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94 Panorama da Aquicultura

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1Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006
2 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006
3Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006 3
Editorial
Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor
Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
I r ao teatro nem sempre foi um programa onde o público assiste ao espetáculo comportadamente sentado, e que somente ao término da apresentação se manifesta, ou não, com aplausos. Ao redor do século XVI, as manifestações das platéias eram diferentes das atuais. Os teatros eu-
ropeus, por exemplo, eram freqüentados por um público ruidoso, disposto a discordar dos autores em 
cena aberta, muitas vezes aos gritos, que eram algumas vezes acompanhados de objetos jogados nos 
atores. Tomates e coxas de galinhas voavam agressivamente para expressar a discordância e desapro-
vação. Os atores, por sua vez, eram treinados para ter um jogo de cintura, ou seria um jogo de cena, 
para fazer as adaptações necessárias, improvisando ações para levar a peça até o fi nal. Ainda nos dias 
de hoje, durante as apresentações das óperas, a vaia continua sendo usada em cena aberta, seja para 
discordar da encenação dos intérpretes, da concepção do diretor, da qualidade da orquestra, ou até 
mesmo da inspiração do autor. O público freqüentador das óperas é tido como um dos mais exigentes, 
e não raro, ainda leva a vaia no bolso do colete, da mesma forma que leva balas de hortelã.
A aprovação por seus atos é uma das principais necessidades do ser humano. A reprovação 
difi cilmente é bem-vinda, ainda mais quando vem sob a forma de uma vaia, que denota a reprovação 
por um grande número de pessoas.
Recentemente o IBAMA foi calorosamente vaiado no plenário da II Conferência Nacional de 
Aqüicultura e Pesca (II CNAP), ao se mostrar publicamente contrário à criação de um Ministério da 
Aqüicultura e Pesca, uma proposta que veio acompanhada da transferência de competências que hoje 
cabem ao IBAMA, e que, no entender dos delegados presentes, devem ser de responsabilidade desse 
novo ministério.
É muito difícil saber se o Ministério da Aqüicultura e Pesca será criado ou não. Essa resposta 
depende de uma confi guração política que ainda é cedo para prever. Até porque, existem outras 
estruturas institucionais que podem também gerenciar com seriedade o fomento e o ordenamento 
sustentável da aqüicultura e da pesca.
A vaia na plenária da II CNAP ainda ecoa nos ouvidos de todos os que lá estavam presentes. 
O cenário institucional parece que não está do agrado do público, que ao vaiar pediu criatividade 
aos atores para que mudem o roteiro, pois entendem que o espetáculo está enfadonho e seu fi m é 
previsível demais. De toda forma, um recado muito contundente foi dado: a vaia signifi cou um pedido 
para que o IBAMA reveja seus conceitos. 
A II Conferência Nacional de Aqüicultura é apenas um dos assuntos que trazemos nessa edição. 
O leitor encontrará nas páginas à seguir, temas de grande interesse, como o uso da branchoneta na 
alimentação de peixes carnívoros ornamentais; a larvicultura do caranguejo-uçá; o aproveitamento 
dos resíduos de pescado; o licenciamento de tanques-rede nas águas públicas do Estado de São Paulo, 
entre outros temas que esperamos sejam do interesse de todos.
Uma boa leitura...
4 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006
5Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006
Edição 94 – março/abril, 2006
Editor Chefe:
Biólogo Jomar Carvalho Filho
jomar@panoramadaaquicultura.com.br
Jornalista Responsável:
Solange Fonseca - MT23.828
Direção Comercial:
Solange Fonseca
publicidade@panoramadaaquicultura.com.br
Colaboradores desta edição:
Ângelo Francisco dos Santos 
Antônio Ostrensky
Arrilton Araújo
Cibele Soares Pontes 
Fernando Kubitza
Izabel Cristina da Silva Almeida
João Lorena Campos
José Patrocínio Lopes
Marco Antonio Mathias
Robson Ventura
Ubiratã A.T. da Silva
Walter A. Boeger 
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores. 
Assinatura:
Fernanda Carvalho Araújo
e Daniela Dell’Armi
assinatura@panoramadaaquicultura.com.br
Para assinatura use o cupom encartado, visite 
www.panoramadaaquicultura.com.br ou envie e-mail.
ASSINANTE - Você pode controlar, a cada edição, quantos 
exemplares ainda fazem parte da sua as si na tu ra. Basta conferir 
o número de créditos des cri to entre parênteses na etiqueta que 
endereça a sua revista.
Números atrasados custam R$ 15,00 cada. Para adquiri-los 
entre em contato com a redação. 
Edições esgotadas: 01, 05, 09, 10, 11, 12, 14, 17, 18, 20, 21, 22, 24, 25, 
26, 27, 29, 30,33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 44, 45, 59, 61, 62, 63, 
65, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 87, 88
Projeto Gráfi co:
Leandro Aguiar
leandro@panoramadaaquicultura.com.br
Design & Editoração Eletrônica:
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
 Impresso na SRG Gráfi ca & Editora Ltda.
Os editores não respondem quanto a qua li da de dos 
serviços e produtos anunciados. 
A única publicação brasileira dedicada exclusivamente 
aos cultivos de organismos aquáticos
Uma publicação Bimestral da: 
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
Rua Mundo Novo, 822 # 101
22251-020 - Botafogo - RJ
Tel: (21) 2553-1107 / Fax: (21) 2553-3487
www.panoramadaaquicultura.com.br
revista@panoramadaaquicultura.com.br
 
ISSN 1519-1141
Capa: Arte Panorama da Aqüicultura
...Pág 51
...Pág 38
...Pág 42
...Pág 49
Í N D I C E
...Pág 30
...Pág 33
...Pág 43
...Pág 06
...Pág 03
...Pág 15
...Pág 23
...Pág 10
Caranguejo-uçá
A captura desordenada do caranguejo-uçá, uma atividade desenfreada nas regiões litorâneas de vários 
estados brasileiros, bem como o surgimento de uma enfermidade chamada “Doença do Caranguejo Letárgico” 
(DCL), trazem muita preocupação com a rápida redução dos estoques desses animais. Esse rápido declínio 
das populações naturais vem forçando as instituições de pesquisa e o poder público a despender um 
enorme esforço para o manejo e recuperação das populações afetadas. Trabalhos neste sentido estão sendo 
realizados pelo Grupo Integrado de Aqüicultura e Estudos Ambientais (GIA) da UFPR, com o objetivo de 
recuperar áreas de manguezal onde as populações de caranguejo mostram acentuado declinio. Nesta edição 
são apresentadas as técnicas de larvicultura empregadas para a produção em larga escala de megalopas, 
a forma jovem utilizada no trabalho de repovoamento da espécie.
...Pág 52
...Pág 53
...Pág 57
Editorial
Notícias & Negócios
Notícias & negócios on line
Caranguejo-uçá: A produção em laboratório
O aproveitamento dos subprodutos do processamento de pescado
Santa Catarina tem produção recorde de mexilhões em 2005
A branchoneta na piscicultura ornamental
Regularização de cultivo de peixes em tanques-rede em São Paulo
Cessão das áreas aqüícolas nas águas da União não sai sem licitação pública
Apontadas as melhores áreas para o cultivo de ostras em Pernambuco
Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca tem novo Ministro
Conferência Nacional de Aqüicultura atrai mais de 2000 pessoas
Lançamentos Editoriais
Carta do Coordenador Geral de Maricultura - SEAP/PR, Felipe M. Suplicy
Aqüicultura brasileira ganha dois novos laboratórios
Lançados no Paraná os primeiros parques aquícola
Bom começo para as importações norte-americanas de camarão
Mercado da tilápia nos USA bate recorde de importação em 2005
FAO promove série de seminários
A Fenacam 2006 em Natal
Tudo pronto para a terceira edição da Seafood Expo em São Paulo
Aquaciência 2006: encontro da Aquabio será realizado na Serra Gaúcha
Calendário Aqüícola
...Pág 58
...Pág 59
...Pág 60
...Pág 61
...Pág 63
...Pág 65
...Pág 65
...Pág 66
6 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006
PROCESSO DE SELEÇÃO - O Programa de Pós-
Graduação em Aqüicultura – nível Mestrado - da 
Fundação Universidade Federal do Rio Grande, 
FURG, Rio Grande, RS, informa a abertura do 
processo de seleção de candidatos para ingresso 
em agosto de 2006. As inscrições estarão abertas 
até 12 de junho de 2006 (data da postagem). 
As provas de seleção serão realizadas no dia 03 
de julhode 2006 e, de acordo com a demanda 
dos candidatos, a prova poderá ser realizada em 
várias cidades do país. Mais informações poderão 
ser obtidas em www.aquicultura.furg.br, e-mail 
aquicultura@furg.br, telefone/fax (53) 3236-
8042 ou escrevendo diretamente para: Programa 
de Pós-Graduação em Aqüicultura Fundação Uni-
versidade Federal do Rio Grande – FURG - Caixa 
Postal 474 - Rio Grande, RS - 96201-900.
SEMENTES DE VIERAS – Em abril foi realizado no 
Laboratório de Moluscos Marinhos da Universidade 
Federal de Santa Catarina – LMM/UFSC, na Barra 
da Lagoa, Florianópolis – SC, o Seminário sobre 
Manejo e Cultivo de Vieiras, promovido pela Epagri 
e pela universidade. Durante o evento foi feita a 
entrega de sementes aos produtores interessados 
em iniciar na atividade de pectinicultura (cultivo 
de vieiras). Essa foi a primeira entrega de sementes 
de vieiras em escala comercial, produzidas a partir 
da parceria entre o LMM/UFSC e a Epagri/Cedap. O 
projeto de desenvolvimento do cultivo de vieiras 
da Epagri foi denominado “Projeto Gaivota 3”, em 
homenagem ao ex-governador Pedro Ivo Campos, 
precursor da maricultura em Santa Catarina, que 
implantou o primeiro cultivo no mar na década de 
80 e que recebeu o nome, na ocasião, de Projeto 
Gaivota. As sementes foram encomendadas pelos 
produtores, por intermédio dos extensionistas 
municipais da Epagri, e as estimativas foram 
de uma demanda de cerca de 200 mil sementes 
de vieiras para aproximadamente 50 produtores 
espalhados por oito municípios litorâneos que já 
trabalham no cultivo de ostras, e que pretendem 
também ingressar no cultivo de vieiras. Durante 
o seminário, foram apresentadas técnicas de 
manejo com as sementes, estruturas de cultivo, 
densidades de estocagem, infl uência dos fatores 
ambientais, e as principais diferenças entre as 
técnicas para o cultivo de ostras e o de vieiras.
