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�Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
�Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
“O Brasil luta pela conservação ambiental. No Instituto de 
Biologia/UFBA, as “CONSULTORIAS” atendem as empresas poluidoras, 
degradadoras e a projetos de Carcinicultivo! Temos que dar um basta e 
abrir os olhos que está enriquecendo com o nosso nome institucional. 
Vamos criar a lista negra dos CONSULTORES e sua empresa que funcionam, 
clandestinamente, no seio da UFBA! Chega de ataques na imprensa a 
nossa instituição - ELA É SAGRADA!” (texto original)
E. Q. (Professor da Universidade Federal da Bahia)
�
Editorial
Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor
A mensagem acima foi enviada para uma lista de discussão, por um professor universitário, revoltado com a carta da ABCC, em resposta ao documento “Carta de Fortaleza dos Povos das Águas”, gerado durante 
um seminário ambientalista. Ao ler o quase “grito de guerra” desse professor, fiquei preocupado com a 
liberdade de expressão, com o futuro dos pesquisadores brasileiros e com os rumos que as discussões acerca da 
carcinicultura estão tomando. Até porque, tenho reparado que a palavra “enfrentamento” vem sendo utilizada 
sem a menor parcimônia pelos que se autodenominam “ambientalistas”. 
Assim que li o texto, me veio a imagem de um pesquisador tendo que medir cada uma das suas palavras, 
para evitar que ele ou mesmo a sua instituição venham a figurar em alguma “lista negra”. Lembrei-me então, 
do macartismo, um movimento conservador, surgido nos EUA na década de 50, também conhecido como “Caça 
às Bruxas”. Em nome dos valores democráticos, o senador republicano Joseph McCarthy desencadeou uma feroz 
campanha anticomunista, que levou dezenas de artistas, produtores e intelectuais à falência, ao desespero, e 
alguns até ao suicídio. Muitos entraram na “lista negra” do senador McCarthy, apenas por serem suspeitos de 
pertencer ao Partido Comunista ou de simpatizar com os ideais socialistas. Foram anos de horror. Na ocasião, 
os suspeitos de exercerem atividades antiamericanas, tinham suas correspondências violadas, podiam ser presos 
e muitos, sob pressão, eram obrigados a se manifestarem publicamente a favor das causas conservadoras. Uma 
das vítimas mais conhecidas dessa campanha foi Charles Chaplin que, perseguido pelo FBI por causa dos seus 
filmes humanistas, acabou deixando os Estados Unidos em 1952. 
Não acho que os enfrentamentos e as “listas negras” sejam a solução. Ao contrário, acho que as pessoas 
em geral e, especialmente os pesquisadores, deveriam ter total liberdade para pensar, pesquisar e apresentar os 
argumentos que lhes cabem, frente às dúvidas sobre esse ou aquele tema. Aliás, estudos sérios e fundamentados 
parecem ser o melhor caminho para o entendimento. E isso, é claro, não vai ser possível se os pesquisadores 
temerem viver no ostracismo, usando um chapéu de burro escrito “inimigo da natureza” e uma estrela amarela 
costurada no peito com a inscrição “sou um idiota, apoiei a carcinicultura”.
Para que você fique ainda mais por dentro dessa polêmica, publicamos nessa edição as duas cartas que 
geraram a manifestação desse professor. Nas próximas páginas estão também excelentes artigos, um deles - o 
de capa - sobre as pesquisas brasileiras que buscam alternativas para a carcinicultura, desta vez, com a utili-
zação de um sistema com troca zero de água.
A todos, boa leitura.
� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
�Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Edição 96 – julho/agosto, 2006
Editor Chefe:
Biólogo Jomar Carvalho Filho
jomar@panoramadaaquicultura.com.br
Jornalista Responsável:
Solange Fonseca - MT23.828
Direção Comercial:
Solange Fonseca
publicidade@panoramadaaquicultura.com.br
Colaboradores desta edição:
Antonio Roberto Barreto Matos
Adriano Cassiatore Marenzzi
Carlos Riedel Porto Carreiro
Cláudio Turek
Eduardo Ballester
Fernando Kubitza
Francisco Manoel de Oliveira Neto
Jaime Fernando Ferreira
Luciene C. Lima
Marcelo Sampaio
Marco Antonio Mathias
Maria do Socorro Chacon Mesquita
Maurício Emerenciano
Mirela Simões Maroneza Borini
Paulo César Abreu 
Pedro Eymard Campos Mesquita
Rafael Tiago da Silva
Raúl Malvino Madrid
Roberta Soares
Ronaldo Cavalli 
Rômulo C. Leite
Rose Meire Vidotti 
Tácito Araújo Bezerra
Wilson Wasielesky
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores. 
Assinatura:
Fernanda Carvalho Araújo
e Daniela Dell’Armi
assinatura@panoramadaaquicultura.com.br
Para assinatura use o cupom encartado, visite 
www.panoramadaaquicultura.com.br ou envie e-mail.
ASSINANTE - Você pode controlar, a cada edição, quantos 
exemplares ainda fazem parte da sua assinatura. Basta 
conferir o número de créditos descrito entre parênteses na 
etiqueta que endereça a sua revista.
Números atrasados custam R$ 15,00 cada. Para adquiri-los 
entre em contato com a redação. 
Edições esgotadas: 01, 05, 09, 10, 11, 12, 14, 17, 18, 20, 21, 22, 24, 25, 
26, 27, 29, 30,33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 44, 45, 59, 61, 62, 63, 
65, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 87, 88
Projeto Gráfico:
Leandro Aguiar
leandro@panoramadaaquicultura.com.br
Design & Editoração Eletrônica:
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
 Impresso na Grafitto Gráfica & Editora Ltda.
Os editores não respondem quanto a qualidade dos 
serviços e produtos anunciados. 
A única publicação brasileira dedicada exclusivamente 
aos cultivos de organismos aquáticos
Uma publicação Bimestral da: 
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
Rua Mundo Novo, 822 # 101
22251-020 - Botafogo - RJ
Tel: (21) 2553-1107 / Fax: (21) 2553-3487
www.panoramadaaquicultura.com.br
revista@panoramadaaquicultura.com.br
 
ISSN 1519-1141
Capa: Foto: Dariano Krummenauer 
Arte Panorama da AQÜICULTURA 
...Pág 56
...Pág 38
...Pág 43
...Pág 53
í n d i c e
...Pág 24
...Pág 30
...Pág 49
...Pág 06
...Pág 03
...Pág 12
...Pág 14
...Pág 09
Flocos Microbianos nos sistemas de troca zero de água
O aumento das densidades de estocagem nos cultivos de camarão exigiu 
mudanças nas estratégias de manejo, para que a qualidade da água dos 
cultivos pudesse ser mantida. Surgiram assim, os chamados cultivos com 
troca zero de água (ZEAH na sigla em inglês), que permitem a diminuição 
do uso da água, e consequentemente a emissão de efluentes, reduzindo as 
possibilidades de impactos ambientais. Os sistemas “ZEAH” reduzem o risco de 
introdução e disseminação de doenças, além de complementarem a dieta dos 
animais através da produtividade natural presente nos viveiros, que permitem a formação de flocos microbianos. 
Detalhes sobre esta modalidade de cultivo podem ser lidos a partir da página 14.
...Pág 57
...Pág 58
...Pág 59
...Pág 60
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...Pág 62
...Pág 63
...Pág 66
Editorial
Notícias & Negócios
Notícias & negócios on line
A eterna briga entre Ambientalistas e Carcinicultores
Cultivos em Meios com Flocos microbianos
Boas coletas garantem bons diagnósticos
Atenção no manejo dos peixes na saída do inverno
Aparas da filetagem da tilápia se transformam em polpa
Coletores de sementes de mexilhão: uma opção para o mitilicultor catarinense
O Pirarucu nas instalações do DNOCS
Brasil e o Mercado Americano de Camarões
Purina tem novidades para a carcinicultura
Maritech amplia seus horizontes no brasil
Grupo Ypioca e Nutron Alimentos inauguram fábica de ração
Falta de análises quase barra pescados brasileiros para a UE
Lançamento Editorial: Aqüicultura Capixaba: da produção ao mercado
Ministério da Fazenda isenta produtos aqüícolas de PIS e Cofins
Maricultura é beneficiada pelo Programa Juro Zero da FINEP
Engenheiros de Aqüicultura já podem solicitar registro no CREA
Aquaciência 2006 reuniu acadêmicos em Bento Gonçalves
Conversa franca sobre o Licenciamento Ambiental da Aqüicultura
Calendário Aqüícola
� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
LEN LOVSHIN - O professor Leonard Lovshin, 
mestre de muitos brasileiros que estudaram 
na Auburn University-USA, eassinante da 
Panorama da AQÜICULTURA desde 1992, 
enviou uma carinhosa correspondência 
para a nossa redação informando que o 
Departamento de Pesca e Aqüicultura da 
universidade acaba de disponibilizar um 
portal dedicado a aqüicultura, o qual teve 
muito prazer em ajudar a desenvolver. 
Lovshin considera que o portal www.aleam.
info poderá ser de grande valia para alunos 
e professores brasileiros, já que disponibiliza 
em PDF boletins técnicos, artigos, legis-
lação e uma galeria de fotos com cerca de 
1.500 imagens e vídeos. E avisa: o acesso 
é totalmente gratuito.
NOVO PRESIDENTE DO LACC-WAS - Rodrigo 
Roubach foi eleito, 
em votação finali-
zada em 28 de agosto, 
presidente do Capítulo 
Latino Americano da 
Sociedade Mundial de 
Aqüicultura - LACC-
WAS. O novo presi-
dente do LACC é formado em biologia com 
PhD desde 1998 pela Auburn University em 
Fisheries and Allied Aquacultures. Desde 
1990 é membro da WAS, e vem, desde 
2004, ocupando o cargo de tesoureiro 
do Capítulo Latino Americano. Rodrigo 
Roubach possui mais de 20 anos de ex-
periência em aqüicultura como pesquisador 
titular do Instituto Nacional de Pesquisas 
da Amazônia/INPA e atualmente ocupa o 
cargo de Gerente de Projetos da Diretoria 
de Desenvolvimento da Aqüicultura/DI-
DAQ da SEAP. Como presidente-eleito 
Roubach pretende fortalecer as ações do 
LACC através de maior participação dos 
países Latino-americanos e Caribenhos 
envolvendo principalmente os estudantes 
nos encontros regionais, nacionais e in-
ternacionais na região, procurando assim 
um maior avanço e consolidação das ações 
para um LACC-WAS ativo e integrado as 
demandas supra-regionais. Mais infor-
mações sobre o nosso capítulo na página 
na internet http://www.was.org/LAC-WAS/
boletins/boletim04.htm 
IV SEMAQUI – A quarta edição da Semana 
de Aqüicultura da UFSC - SEMAQUI, evento 
organizado pelos estudantes do curso de 
Engenharia de Aqüicultura, será realizada 
entre os próximos dias 6 a 10 de novembro. 
A SEMAQUI já se caracterizou por criar opor-
tunidades de discussão de temas relevantes 
ao setor, além de proporcionar o intercâmbio 
de inovações científicas e tecnológicas entre 
alunos, professores e profissionais. Além dos 
mini-cursos, palestras, workshop e mesas re-
dondas o evento traz também exposição dos 
trabalhos realizados pelos alunos do curso 
juntamente com seus orientadores, além 
de divulgação das linhas de pesquisa e dos 
trabalhos desenvolvidos nos Laboratórios do 
Departamento de Aqüicultura. A SEMAQUI 
está divulgada no site www.semaqui.ufsc.br. 
Segundo Camilla Gomes Nunes, da comissão 
organizadora, espera-se que mais uma vez 
o evento contribua para o enriquecimento 
da formação dos acadêmicos em sua futura 
profissão, fazendo de sua caminhada pela 
universidade um momento de crescimento 
intelectual e aprendizado concreto.
XII SEP - A XII Semana do Engenheiro de 
Pesca da UFRPE, acontecerá de 11 a 14 
de dezembro de 2006 nas dependências 
da Universidade Federal Rural de Per-
nambuco. As SEPs são organizadas pelo 
Programa de Educação Tutorial (PET) do 
Curso de Engenharia de Pesca da UFRPE 
e, segundo a tutora do grupo, Profa Maria 
do Carmo Figueredo Soares, que coordena 
o encontro pelo quinto ano consecutivo, 
apesar de ser um evento local, as SEPs 
vêm atraindo, ano a ano, cada vez mais 
estudantes e profissionais de outros es-
tados, ampliando a troca de informações 
profissionais e institucionais. Os contatos 
com a Coordenadoria da XII SEP podem 
ser feitos pelo fone: (81) 3320-6527 ou 
e-mail: mcfs@ufrpe.br
SALVE A AQÜICULTURA - O documento "O 
estado da aqüicultura mundial em 2006", 
foi divulgado em 4 de setembro último em 
Nova Délhi - Índia, para delegados de 50 
países que participam do encontro bianual 
da subcomissão de Aqüicultura da FAO. O 
estudo afirma que quase 50% dos peixes 
consumidos em todo o mundo são oriundos 
do cultivo. A quantidade de peixes pescados 
no mar ou em água doce tem se mantido 
estável desde os anos 80 - em torno de 
90 e 93 milhões de toneladas e, de acordo 
com a FAO, são poucas as chances desse 
número aumentar nos próximos anos. 
Segundo o relatório, a aqüicultura é a 
única alternativa para suprir o consumo de 
peixes no futuro. Em 1980, a aqüicultura foi 
responsável por apenas 9% dos pescados 
consumidos em todo o mundo e hoje já é 
responsável por 43%. Isso totaliza 45,5 
milhões de toneladas/ano, o equivalente a 
�Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
R$ 134 bilhões. Em quase todas as partes 
do mundo a atividade tem crescido 8% 
ao ano, desde os anos 1980. Entretanto, 
segundo a FAO, entre os gargalos que o 
setor pode enfrentar nos próximos anos 
estão a falta de capital para aqüicultura 
nos países em desenvolvimento e a es-
cassez de terras e água para os cultivos. 
Desenvolver a aqüicultura já é estratégico 
para a humanidade, já que em 2030 serão 
necessários mais 40 milhões de toneladas 
de pescados para que sejam mantidos, 
apenas, os níveis atuais de consumo.
NOVIDADES NA FENACAM 2007 - A Feira 
Nacional do Camarão entra na sua quarta 
edição e já começou a comercializar os 
estandes para a edição do próximo ano. O 
evento será realizado no período de 12 a 15 
de junho de 2007, novamente no Centro de 
Convenções de Natal (RN). Além da feira e 
seminários sobre a carcinicultura, o evento 
do próximo ano trará como novidade a 
“Aqua&Pesca Internacional”, um setor que 
reunirá empresários da aqüicultura e da 
pesca mundial. Ao atrair novos participantes 
e investidores, os organizadores pretendem 
ampliar o leque de negócios das empresas 
que já expõem no evento. Para saber quais 
são os estandes disponíveis entre no site: 
www.fenacam.com.br e clique no ícone 
“Mapa de Expositores 2007”. Basta escolher 
o estande e entrar em contato para confirmar 
a disponibilidade pelo e-mail fenacam@
fenacam.com.br ou fone (84) 3202-0054.
 
 
DIA DE CAMPO - Piscicultores da Região e 
Sul de Minas se reuniram no dia 7 de julho 
em Descalvado, interior de São Paulo, para 
participarem do I Dia de Campo para Pis-
cicultores. O encontro entre especialistas 
do setor e produtores foi promovido pela 
Vansil Laboratório Veterinário, (www.vansil.
com.br), para discutir os diversos temas 
relacionados com a atividade, com destaque 
para a palestra “Produtos utilizados na 
prevenção e no tratamento dos peixes” 
– apresentado pela técnica responsável 
pelo setor de Alimentação Animal da Vansil, 
Kelly Crivellari. Os aspectos relacionados 
ao manejo, estresse e medidas preventivas 
aplicadas a piscicultura foram apresentados 
pelo biólogo e consultor técnico, Rodrigo 
Figueiredo do Rego e, a importância da 
boa alimentação e o papel da indústria 
de ração na aqüicultura, foi tema apre-
sentado pelo zootecnista e supervisor 
técnico-comercial da Socil, Marcos Garcia 
de Oliveira. Em comum, os profissionais 
presentes orientaram os produtores para 
que somente utilizem produtos mediante 
diagnósticos desenvolvidos por técnicos 
especializados e prescritos por médicos 
veterinários. Os presentes foram informa-
dos também da importância da avaliação 
prévia dos projetos de piscicultura a serem 
implantados, bem como da definição do 
sistema produtivo a ser adotado no cultivo, 
se extensivo, semi-intensivo ou intensivo. 
Sempre direcionados para que procurem o 
apoio de um profissional da área para que 
minimizem seus riscos, os piscicultores 
iniciantes escutaram também conselhos 
importantes como a necessidade de se 
saber a procedência genética dos peixes, a 
importância do uso de dietas balanceadas, 
além de terem aprendido, obtiveram noções 
sobre a prevenção de doenças, higiene, 
desinfecção de tanques e estratégias de 
comercialização da produção. 
EXTRUSORAS - A inauguração da nova fábrica 
de rações da BRFish/Nu-
tron, em São Gonçalo do 
Amarante – CE foi também 
motivo de muitas comemo-
rações em Ribeirão Preto 
- SP, onde está localizada 
a sede da Ferraz Máquinas 
e Engenharia Ltda., for-
necedora de toda a linha de fabricação de 
rações da nova fábrica. A Ferrazcada vez 
mais se faz presente junto ao setor aqüícola 
brasileiro, tendo sido também a fornecedora 
dos equipamentos da fábrica da Poli-Nutri, 
recentemente inaugurada em Eusébio, na 
região metropolitana de Fortaleza. Em 
julho deste ano a Ferraz também forneceu 
a segunda linha de peletização da empresa 
Maresias Pescados (Unir Distribuidora) locali-
zada em Teresina – PI, que já possuía uma 
linha completa de produção de rações para 
camarões, também fabricada pela Ferraz. 
Segundo José Luiz Ferraz, diretor da em-
presa, os equipamentos da Ferraz Máquinas e 
Equipamentos já respondem pela fabricação 
de mais de 50% das rações para animais de 
estimação fabricadas no Brasil. 
CARNÍVOROS – A Escola Superior de 
Agricultura Luiz de Queiroz - ESALQ, de 
Piracicaba-SP está estudando aspectos 
relacionados à nutrição e manejo dos 
peixes dourado e pintado, consideradas 
espécies nativas carnívoras de grande 
porte e de alto valor econômico brasi-
leiro. Financiados pela FAPESP, CNPq e 
FINEP, os projetos de pesquisa orienta-
dos pelo professor do Departamento de 
Zootecnia, José Eurico Possebon Cyrino, 
são diretamente ligados ao programa 
de pós-graduação em Ciência Animal e 
Pastagens e têm por objetivo determi-
nar as exigências nutricionais dessas 
duas espécies em relação à proteína e à 
energia. A pesquisa trabalha a nutrição 
ligada à fisiologia dos peixes. O estudo 
evitará a utilização da proteína como 
fonte energética pelos peixes. Segundo 
Cyrino, o conhecimento da relação ener-
gia-proteína é fundamental para a produ-
ção comercial do dourado e do pintado, 
uma vez que estão diretamente ligadas 
ao metabolismo dos peixes. O excesso de 
energia pode produzir peixes gordurosos, 
da mesma forma que uma perfeita relação 
energia-proteína resultará num pescado 
de qualidade, com boa quantidade de 
filé e pouca gordura. O projeto prevê a 
compra, com recursos da FINEP, de uma 
máquina extrusora para produzir ração 
para os peixes, cuja formulação será 
focada na adequação das quantidades de 
aminoácidos da dieta ao perfil de amino-
ácidos da carcaça dos peixes. A próxima 
etapa da pesquisa será direcionada na 
� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
adequação do enriquecimento vitamínico 
e mineral das dietas. 
IMNV NA INDONÉSIA – O IMNV (Vírus da 
Mionecrose Infecciosa), que primeiramente 
foi detectado nas fazendas do Brasil e que 
causou imensos prejuízos à carcinicultura 
brasileira, foi agora confirmado em Litope-
naeus vannamei na Indonésia. Inicialmente 
foi suspeitada a sua presença em maio de 
2006, em cultivos localizados no Distrito de 
Situbondo, no leste da Província de Java. A 
infecção foi observada em juvenis de 60 a 
80 dias de cultivo, onde foram detectados 
os sinais clínicos clássicos, como coloração 
avermelhada no segmento abdominal, mi-
onecrose (morte do tecido muscular) com 
o esbranquecimento do músculo afetado. A 
confirmação foi feita por Donald Lightner, 
do Laboratório de Patologia em Aqüicultura 
da Universidade do Arizona (EUA).
PATOLOGISTAS – O IX ENBRAPOA - Encon-
tro Brasileiro de Patologistas de Organis-
mos Aquáticos, que acontecerá de 23 a 27 
de outubro, no Hotel Ritz Lagoa das Antas, 
em Maceió, Alagoas terá como tema central 
“Biodiversidade Aquática Sadia: Exigência 
do século XXI”. O ENBRAPOA é o evento da 
Associação de Patologistas de Organismos 
Aquáticos - ABRAPOA que congrega os 
profissionais que atuam na área de saúde 
animal, um tema da maior importância 
no estágio atual de desenvolvimento da 
aqüicultura brasileira. Mais informações 
podem ser obtidas no endereço www.
abrapoa.org.br
REFERÊNCIA NACIONAL – As instalações 
do antigo Departamento de Aqüicultura do 
Centro de Ciências Agrárias da UFSC será 
sede do Centro de Diagnóstico e Estudos 
de Patologias de Organismos Aquáticos, 
elevando a universidade ao status de 
referência nacional na pesquisa de doenças 
que atingem animais aquáticos cultivados. 
O ministro da Secretaria Especial de Aqüi-
cultura e Pesca da Presidência da República 
(SEAP) Altemir Gregolin, assinou no dia 
29 de agosto o ato de transferência de 
recursos à UFSC no valor de R$ 543 mil 
para o projeto para a implementação do 
Laboratório de Biologia Molecular, primeira 
etapa do Centro de Diagnóstico. Os recursos 
serão usados na reforma do prédio que vai 
sediar os laboratórios e na aquisição de 
equipamentos e materiais. O projeto deverá 
receber recursos da Financiadora de Estudos 
e Projetos (FINEP), Fundação de Apoio à 
Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado 
de Santa Catarina (FAPESC), Ministério da 
Agricultura e Governo Estadual, num total 
de cerca de R$ 3 milhões em investimentos. 
A estrutura vai dar suporte ao trabalho de 
outras áreas de pesquisa, atendendo a mais 
de 50 pesquisadores da UFSC, da Epagri e 
de instituições de outros estados. 
MAIS ÔMEGA 3 - Não é de hoje que se con-
hece os benefícios do consumo de Ômega 3, 
encontrado em peixes como salmão, atum 
e sardinha. Indicado no tratamento de 
doenças cardiovasculares, do diabetes, do 
mal de Alzheimer e também da depressão, o 
Ômega 3 agora está sendo estudado também 
quanto a redução da violência. Um estudo 
realizado pelo psicólogo Bernard Gesch, 
da Universidade de Oxford, na Inglaterra, 
dividiu em dois grupos os detentos de 
uma das mais violentas prisões do país. 
Durante nove meses, um dos grupos recebeu 
suplementos de Ômega 3, e o outro não. 
Segundo o psicólogo, a pesquisa apontou 
uma redução da violência em 35% entre 
os presidiários do grupo que consumiu o 
Ômega e que pela primeira vez na história 
daquele presídio, não foi registrado nenhum 
incidente violento durante um mês. Para 
Gesch o Ômega 3 não é uma pílula mágica, 
mas estimula o crescimento de neurônios 
na região do cérebro que controla o com-
portamento impulsivo. 
ALGAS - O III Festival das Algas, reali-
zado nos dias 27 a 29 de julho na Praia de 
Flexeiras, a 123 km de Fortaleza, ajudou a 
promover o trabalho desenvolvido pela Asso-
ciação dos Produtores de Algas de Flexeiras 
e Guajirú - APAFG. Os algueiros puderam 
mostrar como realizam o cultivo marinho, 
a coleta e a secagem, além de venderem 
toda a variedade de produtos feitos a partir 
das algas. O festival foi montado próximo 
ao Centro de Processamento de Algas, 
onde os produtores realizam a secagem do 
material coletado. As algas são utilizadas 
na indústria farmacêutica, promovendo o 
desenvolvimento local. A localidade está 
incluída no Projeto Algas da FAO. Atual-
mente são 12 famílias beneficiadas com o 
cultivo em pequena escala. Além do Ceará, 
participam do projeto a Paraíba e o Rio 
Grande do Norte. 
SKYPE – Agora ficou mais fácil falar com 
a Revista Panorama da AQUICULTURA. 
A nossa redação está acessível também 
pelo SKYPE. Fale conosco. Nosso contato 
é panoramadaaquicultura. 
�Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
De: Alexandre Sampaio 
sampaioa@ufc.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Doutorado em Eng. de Pesca
Caros amigos, é com satisfação que informo 
a aprovação pela CAPES do nosso doutorado 
em Engenharia de Pesca. Os integrantes 
do Conselho Técnico Científico (CTC), da 
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pes-
soal de Ensino Superior do Ministério da 
Educação (CAPES/MEC), em reunião que 
ocorreu nos dias 11 e 12 de julho aprovaram 
a recomendação dos novos cursos de pós-
graduação. Dentre as propostas aprovadas 
está o Curso de Doutorado em Engenharia 
de Pesca, que recebeu conceito 4. Após a 
recomendação da CAPES, os cursos receberão 
o reconhecimento do Conselho Nacional de 
Educação (CNE). O Curso de Doutorado em 
Engenharia de Pesca é o primeiro douto-
rado em Engenharia de Pesca do Brasil o 
que é uma grande vitória dos professores 
que compõem o programa e do Centro de 
Ciências Agrárias da UFC. 
De: Luz Weber Baladão 
luzweber@seap.gov.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Relatório do consultor interna-
cional da FAO Dr.Wurmann
Como solicitado na lista recentemente, 
segue link para o texto de um dos con-
sultores internacionais queparticiparam 
do Projeto de Cooperação Técnica entre 
a SEAP/PR e a FAO: http://www.planalto.
gov.br/seap/. No item aqüicultura, está o 
relatório do consultor internacional da FAO 
Dr.Wurmann. Assim que forem saindo os 
demais relatórios eu vos informo.
 
De: Janaina Mendes Barros 
jana_mbarros@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Maranhão
Estou cursando Ciências Aquáticas na Uni-
versidade Federal do Maranhão - UFMA e 
gostaria de saber mais sobre o andamento 
da aqüicultura, ou seja criação de peixes, 
ostras e, principalmente, camarão aqui no 
Maranhão, pois andei pesquisando e obtive 
pouca informação...e também sobre o le-
vantamento de fazendas nesta região. 
De: Alexandre Oliveira 
aagoliveira@yahoo.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Maranhão
Janaina, imagino o seu calvário em obter 
informações sobre a aqüicultura aqui no 
Maranhão. Em um estado comandado por 
pessoas desqualificadas não poderia ser 
diferente. Há cerca de 10 anos o governo 
estadual incentivou o cultivo de ostras no 
município de Raposa, mas hoje este "pro-
jeto" não mais funciona. A piscicultura é 
um Deus nos acuda. O Estado é omisso e 
o setor vem crescendo desordenadamente. 
