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Resumo - Introdução a antropologia forense

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Introdução a antropologia forense
Introdução:
Os desenvolvimentos recentes na área da antropologia forense têm permitido a obtenção de resultados mais credíveis e a resolução de casos que anteriormente pareciam insolúveis. Como exemplo disso temos o caso dos “meninos de Córdoba”, que com a ação dos antropólogos forenses, foram identificados como humanos, os ossos recuperados de uma fogueira no terreno da casa do pai anteriormente atribuídos como pertencentes a um cão.
As três questões da antropologia forense são:
· Quem era? Identificar quem era a vítima.
· Como morreu? Contribuir para o conhecimento da causa e da circunstância da morte.
· Quando morreu? Estimar o tempo decorrido desde a morte.
O antropólogo forense (AF) age na identificação do cadáver, quando já decorreu muito tempo da morte e nem a polícia nem o patologista, por meio de impressões digitais e traços fisionómicos, conseguem fazer essa identificação. Além de opinar e participar da análise de lesões ósseas e avaliação de indivíduos vivos, como identificação, estimativa de idade e outras questões que lhe couber. Entretanto, a grande maioria das perícias efetuadas pelo AF dizem respeito a indivíduos mortos.
As 10 questões:
1. É osso? 
2. É humano?
3. É recente? (Forense ou arqueológico)
4. Quais os ossos presentes?
5. Qual o número de indivíduos?
6. Qual a origem geográfica?
7. Qual o sexo?
8. Qual a idade à morte?
9. Qual a estatura?
10. Quais são os fatores de individualização? (Que permitem a identificação positiva)
· Recuperação Interpretação dos vestígios:
Idealmente o trabalho do AF deveria ter início no local onde se suspeita que possam estar os restos humanos, (Antropologia de campo) ajudando na prospecção e detecção dos restos e, sobretudo, na escavação e exumação dos vestígios. Visto que o AF sabe, especificamente o que procurar e como proceder.
Identificação da espécie:
	Numa primeira instância avalia-se o que nos é remetido, não menosprezando qualquer tipo de evidência. Nesta etapa é muito relevante determinar o que é osso e o que não é. Posteriormente, se tratando de serem vestígios orgânicos, importa certificar que se trata de ossos humanos, a maioria dos casos é resolvida através de análises das epífises, mas quando a dúvida persiste, ou quando o fragmento ósseo impossibilita tal análise são feitas análises histológicas (Ex: presença da estrutura de Havers – característica de restos humanos) e genéticas, no entanto, tais análises são invasivas e implicam na destruição da amostra.
· Antropologia de campo:
Introdução à Arqueologia forense
Particularidades dos vestígios osteológicos:
· Os ossos podem ser os únicos restos das vítimas.
· As características esqueléticas podem fornecer as únicas evidências para a identificação de vítimas e para se conhecer a causa e a circunstância das suas mortes.
As cenas de crime que envolvem restos esqueléticos humanos podem ser bastante complexas de analisar. Logo, o conhecimento insuficiente das TÉCNICAS ARQUEOLÓGICAS, da BIOLOGIA DO ESQUELETO e do ENQUADRAMENTO LEGAL pode levar a um incorreto processamento do local, com destruição de provas, ou tornando-as inviáveis.
Assim, é essencial usar um bom método de abordagem => a Arqueologia enquanto técnica de análise forense:
A ARQUEOLOGIA FORENSE é a aplicação da teoria e dos métodos da Arqueologia à escavação de vestígios num contexto forense.
As fases do trabalho de campo em Antropologia forense
Uma perícia de Antropologia forense tem várias fases, iniciando-se pela recolha de informação das vítimas, do local e do contexto. Posteriormente, faz-se a intervenção no terreno, de forma a recuperar os vestígios esqueléticos das vítimas. Já em laboratório procede-se à análise dos esqueletos (perfil tafonômico, perfil biológico, fatores de individualização, análise de traumatismos). Por fim, faz-se a confrontação de todos os dados.
Antes da saída para o terreno é preciso precaver todos os meios humanos e materiais indispensáveis. Faz-se uma reunião de equipa onde se estabeleça o plano de ação e a hierarquia, se esclareçam as dúvidas; se definam os procedimentos, sobretudo os relativos à manutenção da cadeia de custódia e às questões de segurança.
Os equipamentos devem ser inventariados, confirmados e acondicionados. Os equipamentos de proteção individual são confirmados (luvas, máscaras, fatos, etc.), bem como as condições de saúde dos elementos da equipa (por exemplo, fazer vacinação).
Por vezes, ossos ou valas contendo restos humanos são encontrados de forma acidental, mas noutras situações é necessário procurar o local onde foram ocultados os cadáveres. Há várias TÉCNICAS DE PROSPEÇÃO que são selecionadas considerando os recursos disponíveis (humanos e tecnológicos) e as características do terreno.
Batida do terreno: técnica barata (não invasiva) que pode ser muito eficaz em casos em que o tempo decorrido desde o enterramento não é demasiado longo. Deve ser executada por uma equipa multidisciplinar composta por antropólogo, arqueólogo forense e polícia. Os peritos, ao caminhar, procuram alterações na superfície (depressões ou alterações na vegetação). A abertura de uma vala para enterrar um cadáver altera a vegetação desse local (ramos partidos e as ervas que foram arrancadas ficam secas). Um cadáver em decomposição cria um microambiente rico, logo, a vegetação cresce mais nessa zona. Mais tarde, com o avançar da decomposição, o espaço inicialmente ocupado pelos tecidos moles é preenchido pelos sedimentos, ou seja, a superfície da vala fica mais baixa.