CONSELHO ESTADUAL – No dia 11 de abril, o Esta-
do do Amazonas passou a ser o primeiro no Brasil 
a ter um Conselho Estadual de Aqüicultura e Pesca, 
onde estão representados órgãos governamentais, 
representantes de cada setor da cadeia produtiva 
e organizações não-governamentais, num total 
de 48 membros (24 vindos dos governos federal e 
estadual e 24 da sociedade civil). A SEAP/PR, que 
atuou como articuladora deste Conselho, também 
é uma das integrantes do Conselho, ao lado de 
outros órgãos governamentais como Ibama, DRT 
e INSS, de ONGs como a Pastoral da Pesca e de 
representantes de associações de pescadores, 
indústria pesqueira, aqüicultores e armadores. A 
criação dos conselhos estaduais de aqüicultura 
e pesca foi uma das resoluções aprovadas na 1ª 
Conferência Nacional de Aqüicultura e Pesca, 
realizada em 2003 pela SEAP/PR e que resultou 
na criação em 2004 do Conselho Nacional de 
Aqüicultura e Pesca, Conape, cujo objetivo é 
auxiliar a SEAP/PR na formulação das políticas 
para o setor e acompanhar as ações desenvolvidas 
pelo governo. 
ENZIMA DE PEIXES – Pesquisadores da Univer-
sidade de Ciência e Tecnologia de Trondheim 
(NTNU, na sigla em inglês), e da Universidade 
de Bergen, ambas na Noruega, testaram um 
novo creme para a pele humana, produzido com 
base em uma enzima proveniente de pescados. 
Os resultados demonstraram ser um tratamento 
efi caz contra a psoríase e eczemas. Trata-se 
de uma enzima conhecida como “zonase”, en-
contrada em grandes quantidades nos ovos de 
peixes. Essa enzima elimina as células mortas 
da pele e, por sua vez, estimula o crescimento 
de células novas. A descoberta desse produto 
foi acidental e resultou da observação, uma vez 
que foi possível comprovar que os trabalhadores 
dos cultivos de salmões na Noruega, que estão 
constantemente em contato com a água fria para 
a realização de suas atividades, deveriam ter 
problemas na pele de suas mãos, em virtude das 
condições de trabalho. No entanto, ao contrário 
do esperado, os trabalhadores desses centros 
de criação conservam suas mãos em perfeito 
estado. A partir de então os pesquisadores da 
Universidade de Bergen dedicaram-se ao estudo 
do caso e encontraram a zonase como possível 
fator benefi ciário. Alguns pontos ainda deverão 
ser trabalhados pelos pesquisadores. Um deles é o 
inconveniente que este novo produto apresenta, 
visto que para o bom funcionamento do creme, 
é necessário aplicá-lo com água.
SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO DE APP’s – Acabou 
de ser publicada a Resolução Conama no 369 de 
28/3/06, que “dispõe sobre os casos excepcio-
nais, de utilidade pública, interesse social ou 
de baixo impacto ambiental, que possibilitam 
a intervenção ou supressão de vegetação em 
Áreas de Preservação Permanente – APP’s”. 
Trata-se de uma Resolução muito importante 
para os aqüicultores, visto que a boa parte das 
áreas propícias aos cultivos aquáticos têm, de 
alguma forma, alguma relação com as APP's, 
principalmente no que se refere aos canais que 
abastecem e drenam os cultivos. A Resolução 
dá detalhes acerca das possíveis intervenções 
nas APP’s e alerta, no seu artigo 13 e 14, que 
as autorizações de intervenção ou supressão de 
vegetação em APP ainda não executadas deverão 
ser regularizadas junto ao órgão ambiental com-
petente, e que o não cumprimento sujeitará os 
7Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006
infratores às penalidades prevista na lei. A íntegra 
da Resolução Conama no 369 pode ser baixada 
no endereço www.panoramadaaquicultura.com.
br/download.asp
40% VEM DA AQÜICULTURA – Um recente es-
tudo realizado pela FAO intitulado “Aqüicultura: 
produção e mercados”, aumentou a importância 
da atividade aqüícola como fonte suplementar 
de pescado, situando a produção total prove-
niente de cultivos em 40% do total de pescados 
produzidos mundialmente. O estudo diz ainda 
que entre os anos de 2020 e 2030 a produção 
oriunda da aqüicultura irá superar a produção 
proveniente da pesca, como fonte de pescado. 
O salmão e os camarões são as espécies que 
estão transformando o comércio internacional 
de pescados, sendo que é crescente no mercado 
internacional a importância de outras espécies 
como a tilápia e os bagres.
CRIAÇÃO DE SALICORNIA – O Departamento 
de Investigações Científi cas e Tecnológicas 
da Universidade de Sonora, no México (Dictus 
– Unison) está pesquisando a reutilização da 
água de cultivo dos camarões para a criação de 
salicornia, uma planta que pode ser irrigada com 
água salgada (halófi ta). Em função do seu elevado 
valor protéico a salicornia pode ser utilizada na 
alimentação dos próprios camarões, além do 
fato de ser possível extrair um óleo comestível 
das suas sementes. Os experimentos estão sendo 
realizados na Baía de Kino e a água utilizada 
para um hectare de engorda de camarões pode 
ser aproveitada para cultivar de quatro a cinco 
hectares de salicornia. 
BOOM DA TILÁPIA NOS USA – Desde 2001 o 
consumo de tilápia dobrou nos USA. A tilápia é 
agora, o sexto pescado no ranking dos principais 
pescados consumidos pelos norte-americanos, o 
que é uma posição bastante expressiva, consi-
derando que a tilápia entrou para o ranking das 
dez principais espécies consumidas, há apenas 
três anos atrás. Para os próximos anos, não se 
espera um fi m nesse crescimento em espiral, 
mesmo considerando o principal concorrente, 
o bagre vietnamita basa, que vem encontrando 
grandes difi culdades para se manter no mercado 
norte-americano. 
ÓLEO DE PEIXE – O Departamento de Pesca da 
FAO divulgou que um estudo mostra que em 2005 
houve uma redução de 12% na produção mundial 
de óleo de pescado, já sendo possível prever uma 
redução também para 2006. As causas para essa 
redução estariam relacionadas com a indústria 
alimentícia voltada para o consumo humano, 
onde o produto é utilizado para o enriquecimento 
de Omega-3 dos produtos lácteos, entre outros. 
O Peru, principal produtor de óleo de peixe, res-
ponsável por mais de 25% da produção mundial, 
mesmo mantendo os níveis de capturas, registrou 
uma queda na qualidade da produção. Além do 
Peru, os maiores produtores de óleo de peixe são 
Dinamarca,Chile, Noruega e Islândia, sendo que 
apenas a Islândia registrou um leve aumento na 
produção em 2005. O mercado europeu para o 
Omega-3 foi estimado em 160 milhões de euros, 
dos quais 75% são provenientes do óleo de pes-
cado. A alternativa que vem sendo desenvolvida 
é a utilização de óleos extraídos de microalgas, 
que registraram no ano passado um aumento de 
19% na sua participação no mercado.
BLOG DO CARCINICULTOR – Está implementado 
em fase de testes, o blog do site www.carcinicultor.
com.br. Este serviço é uma complementação à 
lista de discussão daquele site, onde os usuários 
poderão publicar artigos (posts), inclusive com 
alguma imagem associada. Para publicar artigos ou 
comentários é necessário se cadastrar, escolhendo 
seu login e senha, o que não leva mais do que 
um minuto. O endereço é blog.carcinicultor.com.
br, e não tem www, mesmo!
WAS – O pesquisador da Pukyong National Uni-
versity, República da Korea, Sungchul C. Bai, foi 
eleito o novo presidente da Sociedade Mundial 
de Aqüicultura (WAS na sigla em inglês). Para o 
cargo também concorreu Ricardo Martino, chefe 
da Unidade de Tecnologia do Pescado da FIPERJ 
- Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de 
8 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006
Janeiro. Apesar da forte torcida verde e amarela 
que compareceu às urnas da instituição, ainda 
não foi dessa vez que um brasileiro ocupará a 
presidência da principal entidade representativa 
do setor aqüícola.
ANTIBIÓTICOS: USO RESPONSÁVEL – Em virtude 
do uso errado de antibióticos em áreas como a 
medicina humana, medicina veterinária, produção 
animal e proteção de vegetais, a FAO publicou 
recentemente o estudo “O Uso responsável de An-
tibióticos na Aqüicultura”, visando conscientizar 
sobre o problema da resistência aos antibióticos 
nos cultivos de peixes e setores correlatos. O do-
cumento foca o emprego errado dos antibióticos 
e o risco de desenvolvimento de resistência, visto 
como de interesse da saúde pública que afeta a 
população mundial. O trabalho, em formato PDF, 
pode ser obtido na íntegra, no endereço: ftp://ftp.
fao.org/docrep/fao/009/a0282e/a0282e00.pdf
MACROBRACHIUM NA ISLÂNDIA? – Num ne-
gócio de muitos milhões de dólares, a empresa 
New Zealand Prawns Ltd., que opera a única 
fazenda de engorda de camarões de água doce 
(Macrobrachium rosenbergii) do mundo operada 
com águas de fontes geotermais, vendeu 50% 
da sociedade em sua tecnologia para o governo 
da Islândia, que espera utilizar seus recursos 
geotermais para a engorda do camarão de água 
doce Macrobrachium rosenbergii. Um projeto piloto 
já foi conduzido, certifi cando a viabilidade de 
realização da larvicultura nas condições locais 
e agora estão construindo a primeira fazenda 
comercial de camarões de água doce da Islândia. A 
expectativa é de que a fazenda tenha autonomia 
para produzir camarões sufi cientes para abastecer 
totalmente a cadeia de restaurantes do país. Em 
tempo: na Nova Zelândia, o Macrobrachium rosen-
bergii tornou-se também uma atração turística. O 
"New Zealand-Catch and Cook: Prawn Park” é a 
única fazenda de turismo e cultivo de camarão em 
águas geotermais do mundo. Os visitantes podem 
alimentar os juvenis de camarão M. rosenbergii, 
visitar "Grumpy", o maior exemplar em cativeiro 
no mundo e pescar camarões para refeições no 
restaurante local. O passe para a família (dois 
adultos e quatro crianças) custa NZ$7,00, o passe 
para um adulto custa NZ$3,25 e para uma criança 
NZ$0,80 (1 Dólar neozelandês = R$ 1,32).