Nenhuma estatística é gerada, daí que 
você nada, ou quase nada, conseguiu. Em 
relação ao camarão também nada foi feito 
nos último anos, aliás, só o fechamento de 
inúmeras pequenas fazendas em Primeira 
Cruz e Humberto de Campos. Muitas, por 
falta de licenciamento e outras por desco-
nhecerem os gargalos da atividade. Em 2003 
foi criada a AMCC - Associação Maranhense 
de Criadores de Camarão, inicialmente com 
20 sócios. Devido às dificuldades criadas 
pelo "secretário de mal ambiente othelino 
neto" (em minúsculas mesmo), muitos 
interessados desistiram e apesar de alguns 
licenciamentos concedidos no ano passado 
(após 3 anos de espera, como foi o meu 
caso), nada foi implantado, quer pela des-
crença em relação ao "apoio" do governo 
estadual, quer devido às dificuldades que 
todo o agronegócio está enfrentando no mo-
mento. No ano passado uma nova diretoria 
foi eleita, tendo como presidente o senhor 
Raimundo Carneiro Sobrino, ex-diretor do 
BNB no governo FHC. Este sujeito até hoje 
não promoveu nenhuma reunião com os 
associados e quando instigado ele diz que 
realmente reconhece que nada ainda fez 
pela atividade. Mas vai fazer. Ultimamente 
não mais atende meus telefonemas. E o 
governador José Reinaldo ainda acredita 
que seremos grandes produtores de camarão 
cultivado. Logo ele que nomeou um ambien-
talista para "secretário de mal ambiente". 
Haja esperança! Resumindo: este é o quadro 
caótico em que se encontra o Maranhão, 
cercado de ONGs ambientalistas e órgãos 
públicos comandados por despreparados. 
Não desanime. O Maranhão é diferente de 
tudo que se possa imaginar.
De: Gustavo Frota 
gustavofrota@yahoo.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Beneficiamento de Camarão
Gostaria de saber se alguém que participa da 
nossa lista pode me informar sobre o preço 
de compra de camarão para beneficiar e, o 
Para fazer parte gratuitamente da 
Lista Panorama-L vá ao site 
www.panoramadaaquicultura.com.br
 clique em Lista de Discussão 
e siga as instruções.
�0 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
por quê de tanta alternância nos preços. 
Quem determina estes preços na Região 
de Natal?
De: Bruno Moser 
br6_mo@yahoo.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re Beneficiamento de Camarão
Aqui no Rio Grande do Norte estão sendo pra-
ticados preços diferenciados para a compra de 
camarão: Para o mercado interno o preço do 
camarão de 11g (80/100) é R$ 7,80/kg, e é 
dado por compradores que levam diretamente 
para outros estados, sem passar por nenhum 
beneficiamento!? e sem nenhuma "Guia de Trân-
sito", documento legal emitido pelo Ministério 
da Agricultura, que habilita o produto para ser 
transportado para outros estados. Este preço é 
maior do que o praticado pelos beneficiamentos 
que compram camarão com o objetivo de expor-
tação (R$ 7,30 /kg). Para o mercado externo o 
preço é dado por frigoríficos que beneficiam para 
exportar, pois o preço internacional é regido pelo 
mercado (commodite), sofre influência sazonal, 
conforme a procura pelo produto. Neste caso, 
o preço de compra é determinado pelo preço 
internacional em dólar, pelo câmbio e pelos 
custos de despesca, beneficiamento, embalagem 
e custos de exportação. 
De: Marcos Martins
marcostmartins@globo.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Tilápias - Excesso de Gordura
Crio tilápias em tanques-rede e com ração 
com teor de 32% de proteína, desde juvenil 
até o abate. Sirvo ração à vontade, mas o 
volume consumido nunca chega nem perto 
dos percentuais recomendados pelos fabri-
cantes de ração. Tenho notado o acúmulo de 
bastante gordura no abdômen dos peixes, 
quando estes são eviscerados. O aspecto 
externo do peixe é normal, mas as vísceras 
apresentam bastante gordura, que se adere 
também ao filé. Isso é normal? Diminuir o 
teor de proteína melhora, agrava ou não 
altera a situação? 
De: Márcia Regina Stech
marciastech@uol.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Tilápias - Excesso de Gordura
Isso acontece em primeira instância por 
causa de um alto teor de energia, o que 
pode ser percebido por uma ingestão de 
ração mais baixa (ao menos na teoria do 
fabricante). Os peixes preferem utilizar os 
lipídios como fonte de energia, mas se a 
ração for extrusada, a energia em excesso 
provavelmente vai vir do carboidrato, que 
tem que ser utilizado no processamento da 
ração. Quando a relação energia/proteína 
da ração está correta, esse tipo de coisa 
não deveria acontecer. Infelizmente teu 
problema tem sido constatado junto a 
muitos produtores e com diferentes marcas 
de ração. Reporte isso ao seu distribuidor, 
mas só com uma reformulação é que isso 
poderá ser revertido.
De: Luiz Marcelo S. Pinheiro
luizmarcelovet@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Tilápias - Excesso de Gordura
O acúmulo de gordura ocorre quando há sobra 
de nutrientes, ou seja, você está fornecendo 
mais do que é necessário para a mantença 
e crescimento dos peixes. Sugiro reduzir a 
porcentagem de proteína bruta na fase de 
engorda destes. Vale a pena testar outras 
formulações. Além de evitar o acúmulo de 
gordura, você irá reduzir o seu custo de 
produção. 
De: Giovani Sampaio Gonçalves
gsgoncalves@pesca.sp.gov.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Tilápias - Excesso de Gordura
Essa é uma situação muito encontrada em 
relação à alimentação de tilápias com as 
mais diversas rações, mesmo em pesquisas 
com alimentos de alta qualidade!! Nem 
sempre as recomendações fornecidas pelas 
indústrias são aquelas que devemos adotar. 
Cada sistema de produção tem a sua carac-
terística e talvez a quantidade de ração que 
você está utilizando esteja até acima do 
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
necessário. Tente fazer a sua própria tabela 
de arraçoamento (sem sobras), controlando 
o fornecimento de ração e acompanhando 
uma curva de crescimento do peixe em fun-
ção do tempo, ganho em peso e conversão 
alimentar. A relação energia/proteína é uma 
questão importante, entretanto ela pode 
ser apenas uma indicação, pois mesmo 
que esteja em equilíbrio, o fornecimento 
em aminoácidos fora da exigência mínima 
para produção pela Tilápia pode ocorrer em 
elevada deposição de gordura. Isso se dá 
pela alta capacidade da espécie em utilizar 
proteína como fonte de energia. Alguns 
microingredientes também são importantes 
no metabolismo energético, podendo levar à 
situação de acúmulo de gordura. Resumindo: 
mesmo que sua ração esteja com pouca ou 
muita gordura (energia), o desbalanço em 
aminoácidos (apenas 1) ou mesmo a defici-
ência em algum microingrediente, pode fazer 
com que grande parte da proteína (mesmo 
que de boa qualidade) seja utilizada para a 
síntese de gordura e não fibras musculares 
como o esperado. Faça testes com outros 
alimentos, e com certeza encontrará boas 
rações nomercado.
De: Paulo rodrigues 
pauloromez@yahoo.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Tilápias - Excesso de Gordura
Nossa experiência prática em relação a 
gordura visceral é a seguinte: 1) Fatores 
que contribuem para o aumento da gordura 
visceral: proteínas baseadas em farinha 
de carne e sangue; alimentação acima da 
curva de alimentação e crescimento e, teor 
protéico acima da necessidade do peixe 
para a fase de crescimento que se encon-
tra. 2) Fatores que reduzem a quantidade 
de gordura visceral: proteínas baseadas 
em farinha de peixe; alimentação dentro 
da curva de alimentação e crescimento. 
Usar 32% até o final da engorda é muito 
bom, pois reduz o tempo de abate do 
animal e proporciona um ganho de peso 
acima da curva (cerca de 15 dias em 
nossa experiência). Contudo, aumenta 
consideravelmente a gordura visceral por 
estar acima, pouca coisa, da necessidade 
para esta "fase" do peixe.
 
De: José Maria
comercial@wgautomacao.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Filetagem de peixes 
Pretendo agregar valor a minha engorda de 
tilápias e pensei em filetar peixes em minha 
propriedade para entregar no comércio 
local. Tenho demanda para uns 150 kg de 
filés/semana fornecendo filés frescos dois 
dias por semana(terças e quintas). Ocorre 
que tenho represas grandes (2000 m2) que 
têm inviabilizado o processo, em função 
do custo para retirar peixes, uma vez que 
tenho que pagar pessoal para passar o 
arrastão para a retirada, aumentando o 
custo e estressando demais os mesmos. 
Pensei em fazer uma pequena represa de 
depuração para transferir uns 1000 kg de 
peixe a cada 15 dias, o que facilitaria o 
processo de retirada de peixes frescos para 
filetagem. Gostaria de opiniões e idéias 
sobre a viabilidade ou não deste projeto 
por parte de nossos companheiros piscicul-
tores, bem como de literatura disponível 
com as formas de filetagem para melhor 
aproveitamento de carcaça. Gostaria de 
saber também se alguém pode me dizer 
quais as obrigações legais para poder entrar 
neste novo negócio. 
De: Francisco Moreira Dubeux Leao Junior 
francisco.leao@fleury.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Filetagem de peixes 
Dica: coloque tanques-rede de pequeno vo-
lume nas represas, porque desta forma você 
não precisa fazer grandes despescas e retira 
somente aquilo que vai ser depurado e depois 
vendido. Para 150 kg de filé por semana, você 
está no limite daquilo que se considera arte-
sanal (processar 100kg de peixe vivo por dia). 
Se crescer mais, vai ter que ser aprovado pelo 
menos pelo Serviço de Inspeção Estadual. Eu 
tenho o mesmo problema em relação à iniciar 
a filetagem. Quem sabe a gente pode trocar 
uma idéia e unir esforços?
�� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
A eterna briga entre 
Ambientalistas e 
Carcinicultores
O Seminário "Manguezais e Vida Comunitária: os impactos 
sócio ambientais da carcinicultura", realizado em Fortaleza-CE 
nos dias 21 a 24 de agosto reuniu grupos ambientalistas com 
o objetivo de articular as comunidades e definir estratégias 
de enfrentamento com a carcinicultura no Brasil e de outros 
países do ex-Terceiro Mundo. No encontro foram apresentados 
painéis que procuraram mostrar a carcinicultura como uma 
atividade causadora de prejuízos sócioambientais. Os temas 
discutidos foram: Carcinicultura: um olhar a partir das comu-
nidades pesqueiras; Panorama da Carcinicultura e da Água no 
Brasil; Políticas Públicas de Carcinicultura e de Conservação 
dos Manguezais e, Estratégias de Enfrentamento. No último dia 
do seminário os participantes elaboraram uma carta intitulada 
“Carta de Fortaleza dos povos das águas”, com reclamações, 
denúncias e exigências. Os posicionamentos contrários a ex-
pansão da carcinicultura no Brasil geraram uma carta/resposta 
da ABCC. A seguir, transcrevemos as duas cartas.
Carta de Fortaleza dos Povos das Águas
Os quinze estados brasileiros representados por cento e sessenta 
e seis participantes do “Seminário Manguezal e Vida Comunitária: os 
impactos socioambientais da carcinicultura” reunidos em Fortaleza 
no período de 21 a 24 de agosto de 2006, representando organizações 
comunitárias de base, ribeirinhos, quilombolas, indígenas, pescadores 
e pescadoras, do movimento nacional dos pescadores/as (MONAPE), 
pastorais sociais, escolas de pesca, pesquisadores e organizações não 
governamentais locais, estaduais, nacionais e internacionais, dirigimos-
nos à sociedade para expressar :
1.		Afirmamos	que	ocorre	de	forma	acelerada	a	destruição	dos	
manguezais no Brasil, e de maneira predominante pela atividade de 
carcinicultura ou cultivo de camarão, com privatização sem precedentes 
de água e de terras públicas e indígenas, expulsão das populações locais, 
desmatamento de manguezais, salinização de água doce, poluição de 
rios, gamboas e estuários, diminuição crescente do pescado (mariscos, 
crustáceos e peixes) e empobrecimento dos Povos das Águas. Essa 
destruição dos manguezais e de outros ecossistemas costeiros segue 
avançando e se soma a ela uma violação sistemática dos direitos humanos 
e ambientais dos Povos do Mar, dos Mangues e dos Rios; 
2. A atividade da carcinicultura, a despeito de sua trajetória his-
tórica de destruição social e ambiental, segue sua expansão de maneira 
impune em nosso país, sobretudo no Nordeste brasileiro; 
3. Denunciamos que a atividade de carcinicultura tem mani-
festado	uma	ação	violenta	dirigida	a	comunidades	locais,	lideranças,	
entidades, utilizando para tanto de intimidação, constrangimento e 
violência	física	com	registro	de	vários	assassinatos	(casos	ocorridos	
no	RN,	BA,	PI),	o	que	se	configura	como	agente	violador	de	direitos	
humanos e ambientais; 
4. Reclamamos das corregedorias estaduais uma atuação para 
evitar a recorrente ação das polícias nos estados (civil e militar) que 
têm	assumido	o	papel	de	segurança	privada	nas	fazendas	de	camarão,	
inclusive	estatal	usando	a	estrutura	(fardamento,	viatura,	munição)	e,	
sem deixar duvida, agindo com violência contra as populações locais: 
5. Denunciamos que as legislações de nossos estados estão 
sendo revisadas para permitir a expansão de atividades destrutivas dos 
carcinicultores em áreas caracterizadas pelos ecossistemas costeiros. 
Rechaçamos	qualquer	modificação	de	sistemas	legais	com	o	objetivo	
de diminuir a proteção e permitir a apropriação dos espaços marinho-
costeiros	e	suas	áreas	de	influência;	
6.		As	instituições	publicas	de	financiamento	(Banco	do	Nordeste,	
Banco do Brasil, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e 
Social)	têm	financiado	a	atividade	de	carcinicultura	que	se	desenvolve	
de maneira insustentável, exercendo assim um papel determinante na 
expansão do cultivo de camarão e no quadro de degradação e de pobreza 
que cresce na Zona Costeira e áreas ribeirinhas; 
7. Denunciamos que se acentua em nosso país um modelo de 
desenvolvimento primário-exportador, orientado pelo agronegócio e 
hidronegócio e direcionando à produção de bens para a exportação (como 
no caso da carcinicultura) às custas de nossos ricos ecossistemas e de 
populações cada vez mais pobres. O projeto de transposição das águas 
do Rio São Francisco responde às demandas do empresariado brasi-
leiro, dentre os quais o da carcinicultura, mostrando-se inaceitável sua 
concretização pelo estado brasileiro. Reclamamos políticas sustentáveis 
que	satisfaçam	as	necessidades	das	populações	locais	e	que	garantam	
direito e acesso aos recursos naturais(pescado, água, terra...);
8. Reclamamos das Delegacias Regionais de Trabalho a ação 
efetiva	para	coibir	a	exploração	dos	trabalhadores	nas	fazendas	de	car-
cinicultura (ausência de carteira assinada e de equipamentos de proteção 
individual,	 jornadas	abusivas	de	 trabalho,	 trabalho	 infantil,	 trabalho	
escravo) e problemas relativos à saúde do trabalhador (doenças de pele, 
intoxicação	por	metabissulfito	de	sódio);	
9. Denunciamos que os governos estaduais, de modo especial, 
sustentam e animam a expansão da carcinicultura em basesinsus-
tentáveis na medida em que desenvolvem legislações que abrem 
as portas para a degradação dos manguezais e dos ecossistemas 
costeiros. Incentivam ainda atividades de grande impacto (carcini-
cultura, turismo, pesca industrial) que não guardam relação alguma 
com as necessidades das populações costeiras e ribeirinhas em prol 
da garantia de qualidade de vida e de saúde e da conservação dos 
ecossistemas costeiros e marinhos; 
10. Denunciamos que se está substituindo as atividades 
tradicionais por novas atividades econômicas eleitas por governos 
(estaduais	e	federal)	como	alternativa	à	crise	econômica	atual.	Estas	
alternativas seguem concentrando a riqueza em mãos de uma minoria 
e diminuindo a qualidade de vida da grande maioria da população 
local.	Reclamamos	a	elaboração	de	políticas	públicas	que	fortaleçam	
as atividades produtivas tradicionais da nossa Zona Costeira. Estas 
políticas devem garantir a soberania e os direitos concernentes à 
cidadania e à vida; 
11. Exigimos ação preventiva e corretiva dos governos es-
taduais	e	federal	para	determinar	que	a	recuperação	das	fazendas	
de carcinicultura abandonadas ocorra por parte dos degradadores e 
que haja uma reversão da posse e ou titularidade dessas áreas para 
a integração ao patrimônio público ; 
12. Observamos que parte das atividades de pesquisa e gestão 
de	nossos	ecossistemas	seguem	orientadas	para	satisfazer	necessidades	
contrárias	às	das	nossas	comunidades,	firmando	assim	a	base	para	a	
degradação dos meios de vida e da cultura de nossos povos, através da 
expansão de atividades destrutivas e insustentáveis; 
13.	Reafirmamos	nossa	intenção	firme	e	determinada	em	
resistir aos processos de privatização e destruição dos recursos 
naturais das zonas marinho-costeiras em nossos estados; 
14. Expressamos nossa solidariedade e apoio aos Povos do 
Mar do Extremo Sul da Bahia e solicitamos a criação imediata da 
RESEX de Cassurubá pelo governo Federal. 
15. Exigimos do Ministério da Justiça e da Secretaria 
Especial de Direitos Humanos a proteção de moradores das loca-
lidades de Cumbe, Porto do Céu, Cabreiro, Tabuleiro e Volta em 
Aracati(CE), São José e Buriti em Itapipoca(CE), Camondongo, 
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Confl
itos
Passagem Rasa em Itarema(CE), Salinas da Margarida, Canaviei-
ras, Praia do Guaibim em Valença(BA), Logradouro em Porto do 
Mangue e (RN),Porto do Carão em Pendências (RN) 
Finalmente :
1. Nos posicionamos contrários a expansão da carcinicultura 
no Brasil ao mesmo tempo em que exigimos a não concessão de novas 
licenças	e	de	financiamento	a	atividade	de	cultivo	de	camarão,	bem	como	
o	embargo	das	fazendas	instaladas	e	recuperação	de	áreas	degradadas
2. Exigimos um posicionamento claro da SEAP, MMA, IBAMA, 
FUNAI,	SEEDPH,	SPU	e	GRPUs,Instituições	financeiras	e	Governos	
estaduais,	sobre	o	cenário	apresentado	nesta	carta	e	uma	plataforma	de	
ação	destas	instituições	frente	à	problemática;
3. Reclamamos a urgência na implantação de políticas públicas 
que garantam que os responsáveis por esta destruição (Instituições de 
crédito,	governos	federal,	estaduais	e	municipais,	industriais,	especula-
dores e carcinicultores) recuperem os ecossistemas degradados na zona 
costeira brasileira. 
Carta resposta da Associação Brasileira 
de Criadores de Camarão - ABCC
 
Natal, 02 de setembro de 2006
 
Mais uma vez os pseudo-ambientalistas capitaneados pelo 
oportunista	João	Alfredo	e	pelo	deliberado	alienismo	do	Instituto	Terra-
mar, dão uma clara demonstração de que estão a serviço dos interesses 
contrariados “além mar”.
Consideramos extremamente sensacionalistas as acusações e 
afirmações	contidas	na	“Carta	de	Fortaleza”,	documento	elaborado	
sob a liderança da ONG Terramar, entidade descomprometida com 
o social e ambiental e que, através da manipulação de populações 
carentes da zona rural do litoral Nordestino ligadas a pesca artesanal 
e	extrativista,	vem	apresentando	a	mídia	informações	inverídicas,	
distorcidas e tendenciosas sobre impactos ambientais e sociais da 
atividade de cultivo de camarão. 
Entendemos que o verdadeiro objetivo desta “Carta de Fortaleza” 
é	garantir	a	continuidade	dos	recursos	advindos	de	fontes	internacionais	
como a Inter-American Foundation (IAF), Fundação Avina e Fundação 
BankBoston,	que	financiam	as	atividades	da	ONG	Terramar,	represen-
tante	no	Brasil	da	Red	Manglar	International,	entidade	que	tem	a	função	
de	coordenar	campanhas	contra	a	aqüicultura	e	articular	o	financiamento	
internacional	para	suas	filiadas,	a	exemplo	do	Terramar	em	nosso	país	
(Ambientalismo o Novo Colonialismo-Editora Capax Dei, 2005), cuja 
principal	função	parece	ser	a	oposição	à	carcinicultura	através	da	agitação	
e da manipulação de populações carentes. 
Estas ONG’s pregam em nome do meio ambiente a manutenção, 
a qualquer custo, do atraso e da degradação da vida dessas populações, 
que em pleno século XXI, convivem com um enorme potencial natural e 
todos os dias, exatamente pela visão vesga dos governos e desses “arau-
tos do apocalipse” não conseguem viver com um mínimo de dignidade, 
quando na realidade, a aqüicultura, que é a vocação natural do Brasil, 
poderá	estar	lhes	proporcionando	condição	de	vida	muito	diferente.	
Estudos elaborados pelo Departamento de Economia da UFPE, 
comprovam que a carcinicultura vem gerando emprego e renda na 
zona rural do litoral nordestino (http://www.abccam.com.br/downlo-
ad/GERA%C7%C3O%20DE%20EMPREGOS.pdf),	quando		88%	do	
trabalho	ofertado	é	ocupado	por	mão-de-obra	sem	qualificação	profis-
sional	e	14%	das	oportunidades	é	ocupada	por		mão-de-obra	feminina.		
Adicionalmente, o estudo “Impactos Sócio-Econômicos do Cultivo do 
Camarão Marinho em Municípios Selecionados do Nordeste” realizado 
pelo mesmo Departamento, concluiu que a carcinicultura nos 10 (dez) 
municípios	analisados,	contribui	significativamente	para	a	elevação	e	
estabilidade do emprego e da renda, para a elevação da receita municipal 
e para a melhoria das condições de vida nestes municípios, destacando 
a participação da população economicamente ativa (PEA) no setor, a 
representação setorial no PIB municipal e a sua participação na 
receita tributária. (www.abccam.com.br/publicações)
Não	nos	surpreende	mais	acusações	e	afirmações	gené-
ricas e recicladas sobre o que estas entidades consideram como 
impactos da carcinicultura no Brasil, as quais não apresentam 
números	reais	baseados	em	estudos	comprovadamente	científi-
cos, utilizando apenas um relatório tendencioso da Comissão de 
Meio	Ambiente	da	Câmara	dos	Deputados,	documento	que	foi	
alvo	de	um	manifesto	elaborado	por	28	Doutores/Pesquisadores	
da área de aqüicultura de 13 instituições de ensino e pesquisa, 
que	consideraram	socialmente	 injusto	e	 cientificamente	dis-
cutível os supostos impactos mencionados pelo relatório. Os 
pesquisadores	que	assinaram	este	manifesto,	se	colocaram	a	
disposição	para	participarem	de	fóruns	e	debates	sobre	o	tema,	
porém, os organizadores do evento que assinam a carta, não convi-
daram os mesmos para discutir os impactos da carcinicultura.
O trabalho: “Impactos Sócio-Econômicos e Ambientais da 
Carcinicultura Brasileira: Mitos e Verdades” (Rocha, 2005) disponível 
no	site	www,abccam.com.br,	que	utilizando	informações	e	estatísticas	
do próprio IBAMA e dos centros de excelência das universidades bra-
sileiras,	desmistifica	e	coloca	por	terra	os	mitos	e	as	inverdades	sobre	a	
carcinicultura,	atividade	que	na	realidade,	tem	profundos	compromissos	
com a preservação ambiental e com o bem star social, uma vez que ao 
analisar o conjunto de sua cadeia produtiva, se ressalta claramente que 
o	“somatório	dos	impactos	positivos	são	de	tal	magnitude	que	justificam	
as ações de mitigação para a superação dos seus impactos negativos”. 
A	afirmação	sem	nenhuma	comprovação	de	que	ocorre	de	forma	
acelerada a destruição de manguezais no Brasil, não condiz com a verda-
de	que	foi	apresentada	pelo	recente	estudo	técnico	científico	elaborado	e	
publicado pelo LABOMAR/UFCE como apoio do CNPq e da Socie-
dade Internacional para Ecossistemas de Manguezal – ISME-BR, que 
através	das	análises	de	imagens	de	satélites	de	1978	a	2004,	identificou	
um crescimento total de 36,56% na cobertura vegetal do manguezal entre 
os Estados de Pernambuco (67%), Paraíba (39,84%), RN (19,88%), 
Ceará	(27%)	e	Piauí	(34,94%),	descaracterizando	e	desmistificando	as	
acusações do crescimento da carcinicultura em detrimento da destruição 
dos manguezais (http://www.abccam.com.br/download/Atlas_man-
gues_NE_%FAltima_vers%E3o%5B1%5D.pdf).
A	carcinicultura,	diferente	do	que	informa	a	“Carta”,	é	uma	
atividade lícita e considerada pela Lei Federal 10.165/00, como 
uma atividade de médio impacto ambiental, considerada ainda 
pelo Banco Mundial, NACA e FAO (2002), que a aqüicultura é 
uma	importante	atividade	na	área	costeira	de	muitos	países,	ofe-
recendo um número de oportunidades para amenizar a pobreza, 
gerar empregos, promover o desenvolvimento comunitário, redu-
ção	da	sobreexploração	das	fontes	naturais	costeiras	e	segurança	
alimentar nas regiões tropicais e subtropicais (www.eneca.org), 
informação	 completamente	 desconsiderada	 pelas	ONG’s	 que	
assinam a Carta. 
A carcinicultura brasileira através da sua entidade representativa 
ABCC,	vem	cumprindo	o	seu	dever	de	casa	no	que	se	refere	a	questões	
ambientais e sociais, elaborando e distribuindo entre os produtores de 
camarão e demais associados, o Código de Conduta e de Boas Práticas 
de Manejo para uma Carcinicultura Ambientalmente Sustentável e So-
cialmente Justa e os Manuais de Gestão de Qualidade e Rastreabilidade 
na Fazenda e de Biossegurança na Fazenda, disponíveis para consulta 
publica no site da ABCC (www.abccam.com.br).
Por	fim,	gostaríamos	de	vêr	as	entidades	que	assinam	esta	carta	
demonstrar	à	sociedade	a	verdadeira	fonte	de	financiamento	das	suas	
atividades e propor alternativas concretas de melhoria de vida para as 
milhares	de	famílias	que	da	carcinicultura	tiram	o	seu	sustento	e	que	
estariam desempregadas pelo desejo insano de sustar uma atividade 
que hoje se apresenta como uma das poucas alternativas de crescimento 
sustentável e de geração de emprego e renda para populações da zona 
rural do litoral nordestino.
 
�� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Wilson Wasielesky, Maurício Emerenciano, 
Eduardo Ballester, Roberta Soares, Ronaldo 
Cavalli e Paulo César Abreu
Fundação Universidade Federal do Rio Grande, 
Programa de Pós-graduação em Aqüicultura, 
manow@mikrus.com.br
P odemos considerar que o cultivo de camarões nas Américas pode ser dividido em três perío-
dos, se levarmos em consideração as estratégias de 
cultivo utilizadas. O primeiro deles (anos 80/90) foi 
marcado pelas grandes áreas de cultivo em viveiros 
utilizando baixas densidades de estocagem. Neste 
período o país com maior produção foi o Equador, com 
produtividades médias em torno de 500 kg/ha/ano. O 
segundo período, nos anos noventa, caracterizou-se 
também pelos cultivos em viveiros utilizando, po-
rém, mais tecnologia, como é o caso do Brasil, com 
produtividades acima de 6000 kg/ha/ano. Enquanto 
isso, nos Estados Unidos da América, Hopkins e co-
laboradores iniciaram pesquisas para o desenvolvimento 
de tecnologias ambientalmente amigáveis com objetivos 
de diminuir a emissão de efluentes com produtividades 
também acima de 5000 kg/ha/ano. Apesar dos esforços, o 
surgimento de doenças como a Síndrome de Taura, Mancha 
Branca, entre outras, prejudicou a atividade em diferentes 
países americanos. Em decorrência, nos últimos cinco anos, 
surgiu o terceiro momento dos cultivos de camarões, com o 
uso de novas tecnologias desenvolvidas, principalmente, nos 
Estados Unidos (Browdy et al. 2001) e em Belize (Burford et 
al., 2003), com objetivo de produzir camarões em sistemas 
fechados, com maior biossegurança e com diminuição da 
emissão de efluentes.
um novo caminho a ser percorrido
Cultivos em Meios com 
Flocos microbianos:
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Os Flocos Microbianos
A	intensificação	da	densidade	de	estocagem	tornou-se	
requisito básico para a viabilidade econômica deste tipo de 
cultivo. Entretanto, o aumento das densidades de estocagem 
exigiu mudanças nas estratégias de manejo para a manuten-
ção da qualidade da água dos cultivos. Com isso, iniciou-se a 
realização de pesquisas sobre os cultivos chamados “ZEAH” 
(Zero Exchange, Aerobic, Heterotrophic Culture Systems), 
ou seja, sistema de cultivo sem renovação de água através 
de	uma	biota	predominantemente	aeróbica	e	heterotrófica	
(organismos incapazes de sintetizar o seu próprio alimento 
e que necessitam de oxigênio para sobreviver). 
