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1 MÓDULO I: DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS ANA LUÍZA A. PAIVA – 5° PERÍODO 2022/2 OBJETIVOS 1. Correlacionar condições socioeconômicas e de Moradia com a incidência e prevalência da Doença de Chagas. 2. Analisar a epidemiologia, etiologia, ciclo, patogenia, manifestações clínica, diagnóstico, tratamento e prognóstico da Doença de Chagas. REFERÊNCIAS Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico- Doença de Chagas. Brasília, abr. 2021. Ministério da Saúde. Guia de Vigilância em Saúde. Brasília. 5ª ed., 2021. CONITEC. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Doença de Chagas, 2018. MARTINS, Mílton de A.; CARRILHO, Flair J.; ALVES, Venâncio Avancini F.; CASTILHO, Euclides. Clínica Médica, Volume 7: Alergia e Imunologia Clínica, Doenças da Pele, Doenças Infecciosas e Parasitárias. Editora Manole, 2016. INTRODUÇÃO E EPIDEMIOLOGIA A doença de Chagas (DC), também chamada de tripanossomíase americana. é uma doença tropical negligenciada, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi (T. cruzi), que pode manifestar- se de forma aguda ou crônica em função de condições de imunodepressão. Nas cidades, a migração favoreceu a transmissão por via transfusional tendo aumentado a partir dos anos de 1940, principalmente devido ao crescente número de transfusões de sangue, visto que ainda não era realizado a triagem sorológica de doadores. Apesar da grande redução na incidência dos casos nos últimos 15 anos, a ocorrência dos novos casos está relacionada, em sua maioria, à transmissão oral pela ingestão de alimentos contaminados, principalmente na região amazônica, bem como à transmissão vetorial extradomiciliar. A distribuição espacial da doença é limitada primariamente ao continente americano devido a distribuição de mais de 140 espécies do inseto vetor. No entanto, a doença tem alcançado países não endêmicos através do deslocamento de pessoas infectadas e por meio de outros mecanismos de transmissão. As baixas condições socioeconômicas e habitacionais, contribuem para o aumento do número de casos diagnosticados. A palha, utilizada como matéria-prima em moradias precárias em áreas rurais e as péssimas condições de trabalho rural cria um ambiente propício para a proliferação de vetores. No mundo, estima-se que de 6 a 7 milhões de pessoas, a maioria na América Latina, estejam infectadas com Trypanosoma cruzi, segundo a OMS. Já no Brasil há pelo menos um 1 milhão de pessoas infectadas por Trypanosoma cruzi atualmente. No período de março a agosto de 2020 foram registrados no país 1.746 óbitos, dos quais 29 registros mencionam a COVID-19 ou SRAG como comorbidade que contribuiu para óbito. Em 2020, foram confirmados 146 casos de DCA no Brasil, com uma letalidade de 2%, sendo que todos os óbitos ocorreram no estado do Pará. Em 2020, a região Norte apresentou a maior taxa de incidência da doença. Recentemente a DC assumiu uma importância epidemiológica, já que, as enfermidades cardiovasculares são fatores de risco para agravamento da COVID-19. Sabe-se que o SARS- CoV-2 se liga ao receptor humano da enzima conversora da angiotensina 2 (ECA2), podendo desencadear uma resposta inflamatória levando à lesão e disfunção progressiva do miocárdio. Doença de Chagas Problema 04 2 MÓDULO I: DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS ANA LUÍZA A. PAIVA – 5° PERÍODO 2022/2 A Portaria n.º 1.061 de 18 de maio de 2020, incluiu a doença de Chagas crônica na Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública. AGENTE ETIOLÓGICO A doença de Chagas é causada pelo Trypanosoma cruzi, um protozoário flagelado da família Trypanosomatidae, que tem seu ciclo de vida em hospedeiros vertebrados (mamíferos) e invertebrados (triatomíneos). O protozoário apresenta 3 formas evolutivas diferentes, tanto no homem quanto no inseto vetor: amastigota, epimastigota e tripomastigota. Amastigota: fase intracelular, sem organelas de locomoção, com pouco citoplasma e núcleo grande. Está presente na fase crônica da doença. Epimastigota: forma