua captação de recursos é principalmente em reais. Já a Avex S.A., Grupo Dánica e Quickfood S.A. devem ter sua movimentação econômica e financeira majoritariamente na Argentina. E a Plusfood Groep B.V. deve atuar majoritariamente na União Europeia. Apresentação de Transações em Moeda Estrangeira 1) Considere a subsidiária holandesa Plusfood Groep B.V., cuja moeda funcional é o Euro (“EUR”). Para realizar a consolidação das demonstrações financeiras a BRF necessita realizar a conversão das Demonstrações Contábeis da Plusfood Groep B.V. As taxas de câmbio em Reais foram as seguintes: Considerando que A BRF S.A adquiriu 100% das ações da Plusfood Groep em 02/01/2008 por 31 milhões de euros convertido a taxa de R$ 1,46 (R$ 45.260 milhões de reais); e que as receitas e despesas de venda tiveram comportamento homogêneo. Abaixo apresenta-se os demonstrativos contábeis da subsidiária (dados simulados): Pede-se: a) Realize a conversão dos demonstrativos contábeis da susbsidiária Plusfood Groep B.V. para o Real (Balanço e DRE de 2011 e 2012). Para 2011: Primeiramente realizou-se a conversão da DRE, para tanto utilizou-se a taxa média cambial do Euro em Reais em 31.12.2011 que é de 2,3278. Os valores apresentados na DRE em Euro são multiplicados pela taxa de R$ 2,3278 com isso obtem-se os valores da DRE em Reais. 31.12.2012 31.12.2011 Receita líquida 2.648.934 2.321.037 Custo dos produtos vendidos -2.251.816 -1.860.362 Lucro Bruto 397.117 460.675 Despesas Operacionais Vendas -264.650 -292.223 Gerais e Administrativas -43.920 -43.452 Lucro antes do Resultado Financeiro 88.547 125.000 Despesas financeiras -117.136 -219.424 Receitas financeiras 36.333 147.474 Lucro antes do IR e CS 7.744 53.050 Imposto de Renda e Contrib. Social -133 -46 Lucro líquido do Exercício 7.611 53.004 Demonstração de Resultados (Valores Expressos em Milhares de €) Ativo 31.12.2012 31.12.2011 Passivo 31.12.2012 31.12.2011 Circulante Circulante Caixa e equivalentes de caixa 14.157 12.779 Empréstimos e financiamentos Contas a receber 1.255.689 1.217.445 Fornecedores 1.206.050 996.030 Estoques 224.260 266.060 Salários e obrigações sociais 91.020 86.540 Outros direitos 29.260 35.126 Obrigações tributárias 17.070 12.146 Não Circulante Não Circulante Aplicações financeiras 4.378.863 1.838.834 Empréstimos e financiamentos 12.500 9.532 Imobilizado 21.500.000 26.800.000 Intangível 4.985.026 1.987.008 Patrimônio Líquido Capital Social 31.000.000 31.000.000 Reservas de lucro 60.615 53.004 Total do Ativo 32.387.255 32.157.252 Total do Passivo e Patrimônio Líquido 32.387.255 32.157.252 Balanços Patrimoniais (Valores Expressos em Milhares de €) Para a conversão dos Ativos e Passivos utilizou-se a taxa final (taxa corrente) cambial do Euro em Reais em 31.12.2011 que é de 2,4342. Os valores apresentados nas contas do Ativo e Passivo são multiplicados pela taxa de R$ 2,4342 com isso obtem os seus valores em Reais. As contas do Patrimônio Líquido foram convertidas da seguinte forma: - A conversão da conta Capital Social é realizada utilizando-se a taxa câmbial histórica de R$ 1,46 que é a taxa de conversão da aquisição do investimento pela BRF em 02/01/2008; - A conta Reserva de lucros sua conversão foi realizada elaborar a conversão da DRE, tendo em vista que a mesma é composta pelo valor do Lucro líquido do exercicio; - A conta ajuste acumulado de conversão foi realizado conforme abaixo apresentado. Primeiramente conta capital social foi adquirida pela pela BRF por € 31 milhões de euros convertido a taxa histórica de R$ 1,46 representa R$ 45.260.000,00. Se o valor do capital social fosse convertido pela taxa final de R$ 2,4342, o valor seria R$ 75.460.200, ocasionando uma variação cambial positiva de R$ 30.200.200,00. O mesmo procedimento foi realizado para a conta Reserva de lucro, o montante desta conta é de € 53.004, tal valor convertido pela taxa média de R$ 2,3278 por meio da conversão da DRE. No entanto, se realizarmos a conversão utilizando a taxa final o valor seria de R$ 129.022,00, gerando uma variação cambial positiva de R$ 5.640,00. Somando-se as variações cambiais das contas Capital Social e Reserva de lucro obtemos o valor de R$ 30.205.840,00 que é o valor da conta Ajuste Acumulado de Conversão. 31.12.2011 Taxa 31.12.2011 Receita líquida 2.321.037 2,3278 5.402.910 Custo dos produtos vendidos -1.860.362 2,3278 -4.330.551 Lucro Bruto 460.675 1.072.359 Despesas Operacionais Vendas -292.223 2,3278 -680.237 Gerais e Administrativas -43.452 2,3278 -101.148 Lucro antes do Resultado Financeiro 125.000 290.975 Despesas financeiras -219.424 2,3278 -510.775 Receitas financeiras 147.474 2,3278 343.290 Lucro antes do IR e CS 53.050 123.490 Imposto de Renda e Contrib. Social -46 2,3278 -107 Lucro líquido do Exercício 53.004 123.383 Demonstração de Resultados (Valores Expressos em Milhares de R$) Para 2012: Da mesma forma como realizado para o ano de 2011, em 2012 primeiramente realizou- se a conversão da DRE, para tanto utilizou-se a taxa média cambial do Euro em Reais em 31.12.2012 que é de 2,5103. Os valores apresentados na DRE em Euro são multiplicadospela taxa de R$ 2,5103 com isso obtem-se os valores da DRE em Reais. Capital Social 31.000.000 1,46 45.260.000 31.000.000 2,4342 75.460.200 30.200.200 Reserva de Lucro 123.383 53.004 2,4342 129.022 5.640 Valor conta Ajuste Acum. Conversão 30.205.840 2011 variação variação Ativo 31.12.2011 Taxa 31.12.2011 Passivo 31.12.2011 Taxa 31.12.2011 Circulante Circulante Caixa e equivalentes de caixa 12.779 2,4342 31.107 