Geo-radar: (abordagem não invasiva) as alterações causadas pela abertura da vala e pelo cadáver em decomposição originam descontinuidades visíveis nos radargramas, permitindo a localização do enterramento.
Cães pisteiros: (abordagem não invasiva) são treinados para detectar os odores causados pela decomposição cadavérica ou as modificações no terreno causadas pela abertura da vala.
Fotografia área, por satélite e imagens deLidar: técnicas não invasivas que podem ser usadas para detectar valas comuns (pois estas provocam grandes alterações no terreno).
Escavação por sondagem: técnica invasiva, pode ser feita através da abertura de várias sondagens (pequenas áreas de escavação) ou pela decapagem da camada superficial do terreno (retira-se a camada superficial do terreno expondo os limites da vala).
Após a localização da vala, delimita-se a área da intervenção, impedindo o acesso de estranhos (permite a segurança do local e a manutenção da custódia). A área de trabalho tem de ser mantida limpa e desimpedida e os equipamentos devem estar acessíveis, mas arrumados de forma a evitar acidentes. Antes de se iniciar a escavação, a área deve ser limpa de vegetação. Todas as etapas do trabalho devem ser registadas por escrito e por fotografia.
O ponto zero, ou datum, deve ser estabelecido numa zona fora da área a escavar, geo-referenciado, e mantido até ao final da intervenção. Estabelece-se a quadrícula para facilitar o registo topográfico de todos os achados (ossos e objetos).
A ESCAVAÇÃO deve seguir os princípios estratigráficos que permitem a compreensão do registo estratigráfico (as camadas de terreno e a disposição dos ossos e objetos) e estabelecer a cronologia da formação da vala (quando foi aberta, qual a ordem de deposição dos corpos, etc.).
Apenas se escava o interior da vala, mantendo os seus limites, e cada camada estratigráfica (unidade de terreno, por exemplo, cada esqueleto é uma unidade estatigráfica) não é misturada com outra. Os sedimentos são removidos por decapagens (pequenas camadas de terra que se retiram sem fazer buracos) e depois crivados (passagem dos sedimentos por crivos/peneiras que permite a recuperação de peças de pequenas dimensões como as coroas de dentes decíduos ou falanges de crianças).
Quando se encontra um osso, este não pode ser logo exumado. Primeiro é preciso escavar para expor, ou seja, todos os sedimentos são removidos do interior da vala, deixando expostos os ossos na sua posição original. Nada pode ser mudado de posição ou retirado da vala sem ter sido previamentedocumentado. O decorrer da escavação tem de ser registado por escrito e por fotografia (obrigatório a utilização de escalas métricas e placas identificativas).
Após a escavação dos restos cadavéricos procede-se ao registo:
· Da forma em que os cadáveres foram encontrados (posição da cabeça, dos braços, das pernas, se o cadáver está virado para cima – posição dorsal, para baixo – ventral, ou de lado – lateral)
· Das conexões anatómicas (ou seja, se os ossos se mantêm em posição anatómica);
· Da preservação óssea;
· Do tipo e da posição dos objetos associados;
· Outros (por exemplo, se há raízes a envolver os ossos).
Começa-se a fazer a avaliação dos parâmetros do perfil biológico e patológico. Isto é importante pois essa informação pode perder-se com a exumação e/ou transporte até à sala de autópsia/laboratório. Faz-se uma breve análise métrica e morfológica, que terá de ser concluída durante a exumação.
Faz-se o registo topográfico dos restos cadavéricos (coordenadas X e Y), durante a exumação mede-se a profundidade (coordenada Z).
Depois faz-se a exumação: levantamento do cadáver e acondicionamento dentro de um “body-bag” devidamente etiquetado. No caso de restos humanos esqueletizados é aconselhável embalar peças frágeis (devido a patologias, lesões traumáticas ou alterações tafonômicas) em separado para evitar a sua fragmentação e degradação, e consequente perda de informação. Todos estes passos devem ser registados por escrito e por fotografia.
Após a exumação de todos os restos cadavéricos e objetos associados é preciso continuar a escavar a vala até definir os seus limites e crivar a terra. Assim, pode ser possível identificar as marcas deixadas pelos instrumentos utilizados aquando da abertura da vala. Não esquecer de registar por escrito e por fotografia.
Devem ser recolhidas amostras de sedimentos, dos insetos presentes, raízes, pólen e folhas. Cada amostra deve ser embalada e etiquetada.
No final (antes se dar por terminado o trabalho de campo) é essencial:
· Conferir todas as informações relacionadas com a localização da vala e dos restos humanos;
· Conferir todas as informações relativas às dimensões da vala;
· Rever todos os dados recolhidos (listagem de fichas de registo e de fotografias);
· Confirmar o bom acondicionamento de todos os itens exumados (esqueléticos e objetos);
· Conferir as listagens de todos os itens exumados (esqueléticos e objetos).
O relatório da intervenção
Após a conclusão dos trabalhos de campo é essencial fazer um relatório para documentar: como estes decorreram; os cadáveres que foram recuperados; os outros itens exumados; a descrição do contexto e da vala, e demais informações.
O relatório deve ter imagens e a descrição detalhada de todos os passos do trabalho, desde o planeamento.
A elaboração do relatório deve ser gerida pelos Peritos Responsáveis de cada área o saber. Os Coordenadores de cada disciplina (Antropologia, Arqueologia, Topógrafos, Técnicos de Geo-radar [ou de outras técnicas de prospeção], etc.) devem trabalhar em conjunto na elaboração do relatório. No relatório é essencial apresentarem-se os dados e a sua interpretação em separado.