NOVO GLOSSÁRIO AQÜÍCOLA – Um novo glos-
sário online publicado pela FAO voltado para a 
aqüicultura com mais de 2.950 termos com de-
fi nições, sinônimos, termos relacionados, fontes 
de informação e imagens, está disponível em 
vários idiomas. O objetivo principal do glossário 
é servir como referência para os produtores, 
consultores, administradores, “fazedores de 
política”, desenvolvedores de negócios, engenhei-
ros, agricultores, economistas, ambientalistas 
e todos os interessados no tema aqüicultura, 
além de facilitar a comunicação entre os experts 
e cientistas envolvidos com a pesquisa e desen-
volvimento em aqüicultura. Os termos podem ser 
encontrados por ordem alfabética ou por assunto 
relacionado à aqüicultura. O glossário online de 
aqüicultura está disponível nos cinco idiomas 
ofi ciais da FAO: árabe, chinês, inglês, francês e 
espanhol, no seguinte endereço: http://www.
fao.org/fi /glossary/aquaculture
TECNOLOGIA DO CAMARÃO – A empresa de 
Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte 
(Emparn) assegurou que as obras do Centro de 
Tecnologia do Camarão (CTC) serão concluídas 
até o fi m de 2006, após dois anos em ritmo 
lento em virtude da burocracia para liberar re-
cursos e do processo de embargo da área onde 
o empreendimento seria construído, no antigo 
“Projeto Camarão” à margem do rio Potengi. Os 
12 viveiros de engorda (dez com 1000 m2 cada 
e dois com 2.000 m2 cada) e os prédios do CTC 
estão quase prontos, desta vez na Fazenda Samisa, 
localizada no município de Extremoz, à margem 
da rodovia de acesso à Jenipabu, em uma área 
de 5.000 m2 de propriedade da Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e que 
pertencia à empresa Souza Cruz. De acordo com o 
diretor-presidente da Emparn, Robson de Macedo 
Vieira, quase 80% dos R$ 2,3 milhões captados 
para o CTC já foram aplicados e o Governo do 
Estado entrou com uma contrapartida de R$ 500 
mil. Está sendo aguardada a chegada de cinco 
pesquisadores especialistas na área, provenientes 
da Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-
pecuária, conforme acerto entre as instituições. 
O coordenador responsável pelo CTC no âmbito 
da Emparn, Ezequias Viana de Moura, informa 
que além das pesquisas ligadas diretamente à 
genética, também serão realizados estudos ligados 
à análise de águas e desenvolvimento de rações 
por parte dos especialistas da UFRN e Emparn. 
Por enquanto, a Emparn e a UFRN não defi niram 
onde buscar os recursos necessários à manutenção 
do empreendimento. Um custo que, na opinião 
dos carcinicultores, é elevado.
SELEÇÃO DE PROJETOS – Projetos voltados à 
Elaboração de Planos de Recuperação e de Gestão 
de Espécies de Peixes e Invertebrados Aquáticos, 
estão sendo selecionados pelo Ministério do 
Meio Ambiente, através do Fundo Nacional do 
Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e 
Florestas, em parceria com o Instituto Brasileiro 
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Re-
nováveis. Os recursos na ordem de R$ 4 milhões 
serão destinados para o apoio dos projetos que 
visem tanto recuperação de espécies de peixes e 
invertebrados aquáticos ameaçados de extinção, 
quanto planos de gestão para espécies de peixes 
e invertebrados aquáticos sobreexplotadas ou 
ameaçadas de extinção. As propostas de projeto 
podem ser encaminhadas até o dia 02 de junho 
e deverão ser apresentadas na última versão 
9Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006
disponível do programa de elaboração de projetos 
do FNMA (Fundo Nacional do Meio Ambiente) 
disponibilizado na página eletrônica: www.mma.
gov.br/fnma (arquivos para download). 
WHITE SPOT – Um recente estudo realizado 
no Laboratório de Aqüicultura do Centro de 
Referência de Artêmia, na Bélgica, utilizou um 
procedimento padrão de inoculação intramus-
cular, para a avaliação dos efeitos das altas 
temperaturas da água nos resultados virológicos 
e clínicos com o vírus da mancha branca (WSSV). 
Os resultados mostraram que o aumento da tem-
peratura da água para 33oC depois da inoculação 
do vírus, foi sufi ciente para evitar as mortalidades 
induzidas pelo WSSV. Ainda de acordo com o 
estudo, a utilização de água quente antes da 
inoculação não teve nenhum efeito de proteção. 
Os camarões mantidos em temperatura de 33oC 
depois da inoculação do vírus da mancha branca 
apresentaram-se negativos para o WSSV, o que 
demonstra que essa infecção ou, no mínimo, a 
replicação do vírus, foi bloqueada pela elevada 
temperatura da água.
TILÁPIAS NA COSTA RICA – A Costa Rica se 
consolida comoum dos principais exportadores 
mundiais de tilápia com 4.200 toneladas ex-
portadas em 2005, e uma receita de US$ 23,5 
milhões. O destaque foram os fi lés que represen-
taram 3.400 t, equivalentes a US$ 19 milhões. 
Vale mencionar que 412 toneladas de peles de 
tilápia foram exportadas correspondendo a US$ 
289 mil, bem como 130 toneladas de escamas, 
que geraram uma receita de US$ 146 mil. Esses 
subprodutos são utilizados para a extração de 
gelatinas e colágenos, que são usados na Europa 
na produção de cosméticos.
MISSÃO INTERNACIONAL - Um grupo de 
técnicos da Prefeitura Municipal de Sobral-CE, 
Instituto de Desenvolvimento de Tecnologias 
em Agropécuária e Recusos Hídricos (Idetagro/
Sobral-CE), Universidade Estadual do Vale do 
Acaraú (UVA), e do Sebrae/CE, esteve no início 
de abril último em Guayaquil, no Equador, em 
Missão Técnica como parte do projeto "Arranjo 
Produtivo da Piscicultura", coordenado pela 
Prefeitura Municipal de Sobral em parceria com 
o Governo Federal, através do Ministério da 
Integração Nacional. O objetivo principal foi 
conhecer o pacote tecnológico utilizado pela 
indústria aqüícola daquele país para a produção 
de tilápias em cativeiro - da reprodução ao co-
mércio exterior. A missão brasileira, coordenada 
por Francisco Hiran Costa da UFC, incluindo os 
técnicos Aquiles de Moraes, Emerson Moreira, 
Pedro Maia, Galdino Moura Neto e Luiza Barreto, 
foi recebida pelo Diretor Técnico da Companhia 
El Rosario S.A., Diego Buenaventura Borrero, 
que apresentou as principais fazendas pro-
dutoras de tilápias. A empresa exporta 4.500 
toneladas/ano de fi lés frescos para o mercado 
norte-americano, o que signifi ca dizer que apro-
ximadamente 13.000 toneladas de tilápia inteira 
são processadas, correspondendo a praticamente 
toda produção do Estado do Ceará, no ano de 
2003, segundo o IBAMA (2004). A tecnologia 
equatoriana poderá ser adequada à realidade ce-
arense, buscando a maximização da produção de 
tilápias e incrementando a renda dos produtores 
locais. As inovações serão adicionadas às ações 
desenvolvidas pela Secretaria da Agricultura e 
Pecuária de Sobral, que basicamente são cons-
tituídas de Cultivo de Tilápias em Tanque-Rede, 
Manejo Nutricional de Peixes, Benefi ciamento de 
Pescados, Capacitação Técnica de Piscicultores, 
Educação Ambiental e Monitoramento Ambiental 
Contínuo de Reservatórios.
PRORROGAÇÃO - O Edital MCT/CNPq 02/2006 
Universal, para Seleção Pública de Projetos de 
Pesquisa Científi ca, Tecnológica e Inovação teve 
as inscrições prorrogadas para 31 de maio de 2006 
(http://www.cnpq.br/servicos/editais/ct/2006/
edital_0022006.htm). Segundo o Coordenador 
de Incentivo à Pesquisa e Geração de Novas 
Tecnologias da SEAP, Eric Routledge esta é uma 
oportunidade para os pesquisadores da área para 
propor projetos de até R$ 50 mil, lembrando a 
importância dos interessados em indicar o Comitê 
de Assessoramento de Aqüicultura e Recursos 
Pesqueiros na hora da submissão. Ainda segundo 
Eric Routledge, o fortalecimento deste comitê 
no CNPq, signifi ca a perspectiva do aumento de 
projetos aprovados, concessão de mais bolsas e 
aumento do número de membros do comitê.
DISSERAM LÁ FORA – Sob o título “Três Grandes 
Alertas”, o site “Shrimp News International” no 
último dia 14 de abril, publicou que a indústria 
brasileira de cultivo de camarões ainda enfrenta 
no ano de 2006, três grandes desafi os: taxa de 
câmbio desfavorável, enfermidades (IMNV e WSSV) 
e baixo crescimento dos camarões, decorrente em 
muitos casos, da transmissão de infecções por 
patógenos, do plantel de reprodutores para a sua 
prole. A nota diz que em algumas fazendas, os 
camarões param de crescer com peso médio entre 
8 e 10 gramas, que a produção brasileira tem 
caído nos últimos dois anos e que, provavelmente, 
deverá cair ainda no ano de 2006. Relata ainda 
o fechamento de algumas fazendas, a redução 
das densidades de estocagem de outras e o fato 
de que algumas fazendas não estão povoando, 
ressaltando que a situação vem criando uma crise 
não somente para o setor de produção, como toda 
a indústria relacionada, como a de produção de 
ração, plantas de processamento e laboratórios 
de larvicultura. A notícia termina anunciando que 
o Brasil irá abrir transitoriamente suas fronteiras 
para a importação de exemplares de Litopenaeus 
vannamei, livres de patógenos, provenientes de 
fontes seguras, na esperança de revigorar os 
estoques e incrementar o setor. 
10 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006
Para fazer parte gratuitamente da 
Lista Panorama-L vá ao site 
www.panoramadaaquicultura.com.br
 clique em Lista de Discussão 
e siga as instruções.
De: Hênio do Nascimento Melo Júnior 
hpeixejr@yahoo.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Tanque-rede
Estou precisando recuperar uma fórmula 
que Fernando Kubitza enviou para a lista da 
Panorama da Aqüicultura. Com esta fórmula 
é possível calcular a carga de poluição que 
a ração causa em ambientes com cultivo de 
peixes em tanque-rede.
De: Alvaro Graeff
agraeff@epagri.rct-sc.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Tanque-rede
O Fernando Kubitza disse que “Você tem 
que considerar que do ganho de peso dos 
peixes, 75% mais ou menos é água que 
ele ganha do ambiente. Assim, se eles 
comem 1.000 kg de ração, ganham 1.000 
kg (conversão alimentar 1:1). Na realida-
de eles ganharam apenas 25% ou 250 kg 
em matéria seca. E a ração tem cerca de 
90% de matéria seca, ou seja, 900 kg de 
matéria seca de ração resultaram em 250 
kg de ganho em matéria seca nos peixes. 