Empréstimos e financiamentos Contas a receber 1.217.445 2,4342 2.963.505 Fornecedores 996.030 2,4342 2.424.536 Estoques 266.060 2,4342 647.643 Salários e obrigações sociais 86.540 2,4342 210.656 Outros direitos 35.126 2,4342 85.504 Obrigações tributárias 12.146 2,4342 29.566 Não Circulante Não Circulante Aplicações financeiras 1.838.834 2,4342 4.476.090 Empréstimos e financiamentos 9.532 2,4342 23.203 Imobilizado 26.800.000 2,4342 65.236.560 Intangível 1.987.008 2,4342 4.836.775 Patrimônio Líquido Capital Social 31.000.000 1,46 45.260.000 Reservas de lucro 53.004 123.382,71 Ajuste Acumulado de Conversão 30.205.840 Total do Ativo 32.157.252 78.277.183 Total do Passivo e Patrimônio Líquido 32.157.252 78.277.183 Balanços Patrimoniais (Valores Expressos em Milhares de R$) 31.12.2012 Taxa 31.12.2012 Receita líquida 2.648.934 2,5103 6.649.618 Custo dos produtos vendidos -2.251.816 2,5103 -5.652.735 Lucro Bruto 397.117 996.884 Despesas Operacionais Vendas -264.650 2,5103 -664.351 Gerais e Administrativas -43.920 2,5103 -110.252 Lucro antes do Resultado Financeiro 88.547 222.280 Despesas financeiras -117.136 2,5103 -294.047 Receitas financeiras 36.333 2,5103 91.207 Lucro antes do IR e CS 7.744 19.440 Imposto de Renda e Contrib. Social -133 2,5103 -334 Lucro líquido do Exercício 7.611 19.107 Demonstração de Resultados (Valores Expressos em Milhares de R$) Para a conversão dos Ativos e Passivos utilizou-se a taxa final (taxa corrente) cambial do Euro em Reais em 31.12.2012 que é de 2,6954. Os valores apresentados nas contas do Ativo e Passivo são multiplicados pela taxa de R$ 2,6954 com isso obtem os seus valores em Reais. As contas do Patrimônio Líquido foram convertidas da seguinte forma: - A conversão da conta Capital Social é realizada utilizando-se a taxa câmbial histórica de R$ 1,46 que é a taxa de conversão da aquisição do investimento pela BRF em 02/01/2008; - A conta Reserva de lucros sua conversão foi realizada da seguinte forma: se observarmos o valor da conta Reserva de lucros em Euros é de € 60.615 que representa o somatórios dos valores do Resultado líquido do exercicio de 2011 e 2012. Desta forma, sabemos que o valor convertido da conta deve considerar o Resultado líquido do exercicio em reais do ano de 2011 que é de R$ 123.382,71 e o Resultado líquido do exercicio em reais do ano de 2012 que é de R$ 19.107,00 cujo somatório será de R$ 142.489, conforme apresentado no Balanço Patrimonial convertido do ano de 2012. - A conta ajuste acumulado de conversão foi realizado por meio da soma das variações cambiais do ano de 2011 no valor de R$ 30.205.840,00 com as variações cambiais do ano de 2012 (apresentadas no item b desta questão) no valor de R$ 8.112.453,00 resultado no valor de R$ 38.318.293,00 apresentadas no Balanço Patrimonial na Conta Ajuste Acumulado de Conversão. b) Demonstre o cálculo da variação da conta “ajuste acumulado de conversão” no ano de 2012. A variação da conta ajuste acumulado de conversão foi realizado conforme abaixo apresentado. Primeiramente precisamos identificar a variação cambial ocorrida no Patrimonio Líquido da empresa. Para tanto, sabemos por meio do Balanço Patrimonial do ano de 2011 que o Patrimônio Líquido da empresa é composto por € 31.053.004 milhões de euros convertido a taxa final de 31.12.20122 R$ 2,4342 representa R$ 75.589.222,00. Se o valor do Patrimônio líquido social fosse convertido pela taxa final de 31.12.2012 Ativo 31.12.2012 Taxa 31.12.2012 Passivo 31.12.2012 Taxa 31.12.2012 Circulante Circulante Caixa e equivalentes de caixa 14.157 2,6954 38.159 Empréstimos e financiamentos Contas a receber 1.255.689 2,6954 3.384.584 Fornecedores 1.206.050 2,6954 3.250.787 Estoques 224.260 2,6954 604.470 Salários e obrigações sociais 91.020 2,6954 245.335 Outros direitos 29.260 2,6954 78.867 Obrigações tributárias 17.070 2,6954 46.010 Não Circulante Não Circulante Aplicações financeiras 4.378.863 2,6954 11.802.787 Empréstimos e financiamentos 12.500 2,6954 33.692 Imobilizado 21.500.000 2,6954 57.951.100 Intangível 4.985.026 2,6954 13.436.639 Patrimônio Líquido Capital Social 31.000.000 1,46 45.260.000 Reservas de lucro 60.615 142.489,32 Ajuste Acumulado de Conversão 38.318.293 Total do Ativo 32.387.255 87.296.607 Total do Passivo e Patrimônio Líquido 32.387.255 87.296.607 Balanços Patrimoniais (Valores Expressos em Milhares de R$) R$ 2,6954, o valor seria R$ 83.700.267, ocasionando uma variação cambial positiva de R$ 8.111.045,00. Para identificar a variação da conta Reserva de lucro, realiza-se os seguintes procedimentos: sabemos que lucro liquido do exercício de 2012 em € 7.611, esse valor convertido em Reais por meio da conversão da DRE é de R$ 19.107, se realizassemos a conversão utilizando a taxa final de 2012 o valor seria de R$ 20.515,00, gerando uma variação cambial positiva de R$ 1.409,00. Somando-se as variações cambiais das contas do Patrimônio líquido e da conta Reserva de lucro obtemos o valor de R$ 8.112.453,00. 