encontrada no tubo digestivo do vetor, não é infectante para os vertebrados. Possui flagelo e membrana ondulante. Tripomastigota: fase extracelular, que circula no sangue. Apresenta flagelo e membrana ondulante em toda a extensão lateral do parasito. Esse estágio evolutivo está presente na fase aguda da doença, constituindo a forma infectante para os vertebrados. VETORES São insetos da subfamília Triatominae (Hemiptera, Reduviidae), conhecidos popularmente como barbeiro, chupão, procotó ou bicudo. Tanto os machos quanto as fêmeas são hematófagos em todas as fases de seu desenvolvimento. Existem 18 gêneros de triatomíneos, mas a espécie mais importante na transmissão no Brasil é o Triatoma infestans. Outros triatomíneos apresentam importância em algumas regiões do país, como o Rhodnius prolixus, encontrado em focos silvestres, principalmente na Amazônia, e o Panstrongilus megistus, mais domiciliar no norte de Minas Gerais e na Bahia. Panstrongylus POSSÍVEIS AMBIENTES DOS TRIATOMÍNEOS Ambiente Silvestre: ninhos de pássaros, buracos de árvores e em palmeiras. Peridomicílio: galinheiros, currais, amontoados de madeiras e paióis Intradomicílio: podem colonizar é dentro de casas, onde o ambiente é favorável ao seu desenvolvimento. RESERVATÓRIOS Centenas de espécies de mamíferos (silvestres, domésticos e sinantrópicos) presentes em todos os biomas do Brasil podem ser consideradas reservatórios, como quatis, gambás e tatus, que se aproximam de casas no meio rural (galinheiros, currais, depósitos) e na periferia das cidades; e algumas espécies de morcegos, por compartilharem ambientes comuns ao homem e a animais domésticos. TRANSMISSÃO O vetor (triatomíneo), ao se alimentar de mamíferos infectados com elevada parasitemia, Triatoma Rhodnius 3 MÓDULO I: DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS ANA LUÍZA A. PAIVA – 5° PERÍODO 2022/2 pode se infectar e, ao se alimentar novamente, infecta outro mamífero, inclusive o ser humano. Vetorial: acontece pelo contato do homem com as excretas contaminadas dos triatomíneos que, ao picarem, costumam defecar após o repasto, eliminando formas infectantes do parasito, que penetram pelo orifício da picada, pelas mucosas ou por solução de continuidade deixada pelo ato de coçar. Vertical: ocorre, principalmente, pela via transplacentária em qualquer fase da doença (aguda ou crônica). A transmissão pode ocorrer durante a gestação ou no momento do parto. Há possibilidade de transmissão pelo leite, durante a fase aguda da doença. Já na fase crônica, a transmissão durante a amamentação pode ocorrer em casos de sangramento por fissura mamária, e não propriamente pelo leite. Via oral: acontece quando há ingestão de alimentos contaminados, seja com triatomíneo ou por fezes infectadas, bem como pela secreção das glândulas anais de marsupiais infectados. Também pode ocorrer por meio da ingestão de carne crua ou malcozida proveniente de animais de caça infectados. A infecção ocorre em espaços geográficos definidos, em um determinado tempo restrito, pela ingestão de fonte comum. É o tipo de transmissão que geralmente está associada aos surtos da enfermidade, mas também pode ocorrer em casos isolados. Transfusional: ocorre pelo sangue contendo as formas tripomastigotas de T. cruzi quando transfundido em indivíduo hígido. No Brasil, devido à efetividade do controle de serviços de hemoterapia e, consequentemente, à maior qualidade do sangue para transfusão, tem- se alcançado significativo impacto no controle da transmissão transfusional de T. cruzi. Contudo, em países não endêmicos (Canadá, Espanha, Estados Unidos e outros) e latino-americanos que estejam em processo de controle da transmissão vetorial, representa importante via de propagação da doença em centros urbanos. Transplante de órgãos: ocorre por meio da doação de órgão ou tecidos de doador infectado (em qualquer fase da doença) a receptor sadio. Acidentes laboratoriais: podem ocorrer pelo contato direto de mucosa ou pele lesada com culturas de T. cruzi e exposição às fezes de triatomíneos contaminadas ou sangue (de casos