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INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE – Campus Rio do Sul Curso: Licenciatura em Física. Disciplina: Instrumentação para o Ensino de Física III Prof.: Greici Gubert Acadêmico: Suyane Zielinski Dias Rio do Sul, 25 de Abril de 2020. 1 O Efeito Fotoelétrico Foi Heinrich Hertz (1857-1894), físico alemão, o primeiro a estudar o efeito fotoelétrico, mesmo que na época, por volta de 1886, não soubesse ao certo do que se tratava este fenômeno. Hertz realizava diversos experimentos com a intenção de demonstrar a existência das ondas eletromagnéticas. Para isso, produzia descargas entre dois eletrodos, e, em algumas observações, notou que quando o cátodo era iluminado, produzia descargas elétricas mais intensas. Sem saber, Hertz descobriu o efeito fotoelétrico, por meio das emissões de raios catódicos. Dois anos após as observações de Hertz, o físico britânico J.J. Thomson (1856- 1940), ganhador do Prêmio Nobel de Física pela descoberta e identificação do elétron, provou que a razão carga e massa (e/m) das partículas catódicas era igual à dos elétrons. Ou seja, as partículas emitidas pelas placas iluminadas dos experimentos de Hertz se tratavam de elétrons. Ao prosseguir com os estudos, em 1903, Hertz e seu assistente, Philipp Lenard (1862-1947), criaram vários experimentos a fim de determinar uma relação entre a intensidade da luz e a energia dos elétrons emitidos. Concluíram que não havia qualquer ligação entre ambas, resultado esperado para os conhecimentos físicos da época. Um ano depois, Egon Schweilder (1873-1948), físico austríaco, provou que a energia cinética dos elétrons que deixavam as placas metálicas era diretamente proporcional à frequência de luz que as iluminava. Os estudos de Schweilder e os resultados obtidos experimentalmente contradiziam a teoria clássica do eletromagnetismo e tornaram-se um grande desafio para os físicos da época durante 18 anos. Foi no ano de 1905, quando o físico alemão Albert Einstein (1879- 1955), utilizou os estudos sobre a emissão de corpo negro, de Max Planck (1858-1947) para basear seus estudos na quantização do campo eletromagnético, dessa forma, explicando satisfatoriamente o funcionamento do efeito fotoelétrico. No ano de 1900, Planck buscava explicar a emissão de corpo negro, e só conseguiu fazê-lo ao sugerir que a luz fosse quantizada, isto é, que apresentasse valores de energia múltiplos de uma quantidade menor. Apesar de Planck saber que o seu estudo era somente um artifício matemático eficiente para demonstrar um fenômeno físico, Einstein provou que a luz é constituída por um aglomerado de partículas compostas de energia. Essas partículas foram chamadas de fótons. Einstein recebeu o Prêmio Nobel de Física em 1921, após a publicação de seu artigo sobre o efeito fotoelétrico. 2 Definindo o Efeito Fotoelétrico Para compreender o efeito fotoelétrico, é necessário considerar a luz como partícula, e não com caráter ondulatório como se afirma o modelo clássico. Einstein explica o efeito fotoelétrico com o auxílio da teoria corpuscular da luz, desenvolvida por Max Planck, que demonstra que a luz é formada por um grande número de fótons ou partículas sem massa que carregam uma determinada quantidade de energia (𝐸), que por sua vez, é proporcional à frequência da luz (𝜐) e também à constante de Planck (ℎ). Modelando matematicamente, temos: 𝐸 = ℎ𝜐. (1) Se um fóton possui energia (𝐸) suficiente, pode-se ejetar elétrons de um determinado material. Podemos calcular a energia cinética (𝑘) desse elétron utilizando a função trabalho (𝛷), que deve variar conforme as características do material. 𝑘 = 𝐸 − 𝛷. (2) Observando a Eq. (2) podemos notar que a energia cinética (𝑘) adquirida pelos elétrons depende da energia dos fótons incidentes (𝐸) e também de sua função trabalho (𝛷). Esta grandeza mede a energia potencial dos elétrons ligados ao material, ou seja, é a energia mínima necessária para ejetá-los. Percebemos que toda energia excedente é transmitida para os elétrons e convertida em energia cinética. A ejeção dos elétrons não depende da intensidade da luz emitida, e sim de sua frequência. Percebe-se que os elétrons são presos ao metal por uma energia de ligação definida como função trabalho. Os elétrons apenas são ejetados se a energia do fóton incidente for maior ou igual à função trabalho, ℎ𝜐 ≥ 𝛷. A diferença de ℎ𝜐 − 𝛷 pode virar energia cinética (𝑘), então pela conservação de energia podemos dizer: ℎ𝜐 = 𝛷 + 𝑘𝑚á𝑥. (3) Sabendo que a energia do elétron depende da frequência do fóton, podemos dizer que existe uma frequência mínima para que um fóton consiga ejetar um elétron. Então não é qualquer radiação que faz com que o fenômeno do efeito fotoelétrico ocorra, já que a radiação é determinada pela sua frequência. Figura 3: Tabela da função trabalho de alguns materiais conhecidos Ref: www.fisicapaidegua.com/conteudo/conteudo.php?id _top=060102 Figura 2: Fótons com frequência maior que o valor mínimo ejetando elétrons de um material. Ref: https://brasilescola.uol.com.br/fisica/ (Adaptado) Figura 1: Fótons com frequência que não causam a ejeção de elétrons. Ref: https://brasilescola.uol.com.br/fisica/ (Adaptado) A Figura 3 traz alguns metais e sua função trabalho em elétron-volt. Fazendo uma análise dos valores, notamos que o sódio necessita de uma energia menor para ejetar um elétron do que a platina, por exemplo. Isso ocorre principalmente por causa da densidade dos diferentes materiais bem como o número de elétrons disponíveis em cada átomo do elemento. Para que ocorra o efeito fotoelétrico, notamos que o comprimento de onda da luz (λ) está intimamente relacionado com sua frequência (𝜐), ou seja, conforme mudamos o comprimento de onda, sua frequência também é alterada (λ = 𝑉𝑙𝑢𝑧 𝜐 ), e devemos saber que cada cor possui seu comprimento de onda. 3 Simulando o Efeito Fotoelétrico Para entender melhor o efeito fotoelétrico, vamos utilizar uma simulação disponibilizada na plataforma PhET Colorado onde é possível interagir modificando o comprimento de onda, assim alterando a frequência dos fótons emitidos bem como a intensidade da luz e o material metálico do experimento. Dessa forma, podemos obter gráficos e fazer observações experimentais que não seriam facilmente notadas a olho nu. Figura 4: Aplicativo desenvolvido e disponibilizado pela PhET Colorado. Simulação: Efeito Fotoelétrico (1.10) Na animação, temos uma fonte de tensão juntamente com um voltímetro para determinar a diferença de potencial e logo em seguida um amperímetro que fará a função de medir a corrente elétrica nos terminais. Podemos alterar o material da placa metálica e navegar entre diferentes frequências e intensidade da luz. Para uma melhor visualização, utilizaremos como exemplo a placa de sódio, por ser o metal que precisa de menos energia para ejetar um elétron. Na Figura 5, a animação simula a emissão de fótons com uma frequência no limiar da captação da visão humana para o infravermelho (780nm) e com 20% de intensidade da luz. Os fótons estão se chocando contra a placa de sódio, porém não percebemos a ejeção de elétrons já que a corrente elétrica marca no amperímetro 0A. Justamente pela frequência dos fótons possuírem um valor inferior ao determinadocomo frequência mínima. Figura 5: Experimento ligado com a emissão de fótons com comprimento de onda de 780nm e 20% de intensidade da luz. Simulação: Efeito Fotoelétrico (1.10) Mesmo com a intensidade total do equipamento, como demonstra a Figura 6, não conseguimos ejetar elétrons de uma placa de sódio. Figura 7: Experimento ligado com a emissão de fótons com comprimento de onda de 535nm e 20% de intensidade da luz. Simulação: Efeito Fotoelétrico (1.10) Figura 6: Experimento ligado com a emissão de fótons com comprimento de onda de 780nm e 100% de intensidade da luz. Simulação: Efeito Fotoelétrico (1.10) Na Figura 7, notamos que alguns elétrons são ejetados graças a frequência da luz que aumentou para 32% devido ao comprimento de onda ter diminuído para 535nm. Como temos a ejeção de poucos elétrons, é natural que o amperímetro continue marcando 0A. É justamente neste intervalo, ainda no espectro da luz visível, que encontramos o valor da frequência mínima necessária que um fóton deve ter para ejetar um elétron. Vale ressaltar que o metal alvo continua sendo o sódio. Quando definimos o comprimento de onda para aproximadamente 420nm, onde o espectro de luz não é mais visível a olho nu, notamos uma corrente elétrica de intensidade muito baixa, marcando 20mA. Isso significa que os fótons que estão chegando até a placa de sódio possuem energia suficiente para ejetar alguns elétrons. Figura 8: Experimento ligado com a emissão de fótons com comprimento de onda de 420nm e 20% de intensidade da luz. Simulação: Efeito Fotoelétrico (1.10) Quando aumentamos a intensidade da luz para 100%, identificamos uma corrente elétrica de 0,1A. Já que ultrapassamos o valor de frequência mínima necessária para garantir a emissão de elétrons, quanto maior a frequência e a intensidade da luz, maior será o número de elétrons ejetados e consecutivamente, maior será a corrente elétrica medida pelo amperímetro. Figura 9: Experimento ligado com a emissão de fótons com comprimento de onda de 420nm e 100% de intensidade da luz. Simulação: Efeito Fotoelétrico (1.10) Figura 10: Experimento ligado com a emissão de fótons com comprimento de onda de 200nm e 100% de intensidade da luz. Gráfico da energia do elétron (eV) x frequência da luz (Hz). Simulação: Efeito Fotoelétrico (1.10) Ao observar a Figura 10, percebemos que vários elétrons são ejetados graças a frequência dos fótons que são emitidos pelo equipamento. A corrente elétrica aumenta gradualmente conforme a intensidade da luz é alterada, pois