2) Considere a Nota Explicativa 19 da BRF S.A. de 2012. É possível verificar que a maior fonte de captações de recursos onerosos da empresa vem do capital em moeda estrangeira: 59,13% ao final de 2012. Este endividamento vem, majoritariamente, de linhas de crédito de exportação e emissão de Bonds, como pode ser verificado na referida nota. A respeito da contabilização destas dívidas em moeda estrangeira nos demonstrativos da empresa, responda: a) Como deve ser feita a contabilização no momento INICIAL de captação da dívida, tendo em vista que a empresa terá o interesse em utilizar o capital em sua moeda funcional? No momento inicial a contabilização deverá respeitar o CPC que diz respeito à conversão das demonstrações financeiras. Neste momento, será aplicada a taxa de câmbio no momento da captação dos recursos. Desta forma o montante reconhecido no passivo estará de acordo com a taxa de câmbio efetivamente aplicada na conversão da moeda e, portanto, de acordo com a entrada de caixa efetiva já na moeda funcional da empresa. b) Suponha um endividamento de longo prazo: Uma vez reconhecida a dívida no Balanço Patrimonial da empresa, nos períodos subsequentes, como deverão ser reconhecidos os ajustes de conversão cambial, no caso de a dívida haver sido captada em uma moeda diferente da moeda funcional da empresa? Patrimônio líquido 31.053.004 2,4342 75.589.222 31.053.004 2,6954 83.700.267 8.111.045 Reserva de lucro Lucro líquido 19.107 7.611 2,6954 20.515 1.409 Variação conta Ajuste Acum. Conversão 8.112.453 2012 Variação Variação Nos períodos seguintes, os ajustes cambiais nos montantes do endividamento em outra moeda serão reconhecidos conforme as regras de contabilização de instrumentos financeiros. Neste caso, o ajuste cambial não vai contra rubrica no PL, como acontece na conversão das demonstrações contábeis, e sim diretamente contra resultado, como despesa/receita financeira. 3) Suponha que a Argentina tenha passado por um surto hiperinflacionário nos últimos 3 anos, sendo que sua inflação acumulada superou a taxa de 100%. Sabemos através da Nota Explicativa 3, que o Grupo Dánica e a QuickFood S.A. (de controle da BRF) adotam o peso argentino como moeda funcional. Nesse sentido, qual procedimento a BRF deveria adotar quando da converção das demonstrações financeiras do Grupo Dánica e daQuickFood S.A. para a moeda brasileira (Real)? Segundo o item 14 do CPC 02 (R2), que versa sobre os Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis, “se a moeda funcional é a moeda de economia hiperinflacionária, as demonstrações contábeis da entidade devem ser reelaboradas nos moldes do Pronunciamento Técnico CPC 42 – Contabilidade e Evidenciação em Economia Altamente Inflacionária (pelo método da correção integral enquanto não emitido esse Pronunciamento)”. Assim, com as moedas funcionais do Grupo Dánica e da Quickfoof S.A., nesse caso, é uma moeda de economia hiperinflacionária, o grupo deve reelaborar as Demonstrações Financeiras das entidades, corrigindo-as monetariamente, pelo Método de Correção Integral. Adicionalmente, o item 42 do referido CPC explana que “os resultados e a posição financeira da entidade cuja moeda funcional é a moeda de economia hiperinflacionária devem ser convertidos para moeda de apresentação diferente, adotando-se os seguintes procedimentos: a) todos os montantes (isto é, ativos, passivos, itens do patrimônio líquido, receitas e despesas, incluindo saldos comparativos) devem ser convertidos pela taxa de câmbio de fechamento da data do balanço patrimonial mais recente, exceto que, b) quando os montantes forem convertidos para a moeda de economia não hiperinflacionária, os montantes comparativos devem ser aqueles que seriam apresentados como montantes do ano corrente nas demonstrações contábeis do ano anterior (isto é, não ajustados para mudanças subsequentes no nível de preços ou mudanças subsequentes nas taxas de câmbio).” Divulgação 1) A BRF S.A., na Nota Explicativa número 34, divulgou os componentes de suas receitas e despesas financeiras. Dentre esses componentes a empresa divulga os montantes de ganhos e perdas na conversão de investimento no exterior. Suponha que você seja investidor da BRF S.A.. Você considera que as informações nessa nota são suficientes? Compare os pesos desses montantes no Resultado Financeiro e no Lucro Líquido. Quanto ao que a norma exige, a informação na Nota 34 é suficiente, pois ela só exige que sejam divulgados os montantes das variações cambiais reconhecidas no resultado. No entanto, ao considerar a necessidade do investidor, as informações nessa nota são superficiais. Os ganhos com conversão representam 73,63% do total do Lucro Líquido, e as Perdas representam 51,26%. O resultado financeiro tem um grande impacto na apuração do Lucro Líquido, e os itens de ganhos e perdas na conversão de investimentos no exterior são muito representativos do resultado financeiro. A entidade deveria divulgar esses saldos com mais detalhes, para melhor avaliação do seu desempenho por parte do investidor. Na Nota Explicativa número 16 – Investimentos, a entidade explica um pouco mais sobre esses saldos. No entanto, valeria uma menção a essa nota na Nota 34. Capítulo 10 – Instrumentos Financeiros Receitas Financeiras 985.904,00 Ganhos na conversão 604.280,00 61,29% Despesas financeiras 1.556.506,00- Perdas na conversão 420.704,00- 27,03% Lucro Líquido 820.667,00 73,63% -51,26% Resultado Financeiro 570.602,00- Lucro antes do resultado financeiro 1.388.915,00 Lucro depois do resultado financeiro 818.313,00 Patrimônio líquido 31.053.004 2,4342 75.589.222 31.053.004 2,6954 83.700.267 8.111.045 Reserva de lucro Lucro líquido 19.107 7.611 2,6954 20.515 1.409 Variação conta Ajuste Acum. Conversão 8.112.453 2012 Variação Variação 1) Quais rubricas no conjunto de demonstrações financeiras apresentadas se relacionam diretamente com instrumentos financeiros? Sugestão de resposta: Balanço Patrimonial Títulos e valores mobiliários (AC e ANC). Contas a receber, liquidas (AC e ANC). Financiamentos. Arrendamentos mercantis financeiro. Ajuste de avaliação patrimonial (PL). Demonstração de resultado Resultado financeiro líquido o receitas financeiras. o despesas financeiras. o variações cambiais e monetárias. Demonstração de resultado Abrangentes Resultados não realizados com hedge de fluxo de caixa. Demonstração dos Fluxos de Caixa Variações cambiais, monetárias e encargos financeiros sobre financiamentos e operações de mútuo e outras operações – AO. Contas a receber – AO. Investimentos em títulos e valores mobiliários – AI. Financiamentos e operações de mútuo, líquido – AF. Captações – AF. Amortizações do principal – AF. Amortizações de juros – AF. