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80 Cada mercado possui suas próprias fontes de incerteza e oportunidades, mas poucos estão isentos das três megaforças, mudanças demográficas e de estilo de vida, mudanças tecnológicas e preocupações ambientais. (DIAS,1993). Com base nas colocações desses autores, analisa-se este trabalho, sob o ponto de vista da crise de preços e da queda no consumo, as empresas que atuam no negocio do café estão atendendo às exigências desse mercado, se estão criando o mercado, estabelecendo novos padrões, criando relações com os clientes, se está havendo interação e criatividade, se estão comunicando-se adequadamente com eles, enfim, se estão criando, inovando e adaptando os produtos aos clientes e se estão prestando serviços adequadamente. Com relação a estratégias de marketing mais especificamente, Kotler (1995, p.35) esclarece que para o seu estabelecimento deve ser realizada uma analise da empresa e do ambiente onde ela está inserida, além de procurar identificar uma oportunidade de marketing e elaborar um plano de marketing e colocá- lo em ação. Como pode ser observado nesta constatação e na de outros autores, estabelecimentos de estratégias de marketing seguem os mesmos passos das estratégias em geral, apenas diferenciando-se no foco. Neste caso, ela está focalizada no mercado. Estratégias de marketing consistem em políticas, procedimentos e programas relativos a características do produto, preço, serviço e comunicação com os clientes e outros públicos. (COBRA 1990, p.104). Conforme Pino (1994, p. 85), estratégias mercadológicas devem sempre abordar três aspectos do marketing: identificação do nicho de mercado, comunicação com esse mercado e manutenção dele. Identificação do nicho de mercado é uma das tarefas mais decisivas para o sucesso de um negocio; descobrir um grupo de pessoas cujas necessidades não estão bem atendidas e com potencial para comprar é a chave para a identificação de um nicho. Aprender a comunicar-se com ele é apenas uma questão de conhecê- lo profundamente e saber utilizar as diversas técnicas de comunicação. Mantê- lo com vendas efetivas e bons serviços é uma tarefa definitiva para a prosperidade e deve estar relacionada a um programa de qualidade dentro da organização. Clancy e Shulman (1992, p.113), afirmam que para colocar alguma coisa no mercado com sucesso, para consumidores finais ou para industriais, seja produto ou serviço, é necessário: • Avaliar o ambiente em que a empresa opera; 81 • Acompanhar as mudanças dos valores do consumidor; • Entender como tais alterações afetam os produtos e serviços da empresa. Consideram ainda estes autores que uma analise dos estilos de vida e dos valores dos usuários é critica para o sucesso do plano de marketing, que deve incluir: fatores demográficos, avaliação da participação de mercado, analise da competição, necessidades e gostos do consumidor, valores e estilos de vida do consumidor, política e economia. Os mesmos autores afirmam que os consumidores americanos, a partir da década de 90, têm dado maior ou nova ênfase à qualidade de vida, aos relacionamentos, à substancia e à realidade, ao mesmo tempo que têm procurado divertimento, prazer, alegria, fantasia e romance. Também estão cientes dos problemas da alta tecnologia, são ecologicamente mais ativos, procuram resultados e não aceitam apenas promessas. Estes benefícios podem ser concretos como a função qualidade, durabilidade, ou gosto do produto, ou poderão ser emocionais, como itens que dêem alegria prestigio e gratificação nos sentidos, ou ambas as coisas. A sensibilidade aos preços cede lugar a uma demanda por qualidade que é definida como performance, função e benefícios essenciais, e não necessariamente luxo de alto preço. De todo modo, este quadro institucional contemporâneo explica o crescimento da demanda de cafés finos nos países de elevada renda per-capita. Na medida em que os consumidores destes países passam a experimentar mais folga no orçamento doméstico, ocorre uma sofisticada busca por variedades de cafés de melhor qualidade. Esta tendência beneficia os cafés de origem Colômbia e da América Central. Para Engel et al. (1995), há três fundamentos para decisões marketing: experiência, intuição e pesquisa. Decisões fundamentadas na experiência baseiam-se nos conhecimentos adquiridos e acumulados ao longo do tempo, através de erros e acertos, e na repetição das ações. São conhecimentos normalmente pertencentes a pessoas que executam tarefas específicas e são passadas informalmente para as outras que executam ou executarão aquelas tarefas. Decisões fundamentadas na intuição baseiam-se especificamente num indivíduo que tem um sentimento ou feeling sobre a decisão a ser tomada. E decisões fundamentadas na pesquisa baseiam-se em conhecimentos adquiridos através de métodos científicos, conhecimentos de fenômenos que se repetem ou se comportam de maneiras lógicas e previsíveis. 82 Os autores consideram também que as organizações não devem desenvolver estratégias fundamentadas em apenas um consumidor. Elas têm que calçar suas decisões no comportamento de muitos indivíduos que atuam de maneira semelhante. Agrupando esses indivíduos de acordo com seus comportamentos, as organizações poderão desenvolver estratégias mercadológicas direcionadas para este segmento especifico. Muitos fatores influenciam no comportamento dos indivíduos, entre eles encontram-se fatores culturais, ambientais, econômicos, sociais, além de outros. Uma tarefa das organizações é entender como grupos de consumidores variam um dos outros e como essas diferenças comportamentais afetam os programas de marketing. Dessa forma, é preciso focar na segmentação do mercado para entender perfeitamente como o consumidor se comporta, depois de conhecer as tendências demográficas, econômicas e sociais proporcionadas pelo ambiente e, finalmente, saber como essas variáveis afetam programas de marketing. Segmentação de mercado é um procedimento através do qual o mercado é dividido em grupos significativos ou subgrupos que merecem abordagens de marketing diferenciadas (ENGEL et al., 1995, p.17). Para promover a segmentação propõem-se vários critérios: características demográficas, características psicográficas, localização geográfica, situação dos consumidores e benefícios preferidos; e propõem-se três estratégias de marketing em função dos segmentos: marketing indiferenciado para todos os segmentos, marketing diferenciado, para segmentos específicos, e marketing concentrado, para um segmento. Autores como Kotler (1993), Cobra (1990), Rocha e Cristensen (1987) não diferem nas propostas de segmentação de mercados. Também para eles, os consumidores variam em termos de idade, nível educacional, renda gostos, hábitos, e costumes. Portanto, os gerentes de marketing devem distinguir os diferentes estilos, hábitos e habilidades de cada parte envolvida, as estratégias são mais capazes de obter sucesso. Praticadores de marketing precisam dar ênfase na cultura, que é a habilidade para entender a lógica e a coerência das outras maneiras da vida. Ênfase na cultura inclui respeitar e não julgar os valores de outras formas de viver. A análise do consumidor abrange os “os sistemas de significados” dos consumidores de uma nação que estão interligados ao contexto cultural daquele país. Análise da miscigenação 83 cultural é uma comparação sistemática das semelhanças e diferenças materiais e comportamentais dos aspectos culturais (ENGEL et al., 1994). Clancy e Shulman (1992) afirmam que cada produto ou serviço de sucesso, novo ou reintroduzido, tem que ter um posicionamento poderoso, que atraia os compradores atuais e potenciais e os afaste das marcas adversárias ou produtos substitutos. Desenvolver um posicionamento de sucesso significa conhecer o ambiente do mercado e alvo de mercado ótimo. Ries e Trout (1993), fazem os seguintes comentários sobre “posicionamento”;O posicionamento começa com o produto, uma peça de merchandising, um serviço, uma empresa, uma instituição ou mesmo uma pessoa. Talvez você mesmo... mas posicionamento não é o que você faz com o produto. Posicionamento é o que você faz na mente do cliente em perspectiva. Ou seja, você posiciona o produto na mente do comprador em potencial (RIES & TROUT, 1993, p. 2). Atender às exigências do mercado, cuidar do cliente, acompanhar as mudanças de valores desses clientes, comunicar-se com ele e inovar sempre, são tarefas que exigem muito conhecimento sobre o comportamento do consumidor que pretende atingir. 