A vantagem desse sistema é a diminuição do uso da 
água,	diminuindo	a	emissão	de	efluentes	e	consequentemen-
te reduzindo as possibilidades de impactos ambientais. Além 
disso, os sistemas “ZEAH” reduzem o risco de introdução 
e disseminação de doenças, além de complementar a dieta 
dos animais através da produtividade natural presente nos 
viveiros (McIntosh et al., 2000 e Moss et al., 2001). 
	Para	estimular	a	formação	do	meio	heterotrófico	o	
ambiente	de	cultivo	deve	ser	 fertilizado	com	fontes	 ricas	
em	carbono	e	fortemente	oxigenado.	Diferentes	nomes	têm	
sido	atribuídos	aos	flocos	microbianos	tais	como:	agregados	
microbianos	 ou	 bacterianos,	 flocos	 bacterianos,	 “marine	
snow”,	etc..	Independentemente	do	nome,	eles	são	forma-
dos durante o ciclo de produção, sendo constituídos prin-
cipalmente	de	bactérias,	microalgas,	fezes,	exoesqueletos,	
restos de organismos mortos, cianobactérias, protozoários, 
pequenos	metazoários	 e	 formas	 larvais	 de	 invertebrados,	
entre outros (Fotos abaixo).
Núcleos do floco formado pela aglomeração 
de cianobactérias filamentosas, bactérias e 
colonizado por protozoários
Fotos Eduardo Ballester
Floco microbiano colonizado por 
protozoário ciliado
Cianobactérias filamentosas auxiliando a 
formação do floco microbiano
Uma	vez	formados,	eles	servem	de	suplemento	alimen-
tar aos animais, além disso, os microorganismos presentes 
no	floco	são	capazes	de	assimilar	os	compostos	nitrogenados	
originados da excreção dos camarões e dos restos do alimento 
em decomposição. 
A presença dos agregados no ambiente de cultivo 
proporciona a redução da utilização de proteína bruta nas 
rações, sendo esta suprida pela produção natural, acarretan-
do em diminuição nos custos (Samocha et al..2004).	Burford	
et al. (2004) reportaram que mais de 29% do alimento con-
sumido por Litopenaeus vannamei podem ser provenientes 
do	floco	bacteriano	presente	no	meio	heterotrófico	(meio	
onde	 predominam	 organismos	 heterotróficos,	 mantido	
principalmente através de um balanço de carbono/nitrogê-
nio/fósforo),	demonstrando	assim	a	viabilidade	do	sistema,	
o mesmo demonstrado por Moss et al. (1992). McAbee et 
al.	(2003)	verificaram	sobrevivências	superiores	a	90%	em	
cultivo super-intensivo de L. vannamei em raceways, em 
densidades de estocagem acima de 300/m2. Segundo Browdy 
(2006, em preparação) cultivos pilotos com L. vannamei 
em	sistemas	de	cultivo	em	estufas,	em	altas	densidades	de	
estocagem (até 700 camarões/m2),	em	meio	heterotrófico,	
tem apresentado produtividades acima de 6 kg/m2, o que 
equivale	a	60	ton/ha/safra.
Flocos M
icrobianos
"A vantagem desse 
sistema é a diminuição 
do uso da água, 
diminuindo a emissão 
de efluentes e 
consequentemente 
reduzindo as 
possibilidades de 
impactos ambientais"
�� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Estufa para o cultivo superintensivo de camarões no Waddell Mariculture 
Center, Carolina do Sul, EUA (Foto: Wilson Wasielesky)
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Estufa para o cultivo superintensivo de camarões na Estação Marinha de 
Aquacultura (EMA) da FURG, Brasil (Foto: Dariano Krummenauer)
Apesar dos bons resultados obtidos até o momento, a di-
nâmica e complexidade do sistema nos obriga a um manejo mais 
intensivo,	sempre	atentos	nos	parâmetros	físico-químicos	e	biológi-
cos da água, bem como na sanidade dosanimais. Dentre as diversas 
vantagens e desvantagens do sistema podemos destacar:
Tabela 1 – Vantagens e desvantagens
Flocos como suplemento alimentar
A	alimentação	é	um	fator	de	extrema	importância	
para	um	sistema	de	cultivo,	pois	influencia	diretamente	na	
sobrevivência e no crescimento dos organismos aquáticos, 
bem como na viabilidade econômica do cultivo, visto que 
pode representar até 60% do custeio da produção. Assim, o 
controle	na	qualidade	e	quantidade	de	alimentos	fornecidos	
tornam-se elementos básicos para o sucesso na produção 
de organismos em cativeiro. O excesso de alimentos 
pode causar a degradação do meio de cultivo, devido ao 
aumento, principalmente, de compostos nitrogenados e 
fósforo.	Assim	 sendo,	 um	cultivo	 racional	 de	 camarões	
deve receber uma quantidade de alimentos balanceada, 
evitando descargas excessivas de compostos nitrogenados 
no ambiente natural.
Os resíduos da alimentação do camarão (alimento 
não	consumido	e	excretas)	serão	a	principal	fonte	de	ni-
trogênio	para	a		formação	dos	agregados,	os	quais	irão	ser	
convertidos	em	uma	valiosa	fonte	de	nutriente	aos	animais	
cultivados (Tabela 2). Além do nitrogênio, o carbono de-
sempenha um papel importante no sistema de cultivo, pois 
a relação C/N é decisiva para determinar a comunidade 
microbiana que se estabelecerá no sistema. 
“A alimentação é de 
extrema importância para a 
sobrevivência e o crescimento 
dos animais. Um cultivo 
racional de camarões deve 
receber uma quantidade 
de alimentos balanceada, 
evitando descargas excessivas 
no ambiente natural.”
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Flocos M
icrobianos
Relação C/N para a formação dos meio heterotróficos
 Algumas pesquisas recentes demonstram que a 
relação	C/N	 ideal	 para	 formação	do	floco	microbiano	
deve	 estar	 na	 faixa	 entre	 14	 e	 30:1.	 Isto	 é,	 para	 cada	
14 a 30 partes de carbono, é necessário uma parte de 
nitrogênio, sendo expresso geralmente em peso. Isso se 
deve, principalmente, para estimular o crescimento de 
bactérias	heterotróficas	as	quais	são	capazes	de	utilizar	a	
matéria orgânica disponível (inclusive a dissolvida) e re-
direcionar esta matéria orgânica para a cadeia alimentar 
presente	no	ambiente	de	cultivo,	fornecendo	desta	forma	
uma	fonte	adicional	de	alimento	para	os	camarões.	
Diversas	fontes	de	C	estão	disponíveis	no	mer-
cado, com destaque para o melaço de cana-de-açúcar 
(integral	ou	em	pó)	e	os	mais	diversos	farelos	vegetais	
existentes. O melaço já vem sendo utilizado como pro-
motor de crescimento bacteriano em viveiros de cultivo 
no	Brasil	e	no	mundo.	No	entanto,	sua	eficiência	é	ainda	
muito pouco conhecida. 
 Para estimar a relação C/N podemos utilizar 
métodos	 sofisticados	 e	 precisos	 (TOC,	 “NHC	Anali-
zer”, entre outros). No entanto o custo das análises é 
elevado,	além	de	serem	aparelhos	caros	e	difíceis	de	
serem encontrados. Assim, uma maneira para estimar 
a relação é através da composição bromatológica dos 
ingredientes	ou	fertilizantes	utilizados,	estimando	seus	
valores em carbono e nitrogênio. 
 
Qualidade da água
 
Como em todos os sistemas de cultivos, a quali-
dade de água é de vital importância para a manutenção 
e	 sucesso	 dos	 sistemas	 heterotróficos.	Dentre	 os	 pa-
râmetros	físico-químicos	relacionados	à	qualidade	de	
água,	a	salinidade,	o	pH,	a	amônia,	o	nitrito,	o	fósforo	
e a alcalinidade necessitam de maior atenção. 
Quanto	maior	 for	 a	 salinidade,	maior	 o	 poder	
tampão	que	ela	exercerá,	assim,	facilitará	a	manutenção	
dos níveis desejáveis de pH no sistema. Porém devido 
à	intensa	respiração	dos	organismos	(cultivados	e	fau-
na microbiana presente), há uma tendência natural do 
Tabela 2 – Composição Bromatológica com base na matéria seca de 
agregados microbianos formados em diferentes experimentos
PB - proteína bruta; Carb. - carboidratos; EE - extrato etéreo ou lipídios; FB - fibra bruta
ambiente de cultivo apresentar pH 
muito próximo a 7 ou até mesmo in-
ferior	a	este	valor.	No	entanto,	o	pH	
deve ser monitorado periódicamente 
pois de acordo com Wasielesky et al 
(2006),	níveis	abaixo	de	7,0	afetam	o	
crescimento de L. vannamei em meio 
heterotrófico.
Em relação à amônia (princi-
palmente a não ionizável), sua toxi-
cidade está diretamente relacionada 
aos níveis de pH. Águas muito ácidas e com baixo teor de 
oxigênio dissolvido, diminuirão a capacidade das bactérias 
nitrificantes	 de	 converterem	 a	 amônia	 em	 nitrito	 e	 poste-
riormente a nitrato. O nitrito em água de salinidade elevada 
(20-35 ‰) parece não apresentar grandes problemas quanto 
a níveis letais, já em salinidade reduzida isso pode ser um 
sério problema. 
 Tão importantes como o carbono e nitrogênio, outros 
elementos	são	de	fundamental	importância	para	a	“saúde”	
do	sistema,	exemplos	disso	são	o	fósforo	e	o	cálcio.	Lem-
brando que por ser um sistema onde as densidades de cultivo 
são altas, e as renovações de água baixa ou nula, o acúmulo 
de determinados compostos na água é inevitável. Assim, é 
preciso estar atento com todos os parâmetros para que o ca-
marão não seja submetido a situações de estresse que podem 
diminuir as taxas de sobrevivência. No caso de um acúmulo 
de	 fósforo,	 haverá	 favorecimento	 de	 cianobactérias,	 que	
muitas vezes, dependendo da espécie e concentração, são 
maléficas	aos	organismos	cultivados.	Assim,	um	controle	
nos	níveis	de	fósforo	podem	acarretar	no	sucesso	ou	não	do	
sistema. Já a alcalinidade, além de importante na atividade 
de	muda	dos	camarões	fornecendo	cálcio	ao	animal,	ajuda	
a manter equilibrado o pH do meio. 
“O melaço já é utilizado 
como promotor de 
crescimento bacteriano em 
viveiros de cultivo no Brasil 
e no mundo. No entanto, 
sua eficiência é ainda muito 
pouco conhecida”
�� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Dimensionamento do sistema
Além dos parâmetros químicos e biológicos, os 
parâmetros	 físicos	 desempenham	 um	 importante	 papel	
no sistema. Um correto dimensionamento dos tanques de 
cultivo e um bom aporte de oxigênio no sistema, direção 
e	intensidade	de	corrente	são	de	fundamental	importância	
na	 ressuspensão	 do	material	 particulado	 e	 formação	 dos	
agregados. Estes devem estar sempre presentes na coluna 
d´água,	caso	contrário	 tenderão	a	acumular	no	fundo	dos	
tanques ou viveiros, acarretando em zonas anaeróbias 
causando	 desconforto	 aos	 camarões	 cultivados,	 além	 de	
competir com outros organismos aeróbios. Assim, o uso de 
aeradores	mecânicos,	injetores	de	ar,	air-lifts,	entre	outros,	
são	importantes	para	o	correto	funcionamento	do	sistema.	
No	caso	de	acúmulo	de	material	no	fundo	(lodo	“residual”)	
ou excesso de material suspenso, este deve ser retirado pe-
riodicamente e destinado a lugares próprios como tanques 
de	sedimentação,	ou	serem	filtrados	com	o	retorno	da	água	
para o sistema. 
Experiências da FURG
O	início	do	desenvolvimento	de	cultivos	em	meio	ao	floco	
microbiano realizado pelos pesquisadores da Estação Marinha de 
Aquacultura (EMA) e do Laboratório de Ecologia do Fitoplânc-
ton e Microorganismos Marinhos, ambos pertencentes a FURG 
- Fundação Universidade Federal do Rio Grande, se deu após a 
reunião	de	informações	obtidas	por	pesquisadores	de	nossa	Uni-
versidade que visitaram o CSIRO Marine Research (Austrália) e 
o Waddell Mariculture Center (USA), locais aonde os cultivos em 
meio	heterotrófico	já	vêm	sendo	realizados	há	alguns	anos.	Além	
disso, a visita do Doutor Gerard Cuzon do IFREMER – França, 
ao nosso laboratório contribuiu bastante com o relato das experi-
ências obtidas por sua equipe neste tipo de cultivo.
Após	 este	 primeiro	momento	 de	 troca	 de	 infor-
mações, os pesquisadores da EMA desenvolveram um 
protocolo	para	obtenção	do	floco	em	um	sistema	fechado	
(sem renovação de água). Este protocolo estava baseado 
na	utilização	de	uma	fertilização	orgânica	que	estimulasse	
o	crescimento	de	bactérias	heterotróficas,	as	quais	formam	
a	base	dofloco.	O	protocolo	utilizado	mostrou-se	ade-
quado	e	rapidamente	foi	constatada	a	presença	de	densos	
agregados no tanque de cultivo (denominado como tanque 
matriz)	permitindo	que	fosse	dado	início	aos	primeiros	
experimentos.
Como	mencionado	anteriormente,	o	floco	microbia-
no	além	de	ser	uma	fonte	adicional	de	alimento	para	os	orga-
nismos	cultivado,	também	tem	a	função	de	manter	a	qualidade	
da água do ambiente de cultivo. Por isso, durante todos os 
experimentos	realizados	foram	monitoradas	as	concentrações	
de	amônia,	nitrito	e	fosfato,	além	do	pH	e	da	concentração	de	
oxigênio dissolvido nas unidades de cultivo. A transparência 
da	água	foi	medida	diariamente	com	disco	de	Secchi,	e	sendo	
esse o parâmetro prático que possibilitou o monitoramento da 
densidade	do	floco	de	maneira	rápida	e	possibilitou	a	correção	
nos	níveis	de	fertilização	empregados.	
Nossa	equipe	realizou	experimentos	com	três	dife-
rentes espécies de camarões peneídeos: Farfantepenaeus 
paulensis, Farfantepenaeus brasiliensis e Litopenaeus 
vannamei. Os experimentos realizados na EMA - FURG 
foram	desenvolvidos	em	dois	sistemas	básicos:	(a)	a	água	
rica	 em	floco	 era	 bombeada	 do	 tanque	matriz	 para	 uni-
dades	 experimentais	 onde	os	 camarões	 foram	cultivados	
em	diferentes	tratamentos	ou;	(b)	unidades	experimentais	
(gaiolas) montadas diretamente no tanque matriz. Além dos 
tratamentos	em	meio	ao	floco	os	camarões	foram	cultivados	
também em um sistema convencional (água clara) para que 
os	resultados	fossem	efetivamente	comparados.
“O carbono, nitrogênio e 
outros elementos como o 
fósforo e o cálcio são de 
fundamental importância 
para a “saúde” do sistema. 
É preciso estar atento a todos 
os parâmetros para que o 
camarão não seja submetido 
a situações de estresse que 
podem diminuir as 
taxas de sobrevivência.”
Foto: Wasielesky
Flocos M
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�0 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Flocos M
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Experimento 3 - EFEITO DE RAÇÕES DE DI-
FERENTES NÍVEIS PROTEICOS NO CULTIVO DO 
CAMARÃO-ROSA Farfantepenaeus paulensis 
EM MEIO HETEROTRÓFICO
Estudos prévios haviam determinado 
que a quantidade ideal de proteína bruta a 
ser	 fornecida	para	 juvenis	de	F.	paulensis	
durante	a	 fase	 inicial	de	engorda	seria	de	
45% quando este camarão é cultivado em 
meio à água clara. Neste estudo Ballester et 
al, (2006) avaliaram uma possível redução 
no nível protéico durante o cultivo em meio 
ao	floco	microbiano.	Os	 camarões	 foram	
alimentados com rações contendo 25, 30, 
35,	40	e	45%	de	PB.	Ao	final	de	45	dias	
de	cultivo	foi	constatado	que	o	peso	final	
atingido	pelos	camarões	não	era	significa-
tivamente	diferente	(p>0,05)	quando	estes	
eram alimentados com rações contendo 35, 
40 ou 45% de PB. 
Este resultado demonstrou que é pos-
sível uma redução de até 10% da proteína 
fornecida	à	F. paulensis quando este cama-
rão é cultivado na presença de agregados 
microbianos (Figura 4 na pag.22). 
Experimento 2 - CULTIVO DO CAMARÃO ROSA Farfantepenaeus brasiliensis 
EM MEIO HETEROTRÓFICO
Neste experimento, Emerenciano et al. (2006) trabalharam com pós-larvas de 
F. brasiliensis (PL25 - 0,025 ± 0,01g; 17,86 ± 1,6mm), cultivadas em alta densidade 
(500/m2)	durante	trinta	dias.	Os	tratamentos	utilizados	foram	cultivo	em	água	clara	e	
cultivo	em	meio	ao	floco	microbiano	e	ambos	os	tratamentos	foram	realizados	com	e	sem	
suplementação	com	ração	artificial	(42%	PB).	Ao	final	do	experimento	foi	constatado	
que	os	camarões	cultivados	em	meio	ao	floco	atingiram	peso	final	estatisticamente	igual	
(p>0,05)	independente	do	fornecimento	ou	não	de	ração	demonstrando	a	eficiência	do	
floco	como	fonte	de	alimento	para	os	camarões	nesta	fase	do	cultivo	(Figura	3).
Alguns dos principais resultados obtidos nestes experimentos estão resu-
midos a seguir:
Experimento 1 - CULTIVO DO CAMARÃO-ROSA Farfantepenaeus paulensis 
NA FASE DE PRÉ-BERÇÁRIO
Neste estudo, Emerenciano et al. (2006) cultivaram pós-larvas de F. 
paulensis	(PL10)	em	meio	heterotrófico	ou	em	água	clara	durante	15	dias.	
Os	resultados	finais	mostraram	que	as	pós-larvas	cultivadas	em	meio	ao	floco	
microbiano	obtiveram	peso	final	e	sobrevivência	significativamente	maiores	
em relação àquelas cultivadas em água clara (Figuras 1 e 2).
Figuras 1 e 2 – Peso 
final, ganho de peso e 
sobrevivência de pós-larvas 
cultivadas na presença dos 
flocos microbianos com e 
sem ração (FLOC + R e FLOC) 
ou em água
Figura 3 – Peso Final e Ganho de peso de pós-larvas de Farfantepenaeus brasiliensis cultivados na 
fase de berçário em diferentes tratamentos (FLOC+R = presença do floco com fornecimento de ração; 
FLOC = cultivo somente na presença do floco e AC +R = águas claras mais ração)
Foto: Wasielesky
�� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Experimento 4 – Efeito da produtividade natural em um 
sistema de troca zero com floco microbiano para o cultivo 
superintensivo do camarão-branco Litopenaeus vannamei
Em experimento realizado no Waddell Mariculture 
Center – South Carolina – USA, Wasielesky et al. (2006), 
avaliaram	o	efeito	da	produtividade	natural	(meio	hetero-
trófico)	durante	o	cultivo	de	juvenis	de	L.vannamei confir-
mando	os	efeitos	positivos	do	meio	sobre	o	crescimento,	
consumo de ração, ganho de peso, conversão alimentar e 
sobrevivência. Em densidade de estocagem de 300/m2 as 
taxas	de	crescimento	foram	de	0,85	g/semana	em	água	clara	
e	de	1,25	g/semana	em	meio	heterotrófico,	ou	seja,	47	%	
acima,	devido	a	contribuição	dos	flocos	microbianos
Recentemente, no congresso mundial de Aquacultura 
(Aqua2006/WAS) realizado em Florença na Itália, o Dr. Yoran Avi-
nimelech, um dos maiores especialistas na questão dos cultivos em 
meios	heterotróficos,	declarou	que	muitos	estudos	foram	realizados	
e conclusões alcançadas. Entretanto, o domínio deste mundo micro-
biano de cultivo ainda apresenta muitas lacunas, e portanto muitas 
pesquisas	deverão	ser	realizadas	para	o	efetivo	sucesso	da	atividade	
de	cultivo	nos	meios	heterotróficos.	
Os autores agradecem a empresa Sul Química Ltda, ao CNPq e a Capes pelo apoio às 
pesquisas realizadas até o momento.
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Conclusão
O papel de um técnico capacitado e instruído, além de um 
manejo intensivo baseado nos parâmetros de qualidade de água, é de 
fundamental	importância	para	o	sucesso	do	sistema.		Conhecimentos	
de	ecologia	de	microrganismos	e	microbiologia	são	fundamentais	
para	compreender	melhor	o	meio	heterotrófico	de	cultivo.	A	troca	de	
informações	e	os	esforços	em	pesquisa	são	muito	importantes	para	
o aprimoramento do mesmo, que tende a revolucionar a maneira de 
cultivar organismos aquáticos ao redor do mundo. Portanto, apesar 
dos bons resultados obtidos até o momento, recomenda-se cautela na 
hora da decisão de utilizar este novo tipo de sistema de cultivo.
Figura 4 – Peso médio (±dp) de juvenis de F. paulensis cultivados em meio ao floco 
microbiano e alimentados com diferentes níveis de proteína bruta
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Bibliografia 
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The use of greenhouse-enclosed raceway systems for the super-in-
tensive production of pacific white shrimp Litopenaeus vannamei 
in the United States. Global Aquaculture Advocate. 6(4).
McIntosh, D., T.M. Samocha, E.R. Jones, A.L. Lawrence, 
D.a. McKee, S. Horowitz and A. Horowitz. (2000). The effect 
of a bacterial supplement on the high-density culturing of 
Litopenaeus vannamei with low-protein diet in outdoor tank 
system and no water exchange. Aquacultural Engineering 
21(2000):215-227. 
McIntosh, D., T.M. Samocha, E.R. Jones, A.L. Lawrence, S. 
Horowitz and A. Horowitz, 2001. Effects of two commercially 
available low-protein diets (21% and 31%) on water sediment 
quality, and on the production of Litopenaeus vannamei in an 
outdoor tank system with limited water discharge. Aquacultural 
Engineering, 25(2001):69-82.
Moss, S.M., Pruder, G.D., Leber, K.M., and Wyban, J.A., 1992. 
The relative enhancement of Penaeus vannamei growth by 
selected fractions of shrimp pond water. Aquaculture 101: 
229-239.
Soares, R.; Jackson, C.; Coman, F.; Preston, N. 2004 Nutricional 
composition of flocculated material in experimental zero-
exchange system for Penaeus monodon. In: AUSTRALASIAN 
AQUACULTURE, 2004, WAS, Sydney. p.89 
Wasielesky, W., Atwood, H., Stokes, A. e Browdy, C.L. (2006). 
Effect of natural production in a zero exchange suspended 
microbial floc based super-intensive culture system for white 
shrimp Litopenaeus vannamei. Aquaculture 258 (396-408).
�� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Os cuidados na coleta e na remessa de
amostras para exames bacteriológicos
Por:
Luciene C. Lima e Rômulo C. Leite 
Laboratório de Ictiossanidade, 
Escola de Veterinária UFMG 
lucolima@netscape.net
A coleta e o envio de material para exames laboratoriais são passos 
fundamentais para um diagnóstico con-
fiável das doenças e permite a adoção de 
um tratamento direcionado e eficiente. 
Infelizmente, no Brasil ainda faltam labo-
ratórios especializados no diagnóstico de 
doenças infecciosas de peixes. Mas esta 
lacuna importante da piscicultura nacional 
está sendo preenchida. Este artigo aborda 
alguns aspectos de ictiossanidade (saúde 
dos peixes), com ênfase à coleta e remessa 
de material para bacteriologia.
A sanidade é um dos aspectos mais relevantes para a 
produção comercial de qualquer espécie, incluindo peixes. 
Doenças são uma das ameaças mais sérias ao sucesso da 
aqüicultura porque, além de não alcançarem bom desem-
penho zootécnico e terem sua reprodução comprometida, 
peixes doentes disseminam agentes patogênicos para o 
ambiente, geram prejuízos ao produtor e ainda podem re-
presentar riscos à saúde pública. Os organismos causadores 
de doenças estão presentes tanto no meio natural quanto 
em sistemas de cultivo, mas em cativeiro os patógenos 
encontram condições ideais ao seu desenvolvimento. De 
todas as doenças, aquelas causadas por bactérias são as que 
mais comumente atacam os peixes e as que também geram 
mais	prejuízos	para	a	piscicultura.	Quando	as	enfermidades	
surgem, é importante saber como atuar rapidamente de 
modo a evitar ou minimizar mortalidades.
Boas coletas garantem 
bons diagnósticos
Foto: André A. Fernandes
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Embora a aqüicultura seja o setor de alimentos que 
mais cresce no mundo, doenças ainda representam um en-
trave primário ao crescimento da atividade. Experiências 
passadas mostram que as doenças de peixes podem trazer 
perdas econômicas consideráveis à atividade e um aumento 
dos riscos sanitários é projetado à medida que a aqüicultura 
continua	a	se	expandir,	intensificar	e	diversificar.	A	intensi-
ficação	traz	consigo	a	necessidade	de	manejos	e	transportes	
freqüentes,	 incremento	das	densidades	de	estocagem,	au-
mento nas taxas de alimentação e geração de resíduos que 
comprometem a qualidade da água, tornando o estresse 
inevitável	dentro	dos	ambientes	de	cultivo.	A	manifestação	
de doenças em peixes está diretamente relacionada com 
situações estressantes. Devido à sua particular condição 
de	pecilotermia,	os	peixes	são	altamente	sensíveis	à	flutu-
ação dos parâmetros de qualidade de água que, através do 
estresse, reduz a resistência dos peixes e sua capacidade de 
enfrentar	doenças.	Assim,	a	manutenção	da	saúde	de	peixes	
produzidos em cativeiro é considerada, hoje, um dos aspec-
tos mais importantes ao êxito da aqüicultura. 
Entretanto, controlar doenças em sistemas aqüícolas 
não	é	tarefa	fácil,	sobretudo	quando	a	adoção	de	medidas	
de	controle	é	falha	ou	inexistente	e	os	recursos	para	pre-
venção são limitados. Sabe-se que grande parte dos surtos 
de	doenças	em	peixes	resulta	da	falta	de	regulamentação	
do transporte de animais aquáticos, movimentação esta que 
facilita	a	introdução	e	disseminação	de	agentes	patogêni-
cos.	A	maioria	dos	países	em	desenvolvimento	enfrenta	
desafios	 significativos	 na	 implementação	 prática	 de	 es-
tratégias de manejo especialmente na área de diagnóstico, 
vigilância, análise de riscos, preparação para situações 
de	 emergência,	 quarentena	 e	 programas	 de	 certificação.	
Grandes indústrias, como a do salmão, entretanto, sabem 
do	potencial	dizimador	das	doenças,	daí	fazerem	cumprir	
um controle sanitário rigoroso, inclusive com vacinação 
rotineira dos peixes. Para indústrias como a do salmão, um 
programa sanitário não é apenas uma atitude burocrática 
mas a garantia da chegada de seus peixes até o mercado 
consumidor sem transtornos no processo de produção.