· Estado de preservação e alterações tafonômicas:
É fundamental a retirada de todas as amostras para a análises complementares, antes da limpeza e maceração dos restos humanos. E a descrição dos estados geral de conservação e preservação diferencial das várias zonas corporais. Normalmente a primeira parte a esqueletizar é o crânio (pela quantidade de tecidos moles e por não estar vestido), a articulação temporo-madibular é uma das primeiras a ceder (Por isso em muitas situações a mandíbula encontra-se completamente separado do resto do crânio). No extremo oposto, no esqueleto pós-craniano, a última zona a esqueletizar é a da bacia (Muitas vezes encontra-se saponificada quando o crânio já está completamente livre de tecidos moles). É comum recuperar mais ossos dos pés do que das mãos (pés costumam estar mais frequentemente calçados). 
As roupas devem ser descritas com detalhes, mas tudo deve ser registrado, alterações de cor, marcas de corte, de mordedura, traumatismos, impregnação por raízes, presença de terra, etc. A chave para resolver o caso pode estar presente nesses indicadores. Nesta fase, exame radioscópico (raio-x) é muito importante para perscrutar 
A Tafonômia é o estudo dos fenómenos que afetam os restos dos organismos vivos após a sua morte (Nawrocki, 2009: 284). A Tafonômia estuda a interação entre os agentes opostos de preservação e destruição do cadáver. 
Tafonômia forense: o uso de modelos tafonômicos na abordagem de contextos forenses para estimar o tempo decorrido desde a morte, auxiliar a reconstruir as circunstâncias que rodearam a morte e o processo de decomposição, e discriminar as alterações decorrentes da atividade humana das resultantes das condições ambientais Haglund e Sorg (1997).
Os conceitos ante, peri e post-mortem
Para atingir os objetivos acima mencionados é necessário desenhar o perfil tafonômico dos restos humanos sob análise (analisar os restos humanos, anotando todas as alterações nos ossos provocadas pelos vários processos tafonômicos).
Antes, é obrigatório fazer a distinção se as alterações observadas nos ossos ocorreram antes, após ou no momento da morte:
· As lesões antemortem mostram sinais de reação óssea e serão importantes no processo de identificação do indivíduo, como se verá adiante, neste capítulo.
· As lesões perimortem, ou seja, que ocorreram no momento da morte, são particularmente úteis no estabelecimento da causa e da circunstância da morte.
· As alterações postmortem são as causadas pelos agentes tafonômicos, durante o processo de decomposição cadavérica e degradação óssea, e não mostram sinais de reação óssea nem características de osso fresco.
Ou seja, após a morte há perda de água e a matéria orgânica deixa de ser produzida, logo, o osso perde propriedades como a Elasticidade e a Plasticidade. Assim, o osso vai reagir de forma diferente a uma agressão consoante esteja fresco ou seco.
Após a morte, inicia-se a Autólise, que é a destruição celular provocada pela atividade enzimática intracelular. Após algum tempo, as enzimas começam a atuar sobre si próprias, destruindo-se.
Terminada a Autólise e começa a Putrefação, um processo de destruição celular causado por bactérias. A microbiota bacteriana do corpo e em especial do trato intestinal difunde-se pelo cadáver iniciando a putrefação, que consiste na dissolução gradual dos tecidos em líquidos, gases e sais. Esta atividade bacteriana é responsável pela produção de gases (metano, hidrogénio, dióxido de carbono, entre outros) que provocam o aumento generalizado do volume do corpo, mas não do peso, com edema da face e do pescoço e o aumento do abdómen, pénis e escroto. A epiderme torna-se cada vez mais frágil e começa a soltar-se, tal como o cabelo e os pelos. A putrefação ocorre sob condições ótimas entre os 21ºC e 38ºC, e é consideravelmente retardada a temperaturas inferiores a 10ºC ou superiores a 40ºC.
Após a decomposição dos tecidos moles, o esqueleto fica exposto, atingindo-se a fase de Esqueletização. Inicialmente, restos de pele e tendões secos, pelos, unhas, cartilagens ainda prevalecem. Com o passar do tempo, a degradação óssea intensifica-se, com a perda da matéria orgânica e da água do osso. Salvo nos raros casos de fossilização (casos tratados pela Paleontologia), os ossos podem mesmo desintegrarem-se e desaparecerem.
Porém, algumas condições impedem o início da autólise e da putrefação, tais como a Saponificação e a Mumificação, que permitem a preservação do cadáver ou apenas de algumas partes. Estes processos, a par com a putrefação e a esqueletização, podem coexistir no mesmo cadáver.
A Saponificação ou formação de Adipocera verifica-se normalmente em corpos depositados no meio líquido ou em ambientes húmidos, embora tal não seja essencial, já que a água do organismo pode ser suficiente. A adipocera é um composto de ácidos gordos, com um aspecto semelhante à cera ou ao sabão e com um forteodor a amoníaco, que pode ocorrer em todo o corpo ou só em parte. A saponificação do cadáver faz-se por hidrólise e hidrogenação das gorduras do tecido adiposo em ácidos gordos, processo que requer água, tenha ela uma proveniência exógena ou do próprio corpo.
A Mumificação consiste na perda de água dos tecidos de corpos encontrados em ambientes secos e arejados. É um processo de conservação natural ou artificial que consiste na desidratação e exsicação dos tecidos, podendo ser parcial ou coexistir com outras formas de conservação e/ou putrefação, e estende-se mais facilmente a todo o corpo que a saponificação. A pele do cadáver mostra um aspecto ressequido e quebradiço e acastanhado. Quanto aos órgãos internos, podem apresentar-se igualmente mumificados, putrefatos, em adipocera, ou até ausentes. A mumificação natural dos tecidos moles ocorre quando o ambiente envolvente é particularmente seco e arejado, perdendo o corpo os seus fluidos via evaporação, sendo que temperaturas extremas, de calor ou de frio, facilitam o processo. No caso de ambientes gelados, a mumificação deve-se não só ao fato do ar ser seco, como também à escassez de microbiota bacteriana.
