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Resumo Doença de Chagas

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Roteiro Chagas
Faculdade de Medicina da Universidade de Rio Verde
Aluna: Geórgia Gama Bonifácio
AGENTE ETIOLÓGICO
O Trypanosoma cruzi é um protozoário unicelular flagelado causador da Doença de Chagas.
O T. cruzi é caracterizado pela presença de um único flagelo, uma mitocôndria grande e pelo cinetoplasto, um compartimento na mitocôndria que contém DNA.
A Doença de Chagas é transmitida através das fezes de um inseto, o barbeiro, que contém as formas infectantes do T. cruzi.
FORMAS DE VIDA
Durante o seu ciclo de vida, o T. cruzi pode apresentar três formas morfológicas: amastigota, epimastigota e tripomastigota.
Amastigota: apresenta forma arredondada. O núcleo e o cinetoplasto não são observados com microscópios ópticos. Não possui flagelos. Presente na fase intracelular, durante a fase crônica da doença.
Epimastigota: apresenta tamanho variável com formato alongado e núcleo semi-central. Representa a forma encontrada no tubo digestivo do barbeiro, o vetor da doença de chagas.
 Tripomastigota: apresenta formato alongado e fusiforme em forma de “c” ou “s”. É a forma presente na fase extracelular, que circula no sangue, na fase aguda da doença. É a forma infectante para os vertebrados.
Transmissão
As principais formas de transmissão da doença de chagas são:
Vetorial: contato com fezes de triatomíneos infectados, após picada/repasto (os triatomíneos são insetos popularmente conhecidos como barbeiro, chupão, procotó ou bicudo).
Oral: ingestão de alimentos contaminados com parasitos provenientes de triatomíneos infectados.
Vertical: ocorre pela passagem de parasitos de mulheres infectadas por T. cruzi para seus bebês durante a gravidez ou o parto. Em ambientes desmatados ou alterados também pode haver transmissão vetorial.
Transfusão de sangue ou órgãos de doadores infectados a receptores sadios.
Acidental: pelo contato da pele ferida ou de mucosas com material contaminado durante manipulação em laboratório ou na manipulação de caça.
 
O período de incubação da Doença de Chagas, ou seja, o tempo que os sintomas começam a aparecer a partir da infecção, é dividido da seguinte forma:
· Transmissão vetorial: de 4 a 15 dias.
· Transmissão transfusional/transplante: de 30 a 40 dias ou mais.
· Transmissão oral: de 3 a 22 dias.
· Transmissão acidental: até, aproximadamente, 20 dias.
Ciclo de vida
Ciclo do T. cruzi no barbeiro (Triatomíneo)
· O barbeiro alimenta-se de sangue humano ou animal, contendo as formas infectivas tripomastigotas sanguíneas;
· No estômago do barbeiro as formas tripomastigotas, se diferenciam em epimastigotas e se multiplicam por divisão binária; 
· Na porção final do intestino do inseto, as formas epimastigotas se diferenciam em formas infectantes tripomastigotas metacíclicas que serão liberadas juntamente com as fezes na próxima alimentação. 
Ciclo do T. cruzi no homem (ou animal mamífero) 
· Triatomíneos infectados se alimentam e liberam em suas fezes formas tripomastigotas metacíclicas. Ao se coçar, o indivíduo leva o parasita presente nas fezes do barbeiro até o local da picada, por onde o parasita pode penetrar, invadindo células. 
· No interior das células, a forma tripomastigota perde o seu flagelo e se multiplica sob a forma amastigota.
· Após multiplicar-se, a forma amastigota se diferencia em tripomastigota (flagelada), rompe a célula infectada e vai para a circulação sanguínea, até infectar outra célula. 
· Alimentos contaminados (carne mal passada de animais silvestres, suco de frutos) com fezes de barbeiro infectadas com o Trypanosoma cruzi também podem iniciar uma infecção no homem pois os parasitos são capazes de infectar células da boca e do estômago, se transformam em amastigotas e posteriormente vão para corrente sanguínea como formas tripomastigotas infectantes.