Doenças infecto-contagiosas 
Uma grande quantidade de doenças viróticas, para-
sitárias	e	fúngicas	pode	impactar	negativamente	sistemas	
aqüícolas. Entretanto, as de origem bacteriana ocasionam 
graves	 infecções	 sendo	as	principais	 responsáveis	pelas	
grandes perdas de peixes cultivados (Foto 1). Elas são 
abundantes no ambiente e são capazes de se multiplicar 
rapidamente. A maioria das bactérias que causam doenças 
em peixes estão normalmente presentes no ambiente, daí 
serem chamadas de bactérias oportunistas, ou seja, capazes 
de causar doenças quando o sistema imunológico do animal 
está	comprometido	ou	quando	condições	ambientais	favo-
recem o invasor. Exemplos de condições que desencadeiam 
o	ataque	de	bactérias	oportunistas	são	alterações	frequentes	
de qualidade de água e grande densidade animal. Alguns 
dos sinais mais evidentes de doenças bacterianas incluem o 
desenvolvimento	de	lesões	avermelhadas,	feridas	e	úlceras	
no corpo (Foto 2); base das nadadeiras avermelhada, nada-
deiras erodidas (esgarçadas), mudança de coloração da pele, 
exoftalmia	(olho	esbugalhado).	A	distribuição	das	lesões	
é	 bastante	 variável,	mas	 geralmente	 inclui	 cabeça,	 face,	
opérculo (estrutura que cobre as brânquias) boca, costas, 
lateral do corpo e pedúnculo caudal. Apesar de alguns sin-
tomas serem indicativos desta ou daquela bactéria, somente 
o	exame	laboratorial	pode	confirmar	o	diagnóstico.
Diagnóstico
Foto 1 - Placa com colônias de
Aeromonas sp., bactéria comumente 
isolada de peixes doentes
Foto 2 - Lesões na pele provocadas por Aeromonas hydrophila
�� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
��Panorama da AQÜICULTURA,julho/agosto, 2006
Amostras para exame bacteriológico
O protocolo de amostragem para a investigação de agen-
tes	infecciosos	em	peixes	é	tão	importante	quanto	os	métodos	de	
diagnóstico	propriamente	empregados.	A	amostragem	feita	sem	
critérios	e	cuidados	leva	a	falsos	diagnósticos,	a	uma	estimativa	
equivocada de prevalência das doenças ou ainda, pode impedir 
a	identificação	do	agente	causador	da	enfermidade.	
O número de amostras precisa ser representativo, isto 
é, diante de um surto, vários animais da população devem ser 
examinados. O número exato de peixes amostrados vai depender 
do	histórico	do	problema,	dos	sinais	de	infecção,	da	quantidade	
de peixes disponíveis e da estrutura e capacidade de processa-
mento	do	laboratório	de	referência.
Peixes	ainda	vivos,	mas	que	mostram	sinais	de	enfermi-
dade (moribundos), são os melhores espécimes para amostra-
gem. Indivíduos moribundos usualmente abrigam grandes quan-
tidades	de	bactérias	causadoras	de	doenças.	Após	o	sacrifício	ou	
morte	do	peixe,	os	tecidos	e	órgãos	afetados	devem	ser	pronta-
mente examinados. É importante ressaltar que quando o peixe 
morre, ocorre uma invasão rápida de bactérias contaminando os 
tecidos e órgãos internos. A rapidez da invasão bacteriana se dá 
em	função	de	vários	fatores,	incluindo	a	temperatura	que,	quanto	
mais alta, maior a multiplicação bacteriana. Assim, a rapidez e 
a precisão da coleta de material são diretamente proporcionais 
à qualidade da amostra e dos resultados do exame. 
Seleção e remessa de peixes para o laboratório
A investigação de bactérias exige um protocolo mais 
elaborado onde a seleção, preparação, embalagem e transporte 
são passos cruciais no processo de diagnóstico de doenças 
bacterianas	de	peixes,	diferentemente	da	investigação	de	vírus,	
para	a	qual	os	animais	podem	ser	enviados	em	refrigeração	ou	
até congelados, ou para a pesquisa de parasitos, cujo material 
pode	ser	fixado	em	formol.	Do	contrário,	amostras	podem	che-
gar ao laboratório em condições precárias, a ponto de impedir 
o	trabalho	de	isolamento	e	identificação.	As	dicas	a	seguir	são	
importantes para um bom resultado diagnóstico:
Envio de peixes vivos e ou moribundos
1- Selecionar os peixes que exibem os sinais clínicos mais 
comuns dentro da população acometida;
2-	Encher	um	saco	plástico	limpo	e	forte	(preferencialmen-
te	usar	dois	sacos)	com	2/3	de	água	fresca	e	aerada;
3- Acomodar o peixe na água. Peixes pequenos sobrevivem 
até 48hs em sacos plásticos, desde que a água seja mantida 
fria,	limpa,	aerada	e	com	uma	densidade	adequada	de	peixe	
por	litro	de	água.	Como	referência,	pode-se	usar	10	larvas	
ou 5 alevinos por litro de água;
4- Peixes pesando acima de 500g devem ser acondiciona-
dos separadamente. Peixes menores podem ser agrupados 
em dois ou três por saco plástico;
5-	Para	manter	a	água	resfriada,	especialmente	em	con-
dições tropicais e longas distâncias, usar sacos plásticos 
menores,	fechados,	com	gelo	triturado	e	colocar	na	água	
junto com o peixe; 
6- Completar o saco com oxigênio puro ou ar comprimido;
7- Fechar o saco com elásticos de borracha bem apertados, 
evitando vazamentos;
8-	Etiquetar	claramente	os	sacos,	de	preferência	usando	
etiquetas à prova-d´água. Não escrever diretamente nos 
sacos plásticos; 
9- Acomodar os sacos plásticos em caixas isotérmicas. Usar 
uma camada bem distribuída de gelo debaixo e na sua parte su-
perior dos sacos de peixe, antes de colocar a tampa da caixa; 
10- A manutenção da temperatura baixa é crucial para 
a qualidade do material amostrado. O gelo em escamas 
ou	triturado	permite	melhor	distribuição	do	frio	do	que	o	
gelo em cubos. Também podem ser usadas embalagens 
de gelo reusável;
11-	Selar	a	caixa	com	fita	adesiva	resistente	certificando	
que não há vazamentos;
12-		Do	lado	de	fora	da	caixa	colocar	uma	folha	com	in-
formações	sobre	o	problema	(quando	começou	a	doença,	
espécies acometidas, quantos e como os peixes morreram, 
informações	 sobre	 a	 água	 do	 sistema,	manejos,	 outras	
informações	que	julgar	importantes);	
13-		Certificar	com	o	despachante	(transportadora,	cia	aérea,	
etc) se o material chegará ao lab dentro de 12 a 24 hs;
14- Avisar o laboratório sobre a previsão de chegada do 
material para as análises.
Diagnóstico
�� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Diagnóstico
Envio de peixe recém-morto
1- Não sendo possível amostrar peixes vivos ou moribundos, con-
tactar	o	laboratório	de	referência	antes	de	enviar	qualquer	outro	
material.	Somente	o	profissional	habilitado	poderá	decidir	sobre	
a	 validade	 do	material	 disponível.	 Para	 resultados	 confiáveis	 e	
corretos,	seguir	rigorosamente	as	instruções	do	profissional.
"Exames bacteriológicos 
são delicados, demorados 
e muito sensíveis a 
contaminações. Os 
resultados dependem 
enormemente dos cuidados 
na coleta, remessa e 
manuseio do material"
Coleta asséptica de amostras para bacteriologia
Técnicas assépticas de amostragem são essenciais ao 
diagnóstico de doenças bacterianas. A qualidade da necrópsia 
e da coleta de material é dependente de um trabalho paciente, 
criterioso	e	consciente.	Assim,	somente	um	profissional	bem	
treinado está em condições de cuidar desta etapa do diagnóstico. 
No laboratório, usando material e equipamentos adequados, 
os	peixe	são	sacrificados,	cuidadosamente	examinados	e	têm	
seus órgãos e tecidos coletados para a investigaçao dos agentes 
causadores	de	enfermidades.
Em	outras	palavras,	amostras	de	lesões	de	pele,	fragmen-
tos	de	brânquias,	rim,	fígado	e	cérebro	(Fotos	4	A,	B,	C,	D,	E	
e F) são assepticamente coletados, inoculados em placas com 
e	identificação,	até	chegar	ao	diagnóstico	definitivo.
Em aqüicultura prevenir é (mesmo!) melhor que remediar
Exames de saúde dos peixes são importantes não só na 
ocasião de surtos. Testes e exames preventivos são críticos 
para o controle e erradicação de doenças de animais aquáticos. 
Resultados de testes e exames são também importantes para 
atividades	relacionadas	à	biossegurança,	incluindo	certificado	
de saúde, vigilância e programas de monitoramento de doenças, 
estudos	epidemiológicos,	identificação	de	doenças	emergentes	
e	respostas	efetivas	para	emergências	em	saúde	animal.
Embora se saiba da existência de doenças em nossas 
pisciculturas, não reconhecemos a importância da sanidade até 
depararmos com mortalidades. Certamente que todos nós pro-
dutores, técnicos e estudiosos reconhecemos a necessidade de 
manter patógenos longe das piscigranjas, mas, na prática, não 
temos avançado muito nas questões sanitárias da aqüicultura e 
várias doenças que vêm acometendo nossos peixes nunca che-
gam a ser diagnosticadas. Isto se dá, na maioria das vezes, devido 
à carência de técnicos habilitados para orientar produtores na 
área de ictiossanidade e também para realizar a amostragens 
adequadas de material para análises. Por outro lado, são pou-
cos	os	laboratórios	especializados	em	doenças	infecciosas	de	
peixes, uma situação que está se revertendo, com a atuação de 
duas universidades mineiras, UFLA 
e UFMG, que implantaram labora-
tórios especialmente dedicados ao 
diagnóstico	de	doenças	infecciosas	
de peixes, ambos já em processo de 
credenciamento junto ao Ministério 
da Agricultura. O LIS - Laboratório 
de Ictiossanidade, integra o comple-
xo laboratorial do LAQUA, um mo-
derno laboratório de demonstração e 
pesquisa em produção comercial de 
peixes instalado na Escola de Ve-
terinária da Universidade Federal 
de Minas Gerais. O LIS é respon-
sável pelas pesquisas e assessoria 
na prevenção e diagnóstico de 
doenças de peixes para consumo 
ou	ornamentais.	O	telefone	do	LIS	
é: (31) 3499-2126.
meios de cultura convencionais e meios seletivos, incu-
bados	em	estufa	e	avaliados	periodicamente.	As	colônias	
isoladas passam, então, por testes de coloração, de triagem 
e	por	uma	bateria	de	provas	bioquímicas	para	identificação	
das	 bactérias.	A	 confirmação	dos	 agentes	 patogênicos	 é	
baseada nos testes acima, na comparaçãocom amostras 
bacterianas	de	referência,	além	do	uso	de	kits	comerciais	
de diagnóstico. Dependendo do tipo de bactéria, o processo 
de	isolamento	e	identificação	pode	levar	cerca	de	20	dias	
já que certos microorganismos são de crescimento lento e 
exigem meios especiais para se multiplicar, de modo que 
é	preciso	paciência	para	cultivá-los,	fazer	seu	isolamento	
A B C
D E F
Fo
to
: 
An
dr
é 
A.
 F
er
na
nd
es
Foto 4 – Coleta de amostras de lesões na pele (A); brânquias (B); rim (C); 
fígado (D); cérebro (E) e, necropsia (F)
�0 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Atenção no manejo dos peixes 
na saída do inverno
Por: Fernando Kubitza, Ph.D.
Acqua & Imagem - Jundiaí-SP
fernando@acquaimagem.com.br
E stamos chegando ao final do inverno nas regi-ões sul e sudeste, que neste ano foi marcado 
por uma grande alternância de frentes frias e perí-
odos de elevação na temperatura. Em pisciculturas 
do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, em 
manhãs com geadas, foram registradas temperaturas 
da água entre 11 e 13oC, valores muito próximos 
do limite letal para espécies como as tilápias e os 
peixes redondos. Afortunadamente, estas baixas 
temperaturas não persistem por mais do que um ou 
dois dias, amenizando seu potencial letal para os 
peixes. Contudo, as baixas temperaturas deprimem o 
sistema imunológico, deixando os peixes muito mais 
susceptíveis às doenças. 
Além das baixas temperaturas, o déficit hí-
drico devido à longa estiagem deste inverno acen-
tuou os problemas em muitas pisciculturas. Com a 
escassez de água, muitas pisciculturas conviveram 
com elevadas concentrações de nutrientes, plânc-
ton e resíduos orgânicos nos tanques de cultivo. 
Isso, além de favorecer a multiplicação de agentes 
patogênicos, freqüentemente submeteu os peixes 
à déficits de oxigênio e a exposições contínuas 
a elevadas concentrações de amônia e nitrito, 
debilitando ainda mais a condição e a saúde 
dos peixes, já agravada pelo frio. Neste inverno, 
muitos produtores experimentaram mortalidade 
devido à falta de oxigênio (particularmente nos 
dias em que se registrou elevação repentina na 
temperatura) ou ao aumento na incidência de 
doenças. 
O momento demanda cautela por parte dos 
produtores, transportadores de peixes vivos e 
proprietários de pesqueiros. Neste período de 
elevação na temperatura que marca a saída do 
inverno e a chegada da primavera é intensificado 
o manejo dos peixes, quer seja para iniciar os 
trabalhos de reprodução ou mesmo para retomar 
os volumes de comercialização, particularmente 
das espécies tropicais.
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
M
anejo de Peixes
Atenção ao manejo de reprodutores
Em setembro os produtores de alevinos de diversas 
espécies de carpas (comum, capim, cabeça-grande e pratea-
da),	do	catfish	americano,	do	kinguiô	e	jundiás	intensificam	
o	manejo	e	a	transferência	dos	reprodutores	para	tanques	de	
reprodução ou cercados de reprodução natural, ou mesmo 
para o laboratório para a desova induzida. Os produtores 
de alevinos de tilápias também começam a esvaziar seus 
tanques	e	a	transferir	os	reprodutores	já	no	final	de	setembro	
e	começo	de	outubro.	O	manuseio	deve	ser	feito	com	muito	
cuidado,	visto	o	frágil	estado	do	sistema	imunológico	dos	
reprodutores após o inverno.
Infecções	bacterianas,	fúngicas	e	mesmo	virais	são	
comuns em algumas espécies neste período, devido ao 
sistema imunológico debilitado pelas baixas temperaturas 
do	inverno	e	ao	estresse	imposto	na	intensificação	do	
manuseio. Além dos cuidados na realização das des-
pescas	e	transferência	dos	peixes,	devem	ser	adotadas	
medidas	profiláticas	durante	a	transferência	dos	peixes	
para outros tanques ou para o laboratório.
Durante	 as	 transferências	 a	 água	 de	 transporte	
deve conter entre 6 e 8 kg de sal/1.000 litros. Banhos 
profiláticos	com	permanganato	de	potássio	em	doses	de	
4 a 6g/1.000 litros por um tempo de 30 minutos podem 
ser aplicados nas próprias caixas de transporte durante 
a	transferência,	auxiliando	na	prevenção	de	infecções	
por	fungos	e	bactérias	externas.
Cuidados no manuseio dos alevinos e juvenis 
Os produtores que irão comercializar alevinos e 
juvenis	que	foram	invernados	devem	dar	preferência	ao	
manuseio de peixes estocados em tanques que não expe-
rimentaram problemas de qualidade de água durante o 
inverno.	Além	da	baixa	na	imunidade	devido	ao	frio,	os	peixes	
que	foram	freqüentemente	expostos	a	baixos	níveis	de	oxigênio	
e a elevadas concentrações de amônia e nitrito, particularmente 
em tanques com excessiva carga orgânica, sentirão muito mais 
o manuseio e transporte. Invariavelmente, estes peixes também 
passaram por restrição alimentar, devido à necessidade de res-
tringir as taxas de alimentação para não agravar a qualidade da 
água nos tanques. 
Adicionalmente, também podem estar com maior carga 
parasitária do que peixes mantidos em ambientes com água 
de boa qualidade. Assim, antes de serem transportados, estes 
peixes precisam de um período de recuperação sob condições 
adequadas de qualidade de água e boa nutrição para que recu-
perem sua condição de saúde. 
Na preparação dos alevinos e juvenis para o transporte 
pós-inverno, os produtores devem utilizar ração de alta quali-
dade. Acrescentar vitamina C (cerca de 1g/kg) e mesmo um 
premix mineral e vitamínico às rações por 3 a 4 semanas antes 
do manuseio pode melhorar a tolerância ao manuseio e a sobre-
vivência dos peixes pós-transporte. O uso de ração medicada 
com antibióticos por 4 a 7 dias antes do transporte também é 
Foto 2 – Monogenóides – helminto parasito 
isolado das brânquias do bagre do canal 
(microscópio aumento 40x). No detalhe 
monogenóides no aumento de 100x.
uma	prática	eficaz	para	reduzir	a	mortalidade	por	infecções	
bacterianas após o transporte. 
O uso de sal na água de transporte (6 a 8g/litro) é 
uma prática que deve ser incorporada à rotina da pisci-
cultura.	Exames	de	rotina	também	devem	ser	feitos	para	
verificar	o	grau	de	infestação	dos	alevinos	e	juvenis	que	
serão transportados. Para estes exames, o produtor precisa 
de um microscópio e de treinamento para reconhecer os 
principais	parasitos	e	avaliar	a	severidade	das	infestações.	
Caso não tenha conhecimento para isso, solicite os serviços 
de	profissionais	com	experiência	e	procure	 se	capacitar	
mais sobre o assunto através de publicações, cursos e de 
matérias	como	as	apresentadas	nesta	revista.	Infestações	
por tricodinas e monogenóides (Fotos 1 e 2) são comuns 
e podem comprometer severamente a sobrevivência dos 
peixes após o manuseio e o transporte. 
Foto 1 – Trichodina - protozoário ciliado isolado da pele no bagre do canal 
(microscópio aumento 100x). No detalhe a tricodina em aumento de 400x.
�� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Durante a primeira semana os alevinos e juvenis recebi-
dos devem ser alimentados preventivamente com ração medi-
cada,	para	evitar	a	instalação	de	infecções	bacterianas.	.
 
Foto 4 – Tilápia com infecção 
fúngica (saprolegniose) após 
manuseio em períodos de baixa 
temperatura. No detalhe, a imagem 
das hifas do fungo ao microscópio 
(aumento de 100x)
Caso	haja	 infestações	por	 tricodinas,	os	peixes	devem	
ser	submetidos	a	um	banho	de	30	minutos	com	formalina	em	
doses	entre	80	e	100ml/1.000	litros.	Tricodinas	são	facilmente	
controladas	 com	a	 formalina.	Este	 banho	pode	 ser	 feito	 nos	
tanques de depuração ou nas próprias caixas de transporte após 
o carregamento dos peixes. 
No	caso	do	tratamento	ser	feito	nas	caixas	de	transporte,	
após o banho a água das caixas deve ser trocada e novamente 
deve ser adicionado o sal. Algumas espécies de monogenóides 
podem	ser	controladas	com	o	banho	de	formalina.	No	entanto,	
outras	 são	 tolerantes	 a	 este	 produto.Verifique	 alguns	 peixes	
após	o	tratamento	para	ver	se	este	foi	eficaz.	Caso	a	infestação	
por	monogenóides	não	tenha	diminuído	com	o	banho	de	for-
malina, consulte um técnico experiente sobre outras opçõesde 
tratamento.	O	produtor	que	lançar	mão	de	banhos	com	forma-
lina	deve	ficar	atento	à	presença	de	um	precipitado	branco,	o	
p-formaldeído,	nas	embalagens	de	formalina.	O	p-formaldeído	
é	extremamente	tóxico	aos	peixes	e	a	sua	formação	nas	emba-
Atenção no manejo de peixes para pesca
Os piscicultores que atendem os pesque-pagues 
com tilápias, peixes redondos e outras espécies tropicais 
não devem se precipitar e despescar seus estoques logo 
nos primeiros sinais de elevação das temperaturas no 
final	do	inverno.	Neste	momento,	o	sistema	imunológico	
dos peixes está no nível mínimo de atividade. Assim, o 
manuseio e transporte neste período de águas com tem-
peraturas amenas (20-24oC) irão debilitar ainda mais as 
condições do peixe, deixando os muito mais vulneráveis 
às	 doenças	 fúngicas	 e	 bacterianas	 após	 o	 transporte	 e	
estocagem nos pesque-pagues. 
Rações medicadas não devem ser usadas, visto que 
comumente estes peixes são capturados e consumidos nos 
dias	seguintes	à	estocagem,	não	havendo	tempo	suficiente	
para a eliminação dos medicamentos da carne. Portanto, é 
prudente iniciar o manejo apenas após as temperaturas da 
água terem se mantido por um período de pelo menos 30 
dias na casa dos 22-24oC. Isso permitirá aos peixes restaurar 
parte	da	atividade	dos	seus	mecanismos	de	defesa	e	tolerar	
melhor o manuseio envolvido na despesca, carregamento, 
transporte e estocagem nos tanques de pesca. Ainda assim, 
antes	 de	 ir	 fundo	 na	 comercialização	 de	 todo	 o	 estoque	
pronto,	é	bom	verificar	os	resultados	de	sobrevivência	pós-
transportes das primeiras cargas enviadas e dos peixes que 
ficaram	nos	tanques	da	piscicultura	após	o	manejo.	
Infecções	 pelo	 protozoário	Epistylis	 e	 pelo	 fungo	
Saprolegnia (Fotos 4 e 5) são comuns na saída do inverno 
e durante o início da primavera e podem resultar em severa 
mortalidade,	difícil	de	ser	 impedida	ou	controlada	com	o	
uso de medicamentos.
M
anejo de Peixes
Foto 3 – Estocagem de juvenis de bagre do canal em tanque de 
engorda após tratamento com permanganato de potássio dentro da 
própria caixa de transporte
lagens ocorre sob baixas temperaturas (ou seja, nos meses de 
inverno) e com a presença de luz (em embalagens transparentes). 
Este	precipitado	deve	ser	separado	da	formalina	para	que	esta	
seja	utilizada.	No	momento	da	compra	da	formalina,	verifique	
a presença deste precipitado na embalagem e recuse o produto 
se este estiver presente. Armazene o produto em embalagens 
escuras	e	em	local	protegido	de	luz	e	abrigado	do	frio	durante	
o inverno.
Após o transporte os peixes ainda podem ser submetidos 
a	 um	banho	 profilático	 com	permanganato	 de	 potássio	 (4	 a	
6g/1.000 litros por 30 minutos) antes da estocagem nos tanques 
de cultivo (Foto 3). 
�� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
tilápias	e	carpas	cabeça-grande),	uma	hora	após	finalizado	
o carregamento a água das caixas de transporte deve ser 
trocada	para	eliminar	o	máximo	possível	as	fezes	que,	em	
função	do	estresse	do	carregamento,	são	eliminadas	em	
sua maioria nesta primeira hora. 
Outra boa prática é o uso do deslocamento de 
água para estimativa das cargas de peixes no transporte, 
eliminando a pesagem dos peixes durante o carregamen-
to e o descarregamento. Estas pesagens são totalmente 
desnecessárias quando há conhecimento técnico por 
parte	 do	 produtor	 e	 do	 transportador	 e	 confiança	 entre	
o transportador e o proprietário do pesqueiro. Cada 100 
litros de água deslocada equivale a cerca de 96 a 98kg 
de	peixes.	Isso	pode	ser	facilmente	conferido	pelos	pro-
dutores e transportadores, pesando uma carga de peixes e 
verificando	o	deslocamento	de	água	em	escalas	colocadas	
nas paredes internas das caixas (ou ainda escalas nas paredes 
externas, ao lado de uma mangueira transparente de nível 
que se comunique com a água no interior das caixas (Foto 
6). A eliminação das pesagens reduz tremendamente os 
danos	 físicos	 aos	 peixes	 e	 o	 tempo	de	 carregamento	 e	
descarregamento.
Foto 6 – Régua de alumínio e 
mangueira plástica transparente 
fixadas na parede externa de caixa 
de transporte para estimativa da 
carga de peixes por deslocamento 
de volume
Foto 5 – Bagre do canal com 
infecção pelo protozoário Epistylis 
e pelo fungo Saprolegnia na 
nadadeira dorsal. No detalhe, 
a imagem de uma colônia de 
Epistylis em aumento de 100x no 
microscópio.
Cautela no transporte de peixes vivos 
Os transportadores de peixes e os proprietários dos pes-
que-pagues também devem compreender a delicadeza deste 
momento e agir com cautela, principalmente na compra de 
tilápias e peixes redondos no início da primavera. Devem dar 
preferência	aos	fornecedores	que	alimentam	seus	peixes	com	
ração de boa qualidade, que acompanham e corrigem a qualidade 
de suas águas e àqueles que estão mais próximos dos pesqueiros, 
evitando transportes muito longos e demorados que debilitam 
ainda mais a condição dos peixes. 
O uso do sal no transporte em doses de 6 a 8kg/1.000 
litros de água, além de amenizar o estresse osmoregulatório, 
reduz	 a	 severidade	 de	 ocorrência	 de	 infecções	 fúngicas	 nos	
peixes após a operação. Quanto mais longo o transporte, mais 
severo	serão	os	desequilíbrios	osmoregulatórios,	fazendo	com	
que	os	peixes	se	hidratem	demasiadamente	e	percam	significa-
tivas quantidades de sais do sangue para a água. 
Dependendo da espécie, os desequilíbrios osmoregulató-
rios podem se manter por períodos de 7 a 14 dias após o manu-
seio,	sendo	este	um	importante	fator	de	agravo	da	mortalidade	
dos peixes após o transporte.
O sal deve ser colocado antes do início do carregamento 
dos peixes. Uma caixa de 1.000 litros deve estar com o nível de 
água	entre	600	e	700	litros	se	for	receber	uma	carga	de	peixes	
de 300kg. Praticamente, haverá um deslocamento de 1litro de 
água para cada quilo de peixe colocado na caixa. Assim, algo 
entre 4 e 5 kg de sal deve ser colocado na caixa com 600 a 700 
litros de água.
	O	 jejum	antes	 do	 transporte	 é	 fundamental	 para	 au-
mentar a tolerância ao manuseio e a sobrevivência dos peixes 
após o transporte. Muitas bactérias patogênicas se encontram 
alojadas no intestino dos peixes e são eliminadas junto com 
as	fezes,	o	que	favorece	a	ocorrência	de	infecções	bacterianas	
após	o	transporte.	Quando	não	for	possível	realizar	um	jejum	
eficaz	antes	do	transporte	(no	caso	de	peixes	filtradores	como	as	
"O jejum antes 
do transporte é 
fundamental para 
aumentar a tolerância 
ao manuseio e a 
sobrevivência 
dos peixes"
M
anejo de Peixes
M
anejo de Peixes
�� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Mesmo tomando todos estes cuidados, os produtores 
devem estar cientes de que não há uma receita salvadora quando 
os peixes estão muito debilitados por problemas de qualidade 
de água e quando o manuseio empregado é grosseiro. O melhor 
procedimento é adotar boas práticas de manejo durante a produ-
ção	e,	nesta	próxima	safra	e	nas	futuras,	evitar	repetir	os	erros	
cometidos no passado. 