· Fatores tafonômicos
Os Fatores tafonômicos são os fatores que atuam sobre o cadáver. Podem estar relacionados com a atividade humana – Fatores Tafonômicos Antrópicos, à influência do meio ambiente – Fatores Tafonômicos Ambientais, ou até mesmo estarem relacionados com o próprio cadáver – Fatores Tafonômicos Individuais.
Fatores Tafonômicos Intrínsecos ou Individuais: estão relacionados com o cadáver – idade à morte, sexo, causa de morte. No caso do cadáver esqueletizado, com a própria natureza do osso, designadamente a forma, o tamanho e a densidade do osso.
Factores Tafonómicos Ambientais (Extrínsecos): podem ser Bióticos (causados pela ação da fauna e da flora) ou Abióticos (causados pelas condições do ambiente geográfico e geológico, como o pH do solo e a temperatura do ambiente– por exemplo). Estes podem causar alterações nos ossos e até mesmo levar à dispersão de partes anatómicas (como o caso da água corrente [chuva forte ou rio ou mar] ou dos animais necrófagos de maior porte, como cães ou abutres).
As raízes (tal como a água) podem danificar os ossos de duas formas: por ação mecânica, penetrando-os e provocando fragmentação; por ação química, uma vez que segregam substâncias que degradam a superfície do osso. O osso pode ser roído por animais, como ratos; sofrer erosão pela ação da água corrente, ou sofre danos por lixiviação (solubilização dos constituintes químicos) pela ação da água, pode ser ressecado pela ação do sol, degradado devido ao pH ácido do solo (quanto mais ácido for o solo, mais rápido se vai degradar o osso, ou seja, em ambientes de pH ácido, a preservação óssea é má); ou sofrerem com a ação da temperatura.
Fatores Tafonômicos Antrópicos (Extrínsecos): ação do homem sobre o cadáver. Por exemplo, o tipo de deposição (enterrado, deixado ao ar livre, cremado, …), os objetos deixados/colocados junto do cadáver, casos de desmembramentos, etc.
· Pseudopatologias e Pseudotraumas
Pseudopatologia: alteração tafonômicas (postmortem) que se parece com uma lesão patológica (ou seja, antemortem).
Pseudotrauma: alteração tafonômicas (postmortem) que se parece com uma lesão traumática perimortem
· Determinação do IPM – Intervalo Post Mortem (Intervalo de tempo decorrido desde a morte)
Como base nos indicadores tafonômicos e do estado de preservação e conservação do corpo é feita a primeira estimativa do IPM. As recolhas de amostras entomológicas são feitas nessa altura, e podem ser decisivas para o conhecimento do IPM. Pode ser um caso de implicações forenses (15 anos após a morte em Portugal), um caso roubado de um cemitério ou um caso arqueológico. A avaliação desse parâmetro é um dos mais difíceis de toda perícia antropológica pela variabilidade de fatores envolvidos na decomposição. Deve ser feito um exame holísticos, onde até as roupas são valiosos indicadores cronológicos. 
O Intervalo pós-morte é o período de tempo decorrido entre a morte e a análise dos restos cadavéricos
Para quê estimar o PMI: determinar a pertinência forense dos restos humanos; contribuir para a identificação da vítima e para a verificação de álibis; e para esclarecer casos de negligência e de direitos humanos como as mortes sob custódia.
Para a estimativa do PMI (PostMortem Interval – Intervalo pós-morte) vamos basear-nos nas alterações cadavéricas e na análise do ambiente onde o cadáver foi encontrado. Porém, como se pode ver na tabela, há uma grande variabilidade no tempo que diferentes cadáveres demoram a atingir diferentes estádios de decomposição. Estádio PMI Alterações Cadavéricas.
Isto acontece porque há vários fatores que influenciam a decomposição (ver fatores tafonômicos acima).
No cadáver fresco, o PMI é normalmente estimado através da observação da tríade algor (arrefecimento do cadáver), rigor (rigidez cadavérica) e livor mortis (livores –fenómeno mecânico em que o sangue, que para de circular, se vai acumular nas regiões do cadáver sob a ação da força da gravidade, por exemplo, se o cadáver estiver deitado de costas, os livores ficam na região posterior do corpo).
Após este período inicial, outras abordagens tornam-se necessárias, baseadas na análise do estado de decomposição cadavérica e/ou de alterações no ambiente envolvente:
· Entomologia forense: análise da fauna entomológica que coloniza o cadáver
· Botânica forense: análise do crescimento das raízes que envolvem o cadáver
· Métodos radioisotópicos, como o radiocarbono (C14)
· Métodos morfoscópicos, como os Graus-dias acumulados (avalia-se o estádio de decomposição do cadáver e, através do conhecimento das temperaturas ambiente do local onde o cadáver foi encontrado, faz-se o cálculo do PMI)
· Fatores circunstanciais: a última vez que a vítima foi vista; outras informações fornecidas por testemunhas e achados feitos pelas forças policiais de investigação; vestuário do cadáver (se determinada peça de roupa tem um modelo específico contata-se o fabricante para saber quando foi colocada no mercado); etc …
· O perfil tafonômico
Antes de se proceder à análise dos restos ossos para a identificação (avaliação do perfil biológico e fatores de individualização) e determinação das causa e circunstância da morte é necessário estabelecer o perfil tafonômicos desses restos esqueléticos.