humanos ou de animais) contendo formas infectantes do parasito. Outras formas acidentais: foram registrados casos, principalmente em crianças, pela ingestão acidental do triatomíneo e/ou por contato direto com as excretas do inseto contaminado com T. cruzi Transmissão sexual: mulher que apresenta chagas ao se relacionar com parceiro durante o período menstrual pode transmitir, bem como, estudos apontaram presença de sêmen infectados. CICLO BIOLÓGICO Ciclo do T. cruzi no homem (ou animal mamífero) 1. O inseto vetor pica e defeca ao mesmo tempo. O tripomastigota presente nas fezes passa através da ferida na pele ao coçar ou esfregar. 2. Os tripomastigotas invadem as células e perdem seu flagelo, transformando -se em amastigotas. 3. Os amastigotas multiplicam-se dentro das células assexuadamente 4. Após multiplicar-se, a forma amastigota se diferencia em tripomastigota(flagelada), rompe a célula infectada e vai para a circulação sanguínea, até infectar outra célula. Ciclo do T. cruzi no barbeiro (Triatomíneo) 5. O barbeiro alimenta-se de sangue humano ou animal, contendo as formas infectivas tripomastigotas sanguíneas; 6. No estômago do barbeiro as formas tripomastigotas, se diferenciam em epimastigotas e se multiplicam por divisão binária; 7. Na porção final do intestino do inseto, as formas epimastigotas se diferenciam em formas infectantes tripomastigotas metacíclicas que 4 MÓDULO I: DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS ANA LUÍZA A. PAIVA – 5° PERÍODO 2022/2 serão liberadas juntamente com as fezes na próxima alimentação. FISIOPATOLOGIA Supõe-se que IL12, IF-gama e TNF-alfa desempenhem papel fundamental na fase aguda, seguindo-se ativação do macrófago e secreção de produtos intermediários do nitrogênio, capazes de controlar a replicação do parasita. Na fase crônica, além da presença do parasita para justificar o infiltrado inflamatório, deve-se considerar a falta de modulação da resposta imune com predomínio de resposta TH1 na miocardiopatia chagásica, com presença de linfócitos CD8 nos tecidos e secreção de citocinas inflamatórias, como IF-gama e TNF-alfa. Além disso, alguns autores consideram a ocorrência de denervação neuronal na fase aguda, com posterior regime parassimpaticoprivo, responsável pela dilatação da musculatura lisa e cardíaca. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS PERÍODO DE INCUBAÇÃO • Transmissão vetorial: 4 a 15 dias. • Transmissão oral: de 3 a 22 dias. • Transmissão transfusional: 30 a 40 dias ou mais. • Transmissão por acidentes laboratoriais: até 20 dias após exposição. FASE AGUDA (INICIAL) Sinal de porta de entrada • Sinal de Romaña: representa a reação do hospedeiro à penetração dos tripanossomas na mucosa ocular, gerando conjuntivite aguda, com edema bipalpebral, unilateral, indolor, róseo, acompanhado de linfadenopatia satélite pré- auricular, parotídea ou submaxilar. • Chagoma de inoculação: formação cutânea pouco saliente, endurecida, avermelhada, pouco dolorosa e circundada por edema elástico devido reação inflamatória à penetração do parasito, que se mostram descamativas após 2 ou 3 semanas. • Febre (geralmente constante, não superior a 39 ºC), mal-estar, cefaleia, astenia e hiporexia; • Edema (generalizado ou localizado em face ou membros inferiores) de consistência elástica ou mole, geralmente se apresentando após a segunda semana, sem relação com sinais de porta de entrada; • Exantemas • Linfonodos com aumento discreto a moderado no volume; • Hepatomegalia e/ou esplenomegalia pequena a moderada; • Miopericardite; • Encefalite; 5 MÓDULO I: DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS ANA LUÍZA A. PAIVA – 5° PERÍODO 2022/2 • Anemia, linfócitos com presença de linfócitos atípicos, plasmocitose e neutropenia relativa; • Alterações eletrocardiográficas No caso da DCA por transmissão oral, tem sido relatado: exantema cutâneo, hemorragia digestiva (hematêmese, hematoquezia ou melena), icterícia, aumento das aminotransferases, além de quadros mais frequentes e mais graves de insuficiência cardíaca. FASE CRÔNICA A parasitemia é baixa e