Pois bem, mais uma primavera está chegando e com ela o 
início	de	uma	nova	safra.	Este	é	o	momento	em	que	os	produtores	
se enchem de esperanças de alcançar resultados melhores do que 
os	obtidos	em	anos	anteriores.	Além	das	promessas	feitas	por	
qualquer cidadão comum no início de cada ano, como quitar 
todas	as	dívidas,	parar	de	fumar,	trocar	de	carro	e	de	sogra,	ma-
nerar na comida e perder alguns quilinhos (ou arrobinhas), dar 
mais	atenção	aos	filhos,	matricular-se	em	um	curso	de	inglês,	
aprender a usar o computador, blá, blá, blá e blá, blá, blá, os 
produtores também prometem a si mesmo que não cometerão os 
mesmos	erros	de	safras	passadas	que,	além	dos	prejuízos	finan-
ceiros,	frustraram	as	expectativas	suas	e	de	todos	os	funcionários	
envolvidos no processo produtivo. Assim, esta na hora de cada 
um dar mais de si, além do total empenho e desprendimento, 
para alcançar os tão esperados resultados. 
Não é possíveldeixar o destino dos empreendimentos 
nas mãos do acaso. A aqüicultura hoje exige muito mais pro-
fissionalismo	do	que	exigiu	no	passado.	Não	há	mais	espaço	
para erros primários na produção. Os produtores, os transpor-
tadores	e	todos	os	demais	profissionais	envolvidos	no	setor	
devem buscar mais capacitação, visto que dependem disso 
para melhorar a qualidade do seu trabalho e os lucros dos seus 
negócios.	Hoje	há	uma	grande	quantidade	de	informações	so-
bre aqüicultura disponível na internet, revistas especializadas, 
revistas	científicas	e	em	livros	técnicos.	Há	ainda	um	grande	
número de seminários, congressos, dias de campo e cursos de 
capacitação sendo realizados todos os anos em diversas regiões 
do país, particularmente em localidades com vocação para a 
aqüicultura. Portanto, não dá mais para apontar culpados ou 
inventar	justificativas	para	acobertar	o	próprio	despreparo	e	
amadorismo em relação à atividade.
"A aqüicultura hoje 
exige muito mais 
profissionalismo do que 
exigiu no passado. 
Não há mais espaço 
para erros primários 
na produção"
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anejo de Peixes
�� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Aparas da filetagem da tilápia se 
transformam em polpa condimentada
Um produto de qualidade testado e 
aprovado na merenda escolar
Por:
Rose Meire Vidotti –Instituto de Pesca de São José 
do Rio Preto - rosevi@pesca.sp.gov.br
Mirela Simões Maroneza Borini - Zootecnista 
msmaroneze@yahoo.com.br
O s resíduos resultantes da filetagem da tilápia representam, em média, 70% do peso total do 
peixe inteiro. A cabeça, carcaça e vísceras constituem 
54% dos resíduos, a pele 10%, escamas 1% e, as 
aparas dorsal e ventral e do corte em “v” do filé, 5%. 
Atualmente esses resíduos, com exceção das escamas, 
estão sendo destinados à produção de farinha e óleo de 
tilápia, utilizados na fabricação de rações para peixes, 
suínos e aves. As aparas, porém, são partes do próprio 
filé que são obtidas em decorrência do toalete para a 
padronização do seu formato (Figura 1). Assim, uma 
planta de filetagem que processa 6 toneladas/dia, 
obtém 300 kg/dia de aparas, uma matéria-prima de 
alta qualidade capaz de gerar um excelente produto 
para consumo humano. Cardápios elaborados com a 
“polpa condimentada de tilápia”, obtida com as aparas 
moídas e homogeneizadas em equipamento simples 
e de baixo custo, já fazem parte da merenda escolar 
na região de São José do Rio Preto – SP, e são tema 
deste artigo.
A
A
B
A
B
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Aparas da filetagem da tilápia se 
transformam em polpa condimentada
A qualidade das aparas
As aparas dorsal, ventral e do corte em “v” representam em média 5% do peso 
dos peixes abatidos. Desse total de aparas, cerca de 15% são provenientes 
do	corte	em	“v”	para	a	retirada	de	espinhos	remanescentes	no	filé,	e	85%	
são provenientes do corte dorsal e ventral para a sua padronização. Para 
o desenvolvimento de produtos para consumo aproveitando essas aparas, 
foram	realizadas	análises	visando	conhecer	as	características	quantitativa	e	
qualitativa desse material, cujos valores estão apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 - Composição centesimal das aparas dorsais e ventrais e do corte em 
“v” obtidas na toalete do filé de tilápia e da fração lipídica
O teor protéico das aparas do corte em “v” é maior que o das 
aparas dorsais e ventrais (17,6% e 12,6% de PB, respectivamente), e 
ambos os teores estão de acordo com o que é estabelecido para produ-
tos	comestíveis	de	origem	animal.	A	fração	lipídica	aparece	em	maior	
quantidade nas aparas dorsais e ventrais, quando comparada com a do 
corte em “v”. Sendo que no corte em “v” os ácidos graxos que aparecem 
com predominância são os monoinsaturados, seguido pelos saturados e 
poliinsaturados, na proporção de: 0,87:1:0,22, respectivamente. Assim 
como no corte em “v”, nas aparas dorsal e ventral predominam os ácidos 
graxos monoinsaturados seguido pelos saturados e poliinsaturados, na 
proporção de: 0,74:1:0,29, respectivamente. Dentre os ácidos graxos 
saturados predomina o palmítico e dentre os monoinsaturados o oléico, 
que são adequados para a saúde humana. 
As aparas resultantes dos cortes em “v” apresentam baixo teor 
de colesterol, onde 100g de produto apresenta 16% da recomendação 
diária	(300mg/dia).	Já	as	aparas	dos	cortes	dorsal	e	ventral	do	filé	apre-
sentam um teor maior de colesterol, quando comparado com o corte 
em “v”, onde em cada 100g é possível obter 33% da recomendação 
diária de colesterol.
As aparas do corte em “v” apresentam maior teor de minerais 
devido aos espinhos que apresentam, no entanto encontram-se adequados 
e	conferem	qualidade	ao	produto.
Produção da polpa condimentada de tilápia
Para a padronização do produto adotou-se uma proporção conhe-
cida de aparas para a obtenção de uma polpa com qualidade nutricional 
e boas características sensoriais como sabor, 
textura e maciez. Após a pesagem das aparas 
dorsal, ventral e do corte em “v” estas são ho-
mogeneizadas e moídas para posterior preparo 
da polpa. (Figura 2 A, B e C)
Processam
ento
Figura 2 – Moedor e homogeneizador de carne 
utilizado para moer as aparas do filé 
a) equipamento
b) aparas sendo homogeneizadas
c) moagem das aparas
�0 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Foram elaborados e avaliados vários extensores 
(extender)	aplicados	na	polpa	de	peixe	com	a	finalidade	
de	conferir	a	textura	desejada	à	massa	formada,	promo-
vendo ainda o aumento da capacidade de retenção de 
água.	O	melhor	extensor	encontrado	foi	o	que	contém	
em	sua	formulação	a	farinha	de	trigo	fortificada	com	
ferro	 e	 ácido	 fólico,	 proteína	 de	 soja,	 sal	 refinado,	
condimentos, maltodextrina, especiarias, aromatizante, 
realçador de sabor glutamato monossódico, antioxidan-
te eritorbato de sódio e antiumectante, ou seja, amidos, 
proteínas,	 condimentos	 e	 conservantes.	Assim,	 foi	
obtida	uma	polpa	condimentada	com	alta	flexibilidade	
de obtenção de produtos, tanto no preparo de pratos 
domésticos, como no cardápio institucional, assim 
como na industrialização dos produtos semiprontos. 
Depois de pronta, a polpa condimentada é armazena-
da	congelada,	embalada	em	placas	de	1	kg,	conforme	
apresentado	na	figura	3.
Figura 3 – Embalagem de polpa condimentada congelada
Figura 4: Produtos empanados semi-prontos 
elaborado com a polpa condimentada: a) kafta; 
b) nugets; c) steak
C
A B
A introdução da polpa na merenda escolar
O	trabalho	com	a	Prefeitura	do	Município	de	Buritama	
foi	iniciado	em	março	de	2006,	quando	a	polpa	condimentada	
foi	apresentada	à	nutricionista	Francis	Marta	Dorti	Rosante	
bem	 como	 as	 especificações	 nutricionais,	 que	 podem	 ser	
vistas na tabela 2.
* % Valores Diários com base em uma dieta de 2.000 kcal ou 8.440 kJ.
Tabela 2 – Informações nutricionais da polpa condimentada
O	passo	seguinte	foi	o	preparo	das	receitas	na	cozinha	
piloto	da	prefeitura,	para	treinamento	e	avaliação	das	merendei-
ras	e	dos	alunos,	considerando	diferentes	faixas	etárias:	4	a	6,	7	
a	11	e	12	a	17	anos.	A	avaliação	da	aceitação	foi	medida	pelas	
sobras nos recipientes onde estavam sendo servidas, tendo sido 
mais	aceita	na	menor	faixa	etária	(4	a	6).	
Os testes iniciais, realizados em maio de 2006, evidencia-
ram que era baixa a aceitação pelas crianças de um alimento a 
base	de	pescado,	o	que	levou	a	prefeitura	a	solicitar	um	trabalho	
de orientação e esclarecimentos sobre a importância do peixe 
na alimentação. Foi preparada então uma apresentação didática 
para ser apresentada às escolas do município mostrando como 
as tilápias são produzidas e quais as partes do peixe que são 
aproveitadas para a obtenção da polpa condimentada, além de 
outras	informações	relevantes	relacionadas	com	a	importância	
do	consumo	de	peixes	desde	a	fase	escolar	até	a	velhice.	Após	
Pr
oc
es
sa
m
en
to
Em	uma	unidade	experimental	de	empanados	foram	
preparados alguns produtos empanados semiprontos. Esses 
produtos (Figura 4), porém, necessitam, na maioria das 
vezes,	de	serem	fritos,	o	que	inviabilizaa	sua	utilização	na	
merenda escolar, uma vez que há restrições na utilização 
desse tipo de preparo. 
Assim, com o objetivo de atender a merenda escolar 
na	 Região	 de	 São	 José	 do	 Rio	 Preto,	 foram	 elaborados	
vários cardápios utilizando a polpa, tendo sido escolhido 
e apresentado às merendeiras o molho para macarronada, 
almôndegas em molho cozidas com batata e hambúrgueres 
para serem assados. 
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Processam
ento
Figura 5: Pratos adequados à merenda escolar elaborados 
com a polpa condimentada. a) Molho para macarronada 
b) Almôndegas em molho c) Hambúrguer para assar
A B
C
a	apresentação	nas	escolas	procedeu-se	novamente	o	forneci-
mento da polpa na merenda e, além da aceitação ser mensurada 
pela sobra, avaliou-se também o grau de aceitação através de 
uma	ficha	simplificada	de	análise	sensorial,	conforme	modelo	
exemplificado	na	figura	6.
Figura 6 - Ficha (escala hedônica) para teste de aceitabilidade
O	resultado,	após	cinco	meses	de	 trabalho,	 foi	 a	 feliz	
constatação da boa aceitação da polpa na merenda escolar e 
a importância do trabalho de educação alimentar para alunos, 
cozinheiras	e	professores.
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), im-
plantado em 1955 pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da 
Educação	(FNDE),	garante	por	meio	da	transferência	de	recursos	
financeiros,	a	alimentação	escolar	dos	alunos	da	educação	infantil	
(creches	e	pré-escola)	e	do	ensino	fundamental	matriculados	em	
escolas	públicas	e	filantrópicas.	Este	mesmo	Programa	regulamenta	
que para a introdução de um novo produto na merenda escolar, é 
necessário que haja aceitabilidade do alimento superior a 85%, 
garantindo o direito da alimentação diária pelo aluno.
Neste	sentido,	verificamos	que	apesar	do	pouco	tempo	
de	 trabalho,	 da	 dificuldade	 encontrada	 anteriormente	 pelas	
Prefeituras	na	introdução	do	peixe	na	merenda	escolar	e	a	falta	
de	 hábito	 da	 nossa	 população	 no	 que	 se	 refere	 ao	 consumo	
de peixe, a polpa conquistou bons resultados de aceitação. 
Segundo testes realizados em quatro pequenos municípios da 
região (Buritama, Zacarias, Lourdes, Brejo Alegre e Coroados) 
observou-se aceitabilidade média de 90% nas creches, 87,5% 
nas escolas de 1ª a 4ª série, 77% nas escolas de 5ª a 8ª série e 
de 82% no ensino médio (1º, 2º e 3º colegial). Para melhorar 
esses índices, o empenho do município e das nutricionistas 
se	torna	ferramenta	indispensável	para	o	sucesso	absoluto	
da	introdução	desta	nova	e	rica	fonte	de	proteína	animal	na	
merenda escolar de nossos alunos. 
Competitividade da polpa
A importância deste projeto não se deve apenas às 
vantagens	que	traz	para	os	frigoríficos	através	do	melhor	apro-
veitamento da matéria prima, mas também ao incremento da 
qualidade nutricional da merenda escolar associado ao baixo 
custo e alto rendimento da polpa condimentada de tilápia. 
A polpa será comercializada a R$ 4,90/kg, um custo igual 
ou	 inferior	 à	 carne	vermelha	 (bovina),	 possuindo	ainda	valor	
nutricional e rendimentos superiores as demais carnes utilizadas 
pelas Cozinhas Piloto. Em Buritama - SP, para o preparo de 40 kg 
de macarrão utilizou-se 25 kg de polpa condimentada, ao contrário 
dos usuais 60 kg de carne moída bovina, e ainda, para o preparo 
da	mesma	quantidade	de	uma	mesma	refeição,	utilizou-se	50	kg	
de polpa de tilápia substituindo os 80 kg de carne moída, ambas 
preparadas com batatas.
A metodologia até então utilizada para a introdução da polpa 
de	tilápia	em	pequenos	municípios	deverá	sofrer,	porém,	alterações	
quando	o	trabalho	for	realizado	junto	a	Prefeituras	com	população	
superior a 100 mil habitantes. Nestes casos, a avaliação deverá ser 
feita	por	amostragem	e	a	apresentação	repassada	nas	escolas	através	
de agentes multiplicadores, prática bastante comum em qualquer 
trabalho de educação alimentar realizado em municípios maiores.
Ao	longo	da	realização	do	presente	trabalho,	foi	possível	
perceber que as nossas crianças estão cada vez mais exigentes 
e seletivas, porém, também estão mais bem instruídas e cons-
cientes dos cuidados necessários para uma vida saudável. A 
partir	desta	experiência	é	possível	afirmar	que	se	educarmos	as	
crianças a comerem peixe regularmente nas escolas isso passará 
a ser um hábito cultural na mesa do brasileiro. 
Despolpadeira
Outra consideração relevante é o aproveitamento integral do 
pescado com investimentos planejados, uma vez que para a produ-
ção	da	polpa	condimentada	feita	com	as	aparas	é	necessário	apenas	
como investimento inicial um moedor/homogeneizador de carne. 
Com a ajuda de uma despolpadeira, a carne aderida à 
carcaça pode ser aproveitada como CMS – Carne Mecanica-
mente Separada. A recuperação dessa carne representa 17,4% 
em relação ao peso médio de abate dos peixes. Isso, somado aos 
5%	referentes	às	aparas	obtidas	após	a	toalete	do	filé,	perfazem	
um total possível de 22,4% em relação ao peso médio de abate, 
de	um	produto	extremamente	versátil	nas	formas	de	preparo	e	
mercados como: varejista, bares e restaurantes, institucionais 
(merendas, restaurantes universitários, presídios, etc.).
Agradecimentos: Este trabalho está sendo desenvolvido em parceria com as empresas: Tilápia do Brasil, 
Moinhos Romariz, C.A.F. e Luiz Henrique Barrochelo, Gerente Industrial da Tilápia do Brasil.
�� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
E m Santa Catarina, o cultivo de mexilhões (Perna perna, Linnaeus,1758) aumentou de 150 toneladas/ano em 
1991 para 12.000 toneladas/ano em 2000, tornando-se uma 
importante	atividade,	com	forte	impacto	sócio-econômico	em	
comunidades de pescadores artesanais. No início dos cultivos, 
os produtores recorreriam exclusivamente à raspagem dos 
costões rochosos para a obtenção de sementes (mexilhões 
juvenis). Segundo dados da EPAGRI, em 2002, passados dez 
anos de crescimento, a produção experimentou a primeira 
queda, tendo sido contabilizadas 10.000 toneladas naquele 
ano. Isto se deu devido ao aumento de controle por parte das 
autoridades	ambientais	e	da	limitada	oferta	de	sementes,	em	
função	do	grande	aumento	do	número	de	mitilicultores,	bem	
como da produção nos anos anteriores. 
A	falta	de	fontes	alternativas	de	sementes	restringiram	
o crescimento da atividade além das 10.000 ton/ano, já que a 
recuperação de estoques naturais de mexilhões em costões é um 
processo lento, que envolve a interação de diversos organismos, 
podendo demorar de 8 a 10 anos. As alternativas tecnológicas 
seriam a produção de sementes em laboratório ou o uso de co-
letores de sementes. Optou-se pela instalação dos coletores em 
diversas comunidades catarinenses e, como resultado, em 2005 
já	foi	possível	reconquistar	o	volume	de	12.000	toneladas.
Por:
Jaime Fernando Ferreira (LMM-UFSC) – jff@cca.ufsc.br
Francisco Manoel de Oliveira Neto (CEDAP-EPAGRI)
Adriano Cassiatore Marenzzi (UNIVALI)
Cláudio Turek (UNIVILLE)
Rafael Tiago da Silva (LMM-UFSC, PG AQI-UFSC)
A larvicultura em laboratório para a produção de sementes 
de mexilhão, é utilizada em alguns países como alternativa para 
garantir a produção em locais com captação irregular, para a repro-
dução de espécies exóticas ou, quando se pretende realizar seleção 
genética. No entanto, é uma produção dispendiosa, ainda mais se 
considerarmos espécies nativas que apresentam amplos estoques 
naturais, como é o caso do mexilhão Perna perna, no Brasil. Sendo 
assim, o uso de coletores é a alternativa mais sustentável do ponto 
de vista ambiental e econômico. Além disso, o uso de coletores 
elimina os riscos e perigos de acidentes associados à coleta nos 
costões,	que	são	áreas	expostas	ao	forte	batimento	de	ondas.	
A	utilização	de	coletores,	no	entanto,	é	uma	prática	difícil	
de aplicar no início de cultivos artesanais, principalmente em co-
munidades pesqueiras, tipicamente extrativistas. O Perna perna é 
uma espécie que começou a ser cultivada recentemente carecendo, 
portanto,	de	informações	básicas	sobre	diversosaspectos	biológi-
cos relacionandos à ocorrência de desovas, dispersão, transporte 
de larvas e assentamento de pós-larvas no ambiente marinho. 
Faltam	também	informações	sobre	as	desovas	em	diferentes	áreas	
de cultivo, sobre os melhores materiais a serem empregados para 
a captação de sementes, sobre as melhores épocas e locais para 
instalação dos coletores e sobre a quantidade de sementes que 
podem ser obtidas por metro linear de coletor. 
Coletores de sementes 
de mexilhão
A opção do mitilicultor catarinense para
retomar o crescimento da produção
�� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
M
it
ili
cu
lt
ur
a
Outro problema de aplicação dessa tec-
nologia pode ser a demora na obtenção das 
sementes, já que os coletores devem ser coloca-
dos cerca de um mês antes da desova, devendo 
permanecer na água até que as sementes atinjam 
pelo menos 2 cm (Foto 1), o que pode levar de 
4 a 6 meses. Além disso, a irregularidade na 
captação, provocada por variações nas condições 
climáticas,	pode	causar	dificuldades	quanto	às	
quantidades de sementes obtidas. No caso do 
Perna perna, que tem desovas ao longo de todo 
o ano dependente das variações de temperatura, 
a irregularidade de produção é ainda maior já 
que, não ocorre concentração de sementes em 
um	único	período.	Isso	faz	com	que	seja	neces-
sário um acompanhamento constante, ano a ano, 
por parte do produtor, para determinar a época 
correta de colocação dos coletores. 
Tipos de coletores
 Os coletores de sementes de mexilhão 
devem	sempre	apresentar	uma	região	filamentosa	
(onde	se	fixam	as	 larvas	para	metamorfose),	com	
uma	base	mais	sólida	(onde	ocorre	a	fixação	defini-
tiva). Em diversos países, para baratear os custos, os 
coletores são montados com materiais reutilizáveis, 
principalmente materiais sintéticos como polipropi-
leno e polietileno, que podem ser reutilizados por 
vários anos. Usa-se também cordas ou trançados 
de	fibras	vegetais	(não	reutilizáveis)	bem	como	são	
aproveitadas redes de pesca descartadas da pesca 
artesanal e da pesca industrial. 
Foto 1- (A) Aspecto de pré-
sementes de 600 a 1000 µm e 
(B) sementes de 2 a 3 cm do 
mexilhão Perna perna
Em Santa Catarina, por orientação dos órgãos de pesquisa e exten-
são e por iniciativas próprias dos produtores, têm sido utilizados coletores 
(Foto	2)	de	polietileno	filamentosos	tipo	“árvore	de	natal”;	de	polietileno	
desfiado;	trança	de	redes	de	pesca	multifilamento	e	cabos	de	polietileno	
envoltos	em	redes	de	pesca	monofilamento.	
Locais de colocação
 De maneira geral, os locais de boa captação são determinados em-
piricamente	(por	tentativa	e	erro)	ou,	com	base	em	informações	locais	sobre	
a	existência	de	fixação	de	sementes	em	bóias	e	outras	estruturas	próximas	
às áreas de cultivo. Raramente são encontrados coletores distantes de áreas 
de cultivo (engorda), mesmo porque, a proximidade de indivíduos adultos 
facilita	a	fixação.	
Foto 2- Aspecto geral dos coletores em teste:
a- industrial tipo árvore de Natal (Itacordas); 
b- artesanal de cabo de polietileno recoberto com rede monofilamento; 
c- artesanal de rede de pesca multifilamento trançada; 
d- industrial de cabo de polietileno desfiado (BlueWater); 
e- industrial tipo árvore de Natal (Mazzaferro).
Foto 3- (A) Sistema de 
colocação de coletores 
em espinhel duplo com 
flutuadores de PVC 
BA
Foto 3- (B) Sistema 
de co l e to r l ongo , 
confeccionado com um 
coletor sustentado por 
flutuadores individuais 
de plástico
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
M
itilicultura
Da	mesma	forma,	é	rara	a	colocação	de	coletores	pró-
ximo aos estoques naturais, devido à exposição ao batimento 
de	ondas,	que	dificulta	a	sua	instalação	e	manutenção.
A	captação	ocorre	em	diferentes	profundidades,	de-
pendendo	das	características	geográficas,	hidrodinâmicas	
e da biologia da espécie a ser cultivada. No caso de Santa 
Catarina, diversos experimentos têm mostrado, para Perna 
perna,		preferência	de	captação	nos	primeiros	50	cm	a	partir	
da	superfície	do	mar.	Em	Santa	Catarina	a	colocação	dos	co-
letores	tem	sido	feita	em	paralelo	à	superfície,	em	sistemas	
de espinhéis duplos ou de PVC, ou em sistemas de linhas 
únicas	formadas	pelos	próprios	coletores	e	sustentadas	com	
flutuadores	individuais	(Foto	3).
Esses mesmos coletores podem ser utilizados de 
várias	 outras	 formas,	 tais	 como	 enrolados	 em	 estruturas	
de quadros ou pendurados em espinhéis duplos de cultivo 
(como na Nova Zelândia), pendurados em balsas ou espi-
nhéis simples de cultivo (como no Chile, Espanha e Cana-
dá), ou colocados em áreas mais rasas, próximas a áreas de 
cultivo em sistemas de mesas ou estacas (como na França). 
A partir dessas idéias básicas, os produtores desenvolvem 
outras, adaptadas às condições locais de cultivo. 
Avaliação dos coletores
O coletor do tipo árvore de Natal com grande área 
filamentosa,	 tem	 se	mostrado	 compacto	 e	 leve,	 propor-
cionando um aumento substancial da área disponível para 
assentamento por metro linear de coletor. Esse modelo tem 
mostrado excelentes resultados em outras partes do mun-
do.	Em	Santa	Catarina,	esse	tipo	de	coletor	(fabricado	por	
empresas	brasileiras)	 tem	se	mostrado	muito	eficiente	na	
captação	de	larvas	durante	a	fase	de	metamorfose,	manten-
do indivíduos até aproximadamente 1cm de comprimento. 
Nesses coletores tem sido possível a captação de mais de 
2.000 indivíduos por metro linear. Devido a problemas de 
confecção,	no	entanto,	ainda	não	se	atingiu	boa	manutenção	
de	mexilhões	até	a	 fase	de	2	a	3	cm,	e	apresentam	baixa	
durabilidade (deteriorando-se com 6 meses no mar) e pouco 
reaproveitamento, se comparados como os do mesmo tipo, 
confeccionados	no	exterior.
Os	coletores	de	cabo	de	polietileno	desfiados,	apre-
sentam captação baixa, mas podem manter os animais até 
a	fase	de	semente,	com	boa	durabilidade,	boa	taxa	de	rea-
proveitamento	e	facilidade	de	retirada	das	sementes.
Os coletores de cabo de polietileno envoltos por redes 
de	pesca	monofilamento	apresentam-se	com	boa	captação	e	
manutenção	de	sementes,	sendo	de	fácil	retirada	das	mes-
mas	mas,	tendo	necessidade	de	serem	parcialmente	refeitos	
quando	forem	reutilizados.
Os	 coletores	de	 tranças	de	 rede	multifilamento	 apre-
sentam boa captação, com excelente taxa de manutenção de 
animais	até	a	fase	de	semente	(2	a	3	cm)	e	ótima	taxa	de	re-
aproveitamento.	No	entanto,	apresentam	mais	dificuldade	de	
retirada	de	sementes	pequenas	quando	a	captação	for	baixa.
Foto 4 – Aspecto de coletor 
de rede trançada com alta 
fixação (acima) e, com 
baixa fixação (à direita)
Foto 5 - Aspecto de coletor de 
rede multifilamento trançada 
em início de colocação 
(abaixo), e ao final de seis 
meses no mar (à direita)
 Assim, são bons para retirada de sementes pequenas 
quando	ocorre	grande	fixação	(de	500	a	1.000	indivíduos	
por	metro)	(Foto	4	A)	mas,	em	fixações	menores	(Foto	4	B),	
têm que ser mantidos na água até que os mexilhões atinjam 
cerca de 5 a 6 cm, para o desdobre. Podem ser utilizados em 
baixas	fixações	(menos	de	500	indivíduos	por	metro	linear)	
como	cordas	definitivas,	deixando-se	os	animais	crescerem	
diretamente	no	coletor	até	a	fase	de	colheita	(Foto	5).
�� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Características do Ciclo Sexual
O mexilhão Perna perna é considerado uma es-
pécie estritamente dióica (órgãos reprodutores mascu-
linos	e	femininos	em	indivíduos	distintos,	unissexuais),	
que inicia a maturação já com 2 cm, com a primeira 
desova em torno de 5 cm. 
Não	há	descrição	de	dimorfismo	sexual	exter-
no,	 de	 forma	 que	machos	 e	 fêmeas	 não	 podem	 ser,	
até o presente, distintos por características externas. 
No entanto, após a abertura das conchas, a separação 
entre	machos	 e	 fêmeas	 é	 possível	 graças	 à	 diferen-
ça de coloração dos tecidos gônádicos dos animais 
sexualmente maduros. Nos machos esses tecidos 
apresentam	 coloração	 branco-leitosa	 e,	 nas	 fêmeas	
vermelho-alaranjado. 
Através da observação macroscópicae estudos 
microscópicos do tecido reprodutivo de animais madu-
ros sexualmente, caracterizam-se os estádios do ciclo 
sexual (*) (Foto 6), resumidos a seguir:
Estádio IIIA - Manto bastante espesso, com os 
folículos totalmente repletos de gametas. Nessa 
fase os animais reagem facilmente a alterações 
de fatores abióticos do ambiente (como tem-
peratura e salinidade), com a eliminação de 
gametas. De forma prática, o tecido gonádico 
fica com aspecto muito homogêneo, não sendo 
possível visualizar os canais gonádicos; ao se 
seccionar o animal ou o próprio tecido, ocorre 
a liberação imediata de grande quantidade de 
fluido gonádico. É possível, em alguns casos, 
a visualização de aspecto floculado, principal-
mente nas fêmeas, que representam os folículos 
em máximo desenvolvimento. Esse é o animal 
conhecido na prática como “gordo”.