3.3.1 Formulação de Estratégias de Mercado Aqui são realizadas considerações sobre formulação de estratégias de mercado, baseadas na matriz produto e mercado de Ansoff, na estratégia competitiva de Porter, no composto de marketing relacionados aos 4 Ps, e no ciclo de vida dos produtos. Ao final são feitas algumas considerações sobre estratégias de marketing bem sucedidas para o setor agro- industrial do café. Para a formulação de estratégias de mercado, Ansoff (1983), propõe uma matriz que leva em conta produtos e mercados, e é composta de quatro estratégias básicas: penetração de mercado, diferenciação de produtos, desenvolvimento de mercado e diversificação. Penetração de mercado é a estratégia que utiliza os produtos atuais e faz um esforço para aumentar a participação nos mercados existentes; a estratégia de diferenciação de produtos procura introduzir novos produtos no mercado atual, a de desenvolvimento de mercado 84 procura abrir novos mercados com os produtos atuais e a estratégia de diversificação tem, como objetivo, abrir novos mercados para novos produtos. Para Day (1993) e Porter (1989), definir uma posição competitiva é passo decisivo na formulação de estratégias de marketing que, por sua vez, exigem definições de mercados que abranjam: oportunidades de mercado atualmente não atendidas; mudanças em tecnologia, níveis de preços e condições de suprimento que ampliam a gama de substitutos percebidos e novos concorrentes em potencial, vindos de mercados adjacentes. Após a definição de mercados, os autores sugerem que devem ser encontrados segmentos atraentes, identificando grupos de produtos e clientes. A análise da atratividade do mercado é baseada na identificação das forças que atuam nele. Conforme sugere Day (1993), fundamentado em Porter (1989), essas forças dizem respeito à rivalidade direta entre os concorrentes, o poder de barganha dos fornecedores e dos clientes, a ameaça de novos entrantes e a pressão dos produtos substitutos. Alem dessas cinco, Day (1993) ainda considera como forças que influenciam a atratividade de um mercado as intervenções governamentais e reguladoras, as mudanças tecnológicas e o crescimento e volatilidade da demanda do mercado. Vários instrumentos foram desenvolvidos para a formulação de estratégias de mercado. O composto de marketing tem sido um dos mais utilizados pelos autores e consultores de empresas. A estratégia de marketing define os princípios amplos pelos quais a unidade de negocio espera realizar seus objetivos de marketing em um mercado-alvo e consiste em decisões básicas sobre gasto total em marketing, composto de marketing e alocação em marketing. (KOTLER, 1994, p. 102). Kotler (1994), menciona o composto de marketing como um dos conceitos chave na nova teoria de marketing e o considera como um conjunto de instrumentos de que a empresa pode lançar mão para atingir seus objetivos. Existe uma infinidade desses instrumentos, mas os mais conhecidos foram popularizados por McCarthy (1982), como os 4 Ps de produto, preço, praça ou ponto de venda e promoções. McCarthy (1982, p. 24), define o composto de marketing como “as variáveis controláveis que uma empresa trabalha, de forma a satisfazer um grupo visado” e diz que um produto deve ser algo de promoção, que informe ao consumidor sua disponibilidade em um dado ponto de venda, a um preço determinado. 85 Muitos autores consideram o composto de marketing, como o ponto básico para o estabelecimento de estratégias de marketing. Para Van Waterschoot e Van Denbulte (1992), o modelo dos 4 Ps se revelou um esquema extremamente útil para quem precisa estruturar tarefas de gestão e planos de marketing. A seguir considerações sobre cada um deles baseado em Kotler (1994, p. 39). • Produtos e serviços Produtos e serviços são, na maioria das vezes, o que satisfazem as necessidades e desejos das pessoas. Elas buscam os seguintes atributos nos produtos: qualidade, características, design, tipos de marca, embalagem, tamanho, garantias, entre outros, os quais diferenciam os diversos produtos e serviços existentes e satisfazem classes diferentes de consumidores, eles definem o valor do produto para o cliente e, em muitos casos, o preço é definido em função desses atributos. • Preços Preço é a representação do valor de um determinado produto ou serviço e está relacionado aos descontos e reduções, aos prazos de pagamento, às condições de pagamento, (a vista ou parcelado) e o preço de lista, propriamente dito. Pode ser estabelecido em função de oferta e demanda, da concorrência, tabelados por órgão publico ou em função da escassez. • Ponto de venda ou distribuição Distribuição é o movimento que um determinado produto faz desde o local de produção até o consumidor final e relaciona-se a canais, quantidade de pontos de venda, sortimento, cobertura, localizações, estoques e transportes. Para Stern et al. (1996) canais de distribuição são um conjunto de organizações interdependentes envolvidas no processo de tornar o produto ou serviço da empresa disponível para consumo ou uso. São as organizações envolvidas no fluxo das commodities até o destino final ou consumidor final (tradings, atacados, centrais de compras, varejos, setor de serviços de alimentação entre outros). 86 A superioridade competitiva é revelada no mercado como uma combinação de valor superior para os clientes e custo mais baixo na entrega. Uma empresa que tenha o melhor sistema de distribuição e o melhor serviço ganhará todas as partidas por que não se pode manter, por muito tempo, uma vantagem em outras áreas. Na maior parte dos mercados, vantagem na distribuição com relação a cobertura, custo e proximidade dos relacionamentos, desempenha um papel distinto no reforço do desempenho superior de produto e na manutenção de uma posição forte nos mercados de usuários finais. A aceitação passiva de arranjos de canais existentes será cada vez mais arriscada. Vários autores consideram a distribuição dos bens e serviços como uma das áreas mais importantes do marketing (DAY, 1993, p.42). A administração da distribuição tem por objetivo maximizar as utilidades de tempo, lugar e posse de qualquer bem ou serviço. Os pontos de venda em que os produtos estão a disposição do consumidor final são parte integral e fundamental no sistema de distribuição. No caso do café, “a cobertura dos pontos de venda, de café em pó, quanto preparado, mostraram-se decisivos para os consumidores”. (ZILBERSZTAJN, 1993, p.202). Figura 05 – Esquema Simplificado dos Canais de Distribuição de Commodities Internacionais Fluxo de produtos, serviços e comunicações Fluxo de Pagamentos, Pedido e Informações Fonte: Marketing e canais de distribuição de commodities, Marcos Fava Neves;2000 Impacto Das Variáveis Macroambientais (Incontroláveis) Político - Legal, Econ/Natural, Sócio Cultural e Tecnológico. Ofertantes de commodities Intermediários Compradores Internacionais Empresas Facilitadoras (não estão no eixo central, pois não tem direitos de propriedade) 87 • Promoções Trata-se de promover um produto, ou seja, tornar o produto o serviço conhecido, relacionando-se a promoção de vendas, propaganda, publicidade, venda pessoal, relações publicas e marketing direto. Uma infinidade de combinaçõespode ser feita com esses instrumentos. Uma composição ou uma estratégia bem formulada do composto de marketing é o primeiro passo para o sucesso de uma empresa no mercado. Nem todas as variáveis do composto de marketing podem ser ajustadas no curto prazo. Preços, força de vendas e propagandas podem ser mudados em espaços relativamente pequenos de tempo, mas desenvolver novos produtos e modificar canis de distribuição leva tempo. Neste trabalho, procurou-se analisar a percepção que as entidades cafeeiras têm desses instrumentos, os quais são utilizados pelas empresas do negocio do café. A figura 6 mostra uma Estratégia de Composto de Marketing com um composto de oferta e um composto de promoção. Figura 06 - Composto de Promoção Composto de Oferta Fonte: Kotler (1994). EMPRESA Produtos Serviços Preços Promoção de Vendas Propaganda Força de Vendas Relações Publicas Marketing Direto Canais de Distribuição Clientes Alvo 88 Este trabalho desenvolvido dentro da lógica da Figura 5, a qual mostra o ponto de vista do publico alvo, de como estão percebendo os canais de distribuição (os pontos de vendas), o composto de promoção (propaganda, promoção de vendas, relações pub licas e marketing direto) e composto de oferta (produtos, serviços e preços). Para Kotler (1994, p.46), qualquer ação estratégica relacionada a produtos deve levar em consideração o estagio de ciclo de vida. Um produto normalmente passa por quatro estágios durante o seu ciclo de vida: introdução, crescimento, maturidade e declínio. As características, os objetivos e as estratégias de marketing dos quatro estágios de vida de um produto podem ser resumidos conforme quadro 1. Quadro 1. Estratégias de marketing para os estágios de vida de um produto. Características Introdução Crescimento Maturidade Declínio Objetivos de Marketing Criar Consciência Do produto Maximizar a Participação De mercado Maximizar Lucro, Defendendo a Participação De mercado Reduzir gastos, tirando o mesmo proveito da Marca ESTRATÈGIAS Produto Oferecer um produto básico Oferecer extensões de produtos, serviços e garantia Diversificar marcas e modelos Retirar itens fracos Preço Preço elevado Preço de penetração Preço para acompanhar ou vencer a concorrência Reduzir preços Distribuição Seletiva Intensiva Mais intensiva Ser seletivo: desacelerar canais não lucrativos Propaganda Construir consciência do produto entre os adotantes e revendedores Construir consciência e interesse no mercado de massa Enfatizar as diferenças e benefícios da marca Reduzir ao nível necessário para manter fiéis os bons consumidores Promoção de vendas Usar intensa promoção de vendas para estimular o uso Reduzir para aproveitar a forte demanda do consumidor Aumentar para estimular troca de marca Reduzir ao nível mínimo Fontes: Watson (1978), Weber (1976) e Doyle (1976), adaptado pelo autor. Segundo Machado (1998, p.66), a focalização da questão alimentar como um problema restrito à produtividade a nível de produção agropecuária propriamente dita começa revelar 89 seus limites à medida que a industria alimentícia procura se adaptar ao mercado, introduzindo inovações técnicas que visam respeitar as novas tendências do consumidor. Isso significa que mais valor é adicionado aos produtos alimentícios nos estágios de processamento e distribuição, resultando num conjunto amplo de alimentos diferenciados. Uma nova onda de valores passa a orientar os desejos dos consumidores e definir segmentos diferenciados de mercado: a preocupação com questões ambientais e a importância crescente dada à qualidade dos produtos agrícolas, sem resíduos tóxicos, nutrição com menor teor de gordura, durabilidade e conveniência, com significativa demanda por alimentos processados. No caso do café a noção de qualidade e modernidade está cada vez mais ligada a sua produção e comercialização, resultando num produto diferenciado que procura-se adaptar ao mercado à medida que surgem problemas como: queda de preços no mercado internacional, aumento nos custos de produção, diminuição do consumo nos países tradicionalmente bebedores, e excesso de oferta. Como competir em um mercado? Day (1993, p.42) sugere três estratégias básicas: genéricas, na qual pode ser dada ênfase no custo, ênfase na diferenciação através do aumento de valor para o cliente ou ênfase na expansão, estratégia de posicionamento, que procura distinguir os produtos e serviços da empresa e, finalmente, a estratégia de programas de apoio, que diz respeito a ampliar o valor para o cliente, associada à qualidade e serviços superiores e ao atendimento superior. A maioria das organizações baseia suas estratégias de marketing no passado, as quais têm dado atenção superficial as necessidades para antecipar os mercados futuros. Deve-se monitorar continuamente e selecionar um segmento dinâmico para adaptar as estratégias de marketing (ENGEL et al., 1995). Adicionar valor para o consumidor é o novo desafio. Como adicionar valor e eliminar o que não dá valor? Engel et al., (1995, p.19) sugerem: • Focalizar no cliente: considerá- lo como o novo chefe; • Fazer marketing individualizando; marketing direto; • Dedicar prioridade na satisfação, manutenção e retenção do consumidor; • Focalizar continuamente na lealdade e manutenção da marca. 