intermitente. Inicialmente, é assintomática e sem sinais de comprometimento cardíaco e/ou digestivo, e pode apresentar-se com as formas elencadas a seguir: • Forma indeterminada: indivíduos soropositivos para T. cruzi e/ou com exame parasitológico positivo, mas apresentam-se assintomático e sem sinais de comprometimento do aparelho circulatório (clínica, eletrocardiograma e radiografia de tórax normais) e do aparelho digestivo (avaliação clínica e radiológica normais de esôfago e cólon). Esse quadro poderá perdurar por toda a vida do indivíduo infectado ou pode evoluir tardiamente para a forma cardíaca, digestiva ou associada (cardiodigestiva). • Forma cardíaca: evidências de acometimento cardíaco que, frequentemente, evolui para quadros de miocardiopatia dilatada e insuficiência cardíaca congestiva (ICC). Essa forma ocorre em cerca de 30% dos casos crônicos e é considerada responsável pela maior frequência de óbitos na doença de Chagas crônica (DCC). • Forma digestiva: evidências de acometimento do aparelho digestivo que pode evoluir para megacólon e/ou megaesôfago. Ocorre em cerca de 10% dos casos. • Forma associada ou mista (cardiodigestiva): ocorrência concomitante de lesões compatíveis com as formas cardíacas e digestivas. DIAGNÓSTICO São preconizados métodos parasitológicos diretos e/ou métodos sorológicos a depender da fase clínica da doença. FASE AGUDA Métodos parasitológicos diretos São os mais indicados nesta fase. É definido pela presença de parasitos circulantes, demonstráveis no exame direto do sangue periférico. • Pesquisa a fresco de tripanossomatídeos: execução rápida e simples, sendo mais sensível que o esfregaço corado. A situação ideal é a realização da coleta com paciente febril e dentro de 30 dias do início de sintomas. • Métodos de concentração: de rápida execução e baixo custo, são eles: Strout, micro-hematócritoe creme leucocitário. Recomendados como primeira escolha de diagnóstico para casos sintomáticos com mais de 30 dias de evolução, devido ao declínio da parasitemia com o decorrer do tempo. As amostras de sangue devem ser examinadas dentro de 24 horas, devido à possível lise dos parasitos. • Lâmina corada de gota espessa ou de esfregaço: tem menor sensibilidade que os métodos anteriores, sendo realizado prioritariamente na região da Amazônia Legal, em virtude da facilidade de sua utilização em concomitância com o diagnóstico da malária. Em casos de elevada parasitemia, como na fase aguda da doença, na transmissão transfusional e em pessoas com comprometimento imunológico, pode ser um achado casual no exame de esfregaço para contagem diferencial de leucócitos. Métodos sorológicos Constituem-se em métodos indiretos, não sendo os mais indicados para o diagnóstico de fase aguda. Podem ser realizados quando os exames parasitológicos forem negativos e a suspeita clínica persistir. • Detecção de anticorpos anti-T. cruzi da classe IgG: para confirmação, são necessárias 2 coletas 6 MÓDULO I: DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS ANA LUÍZA A. PAIVA – 5° PERÍODO 2022/2 com intervalo mínimo de 15 dias entre uma e outra,sendo preferencialmente de execução pareada, sorologia negativa na primeira amostra e positiva na segunda por qualquer um dos métodos (ensaio imunoenzimático. • Detecção de anticorpos anti-T. cruzi da classe IgM: é técnica complexa, e pode apresentar resultados falso-positivos em várias doenças febris. Para realizá-la, o paciente deve apresentar alterações clínicas compatíveis com DCA e história epidemiológica sugestiva. É mais adequada na fase aguda tardia, quando as repetições dos exames de pesquisa direta apresentarem resultados negativos. FASE CRÔNICA Nessa fase, o diagnóstico é essencialmente sorológico e deve ser realizado utilizando-se um teste com elevada sensibilidade em conjunto com outro de alta especificidade: HAI, IFI, ELISA n e quimioluminescência. A confirmação laboratorial de um caso de doença de Chagas na fase crônica ocorre quando há positividade em dois testes sorológicos de princípios distintos ou com diferentes preparações