Estádio IIIB - Fase em que os folículos encon-
tram-se parcial ou totalmente vazios. Manto 
pouco espesso e, de acordo com o grau de es-
vaziamento, pode tornar-se até completamente 
transparente. É o animal “magro”.
Estádio IIIC - Fase de gametogênese, havendo a 
restauração dos folículos. Os animais apresentam 
as cores típicas para cada sexo, porém mais ate-
nuadas do que em IIIA. De forma prática, a defi-
nição dessa etapa é caracterizada pela presença 
de tubulações gonádicais (canais) evidentes e a 
não eliminação de fluido após secção do tecido. 
Além disso, pode ocorrer a presença de grumos 
esbranquiçados, mais evidentes nas fêmeas, re-
presentando fase de acúmulo de glicogênio.
Acompanhamento do ciclo
	 Para	uma	boa	eficiência	de	captação	de	sementes	com	
coletores	em	ambiente	natural	é	fundamental	o	acompanha-
mento do ciclo sexual. O ciclo reprodutivo de moluscos pode 
ser	 identificado,	principalmente,	 através	de	observações	de	
desovas no ambiente natural ou em laboratório, acompanha-
mento do desenvolvimento do tecido gonádico (macro e mi-
croscópico),	fixação	de	larvas	no	ambiente	natural	e	presença	
de larvas na coluna d’água. Esse ciclo envolve processos de 
crescimento	(folicular	e	gamético),	maturação	dos	gametas,	
desova e recuperação (gametogênese). O ciclo varia muito de-
pendendo da espécie e, para uma mesma espécie, dependendo 
das variações climáticas, em particular da temperatura .
Várias	são	as	formas	de	acompanhamento	do	ciclo.	
Algumas dependentes de análise de laboratório, rápidas ou 
demoradas,	enquanto	outras	podem	ser	feitas	na	prática,	
com simples observação ou com medições realizadas com 
instrumentos disponíveis a qualquer maricultor.
As	formas	de	laboratório	podem	envolver	análises	
demoradas de histologia (aspecto microscópico do tecido 
reprodutivo) ou mais simples, de determinação de “Índice 
de Condição” (relação do espaço que a carne ocupa dentro 
da concha). 
Para	as	formas	mais	simples,	basta	a	observação	ma-
croscópica como descrita no item anterior e a porcentagem de 
carne cozida em relação ao peso total (medida geralmente 
utilizada pela indústria de processamento).
Em diversos experimentos para Perna perna em 
Santa Catarina, determinamos que existe grande grau de 
coincidência	 entre	 essas	 diversas	 formas	 de	 avaliação,	
Foto 6 - Estádio IIIA do 
ciclo sexual em mexilhões 
Perna perna sexualmente 
maduros, apresentando 
animais completamente 
cheios (repleção do 
tecido reprodutivo). (A) 
fêmea e (B) macho
M
itilicultura
(*) Primeiramente descritos por João Edmundo Lunetta em 1969 - Bol. Zool. e Bio. Mar., v26, p. 33-111
�� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
ao	 longo	do	 ano	 (no	gráfico	 à	 direita).	
Assim, quando os animais apresentam 
tecidos reprodutivos com uma determi-
nada	característica	morfológica,	também	
seguem o aspecto macroscópico apre-
sentado no ítem anterior, um “Índice de 
Condição” compatível e, porcentagem 
de carne equivalente.
Peso total
Peso da carne cozida
x 100
2- Acompanhamento diário da temperatura do mar na área 
de cultivo com termômetro simples de 0 a 50oC. As medidas 
devem ser sempre tomadas em uma mesma hora (por exem-
plo, sempre às 10:00 horas da manhã). 
3- Acompanhar o aspecto macroscópico do tecido reproduti-
vo em cerca de 30 animais (de 7 a 8 cm) a cada semana ou, 
As considerações nesse artigo são resultantes de 
vários trabalhos que vêm sendo desenvolvidos em Santa 
Catarina por diferentes instituições, condensados atualmente 
em projeto financiado pelo CNPq/SEAP, onde se integram a 
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Empresa 
de Pesquisa e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), 
a Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) e a Universidade 
da Região de Joinville (UNIVILLE). Esse trabalho está em 
andamento ao longo das principais áreas de produção de 
mexilhões de Santa Catarina, junto a produtores dos municí-
pios de São Francisco do Sul, Penha, Bombinhas, Governador 
Celso Ramos, Florianópolis e Palhoça.
Exemplo de comportamento do ciclo sexual de mexilhões Perna perna, 
para uma mesma área, avaliado por diferentes metodologias
0
5
10
15
20
25
30
35
JU
L
A
G
O
A
G
O
S
E
T
S
E
T
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T
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JU
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MES
0
5
10
15
20
25
30
35
IC
%
% CARNE COZIDA I C
pelo menos, a cada quinze dias, registrando o grau de maturação 
(vazio, intermediário ou cheio).
Assim	que	 for	 percebida	mudança	 de	 animais	 vazios	
passando a intermediários e cheios, seguida de porcentagem 
de carne variando de 20 a 25 % e a temperatura começar a 
aumentar, é a época que precede a desova e, portanto, hora de 
colocação dos coletores no mar. 
Análise Final
Em Santa Catarina essas características acontecem, de 
forma	geral,	em	vários	períodos	do	ano	como	de	abril	para	maio;	
julho;	fim	de	setembro;	fim	de	novembro	e,	de	fim	de	dezembro	
a	início	de	fevereiro.	Potencialmente	todos	esses	períodos	seriam	
bons	para	colocar	coletores,	mas,	 em	 função	da	 temperatura	
(alta no verão), menor predação das sementes por peixes, maior 
período de captação seguida, o melhor período para colocação 
dos coletores tem sido do final de agosto ao início de novem-
bro,	de	forma	escalonada	(um	pouco	de	coletor	de	cada	vez	ao	
longo desse período). Isso tem permitido a obtenção de sementes 
prontas	para	engorda	(2	a	3	cm)	de	fevereiro	a	maio.
o gatilho para a desova do Perna perna. O acompanhamento 
da	temperatura	pode	ser	feita	com	um	termômetro	simples	
com variação de 0 a 50 oC.
Como	forma	de	acompanhar	de	forma	simplificada	o	
desenvolvimento do ciclo sexual ao nível de produtor, pode 
ser utilizado a metodologia descrita abaixo : 
1- Acompanhamento quinzenal ou semanal da variação de 
porcentagem	de	carne	cozida	em	relação	ao	peso	total	fresco	
com concha. 
a- Utilizar aproximadamente 30 mexilhões (cerca de 
1 kg) adultos (7 – 8 cm), coletados ao acaso na área 
de cultivo;
b- Limpar, cortar o bisso, secar a concha com papel 
e pesar o conjunto em balança (pode ser em balança 
de cozinha simples);
c-	cozinhar	em	água	(suficiente	para	cobrir	os	animais)	
por	cerca	de	5	minutos	após	a	fervura	(assegurar	que	
todos tenham aberto e estejam cozidos);
d- pesar o conjunto da carne cozida;
e- obter a porcentagem (%) de carne cozida em relação 
ao peso total com o cálculo:
M
it
ili
cu
lt
ur
a
Época de colocação de coletores
Para um acompanhamento prático da 
época	de	colocação	de	coletores	é	fundamental	o	
acompanhamento da temperatura do local de cul-
tivo	como	forma	de	avaliar	as	possíveis	épocas	
de	desovas.	De	forma	geral,	aumentos	ou	quedas	
bruscas (de 3 a 5 graus) de temperatura em curto 
espaço de tempo (em um dia ou poucos dias) são 
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
O manejo e seleção de reprodutores e 
matrizes nas instalações do DNOCS
Pirarucu:
Por:
Antonio Roberto Barreto Matos
aquafishtec@ig.com.br
Pedro Eymard Campos Mesquita
pedro_mesquita@uol.com.br
Maria do Socorro C. Mesquita
socorrocmesquita@yahoo.com
Tácito Araújo Bezerra
tacitobezerra@bol.com.br
Carlos Riedel PortoCarreiro
riedel_cpaq@yahoo.comA introdução do pirarucu no Nordeste brasileiro se deu pela primeira vez em 1939, pelo Departamento 
Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), que recebeu, 
na ocasião, 50 exemplares do peixe, procedentes do Museu 
Paraense Emílio Goeldi. A espécie foi introduzida, motivada 
pelo seu alto valor econômico e, principalmente, em virtu-
de do pirarucu ser um peixe carnívoro, que possibilitava o 
combate biológico às piranhas Serrasalmus piraya, e piram-
beba S. rhombeus, que nessa época proliferavam nos açudes 
nordestinos (Fontenele & Vasconcelos - 1982). Assim, no 
período de 1940 a 1943, sete grandes açudes infestados com 
Serrasalmus, receberam 5.590 alevinos de pirarucu. 
Recentemente, em 2004, a espécie foi reintroduzida na 
Região Nordeste através do Projeto Pirarucu, uma parceria 
do DNOCS com a SEAP - Secretaria Especial de Aqüicultura e 
Pesca da Presidência da República, com o intuito de fornecer 
subsídios técnicos, científicos e econômicos aos piscicultores 
que desejavam realizar o cultivo do pirarucu, em regime de 
engorda. Além do cultivo em cativeiro, as pesquisas se dedi-
caram também à identificação de machos e fêmeas, através 
do uso de marcadores moleculares. 
Plantel de reprodutores e matrizes
Fase 1:	Esta	é	a	fase	onde	começa	com	a	se-
leção	de	reprodutores,	preferentemente	feita	
com peixes nascidos e criados na própria es-
tação do DNOCS. São escolhidos exemplares 
saudáveis,	 sem	deformações	 corporais	 e	 de	
bom desenvolvimento somático, ou seja, os 
peixes escolhidos são os que mais crescem em 
relação a outros de mesma idade, criados em 
idênticas	condições.	É	também	fundamental	
a escolha de indivíduos condicionados ao 
consumo de rações comerciais para carnívoros 
(Silva, 1999). O condicionamento de alevinos 
está descrito em Ono et al, 2004. 
�0 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Pi
ra
ru
cu
 Os alevinos (Foto 1) são mantidos em viveiros ou 
tanques numa densidade de 3 a 5 peixes/m2. Ao atingirem peso 
médio de 1,0kg os indivíduos são selecionados por tamanho. 
Tal procedimento é necessário para evitar a segregação entre 
eles e até mesmo o ataque de indivíduos maiores aos menores. 
Nesse período os peixes são alimentados com rações comerciais 
para carnívoros, que possuem teor protéico entre 56 a 40% de 
proteína bruta (PB). A taxa de alimentação varia entre 5 a 3% 
do	peso	vivo	e	a	freqüência	alimentar	é	de	quatro	refeições/dia.	
Os peixes chegam a dobrar de peso num período de 20 dias. 
Segundo observações práticas tem-se notado que os pirarucus se 
alimentam melhor quando a transparência da água é superior a 
50cm e que a ração deve ser administrada lentamente por sobre 
o cardume, que normalmente a come com muita voracidade.
Foto 1 - Alevino de pirarucu com peso médio 
de 150g. O preço médio de um exemplar custa 
entre R$ 1,00 e R$ 1,50/cm
Fase 2: Ao atingirem 1,0kg, os peixes podem ser mantidos em 
viveiros, tanques ou tanques-rede até que atinjam peso médio entre 
Foto 2 - “Bolotas” de 
ração administrada aos 
peixes adultos
O pirarucu alcança a 
primeira maturação gonadal 
entre o quarto e o quinto 
anos de vida e com comprimento total acima de 1,20m, quando 
pesa	entre	50	e	60	kg.	Macho	e	fêmea	se	acasalam	e	cavam	o	
ninho	(buraco)	em	solo	preferentemente	argiloso	(barro),	tarefa	
executada principalmente pelo reprodutor. O local é de água 
rasa,	pois	dificilmente	a	profundidade	ultrapassa	1,50m.	O	ni-
nho	pode	ter	até	0,50m	de	diâmetro	e	profundidade	de	0,20m,	
aproximadamente. 
A espécie é de desova parcelada, isto é, se reproduz o 
ano todo. Contudo, entre os meses de dezembro a maio ocorre 
a maior incidência de desovas, nas condições climáticas do 
Nordeste brasileiro (Silva, 1999).
Sexagem molecular do Pirarucu
Na reprodução do pirarucu, quando não se dispõe de méto-
dos	científicos	apropriados,	a	identificação	de	casais	de	reprodutores	
se	torna	uma	tarefa	dificílima	já	que,	externamente,	não	há	o	que	
diferencie	o	macho	da	fêmea,	sendo	preciso,	portanto,	uma	identi-
ficação	a	partir	da	observação	de	suas	gônadas.	Em	razão	disso	se	
faz	necessária	a	utilização	da	tecnologia	de	DNA,	que	desenvolve	
marcadores moleculares determinantes de características sexuais. 
Essa	tecnologia,	derivada	da	genética	molecular,	além	da	identifica-
ção sexual dos peixes, permite solucionar outros problemas da aqüi-
cultura,	como	a	identificação	de	vírus	em	estoques	de	reprodutores,	
15 e 20kg. A medida que crescem, aumentam também o tamanho 
dos	peletts	das	rações	para	eles	administrados.	Nessa	fase,	os	pei-
xes recebem ração do tipo extrusada, com o mesmo teor protéico 
citado anteriormente, e a taxa de arraçoamento varia entre 3 e 2% 
do	peso	vivo	e	a	freqüência	alimentar	é	de	três	a	duas	refeições/dia.	
Vale salientar que a cada dois a três meses é necessária uma nova 
seleção entre os indivíduos. Outra estratégia que pode ser adotada é a 
aquisição	de	juvenis	que	estejam	com	essa	faixa	de	peso,	porém,	será	
preciso adquiri-los em piscicultura de procedência conhecida. Lem-
brando-se		que,	se	os	indivíduos	forem	condicionados	ao	consumo	
de	ração	comercial,	facilitará	consideravelmente	o	manejo	alimentar.	
O valor de um juvenil está entre R$ 500,00 e R$ 1.000,00.
Fase 3:		Nessa	fase,	os	peixes	são	então	mantidos	em	viveiros	es-
cavados no terreno natural, com área variando de 1.000 a 10.000m2 
e	profundidade	média	acima	de	1,10m.	A	alimentação	dos	peixes	é	
feita	com	peixes	forrageiros,	notadamente	a	tilápia.	É	feito	também	
o	arraçoamento	com	“bolotas”	de	ração	(Foto	2),	feitas	a	partir	de	
uma mistura de ração comercial do tipo extrusada e massa de peixe, 
que	depois	de	prensadas	são	colocadas	na	geladeira	para	serem	ofe-
recidas no dia seguinte. As “bolotas” pesam em torno de 80 gramas 
e possuem boa estabilidade na água. A taxa de arraçoamento é de 2 a 
1%	do	peso	vivo	e	a	freqüência	alimentar	é	de	duas	refeições/dia.
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Pirarucu
a	verificação	de	endogamias	(atuando	como	poderosa	ferramenta	
do	melhoramento	genético	de	diversas	espécies)	e,	a	identificação	
de	populações	(facilitando	o	manejo	de	estoques).	
O Laboratório de Genética Molecular – LabGeM, do Centro 
de Pesquisas em Aqüicultura Rodolpho von Ihering, do DNOCS, 
vem utilizando com sucesso marcadores moleculares para a iden-
tificação	sexual	do	pirarucu.	A	utilização	desses	marcadores	mole-
culares	tem	sido	realizada	conforme	descrito	a	seguir:	inicialmente	
alguns	exemplares	são	sacrificados	e	dissecados	para	a	identificação	
anatômica de suas gônadas. Em seguida, as gônadas são extraídas 
(Foto 3) e levadas ao microscópio ótico para teste histológico, 
visando	confirmação	do	sexo.	Com	base	nesse	resultado	inicia-se	
o processo de isolamento de DNA genômico (Foto 4). 
Diversas	amostras	de	diferentes	tecidos	são	tratadas,	o	que	
resulta em protocolo bem sucedido para o isolamento de DNA de 
pirarucu com qualidade e concentrações viáveis para estudos de 
PCR (Reação em Cadeia da Polimerase), uma tecnologia que gera 
cópias in vitro	de	genes.		Quando	esses	genes	apresentam	diferen-
ças	polimórficas	entre	machos	e	fêmeas,	tem-se	um	marcador	
molecular e o resultado é observado num processo chamado 
eletroforese	e	figura	como	uma	impressão	digital.
Foto 3 - Extração 
de gônada para 
identificação via 
teste histológico
Foto 4 - Precipitado de DNA 
genômico de pirarucu
Mediante o uso dos mar-
cadores moleculares do sexo dos 
pirarucus	 iniciou-se	 a	 identificação	
dos reprodutores do plantel do Centro de Pesquisas (100 indi-
víduos). Cerca de vinte e cinco indivíduos já receberam chips 
eletrônicos	(Foto	5)	para	sua	identificação	e	em	quatro	desses	
já	houve	 resultados.	Dois	machos	e	duas	 fêmeas,	que	 foram	
postos para acasalar, resultaram em desova, cujos alevinos já 
estão	em	fase	de	treinamento	alimentar	com	ração	comercial.	O	
passo seguinte será o sequenciamento dos genes que apresentam 
diferenças	polimórficas.
Foto 5 - Leitor de 
ch ip e let rônico 
com identificacão 
de reprodutor
Manejode reprodutores e matrizes
O manejo de peixes adultos é sempre uma preocupação, pois costumam 
saltar por sobre as redes de arrasto, causando muitas vezes traumatismos 
aos operários. Por isso, os viveiros devem ser esvaziados até que seja 
Foto 6 - Momento em que 
o operário espera o tempo 
adequado para colocação 
da “camisinha”
Fo to 7 - Apó s a 
captura o peixe é 
colocado sobre uma 
maca confeccionada 
em lona
Obtenção de desova em cativeiro
 Os principais sinais de desova entre os pirarucus são as lutas 
dos reprodutores acasalados, pelo domínio de seu território e com 
sua	própria	parceira.	Ambos	ficam	com	suas	cores	mais	acentuadas,	
sendo	que	os	machos	ficam	um	pouco	mais	coloridos	que	as	fêmeas.	
Também começam a “assoalhar” e começam a escavar os ninhos, 
buracos circulares no chão de vários tamanhos, mas geralmente com 
profundidade	de	20cm.	Os	pirarucus	constroem	vários	ninhos	que	
são chamados de “panelas” e escolhem o melhor local para realizar 
sua desova. Depois de eclodidas, as larvas nadam sobre a cabeça 
do	macho.	O	cardume	possui	o	aspecto	de	uma	esfera	mudando	
constantemente	de	forma,	e	desloca-se	lentamente,	acima	da	cabeça	
do	reprodutor.	A	fêmea	geralmente	fica	um	pouco	mais	distante	e	
afugenta	qualquer	outro	peixe	que	se	aproxime	do	cardume.
A coloração escura que toma a cabeça e o dorso do reprodutor 
onde	nada	o	cardume,	tem	por	fim	mascarar	as	larvas,	que	também	
são	negras,	e,	portanto,	difíceis	de	serem	distinguidas.
Considerações finais
Outros trabalhos têm sido desenvolvidos no Centro de Pes-
quisas, como a produção de alevinos, condicionamento alimentar 
e	o	cultivo	em	tanques-rede	e	viveiros,	com	o	objetivo	de	fornecer	
subsídios aos que desejam ingressar na atividade. É de grande im-
portância	o	fato	do	DNOCS	voltar	a	produzir	alevinos	da	espécie,	
destinados	a	cultivos	em	cativeiro.	Da	mesma	forma,	 também	é	
importante a produção de alevinos destinados ao repovoamento dos 
açudes de particulares interessados em sua criação extensiva, capazes 
de garantir que esses peixes não invadirão águas públicas.
Referências
ONO, E.A.; HALVERSON, R.M.; KUBITZA, F. Pirarucu. O gigante esquecido. Panorama 
da Aqüicultura, Rio de Janeiro, v. 14, n. 81, p. 14 -25, jan./fev. 2004.
SILVA, J.W.B.S. Apostila da disciplina de Aqüicultura II do Curso de Engenharia 
de Pesca. 1999. 6p. Fortaleza
VENTURIERI, R.; BERNARDINO, G. Pirarucu. Espécie ameaçada pode ser salva 
através do cultivo. Panorama da Aqüicultura, Rio de Janeiro, v. 09, n. 53, p. 13 
-21, mai./jun. 1999.
possível observar o dorso dos peixes. Lentamente os indivíduos 
são	capturados	com	o	uso	de	uma	rede	em	forma	de	tubo,	confec-
cionada	com	panagem	de	fio	poliamida	a	qual	denominamos	de	
“camisinha” (Foto 6). Logo em seguida, os peixes são colocados 
sobre	macas	para	facilitar	o	transporte	(Foto	7).
�� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
BRASIL E O MERCADO 
AMERICANO DE CAMARÕES
Por: Raúl Malvino Madrid
IBAMA-CE/LABOMAR-UFC
raul@labomar.ufc.br
S eria insensato dizer que o mercado americano já não interessa à carcinicultura brasileira. É verdade que a 
participação percentual em volume das exportações de camarão 
para esse país diminuiu com o passar dos anos: 43,6% em 2000, 
35,0% em 2003 e 8,0% em 2005. Nos três primeiros meses de 
2006, das 7.383 toneladas exportadas de camarão cultivado 
pelo	Brasil,	apenas	1,97%	(145,4	toneladas)	foi	para	os	Estados	
Unidos. Esse volume corresponde a 0,12% do total de camarão 
importado pelo grande país do norte, ocupando o Brasil o 27º 
entre os países exportadores no período citado.
Com	efeito,	deve-se	reconhecer	que	os	Estados	Unidos	
foram	responsáveis	em	2005	pela	
compra de 523.052 toneladas, 
26,4% do total das importações 
de camarão comercializado in-
ternacionalmente.	 Isso	 significou	
no	 referido	 ano,	 praticamente	 o	
mesmo volume importado pelo 
Japão (14,82%), Espanha (7,2%) 
e França (5,02%) juntos, os três 
maiores importadores, depois dos 
Estados Unidos.
Observa-se ainda que a taxa 
de variação acumulativa anual das 
importações americanas aumentou 
bastante nos últimos anos, sendo de 
8,69% entre 2000 e 2005. Contudo, 
ao comparar esse mesmo índice 
desdobrado em dois períodos: nos quatro primeiros anos da 
presente década (2000-2003) e nos três últimos (2003-2005), 
têm-se	taxas	respectivas	de	13,5%	e	2,4%,	o	que	permite	inferir	
que existe uma desaceleração expressiva nas importações de 
camarão pelos Estados Unidos. Essa desaceleração também 
ocorre quando são analisadas as importações da Espanha e 
da França e ainda no contexto das importações mundiais de 
camarão. As importações japonesas, por sua vez, não mostram 
variações	significativas	no	período	analisado.	Importa	destacar	
nesta análise que qualquer mudança de comportamento nas 
importações	 americanas	 de	 camarão	 afetará	 imediatamente	
toda a indústria mundial deste crustáceo: dos produtores aos 
consumidores, passando pelos processadores e distribuidores 
e	pelos	fabricantes	de	insumos	e	equipamento.
Reconhece-se que as exportações brasileiras de camarão 
para os Estados Unidos diminuíram sensivelmente, não tanto 
pela inserção do Brasil entre os países acusados de dumping, 
mas principalmente pela apreciável redução da produção domés-
tica,	fruto	de	uma	série	de	restrições	que	ocorreram	entre	2003	
e 2005. Mesmo sabendo que exportar para o mercado europeu 
(camarão inteiro) é melhor economicamente do que para o 
americano (camarão descabeçado), este último mercado servia 
ao Brasil como uma válvula de escape, seja para contornar a 
situação quando não era possível exportar o camarão com ca-
beça	pela	falta	de	qualidade	(cabeça	solta,	amarelada,	etc.),	seja	
para	superar	a	sazonalidade	do	mercado	europeu.	Assim,	faz-se	
necessário seguir lutando para que seja corrigida e superada a 
injusta inclusão do Brasil na lista de países que subsidiam a sua 
produção	e	que	foram	objeto	da	ação	antidumping.
A Comissão de Comércio Internacional dos EEUU (CCI) 
elaborou um relatório (publicação 
3748), emitido em dezembro de 
2005,	com	as	investigações	feitas	
nos seis países acusados de praticar 
o antidumping.	O	 referido	docu-
mento analisa, entre outros aspec-
tos, a taxa de câmbio nominal e 
real no período de janeiro de 2001 
a junho de 2004, cujo resultado 
mostra que o Brasil apresentou 
a maior desvalorização da sua 
moeda	nacional.	Efetivamente,	se	
reconhece que depois de 2000 hou-
ve uma desvalorização contínua 
do Real, chegando ao máximo em 
agosto de 2002 com o valor nomi-
nal de R$ 3,8/US$. Em junho de 
2004, a conversão era R$ 3,3/US$, último mês pesquisado pela 
CCI/DOC. Embora essa situação cambial, no caso do Brasil, 
não tenha vinculação com as exportações, o Grupo Monitor de 
Michel Porter constatou que alguns países em desenvolvimento 
usam	este	artifício	como	forma	de	subsidiar,	viabilizar	e	ampliar	
suas exportações. Acredita-se que na próxima revisão das taxas 
de dumping,	a	ser	efetuada	pelo	DOC/CCI	dos	EEUU	em	janeiro	
de 2007, a situação brasileira seja oposta, isto é, se constatará que 
a moeda nacional estará supervalorizada e, em vez de subsidiar 
as exportações de camarão, estará inibindo-as.
Outro	aspecto	a	ser	analisado	deve	ser	a	grande	diferença	
que	existe	entre	as	taxas	de	juros,	descontada	a	inflação,	vigen-
tes no Brasil e nos Estados Unidos. Neste último país, às vezes 
a	taxa	de	juros	real	chega	a	ser	negativa,	ou	seja,	a	inflação	é	
"Qualquer mudança nas 
importações americanas de 
camarão afeta toda a indústria 
mundial deste crustáceo: 
produtores, consumidores, 
processadores, distribuidores 
e fabricantes de insumos e 
equipamentos"
�� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
M
er
ca
do
 d
e 
Ca
m
ar
õe
s maior que a taxa. É de conhecimento geral que o Brasil 
tem	as	taxas	de	juros	maiores	do	planeta.	Essa	situação	faz	
com que na maioria das vezes os pescadores americanos 
tenham	custos	financeiros	mais	de	10	vezes	menores	que	
os produtores brasileiros. Alémdo Real supervalorizado, 
esta é outra situação de subsídios às adversas aplicadas 
pelo	Brasil	e	que	afeta	diretamente	a	competitividade	da	
carcinicultura nacional. 
Observa-se ainda que a taxa de 7,05% imposta às 
exportações de camarão do Brasil para os Estados Unidos é 
injusta pela diminuta participação que o nosso país sempre 
teve nesse mercado, inclusive em termos de valor exportado, 
estando em 2003 abaixo do México e da Indonésia, países 
que	não	foram	penalizados	pela	ação	antidumping. Também 
o tipo de produto que o Brasil vende ao grande país do norte 
é	diferente	daquele	produzido	domesticamente	nos	Estados	
Unidos.	Pode-se	dizer,	portanto,	que	o	Brasil	foi	condenado	
mais pelo comportamento ascendente de suas exportações 
entre 2000 e 2003, pelo seu potencial e a ameaça que esse 
potencial	significou	e,	pelos	interesses	americanos	contra-
riados em alguns casos de disputa comercial ganhos pelo 
Brasil na Organização Internacional do Comércio (OIC). 
A	participação	do	México	apoiando	financeiramente	a	SSA	
para o encaminhamento da ação antidumping deve ter pre-
judicado o Brasil. 