90 Consideram ainda esses autores que, para ter sucesso empresarial, os decisores de marketing devem trabalhar dentro dos seguintes princípios fundamentais: • Compromisso empreendedor para desenvolver novos produtos é a chave para a vantagem diferencial. • Propaganda, especialmente TV e outras formas de persuasão de massas, dará sucesso nas vendas. • O poder de marketing de massa será bem sucedido com um conjunto de produtos que supra a demanda do canal de distribuição. • Desenvolvimento continuado de produtos, acompanhado de propaganda de massa, construirá a lealdade à marca. • Concentração no mercado domestico será o campo de maior retorno. Empresas, organizações e entidades que fazem parte do setor agro- industrial do café devem, o mais rápido possível, lançar mão de táticas de estratégias de marketing, para que possam recuperar a posição do setor, e incorporar os contingentes mais jovens do mercado como consumidores. 3.4 Comportamento do consumidor Alguns conceitos de comportamento do consumidor e alguns comentários sobre itens considerados relevantes para o desenvolvimento desta pesquisa devem ser considerados aqui como a definição de Engel et al, os comentários de Kotler e Rocha & Christensen e um modelo simplificado de comportamento do consumidor proposto por Clancy e Shulman. Há também comentários sobre a influencia do ambiente, aspectos sociais, subculturas, grupos de referencia no comportamento do consumidor, fundamentados em Engel, Gade, Riesman, Peppers e Rogers e outros. Conhecer o comportamento das pessoas como consumidoras de produtos é fundamental para o estabelecimento estratégias de marketing. Conhecendo esse comportamento pode-se identificar as necessidades não atendidas ou atendidas de maneira não satisfatória e procurar atende- las através de produtos ou serviços adequados. Manter o cliente satisfeito é um desafio; os instrumentos de marketing podem modificar o comportamento e a motivação para a compra, se o produto ou serviço oferecido 91 for designado para atender às expectativas e necessidades do consumidor. A venda ocorre não por que cria-se a demanda; ela já existe está latente e esperando ser ativada por uma oferta certa no mercado (KOTLER, 1994). Para Engel et al. (1995), o risco de insucesso no lançamento de novos produtos no mercado é muito alto porque um novo produto tem que satisfazer às necessidades dos consumidores e não das necessidades e expectativas dos administradores. O consumidor se comporta de acordo com determinadas regras e orientado para objetivos: produtos e serviçossão aceitos ou rejeitados de acordo com a relevância de suas percepções para atender às suas necessidades e estilo de vida. O indivíduo é totalmente capaz de ignorar tudo que os homens de marketing têm dito; entender e adaptar-se ao comportamento e motivação do consumidor não é uma opção: é uma absoluta necessidade de sobrevivência e competitividade. Os diversos modelos de comportamento do consumidor, de autores como Kotler (1994), Engel et al. (1995), Rocha & Christensen (1987), Peter & Olson (1996), Howard (1989), Hawkins (1989), Clancy & Shulmam (1992) e outros, apresentam uma estrutura comum. Todos defendem que o comportamento de compra depende do indivíduo e do contexto em que se encontra. Nesse sentido conhecer a pessoa, seus valores, sua cultura, suas necessidades e contexto social, econômico, político e demográfico em que vive, são condições preponderantes para o estabelecimento de ações de marketing. Kotler (1994, p. 27), sugere um modelo de comportamento do consumidor em que as decisões de compra, relacionadas a escolha do produto, da marca, do revendedor e da quantidade, dependem da mente do comprador, no que diz respeito às características culturais, sociais, pessoais e psicológicas e do seu processo de avaliação, decisão e comportamento pós- compra. Por sua vez, a mente do comprador é influenciada por estímulos de marketing as ações com o produto, preço, distribuição e promoção, e do ambiente, os aspectos econômicos, tecnológicos, políticos e culturais. Considera ainda o autor que a tarefa do gerente de marketing é entender o que acontece na mente do comprador, entre os estímulos externos e as decisões de compra. Para Rocha e Christensen (1987), entender o que acontece na mente do consumidor constitui uma das tarefas mais difíceis na área de marketing. Afirmam os autores: 92 O comportamento do consumidor é um dos campos mais complexos da teoria de marketing. Isso se deve ao fato de reunir contribuições provenientes de varias áreas do conhecimento, tais como a psicologia, a sociologia, antropologia e a economia ... Não se pode afirma, na verdade, que exista uma única teoria do comportamento do consumidor, e é possível que isso nunca venha a acontecer. (ROCHA & CHRISTENSEN 1987, p. 66). Aspectos psicológicos, sociológicos e antropológicos são realmente muito complexos, por se tratar de ciências sociais. Neste campo, os estudos e pesquisas enfrentam problemas de toda ordem: éticos, metodológicos, religiosos, entre outros. Os aspectos psicológicos estão mais relacionados à motivação, cognição e aprendizagem; os sociais contribuem no comportamento, principalmente através das semelhanças e diferenças entre culturas, entre subculturas e do entendimento das peculiaridades de uma cultura e dos elementos que a compõem (ROCHA & CHRISTENSEN, 1987, p.67). A figura 7 mostra um modelo bastante simplificado de comportamento do consumidor, conforme proposto por Clancy e Shulman (1992). A intenção é apenas dar uma visão geral sobre o comportamento do consumidor e destacar alguns pontos considerados relevantes ao trabalho. Figura 7. Um modelo de comportamento do consumidor. Fonte: Clancy e Shulman (1992). Fatores Demográficos Fatores Sociológicos Ambiente Social e Econômico Valores do consumidor Percepção de Necessidade / Marcas do Produto Comportamento do Consumidor 93 Fatores demográficos; relacionam-se às mudanças da população em termos de idade, composição, taxa de natalidade, nível de educação e outros. As tendências demográficas influenciam em maior ou menor grau no consumo dos produtos e serviços. Ambiente social e econômico; o comportamento do indivíduo durante as compras depende de como está indo a economia do país. As taxas de juros, o nível de emprego, os índices de inflação, os preços, são variáveis que afetarão o consumo, assim como o nível de renda e a classe social a que o indivíduo pertence. Fatores sociológicos; estão relacionados às influencias que o consumidor recebe do grupo social onde vive. Os hábitos e costumes em relação à alimentação, locomoção, esportes, lazer, educação e outros, vão definir o que será consumido por uma sociedade. Valores do consumidor; os valores de uma pessoa são formados ao longo de toda a sua existência, constituindo o conjunto de conhecimento que ela adquire desde que nasce. Este conhecimento direciona o comportamento do indivíduo, no sentido do que é certo e errado, dentro do grupo social a que pertence. Esses valores mudam constantemente em função do que a pessoa recebe percebe do mundo que o cerca. Percepção da necessidade; de acordo com os valores, as pessoas percebem o que passa ao seu redor. Como seres vivos e sociais, são dotadas de necessidades as quais procurem atender da forma mais completa possível e de acordo com o que julgam ou percebem ser mais importante e completo, tendo sempre como referencias seus valores. Comportamento do comprador; em função dos valores formados ao longo de sua existência e de acordo com o que percebe em termos de necessidades e desejos, a pessoa se comporta como consumidora de produtos e serviços. De acordo com Peter e Olson (1996), o ambiente influencia significativamente o comportamento do consumidor e considera que existem três tipos básicos: socia l, físico e marketing. O ambiente social inclui os efeitos da cultura, sub-cultura, classe social, grupos de referencia e família. O ambiente físico inclui os efeitos dos fatores espaciais (objetos físicos, produtos, países, cidades, loja e design interior) e não espaciais (temperatura, umidade, iluminação, ruído e tempo). O ambiente de marketing que influenciam direta o indiretamente a cognição, afeto e comportamento do consumidor. Varias estratégias de marketing envolvem mudanças de algum aspecto do ambiente físico e social. 