quanto mais fótons altamente energéticos interagirem com os elétrons do material, maior será a ejeção de elétrons e, por sua vez, maior será a corrente elétrica lida pelo amperímetro. O gráfico da Figura 10 nos mostra a relação entre a energia do elétron ejetado e a frequência dos fótons emitidos. Toda a energia excedente do fóton se transformará em energia cinética para o elétron. Contudo, podemos notar que no gráfico que relaciona a corrente elétrica com a intensidade da luz emitida, vemos uma intima ligação de proporcionalidade entre essas grandezas. Uma vez que, quanto maior for a intensidade da luz emitida, maior será a corrente elétrica lida pelo amperímetro, reforçando as ideias da teoria corpuscular da luz. Figura 11: Experimento ligado com a emissão de fótons com comprimento de onda de 380nm e 62% de intensidade da luz. Gráfico da corrente elétrica (A) x intensidade da luz (lm). Simulação: Efeito Fotoelétrico (1.10) Caso a diferença de potencial (ddp) da bateria for diferente de zero, ela pode influenciar positiva ou negativamente no número de elétrons ejetados. Se a ddp for positiva, mais elétrons serão ejetados graças ao sentido da corrente elétrica. Mas se a ddp for negativa, alguns dos elétrons que seriam ejetados, não terão energia cinética suficiente para vencer a função trabalho. Quando a ddp da bateria marca -0.6V, notamos que menos elétrons foram ejetados, o contrário acontece quando aplicamos uma ddp de 0.6V no experimento, resultando numa corrente elétrica de aproximadamente 0.15A. Caso alterarmos o material das placas do experimento, notamos uma maior dificuldade de arrancar elétrons destas placas, visto que este fenômeno depende da função trabalho deste material. Quanto maior a função trabalho, mais difícil será para ejetar um elétron das placas metálicas. Figura 12: Experimento ligado com a emissão de fótons com comprimento de onda de 400nm e 100% de intensidade da luz apresentando variação na diferença de potencial. Simulação: Efeito Fotoelétrico (1.10) Notamos na figura 12 que a emissão dos elétrons se tornou mais difícil devido a troca do metal das placas. Sendo que a função trabalho do zinco é muito maior que a função trabalho do sódio. Notamos uma corrente elétrica de 0.6A já que os elétrons ejetados do zinco são mais energéticos que os arrancados do sódio devido a função trabalho de cada elemento 4 Conclusão Tendo em vista os aspectos observados, concluímos então que o efeito fotoelétrico, fenômeno estudado por vários físicos durante anos e finalmente formulado por Einstein em 1905, trata-se da emissão de elétrons da superfície de certos materiais metálicos, quando iluminados com radiação eletromagnética de certa frequência. A energia cinética dos elétrons depende da frequência da luz e do material iluminado. Para um mesmo material, quanto maior a frequência da luz, maior a energia dos elétrons ejetados, independente da intensidade luminosa. Se a luz for mais intensa, ela apenas arranca mais elétrons, gerando maior corrente elétrica. Figura 13: Experimento ligado com a emissão de fótons com comprimento de onda de 250nm e 100% de intensidade da luz. Utilizando o zinco como material. Simulação: Efeito Fotoelétrico (1.10) O feito fotoelétrico é utilizado em muitos equipamentos essenciais, como as células fotoelétricas, usadas em alguns elevadores e máquinas, e as células solares, usadas nos satélites para transformar a energia da luz do Sol em eletricidade. Muitos dispositivos tecnológicos foram criados utilizando como princípio o efeito fotoelétrico. As células fotovoltaicas, por exemplo, são usadas para transformar a energia luminosa em eletricidade. Esse fenômeno também é utilizado em sensores de movimento, relés e fotorresistores ou LDR (Light Dependent Resistor). 5 Referências • YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. (2016). Física: Ótica e Física Moderna. São Paulo: Pearson. 14 ed. p. 202-209. ISBN 978-85-430-0671-0. • HELERBROCK, Rafael. Efeito fotoelétrico. Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/fisica/o-efeito-fotoeletrico.htm. Acesso em: 20 de abril de 2020. • Física Moderna UFRGS. A descoberta do Efeito Fotoelétrico. Disponível em: https://www.if.ufrgs.br/tex/fis142/fismod/mod03/m_s01.html. Acessoem: 22 de abril de 2020. • MONTEIRO, Bruno; ANDRADE, Mariel. O Efeito Fotoelétrico. Física UFPB. Disponível em: http://www.fisica.ufpb.br/~romero/objetosaprendizagem/Rived/20EfeitoFotoeletri co/Site/Notashistoricas.htm. Acesso em: 22 de abril de 2020. • C.A. dos Santos. A descoberta do Efeito Fotoelétrico. UFRGS, 2002. Disponível em: http://www.if.ufrgs.br/einstein/efeitofotoeletricodescoberta.html. Acesso em: 23 de abril de 2020. https://pt.wikipedia.org/wiki/International_Standard_Book_Number https://pt.wikipedia.org/wiki/Especial:Fontes_de_livros/978-85-430-0671-0
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