O potencial poluente da ração é de 650 
kg de matéria seca para uma tonelada de 
peixe produzida neste exemplo.”
De: Antonio Dantas 
avdantas@uol.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Mortalidade de Tilápias
Caros Colegas, estou com um problema na 
minha criação de tilápias em tanques-rede 
no Rio São Francisco, em Alagoas. As tilápias 
maiores que 300 gramas morrem apresen-
tando os seguintes sintomas: 1 - Coloração 
escura do corpo, 2 - Olhos bastante saltados 
da cavidade ocular, 3 - Apresentam uma 
membrana branca cobrindo o olho. Algumas 
apresentam lesões no corpo como se fossem 
provenientes de pancadas. Gostaria que 
alguém me informasse que doença é essa 
e como tratá-la. 
 
De: Johnnie Castro Montealegre 
jcmaqua@gye.satnet.net
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Mortalidade de tilápias 
Consultei sobre o seu problema de morta-
lidade com uma especialista venezuelana 
em enfermidades de peixes e segue o co-
mentário dela: “A cor escura é a primeira 
reação que os peixes têm quando expostos 
a algo negativo prolongado, podendo tam-
bém estar relacionada com uma situação 
em que não podem regular as últimas 
terminações nervosas que controlam a 
coloração dos peixes. Por isso os peixes 
enfermos se mostram escuros. Os olhos 
saltados são sintomas de várias doenças, 
incluindo defi ciência de vitaminas. Nos 
tanques-rede muitas vezes observamos 
peixes com olhos opacos, quase sempre 
do mesmo lado, resultado do roçar na 
rede. É importante ver os órgãos internos 
antes de poder pensar em algo. Muitas 
vezes observamos lesões externas como 
se tivessem sido golpeados mas que na 
realidade é por falta de escamas devido 
a algum processo de captura ou também 
associado a problemas com Pseudomonas 
e Aeromonas. É importante conhecer a 
densidade que estão sendo criados, em 
que profundidade está o fundo do reserva-
tório e como se encontram as brânquais. 
É necessário que se faça observações de 
cada um do órgãos – mesmo que seja 
macroscópica. Com as informações que 
você me enviou é muito pouco o que 
se pode fazer. Um abraço, Gina” Conroy 
email: anig2005@cantv.net
De: José Maria
comercial@wgautomacao.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Milho fermentado para tilápias 
em Terminação
Recebi informações de que milho fermen-
tado serve como alimento alternativo para 
terminação de tilápias. Gostaria de saber se 
tem algum problema no trato uma vez que 
temos uma quantidade razoável de milho em 
nossapropriedade. Até o momento, fi zemos 
o trato apenas com ração.
De: Márcia Regina Stech
marciastech@uol.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Milho fermentado para 
tilápias em Terminação
José Maria, poder usar o milho você pode, 
mas não deve, essa é a questão, pois pro-
vavelmente terá problemas com transporte, 
qualidade de carcaça e sanidade.
De: Luiz Vítor Oliveira Vidal
luiz_vidal@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Milho fermentado para 
tilápias em Terminação
11Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006
O milho é bastante energético, o acúmulo de 
gordura na carcaça será maior. Os pigmentos 
carotenóides do milho podem alterar a colora-
ção da carcaça, prejudicando a venda.
De: Josué Moura 
josuemoura@gmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br 
Assunto: Tilápia no inverno
Gostaria de saber o que vocês acham de locar 
tilápia nos tanques-rede agora, na entrada 
do inverno, minha represa apresenta uma 
temperatura média no inverno de 18ºC. 
Terei um resultado satisfatório?
De: Alvaro Graeff
agraeff@epagri.rct-sc.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Tilápia no inverno
Veja que país belo nós temos! Para quem 
está preocupado se pode estocar as suas 
tilápias com uma temperatura média de 
18ºC graus no inverno, nós aqui estamos 
criando tilápias no verão (entre os meses 
de outubro a abril) e a temperatura média 
em minha região (Centro de Santa Catarina) 
não é maior do que isto. Veja as médias: 
janeiro: 20,7 ºC, fevereiro: 20,5 ºC, março: 
19,6 ºC, abril: 16,6 ºC, maio: 13,4 ºC, ju-
nho: 12,0 ºC, julho: 11,9 ºC, agosto: 13,3 
ºC, setembro: 14,8 ºC, outubro: 16,8 ºC, 
novembro: 18,6 ºC e, dezembro: 20,0 ºC. 
Produzimos peixes ao redor de 500 gramas 
por cabeça em 200 dias. As adversidades 
nos fazem ser criativos para produzir "nesta 
terra em que se plantando tudo dá".
De: Francisco Moreira Dubeux Leão Junior 
francisco.leao@fl eury.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Tilápia no inverno
Prezados Álvaro e Josué, deixa eu pegar 
uma carona na sua discussão. Aqui na minha 
região, a água varia de 29 ºC no verão a 18 
ºC no inverno. Os meses frios são junho, 
julho e agosto. Nestes meses elas comem 
mais ou menos uns 75% do que deveriam 
comer se a temperatura não caísse. Isto me 
dá um ciclo de nove meses entre o Alevino 
II (pós-reversão) e o peixe gordo com mais 
de 500g e menos de 700g. Álvaro, você 
acha que eu estou "marcando bobeira" e 
demorando muito ou o ciclo de 9 meses é 
compatível com estas temperaturas? Você 
chega em 500g em 200 dias partindo de 
que tamanho? Outra pergunta: quem faz os 
seus alevinos/juvenis? Você mesmo já tem 
as matrizes adaptadas para o seu clima ou 
você compra de terceiros da sua região? 
Se não for pedir muito: qual o esquema de 
arraçoamento que você usa?
De: Álvaro Graeff
agraeff@epagri.rct-sc.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Tilápia no inverno
Os resultados foram obtidos em tanque-rede 
com alimentador automático de 24 horas 
da Bernauer, com oferecimento constante. 
O início do cultivo começa com juvenis de 
tilápia com 50 gramas, produzidos e forne-
cidos por nós mesmos (passam o inverno 
em recria). São dados experimentais, pois 
estamos desenvolvendo dietas completas, 
para possibilitar um sistema de produção 
em nossa região que, como falei, tem um 
inverno rigoroso.
De: Flavio Lindenberg
ffl @moana.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Tilápia no inverno
Aqui em Cananéia - SP as médias de inver-
no se assemelham às suas e temos obtido 
converções alimentares semelhantes às do 
verão caindo, contudo, a taxa de crescimen-
to diário aproximadamente pela metade. 
Nossa opção é por manter as engordas e 
pré-engordas, suprimindo apenas as alevi-
nagens. Creio que a questão determinante é 
econômica (aumento do custo de produção) 
e depende da sua análise particular. Nos 
casos do Álvaro e Francisco Leão pode-se 
notar que sem o inverno as metas não seriam 
alcançadas. Divagando um pouco, "tempo 
é dinheiro" e experiência. 
De: Flavio Lindenberg
ffl @moana.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Tilápia no inverno
Talvez a solução esteja em partir de alevinos 
saudáveis e de grande porte, acima de 5 gra-
mas, sem estresse de transporte e tratamento 
preventivo contra patógenos. No inverno o 
sistema de alimentação ad libitum (à von-
tade) e ração de qualidade também podem 
ser limitantes. Por que você não mantém um 
novo teste em pequena escala?
De: Francisco Moreira Dubeux Leao Junior 
francisco.leao@fl eury.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Tilápia no inverno
Eu ainda tentei fazer juvenis no inverno 
do ano passado e não deu muito certo. 
Morreu um bocado e o que sobrou teve um 
desempenho meio fraco. Este ano eu vou 
passar o inverno com a recria vazia. Outro 
aspecto que eu notei é que eu estava dando 
pouca comida quando chegavam nas 400g, 
12 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006
principalmente no calor. Acho que fi quei 
muquirana de repente e acabei deixando a 
peixada com fome!
De: Paulo Afonso 
pafonso@infonet.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Tilápia & Cia
Estamos vivenciando uma experiência 
muito interessante aqui em Aracaju-SE. A 
Piscicultura Porã, voltada para a reprodu-
ção, engorda e processamento de tilápia, 
há mais de 10 anos, resolveu montar um 
restaurante e choperia (TILÁPIA & CIA.), 
onde só pratos e petiscos de tilápia são 
servidos aos fregueses. Está sendo um su-
cesso. As pessoas estão adorando e muitas 
delas que não conheciam o nosso peixe, 
passaram a conhecer e gostar. São mais 
de 10 receitas que oferecemos. Estamos 
localizados na orla da praia de Atalaia, em 
Aracaju. O restaurante também funciona 
como ponto de venda dos nossos produtos 
processados (fi lé, postas, eviscerados, 
bolinhos, etc.). Como ponto de escoa-
mento da produção, está surpreendendo 
a todos nós. Quando vierem a Sergipe, 
nos visitem, será um prazer, contar da 
nossa experiência.
De: Daniel Y. Sonoda
dysonoda@esalq.usp.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Tilápia & Cia
Paulo, acho que esta iniciativa de vocês 
deveria ser copiada em todos os Estados 
do Brasil. Esta é a forma de marketing mais 
efi ciente que existe, pois se ganha dinheiro 
para divulgar o produto! Seria uma ótima 
forma para fi xar o consumo de peixes de 
piscicultura na população.
De Carlos Iannoni 
iannoni1@itelefonica.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Tilápia & Cia
Olá Paulo, aqui na região central do 
Estado de São Paulo trabalho exclusi-
vamente com a pesca de tilápia e no 
restaurante sirvo somente filé de tilápia 
já há três anos e tem sido um sucesso. 
O produto é muito bom de trabalhar, 
vende sozinho, preenche os anseios do 
consumidor sem detalhes à acrescentar ou 
ressalvas. Gostaria de propor um trabalho 
com moto-boys entregando peixes nos 
domicílios. Fiquei interessado nos boli-
nhos que você comercializa. Como vai a 
aceitação deles? Parece mais barato que o 
filé e oferece praticidade ao consumidor. 
Vocês têm a percepção que me deixou 
os pirões confeccionados com tilápia 
(carcaça do filé)? Quando se deixa sem 
tempero a farinha se pronuncia mais e 
quando se tempera muito o peixe some. 
Não é defeito e sim uma característica 
de leveza que a tilápia tem. Coloco em 
confronto com o pirão de piranha, por 
exemplo. Parabéns e tenha a certeza de 
vida longa para o empreendimento. 