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido Outros resultados abrangentes. Demonstração do Valor Adicionado Receitas financeiras – inclui variações monetária e cambial – valor adicionado. Juros, variações cambiais e monetárias. 2) Qual tratamento contábil a Petrobras emprega em seus TVM’s (Títulos e Valores Mobiliários)? As políticas da Empresa estão em consonância com as prerrogativas da IAS 39? Justifique sua resposta. Sugestão de resposta: As políticas contábeis concernentes à TVM’s podem ser observadas na nota 3.3.2. No que se refere ao seu alinhamento com as prerrogativas da IAS 39, é possível inferir que ambas encontram-se adequadas, pois as políticas expressam e síntese o tratamento preconizado por referida norma. 3) Quais os montantes pertinentes a cada categoria de TVM (MAV / DPV / VJPR) em 2012 e 2013? Discorra sobre a evolução destes saldos avaliando se os títulos foram corretamente alocados quando da contabilização inicial. Use os saldos do consolidado. Sugestão de resposta: De acordo com as informações da nota 7 a posição dos TVM’s para ambas as datas findas era: É possível notar que a Companhia realizou a liquidação de expressiva parte dos títulos classificados como: Para negociação ou VJPR e Disponível para venda. Isso indica alinhamento entre as práticas de tesouraria e os requerimentos da IAS 39 a este respeito, pois, estas duas categorias de são designadas para classificação de ativos financeiros dos quais se espera liquida-los nas melhores condições mercadológicas (Para negociação) ou pode-se fazê-lo caso as estratégias financeiras da Empresa o julguem pertinentes (Disponível para venda). 4) De acordo com o IAS 39 os recebíveis serão classificados em qual categoria de ativos financeiros? Qual o tratamento quantitativo deverá ser aplicado a este grupo? Sugestão de resposta: Os recebíveis são oriundos da categoria Empréstimos e Recebíveis, os quais deverão ser avaliados inicialmente a valor justo e consecutivamente serem registrados a valor presente, quando da existência de diferenças materiais comparando-se com o valor futuro. Igualmente, as diferenças entre valor a vista e valor futuro deverão ser contabilizadas como receita financeira, não computando acréscimo às receitas de venda. 5) Tomando como base sua resposta na questão anterior, identifique os recebíveis da Entidade, bem como avalie se as políticas definidas estão condizentes com as determinações da IAS 39. Exerça um julgamento crítico conquanto a qualidade das informações disponibilizadas pela Empresa inerente a este item. Sugestão de resposta: As posições referentes aos recebíveis mantidos pela Petrobras encontram-se dispostas na nota 8.1. Já as notas 8.2 e 8.3 referem-se à Provisão para créditos em liquidação duvidosa (PLCD) e os valores baixados como não recebíveis. Destaca-se que a Empresa não menciona na nota 8.1 a realização de ajuste a valor presente em seu Contas a Receber, muito embora explicite a sua prática na nota 3.3.3. Esta falta de evidenciação implica na impossibilidade de se saber se de fato os recebíveis encontram-se registrados a valor presente na data finda do balanço,bem como quais taxas foram utilizadas para registrá-los descontá-los. Por fim, mas não menos relevante, o quanto da receita operacional é por essência proveniente de juros embutidos no faturamento. No tocante à PCLD é possível inferir por meio da nota 3.3.3, que a Cia. se vale de uma métrica prospectiva para o seu registro, tendo que somente reconhece o inadimplemento de valores para os quais haja evidência objetiva de perda. 6) É possível compreender de forma pormenorizada os indexadores que corrigem os financiamentos da Empresa, tal como as composições das dívidas e as movimentações destas ao decorrer do exercício de 2013? Sugestão de resposta: Sim, as notas explicativas 17 a 17.4 evidenciam satisfatoriamente os indexadores, movimentações, origens e garantias empregadas nas captações de recursos. Preliminarmente a nota 3.3.4 denota que estes são avaliados pelo método da taxa de juros efetiva, o qual consiste no reconhecimento como despesa financeira não só dos juros provenientes dos indexadores do contrato, mas também de todos os gastos necessários para obtenção dos valores, respeitando-se dessa forma a fluência temporal condicionadora da lógica do regime de competência. 