Antes de qualquer limpeza, os restos humanos deverão ser observados e tomadas notas sobre o seu estado, sendo também aconselhável o registo fotográfico. Após a limpeza e restauro (as peças ósseas passíveis de ser enviadas para posteriores análises genéticas, toxicológicas ou químicas não devem ser objeto de restauro) das peças ósseas, estas devem ser colocadas sobre a mesa de trabalho e feito o seu inventário para avaliação da representatividade óssea, ou seja, saber que peças estão presentes e quais estão ausentes. O passo seguinte será a avaliar a preservação óssea, ou seja, se as peças ósseas presentes estão ou não completas e quais as alterações tafonômicas sofridas.
· Limpeza, maceração, reconstrução e inventário
Nessa etapa são selecionadas as zonas a macerar e a ser objeto de uma limpeza mais cuidada. A grelha costal, o crânio, as zonas suspeitas de terem traumatismo e a sínfise púbica, são algumas zonas das quais, normalmente, se removem os tecidos moles.
Em seguida coloca-se o corpo/ossos em posição anatômica para fazer o inventário, devem ser anotadas as peças presentes e ausentes. É uma etapa importante, pois a falta de do osso hioide, por exemplo, pode fazer toda a diferença numa situação de suspeita de estrangulamento. Nesse momento que é feito o odontograma.
· Avaliação do perfil biológico
Tendo início pelos fatores genéricos de identificação: sexo, idade na altura da morte, a origem geográfica provável (ancestralidade) e a estatura. A quantificação de dados é importante, pois todas as metodologias, resultados e conclusões, são passíveis de serem questionadas por um tribunal. Deve-se dizera porcentagem de hipóteses que o dado seja verdadeiro.
O perfil biológico, por si só, nunca permite uma identificação, mas sim uma exclusão ou um estreitamento ou direcionamento da investigação criminal. Permite dizer que o indivíduo é, por exemplo, do sexo feminino, com idade entre 20 e os 30 anos, caucasiano e com uma estatura entre 1,60 e 1,65. Não diz quem é a pessoa, mas já permite diminuir significativamente a lista de suspeitos com a qual os resultados são confrontados.
· Estimativa da idade na altura da morte
A estimativa da idade na altura da morte e a diagnose sexual são mais ou menos interdependentes. Não podemos estimar a idade cronológica, a idade que o indivíduo tem, e que consta em seus documentos, vamos acender então a idade biológica que é a idade que o indivíduo aparenta ter, a idade biológica aproxima-se da idade cronológica, mas não em sua totalidade. Assim, a idade dentária e óssea vão fornecer uma estimativa do intervalo etário onde o indivíduo se insere e nunca um dígito correto.
Quanto menor for o intervalo etário da estimativa, mais útil a informação poderá ser para a pesquisa, no entanto, quando se diminui o intervalo de confiança, maior é a probabilidade de eliminar, acidentalmente, a verdadeira idade/identidade do indivíduo.
	Durante o crescimento e desenvolvimento há uma série de ossificações e maturações correlacionadas de uma forma previsível com a idade, é possível aceder a idade com alguma precisão, o que se reflete no desvio padrão da estimativa, que é um tanto mais baixo quanto mais novo for o indivíduo. Já que o crescimento e o desenvolvimento são melhor conhecidos e melhor programados pela genética e evolução do que os processos degenerativos.
São considerados:
FETOS: antes do nascimento (idade em semanas) 
RN: recém nascidos
 1ª infância: até aos 6 anos 
2ª infância: 7 - 12 anos 
ADOLESCENTES: 13-20 anos 
JOVENS ADULTOS: 21-35 anos (Fase de transição)
ADULTOS DE MEIA IDADE: 36-50 anos
Outros: > 50 anos
	 A idade dos fetos (antes do nascimento) é dada em semanas e é determinada através do desenvolvimento dentário e do comprimento das diáfises dos ossos longos. Há um conjunto de critérios que nos permitem identificar um recém-nascido:
· Grande fontanela aberta (Encerra por volta dos 2 anos)
· Fontanelas pares e posterior em processo de encerramento
· Mandíbula dividida em duas partes (Fusionada aos 12 meses - sínfise mandibular)
· Osso frontal dividido em duas partes (Sutura metópica é fusionada entre os 2 e 4 anos, essa sutura pode persistir em 8% dos adultos)
· Anel timpânico não deve estar totalmente formado ainda
· Cúspide do primeiro molar deve ser visível radiologicamente
· Processos articulares das vértebras ainda divididos em duas partes.
· Ponto de ossificação de Beclard deve estar visível (epífise distal do fêmur cartilagíneo, com 4-7 mm diâmetro e tom de chocolate
· Osso temporal dividido em 3 partes (Fusionado por volta dos 2 anos e meio)
6- Grande fontanela ((Fontanela Bregmática)
7- Fontanelas laterais anteriores (Fontanelas Ptéricas)
8- Pequena fontanela (Fontanela Lambdática)
 9- Fontanelas laterais posteriores (Fontanelas Astéricas)
O desenvolvimento dentário seguido da erupção dos dentária, são os indicadores mais poderosos na avaliação da idade dentária. A idade dentária aproxima-se mais da idade cronológica do que a idade óssea. Quanto a idade óssea, na primeira e segunda infâncias, o comprimento das diáfises dos ossos longos são razoáveis indicadores etários. 
· Na 1ª infância (do 2º mês até aos 6 anos), a ossificação dos ossos do crânio deve ser verificada (dos 6 aos 9 anos), sobretudo temporal, occipital, frontal e mandíbula.
· Na 2ª infância, para os ossos longos, para além do comprimento das diáfises deve ver-se o aparecimento dos centros de ossificação secundários e fusão das epífises.