antigênicas. EXAMES COMPLEMENTARES GERAIS • Hemograma completo com plaquetas. • Urinálise (EAS). • Provas de função hepática. • Radiografia de tórax. • Eletrocardiografia convencional. • Provas de coagulação (TTPA). • Endoscopia digestiva alta. • Ecodopplercardiografia. • Exame do líquor. Por sua vez, quanto às pessoas na fase crônica, recomendam-se para avaliação inicial: • Eletrocardiograma (ECG) e radiografia de tórax. Pessoas na forma crônica indeterminada deverão realizar ECG convencional uma vez por ano. • Em caso de ECG com alterações cardíacas: ecocardiograma e, se possível, Holter. • Em casos suspeitos de megacólon e/ou megaesôfago: enema opaco e radiografia contrastada do esôfago. TRATAMENTO Os principais benefícios esperados do tratamento são a redução da parasitemia e da reativação da doença, melhora dos sintomas clínicos, aumento da expectativa de vida, redução de complicações clínicas (tanto na fase aguda quanto na crônica) e aumento da qualidade de vida. FASE DA DOENÇA DE CHAGAS FAIXA ETÁRIA TRATAMENTO ETIOLOGICO Aguda Todas as faixas etárias 1ª linha: benznidazol 2ª linha: nifurtimox Crônica indeterminada ou digestiva Crianças e adolescentes 1ª linha: benznidazol 2ª linha: nifurtimox Adultos < 50 anos 1ª linha: benznidazol Não usar nifurtimox Adultos ≥ 50 anos Não tratar de rotina** Crônica cardíaca (fases iniciais*) Todas as faixas etárias Decisão compartilhada Não usar nifurtimox Crônica cardíaca (doença avançada) Todas as faixas etárias Não tratar *Entende-se por cardiopatia chagásica em fases iniciais: casos com alterações no eletrocardiograma (ECG), com fração de ejeção (FE) > 40%, ausência de insuficiência cardíaca (IC) e ausência de arritmias graves. **Decisão compartilhada com o paciente para o tratamento do benznidazol no caso de não haver contraindicações. TRATAMENTO DAS COMPLICAÇÕES CLÍNICAS Complicações digestivas Megaesôfago 7 MÓDULO I: DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS ANA LUÍZA A. PAIVA – 5° PERÍODO 2022/2 • Adequação de hábitos alimentares (mastigar bem os alimentos, ingerir pequenos volumes por vez, dar preferência a alimentos líquidos e pastosos, evitar a ingestão de alimentos irritantes e antes de se deitar); • Drogas que relaxam o esfíncter esofágico inferior: nifedipina, dinitrato de isossorbida; • Injeção de toxina botulínica no esfíncter esofágico inferior; • Dilatação (por balão pneumático ou sonda); • Tratamento cirúrgico. Megacólon • Instruções dietéticas: dietas com alto teor de fibras, elevada ingestão de líquidos, restrição de alimentos constipantes; • Atender sistematicamente ao desejo de evacuar; • Evitar medicamentos constipantes (como opioides, diuréticos, anti-histamínicos, anticonvulsivantes, entre outros); • Laxativos emolientes ou osmóticos; • Supositórios com glicerol; • Enemas; • Tratamento cirúrgico; • Tratamento das complicações (remoção de fecaloma, redução de volvo, tratamento cirúrgico de perfurações). complicações cardiovasculares Amiodarona: antiarrítmico mais comumente utilizado e de baixo custo, podendo ser útil no tratamento de pessoas com doença de Chagas Heparina (fenômenos tromboembólicos). CONTROLE Transmissão vetorial • Manter quintais limpos, evitando acúmulo de materiais, e manter criações de animais afastadas da residência. • Não confeccionar coberturas para as casas com folhas de palmeira. Quando o morador encontrar triatomíneos no domicílio: • Não esmagar, apertar, bater ou danificar o inseto. • Proteger a mão com luva ou saco plástico. Transmissão oral • Intensificar ações de vigilância sanitária e inspeção, em todas as etapas da cadeia de produção de alimentos suscetíveis à contaminação. • Instalar a fonte de iluminação distante dos equipamentos de processamento do alimento, para evitar a contaminação acidental por vetores atraídos pela luz. • Os frutos devem ser lavados e desinfetados antes do preparo. No caso do açaí, é recomendável a aplicação de tratamento térmico, sendo a pasteurização para as agroindústrias, e o branqueamento para os batedores artesanais.
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