7) Quais as origens dos valores atualmente registrados em ajuste de avaliação patrimonial? Discorra sobre tais quantias à luz da IAS 39. Sugestão de resposta: Desprezando-se os ajustes acumulados de conversão por não fazer parte do escopo da IAS 39 e sim da IAS 21 / CPC 02. Remanescem valores provenientes de variações de valor justo de ativos financeiros disponíveis para venda, hedges de fluxo de caixa e por fim saldos de passivos atuariais, sendo que os registros contábeis provenientes destes últimos estão regidos pela IAS 19 / CPC 33. Sim tais valores encontram amparo na IAS 39 para serem registrados no PL. 8) A quais riscos a Entidade menciona estar exposta? Como tais riscos são mitigados? Sugestão de resposta: De acordo com a nota 34 a Empresa alega exposição a riscos decorrentes de suas operações tais como: Risco de mercado relacionado aos preços de produtos e insumos. Taxas cambiais e de juros. Riscos de crédito e liquidez. A Empresa destaca que a gestão de riscos é desenvolvida por seu corpo diretivo, intuindo não destoar de seus objetivos estratégicos, para tanto aloca recursos físicos e financeiros que de maneira conjugada cumpram esse papel. Ressalta-se a explicitação na nota 34 da palavra diretores, deixando claro à estruturação de uma política de gestão de riscos verticalizada. 9) Todos estes riscos encontram-se protegidos mediante o uso de instrumentos financeiros derivativos? Sugestão de resposta: Não, por exemplo, a Empresa destaca que no gerenciamento de riscos de preços de petróleo e derivados (34.2.1), prefere manter-se exposta ao ciclo de preços, não se valendo do uso de Derivativos. O uso de derivativos para redução desta exposição se dá somente para transações realizadas no exterior. Já no que se refere ao gerenciamento de risco cambial, a Petrobras destaca sua preferência pelo Hedge Natural, sub-modalidade do Hedge de Fluxo de Caixa em que variações cambiais ativas (Receitas no resultado) compensam variações cambiais passivas (Despesas no resultado). 10) Todos os derivativos utilizados pela Petrobras encontram-se estabelecidos dentro das regras do Hedge Accounting? Sugestão de resposta: Não, sobretudo pela IAS 39 não determinar que uma vez que se faça uso do hedge accounting para uma dada operação, tenha-se obrigatoriamente de estendê-lo a todos os derivativos mantidos pela empresa. Cumpre menção especial a este respeito, pois há uma confusão notável no que se refere aos conceitos de hedge accounting e hedge financeiro. Por exemplo, uma empresa pode contratar um SWAP para fins de proteção de um risco qualquer, todavia, não necessariamente a empresa deverá designá-lo como um instrumento de proteção em uma política de hedge accounting, a menos que o queira. Na nota 34.2.3 a Empresa menciona que se vale de um SWAP para gerir o risco da taxa de juros, consequentemente há a palavra Hedge, dissociada de qualquer outro qualificativo, logo, entende-se que este derivativo está presente em um hedge financeiro, mesmo não tendo sido inclusivo nas determinações do hedge accounting. É sobremaneira importante se destacar que adoção do hedge accounting deverá ser feita de maneira optativa e não obrigatória. 11) A contabilidade de proteção1 é desenvolvida para quais tipos de estruturas de gestão de risco? Identifique os objetos a serem protegidos e os instrumentos utilizados para proteção. Discorra sobre a estratégia adotada pela Empresa, bem como seu enquadramento contábil. Sugestão de resposta: A entidade utiliza o hedge accounting para contabilização da operação estruturada para gestão do risco cambial (34.2.2). Exposição ao dólar – Hedge de Fluxo de Caixa – Hedge Natural. A Empresa protege variações cambiais decorrentes da discrepância de taxas a vista (SPOT) entre real e dólar norte-americano (Objeto), por meio da projeção de exportações futuras altamente prováveis (Instrumento). Dessa maneira a estratégia é galgada em uma compensação natural entre a variação do câmbio já ocorrida (passivos) mediante o desempenho de contratos que ainda ocorrerão (ativos). Não há a contratação de instrumentos financeiros tais como contratos futuros ou SWAPs para realizar esta cobertura. Segundo dados da própria nota, a Petrobras projeta que a compensação dos valores reconhecidos no PL como despesa de variação cambial sobre contratos de empréstimos indexados a esta moeda, ocorra até 2020, compensando somente com essa operação R$ 1 Tradução livre dos autores para terminologia Hedge Accounting. 12.691 bilhões dos R$ 13.361 bilhões atualmente registrados como outros resultados abrangentes. Quanto a esta operação a Empresa apresenta somente a expectativa de realização, a qual em tese estaria servindo como teste de eficácia prospectiva do Hedge, muito embora, não divulgue sob quais condições estas exportações ocorrerão, tais quais os riscos de não existirem no futuro, deixando precedente para que se questione a verificabilidade de tais montantes. Exposição ao Iene – Hedge de Fluxo de Caixa – Cobertura por meio de SWAP Em virtude da emissão de bonds em ienes, a empresa se vê exposta a variação desta moeda (Objeto). Buscando ao menos reduzir e normalizar seu risco de maneira uniforme, a Entidade efetuou a contratação de um SWAP (Instrumento) o qual troca a variação do câmbio japonês para o norte-americano. Sendo assim, a Petroquímica paga a variação do Dólar sobre o nocional da captação e recebe a variação do IENE. 12) Quais ativos/passivos financeiros encontram-se mensurados à valor justo por métricas diferentes da observação direta de cotações em mercado? Sugestão de resposta: Vide nota 35. Capítulo 11 – (Não) Reconhecimento da Inflação nas Demonstrações Contábeis 1) Qual a inflação do período de 2000, utilizada para corrigir monetariamente as Demonstrações Contábeis apresentadas? Verifique se o índice de inflação constatado corresponde ao IGP-M, IPC-A ou IGP-DI do período. 2) Verifica-se em 2000 que o Lucro Líquido do Exercício apurado de acordo com a legislação societária é de R$ 430.603, enquanto que o Lucro Líquido em moeda de poder aquisitivo constante é de R$ 430.388. A variação entre os lucros corresponde à inflação verificada na questão “a”? Caso negativo, aponte alguns dos elementos do Resultado que, em sua opinião, fazem com que haja essa diferença. 