De: Paulo de Mesquita Sampaio 
pdemesquitas@yahoo.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Tilápia enlatada
Pessoal do processamento, vocês já vi-
ram e experimentaram o fi lé de tilápia 
enlatado em lata de sardinha pela fi rma 
“Rubi” do Rio de Janeiro? Tem fi lé no 
óleo comestível, fi lé no molho de alca-
parras e fi lé com outro molho que não 
me recordo. Comi e gostei. É um sabor 
bem leve. São latinhas com 83g de fi lé 
de tilápia. Como vêem o peixe em lata é 
um mercado já consolidado, com a sar-
dinha, anchova, atum, etc.. E agora é a 
tilápia conquistando seu espaço. Sugiro 
irem ao supermercado paraexperimentar 
e, principalmente, comentar e tocar pra 
frente esse novo produto para que todos 
possam vender mais tilápias. 
De: Silvia Mello 
silviaqua@uol.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Tilápia enlatada
O enlatamento começou através da proposta 
de um piscicultor do Estado do Rio de Janeiro 
que fornece a tilápia para a Rubi. As tilápias 
fi letadas são de tamanho pequeno, devido a 
questões técnicas e econômicas. O produtor 
em questão prefere comercializar a tilápia 
pequena (inicialmente o peixe tinha entre 
250 e 350 g) devido a questões de manejo 
da sua piscicultura.
De: Luiz Eduardo 
lesba@onda.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Tilápia enlatada
Tive a oportunidade de experimentar a tilá-
pia enlatada. Aqui em Londrina, uma rede 
de supermercado algum tempo atrás andou 
vendendo a tilápia dessa forma. Há tempos 
que não tenho visto o produto, mas posso 
garantir que é extremamente saborosa.
De: André Bezerra
agencia_brasil@yahoo.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Tilápia enlatada
Através de nosso Sistema de Inteligência de 
Mercado (SIM) temos monitorado os preços, 
ofertas e fl utuações de diversos produtos 
de Aqüicultura. A tilápia / fi lé / rubi/ vem 
tendo boa aceitação no mercado, tem sido 
ofertada em embalagens de 130g com óleo 
comestível, pimenta, ou alcaparras, nos 
últimos quatro meses segue com o preço 
médio (consumidor) de R$ 2,99. Tenho 
encontrado o produto em supermercado 
no Espírito Santo. Parabéns aos empreen-
dedores que mostram que é possível irem 
além de nossas comodities e investem em 
agregação de valor.
De: Bernardo Sardão
milagredospeixes@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Tilápia enlatada
Tive oportunidade de percorrer alguns 
supermercados nos Estados Unidos e 
Canadá dando especial atenção aos pes-
cados. Encontrei uma grande variedade de 
produtos enlatados e os mais populares 
eram os do tipo “atum enlatados” muito 
parecidos com os de marca brasileira, e 
esses custavam entre US$ 0,25 (produto de 
excelente qualidade) e US$ 1.00 (marcas e 
supermercados mais caros) a unidade. Havia 
também salmão enlatado utilizando partes 
do peixe (com espinha e pele) de menor 
tamanho aos comercializados. Comprei vá-
rios tipos e marcas. Apesar do cheiro muito 
forte, experimentei e gostei. Os preços 
das latas estavam em torno de US$ 2.00 e 
US$ 3.50, dependendo claro, do tamanho 
e marca. Não havia tilápias enlatadas, no 
entanto, este peixe ocupa grande parte 
das prateleiras, onde se encontra tilápias 
para todos os gostos. Em fi lés, inteiras, 
diferentes cortes, congeladas e prontas 
para cozinhar (US$ 0.99 cada fi lé de 100 
gramas (promoção!), fresca, congelada, 
etc. de procedência chinesa (obs.: todas 
as tilápias, sem exceção, eram de proce-
dência chinesa). Além do salmão e atum, 
havia uma grande variedade de moluscos 
e outros peixes de águas frias, também 
enlatados (ao óleo, água, diferentes mo-
lhos e defumados). Vale a pena entrar nos 
sites de grandes empresas estrangeiras de 
pescados e também de redes de supermer-
cados para ter conhecimento do que está 
sendo comercializado no exterior.
13Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006
De: Eduardo Tiguera Bernhardt
tiguera@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Policultivo
Estou em Aracajú-SE e recentemente passei 
por desagradável surpresa ao despescar 
um viveiro de 2 hectares povoados com 
cerca de 100 mil Pl´s de vanammei e 30 
mil alevinos de tilápia. Esse meu viveiro é 
abastecido com água de uma nascente que 
fi ca próxima, têm características especiais 
com salinidade de 4,5 ppt, alcalinidade e 
dureza maiores de 150 ppt e fi ca em uma 
antiga área embrejada onde viviam muitos 
camarões nativos de água doce. Acontece 
que os camarões (vannamei) se desenvol-
veram muito bem até 13-15 g porém, não 
tinha idéia da sobrevivência, pois a acli-
matação na época do povoamento a fi z em 
condições adversas e com pouca técnica. 
Bom, a partir daí (+/- 90 dias) começou a 
aparecer e logo depois a predominar em 
minhas biometrias, esse camarão nativo de 
água doce muito parecido com o pitú ou o 
rosenbergii) e no fi nal do período de poli-
cultivo cerca de 180 dias despesquei cerca 
de 200 kg de camarão. Desses, apenas cerca 
de 5% eram vannamei. Percebi ainda, que os 
maiores, que chegaram a atingir 18 gramas 
nas biometrias, haviam desaparecido! A 
possibilidade que levanto é de canibalismo 
por parte dos de água doce (que tem quelas) 
contra os vannamei. Gostaria, no entanto, 
da opinião dos listeiros! Gostaria também 
de receber notícias de outros policultivos 
em água doce ou salgada e seus índices, 
bem como se alguém já desenvolveu técnica 
de despesca ou mesmo de construção de 
viveiros ou estruturas de despescas para 
essa modalidade, visto que a despesca é 
uma das grandes difi culdades desse tipo de 
cultivo. Alguns dados importantes: utilizei 
Pl 10, a aclimatação de Pls que vieram com 
salinidade 5 para 4,7 (minha), inicialmente 
dentro das próprias bolsas de transporte, 
duração de cerca de 1 hora e meia. Não 
foram observados outros parâmetros como 
pH, no entanto o meu sempre é próximo 
de 7 (método colorimétrico). O tempo de 
transporte das Pls até a fazenda é de cerca 
de 18 hs. O horário da aclimatação foi 21hs. 
Foram feitas correção do solo com calcáreo 
dolomítico e desinfecção de poças com cloro, 
porém como a área do viveiro têm fundo muito 
úmido e muitas poças, acredito que as larvas 
dos camarões nativos vem daí! Uso tela de 
entrada e saída do tipo “tela mosquiteiro” 
(não sei exatamente quantas micras de 
abertura). As tilápias foram estocadas com 
cerca de uma grama mais ou menos, sete dias 
antes da estocagem dos camarões.
De: Francisco Costa
hiran1968@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Policultivo
Eduardo, a estocagem foi feita da forma 
errada. Você colocou tilápias com uma 
grama, que vão se alimentar fortemente de 
zooplâncton e, então, você coloca PL 10 
(praticamente zooplâncton). As 100.000 
PLs, então, serviram praticamente de ali-
mento para as tilápias que com uma semana 
já deviam estar com 2 gramas. Acabei de 
fazer uma viagem ao Equador para veri-
fi car esse pacote. Dê uma olhada em www.
civa2004.org, lá você encontrará um artigo 
nesse sentido...é um bom caminho.
14 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006
15Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006
Por: Ubiratã A. T. da Silva, 
Antonio Ostrensky, 
Robson Ventura, 
Angelo Francisco dos Santos e 
Walter A. Boeger
Grupo Integrado de Aqüicultura e Estudos 
Ambientais, Universidade Federal do Paraná. 
e-mail: ostrensky@ufpr.br e-mail: ostrensky@
ufpr.br
O caranguejo-uçá é o maior crustáceo encontrado nos manguezais brasileiros. Sua carne é adocicada e 
muito saborosa, o que faz de sua captura uma atividade econômica muito importante nas regiões lito-
râneas. Porém, já existe uma crescente preocupação com a redução dos seus estoques naturais, não só 
pela destruição de seus habitats e pela captura desenfreada a que está sendo sujeito, mas também pelo 
surgimento de uma enfermidade chamada “Doença do Caranguejo Letárgico” (DCL). Desde 1997, essa 
doença vem provocando grandes mortandades de caranguejo-uçá em grande parte da Região Nordeste. 
Os problemas relacionados ao caranguejo-uçá vêm forçando as instituições de pesquisa e o poder público 
a despender um enorme esforço para o manejo e recuperação das populações afetadas. Trabalhos neste 
sentido vêm sendo realizados desde 2001, pelo Grupo Integrado de Aqüicultura e Estudos Ambientais 
(GIA), com o objetivo de recuperar áreas de manguezal onde as populações de caranguejo mostram estar 
declinando. Para isso foram desenvolvidas técnicas inéditas de larvicultura em larga escala da espécie, 
que vêm se tornando uma ferramenta valiosa para o manejo de populações naturais.
O caranguejo-uçá é um dos principais recursos pesqueiros explo-rados pelas populações que vivem próximas a estuários. Essa 
espécie pode ser encontrada desde o norte deSanta Catarina até o 
Estado norte-americano da Flórida. Na fase adulta, o caranguejo-uçá 
chega a atingir um tamanho considerável - até 10 cm de largura 
de carapaça e mais de 30 cm de envergadura. A sua carne é muito 
apreciada e sua captura é relativamente fácil, principalmente duran-
te o período reprodutivo. Como não exige equipamentos ou artes 
de pesca sofi sticadas, a cata do caranguejo é uma prática acessível 
às camadas mais pobres das populações litorâneas e, com isso, a 
pressão sobre esse recurso pesqueiro, principalmente em torno 
das grandes cidades, é muito grande. A cata do caranguejo, dessa 
forma, acaba funcionando como uma “válvula de escape” à falta de 
emprego e opção de geração de renda para essas populações. 
No entanto, há alguns anos é possível observar uma 
tendência de redução dos estoques do caranguejo-uçá em 
grande parte dos manguezais brasileiros. Até mesmo o tamanho 
médio dos caranguejos capturados vem decrescendo ano após 
ano. Preocupados com estes fatos, a comunidade científica e 
os órgãos ambientais vêm realizando esforços para ampliar o 
conhecimento sobre a biologia do animal e tentando imple-
mentar medidas administrativas e legais para tentar reverter 
este quadro. Diversos encontros anuais, reunindo catadores 
de caranguejo, membros da comunidade científica e agentes 
de fiscalização foram realizados e, a partir daí, os moldes 
de portarias como a de Nº 52/2003, que regula a captura e 
comercialização do caranguejo-uçá no sul do Brasil, foram 
estabelecidos. 