Em crianças haverá ondulações regulares nas margens dos corpos vertebrais.
Na bacia, o ílio e a púbis são os primeiros a fusionar, seguidos pelo ísquio. 
· Na adolescência (durante ou no final da puberdade) a sincondrose esfeno-occipital se fecha.
· União da epífises e diáfises (Tabela de generalizações, início aos 17 e fim aos 20)
· Indicador geral do final da adolescência: fusão dos anéis torácicos e lombares. Crista ilíaca (estadios de Risser) 
A últimas ossificações do esqueleto humano são particularmente informativas, com destaque para o encerramento da crista ilíaca, cuja ossificação decorre até cerca de 22 anos e, sobretudo, da extremidade esternal da clavícula, que só ossifica por volta dos 30 anos. Esse é um osso muito informativo para a estimativa da idade de adultos jovens, entre 20 e 30 anos, designadamente na denominada fase de transição (ossos em processo de ossificação após a fase de crescimento). Uma outra ossificação que deve ser verificada na passagem para vida adulta e o encerramento da sincondrose esfeno-occipital na base do crânio. O sacro também se mostra importante, as vertebras sagradas estão totalmente separadas a nascença, e fusionam-se de maneira ascendente, após os 25 anos. No entanto, por ser algo variável, não deve ser usada isoladamente.
Quanto a calcificação e erupção dentária:
O desenvolvimento e erupção dentária aproxima-se mais da idade cronológica. A fórmula dentária permanente humana é 2123 (2 incisivos, 1 canino, 2 pré-molares e 3 molares por quadrante), os dentes de leite, que erupcionam entre 6 meses a 2,5 anos, são três tipos: incisivos; caninos e molares (2 incisivos, 1 canino e 2 molares). O primeiro dente permanente a erupcionar é o primeiro molar, por volta dos 6 a 7 anos. 
Entre os 6 meses e 1 ano dá-se a erupção dos incisivos, sendo que os centrais inferiores emergem primeiro, seguidos dos centrais superiores e, depois, dos laterais. Um pouco mais tarde erupciona o 1º molar decíduo. No final do 2º ano de vida a dentição decídua está completa e em oclusão funcional. Entre os 2 e 6 anos já estão erupcionados todos os dentes decíduos.
O período seguinte, entre os 6 e 12 anos, caracteriza-se pela presença de uma dentição mista e tem início com a emergência do 1º molar permanente, logo seguido dos incisivos. No final deste período erupcionam os pré-molares e os caninos, logo após a emergência do 2º pré-molar ocorre a do 2º molar permanente. De notar que a erupção do 1º molar permanente marca o início do período de dentição mista e, que a erupção do 2º molar permanente o seu fim.
Os molares superiores têm uma raiz tripla e os inferiores têm uma raiz dupla. Primeiro acontece a calcificação da coroa e posteriormente a calcificação da raiz. 
Estimativa da idade de não adultos a partir do desenvolvimento do esqueleto:
Embrião — até 2 meses intra-uterinos
Feto — do 3º mês intra-uterino até ao nascimento
Perinatal — na altura do nascimento
Neonato — do nascimento até ao 1º mês
1ª infância — do 2º mês até aos 6 anos
2ª infância — dos 6 aos 9 anos
Juvenil — dos 9 aos 12 anos
Adolescente — dos 12 aos 18 anos
Além do desenvolvimento dentário, também o desenvolvimento do esqueleto pode ser utilizado para estimar a idade. É possível aceder à idade de um esqueleto imaturo através de três características dos centros de ossificação: 1ª) a época em que cada centro de ossificação aparece; 2ª) o tamanho e a morfologia de cada centro de ossificação; 3ª) o tempo de fusão entre os centros de ossificação.
Os centros primários do crânio e da coluna vertebral refletem a precocidade do desenvolvimento do sistema nervoso, estando habitualmente fundidos por volta dos 6 anos. Por outro lado, a fusão das epífises dos ossos longos, associados à locomoção, ocorre mais tarde, durante a adolescência.
O tamanho dos ossos fornece informação útil na estimativa da idade dos não adultos. Os comprimentos das diáfises dos ossos longos podem ser usados na estimativa da idade, apesar da sua exatidão poder variar com o período do ciclo de vida, entre populações e consoante a metodologia utilizada. Esta abordagem é especialmente útil em infantes muito jovens e em fetos, onde os dentes com calcificações incompletas são facilmente perdidos ou fragmentados.Estando os comprimentos dos ossos longos fetais bastante correlacionados com a idade.
Estimativa da idade de adultos:
A dificuldade para estimar a idade aumenta depois dos 30 anos, pela inexistência de alterações suficientes bem correlacionadas com o avançar da idade. Para o crescimento e entra-se no amadurecimento e envelhecimento, processos muito mais polifatoriais e, implicitamente, mais imprevisíveis. Os indicadores esqueléticos etários são menores e mais falíveis e apontam para intervalo significativamente mais amplos que nem sempre a utilidade esperada na busca de desaparecidos. A bacia volta a ser umas das zonas mais informativas. Designadamente a sínfise púbica, que, uma vez avaliada pelos moldes comercializados por Brooks e Suchey (1990), pode nos dar uma boa indicação para adultos relativamente novos (Corresponde as 3 primeiras fases do método que inclui 6 fases). Assim, se houver compatibilidade com as fases I, II ou III, a idade indicada pelo intervalo correspondente pode ser corroborada pela clavícula que nos dirá se o indivíduo terá mais ou menos de 30 anos. Se, ao contrário, as alterações degenerativas da sínfise púbica forem compatíveis com as últimas três fases do método em apreço, é porque os intervalos etários conseguidos são demasiadamente amplos, então deve ser usado outro método, nomeadamente a técnica de Lamendin, que quantifica a translucidez radicular dos dentes unirradiculares, a qual, uma vez correlacionado com o comprimento total da raiz e da paradontia através duma equação de regressão, permite estimar a idade com muita assertividade. Outras zonas da bacia como a superfície auricular ou o acetábulo têm sido pesquisadas. A extremidade esternal da quarta costela, ou a fusão do anel vertebral e posteriores alterações degenerativas nos corpos vertebrais, também fornecem uma estimativa aceitável.