3) Os Juros sobre o Capital Próprio (JCP) foi instituído pelo Governo brasileiro objetivando dar um benefício de economia tributária por conta da eliminação da Correção Monetária.Considerando-se uma alíquota global de IRPJ e CSLL de 34%, demonstre a redução dos tributos sobre o lucro, causada pela dedutibilidade dos JCP. 4) Assuma que a COPEL tenha divulgado apenas as Demonstrações Contábeis de 2000 de acordo com a legislação societária. Estime o efeito da inflação no Resultado da empresa, considerando a taxa de inflação de 9,78%, supondo essa mesma taxa de inflação anual para os anos anteriores e que o seu Imobilizado possui idade média de 5,3 anos. Compare a sua estimativa com o lucro líquido corrigido de 2000 da DRE. Para resolver a questão, considere os procedimentos propostos por Martins, Diniz e Miranda (2012), que sugerem uma forma de se estimar os efeitos da inflação no resultado do período da empresa, quando não se tem acesso às informações detalhadas que possibilitassem a recomposição de todos os valores dos imobilizados, patrimônio líquido, etc. A seguir, apresentam-se os passos propostos pelos autores: A lógica inserida no modelo de estimativa do efeito da inflação no resultado da empresa é de que, para o item “i”, ao corrigir a diferença entre o PL e o imobilizado (somado o Intangível), corrigimos a mesma diferença que existiria caso esses valores estivessem sempre corrigidos (já que a contrapartida da correção do imobilizado estaria no PL). Porém, conforme os autores, além desse ajuste, é preciso considerar outro detalhe (item “ii”): as depreciações e amortizações do período estão a valores históricos, logo, seria necessário ajustá- las (complementá-las) pela sua defasagem com a correção monetária. Questões sobre o efeito da inflação na comparabilidade das demonstrações: 5) A partir dos dados abaixo aponte uma empresa (ou setor) que, comparando com a estrutura dada do Balanço Patrimonial da COPEL do ano de 2000, sofreria mais com os efeitos inflacionários a longo prazo. Aponte também uma empresa (ou setor) que sofreria menos com esses efeitos. Assuma que todos os Patrimônios Líquidos foram formados na mesma data. i) a diferença entre o Ativo não monetário de longo prazo que deveria ser corrigido (Imobilizado, Intangível, Investimentos e outros poucos) e o Patrimônio Líquido multiplicada pela inflação do período produz efeito direto no resultado quando de qualquer taxa de inflação; ii) as depreciações e amortizações produzem efeito no resultado pelo impacto causado pela inflação acumulada desde a formação dos ativos que as produzem; iii) o efeito conjunto de (i) e (ii) é um valor fixo no período; assim, como qualquer despesa fixa, se efeito sobre o resultado é, proporcionalmente, maior quanto menor for o resultado do período. 6) Você é um consultor profissional de investimentos de uma firma multinacional. Um de seus clientes está pensando em investir na COPEL e solicitou o seu parecer. Com base no retorno do ano de 2000 e considerando que o custo de capital da COPEL é de 7,5% e que seu cliente espera que o investimento proporcione um retorno real superior ao custo de capital da empresa, você aconselharia seu cliente a investir na COPEL? Para a análise do retorno, considere o indicador de Retorno do Patrimônio Líquido – ROE (lucro líquido/PL médio). Questões sobre o efeito da inflação nas operações da empresa: 7) A COPEL, por hipótese, contratou em 01/01/2000 uma linha de financiamento de longo prazo, com taxa de juros de 11% ao ano (considere juros simples), para aquisição de uma planta já existente para geração de energia elétrica, a qual possui vida útil remanescente de 45 anos. O principal do financiamento, que corresponde ao valor do imobilizado, totalizava R$ 1,8 bilhões. Considerando que em 31/12/2000 a empresa não tenha pago o principal nem os juros do empréstimo, verificar o impacto dessa operação no Lucro Líquido do período, tanto em termos nominais quanto em termos reais. Utilizar a taxa de inflação do período (2000) de 9,78% e considerar a alíquota de IR/CSLL de 34%. 8) Partindo-se das Demonstrações Contábeis corrigidas pelo efeito inflacionário, comparadas às Demonstrações Contábeis sem correção, quais seriam os possíveis resultados caso o empréstimo da questão anterior possuísse como cláusula restritiva (covenant) a necessidade de se desempenhar um 𝐸𝑏𝑖𝑡𝑑𝑎 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜 > 2, para os anos em que o empréstimo estivesse sendo liquidado? (Não são requeridos cálculos. Sustente sua argumentação de forma dedutiva.). Respostas: 1. A taxa de inflação do ano de 2000, utilizada para corrigir as Demonstrações Contábeis, é de aproximadamente 9,78%. Tal taxa é obtida pela divisão Ativo PL Ativo PL Bebidas AMBEV 50.982.746 32.103.211 GERDAU 55.056.360 30.464.486 SID NACIONAL 54.216.745 8.402.621 MMX MINER 8.458.008 2.996.607 USIMINAS 32.188.310 18.413.673 VALE 282.120.976 159.881.046 BROOKFIELD 9.520.990 2.645.845 OI 68.014.996 10.644.538 CYRELA REALT 13.620.424 6.113.156 TELEF BRASIL 70.597.146 43.310.539 GAFISA 8.492.744 2.618.458 TIM PART S/A 25.780.052 14.128.256 MRV 10.027.929 4.300.730 PDG REALT 17.195.321 5.290.492 CEMIG 30.077.942 12.408.516 ROSSI RESID 7.514.447 2.452.605 CESP 17.387.800 10.372.284 COPEL 21.842.993 12.942.022 OGX PETROLEO 12.830.654 2.244.238 CPFL ENERGIA 