94 Sub-cultura é considerado, por Peter e Olson (1996), como grupos distintos de pessoas de uma sociedade que compartilham do mesmo significado cultural para os aspectos afetivos e cognitivos, comportamentais e fatores ambientais. Os grupos de idade podem também ser analisados como uma sub-cultura, porque freqüentemente apresentam valores e comportamentos distintos. Segundo Gade (1980), a organização e o desenvolvimento das atitudes se guiam pelos valores compartilhados pelo grupo ao qual pertence uma pessoa e pelos papéis que esta pessoa desempenha dentro do grupo. O grupo de referência, aquele com o qual o indivíduo se identifica, pode ser de importância fundamental nas decisões de compra. Ocorre que nem sempre o indivíduo participa do grupo de referência, mas o utiliza como modelo e gostaria de se identificar com ele. Engel et al. (1995) conceituam grupo de referência como sendo uma pessoa ou um grupo de pessoas que influenciam significativamente o comportamento de um indivíduo. Pode ser primário (família) ou secundário (associações profissionais), aspiracionais (ao qual se pertencer) ou dissociativos (ao qual não se quer pertencer), ou mesmo podem ser classificados como formais (classe de escola) ou informais (amigos de rua). Para Peter e Olson (1996), nas decisões de compra pais, mães, maridos e mulheres influenciam-se uns aos outros através dos aspectos afetivos e comportamentais. Estas decisões são também influenciadas por outras pessoas do ambiente social, incluindo os amigos e os seus pares. Os grupos de referencia e a família têm influência direta sobre os aspectos cognitivo, afetivo e comportamental, no processo de compra, sendo importantes na transmissão do significado cultural nas sociedades, subculturas e classe social para o consumo individual. Por estas razões, grupos de referência e família têm significativas implicações para estratégias de marketing. Segundo ainda esses autores, o indivíduo pode se envolver em muitos e diferentes tipos de grupos. Um grupo consiste em dois ou mais indivíduos que interagem entre si para atingir algum objetivo.Um grupo de referência envolve uma ou mais pessoas que são tomadas como base de comparação ou ponto de referência na formação da resposta cognitiva e afetiva para o comportamento. Grupos de referência podem ser tangíveis, intangíveis, ou simbólicos, da mesma ou diferente classe social, sub-culturas e culturas (Peter e Olson, 1996). Na opinião de Riesman (1961), um exame dos padrões de consumo e do seu desenvolvimento deve ser feito a partir de um estudo da iniciação da criança como 95 consumidora. Pois é na infância e na adolescência que se estabelecem as expectativas a respeito de bens e serviços a serem usufruídos e possuídos quando adultas. É na infância que normalmente se estabelecem as preferências alimentares. Os hábitos alimentares obedecem a padrões familiares, nos quais a mãe aparece como a figura mais citada como agente de influencia. E através da família também, que aprendemos associar a comida ao lazer e, em função disso, com o consumo. É na adolescência que a necessidade de auto-afirmação e conformidade ao grupo faz o jovem se afastar dos padrões de consumo familiar e mesmo das refeições. Com relação ao consumidor de café, especificamente, Zilbersztajn et al. (1993, 225), em pesquisa qualitativa através de entrevistas em profundidade junto a consumidores na cidade de São Paulo, procuram explorar os significados e funções do café na vida das pessoas, assim como as restrições eventualmente existentes em relação ao produto e seu consumo. Com a pretensão de apenas levantar hipóteses e fatores relevantes em relação ao café e seu consumo, os autores puderam concluir que os consumidores têm um elevado grau de familiaridade com o produto. O café atua como um disparador de ação de estimulo pessoal; é um pretexto para um intervalo e possui clara função social de aproximar as pessoas ou de proporcionar um momento da pessoa consigo mesma. Por possuir um sabor distinto e peculiar, é uma bebida forte e única insubstituível e tradicional, caracterizando-se como um habito tipicamente de adultos. (ZILBERSZTAJN, 1993, p. 220). Como pontos vulneráveis, a pesquisa revelou que o café estaria associado ao fumo, é considerado inimigo do sono, além de ser prejudicial ao estômago e causador de celulite. Revelou ainda, que o consumidor possui vínculos psicológicos com o café, mas trabalhos podem ser desenvolvidos para aprimorar o seu conhecimento em relação ao produto, bem como desencadear estímulos para incrementar o consumo. 3.4.1 O consumidor de alimentos e bebidas Nesta seção são feitos comentários sobre uma serie de revisões acerca do comportamento do consumidor de alimentos e bebidas, destacando alguns trabalhos sobre consumo de alimentos e bebidas que foram desenvolvidos em vários países e mostram a importância dos fatores de marketing na satisfação dos consumidores e, consequentemente, 96 no desenvolvimento de mercados. Spethmann (1995, p.28), estudando hábitos alimentares dos norte-americanos, observou que eles, cada vez mais, estão adotando uma alimentação mais equilibrada, mais natural e principalmente com menos gorduras e estão mais atentos para as propriedades dos alimentos. Este autor tem enfatizado que tais atributos devem ser comunicados aos consumidores no momento das promoções. Bonnici et al. (1991, p.9), estudando o nível de consciência e analise dos consumidores norte-americanos na compra de alimentos no que diz respeito aos três princípios recomendados (planejamento, comparação e especificidade), concluíram que mesmo que as informações requeridas estejam presentes em local de fácil leitura e bem legível, a maioria dos consumidores prefere fazer suas compras de alimentos sem gastar muito tempo e energia. Na opinião de Weellock (1986, p.20), para competir no mercado de alimentos é necessário estar a par das constantes mudanças que vêm ocorrendo na sociedade e na economia. Como a disponibilidade de alimentos tornou-se menos importante e não exerce influência sobre as compras, os preços e a renda de consumidores torna ram-se os fatores mais importantes. Conceitos sobre saúde, enfoque vegetariano e naturalista e conceitos sobre aditivos são os fatores que têm influenciado mais fortemente os consumidores. Randolph et al. (1995, p.70), estudando o comportamento dos consumidores norte- americanos das diversas classes sociais em relação ao processo de escolha, diante varias marcas e café, verificaram que os consumidores reagem de maneira diferenciada de acordo com a classe social. Dependendo da classe social, o que mais influenciou na escolha da marca foi o preço. Foi observada também uma baixa correspondência entre o comportamento de compra e as características do produto. De acordo com a Specialty Coffee of América, mencionada por Bellany (1995, p.110), a medida que se oferece mais tipos de diferentes sabores de café aos consumidores norte- americanos, mais eles têm apreciado e consumido. Cafés mais fortes. De diferentes regiões do mundo, com novas formas de preparo, com sabores como avelã, nozes, e outros, têm sido oferecidos a um público especifico e a demanda vem se mostrando crescente naquele país. Freeman (1996, p.14) estudando a aceitação dos cafés especiais nos EUA, afirma que estão crescendo em popularidade, mas que os produtores líderes ainda estão focados no marketing tradicional de produtos a baixo preço, sem enfatizar a imagem e qualidade. 97 Despesas com marketing podem ser usadas para criar diferença estratégica e convencer consumidores a tomar cafés especiais. O que tem observado, é que muito dinheiro tem sido investido em propaganda, apenas para manter a participação, contra expandir esse mercado com cafés especiais. Lingle (1996, p.6), discute em um artigo a história da indústria do café nos EUA nos últimos 30 anos, com ênfase na qualidade e destaca a int rodução do café descafeinados nos anos 80, o qual tornou-se rapidamente popular e cujo consumo vem aumentando a cada ano, juntamente com a introdução do café orgânico nos anos 90. Essas ações têm aumentado o número de lojas especializadas no mercado, modificado o sistema de produção e distribuição, bem como descoberto novos nichos de mercado, ocasionados pela mudança no estilo de vida. Cooper (1996, p.55), estudando o comportamento de compra dos consumidores de alimentos da Nova Zelândia, observou que tem havido significativas mudanças no estilo de vida e nas atitudes de seu povo. Saúde tem sido o item de maior preocupação do neozelandês, incrementando os mercados relacionados a produtos de dieta saudáveis. No grupo das sobremesas, o café tem mostrado um significativo aumento, o chá tem permanecido constante e as bebidas carbonatadas tiveram um aumento de consumo de 30% nos últimos quatro anos. Hormann et al. (1996, p. 431), estudando o comportamento do consumidor de frutas e vegetais originários de diferentes sistemas de produção, em Hannover, Alemanha, verificaram o aumento da preocupação do consumidor em relação à saúde e à preservação do meio ambiente. Os consumidores têm tido mais conhecimento os diferentes métodos de produção, integrado, convencional e biológico, e têm mostrado preferência por produtos oriundos de sistemas de produção mais naturais. McCarthy e Strauss (1992, p.30), estudando as tendências dos gostos e costumes dos americanos em 1992, observaram mudanças nas preferências dos consumidores de alimentos e constataram que, de 1990 a 1992, houve um aumento de 7,7% nos gastos com alimentos. Embora tenham aumentado os gastos com alimentação, a freqüência com que eles se alimentam fora de casa reduziu. Os fast-food continuam na preferência dos americanos, seguido das pizzarias e dos Coffe shops. A preocupação com alimentação saudável continua aumentando e estão consumindo mais café descafeinado e refrigerantes dietéticos. Perlis (1989, p.22), estudando o comportamento e tendências dos alimentos especiais, observouque muitas lojas têm tentado diferenciar seus produtos e