Diagnóstico
A doença é diagnosticada por exame de sangue. Ainda não existe vacina contra a doença de Chagas e a melhor maneira de enfrentá-la é com prevenção e controle, combatendo sistematicamente os vetores, mediante o emprego de inseticidas eficazes, construção ou melhoria das habitações de maneira a torná-las inadequadas à proliferação dos vetores, eliminação dos animais domésticos infectados, uso de cortinados nas casas infestadas pelos vetores, controle e descarte do sangue contaminado pelo parasita e seus derivados.
Na fase aguda da doença de Chagas, o diagnóstico se baseia na presença de febre prolongada (mais de 7 dias) e outros sinais e sintomas sugestivos da doença, como fraqueza intensa e inchaço no rosto e pernas, e na presença de fatores epidemiológicos compatíveis, como a ocorrência de surtos (identificação entre familiares/contatos).
Já na fase crônica, a suspeita diagnóstica é baseada nos achados clínicos e na história epidemiológica, porém ressalta-se que parte dos casos não apresenta sintomas, devendo ser considerados os seguintes contextos de risco e vulnerabilidade:
· Ter residido, ou residir, em área com relato de presença de vetor transmissor (barbeiro) da doença de Chagas ou ainda com reservatórios animais (silvestres ou domésticos) com registro de infecção por T. cruzi;
· Ter residido ou residir em habitação onde possa ter ocorrido o convívio com vetor transmissor (principalmente casas de estuque, taipa, sapê, pau-a-pique, madeira, entre outros modos de construção que permitam a colonização por triatomíneos);
· Residir ou ser procedente de área com registro de transmissão ativa de T. cruzi ou com histórico epidemiológico sugestivo da ocorrência da transmissão da doença no passado;
· Ter realizado transfusão de sangue ou hemocomponentes antes de 1992;
· Ter familiares ou pessoas do convívio habitual ou rede social que tenham diagnóstico de doença de Chagas, em especial ser filho (a) de mãe com infecção comprovada por T. cruzi.
O diagnóstico na fase aguda está caracterizado pela visualização do parasita no exame direto de sangue ao microscópio (provas parasitológicas diretas). O diagnóstico na fase crônica é feito usando sorologia para detectar a presença de anticorpos (IgG anti-T.cruzi) como resposta do sistema imune contra a infecção.
Epidemiologia
A doença de Chagas é considerada uma antropozoonose, uma doença que liga o homem aos animais, a partir da domiciliação dos vetores, deslocados de seus nichos silvestres originais, pela ação do homem sobre o ambiente. Primariamente ocorre apenas nas Américas, em virtude da distribuição do vetor estar restrita a este continente. Entretanto, são registrados casos em países não endêmicos por outros mecanismos de transmissão ou pela migração intensa de latino-americanos para outros continentes.
No Brasil, atualmente predominam os casos crônicos de doença de Chagas decorrentes de infecções adquiridas no passado. No entanto, nos últimos anos, a ocorrência de doença de Chagas aguda (DCA) tem sido observada nos estados da Amazônia Legal, com ocorrência de casos isolados em outros estados. 
Hoje, o perfil epidemiológico da doença apresenta um novo cenário com a ocorrência de casos e surtos na Amazônia Legal por transmissão oral e vetorial (sem colonização e extradomiciliar). Com isso, evidenciam-se duas áreas geográficas onde os padrões de transmissão são diferenciados: a) a região originalmente de risco para a transmissão vetorial, onde ações de vigilância epidemiológica, entomológica e ambiental devem ser concentradas, com vistas à manutenção e sustentabilidade da interrupção da transmissão da doença pelo T. infestans e por outros vetores passíveis de domiciliação; b) a região da Amazônia Legal, onde a doença de Chagas não era reconhecida como problema de saúde pública, as ações de vigilância devem ser estruturadas e executadas de forma extensiva e regular na região por meio de: detecção de casos febris, apoiada na vigilância da malária; identificação e mapeamento de marcadores ambientais, a partir do reconhecimento das áreas preferenciais das diferentes espécies de vetores prevalentes e na investigação de situações em que há evidências ou suspeita de domiciliação de alguns vetores. 