As	informações	precedentes	fazem	crer	que	existem	
motivos	suficientes	para	acreditar	que	na	próxima	revisão	
das taxas de antidumping pelo DOC/CCI dos EEUU, em 
janeiro de 2007, o Brasil será inocentado. Caso contrário, o 
Governo Brasileiro deverá estar preparado para recorrer a 
OIC,	como	pretende	fazer	a	Tailândia.
Deve-se reconhecer que é caótica a situação dos pes-
cadores	de	camarão	do	Golfo	do	México,	aliás,	situação	pa-
recida à que ocorre em todos os países que praticam a pesca 
extrativa do camarão. Isso se deve, como é do conhecimento 
geral, ao elevado preço do petróleo e, conseqüentemente, 
de operação dos barcos pesqueiros, aliado ao esgotamento dos 
estoques naturais e à diminuição dos preços internacionais do 
camarão. O que parece ser inadmissível é aceitar uma acusação de 
antidumping substanciada e provocada ao comparar um produto 
proveniente	de	duas	atividades	produtivas	totalmente	diferentes.	
Assim como não se pode pôr num mesmo plano o velho com o 
novo,	o	aleatório	com	o	controlado,	o	natural	com	o	artificial,	é	
impróprio comparar os preços do camarão proveniente da pesca 
com os derivados do cultivo controlado, já que os sistemas de 
produção e as estruturas de custos são totalmente distintos. 
Por	sua	vez,	analisados	os	antecedentes	referentes	aos	preços	
de	importação	do	camarão	entre	2000	e	2003,	fica	a	dúvida	se	a	
redução	registrada	foi	uma	tática	abusiva	usada	pelos	importadores	
americanos	para	diminuir	os	preços	internacionais	ou	se,	efetiva-
mente,	foi	o	resultado	da	lei	da	oferta	e	demanda.	Pelos	antecedentes	
disponíveis, pode-se concluir que devem ter sido ambos, desconhe-
cendo-se, entretanto, o grau de participação de cada um. Em relação 
a isso, os dados precedentes permitem concluir que num primeiro 
momento	a	diminuição	dos	preços	do	camarão	importado	não	foi	
repassada	ao	consumidor	final.	Num	segundo	instante,	os	menores	
preços de importação permitiram amortecer a alta do camarão ao 
consumidor	final	devido	ao	não	repasse	dos	aumentos	de	preços	
de outros itens da estrutura de custo da cadeia de comercialização. 
Num terceiro momento, a diminuição de preços praticada pelas 
grandes cadeias de supermercados (Wal Mart, Kroger Company, 
etc.)	ou	de	serviços	de	alimentação	(Red	Lobster),	que	fazem	suas	
compras diretamente nos países produtores, teve que ser seguida 
pela concorrência: processadoras, atacadistas, distribuidores, etc.
O	futuro	dos	preços	de	importação	praticados	pelos	Estados	
Unidos dependerá de uma engenharia complicada devido à com-
plexidade	de	fatores	que	influenciam	a	formação	dos	preços,	em	
maior	ou	menor	grau,	dificultando	sobremaneira	fazer	qualquer	pre-
visão.	Entretanto,	sobressai	o	fato	de	estarem	os	preços	futuros,	em	
grande parte, sujeitos à saúde econômica dos paises desenvolvidos, 
e também, da continuação do crescimento econômico da China, 
principal produtor/consumidor mundial de camarões. 
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
A verdade é que o nível a que chegaram os preços interna-
cionais	do	camarão	está	permitindo	um	aumento	significativo	do	
consumo interno por parte dos próprios países produtores, na sua 
quase totalidade emergentes. Os dez maiores países produtores de 
camarão abrigam 57,33% da população mundial. A título ilustra-
tivo, para atender um aumento do consumo de 1 kg per capita de 
camarão nesses dez países seria necessário produzir 3.439.000 
toneladas, mais da metade de todo o camarão atualmente produ-
zido pela pesca e pela aqüicultura.
Acredita-se	também	que	na	medida	em	que	as	tarifas	de	
energia se mantenham no patamar das de hoje, que os custos da 
mão-de-obra aumentem, seja pela regularização dos ilegais ou 
pela sua extradição, e que as taxas de juros mantenham tendên-
cias	de	alta,	os	importadores	terão	menores	condições	de	fazer	
estoques quando os preços estiverem em baixa, diminuindo assim 
a sua capacidade de barganha. 
Esse	cenário	 também	favorece	o	comércio	americano	de	
produtos de maior valor agregado, acreditando-se que a tendência 
de	consumo	de	pratos	prontos	vendidos	mais	próximos	do	fim	da	
cadeia de comercialização será cada vez mais acentuada.
Observa-se ainda que as 
grandes cadeias de comercializa-
ção de lojas de varejo ou de serviço 
de alimentação estão cada vez mais 
fortalecidas	com	a	ampliação	de	
sua atuação ou a incorporação 
de empresas menores. Esses 
grandes conglomerados de venda 
ao consumidor vêm implantando 
serviços de importação direta, o 
que ajuda enormemente o repasse 
de preços menores de importação 
ao	consumidor	final,	permitindo	
dessa maneira um aumento mais 
imediato da demanda e evitando 
a continuidade da drástica tendência de baixa dos preços em nível 
de produção/importação, como ocorreu nos três primeiros anos 
da presente década.
Acredita-se que assim como os cardumes de peixes se 
protegem de seus predadores atuando de maneira coesa, os produ-
tores/exportadores de camarão dos diversos países deveriam seguir 
esse	exemplo	para	defender	seus	interesses.	Os	países	acusados	
de dumping, responsáveis em 2003 por 73,17% do valor das 
exportações de camarão para os Estados Unidos, perderam uma 
grande	oportunidade	para	atuar	em	bloco	ao	optarem	por	defesas	
individuais que custaram milhões de dólares com serviços legais. 
Espera-se	que	para	o	futuro	a	lição	tenha	sido	aprendida	no	sentido	
de	uma	atuação	coesa	dos	países	produtores	em	defesa	de	preços	
justos,	ou	seja,	iniciar	a	frente	comum	para	recuperá-los	ao	patamar	
dos preços praticados historicamente.
É evidente que a redução das exportações brasileiras para 
o mercado americano se deve basicamente à perda de competiti-
vidade da carcinicultura nacional, não só pela imposição da taxa 
de	antidumping,	mas	principalmente	pela	falta	de	atitudes	mais	
objetivas e concretas no momento mais requerido, para se obter 
maior	eficiência	e	eficácia	em	toda	a	cadeia	produtiva	com	visão	
de médio e longo prazo. Deve-se reconhecer que o grande salto 
da	carcinicultura	brasileira	foi	dado	quando	ocorreram	fatores	
favoráveis	fora	de	seu	controle,	que	promoveram,	em	grande	
medida,	o	seu	rápido	desenvolvimento	e	que,	efetivamente,	
motivaram e incentivaram o uso dos investimentos privados. 
Esse	processo	de	bonança	do	camarão	cultivado	no	Brasil	foi	
iniciado em 1999, no segundo período do Presidente Fernando 
Henrique	Cardoso,	com	o	processo	de	flexibilização	da	taxa	de	
câmbio,	o	qual	foi	seguido	no	fim	daquele	ano	e	no	ano	seguinte	
(2000) com o apreciável aumento dos preços internacionais 
do camarão provocado pela drástica diminuição da produção 
cultivada do Equador, como segundo maior produtor mundial, 
afetada	pela	doença	da	mancha	branca.	Posteriormente,	no	
"Para atender o aumento de 
consumo em 1 kg per capita 
de camarão nos dez principais 
países produtores, é preciso 
produzir mais da metade de todo 
o camarão atualmente produzido 
pela pesca e pela aqüicultura"
decorrerdo quadriênio 2001-2003, ocorreram seguidas desvalo-
rizações do Real, antes e depois da posse do Presidente Lula, que 
neutralizavam a contínua redução dos preços internacionais do 
camarão	com	a	abundante	oferta	dos	países	asiáticos.	Enquanto	
os principais países produtores mundiais de camarão tomavam 
medidas radicais para manter a competitividade de suas indústrias 
de	camarão,	como	foi	a	troca	parcial	da	espécie	de	cultivo,	de	P. 
monodom pelo L. vannamei, o 
Brasil por cinco anos consecu-
tivos	desfrutava	de	 índices	de	
crescimento superiores (52,1%) 
à média mundial (14,0%), com 
rentabilidade acima de 30%, sem 
que esse crescimento possa ser 
atribuído a um input tecnológi-
co no melhoramento genético, 
na qualidade das nossas rações 
e/ou nas atitudes preventivas 
de biossegurança. Tampouco, 
em	sua	maior	parte,	foi	fruto	de	
uma ação coordenada da cadeia 
produtiva na busca de melhor 
eficiência	 no	 engajamento	 inteligente	 da	 indústria	 de	 rações	
(qualidade, preços, etc.), na atuação conjunta dos laboratórios 
de	pós-larvas	(genética,	biossegurança,	etc.),	na	diversificação	de	
produtos pelas indústrias de processamento (apresentação, valor 
agregado, etc.) e/ou na participação coesa e perspicaz de nossos 
exportadores	(estratégia,	mercados	diversificados,	etc.).	O	que	sim	
se	pode	afirmar	é	que	o	crescimento	do	camarão	brasileiro	não	
foi	uma	resposta	a	uma	política	pública	coordenada	nos	níveis	
institucionais hierárquicos do país (Federal, Estadual e Munici-
pal), nem o resultado de uma ação sincronizada dos poderes do 
estado (Executivo, Legislativo e Judiciário), nem o produto de 
programas do executivo (SEAP, MMA, MAA, MIN, MRE, etc.) 
e, muito menos, de incentivos provenientes do reconhecimento e 
apoio da sociedade. Recalca-se que esse crescimento, que gerou 
tantas	expectativas	e	esperanças,	em	particular	para	o	Nordeste,	foi	
em grande medida o resultado de situações de política econômica 
e de condições momentâneas de mercado que, com o passar do 
tempo,	se	modificaram	e	se	mostraram	altamente	instáveis.	Tão	
instáveis que neste momento atuam contra o desenvolvimento 
da carcinicultura brasileira, ou seja, preços baixos no mercado 
internacional e Real supervalorizado. 
M
ercado de Cam
arões
�� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
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l Purina tem novidades para 
a carcinicultura
Empresa lança três linhas de rações para camarões marinhos durante o 
Workshop Internacional de Nutrição e Sanidade na Carcinicultura 2006
A Purina, apresenta novas 
linhas de rações camarões durante 
o Workshop Internacional de Nu-
trição e Sanidade na Carcinicultu-
ra 2006, que aconteceu dias 31 de 
agosto em Natal e 01 de setembro 
em Fortaleza. As novidades são a 
Linha Aquaprofile as rações ini-
ciais Aquaxcel e o relançamento 
da Linha Camaronina. 
Os eventos reuniram cer-
ca de 400 pessoas e abordaram 
temas como o cenário mundial 
e perspectivas da carcinicultu-
ra, trouxe o case do 
Equador que superou 
os problemas sanitários e também sobre a im-
portância de uma boa nutrição na fase inicial de 
cultivo e os mais recentes avanços tecnológicos 
na nutrição de camarões. “A Purina quer conti-
nuar investindo forte para transformar pesquisa 
e desenvolvimento em inovação, de forma a usar 
os corretos conhecimentos e experiências para 
ajudar os nossos clientes a alcançarem o sucesso. 
Enxergar os clientes como verdadeiros parceiros e 
crescer com eles, é nisso que a Purina acredita, 
afirma Vanice Waldige, Gerente de Negócios de 
Aquacultura da Purina.
Aquaprofile é uma linha de rações para 
engorda de camarões formuladas não somente a 
partir de uma combinação de ingredientes e sim 
utilizando o conceito de disponibilizar consis-
tentemente os nutrientes essenciais para o crescimento dos 
camarões. Os produtos são formulados com fontes de proteínas 
digestíveis para os camarões, promove um ótimo aproveita-
mento do alimento, maior eficiência no crescimento e reduz a 
perda de proteínas na água. Além disso, são formulados com 
atrativos sintéticos que consistentemente ajudam a atrair e 
manter a alta palatabilidade do alimento, evitando desperdício 
por alimentos não consumidos. 
Outras características importantes de Aquaprofile são: 
as quantidades ótimas de aminoácidos essenciais, que são as 
unidades formadoras das proteínas e responsáveis na obten-
ção de maiores taxas de crescimento; as excelentes fontes de 
ácidos graxos essenciais, bem como fonte de fosfolipídeos que 
causam um efeito benéfico no crescimento e sobrevivência dos 
camarões e colesterol, um nutriente essencial que o camarão 
não sintetiza e que deve estar presente no alimento, evitando 
a baixa sobrevivência e dificuldade de muda.
Todos estes conceitos nutricionais de Aquaprofile estão 
disponíveis em cada partícula de alimento, pois o controle de 
qualidade atua rigorosamente desde a seleção das matérias-
primas até o final do processo produtivo. Além disso, todas 
as unidades produtivas da Purina são certificadas em HACCP 
(Análises de Perigos e Pontos Críticos de Controle), que faz 
parte do objetivo global da empresa de produzir alimentos 
saudáveis visando a segurança alimentar ao 
consumidor final. 
Já Aquaxcel, uma linha de rações iniciais 
de altíssima performance visa aumentar a taxa 
de sobrevivência através de juvenis mais fortes e 
assim resultar numa maior rentabilidade do negó-
cio. São três produtos com partículas extrusadas 
de 0,8mm, 1,5mm e 2,0mm. O tamanho exato da 
partícula para cada fase de desenvolvimento dos 
camarões, além de sua fórmula precisa e tecno-
logia superior para produzir rações especiais em 
micro partículas, permite uma adequada entrega 
de nutrientes às pós-larvas e juvenis, por isso 
melhora a sobrevivência, o peso dos camarões e 
consequentemente a rentabilidade do cultivo.
A linha Aquaxcel é produzida numa em-
presa do grupo nos 
Estados Unidos, com tecnologia 
especializada para produzir rações 
iniciais e é inédita no Brasil.
Outra novidade da Purina é o 
relançamento da linha Camaronina, 
composta por cinco produtos que 
agora está em novas embalagens e 
com novas formulações para maior 
performance nas rações iniciais 
Camaronina CR1 e Camaronina CR2. 
Com isso a empresa disponibiliza 
ao mercado três novas linhas de 
soluções nutricionais: Aquaxcel, 
Camaronina e Aquaprofile.
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Inform
e Em
presarial
Maritech amplia seus 
horizontes no Brasil
A empresa é líder no desenvolvimento de softwares 
para a aqüicultura, pesca e beneficiamento
A Maritech Chile S.A, é uma empresa Noruega/Islandesa criada 
há 19 anos, que opera em 12 países e que desde 2002 atua no Chi-
le. Líder mundial no desenvolvimento de softwares para a indústria 
do seafood (aqüicultura, pesca e beneficiamento), seus programas 
computacionais permitem realizar, entre outras funções, tarefas de 
controle de produção, custos, gestão (rendimento de matéria prima, 
controle de processos, etc.) e rastreabilidade. Soluções às exigências 
de rastreabilidade para a indústria aquícola e pesqueira são um dos 
seus principais produtos.
No Chile, onde a indústria do salmão tem chegado a níveis de 
produção que logo a posicionarão como a primeira produtora a nível 
mundial, os softwares da Maritech estão presentes nas maiores empresas 
produtoras desse peixe. Atualmente a Maritech está ampliando seu raio 
de atuação na América Latina, e tem como seu principal foco o Brasil, 
onde a expansão das suas operações objetiva abrir novos mercados, 
tanto a nível local como continental, já que a Maritech enxerga um 
Paulo, cujo encarregado é o Engenheiro de Aqüicultura Axel Klimpel. A 
Maritech, diante do grande potencial que apresenta a indústria do ca-
marão no Brasil, planeja instalar também escritórios no Nordeste com a 
finalidade de atender as necessidades específicas do setor. “Acreditamos 
que o Brasil oferece um grande potencial para nossos produtos, dadas 
as expectativas de crescimento da aqüicultura, e de suasnecessidades 
crescentes de contar com informação oportuna, de boa qualidade para 
enfrentar assuntos tais como a tomada correta de decisões, avaliação 
do negócio, rastreabilidade e as crescentes exigências dos mercados 
externos”, assinala o Gerente Geral de Maritech Chile, e encarregado do 
projeto de expansão na América Latina, Juan Manuel Toro. 
Para Juan Manuel Toro, a Maritech tem conhecimento de que 
existem outros softwares no mercado, e que as empresas tendem a 
fazer desenvolvimentos próprios. Porém, esses softwares foram ela-
borados por uma equipe técnica sólida, que tem trabalhado por mais 
futuro promissor para a aqüicultura brasileira, especialmente nos culti-
vos de tilápia e pintado. A indústria do camarão também é considerada 
altamente atrativa para Maritech, já que seus softwares também podem 
ser plenamente aplicados à carciicultura. No Brasil, a Maritech está 
promovendo dois de seus programas:
FarmControl: Software aplicado a fase produtiva da aqüicultura, desde a 
reprodução até a despesca final, que permite o registro diário de todos 
os fatores produtivos envolvidos na criação, tais como alimentação, 
mortalidade, biometrias, peso, fatores de crescimento, conversão de 
alimento, tratamentos patológicos, despescas, transferências de peixes, 
entre outros O FarmControl possibilita ainda, o controle de custos da 
produção; planificação da produção; rastreabilidade dos produtos com 
o objetivo de conhecer o histórico de cada lote na produção, entre 
outras funcionalidades. 
Maritech PDS: Software para plantas de beneficiamento e frigoríficos, 
que permite o registro de recepções de matéria prima; produtividade 
em uma linha de processo com rendimentos e custos; controle da qua-
lidade; empacotamento de produtos e controle de insumos; controle 
de frigorífico; inventário de produtos na câmara de frio; distribuição 
e vendas finais. 
Estes programas são utilizados no Chile em 23 empresas do 
setor, e possui ainda implementações na Costa Rica e Honduras, e 
proximamente no Equador e Argentina. No Brasil, apesar de ter iniciado 
as operações há pouco tempo, a Maritech já tem na sua carteira de 
clientes, quatro das mais importantes produtoras de tilapia e outras 
espécies. O fato motivou a empresa a abrir uma representação em São 
de 15 anos no desenvolvimento destas soluções. Por outro lado, a 
vantagem de se operar com uma empresa solidamente estabelecida, 
proporciona uma maior segurança e estabilidade aos clientes, neste 
delicado negócio dos softwares, onde a real competitividade não 
está na venda do programa, e sim no suporte e manutenção técnica 
posterior a venda. Segundo Juan, essa é a maior diferença entre 
os softwares da Maritech e os demais, e que permite que empresa 
tenha conquistado o crescimento nos últimos anos. 
Afim de conhecer a indústria e definir uma estrutura de preços 
que estivesse de acordo com a realidade do Brasil, a Maritech adotou 
estratégias de introdução no mercado brasileiro, de acordo com indústria 
aqüícola e de beneficiamento no país. Isto se traduziu em um estudo do 
mercado, que foi realizado desde as suas primeiras visitas ao Brasil, há 
mais de 1 ano e meio. Dessa forma, as soluções que Maritech colocou 
no mercado são acessíveis tanto aos pequenos produtores (integrados) 
como às grandes empresas, em vista de que a indústria brasileira opera 
de uma forma muito particular, principalmente no setor aquícola. 
Toda esta aproximação da Maritech ao mercado brasileiro, resul-
tou em mais de um ano de investimentos para finalmente estabelecer 
se de forma definitiva no Brasil. 
Para conhecer nos entrar em contato no Brasil com o Sr. Axel Klimpel 
axel.klimpel@maritech.cl, telefone: +55 11 81604252.
No Chile através do e-mail: info@maritech.cl 
telefones +56 65 233553 ou +56 65 236291.
�� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
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Em
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Grupo Ypióca em parceria com a 
Nutron Alimentos inaugura unidade 
de produção de ração
Comemorando seus 160 anos de história, o Grupo Ypióca 
amplia sua área de atuação ao inaugurar a BRFish/Nutron, espe-
cializada na produção de rações para peixes no município de São 
Gonçalo do Amarante, distante 59 km de Fortaleza. A nova unidade 
do grupo cearense nasce de uma parceria com a Nutron Alimentos, 
líder mundial em nutrição animal, e integrante do Grupo Provimi, 
que atua em 31 países dos cinco continentes.
Com a iniciativa, a empresa irá produzir e comercializar 
rações extrusadas da linha ProAqua, produtos indicados para a 
alimentação	de	peixes	onívoros	e	carnívoros	em	todas	as	fases	de	
desenvolvimento e sistemas de cultivo, desde o manejo intensivo ao 
superintensivo. As rações são destinadas aos produtores que estão 
atentos à otimização dos resultados de campo, à competitividade e 
à lucratividade de sua piscicultura.
A linha ProAqua é elaborada com ingredientes de alto valor 
nutritivo, com todas as rações suplementadas com vitamina C esta-
bilizada	com	fosfato	(ácido	ascórbico	mono	ou	poilifosfato),	com	
retenção superior a 90% após a extrusão e o armazenamento.
O resultado da parceria da Nutron com o Grupo Ypióca, será 
a quinta unidade da Nutron no Brasil e a primeira no Nordeste. A 
empresa	possui	duas	fábricas	em	São	Paulo	(Campinas	e	Itapira),	
uma em Santa Catarina (Chapecó) e outra no Paraná (Toledo). A 
ao comemorar seus 160 anos de história, o Grupo amplia sua área 
de atuação investindo também em piscicultura. 
A	BRFish	cultiva	tilápias	(Oreochromis	niloticus)	de	forma	
sustentável e integrada no estado do Ceará, sem incentivos públicos, 
a exemplo de outros empreendimentos do Grupo Ypióca. Ocupando 
área de 100.000 m2 conta com uma “Central de Reprodução de 
Tilápias” equipada com viveiros de reprodutores geneticamente 
selecionados provenientes da Tailândia e um moderno “Laboratório 
de Incubação e Maturação de Alevinos”. Sua capacidade de produção 
é de 60 toneladas/mês de tilápia, 4.000.000/mês de alevinos e 1.000 
toneladas/mês de rações extrusadas. 
A “Unidade de Recria e Engorda” está localizada no açude 
Sítios Novos, onde são produzidos juvenis (peso médio de 30 gramas) 
e peixes (com 1 quilo em média). As espécies são cultivadas em tan-
ques-rede de alumínio, com telas de arame galvanizado revestido de 
PVC. A produção de tilápia abastece o mercado distribuidor, assim 
como revendedores de grande porte da Região. 
tecnologia empregada é 
constantemente testada 
nos laboratórios do seu 
Centro de Pesquisa em 
Nutrição Animal (CPNA), 
instalado em Mogi-Mirim, 
em São Paulo.
Além da cachaça, 
cuja marca está presente em mais de 40 países, o Grupo Ypióca atua 
em diversos outros ramos de atividades, como água mineral, emba-
lagens plásticas (pet), papel, papelão e transporte de carga. Agora, 
Da esquerda para a direita: Everardo Telles (Dir. 
Presidente Grupo Ypióca), Luciano Roppa ( Presidente 
Nutron), Gabriel Jorge (Diretor Nutron) e Lucio 
Alcântara (Governador do Estado do Ceará)
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Falta de análises de resíduos quase 
barra exportação de pescados 
brasileiros para a União Européia 
Em meados de 2003, o Brasil recebeu a visita de uma 
missão de especialistas da União Européia que constatou que 
vários resíduos considerados como tóxicos no mercado eu-
ropeu não eram devidamente controlados em produtos como 
carne	suína,	de	frango	e	bovina,	mel,	leite,	ovos,	frutas	e	pesca-
dos, incluindo os provenientes da aqüicultura. Como resultado 
desta visita, o Brasil assinou, ainda em 2003, um acordo onde 
o país poderia continuar provisoriamente exportando para a 
UE até o dia 14 de março deste ano, quando deveria apresentar 
os detalhes do seu Plano Nacional de Controle de Resíduos 
(PNCR). Uma segunda missão européia esteve no país no 
final	de	2005	e	com	muita	surpresa	constatou	que	as	falhas	
detectadas em 2003 ainda permaneciam, e que nada do que 
havia sido acordado com as autoridades brasileiras havia sido 
implementado. Isso levou a UE a revogar algumas autorizações 
de exportação,tendo o mel sido excluído imediatamente da 
lista dos produtos que ainda poderiam ser exportados pelo 
Brasil. Adicionalmente, as autoridades européias tornaram 
ainda mais severas as exigências para com o Brasil, aumen-
tando o número de substâncias que devem ter um plano de 
monitoramento. Na ocasião, as autoridades brasileiras tiveram 
ainda que ouvir severas críticas das autoridades da UE por não 
terem	cumprido	o	que	foi	acordado.	
 Em julho deste ano, o jeitinho brasileiro de empurrar 
as coisas com a barriga de nada adiantou, tendo sido incapaz 
de ajudar as autoridades brasileiras do MAPA, presentes a uma 
reunião em Bruxelas que teve o intuito de reverter a situação 
da proibição das exportações, inclusive do mel. Além de não 
terem conseguido reverter a situação, as autoridades européias 
aproveitaram	para	comunicar	oficialmente	à	missão	brasileira	
que retirariam outros produtos, incluindo os pescados, da 
lista	de	permissões,	caso	não	fosse	apresentado	um	plano	de	
ação até o dia 11 de julho de 2006. Para piorar, a ameaça ao 
Brasil	foi	noticiada	pela	imprensa	européia,	ganhando	apoio	
de	 representantes	 da	 pecuária	 local	 em	 favor	 da	 proibição	
das carnes brasileiras, encorajando consumidores europeus a 
rejeitar produtos provenientes do Brasil.
 Enquanto isso, uma corrida louca contra o tempo 
mobilizou autoridades do MAPA e representantes da pesca e 
da	aqüicultura,	assustados	com	informações	desencontradas	
que	chegaram	a	falar	em	proibição	definitiva	das	exportações.	
Representantes	 do	 setor	 produtivo	 e	 do	 governo,	 à	 frente	
Leandro Diamantino Feijó, Coordenador do Plano Nacional 
de	Controle	de	Resíduos	–	PNCR,	elaboraram	finalmente	em	
agosto o SISRES – Sistema de Controle de Resíduos, encami-
nhado pelo MAPA para a FVO (Food and Veterinary Organi-
zation).	O	SISRES,	ainda	em	fase	de	implantação	e	avaliação,	
contempla	sorteios	semanais	para	a	escolha	dos	frigoríficos	a	
serem amostrados, os quais terão prazo de uma semana para 
envio das amostras aos laboratórios credenciados. 
Os procedimentos de comunicação, escolha e coleta de 
amostras serão realizados pelos Coordenadores Estaduais do 
Programa	(fiscais	do	MAPA)	devidamente	habilitados	para	tal	
e, para isso, serão realizadas capacitações em todas as regiões 
do	país	para	nivelar	os	fiscais	brasileiros	nos	procedimentos	de	
amostragens	e	demais	informações	pertinentes	ao	assunto.	Os	
primeiros sorteios começaram em 18 de agosto e, somente, as 
análises realizadas através de sorteio terão validade. Leandro 
Feijó	faz	questão	de	deixar	claro	que	não	são	as	amostras	em	
si que estão sendo analisadas, mas todo o sistema de controle 
de resíduos. O empenho dos empresários e a lisura dos pro-
cedimentos	serão	os	principais	alvos	de	avaliação	nessa	fase	
de implantação do SISRES.
 
�0 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Lançamento Editorial
 Aqüicultura Capixaba: 
da produção ao mercado
A publicação tem como obje-
tivo orientar aqüicultores e setores 
associados nos aspectos gerais da 
cadeia produtiva da aqüicultura como 
produção, acesso ao crédito, tecnolo-
gias, comercialização, exportação de 
pescados, licenciamento ambiental e 
a outorga da água, contribuindo com 
a tomada de decisões dos atuais e 
futuros	 empreendedores,	 dentro	 de	
uma visão de sustentabilidade econômica e ambiental da 
aqüicultura.