serviços com variadas receitas e iguarias. Algumas delas têm mantido, todo tempo, pessoas demonstrando e servindo 98 novos produtos, como também montando escolas-cozinhas dentro das lojas para ensinar pessoas a prepararem os novos alimentos. Neste ponto, a autora observa a importância da educação do consumidor quando compra produtos de preços mais altos e que, embora o consumo de café tenha declinado desde 1963, o segmento de café gourmet tem aumentado, juntamente com outros alimentos finos. Moukheiber (1995, p.78), afirma que a percentagem de americanos que toma café regularmente não aumentou na ultima década: era de 50% em 1985 e 50% em 1995. Mas têm sido observadas mudanças e o mercado de café tende a aumentar. Desde 1994, novos tipos e formas de preparo do café tem sido introduzidas, proporcionando um aumento nas vendas da ordem de 7 a 10 %, anualmente. Esse aumento tem ocorrido principalmente nas pequenas companhias, que estão procurando diferenciar o produto com gourmets especiais, e atendendo a nichos específicos de mercado. Garry (1995, p.52), estudando o habito de consumo de café dos norte-americanos, observou que cada ano eles vêm preferindo mais cafés especiais. O interesse em gourmet tem sido grande e houve um aumento de 22% nas vendas, desse setor, na Brothers Gourmet Coffees, em 1995. Haire (1950, p. 91), estudando a razão da resistência da dona de casa americana ao café instantâneo quando ele foi lançado na década de 40, concluiu que grande parte da resistência delas era psicológica. Para elas, o fato de tomar café instantâneo estava associado a uma imagem de pessoa preguiçosa, gastadora. Pobre e incapaz de realizar um bom planejamento para a família. Conhecendo essas características e este significado, as empresas puderam adequar as campanhas de marketing objetivando modificar e melhorar a imagem do café instantâneo. Slywotzky & Mundt (1996, p.39), falando sobre os hábitos de consumo de alimentos dos americanos e o comportamento das empresas que atuam no setor, comentam que grandes empresas generalistas como a Procter & Gamble, General Foods e Nestlé, têm perdido espaços para empresas que atuam em setores específicos. Citam, como exemplo, a Starbucks que, no ramo de café, tem antecipado o interesse e o desejo dos consumidores oferecendo produtos especiais, como cafés regionais e gourmet. Acompanhando as mudanças de gostos dos consumidores, preocupação com a nutrição, mudando a embalagem, entregando a domicilio e reestruturando preços, a Starbucks tem aumentado significativamente sua participação no mercado e provocado um aumento de consumo de café. 99 Na opinião de Fava Neves (2000, p.10), existem segmentos de mercado consumidor internacional com sensível aumento das restrições quanto a aspectos de saúde (preferência por produtos menos gordurosos, maior participação de vegetais e hortícolas nas refeições, etc.) e segurança alimentar (preocupação com produtos geneticamente modificados, crescimento da demanda por produtos orgânicos. Que exige das empresas produtoras a autenticidade, o engajamento comunitário, a funcionalidade, e a harmonia, a justiça, uma busca da nostalgia, valorização do orgânico, da praticidade, do real valor, da sustentabilidade, entre outras, o qual dá importância relativa ao mercado de cafés especiais e orgânicos. 3.5 Marca Segundo Kotler (1998, p. 393), marca é um nome, termo, sinal, símbolo ou combinação dos mesmos, que tem o propósito de identificar bens ou serviços de um vendedor ou grupo de vendedores e de diferencia-los de concorrentes. Segundo Aaker (1998, p. 7), “a marca é um elemento de diferenciação de um produto entre os concorrentes, através de um nome ou símbolo fácil de ser reconhecido pelos consumidores”. A marca deve ser segundo Kotler (1998, p.393), algo materialmente visível ou emocionalmente sugestivo, enquanto símbolo de personalidade para um produto, que possui afinidades com um certo grupo de consumidores. Algo que por afinidade e empatia ajuda o produto a ser vendido cada vez mais: “são as características humanas agregadas ao produto ou serviço (a partir de um termo, um desenho, um objeto) como se este pudesse ter uma alma ou uma personalidade, e conseqüentemente, afinidades com muitas pessoas”. O verdadeiro significado de uma marca, no entanto é muito maior. Uma marca é uma garantia de que a qualidade do produto ou serviço que está sendo adquirido irá corresponder à expectativa de quem está comprando-o. Uma marca carrega consigo notoriedade, imagem e confiança conquistadas ao longo do tempo. Segundo a lei brasileira, é o designativo que identifica produtos e serviços. É todo sinal distinguível, visualmente perceptível, que identifica e distingue produtos e serviços de outros análogos, de procedência diversa, bem como certifica a conformidade dos mesmos com determinadas normas. O verdadeiro significado de uma marca no entanto é muito maior. Uma marca é uma garantia de que a qualidade do produto ou serviço que está sendo adquirido 100 irá corresponder à expectativa de quem está comprando-o Uma marca carrega consigo notoriedade, imagem e confiança conquistadas ao longo do tempo. Para Pinho (1996), uma marca significa não apenas um produto ou serviço, mas um conjunto de valores e atributos tangíveis e intangíveis relevantes para o consumidor e contribui para diferenciá- la de outras similares. Assim ao adquirir um produto, o consumidor não compra apenas um bem, mas todo o conjunto de valores e atributos de marca. Podemos considerá-la como algo materialmente visível ou emocionalmente sugestivo, enquanto símbolo de personalidade para um produto, que possui afinidades com um certo grupo de consumidores. Algo que por afinidade e empatia ajuda o produto a ser vendido cada vez mais. A identificação de uma marca pelo consumidor é o primeiro passo para uma relação. Em seguida, a empresa precisa de canais de comunicação efetivos e eficientes. Sem comunicação, uma marca não pode vir a estar presente na vida de alguém, correspondendo as suas aspirações e desejos satisfazendo necessidades ou abstinências por escassez específica. A marca é um importante elemento na decisão dos consumidores, ela é parte ativa de um processo complexo associado à decisão de compra. Tanto a qualidade percebida como as associações ligadas à uma marca podem aumentar a satisfação dos consumidores. Conforme exposto por David Aacker e Erich Joachimsthaler (1997, p.14), o simples reconhecimento de uma marca pode até influenciar as percepções: as pessoas tendem a gostar mais das marcas conhecidas mesmo sem nunca as terem usado. De acordo com Souza (1993, p.47), para o fabricante uma marca significa: • Uma proteção contra limitações, através de seu registro legal e de seu reconhecimento por parte do publico. • Um elemento diferenciador em relação à concorrência, facilitador da localização e ampliador da área de exposição do produto no ponto de venda. • Um estimulo a repetição de compra, quando o fabricante se preocupa com a qualidade de seus produtos e com reconhecimento e a imagem de marca. • A possibilidade de se praticar um preço premium. • Uma oportunidade de dar uma personalidade própria aos produtos. • Um facilitador no lançamento de novos produtos. • A possibilidade de utilização do nome da empresa como marca. 101 Segundo Aacker (1998, p. 20), uma estratégia de marca torna-se eficiente em termos de competição no mercado a medida que se associa qualidades demandadas por um publico alvo. Essas qualidades podem ser especificas e objetivas em relação ao produto e sua relativa capacidade de cumprir promessas com consumidor. Outras qualidades podem ser subjetivas, como prestigio e status social associado a determinado produto, que se transfere para quem o consome. Alem da personalidade e características do comportamento humanas intencionalmentepreestabelecidas, segundo essa teoria, as marcas teriam um ciclo de vida. Podendo ser longo ou curto como a vida e morte de uma criança ou de uma pessoa idosa. Estratégias mercadológicas são ajustadas para incrementar o crescimento, sedimentar a maturidade (apogeu e liderança no mercado) ou prevenir o declínio (depreciação e desgaste da marca junto à opinião publica, (déficits e prejuízos)). O resultado de um eficiente trabalho em investimento e desenvolvimento de marca assume força cada vez maior no mercado. Agrega valor crescente ao produto ou serviço, à medida que sugere e convence a opinião publica sobre atributos materiais ou psicológicos que o mesmo possa ter. Agrega valor quando a sua lembrança é constantemente associada a esses atributos e produz impulsos de compra. O processo de comunicação que movimenta a marca é construído a partir da relação entre significante e significado. Com o aumento da tecnologia disponível cada vez torna-se mais fácil copiar, imitar produtos e, portanto as diferenças concretas entre as marcas de um determinado produto tornam-se pouco importantes enquanto as diferenças abstratas ficam mais relevantes quando se trata de categorias que vendem imagem tais como: cigarros, bebidas alcoólicas etc. Segundo Bougnox (1994, p. 287), a interpretação da realidade é individual, fazendo da percepção uma tradução. Assim, essa interpretação inicia-se com a percepção de um significante (o nome de uma empresa ou marca), mas a tradução somente se concretiza na pratica com a formação de um significado especifico. Segundo a teoria, o significado é composto por um significante, por valores simbólicos agregados e uma percepção coletiva de alcance, em termos de sentido, ou seja, o significado compõe o conjunto do referencial de sentidos que os indivíduos reunidos em massa utilizam para perceberem objetos e para interpretarem suas percepções. Esse conjunto em termos de processo de percepção compreende a significação da marca. 