Surtos de doença de Chagas aguda relacionados à ingestão de alimentoscontaminados (caldo de cana, açaí, bacaba, entre outros) e casos isolados por transmissão vetorial extradomiciliar vem ocorrendo especialmente na Amazônia Legal. No período de 2000 a 2011, foram registrados mais de mil e duzentos casos, 70% por transmissão oral, 7% por transmissão vetorial e 22% sem identificação do modo de transmissão. 
A alteração do quadro epidemiológico da doença de Chagas no Brasil promoveu a mudança nas ações e estratégias de vigilância, prevenção e controle, por meio da adoção de um novo modelo de vigilância epidemiológica, de acordo com os padrões de transmissão da área geográfica: 
1. Regiões originalmente de risco para a transmissão vetorial (AL, BA, CE, DF, GO, MA, MG, MS, MT, PB, PE, PI, PR, RN, RS, SE, SP, TO): vigilância epidemiológica visa detectar a presença e prevenir a formação de colônias domiciliares do vetor; atenção integral aos portadores crônicos da infecção.
2. Amazônia Legal (AC, AM, AP, RO, RR, PA, parte do TO, MA e do MT): vigilância centrada na detecção precoce de casos agudos e surtos e apoiada na Vigilância Epidemiológica da Malária, pela capacitação de microscopistas para identificação de T. cruzi nas lâminas para diagnóstico da malária e nas ações preventivas da vigilância sanitária sobre as cadeias produtivas de alimentos. 
Profilaxia
A prevenção da doença de Chagas está intimamente relacionada à forma de transmissão.
Uma das formas de controle é evitar que o inseto “barbeiro” forme colônias dentro das residências, por meio da utilização de inseticidas residuais por equipe técnica habilitada.
Em áreas onde os insetos possam entrar nas casas voando pelas aberturas ou frestas, podem-se usar mosquiteiros ou telas metálicas.
Recomenda-se usar medidas de proteção individual (repelentes, roupas de mangas longas, etc.) durante a realização de atividades noturnas (caçadas, pesca ou pernoite) em áreas de mata.
Quando o morador encontrar triatomíneos no domicílio:
· Não esmagar, apertar, bater ou danificar o inseto;
· Proteger a mão com luva ou saco plástico;
· Os insetos deverão ser acondicionados em recipientes plásticos, com tampa de rosca para evitar a fuga, preferencialmente vivos;
· Amostras coletadas em diferentes ambientes (quarto, sala, cozinha, anexo ou silvestre) deverão ser acondicionadas, separadamente, em frascos rotulados, com as seguintes informações: data e nome do responsável pela coleta, local de captura e endereço.
Em relação à transmissão oral, as principais medidas de prevenção são:
· Intensificar ações de vigilância sanitária e inspeção, em todas as etapas da cadeia de produção de alimentos suscetíveis à contaminação, com especial atenção ao local de manipulação de alimentos.
· Instalar a fonte de iluminação distante dos equipamentos de processamento do alimento para evitar a contaminação acidental por vetores atraídos pela luz.
· Realizar ações de capacitação para manipuladores de alimentos e de profissionais de informação, educação e comunicação.
· Resfriamento ou congelamento de alimentos não previne a transmissão oral por T. cruzi, mas sim o cozimento acima de 45°C, a pasteurização e a liofilização.
Transmissão vetorial: controle químico de vetores com inseticidas quando a investigação entomológica indicar a presença de triatomíneos domiciliados; melhoria habitacional em áreas de alto risco suscetíveis a domiciliação. 
Transmissão transfusional: manutenção do controle de qualidade rigoroso de hemoderivados. 
Transmissão vertical: identificação de gestantes chagásicas na assistência pré-natal ou de recém-nascidos por triagem neonatal para tratamento precoce. Transmissão oral: cuidados de higiene na produção e manipulação artesanal de alimentos de origem vegetal. 
Transmissão acidental: utilização de equipamento de biossegurança.
Tratamento
O tratamento da doença de chagas deve ser indicado por um médico, após a confirmação da doença. O remédio, chamado benznidazol, é fornecido pelo Ministério da Saúde, gratuitamente, mediante solicitação das Secretarias Estaduais de Saúde e deve ser utilizado em pessoas que tenham a doença aguda assim que ela for identificada. 
Para as pessoas na fase crônica, a indicação desse medicamento depende da forma clínica e deve ser avaliada caso a caso.

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