4ª Costela (Pode ser aplicada a 3ª e 5ª, tem que estar bem preservada)
Extremidade esternal da costela - As mudanças sofridas estão correlacionadas com a idade. Crianças: a extremidade é lisa e apenas levemente ondulada. Adolescência: os bordos estão mais finos e a aparência é mais irregular. 20-30 anos: bordos irregulares e o centro projeta-se internamente; forma em V. 30-40 anos: os bordos superior e inferior cresceram e ficaram mais espessos. A forma em V é mais notória, forma de chávena. Mais de 40 anos: bordos alongados e irregulares, centro poroso e irregular.
	Sínfise púbica – alterações degenerativas
FASE 1- 15-23 anos- superfície completamente cheia de sulcos. 
FASE 2- 19-35 anos. Nódulos ossificados. 
FASE 3- 22-43 anos. Plataforma ventral. 
FASE 4: 23-59 anos. Contormo oval
FASE 5- 29-78 anos. Rebordo sinfiseal
FASE 6- 36-87. Ossificação errática
No entanto, uma boa avaliação forense reside na capacidade de fazer um exame holístico em que o todo vale mais do que cada uma das partes. Exemplo: uma mandíbula e maxilar sem dentes (perdidos em vida) não significa, necessariamente, que estejamos perante a um indivíduo idoso. Se todos os outros indicadores indicarem que se trata de um indivíduo adulto jovem poderá se tratar de um toxicodependente.
Superfície auricular – alterações degenerativas
Área do osso subcondral, frequentemente em forma de boomerang, que constitui a porção ilíaca da articulação Sacro-ilíaca. Método de Lovejoy et al. (1985): 8 estádios que descrevem as alterações nessa superfície que ocorrem com o avançar da idade.
Crânio – Obliteração das suturas
USADO APENAS EM ADULTOS – Método secundário, pois falha demasiadamente.
1º fecham as suturas no endocrânio, depois no exocrânio. A primeira a obliterar é a sutura sagital, seguida da coronal e por fim a lambdoide, no caso das suturas palatinas, primeiro encerra a mediana e depois a transversa; e as suturas encerram mais rapidamente nos homens. Começam a obliteram entre os 25-30 anos. 
0- open 
1- until 25% closed 
2- until 50% closed 
3- until 75% closed 
4-completely obliterated
Os dentes – alterações degenerativas
Indicadores:
· Desgaste (a escala de Smith - o desgaste do 3º molar pode ser útil para os jovens adultos M1> M2> M3)
· Mudanças da cor
· Retração periodontal
· Depósito de cimento
· Depósito de dentina secundária
· Reabsorção radicular
· Transparência radicular
· Alterações bioquímicas
TRANSLUCIDEZ RADICULAR – A partir de 30 anos
Dentes uniradiculares.
Conta com o comprimento da raiz, comp. da peridontose e da translucidez)
TSP- combinação de métodos.
Sínfise púbica + transparência da raiz + clavícula (Quando necessário – se funde aos 30 anos)
· Diagnose sexual
A base da diagnose sexual do esqueleto é o dimorfismo sexual, entretanto os padrões de dimorfismo sexual variam de população para população. Ao contrário da estimativa da idade à morte, a diagnose sexual de esqueletos não-adultos, com base em métodos macroscópicos, é quase impossível. É para os esqueletos adultos que a diagnose sexual é mais credível.
Da infância à adolescência, o dimorfismo vai-se tornando mais acentuado. Por volta dos 18-20 anos, as diferenças entre os sexos estão bem definidas e as mais significativas são o tamanho e a relação função-forma.
Para diagnose sexual a zona de eleição é a bacia, seguida do crânio e dos ossos longos. Os métodos aplicados podem ser métricos e não métricos, tendo os primeiros a vantagem de ser mais objetivos e mais facilmente reprodutíveis.
Métodos morfológicos têm critérios qualitativos; a visualização da forma e critérios descritivos que são subjetivos é aplicado a cintura pélvica e crânio. Os métodos métricos são quantitativos como a avaliação do tamanho, são mais objetivos e é aplicado na bacia; crânio e ossos longos. Já os métodos morfométricos combinam forma com tamanho. Os métodos utilizados têm que ser comprovadamente credíveis e testados em amostras populacionais temporal e espacialmente próximas.
Exemplo: Técnicas estatísticas univariadas e multivariadas aplicadas a uma amostra de sexo conhecido: análise discriminante
Y= 0,35 compr.máximo + 0,56 largura bizigomática + 0,58 altura nasal+ 0,49 largura nasal
Ponto de cisão: maior que X- masculino, menor que X- feminino
A forma da grande chanfradura ciática, a presença ou não, de sulco pré –auricular, a forma do ramo ísquio-púbico e da forma geral da bacia, quando completa, são algumas das características antroposcópicas em que o antropólogo se baseia, já que a bacia feminina é adaptada ao parto. Para os métodos métricos, talvez uma das melhores soluções seja a preconizada pelo método DSP (Probabilist Sex Diagnosis). 