102 O reconhecimento social de um marca e a associação das qualidades pretendidas na sua criação, são resultados de uma bem sucedida construção de imagem, ou seja, uma significação da marca. Este é o momento em que um produto deixa de ser apenas um objeto. A marca insere- se na mitologia e na cultura dos povos no mundo, redimensionando conceitos de consumo e necessidade, mas respeitando certas particularidades que variam de acordo com aspectos geográficos, demográficos, culturais, religiosos, etc. 3.5 Brand Equity Segundo Tauber (1998, p. 26), Brand Equity ou patrimônio da marca é o valor incremental de um negocio sobre o valor de seus ativos fixos devido à posição de mercado atingida por sua marca e o potencial de extensão da marca. De acordo com David Aacker, Brand Equity está baseado em cinco pilares: • Lealdade à marca A lealdade à marca reflete qual a probabilidade de que um consumidor irá mudar para outra marca, especialmente quando a marca sofre alguma alteração seja no preço ou nas características. À medida em que a lealdade à marca aumenta, a vulnerabilidade às ações da concorrência diminuem. È um indicador do valor do patrimônio da marca que pode ser facilmente relacionado a lucros futuros já que a lealdade à marca pode ser traduzida em vendas futuras. Podem ser usadas algumas medidas para determinar a lealdade à marca: • Taxa de recompra - que percentual de compradores de determinada marca irão optar por essa mesma marca em sua próxima compra? • Percentual de compras - das ultimas cinco compras feitas por um consumidor, que percentual foi para cada marca comprada? • Numero de marcas compradas – qual é o percentual de compradores de determinado produto que compraram só uma marca? Duas marcas? Três marcas? 103 Um fator chave para determinar o nível de lealdade à marca é a medida de satisfação e, talvez mais importante, o nível de insatisfação. Que problemas os consumidores estão tendo? Quais suas fontes de irritação? Por que os consumidores estão trocando de marca? • Reconhecimento da marca Brand Awareness ou reconhecimento da marca é a habilidade de um potencial comprador em reconhecer ou lembrar que uma marca faz parte de determinada categoria de produto. Envolve uma ligação entre a categoria de produto e a marca. O reconhecimento da marca é o primeiro passo na tarefa de comunicação. É inútil tentar comunicar os atributos da marca até que haja um nome estabelecido para ser associado a esses atributos. O reconhecimento da marca pode ser um sinal de presença, comprometimento e substancia, atributos que podem ser muito importantes na decisão de compra. A lógica é que se um nome é reconhecido deve haver uma razão tal como: • A empresa anunciou muito • A empresa já está no negocio há um bom tempo • A empresa tem uma ampla distribuição • A marca tem sucesso • Qualidade percebida Pode ser definida como a percepção do consumidor sobre a qualidade ou superioridade de um produto ou serviço quando comparado a outras alternativas. Difere, portanto de conceitos relacionados tais como: • Qualidade real ou objetiva – a extensão com que determinado produto ou serviço possui um nível de serviço superior • Qualidade baseada no produto – a natureza ou quantidade de ingredientes, características ou serviços inclusos • Qualidade da manufatura – adequação às especificações, meta de “zero defeito” 104 A qualidade percebida não é necessariamente objetivamente determinada, em parte porque é uma percepção e também porque envolve julgamentos sobre o que é importante para o consumidor. Atingir alta qualidade não é suficiente, a qualidade objetiva dever ser traduzida em termos de qualidade percebida. A qualidade percebida é determinada em função de um conjunto de possíveis alternativas que um consumidor dispõe. Os consumidores desenvolvem percepções de qualidade baseados na marca. Estudos sobre extensão de marca mostram claramente que quando uma marca é anexada a uma classe diferente de produto, pode afetar as percepções de qualidade. • Associações à marca A associação á uma marca é qualquer coisa mentalmente ligada à marca. O posicionamento de uma marca é baseado nas suas associações e na maneira pela qual essas se diferenciam daquelas dos concorrentes. Uma associação a um marca, feita pelo consumidor, será mais forte quando for baseada em experiências próprias ou em continuas exposições à comunicação e também quando for apoiada por uma rede de outras ligações. Assim a associação do Mac Donald's a crianças seria muito mais fraca se fosse baseada apenas em comerciais mostrando crianças no Mac Donald's, se não houvesse uma complexa rede envolvendo o Ronald Mac Donald's, festas de aniversário infantis e caixinhas de Mac Lanche Feliz com brinquedinhos Mac Donald's. Uma imagem de marca é um conjunto de associações e representa percepções que podem ou não refletir a realidade objetiva. Há vários tipos de associações à marca: associações baseadas em atributos do produto, em benefícios aos consumidores, em atributos intangíveis, no perfil do consumidor ou usuário típico, em celebridades ou personagens e em classes de produtos. Associações representam bases para a decisão de compra e para lealdade à marca. O valor de uma marca está fortemente relacionado com as associações especificas da marca. Há varias formas pelas quais as associações podem criar valor: ajudando a processar e reter informação, gerando uma razão para compra, criando sentimentos e atitudes positivas e criando uma base para extensos de marca. 105 A feliz associação do pequeno produtor Juan Valdez, montado em sua mula, com o café da Colômbia, tornou-se mundialmente reconhecida. • Outras propriedades da marca As outras propriedades da marca são as patentes, marcas registradas e relações com o trade (canais de distribuição). Essas outras propriedades da marca são importantes na medida em que inibem ou previnem a ação de concorrentes detentar utilizar um nome parecido com o intuito de confundir os consumidores. Uma marca que possui um histórico de boa performance de venda pode controlar o espaço nas prateleiras de um canal de distribuição e dessa forma garantir boa exposição e visibilidade. • Como o Brand Equity pode adicionar valor a uma empresa De acordo com Aacker (1991, p.24) o Brand Equity ou patrimônio de uma marca pode adicionar valor a uma empresa de diversas formas: • Pode fortalecer programas para atrair novos consumidores ou recapturar antigos consumidores. • O reconhecimento da marca, a qualidade percebida e as associações da marca podem motivar a compra e afetar a satisfação do consumo. • A utilização da marca geralmente permite a obtenção de uma margem maior seja através da extensão de marca. • Pode também servir como alavancador no canal de distribuição. Assim como os consumidores, os varejistas têm menos incerteza ao lidar com uma marca conhecida. Uma marca forte pode ajudar a ganhar mais frentes na gôndola e a conseguir maior cooperação na implementação de programas de marketing. • Finalmente, o patrimônio da marca oferece uma vantagem competitiva que freqüentemente se traduz em uma barreira de entrada para novos concorrentes. • Valor da marca 106 O aumento das fusões e aquisições que vem ocorrendo nos últimos anos tem gerado uma maior necessidade de se avaliar o valor das marcas da empresa em geral é muito representativo, sendo às vezes muito maior do que o valor dos ativos tangíveis. De acordo com Vicente Vilardaga (1997, p.C-1), a avaliação das marcas está começando a se tornar um bom negócio para as empresas de consultorias. Das 60 avaliações feitas pela Coopers & Lybrand em 97 países, seis foram exclusivamente para dimensionar o valor das marcas e nas outras cinqüenta e quatro o nome foi um dos ativos avaliados. Quanto mais diversificada a atuação da empresa e quanto maior o numero de marcas mais difícil é a avaliação. É muito mais fácil avaliar empresas que colocam todos os seus produtos sob uma marca “guarda chuva” como é o caso da Parmalat, por exemplo, do que avaliar um portifólio de marcas como da Gessy Lever que possui uma grande variedade de produtos com imagem independente da marca corporativa. A marca Omo é com certeza uma das mais valiosas do Brasil, pois além da enorme participação no mercado de detergentes em pó possui altíssimos índices de lembrança espontânea e fidelidade. A marca Sadia também tem enorme valor, pois é Top of Mind em diversas categorias além de possuir uma reputação de excelente qualidade. Adquirir uma marca forte geralmente significa comprar uma alta participação de mercado. Esse é o grande fato motivador de inúmeras fusões e aquisições que vêm ocorrendo como a compra da Tostines pela Nestlé em 1993 e da Kibon pela Unilever em 1997. O crescimento do interesse por parte das empresas em avaliação de marcas levou à agencia de publicidade Young & Rubicam a elaborar um detalhado estudo sobre o assunto, o Brand Asset Valuator (BAV). De acordo com Simara Zacarelli, diretora da pesquisa e planejamento da Young & Rubicam (Moreira, p.40), o BAV avalia a força da marca junto ao consumidor a partir da analise dos 4 pilares que a sustentam: diferenciação, relevância, estima e familiaridade. A diferenciação da marca é aquilo que a distingue, a relevância consiste na importância atribuída pelo mercado consumidor à marca, a estima relaciona-se ao respeito devotado por esse mesmo publico e finalmente, a familiaridade é o grau de envolvimento do consumidor com a marca. Todas as três características podem ser aplicadas à marca café da Colômbia, tendo no logotipo o pequeno produtor Valdez e sua Mula. 107 De acordo com a teoria do BAV, a diferenciação e a relevância indicam a vitalidade de uma marca no mercado enquanto a estima e a familiaridade representam sua estatura, seu status junto ao publico consumidor. Cruzados em um gráfico esses índices mostram a vulnerabilidade ou força de uma marca. Exemplificando, uma margem