32.176.288 8.199.758 PETROBRAS 749.027.663 340.025.548 ELETROBRAS 140.743.041 66.670.474 ELETROPAULO 11.142.402 2.550.530 BRADESCO 872.158.944 66.027.513 ENERGIAS BR 13.620.847 6.038.335 BRASIL 1.138.813.786 62.527.717 LIGHT S/A 13.006.594 3.070.770 ITAUUNIBANCO 969.069.000 78.669.000 TRAN PAULIST 7.734.932 5.197.709 SANTANDER BR 435.801.608 81.037.504 Bancos Mineração Telefonia Energia Elétrica Siderurgia e Metalurgia Construção Petróleo (comparação) das demonstrações corrigidas de 1999 em moeda de poder aquisitivo de 1999 com as demonstrações corrigidas de 1999 em moeda de poder aquisitivo de 2000. Entretanto, verifica-se que existem contas, cuja variação, não corresponde a taxa de 9,78%, possivelmente em decorrência de reclassificações entre contas. Pode-se verificar que o índice utilizado foi o IGP-DI. 2. A tabela a seguir apresenta a variação no lucro líquido de 2000, tanto em termos nominais quanto corrigido monetariamente. Variação do lucro Lucro 2000 Nominal 430.603 Lucro 2000 Corrigido 430.388 Variação 0,05% Considerando que a taxa de inflação do período, obtida no item “a”, foi de 9,78% e a variação do lucro líquido nominal e corrigido foi de apenas 0,05%, pode-se elencar alguns elementos principais que podem ter ocasionando essa diferença entre as taxas, como por exemplo: Variações médias (Resultado) Conta Taxa Impacto Receitas 2,66% inferior à inflação Deduções 4,97% inferior à inflação Despesas Operacionais 9,86% dentro da inflação Despesa Depreciação e Amort. 40,13% superior à inflação Receitas Financeiras -52,01% superior à inflação Despesas Financeiras -80,85% superior à inflação 3. Para demonstrar o efeito da redução do IR/CSLL por conta da dedutibilidade do JCP, elaborou-se o seguinte quadro: Informações conforme Leg. Societária 2000 1999 Juros sobre o Capital Próprio 160.000 110.000 IR e CS (133.109) (88.621) Lucro Líquido do Exercício 430.603 277.165 Efeito IR e CS sobre JCP - 34% 54.400 37.400 IR e CS (133.109) (88.621) IR e CS sem a dedução do JCP (187.509) (126.021) 4. A resposta desta questão é fundamentada no livro de Análise Avançada das demonstrações Contábeis, do Prof. Eliseu Martins, Josedilton Diniz e Gilberto Miranda. Dados do exercício: Taxa de inflação calculada na letra “a”: 9,78% Idade média do imobilizado (n): 5,3 anos Valores retirados das demonstrações da COPEL pela legislação societária: Dados 2000 Ativo Permanente sem correção 6.224.690 Patrimônio Líquido sem correção 4.898.154 Despesa Depreciação 261.490 Lucro Líquido do Exercício sem correção 430.603Inicialmente, deve-se obter a diferença entre o Ativo Permanente que deve ser corrigido e o Patrimônio líquido. Essa diferença deve ser multiplicada pela taxa de inflação do período. Diferença Ativo Permanente X PL sem correção (a) 1.326.536 Correção Monetária AP X PL (“a” x taxa de inflação) 129.781 RECEITA Na sequência, deve-se atualizar a depreciação do período (complemento). Para tanto, é necessário achar um fator que corresponde à taxa de inflação acumulada do período. Esse fator é obtido pela seguinte fórmula: (1+ %inflação) ^ (n-1) Sendo que: % inflação = taxa de inflação do período n = número de períodos Portanto, a taxa de inflação acumulada do período, considerando a ideia média dos imobilizados de 5,3 anos, é obtida da seguinte forma: (1+0,0978) ^ (5,3-1) = 1,4938556 Para obter o valor do complemento da depreciação, multiplica-se esse fator da inflação acumulada pela própria despesa de depreciação: Fator inflação acumulada = 1,4938556 (x) Despesa Depreciação = 261.490 (=) Depreciação atualizada = 390.628 (-) Despesa Depreciação registrada = 261.490 (=) Complemento da depreciação = 129.138 (DESPESA) Por fim, a estimativa do valor do Lucro Corrigido Monetariamente, utilizando essa formula, pode ser obtida da seguinte forma: Lucro líquido do exercício sem correção = 430.603 (+) Receita do ajuste da diferença entre AP e PL = 129.781 (-) Despesa decorrente do complemento de depreciação = (129.138) (=) Estimativa do Lucro Corrigido Monetariamente = 431.246 Sendo assim, o Lucro Corrigido Monetariamente utilizando esse método é de $431.246. Ao comparar com o Lucro Líquido Corrigido publicado pela empresa em 2000 ($430.388), observa-se que o valor obtido pelo método simplificado é bastante semelhante, gerando uma diferença de apenas $858. 5. Quando maior o indicador de PL/Ativo Total, maior o efeito inflacionário considerando o longo prazo. Setores com esse indicador elevado seriam os maiores prejudicados. A seguir, apresenta-se a representação gráfica dessa proporção por empresa e por agrupamento de setores: 6. Considerando que a análise que deve ser realizada é se a COPEL gera um retorno superior ao custo de capital da empresa, inicialmente deve-se calcular o Retorno do Patrimônio Líquido, tanto em termos nominais quanto reais, para posteriormente realizar a comparação. Utilizando a formula de cálculo do Retorno sobre o Patrimônio Líquido (lucro líquido dividido pelo patrimônio líquido médio), obtém-se a seguinte tabela: Sem correção Com correção Lucro líquido 430.603 430.388 Patrimônio líquido médio 4.762.853 6.433.352 ROE 9,04% 6,69% Considerando que o custo de capital da COPEL é de 7,5% e que o seu cliente espera que a empresa proporcione um retorno superior ao custo de capital, o adequado seria aconselha-lo a não investir na COPEL. Tal decisão é tomada levando em consideração que o retorno real da COPEL, considerando os efeitos inflacionários, é de apenas 6,69%, inferior ao custo de capital da empresa e, portanto, não proporcionará o retorno esperado pelo cliente. 