16 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006
17Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006
Apesar da implementa-
ção de medidas mais rígidas 
de controle, tais como ta-
manho mínimo de captu-
ra e períodos de defeso, 
os estoques continuam 
a decair. Outros fa-
tores como o cresci-
mento das cidades em 
torno dos manguezais, 
acidentes ambientais 
e, recentemente pelo 
aparecimento de uma 
enfermidade altamen-
te letal para populações 
de caranguejo-uçá, vêm 
demonstrando que apenas a 
regulamentação da cata do caran-
guejo é insufi ciente para garantir 
a sustentabilidade da exploração 
desta espécie pelas populações ri-
beirinhas por um longo tempo.
O repovoamento procura explorar algumas das lacunas repro-
dutivas da espécie, que apresenta alta prolifi cidade, mas baixíssimas 
taxas de sobrevivência larval no ambiente natural. Em laboratório, 
através do uso de tecnologias avançadas, é possível obter índices de 
sobrevivência centenas e até milhares de vezes superiores àqueles 
obtidos naturalmente. Essas larvas podem ser utilizadas para recom-
por áreas alteradas por ações antrópicas ou naturais. 
Entretanto, o uso das técnicas de repovoamento é muitas vezes 
visto pela população e, por isso mesmo, também pelos administradores 
públicos, como uma panacéia – uma solução para todos os males. Ape-
sar de sua efi ciência já ter sido comprovada para diferentes espécies 
em países como Japão, Noruega e Estados Unidos, existem muitos 
exemplos nos quais as técnicas de repovoamento, até por terem sido 
exageradamente simplifi cadas, resultaram em exemplos negativos até 
hoje lembrados e explorados pelos adversários da idéia. 
Apesar da maior consciência que se tem atualmente de que a 
interação entre uma multitude de fatores ambientais exerce enorme 
infl uência nos resultados dos esforços de repovoamento, muitas 
tentativas sem o necessário critério continuam a ser realizadas, ano 
após ano, atraídas principalmente pelo clamor popular, mas também 
pelo desejo dos governantes em dar uma resposta rápida às demandas, 
tanto sociais como ambientais. 
O que o GIA tem feito é justamente desenvolver, testar e 
validar a tecnologia de repovoamento do caranguejo-uçá de uma 
maneira científi ca. O início de todo o processo de repovoamento 
em um determinado local passa primeiramente por um diagnóstico 
muito preciso da situação da área-alvo. Dentre os aspectos que são 
avaliados estão a identifi cação do agente estressor, a dimensão do 
impacto e a capacidade de regeneração natural dessa área. 
Primeiros passos
Em janeiro de 2000, um acidente na refi naria Duque de Caxias 
foi responsável pelo derramamento de grandes quantidades de óleo cru 
na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. O óleo atingiu diversas praias 
e ilhas, mas principalmente os manguezais das reservas ambientais de 
Guapimirim, no fundo da baía. Como resposta ao acidente, a Petrobras 
apoiou as primeiras pesquisas desenvolvidas pelo GIA para o desen-
volvimento de uma tecnologia para produzir larvas de caranguejo-uçá 
em larga escala.
O projeto foi realizado em um pequeno laboratório no município 
de São Mateus, ES. As primeiras tentativas foram frustrantes, pois ainda 
não se conhecia o momento exato em que as eclosões ocorreriam e nem 
como manter as fêmeas em cativeiro. Conversando com os catadores, 
percebeu-se que as eclosões ocorriam em sincronia com os ciclos lunares 
e que a manutenção das fêmeas em cativeiro por longos períodos era 
desnecessária. A partir daí, as fêmeas ovadas (Foto 1) somente eram 
trazidas ao laboratório alguns dias antes da lua cheia ou nova. Com isso, 
a sobrevivência das fêmeas foi maximizada permitindo, fi nalmente, que 
grandes quantidades de larvas na fase 
inicial, ou zoea I (Foto 2), fossem 
obtidas. As fêmeas eram, então, 
devolvidas, após a eclosão, 
para o mesmo manguezal do 
qual foram capturadas.
Foto 2 – Larva zoea
Foto 1 - Fêmea ovígera 
de caranguejo-uçá
A Doença do Caranguejo Letárgico – DCL
 
Desde 1997, episódios de mortandades em massa de popula-
ções de caranguejo-uçá vêm sendo registrados na região Nordeste. 
Em um estudo desenvolvido desde 2004, fi nanciado pelo Governo 
do Estado de Sergipe e realizado pelo GIA/UFPR, o agente cau-
sador dessa patologia, batizada de DCL (Doença do Caranguejo 
Letárgico) foi identifi cado como sendo um fungo negro do grupo 
dos ascomicetos. O microorganismo se espalha pela hemolinfa 
e afeta diversos órgãos do caranguejo, principalmente o sistema 
nervoso e o coração. Como os caranguejos perdem a capacidade de 
coordenação dos seus movimentos, a manifestação mais visível da 
doença é a letargia. Em poucos dias, os animais infectados acabam 
morrendo. Em várias cidades turísticas, como Salvador e Aracaju, 
por exemplo, a redução na oferta de caranguejo nos bares e restau-
rantes já se faz sentir na forma de um drástico aumento dos preços, 
criando até mesmo um mercado para a importação de caranguejos 
de outras regiões do país ainda não afetadas pela doença. 
Repovoamento
Poucas pessoas sabem que o caranguejo-uçá demora cerca 
de seis ou sete anos até atingir o tamanho mínimo permitido para 
sua captura (seis centímetros de comprimento de carapaça). Mesmo 
a maioria dos próprios catadores profi ssionais desconhece este fato. 
O longo tempo necessário para o crescimento até seu tamanho co-
mercial dá uma idéia de sua fragilidade ambiental. Por este mesmo 
motivo, o cultivo comercial e econômico do caranguejo-uçá é tido 
como totalmente inviável. A alternativa está no gerenciamento e 
na manutenção dos estoques para captura extrativista. Porém, uma 
terceira alternativa, para se somar às já tradicionais, vem sendo 
desenvolvida pelo GIA/UFPR: a reposição de estoques depletados 
através da liberação de formas jovens, ou seja, pós-larvas e juvenis 
produzidos em laboratório.
18 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006
As fêmeas ovadas são capturadas nos 
manguezais, lavadas, desinfectadas 
e mantidas por alguns dias até que 
os ovos eclodam. A eclosão ocorre 
nos dias que antecedem as luas 
cheias ou novas.
Ovos 
embrionasdos
Ao chegar ao manguezal 
a megalopa cava uma pe-
quena toca onde sofre sua 
última metamorfose: se 
torna um caranguejinho. 
Fêmea ovada
A partir do momento em que foi possível obter uma quantidade sufi ciente de 
larvas, no estágio de zoea I, a maior preocupação da equipe de pesquisadores passou 
a ser o alimento mais indicado para cada estágio larval. Diversos experimentos foram 
necessários paraencontrar alimentos vivos que pudessem ser aceitos pelas larvas. À 
medida que o desenvolvimento larval avançava, algumas enfermidades passaram a 
surgir e precisaram ser controladas com ajustes do manejo de rotina, até que fi nalmen-
te os primeiros lotes do último estágio larval, conhecido como megalopa, puderam 
ser produzidos em grande quantidade. Neste primeiro ano do projeto, cerca de dois 
milhões de megalopas (Foto 3) foram produzidas. 
As larvas foram transportadas para o Rio de Janeiro e liberadas nos manguezais 
que margeiam a Refi naria Duque de Caxias e na unidade de proteção ambiental de 
Guapimirim (Foto 4).
A partir do sucesso inicial, que na verdade se restringiu 
mais ao desenvolvimento de uma tecnologia básica para a 
larvicultura da espécie do que no repovoamento em si, outros 
esforços foram realizados, também em parceria com a Petro-
bras, nos anos seguintes.
A continuidade do processo de desenvolvimento da 
tecnologia para o repovoamento do caranguejo-uçá consistiu 
em resolver gargalos tecnológicos para aumentar as taxas fi -
nais de sobrevivência durante a larvicultura, o que implicava 
em abandonar defi nitivamente o modelo de larvicultura de 
camarões e desenvolver um modelo próprio para a produção 
de larvas de caranguejo-uçá. 
Atualmente, as larviculturas estão sendo realizadas 
no Laboratório de Pesquisas de Organismos Aquáticos (LA-
POA), que pertence ao próprio GIA, localizado no campus da 
Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, a 130 km do 
litoral paranaense (Foto 5). Devido à distância com o mar, 
a água marinha utilizada no laboratório é transportada por 
caminhões-pipa e mantida por meio de sistemas de recircula-
ção por fi ltragem biológica. 
Foto3 – Megalopas
Foto 4 – Transporte 
de larvas
Foto 5 – Tanques de 
larvicultura do Laboratório 
de Pesquisas de Organismos 
Aquáticos (LAPOA)
19Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006
Após a eclosão dos 
ovos, as larvas são tran-
feridas para os tanques 
de larvicultura, pre-
viamente abastecidos 
com microalgas para 
alimentação.
Ovos e la rvas 
recém eclodidas
Tanque de 
larvicultura
O grupo de larvas recém eclodidas 
parecem minúsculas “vírgulas”. O 
primeiro estágio larval é a zoea I. Em 
média, a cada 2,5 dias, as larvas mudam 
para o próximo estágio. Nos estágios 
de zoea, as larvas preferem alimentos 
vivos. O laboratório deve contar então 
com um setor específi co para cultivo de 
microalgas e zooplâncton.
O último estágio larval é seme-
lhante a uma minúscula lagosta 
e recebe o nome de megalopa. 
A megalopa já apresenta grande 
afinidade pelo sedimento dos 
manguezais.
As megalopas produzidas 
em laboratório são libera-
das no manguezal, próxi-
mo a vegetação durante 
as marés enchentes.
Zoea I
Zoea III
Zoea V
Apesar do desafi o que signifi ca produzir organismos 
marinhos tão longe do mar, as larviculturas têm sido realizadas 
com grande êxito, já que as difi culdades exigiram o refi namen-
to das técnicas de produção. A metodologia de produção de 
organismos-alimento, o esquema de alimentação, as trocas de 
água e o manejo em geral, acabaram por atingir um alto grau 
de sofi sticação e de especialização, de tal forma que grandes 
quantidades de larvas vêm sendo liberadas em regiões pre-
viamente estudadas.
Larvicultura
Para a realização das larviculturas, fêmeas ovadas de 
caranguejo-uçá (Foto 1) são coletadas dos manguezais nos dias 
que antecedem a lua cheia e nova. Trazidas até o LAPOA, elas 
são desinfetadas em solução de iodo e formalina e acondicio-
nadas em tanques especiais para eclosão. As larvas, que após 
a eclosão formam nuvens na coluna d’água, são facilmente 
atraídas por uma fonte luminosa e retiradas dos tanques. Após 
serem contadas por amostragem, são então transferidas para 
os tanques de larvicultura.