líder de mercado pode perder participação à medida em que registra queda nos índices de vitalidade, mesmo mantendo boa estatura. Neste caso será necessário trabalhar melhor os aspectos de diferenciação e relevância da marca. • Posicionamento de Marca Cada empresa utiliza estratégias diferentes para enfatizar junto ao mercado uma ou outra certa condição de diferenciação de um produto, entre tantos outros concorrentes. Para Kotler (1998, p. 286), essa diferenciação pode estar na relação do preço médio ou alguma característica técnica (numero de calorias de um alimento, por exemplo). Esta estratégia é conhecida como Posicionamento de marca. Desde concepção do produto até a campanha publicitária e promocional, a influencia do posicionamento é decisiva. È igualmente importante e orientador para a estratégia mercadológica, como também para um objeto de pesquisa cientifica qualquer. Para Kotler (1998, p. 265), posicionamento é o ato de desenvolver a oferta e a imagem da empresa, de maneira que ocupem uma posição competitiva distinta e significativa nas mentes dos “consumidores alvos”. A relação do posicionamento mercadológico com as estratégias de marca e de comunicação produz um padrão no qual toda a empresa se estrutura, e também, gera um mito em torno de si. Quando bem sucedidas essas estratégias transformam uma marca em sinônimo de seus atributos, qualidades, ou até mesmo, em um termo de designação do próximo segmento de mercado em que atua tal produto. O posicionamento reflete um esforço de diferenciação do produto, no qual o consumidor possa reconhecer uma certa particularidade incomum, particular, e até mesmo exclusiva nesse momento, a marca associa-se a uma certa característica funcional ou psicológica que pode vir a ser decisiva na lembrança de marca, no estimulo, no impulso ou na decisão consciente e compra. O conceito é de que existe uma preferência geral, ou afeto, distinta de atributos específicos subjacentes. As pessoas simplesmente gostam de uma marca, e essa preferência não pode ser satisfatoriamente explicada pelas percepções e crenças dos 108 consumidores quanto aos atributos da marca. A preferência é apenas refletida em declarações de caráter geral (gostar, respeitar, ter amizade, ter confiança). O conceito de confiabilidade pode, em alguns casos representar um atributo especifico. Contudo freqüentemente, é também altamente correlacionado com a afeição geral. (AACKER, 1998, p.22) Segundo Aaker, por mais planejamento, estratégia e recursos envolvidos no processo de construção de imagem e posicionamento de mercado, a ultima palavra é do consumidor. Os resultados esperados dependem da reação afetiva do consumidor, não havendo condições técnicas de antecipar conclusões sobre investimentos em promoção de marcas. Mas, é claro que se exige do posicionamento de marca uma coerência estratégica do produto das ações da empresa no mercado, ao longo do tempo, viabilizando-se uma comunicação eficiente entre a empresas, o produto e o consumidor. • Lembrança de Marca O conceito lembrança de marca é definido por Kotler (1998, p. 265), pela proporção percentual de consumidores que se lembram de uma determinada marca, em pesquisas de mercado. Em entrevistas, o consumidor é consultado, e, quando perguntado que qual produto lhe vem à mente em primeiro momento, indicando uma tendência coletiva de retenção de memória. Essa retenção de memória em termos coletivos constitui um patrimônio não material, à medida que influencia o resultado comercial de uma empresa. Esse patrimônio recebe vários nomes diferentes. “Ponto de Comércio”, “Brand Equity” (Aacker, 1998), “Valor Simbólico”, e outros disseminados na literatura gerencial, contábil, e de economia. A questão central deste ponto é a possibilidade da lembrança de marca constituir-se ao longo do tempo um importante fator de fomentos às vendas. Uma empresa avaliaa força de sua marca no mercado por três Aspectos: A participação percentual comparativa com a dos concorrentes em vendas, a preferência do consumidor e a lembrança de marca. Estas duas últimas são identificadas em pesquisas de mercado sistematicamente desenvolvidas. Ao investir na aquisição de valores simbólicos agregados para o crescimento da lembrança coletiva de marca, uma empresa fortalece o posicionamento no mercado e agrega vantagens competitivas. O fortalecimento de uma marca pode significar a diferença entre sucesso e o fracasso de uma estratégia de manutenção ou expansão do crescimento de uma empresa. Em um 109 estagio de competição acirrada entre empresas, qualquer vantagem é importante. E a liderança na questão de lembrança de marca pode ser decisiva para definição de novos projetos empresariais, novas campanhas publicitárias e ações institucionais com respeito ao posicionamento de marca e a responsabilidade social da empresa. A lembrança de marca agrega valor patrimonial e mercadológico para essa marca, desde que associada à qualidade e eficiência organizacional. • A imagem da Marca/Produto Para Cobra (1991), o objetivo primário presente nas estratégias de marca consiste em criar na mente do consumidor uma impressão da marca que a distinga de suas congêneres. Tais estratégias freqüentemente tentam dar personalidade às marcas pela designação de traços humanos ao produto. Uma marca bem posicionada pode ocupar uma posição estratégica competitiva se for sustentada por associações fortes. Segundo Pinho (1996), as associações contribuem para adicionar valor à marca, diferenciando-a de seus concorrentes e estimulando emoções e sentimentos. As associações podem até fundamentar as decisões de compra, envolvendo atributos do produto ou benefícios ao consumidor, proporcionando uma razão específica para compra ou o uso do produto. A empresa que investe em publicidade trabalha, a todo o momento, tentando desenvolver e manter determinados conjuntos de valores e atributos para a construção de uma imagem de marca que se mostre coerente, apropriada e atrativa para o consumidor: Como um dos componentes de marca, a comunicação pode com muita propriedade ajudar na tarefa de criar e manter um conjunto atualizado e permanente de atributos, valores, sentimentos e percepções conectados com a marca para revesti-la de um sentido de valor que ultrapasse a mera percepção dos benefícios funcionais do produto. (PINHO, 1996, p.63). Outro importante papel desempenhado pela publicidade na construção das marcas está em promover o seu conhecimento, em três níveis: reconhecimento, lembrança espontânea e o Top of mind, que é o nível máximo de conhecimento. Mas, de maneira geral, o propósito básico da publicidade é tornar a marca familiar ao consumidor. 110 Podemos, portanto, afirmar que os comerciais da Sadia e dos óleos de soja Soya e Liza promovem a fidelidade do consumidor, ao explorar em suas mensagens os valores e sentimentos que permitam estabelecer um relacionamento íntimo e prolongado, criando um vínculo emocional, que determina a lealdade e o comprometimento do consumidor. 111 3 PRESSUPOSTOS E OBJETIVOS Neste capitulo são descritos os pressupostos que fundamentaram a realização do trabalho e relacionados os objetivos, que foram divididos em um geral e quatro específicos. A perspectiva do referencial teórico será sobre a ótica do marketing institucional, de relações publicas, de imagem, para determinar como as estratégias de marketing ajudarão para aumentar os lucros do café. O presente estudo será de tipo dedutivo descritivo, e pretende analisar o processo da criação da marca e imagem do café da Colômbia e do Brasil, buscando encontrar as respostas entre o referencial mencionado, que sirvam para garantir a grife do café colombiano e brasileiro e possam ajudar aos dois países para tentar superar a crise pela qual está atravessando o mercado internacional de café. Na atualidade o café apresenta uma redução no seu consumo no mercado internacional, todo isso influenciado pelo surgimento de novos países produtores, a queda de preços no mercado mundial, o aumento dos estoques de café nos países importadores, além de uma redução significativa no consumo interno e das mudanças nos hábitos alimentares da população ocorridas ao longo dos últimos anos. Recuperar essa queda e aumentar o consumo, enfrentando a competitividade do setor de bebidas, não será tarefa fácil. Muitas ações deverão ser feitas. Este trabalho tem a pretensão de ser um passo nesse sentido. Duas colocações devem ser enfatizadas: a primeira é de Peters e Austin (1985), que afirmam haver apenas duas maneiras de criar e manter clientes ao longo do tempo: cuidar excepcionalmente bem do seu cliente com serviço e qualidade superiores e inovar constantemente. A segunda observação é de Clancy e Shulman (1993), os quais afirmaram que para colocar alguma coisa no mercado com sucesso, para consumidores finais ou para industriais, seja produto ou serviço, tem-se que: • Avaliar o ambiente em que a empresa opera; • Acompanhar as mudanças de valores do consumidor; • Entender como tais alterações afetam os produtos e serviços da empresa. Consideram ainda estes autores que uma analise dos estilos de vida e dos valores dos usuários é critica para o sucesso do plano de marketing, que deve incluir: fatores demográficos, avaliação da participação do mercado, analise da competição, necessidades, 112 gostos, valores e estilos de vida do consumidor, além de política e economia. Com base nessas colocações, procurou-se verificar o significado do café para os países consumidores. A questão central do trabalho pretende responder a seguinte pergunta; Quais são as diferentes políticas de marketing desenvolvidas pela Colômbia e pelo Brasil durante a ultima década, para enfrentar a crise do café no mercado internacional ? Tendo como pressupostos: • Ambos países precisam ter maior agressividade no mercado internacional, desenvolver novas