7. A seguir apresentam-se os dados do enunciando para, posteriormente, obter o efeito da operação no lucro nominal e corrigido. DADOS DO ENUNCIADO Empréstimo 1.800.000.000,00 Imobilizado 1.800.000.000,00 Taxa de juros nominal 11% Depreciação 2,22% Juros do ano nominal 198.000.000,00 Depreciação do ano nominal 40.000.000,00 Empréstimo atualizado 1.976.040.000,00 Inflação 9,78% Saldo final 1.998.000.000,00 Depreciação do ano corrigida 43.912.000,00 Juros real 21.960.000,00 A operação refere-se à obtenção de um empréstimo, no montante de $1.800.000.000,00, com taxa de juros de 11% ao ano. Esse empréstimo foi destinado à aquisição de um imobilizado que será depreciado em 45 anos. Com base nessas informações, pode-se perceber que, no caso dos empréstimos, a empresa incorreria em despesas de juros nominais de $198.000.000 por ano (11% de $1.800.000.000,00). Após o reconhecimento dos juros, o valor do montante de empréstimo seria de $1.998.000.000,00. Porém, ao considerar que a taxa de inflação no período foi de 9,78%, o valor do empréstimo atualizado seria de $1.976.040.000,00, gerando, portanto, uma despesa de juro real de apenas $21.960.000,00 ($1.998.000.000,00 - $1.976.040.000,00). Da mesma forma, ao considerar o impacto do reconhecimento da depreciação, a empresa passaria a reconhecer uma despesa nominal de depreciação anual no valor de $40.000.000,00, considerando os 45 anos de vida útil do ativo. Porém, ao considerar que o efeito da inflação no período foi de 9,78%, o valor da despesa corrigida é de $ 43.912.000,00. Feito essas considerações, o quadro a seguir demonstra o impacto dessa operação tanto no lucro líquido nominal quanto corrigido da empresa. Efeito no resultado nominal Efeito no resultado real Lucro líquido nominal 430.603.000,00 Lucro líquido corrigido 430.388.000,00 Juros nominal (198.000.000,00) Juros Real (21.960.000,00) Depreciação nominal (40.000.000,00) Depreciação real (43.912.000,00) Efeito IR 80.920.000,00 Efeito IR 22.396.480,00 Efeito líquido (157.080.000,00) Efeito líquido (43.475.520,00) Lucro líquido nominal ajustado 273.523.000,00 Lucro líquido corrigido ajustado 386.912.480,00 Diferença 157.080.000,00 Diferença 43.475.520,00 Inicialmente analisando o lucro líquido da empresa sem correção, é necessário considerar o impacto tanto da despesa de juros nominais quanto da despesa de depreciação nominal. Porém, essas despesas são dedutíveis para fins de imposto de renda e, portanto, ao serem reconhecidas pela empresa, geram uma redução na despesa de imposto de renda no período. Sendo assim, o efeito no imposto de renda de 80.920.000,00 está sendo estornado do lucro líquido divulgado pela empresa. Esse valor corresponde a multiplicação do percentual de IR de 34% sobre a soma das duas despesas (198.000.000,00 + 40.000.000,00). Com base nesse ajuste, obtém-se o lucro líquido nominal ajustado. Pode-se perceber, portanto, que o impacto dessa operação no lucro líquido nominal foi de $ 157.080.000,00. Porém, ao considerar os efeitos inflacionários, partindo-se do lucro líquido corrigido da empresa, ajusta-se o valor do juro real do empréstimo ($21.960.000,00), bem como a despesa real de depreciação ($43.912.000,00). Além disso, da mesma forma que no caso do lucro nominal, é preciso considerar a economia de IR que o reconhecimento dessa operação gera para a empresa. Em termos reais, o efeito no IR da operação é de $22.396.480, que corresponde a aplicação do percentual de IR de 34% sobre a soma das duas despesas, porém, agora das despesas em valores reais ($21.960.000,00 + $43.912.000,00). Com base nesse ajuste, obtém-se o lucro líquido corrigido ajustado. Pode-se perceber, portanto, que o impacto dessa operação no lucro líquido corrigido foi de R$ 43.475.520,00, significativamente inferior ao impacto no lucro líquido nominal. 8. Os efeitos esperados poderiam se desdobrar em quatro cenários mutuamente exclusivos, contudo de impactos antagonicamente diferenciados, sendo: Cenário I – Covenant com inflação > 2 e Covenant sem inflação > 2 –Nesse contexto o fator limitativo superaria o piso estabelecido propiciando a continuidade das parcelas porvindouras do contrato sem nenhum tipo de punição ao devedor. Cenário II – Covenant com inflação < 2 e Covenant sem inflação < 2. Já nessa configuração, o credor poderia aplicar as penalidades previamente estabelecidas quando da contratação. Cenário III – Covenant com inflação < 2 e Covenant sem inflação > 2 – Essa situação tenderia a estabelecer um conflito entre as partes, pois caso a instituição financeira assumisse uma posição mais conservadora perante a dívida em aberto,tendencialmente buscaria exercer as penalidades do contrato. Todavia, a COPEL poderia se defender alegando que em linhas nominais a condição estaria sendo atendida. Cenário IV – Covenant com inflação > 2 e Covenant sem inflação < 2 – Demonstra-se nessa contextualização o oposto imediato do item anterior. Sendo assim, os posicionamentos poderiam se inverter, tendo agora a companhia de eletricidade a seu favor o argumento da correção inflacionária, enquanto o credor poderia usar o pleito de que o indicador calculado em uma base nominal estaria abaixo do critério estabelecido. Em linhas gerais, os dois primeiros cenários não caracterizariam embates decorrentes de posições diferenciadas. Já nos itens III e IV, seriam possíveis eventuais discordância quanto ao cumprimento ou não das condições apregoadas quando da fixação dos termos contratuais.