Uma seqüência de diferentes alimentos é utilizada para 
cada estágio. Inicialmente, para o primeiro estágio larval, ou 
zoea I, fornecia-se microalgas móveis, como as Tetraselmis 
spp. A partir de zoea II, o rotífero da espécie Brachionus 
plicatilis era adicionado à dieta e por fi m, náuplios de artê-
mia, eram fornecidos após o estágio de zoea V. Atualmente, 
estão sendo testadas diferentes espécies de microalgas para 
alimentação das larvas. Na fase fi nal do processo ainda são 
fornecidos náuplios de artêmia como alimento suplementar, 
porém, devido ao alto custo do cisto de artêmia, foram testadas 
algumas espécies de copépodes que demonstraram grande 
potencial e deverão ser utilizadas mais freqüentemente nos 
próximos ciclos de produção. 
O cultivo larval demora cerca de 30 dias. Durante 
este período as larvas passam por seis estágios de zoea até 
realizarem a metamorfose para megalopa. Normalmente, a 
maioria das larvas atinge a fase de megalopa já no vigésimo 
quinto dia de larvicultura, mas ainda não estão prontas para o 
recrutamento. Isto é, as megalopas ainda não estão preparadas 
para enfrentar as condições encontradas nos rios que permeiam 
os manguezais. Somente após cerca de cinco dias desta última 
ecdise, a megalopa passa a tolerar variações de salinidades 
mais extremas e começa a procurar ativamente o sedimento, 
detalhe que indica o momento correto para sua liberação no 
ambiente. Este período adicional no laboratório é muito impor-
tante, pois minimiza também as perdas por predação. As larvas, 
assim que liberadas, permanecem o menor tempo possível na 
coluna d’água antes de se dirigirem para o sedimento.
Experimentos de campo demonstraram que imedia-
tamente após a liberação, as megalopas de U.cordatus já são 
capazes de cavar suas tocas, diferentemente do que ocorre 
com várias outras espécies de caranguejos que cavam tocas 
ou se enterram para se proteger de predadores somente após 
várias mudas subseqüentes à sua metamorfose para o estágio 
juvenil. Esta diferença básica explica porque o repovoamento 
de caranguejo-uçá pode ser realizado liberando-se megalopas e 
não somente juvenis crescidos, como é o caso dos programas de 
repovoamento de siri, realizados no Japão e Estados Unidos. 
20 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006
21Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006
Alguns dias após a liberação, a larva, já dentro de uma pe-
quena toca, realiza a metamorfose para o primeiro estágio juvenil. 
A partir daí, o caranguejinho aprofunda drasticamente a sua toca, 
fi cando defi nitivamente protegido da predação inicial. 
Atualmente, as taxas médias fi nais de sobrevivência larval 
em laboratório variam entre 10 a 15%. A maior perda de larvas se 
dá no momento da metamorfose de zoea VI para megalopa. Este 
vem sendo o maior gargalo tecnológico enfrentado atualmente pela 
equipe do GIA. O problema é muito semelhante ao que ocorre em 
larviculturas de várias espécies de crustáceos em outras partes do 
mundo e que recebeu o nome de MDS (Molt Death Syndrome). 
As causas da MDS ainda não são claras e sua solução demanda a 
realização de mais pesquisas científi cas sobre o assunto.
Resultados
Desde o início do projeto até hoje já foram liberadas mais 
de seis milhões de megalopas no ambiente natural (Foto 6). As 
liberações ocorreram, além da Baía de Guanabara, nas baías de 
Antonina e Guaratuba, no Estado do Paraná, entre 2003 e 2006. 
Em liberações experimentais, realizadas em áreas moni-
toradas, foram obtidas taxas de colonização próximas à 100% e 
de sobrevivência média de 27%, seis meses após a liberação das 
megalopas. Após este tempo os caranguejos haviam atingido cerca 
de 1,0 cm de comprimento de carapaça (Foto 7).
As pesquisas não podem parar
 
Além das pesquisas em laboratório, os estudos do GIA têm 
se concentrado na compreensão dos mecanismos de adaptação das 
megalopas liberadas ao ambiente natural. Estudos comparativos 
entre as taxas de sobrevivência de larvas da natureza e das larvas 
produzidas em laboratório estão sendo realizados, para quantifi car, 
de forma mais precisa, a efi ciência do repovoamento (Foto 8). Tam-
bém estão sendo realizados estudos comportamentais, comparando 
os recrutas produzidosem laboratório com os obtidos diretamente 
do ambiente natural. 
Porém, apenas o monitoramento a longo prazo pode avaliar 
o sucesso do empreendimento. Como o tempo necessário para 
atingir o tamanho comercial é muito longo, as técnicas clássicas 
de liberação e recaptura, utilizando marcadores físicos, são inade-
quadas. A observação de incrementos populacionais perceptíveis 
pode demorar mais de uma década. 
Por este motivo, o GIA vem utilizando a técnica hoje con-
siderada mais adequada: a aplicação de marcadores moleculares 
do tipo micro-satélites. Após a eclosão das larvas no laboratório, o 
material genético de todas as fêmeas é coletado, fi xado e armaze-
nado. Logo após isso, as fêmeas são devolvidas ao ambiente. Após 
as larviculturas, apenas o material genético daquelas fêmeas cujas 
larvas forem efetivamente liberadas será processado e os dados 
obtidos armazenados em um banco de dados. Futuramente, amos-
tragens de caranguejos em áreas utilizadas para liberação das larvas 
irão permitir a comparação do perfi l genético destes animais com 
os das fêmeas utilizadas na larvicultura, detectando os animais 
produzidos em nosso laboratório. Isso dará aos pesquisadores uma 
idéia mais precisa da taxa de sobrevivência a médio e longo prazo 
das larvas liberadas e da capacidade de dispersão da espécie. A 
mesma tecnologia está sendo também utilizada para investigar 
a existência de diferentes sub-populações de caranguejo-uçá e a 
origem genética dos recrutas capturados no ambiente natural, de 
forma a esclarecer as inter-relações populacionais e determinar 
as possíveis áreas prioritárias para a preservação dentro dos 
sistemas estuarinos. 
Considerações fi nais
 
Não se deve negligenciar o fato de que a recuperação de 
estoques de caranguejo-uçá depende de ações multidisciplinares, 
envolvendo estratégias de manejo do recurso e de manutenção 
da integridade dos habitats. Porém, em áreas onde a população 
já foi muito afetada, são necessárias medidas remediadoras 
mais incisivas. 
O repovoamento pode ser uma importante ferramenta para a 
recuperação de áreas com reconhecido declínio populacional. Seus 
benefícios estão ainda sendo investigados, porém os resultados 
obtidos até aqui são bastante animadores.
É importante ressaltar que todo o trabalho do GIA está voltado 
à criação de uma tecnologia responsável, que não se limite à simples 
liberação de larvas no ambiente natural e nem tem por objetivo subs-
tituir as medidas de manejo atualmente estabelecidas, mas sim, desen-
volver meios concretos para auxiliar as populações de caranguejo-uçá 
a suportar os exageros da população humana. 
Foto 6 - Liberação das larvas 
no ambiente natural
Foto 7 – Juvenis triados 
das áreas monitoradas
Foto 8 – Experimentos 
em campo
Além disso, estão sendo desenvolvidas pesquisas que visam 
quantifi car os efeitos da predação de peixes e outros animais da 
fauna estuarina sobre as megalopas liberadas.
22 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006
23Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006
O número de empreendimentos dedicados ao processamento dos produtos da piscicultura vem aumentando de forma expressiva nos 
últimos anos. Estes englobam frigorífi cos com registro no SIF (Serviço 
de Inspeção Federal), SIE’s (Serviço de Inspeção Estadual) ou nos SIM’s 
(Serviço de Inspeção Municipal), além de inúmeras pequenas unidades 
de processamento de pescado dentro das próprias pisciculturas, que não 
contam com uma inspeção sanitária no abate e no processamento.
Qualquer que seja o porte ou situação de registro destes frigo-
ríficos, todos eles enfrentam um desafio em comum: “Como promover 
o aproveitamento integral do pescado cultivado, uma vez que o apro-
veitamento ou não dos subprodutos e resíduos do processamento traz 
importantes conseqüências econômicas e ambientais?”
No momento há informações e equipamentos disponíveis para a 
implementação de processos que possibilitem a transformação dos diversos 
resíduos e subprodutos das indústrias de pescado em farinhas, ensilados, 
carne mecanicamente separada (CMS) ou a polpa de pescado, empanados e 
embutidos, couro, dentre outros produtos. Não obstante, a implementação 
destes processos exige considerável investimento em equipamentos, em 
tecnologia, em implementação de processos e controles necessários para 
obtenção de certifi cação sanitária e licenciamento ambiental, limitando 
assim sua utilização aos frigorífi cos de maior porte.
Neste artigo serão discutidas algumas alternativas de aproveitamento 
dos resíduos e subprodutos do processamento que poderão ser aplicadas por 
frigorífi cos de grande ou de pequeno porte e mesmo pelas pequenas unidades 
de benefi ciamento de pescado instaladas nas próprias pisciculturas.
Por:
Fernando Kubitza, Eng. Agrônomo, Ph.D. (Acqua & Imagem, Jundiaí-SP)
fernando@acquaimagem.com.br
João Lorena Campos, Eng. Agrônomo, M. Sc. (Qualy Aqua, Dourados-MS)
joaocampos@qualyaqua.com.br
Os resíduos do processamento do pescado
As cabeças, escamas, peles, vísceras e carca-
ças (esqueleto com carne aderida) são os principais 
resíduos do processamento de pescado (Quadro 1). 
Dependendo da espécie de peixe processada e do 
produto fi nal obtido pelo frigorífi co, estes resíduos 
podem representar algo entre 8-16% (no caso do 
pescado eviscerado) e 60 a 72% (na produção de 
fi lés sem pele).
Quadro 1 – Percentual dos diferentes tipos de resíduos em 
relação ao pescado inteiro e em relação à tilápia
O aproveitamento e processamento dos resíduos
Produção de farinhas – A produção de farinhas 
para uso na alimentação animal tem sido a forma 
mais tradicional de aproveitamento dos resíduos 
do processamento de pescado (cabeças, vísceras, 
sobras da fi letagem, entre outros). No processo de 
produção de farinhas, os resíduos são submetidos a 
um cozimento, seguido de prensagem para remoção 
do óleo, secagem, moagem e ensacamento. 