O diretor do Centro de Tecnologia em Aqüicultura e 
Meio Ambiente-CTA, Humberto Ker de Andrade, assina a 
coordenação técnica do livro, que reúne aspectos técnicos, 
ambientais e econômicos do setor, segundo a experiência de 
25	profissionais	das	mais	variadas	áreas	e	instituições	ligadas	
ao ramo, com o apoio do Sebrae/ES, Instituto de Pesquisa e 
Desenvolvimento Sócio-ambiental (Ecos), SEAP e CTA. 
O livro apresenta também o diagnóstico da aqüicultura 
do Espírito Santo realizado pelo Sebrae em 2004 abrangendo 
os diversos aspectos da aqüicultura: piscicultura, carcinicul-
tura, ranicultura, ostreicultura, mitilicultura, pectinicultura e 
algocultura.	De	acordo	com	o	diagnóstico,	a	atividade	beneficia	
cerca	de	mil	famílias	de	pequenos	produtores	rurais	e	pescado-
res artesanais do Espírito Santo. Os produtores são atendidos 
por cinco projetos aquícolas, com peixes, ostras e camarão. 
De	fácil	leitura,	o	livro	Aqüicultura	Capixaba:	da	produ-
ção	ao	mercado	é	ilustrado	com	gráficos,	figuras	e	fotos	e	tem	
distribuição gratuita. Os interessados podem solicitá-lo livro ao 
Centro de Tecnologia em Aqüicultura e Meio Ambiente – CTA 
pelos	fones	(27)	3345-4222	e	(27)	9949-3679.
Ministério da Fazenda isenta produtos 
aqüícolas de PIS e Cofins 
 
O	Ministério	da	Fazenda	publicou	no	Diário	Oficial	da	
União, no dia 25 de julho, a Instrução Normativa nº 660, que 
prevê	a	isenção	do	PIS/Pasep	(1,65%)	e	do	Cofins	(7,6%)	para	
a venda de produtos agrícolas e sobre o crédito presumido na 
aquisição de mercadorias, totalizando uma isenção de 9,25%. 
As isenções que serão aplicadas somente nas operações do mer-
cado interno também ajudarão as matérias-primas agropecuárias 
usadas	como	insumo	na	fabricação	de	produtos	destinados	à	
alimentação humana e animal.
A piscicultura e a carcinicultura estão entre os diversos 
segmentos	do	agronegócio	que	se	beneficiarão	com	a	IN	660.	
Veja	quem	se	beneficia:
1) os cerealistas (produtos in natura de origem vegetal, 
classificados	na	NCM	nos	códigos	09.01	(café),	10.01	a	10.08	
(trigo e mistura de trigo com centeio, centeio, cevada, milho, 
arroz, aveia, sorgo de grão, alpiste, painço, trigo mourisco e 
outros cereais) - exceto os códigos 1006.20 (arroz descascado, 
cargo ou castanho);
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Maricultura em Santa Catarina é 
beneficiada pelo Programa 
Juro Zero da FINEP 
 
A maricultura está entre os segmentos que serão 
beneficiados	com	o	Programa	Juro	Zero	da	FINEP,	recém	
implantado no Estado de Santa Catarina. O programa vai 
destinar para micro e pequenas empresas catarinenses, recur-
sos no valor de R$ 20 milhões, através de linhas de crédito 
que variam de R$ 100 mil a R$ 900 mil, sempre sem juros, 
sem garantias reais e com pagamento dividido em até 100 
parcelas. O empréstimo é corrigido apenas pelo IPCA. 
Sua	implantação	no	Estado	de	Santa	Catarina	faz	parte	
de um acordo entre a Associação Catarinense de Empresas 
de Tecnologia-ACATE e a SC Parcerias, que liberou R$ 1 
milhão	para	compor	a	primeira	parte	do	fundo	de	garantia	
exigido pelo programa. 
Para participar do Programa Juro Zero da FINEP, 
que	 já	 está	 operando	 oficialmente,	 a	 empresa	 além	 de	
comprovar a inovação do seu negócio, precisa possuir 
faturamento	no	ano	anterior	entre	R$	334	mil	e	R$	10,5	
milhões,	 solvência	 financeira	 e	 certificado	 digital	 ICP-
Brasil. O pedido de participação no programa deve ser 
protocolado	 pelo	 site	www.jurozero.finep.gov.br.	Após	
a protocolação, as empresas têm um prazo de cinco dias 
para entregar toda a documentação necessária na ACATE e 
na SC Parcerias. No decorrer de 20 dias, o consórcio dará 
um parecer sobre a aprovação do pedido. Sendo positivo, 
o protocolo é encaminhado à FINEP, que também analisa 
a solicitação e em 30 dias libera o valor desejado.
A	expectativa	gerada	pelas	facilidades	do	programa,	
é que com a sua implantação seja possível acelerar o desen-
volvimento de projetos inovadores, bem como a sua entrada 
no mercado, uma vez que muitas empresas catarinenses têm 
dificuldades	de	crescer,	por	falta	de	capital	para	investir	na	
sua expansão. 
O	Programa	 Juro	Zero	 já	 funciona	 nos	 estados	 do	
Paraná, Bahia, Minas Gerais e Pernambuco.
2) a pessoa jurídica que exerça cumulativamente as 
atividades	de	transporte,	resfriamento	e	venda	a	granel,	no	de	
leite in natura; e
3) a pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária ou 
por cooperativa de produção agropecuária, no caso de produto in 
natura de origem vegetal destinado à elaboração de mercadorias 
classificadas	no	código	22.04	(vinhos	e	mostos	de	uvas),	da	NCM	
e de produtos agropecuários a serem utilizadoscomo insumo na 
fabricação	dos	produtos	relacionados	no	inciso	I	do	art.	5º	da	IN.
As	 notas	 fiscais	 relativas	 às	 vendas	 efetuadas	 com	
suspensão,	deverão	constar	a	expressão	"Venda	efetuada	com	
suspensão da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS", 
com	especificação	do	dispositivo	legal	correspondente.
A	medida	foi	considerada	pelos	produtores	rurais	como	
uma importante vitória para o setor, uma vez que também aju-
dará	a	desonerar	de	PIS-Cofins,	o	crédito	presumido	na	compra	
dos produtos agropecuários, que passará a ser calculado com 
base no custo de aquisição do produto pela indústria. 
A IN 660 regulamenta a Lei 10.925, publicada em julho 
de 2004 e revoga a IN 636, do último mês de março, que limitava 
o	benefício	a	empresas	em	regime	de	declaração	de	Imposto	
de Renda com base no lucro real. A IN 660 permite estender a 
desoneração ao regime de lucro presumido.
�� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
Engenheiros de Aqüicultura já podem 
solicitar registro no CREA
Aquaciência 2006 reuniu 
acadêmicos em Bento Gonçalves
O Presidente do CONFEA – Conselho Federal de En-
genharia, Arquitetura e Agronomia, Marcos Túlio de Melo, 
assinou em 30 de julho último, a Resolução 493 que autoriza 
os Creas – Conselhos Regionais, a registrarem os participantes 
do curso de Engenharia de Aqüicultura, portadores de diplomas 
registrados ou revalidados. A Resolução entende que o curso de 
Engenharia de Aqüicultura da Universidade Federal de Santa 
Catarina	foi	reconhecido	pela	Portaria		n°	2.105,	de	5	de	agosto	
de	2003,	do	Ministério	da	Educação,	e	que	o	profissional	dele	
egresso	está	qualificado	para	dominar	a	prática	e	a	 teoria	da	
aqüicultura	relacionada	à	pesquisa,	à	transferência	de	tecnologia,	
O	 frio	prometido	pelos	organizadores	do	Aquaciência	
2006,	não	decepcionou	e	foram	bem	gelados	os	dias	em	Bento	
Gonçalves-RS durante o evento, criando um clima bastante 
agradável	para	a	degustação	dos	famosos	vinhos	da	região.
O evento acadêmico reuniu mais de 500 cientistas, estu-
dantes e pesquisadores, principalmente dos estados das Regiões 
Sul	e	Sudeste.	Na	abertura,	foram	saudados	pelo	ministro	da	
Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da Re-
pública	(SEAP/PR),	Altemir	Gregolin,	que	defendeu	a	pesquisa	
como instrumento estratégico para o desenvolvimento da aqüi-
cultura. Segundo Gregolin, a Seap liberou nos últimos meses, 
mais	de	18	milhões	de	reais	em	editais	específicos	voltados	à	
pesquisa	científica	em	aqüicultura	e	pesca,	tendo	sido	estabeleci-
das parcerias com o Ministério da Ciência e Tecnologia e com o 
CNPq. Esses projetos, segundo o ministro, garantem a realização 
de pesquisas com espécies importantes para o desenvolvimento 
da cadeia produtiva do setor, como o pintado e o pirarucu. Além 
de	falar	dos	projetos	com	o	apoio	da	Seap,	Gregolin	citou	que	o	
Governo Federal vem ampliando os investimentos em pesquisa, 
ciência e tecnologia em todas as áreas. Segundo ele, os valores 
saltaram de 6,5 bilhões de reais em 2002 para mais de 10 bilhões 
de	reais	em	2006.	“A	produtividade	dos	trabalhos	científicos	no	
Brasil também cresceu cerca de 15%, passando de 13 mil para 
mais de 15,7 mil em 2006”, comentou. Gregolin acrescentou 
que a FAO destaca o potencial do Brasil para a produção de 
pescados, ressaltando que o país tem condições de produzir mais 
de 10 milhões de toneladas de pescado para atender a demanda 
mundial. O ministro disse ainda, que é de grande importância 
o desenvolvimento de um projeto de longo prazo, que leve em 
conta questões como a inclusão social, a organização da cadeia 
produtiva	e	o	fim	da	descontinuidade	nas	políticas	públicas,	além	
das questões ambientais.
Ainda na abertura do Aquaciência 2006, o público 
foi	 saudado	 com	 a palestra “Aqüicultura: 
uma solução ou um problema”	proferida	pelo	
professor	Jorge	Pa- blo Castello, da FURG, 
mostrando a im- portância da aqüicultura 
para o abasteci- mento	futuro	de	pescados	
e os cuidados que deveremos ter para que 
os	impactos	sejam	compatíveis	com	os	benefícios	que	a	ati-
vidade gera.
Mini-cursos, palestras e pôsteres sobre todos os temas 
da	aqüicultura	foram	apresentados	nos	quatro	dias	do	evento,	
com	grande	movimentação	de	estudantes	 e	profissionais.	A	
assembléia da AQUABIO – Sociedade Brasileira de Aqüi-
cultura e Biologia Aquática, realizada durante o Aquaciência 
2006, escolheu a cidade de Maringá para receber, em 2008, o 
próximo Congresso. 
à elaboração e avaliação de planos e projetos, à execução de 
projetos e à administração de empreendimentos aqüícolas.
	 Em	seu	artigo	dois,	a	Resolução	Confea	diz	que	“Com-
pete ao Engenheiro de Aqüicultura o desempenho das atividades 
1 à 18 do art. 1º da Resolução nº 218, de 29 de junho de 1973, 
referentes	ao	cultivo	de	espécies	aqüícolas,	construções	para	
fins	aqüícolas,	irrigação	e	drenagem	para	fins	de	aqüicultura,	
ecologia	e	aspectos	de	meio	ambiente	referentes	à	aqüicultura,	
análise e manejo da qualidade da água e do solo das unidades 
de cultivo e de ambientes relacionados a estes, cultivos de 
espécies aqüícolas integrados à agropecuária, melhoramento 
genético de espécies aqüícolas, desenvolvimento e aplicação da 
tecnologia	do	pescado	cultivado,	diagnóstico	de	enfermidades	
de espécies aqüícolas, processos de reutilização da água para 
fins	de	aqüicultura,	alimentação	e	nutrição	de	espécies	aqüíco-
las,	beneficiamento	de	espécies	aqüícolas	e	mecanização	para	
aqüicultura.”
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
O
p
in
iã
o
Conversa franca sobre o 
Licenciamento Ambiental da Aqüicultura
Por: Marcelo Barbosa Sampaio 
Oceanógrafo e Coordenador Geral de Aqüicultura 
Continental da SEAP/Secretaria Especial de 
Aqüicultura e Pesca/ Presidência da República 
marcelo@seap.gov.br
Quando o editor da Revista Panorama da Aqüicultura me 
convidou	para	falar	aos	leitores	sobre	a	estratégia	da	SEAP/PR	para	
promover a regularização dos empreendimentos de aqüicultura, com 
ênfase	no	licenciamento	ambiental,	percebi	uma	oportunidade,	mas	
me	deparei	com	o	desafio	de	verificar	se	nós,	aqui	dos	gabinetes	de	
Brasília/DF,	conseguimos	transformar	o	que	estamos	fazendo,	em	
uma	conversa	franca.
Para	começar	vou	precisar	fazer	uma	espécie	de	sobrevôo	em	
assuntos	que,	apesar	de	maçantes,	afetam	a	atividade	e	precisam	ser	
conhecidos pelos aqüicultores. Primeiro é necessário dizer que a aqüi-
cultura não está sob o manto de uma Lei – como aquelas votadas no 
Congresso Nacional – mas sim, de um conjunto de normas dispersas, 
baixadas por órgãos como a antiga SUDEPE, ou mais recentemente 
pelo	IBAMA,	CONAMA,	DPA	e	SEAP/PR,	sem	falar	em	outras	so-
pas	de	letrinhas	que	também	acabam	influenciando	a	nossa	atividade.	
Isso	torna	tudo	muito	instável	e	de	difícil	compreensão.
Por	não	termos	uma	regulamentação	unificada	e	específica,	
as	normas	que	são	usadas	para	a	aqüicultura	são	fruto	de	um	ajus-
tamento de normas pré-existentes, criadas para outras atividades. É 
como	se	vestíssemos	as	roupas	de	outras	pessoas,	cujo	porte	físico	
fosse	muitíssimo	diferente	do	nosso...	Em	alguns	casos,	a	diferença	
parece mesmo ser de gênero! Não que eu seja um legalista ou que 
queira regular tudo, muito pelo contrário, acho até que há normas de 
mais	e	eficiência	de	menos.	Mas,	no	Brasil,	onde	vale	o	que	está	es-
crito, é necessário buscar, ao menos, que as normas percebam nossas 
peculiaridades,	sob	pena	de	sermos	engessados	e	asfixiados.
Outra questão a ser considerada é a concentração da regu-
lamentação	no	âmbito	federal,	o	que	ocorre	pelo	excesso	de	des-
confiança	sobre	a	capacidade,	competência	e	susceptibilidade	dos	
órgãos estaduais às pressões políticas. Fato é que: ao tentar perceber 
todas as realidades de um país continental aqui nas salas de reuniões 
da Capital Federal acaba-se por produzir uma série interminável 
de erros, ainda mais quando se trata de uma atividade com baixa 
representatividade.
Talvez	alguns	me	critiquem	por	acreditar	que	cabe	à	esfera	
federal	fazer	a	moldura,	e	aos	demais	entes	da	federaçãopintar	o	
quadro. Neste sentido, mais recentemente, venho tendo mostras dos 
setores mais maduros da área ambiental, de que este é sim o caminho 
correto. Temos que lidar com a realidade e, na maioria das vezes, 
não adianta nadar contra a maré de um sistema consolidado. Tal 
constatação,	nos	levou	a	buscar	ferramentas	para	melhor	defender	
os interesses da aqüicultura, e a oportunidade veio com a criação 
da SEAP/PR, que nos deu musculatura política para buscar ocupar 
cadeiras no CONAMA, no CNRH, na CONABIO, na CTNBIO, 
além	de	outros	colegiados,	onde	assuntos	que	nos	afetam	no	dia-a-dia	
estavam sendo tratados, porém nossa capacidade de articulação era 
ínfima.	Para	este	novo	momento,	fizemos	uma	avaliação	crítica	
e	percebemos	que	as	nossas	dificuldades	não	se	encontravam	
apenas no arcabouço legal ou na interminável burocracia. Há 
também carências históricas de planejamento e de avaliações 
estratégicas que poderiam minimizar os custos do licenciamento 
ambiental,	além	de	conduzi-lo	a	uma	simplificação.
Na prática, temos duas linhas estratégicas principais a 
serem	trilhadas.	A	primeira,	diz	respeito	à	formatação	de	Re-
soluções	do	CONAMA	que	estabeleçam	critérios	e	referências	
para o licenciamento ambiental da aqüicultura. Estas deverão 
trazer parâmetros qualitativos que vão permitir enquadrar os 
empreendimentos	conforme	o	seu	potencial	de	impacto.	Dessa	
forma,	espera-se	uma	redução	dos	custos	e	da	complexidade	dos	
procedimentos de licenciamento para aqueles empreendimentos reco-
nhecidamente de baixo e médio impacto, e por outro lado, possibilitar 
uma orientação clara aos empreendedores de maior porte.
Faz parte dessa linha de atuação, também, a resolução que 
irá tratar das espécies exóticas aquáticas, já que grande parte da 
aqüicultura nacional as emprega em seus sistemas de cultivo e, em 
geral, essas espécies têm alto potencial zootécnico (produtividade, 
rusticidade etc). A segunda linha de atuação trata de um modelo de 
planejamento estratégico que consiste de uma avaliação ambiental 
estratégica	–	AAE,	setorial	(específica	para	a	aqüicultura)	e	de	am-
plitude regional, como são os estudos para a demarcação de parques 
aqüícolas.	Estratégia	que	merece	algum	aprofundamento.
Hoje, no Brasil, os órgãos ambientais aplicam com maior 
freqüência	as	avaliações	de	impacto	ambiental	–	AIA,	usando	como	
base os Relatórios de Impacto Ambiental – RIMA. Essas avalia-
ções	 têm	como	foco	os	empreendimentos	 individualizados,	com	
baixa	eficiência	para	avaliar	os	reais	impactos	de	empreendimentos	
múltiplos e impondo ao empreendedor o ônus de aportar todo um 
complexo	conjunto	de	informações,	que	elevam	os	custos	e	tornam	
o procedimento complexo. Este modelo coloca o licenciador numa 
constante	condição	de	desconforto	e	insegurança	para	a	emissão	das	
licenças, ou seja, complicando as análises.
Nos estudos de parques aqüícolas o poder público, através 
da SEAP/PR, chama para si a responsabilidade por aportar todo 
o	conjunto	de	informações	necessário	ao	licenciamento	e	planeja	
a	atividade	para	um	dado	espaço	geográfico,	como	por	exemplo	
um grande reservatório de hidrelétrica ou uma enseada em águas 
marinhas. Este planejamento é concebido de maneira participa-
tiva,	 considerando	 fatores	 sócio-econômicos	e	 culturais,	 além	
das aptidões técnicas e da capacidade de suporte dos ambientes. 
Tudo	isso	conduz	ao	licenciamento	simplificado	de	grupos	de	
empreendimentos e, principalmente, a uma maior segurança 
quanto à sustentabilidade ambiental.
Eu não poderia deixar de reconhecer que observamos certa 
guinada	de	pensamento	sobre	a	aqüicultura,	fato	que	credito	à	maior	
difusão	de	informações	sobre	a	atividade,	e	que	vem	provocando	
nos distintos órgãos envolvidos no processo de regularização uma 
mudança de postura (para melhor!).
Esta uma parcela do trabalho que conduzimos. Deixo aqui o 
registro da necessidade de maior participação dos interessados para 
orientar as condutas da equipe de aqüicultura da SEAP/PR, no sentido 
de estarmos cada vez mais próximos dos reais anseios do setor.
Saudações aqüícolas.
�� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
�� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
ACalendário qüícola
Anunciantes da Edição 96
ACQUA SUPRE 34
AGRIBRANDS PURINA DO BRASIL 68
AGROBOMBAS 46
AGROINDUSTRIAL SÓ PEIXES 11
ALFAKIT EQUIPAMENTOS PARA ANÁLISE 32
AQUAFAUNA BIO-MARINE 52
BIOGERMEX 06
BLUE WATER AQUACULTURE – BWA 60
BLUE FISH PISCICULTURA 08
BRAZIL FRUITS OF THE SEA 61
BR FISH 59
BRUSINOX IND. E COM. DE MÁQUINAS 42
ESCAMA FORTE PISCICULTURA 09
ENGEPESCA REDES PARA AQÜICULTURA 50
FERRAZ MÁQUINAS 37
GENEFORTE 26
HIPÓFISES E OVOPEL 07
INFOLINK 11
INSPECTORATE DO BRASIL 23
MACCAFERRI DO BRASIL 26
MALTA CLEYTON 20
MARITECH BRASIL 52
MAXFIO 08
MOANA HIPÓFISE 09
NUTRON ALIMENTOS/PROÁQUA 02
PELETIZADORAS CHAVANTES 18
PISCICULTURA AQUABEL 46
PISCICULTURA ARACANGUÁ 54
PISCICULTURA BURITI 11
PISCICULTURA FAZ. PACIÊNCIA 46
PIRACEMA HIPÓFISE 06
POLI-NUTRI ALIMENTOS 52
PRECIOUS FISH – VENDA DE FAZENDA 10
PROTEUS 10
RAÇÕES GUABI 67
RAÇÕES FRI-RIBE 28
SINDIRAÇÕES 64
SOCIL EVIALIS NUTRIÇÃO ANIMAL 36
SOLAR INSTRUMENTAÇÃO 22
TELAS RHV 22
TEXTIL SAUTER 18
VANSIL IND. COMÉRCIO 18
SETEMBRO
16-18 - II ENPAP – Encontro Nacional de Pis-
cicultura em Águas Públicas – Será realizado no 
Auditório Central de Ilha Solteira/ SP. Inf.: (18) 
3694-7266 ou anpap2006@yahoo.com.br
18-22 - Curso de Piscicultura (Abate e Orna-
mental) para Produtores Rurais - Será realizado 
pelo SENAR-MG, em MG. Inf.: (37) 8816-2341.
19-22- "EEI 2006" 2º Congresso Nacional so-
bre Espécies Exóticas Invasoras – Será realizado 
em Leon - Espanha. Inf.: www.invasionesbiolo-
gicas.org.es ou e-mail: info@geib.org.es
21-22- Doenças e Parasitoses dos Peixes Cul-
tivados – Será realizado em Jundiaí – SP pelo 
instrutor Fernando Kubitza. Inf.: 11-4587-2496 
ou www.acquaimagem.com.br
23- "Aproveitamento do Resíduo do Pescado" 
Será realizado na ABRACOA em São Paulo/SP. 
Inf.: (11) 3672-8274, www.abracoa.kit.net ou 
abracoa@uol.com.br
25-29 - Curso de Piscicultura (Abate e Orna-
mental) para Produtores Rurais - Será realizado 
em Varginha/ MG. Inf.: (35) 3212-2417.
27-29 – IV Seminário Estadual de Maricultura 
Será realizado pelo Sebrae/RJ em Angra dos Reis/ 
RJ. Inf.: 24- 3365-2799, rzsilva@rj.sebrae.com.
br ou balcaoangra@rj.sebrae.com.br 
OUTUBRO
02-06 - Curso de Piscicultura (Abate e Orna-
mental) para Produtores Rurais - Será realizado 
pelo SENAR-MG, em Campestre/ MG. Inf.: (35) 
3743-1270 c/ Aurelúcia.
17-21- Curso de Piscicultura (Abate e Orna-
mental) para Produtores Rurais - Será realizado 
pelo SENAR-MG, em Divinópolis/ MG. Inf.: (37) 
9968-7801 c/ Henrique.
18-20 - I Conferência Latino Americana sobre 
Cultivo de Peixes Nativos – Será realizada em 
Michoacán, México. Inf.: www.aqua.stir.ac.uk/
GISAP/Conference/index.htm
19-20 - Projetos Aqüícolas: Planejamento, Orça-
mento e Análise da Viabilidade Econômica – Será 
realizado em Jundiaí/SP por Fernando Kubitza. Inf.: 
11-4587-2496 ou www.acquaimagem.com.br
23-27 - Curso de Piscicultura (Abate e Orna-
mental) para Produtores Rurais - Será realizado 
em Divinópolis/ MG. Inf.: (37) 9968-7801.
23-27 - IX ENBRAPOA – Encontro Brasileiro de 
Patologias de Organismos Aquáticos – Será reali-
zado em Maceió/ AL. Inf.: www.abrapoa.org.br
25-26- V Seminário Estadual de Aqüicultura 
Interior – Será realizado pelo Sebrae/RJ. Inf.: Tel: 
24-3347-5845 ou convpirai01@rj.sebrae.com.br
25-27 – Biofach América Latina e Expo Sus-
tentat – Serão realizadas em São Paulo, SP. Inf.: 
www.biofach-americalatina.com.br
26- Seminário sobre Aqüicultura do Sindirações 
O evento do COAqua engloba as principais empre-
sas fabricantes de rações para peixes e camarão. 
Será realizado em São Paulo-SP . Inf.: Tel.: (11) 
3541-1212, www.alimentacaoanimal.org.br
NOVEMBRO
06-10 – III SEMAQUI (Semana de Aqüicultura 
da UFSC) - Será realizadono CCA na UFSC.Inf.: se-
maqui@yahoo.com.br ou www.semaqui.ufsc.br
06-10 - Curso de Piscicultura (Abate e Orna-
mental) para Produtores Rurais - Será realizado 
em Itaúna/ MG. Inf.: (37) 8816-2341.
09-10- Estratégias Avançadas de Manejo na 
Piscicultura – Será realizado em Jundiaí/SP por 
Fernando Kubitza. Inf.: 11-4587-2496.
15-17- VIII Simposio Internacional en Nutrici-
ón Acuícola – Será realizado em Sinaloa, México. 
Inf.: www.ciad.mx/mazatlan/viiisina.htm
23-24- Correção e Controle da Qualidade da 
Água em Piscicultura – Será realizado em Jun-
diaí/SP por Fernando Kubitza. Inf.: 11-4587-2496 
ou www.acquaimagem.com.br.
24- Curso: “Piscicultura na Região Sudoeste 
Paulista” - Será realizado pela APTA em Capão 
Bonito/ SP. Inf.: www.aptaregional.sp.gov.br
29-03/12- II SEGAP - Seminário de Gestão 
Socioambiental para o Desenvolvimento 
Sustentável da Aqüicultura e da Pesca no 
Brasil – Será realizado na UFRJ. Inf.: Tel: (21) 
2220-2097 ou www.sage.coppe.ufrj.br
DEZEMBRO
07-08 - Produção Comercial de Alevinos de 
Tilápia – Será realizado em Jundiaí – SP pelo 
instrutor Fernando Kubitza. Inf.: 11-4587-2496 
ou www.acquaimagem.com.br
11-14 - XII SEP – 12a edição da Semana do 
Engenheiro de Pesca - Será realizada na UFRPE, 
em Recife/ PE. Inf.: (81) 3320-6501 ou e-mail: 
mcfs@ufrpe.br
��Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
�� Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2006
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	Capa Edição 96 - Julho/Agosto - 2006
	Editorial Edição 96
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	Notícias & Negócios OnLine
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	Cultivos em Meios com Flocos Microbianos
	Boas coletas garantem bons diagnósticos
	Atenção no manejo dos peixes na saída do inverno
	Aparas da filetagem da tilápia se transformam em polpa condimentada
	Coletores de sementes de mexilhão
	Pirarucu: O manejo e seleção nas instalações do DNOCS
	Brasil e o mercado americano de camarões
	Purina tem novidades para a Carcinicultura
	Maritech amplia seus horizontes no Brasil
	Grupo Ypióca em parceria com a Nutron Alimentos inaugura unidade de produção de ração
	Falta de análises de resíduos quase barra exportação de pescados brasileiros para a União Européia
	Lançamento Editorial Aqüicultura Capixaba: da produção ao mercado aqüicultura.
	Ministério da Fazenda isenta produtos aqüícolas de PIS e Cofins
	Maricultura em Santa Catarina é beneficiada pelo Programa Juro Zero da FINEP
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	Conversa franca sobre o Licenciamento Ambiental da Aqüicultura
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