tecnologias e promover fortes políticas de diferenciação que incentivem a produção de café de melhor qualidade para enfrentar a conjuntura de super oferta. • A Colômbia sempre fez o marketing de que possuía um café nobre e de qualidade, enquanto o Brasil deixou que se construísse uma imagem de que vendia café de segunda linha, com isso o café colombiano tem preços melhores no mercado internacional. O objetivo geral do trabalho é identificar as estratégias de diferenciação do mercado utilizadas pela Colômbia e pelo Brasil para enfrentar a crise no mercado internacional de café. Como objetivos específicos, tem-se: • Identificar as diferentes campanhas de marketing desenvolvidas pela Colômbia, e pelo Brasil nos últimos anos. • Identificar e analisar as estratégias dos dois países na consolidação da marca e da imagem do café no mercado internacional. • Conhecer as ações de marketing que incentivem a produção e consumo de café de maior qualidade. • Identificar estratégias de diferenciação do produto. Este trabalho pretende contribuir para o fortalecimento do setor cafeeiro de ambos países. Sendo de grande importância para as entidades cafeeiras, as quais poderão ter uma visão desde a ótica do marketing da situação atual das tendências do consumo do mercado internacional do café. Este estudo também permitirá comparar os esforços da Colômbia e do Brasil, por conseguir produzir e manter uma imagem de café de boa qualidade que lhes permita superar as dificuldades pelas que atravessa o setor. 113 Sugerir novos usos para aumentar o consumo; (refrigerantes, sorvetes, bebidas). O setor de produção de café que ao longo dos anos foi comprovadamente distribuidor de renda, um aumento no consumo interno e externo exigirá dele um aumento na produção agrícola e, conseqüentemente, na necessidade de mais mão de obra para a colheita. • O modelo de análise Como o objetivo do trabalho foi,identificar estratégias de diferenciação de mercado em ambos países para o café, a metodologia usada consistiu em primeiro lugar fazer um levantamento e revisão da bibliografia selecionada referente ao setor agro- industrial de café, suas características, peculiaridades, história e importância, além de um levantamento sobre o comportamento do consumidor e, em especial do consumidor de café. Foi realizada também uma revisão sobre estratégias, especificamente sobre estratégias de marketing. Após a revisão da literatura selecionada, foram realizados os levantamentos de informações sobre o marketing do café em ambos países. Da posse dos dados obtidos, considerações foram realizadas sobre estratégias de marketing direcionadas para promover o café no mercado internacional. Vale ressaltar que o presente trabalho é exploratório, na medida em que descreve duas realidades a partir da reinterpretação de dados secundários, disponíveis em ambos países através de estatísticas macroeconômicas e produzidas por associações de classe. O ideal teria sido conduzir um estudo de percepção de marca nos países consumidores, notadamente nos países europeus e da América do Norte. Entretanto, o alto custo deste empreendimento, bem como o tempo gasto em contatos com os respectivos ministérios de Relações Exteriores que conduziria as pesquisas, algumas de natureza qualitativa (grupo focal) contribuíram para que o desenvolvimento deste trabalho ficasse limitado a interpretação dos dados disponíveis. A figura 08 mostra o modelo de analise utilizado para a realização do trabalho. 114 Figura 08. Modelo de análise Fonte: Elaborado pelo Autor. Compreender a cadeia agro- industrial do café é condução preponderante para estabelecer estratégias mercadológicas que levem ao aumento do consumo. O café deve ser sempre visto dentro de um contexto maior, desde a produção até o consumo final. Sendo um produto originado do setor agrícola, de cultura perene, de alta dependência climática e que faz uso de mão-de-obra intensiva, sua oferta não pode ser aumentada ou diminuída em intervalos de tempo muito curtos. Batalha e Silva (1995, p.30), questionando os procedimentos de caracterização dos vários mercados que compõem a cadeia agro- industrial para a aplicação dos conceitos e técnicas de marketing, defende que não tem sentido falar em “Marketing Agro- industrial”, uma vez que o enfoque, as ferramentas e as variáveis mudam de acordo com a posição que ocupam dentro da cadeia e do mercado para o qual as estratégias de marketing se destinam. Esses autores identificaram e caracterizaram 4 tipos de mercados dentro do sistema agro- industrial, para os quais as atividades de marketing devem direcionar: marketing rural, marketing agrícola, marketing agro- industrial e marketing alimentar. Este ultimo situa-se no nível do consumidor final e aborda dois aspectos marketing do produto e marketing da distribuição. Análise do Ambiente Agroindustrial do café: -Associações -Produtores -Intermediários -Torrefadores -Pontos de Vendas Estratégias de Marketing Direcionadas ao Mercado Externo. - Produto - Preço - Promoções - Distribuição OBJETIVO Aumento do consumo de café no mercado Externo 115 O presente trabalho se prenderá mais ao marketing alimentar e ao marketing agro- industrial direcionados ao mercado externo, onde estão colocados os esforços de ambos países para “produzir um plano de marketing capaz de recuperar a imagem do café no exterior”. Ribeiro et al. (1998), em estudo sobre a competitividade da cadeia agroalimentar do café, comentam que o aumento da competição no mercado internacional e nacional, após a abertura dos mercados vem exigindo dos diversos produtores e empresários da cadeia do café uma maior integração para a busca continuada de agregação de valor ao produto. O foco não deve ficar apenas na produção de café, a commodity, mas em todos os agentes econômicos envolvidos no processo, desde a produção até o consumo. Estabelecer estratégias efetivas no mundo moderno não é tarefa fácil. Com o processo de mudanças permanentes alavancado pelo desenvolvimento tecnológico e globalização da economia, o sistema de definição de estratégias se tornou mais complexo, menos dependente de previsões e instrumentos de planejamento e mais criatividade, intuição, tecnologias e informações. Estratégias que funcionem hoje são aquelas mais revolucionarias, que não só abrangem a organização, como também o setor econômico ao qual ela pertence. (HAMMEL & PRAHALAD, 1995; McKENNA, 1993). No caso de produtos como o café, produzido por um grande número de pequenas unidades de produção, altamente dependente do clima e com características de commodity, as ações estratégicas têm que partir das instituições que controlam, interessam ou defendem o setor. Instituições representativas de empresas produtoras, processadoras ou distribuidoras devem coordenar o estabelecimento de estratégias institucionais para o desenvolvimento da cadeia do agronegócio do café. De acordo com Clancy e Shulman, (1992) Setores e empresas que queiram ser competitivas devem possuir estratégias de marketing direcionadas para o desenvolvimento como um todo de forma cooperativa, e cada empresa deve estabelecer estratégias de marketing direcionadas para sua marca especifica. O marketing da empresa deve destacar sua marca, mas deve também contribuir para a valorização da imagem do setor. Corroborando com as colocações de Hamel e Prahalad (1995) na área de mercadologia, McKenna (1993), afirma que marketing é uma questão de criar mercados, não de participar do mercado. 116 É preciso criar novos padrões e para criar posições duradouras no mercado, as empresas têm que criar relações fortes com os clientes, fornecedores, distribuidores, revendedores, pessoas influentes no setor, membros da comunidade e jornalistas que controlam o fluxo de informações e as opiniões a respeito do setor, além, é claro de estarem atentos aos desejos e necessidades dos consumidores finais. • Estratégias de marketing para o café Para que o marketing do café seja eficaz, é necessário que seja relacionado institucionalmente e de forma integrada entre os diversos componentes (cafeicultores, cooperativas, associações, armazéns, corretores, torrefadores, supermercados, bares, restaurantes e casas especializadas). Ou seja, que se realize uma campanha de marketing por um órgão da cadeia, com a participação de todos seus integrantes. Não é uma tarefa fácil aglutinar todos os participantes de cadeia do café, mas seria uma atitude que geraria grandes benefícios para o setor como um todo. Praticamente todas as propostas de formulação de estratégias possuem uma estrutura básica, a qual leva em conta a analise do ambiente nos seus aspectos políticos, econômicos, sociais, tecnológicos; a analise da organização em função de seus recursos, valores, estruturas e competências; a analise e definição de objetivos, metas, propósitos e missão e, finalmente, os procedimentos para a implementação das decisões tomadas. Fundamentado nessa estrutura básica de formulação de estratégias é que se sugere a análise das organizações cafeeiras de ambos países, na expectativa de estar contribuindo para a construção do setor do café no futuro. Conforme Hammel e Prahalad (1995), McKenna (1993), Kotler (1994), estratégias de marketing estão relacionadas a criar clientes, manter clientes e inovar sempre ou, ainda, identificar um nicho de mercado, comunicar com ele e mantê- lo com vendas especificas e bons serviços, é uma das tarefas mais decisivas para o sucesso do negócio. Descobrir um grupo de pessoas cujas necessidades não estão bem atendidas e com potencial para comprar é a chave para a identificação de um nicho. Aprender a comunicar-se com ele é apenas uma questão de conhecê- lo profundamente e saber utilizar as diversas técnicas de comunicação. Mantê-lo com vendas efetivas e bons serviços, é tarefa
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