24 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006
Figura 1 – Esquema simplificado 
dos principais produtos, resíduos e 
subprodutos possíveis de serem obtidos 
no processamento de pescado
Para fi ns didáticos vamos 
reunir estes resíduos em dois 
grupos: Grupo 1 – os resíduos 
não adequados para a elaboração 
de produtos de valor agregado 
destinados à alimentação humana 
(vísceras, escamas e o esqueleto, 
incluindo a cabeça). Estes resídu-
os geralmente são descartados ou 
utilizados na produção de farinhas 
e silagens de peixes, destinadas 
a alimentação animal e/ou como 
fertilizantes. Grupo 2 – os resí-
duos que podem ser submetidos 
a processos para a obtenção de 
matéria-prima para a elaboração 
de produtos de valor agregado 
(empanados, embutidos, entre 
outros) para uso na alimentação 
humana. O principal resíduo usa-
do para esta fi nalidade é a carcaça 
com carne aderida após a retirada 
do fi lé, além das aparas durante o 
recorte dos fi lés. No fl uxograma 
(Figura 1) é apresentado de forma 
simplifi cada os produtos e sub-
produtos geralmente possíveis de 
serem obtidos em um frigorífi co 
de pescado.
25Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006
Em média, são necessários cerca de 4 a 
6kg de resíduos para a obtenção de 1kg de 
farinha de peixe. Este percentual depende 
do grau de umidade da matéria-prima 
utilizada no processo. O alto investi-
mento em equipamentos e instalações e a 
inexistência de equipamentos destinados 
a pequenas produções restringem a pro-
dução de farinhas aos empreendimentos 
com grande volume de processamento. 
Informações levantadas com fabricantes 
de equipamentos e processadores indicam 
que o volume mínimo de produção que 
justificaria o investimento na produção de 
farinha de peixe seria ao redor de 4.000 
– 5.000 kg/dia. Apesar de alguns frigo-
ríficos de pescado no Brasil contarem 
com suas próprias fábricas de farinha de 
peixe, o mais comum é a existência de 
produtores de farinha especializados que 
recolhem os resíduos do processamento 
de diversos frigoríficos. Hoje esta coleta 
geralmente é feita sem custo aos frigo-
ríficos. No entanto,os frigoríficos que 
não contam com outras alternativas para 
descarte dos resíduos ficam extrema-
mente dependentes das retiradas diárias 
feitas pelos fabricantes de farinha. Outro 
detalhe importante a ser considerado é 
o fato das fábricas de farinhas estarem 
localizadas em regiões litorâneas com tra-
dição no desembarque e processamento de 
pescado, facilitando a logística de coleta 
de resíduos, enquanto grande parte dos 
frigoríficos dedicados ao processamento 
do pescado cultivado está distante das 
farinheiras e nem sempre podem contar 
com elas para se desfazer dos resíduos do 
processamento.
Uso de resíduos frescos no preparo de rações 
As vísceras e as carcaças com carne aderida 
(até mesmo as cabeças de algumas espécies 
de peixes) podem ser desintegradas, resul-
tando em um material pastoso passível de 
ser injetado diretamente no condicionador 
das extrusoras. Dessa forma seria possível 
incorporar os resíduos diretamente às ra-
ções. Alguns fabricantes lançam mão desse 
recurso, porém com pescado inteiro, na 
produção de rações para gatos. A logística 
e viabilidade desta via de aproveitamento 
dependem muito da distância entre o fri-
gorífi co e a fábrica de ração. A difi culdade 
de armazenamento dos resíduos exige que 
o fabricante de ração tenha uma linha de 
extrusão diariamente disponível para o 
aproveitamento destes resíduos, o que ge-
ralmente não ocorre nas fábricas de rações. 
Já os pequenos processadores podem lançar 
mão destes resíduos no preparo de rações 
na propriedade. Dependendo do volume 
de resíduos gerado diariamente, pode ser 
necessário um funcionário exclusivo para 
o processo de preparo da ração.
 
Silagem de peixe – Uma alternativa para 
transformação dos resíduos é o processo 
de ensilagem, que consiste na promoção 
da hidrólise (decomposição enzimática) e 
preservação dos resíduos através da redução 
do pH do material com a adição de ácidos 
(silagem química) ou através da fermenta-
ção láctica promovida por bactérias (prin-
cipalmente os Lactobacillus) incorporadas 
ao material ensilado (silagem biológica). 
Informações mais detalhadas sobre o pro-
cesso de ensilagem dos resíduos de pescado 
podem ser obtidas consultando o material 
elaborado por Macedo-Viégas e Souza (no 
livro “Tópicos Especiais em Piscicultura 
de Água Doce Tropical e Intensiva” 2004, 
Ed. Aquabio) e por Machado (Panorama 
da AQÜICULTURA, 1998 Vol. 8, no 47, 
p. 30-32). O investimento para a produção 
de ensilados não é tão elevado, o que possi-
bilita a adoção desta tecnologia tanto pelos 
grandes, como pelos pequenos processa-
dores. No Brasil, diversos processadores 
de pescado partiram para a produção de 
silagem como alternativa para se livrar dos 
resíduos do processamento. No entanto, 
muitos não conseguiram dar destino ao 
material produzido, fi cando com grandes 
quantidades de produtos armazenadas na 
propriedade. A silagem de peixe pode ser 
transformada em fertilizantes e pode ser 
aplicada em áreas com culturas agríco-
las. No entanto, a aplicação rotineira de 
grandes quantidades do material exige a 
disponibilidade de equipamentos espe-
ciais e mão-de-obra. A transformação da 
silagem em fertilizante para comércio em 
lojas de jardinagem é uma opção muito 
atrativa e com boas margens de lucro. No 
entanto, para escoar grandes quantidades 
de material de forma rotineira através des-
se mercado, demanda um grande esforço 
de venda e distribuição, principalmente se 
o processamento fi ca distante dos grandes 
centros de consumo. Uma alternativa inte-
ressante e capaz de dar conta de reutilizar 
toda a silagem produzida é a incorporação 
da mesma nas rações usadas na própria 
piscicultura. O material ensilado também 
pode ser usado em rações para gatos e 
mesmo na alimentação de outros animais 
(suínos e aves). 
..."As vísceras e as 
carcaças com carne 
aderidas e, até mesmo 
as cabeças de algumas 
espécies de peixes, 
podem resultar em 
um material pastoso 
passível de ser 
injetado diretamente 
no condicionador das 
extrusoras. Dessa forma, 
é possível incorporar 
os resíduos às rações. 
A viabilidade deste 
aproveitamento, porém, 
depende da distância 
entre o frigorífi co e 
a fábrica de ração. 
A difi culdade de 
armazenamento dos 
resíduos exige que o 
fabricante de ração tenha 
uma linha de extrusão 
diariamente disponível 
para o aproveitamento 
destes resíduos, o que 
geralmente não ocorre"...
26 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2006
A polpa (CMS - carne mecanicamente separada) – Após o 
processo de fi letagem, uma considerável quantidade de carne 
ainda permanece aderida ao esqueleto do peixe. Além disso, 
ainda sobram as aparas provenientes do toalete feito nos fi lés 
(Foto 1). Este material pode ser processado com o auxílio 
de uma despolpadeira (Foto 2), de forma a separar a polpa 
dos ossos. A polpa de pescado pode ser usada diretamente 
na produção de embutidos (salsichas e lingüiças) e diversos 
tipos de empanados de alto valor agregado. A polpa também 
pode passar por uma seqüência de lavagens e prensagens, 
obtendo-se o surimi. 
O surimi é usado como matéria–prima básica na 
elaboração de produtos como os hambúrgueres, diversos 
tipos de empanados, kani-kama, entre outros. Existe também 
a possibilidade de se comercializar a polpa diretamente, 
quando elaborada a partir de carcaças lavadas. Esse pro-
duto pode ser utilizado diretamente como ingrediente na 
merenda escolar, em cozinhas industriais e até nas refeições 
domésticas (Foto3).
FOTO 1 – Carcaças de tilápia após a fi letagem 
e decotes do fi lé. Esses subprodutos podem ser 
usados para a obtenção da polpa. 
Foto 2
Despolpadeira 
HT-250
Foto 3 – Polpa obtida 
a partir dos resíduos da 
filetagem, embalada e 
prato elaborado com a 
polpa
No processamento de tilápias para a produção de fi lés 
sem pele, o montante de resíduos (vísceras, cabeça, pele, es-
cama, esqueleto com carne aderida e aparas e decotes do fi lé) 
varia entre 65 e 70%. Desta forma, todo o custo de produção e 
processamento recai sobre o fi lé (30 a 35% do pescado in natu-
ra), encarecendo-o demasiadamente No processo de obtenção 
da polpa, a recuperação da carne aderida chega próximo de 45 
a 60% do material que passa pela despolpadeira. Este material 
geralmente é composto do esqueleto com a carne aderida, mais 
as aparas da fi letagem, que juntos representam cerca de 35% do 
peso do peixe in natura. Portanto, para cada 1.000 kg de tilápia 
abatida, são gerados 350kg de esqueleto com carne aderida. 
Assim, 160 a 210kg de polpa podem ser obtidas por tonelada de 
tilápia processada. Em análise apresentada por Kubitza e Campos 
(Panorama da AQÜICULTURA, 2005, Vol. 15 no 91 p. 14-21) foi 
estimado que a produção e venda da polpa congelada pode gerar 
um lucro adicional de pelo menos R$ 0,85/kg de fi lé de tilápia no 
mercado interno e R$ 0,40/kg de fi lé para exportação. Isso equivale 
a um lucro adicional de R$ 0,13 a R$ 0,28/kg de peixe in natura 
processado. Este lucro pode ser ainda mais incrementado com a 
elaboração de produtos de alto valor agregado. 
Os frigorífi cos poderiam destinar parte deste lucro adicional 
para aumentar a remuneração ao produtor pela tilápia in natura, 
estimulando-os a expandirem a produção e, assim, a oferta de 
matéria-prima para o próprio frigorífi co.
Aproveitamento de cortes pouco nobres – Alguns cortes, como 
a “costelinha de tilápia” ou a “asinha do pintado”, barriguinhas, 
entre outros, podem ser aproveitados como petiscos, normal-
mente sendo consumidos fritos em pesque-pague e bares. Em 
algumas localidades do Centro-Oeste e do Norte do país, as 
cabeças e carcaças de peixe têm valor comercial, sendo usadas 
no preparo de caldos e pirão. 
Compostagem: a compostagem de resíduos animais está sendo 
aplicada com sucesso em várias partes do mundo e deverá ser o 
principal processo para a disposição de animais mortos durante 
a criação. Um número crescente de granjas de aves e criadouros 
desuínos vem empregando esse processo no Brasil e já

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