A bacia feminina é mais baixa e mais larga em uma visão geral quando completa, enquanto a masculina é mais alta e estreita. 
As mulheres geralmente apresentam um arco ventral composto, e uma concavidade no ramo ísquio-púbico. Enquanto nos homens, geralmente, o arco ventral é simples e o ramo ísquio-púbico não apresenta tal concavidade.
O ângulo sub-púbico é maior nas mulheres comparadas aos homens, que apresenta-se mais estreito.
A grande chanfradura ciática é ampla e profunda nas mulheres (forma de U) e estreita nos homens (forma de V)
O sulco pré –auricular é geralmente profundo nas mulheres e ausente ou ligeiro nos homens.
O crânio é geralmente avaliado antroposcopicamente: a projeção da glabela (região entre as sobrancelhas) e das arcadas supraciliares, o rebordo das órbitas, a inclinação do frontal, o desenvolvimento das bossas frontais e parietais, as zonas de inserção muscular, designadamente a crista occipital e linhas nucais, o volume das apófises mastoides são caracteres obrigatoriamente averiguados. Alternativamente, há funções discriminantes, ou seja, equações matemáticas que combinam várias medidas craniométricas, cujo resultado permite decidir se é masculino, feminino ou indeterminado. É fundamental aplicar funções que tenham sido desenvolvidas em series de referência próximas dos casos em questão.
O crânio feminino é mais pedomorfótico, ou seja, retém mais características juvenis, tem a glabela pouco saliente, a apófise mastoide pouco desenvolvida, um relevo nucal muito fraco, bossas frontais e parietaisbem marcadas, prognatismo mais acentuado, margem supra orbital menos saliente e mandíbula mais estreita. Já o masculino é mais robusto e maior, tem a glabela muito saliente, a apófise mastoide grande, um relevo nucal muito acentuado, bossas frontais e parietais pequenas, prognatismo pouco acentuado, margem supra orbital mais espessa e mandíbula mais ampla. Após a menopausa as mulheres podem assumir características cranianas masculinas.
(1- mais feminino/ 5- mais masculino)
Para os ossos longos, a problemática é idêntica. Com base em medidas tais como o diâmetro transverso ou vertical da cabeça do fêmur e/ou do úmero, que são bastante dimórficos, são criados pontos de cisão, em que acima de um dado valor significa ser masculino ou feminino, e abaixo, do sexo oposto. 
Todos os procedimentos acima referidos só podem ser aplicados a esqueletos adultos, já que antes disso não há caracteres sexuais secundários definidos que permitam uma avaliação credível deste parâmetro. Começa, no entanto, haver alternativas métricas para a avaliação sexual dos não adultos, designadamente através da medição das coroas dentárias. Não obstante, nestes casos, deve-se recorrer a métodos moleculares, ou seja, enviar um fragmento de osso e /ou dente para a genética.
· Ancestralidade
Parâmetro mais ambíguo. A avaliação pode ser métrica ou antroposcópica e a zona de eleição é a face. Há uma série de caracteres não métricos que devem ser averiguados e cujos resultados podem indiciar pertença a um dos grandes grupos populacionais: europeus, asiáticos ou africanos. Concretizando, o incisivo em forma de pá é conhecido por ser significativamente mais frequente entre os asiáticos, o tubérculo de Carabelli é, por seu turno, mais frequente entre os europeus.
Há, igualmente, uma série de medidas a efetuar na face com poder descriminante. Entre elas destaque para as medidas na zona nasal tais como a altura e largura nasal, espaço entre as órbitas, largura facial e prognatismo. Os norte-americanos desenvolveram um programa que hoje é bem conhecido, o Fordisc, que combina 24 medidas craniométricas, de modo a poder aceder à origem geográfica e cuja utilização é quase exclusiva desse país.
Em suma, o crânio é bastante mais assertivo na avaliação das afinidades populacionais nunca deve ser dado dum modo taxativo, mas apenas como uma mera possibilidade ou, dependendo dos casos, forte probabilidade de pertencer a um dos três grandes populacionais.
O objetivo da AF é diminuir o leque de suspeitos, facilitando um “match” entre os restos humanos e um dado desaparecido. Existem análises métricas e não métricas, sendo a última subjetiva e, sendo assim, sujeita a mais ambiguidades.
Forma do palato
Sutura palatina
Face lingual dos incisivos:
Europeus: nariz longo e estreito de rebordos finos, abóboda craniana alta, perfil ortognático. 
· A maior parte as suturas simples
· Nasais em torre
· Grande espinha nasal
· Sem prognatismo
· Cúspides de Carabelli (cúspide adicional nos molares superiores, nasce junto a primeira cúspide – cúspide mesolingual)
· Queixo bilobado
· Sutura palatina “abaulada”
Asiáticos: Incisivo em forma de pá, crânio arredondado; malares projetados lateral e anterior.
· Crânio com carena (tórus sagital no osso frontal)
· A maior parte das suturas tem um desenho complexo
· Órbitas redondas
· Abertura nasal alargada na base
· Nasais bem evidentes
· Espinha nasal pequena
· Tubérculo malar (tubérculo no osso zigomático)
· Prognatismo moderado
· Incisivos em forma de pá
· Queixo vertical
· Sutura palatina direita
Africanos: Crânio mais longo e mais baixo; nariz mais largo, maior largura nasal, prognatismo alveolar.
· Depressão pós-bregmática
· As suturas principais têm um desenho simples
· Órbitas retangulares
· Abertura nasal alargada
· Espinha nasal muito pequena
· Rebordos nasais inf. muito baixos/goteiras
· Grande prognatismo
· Sutura palatina abaulada
Entretanto, não há nenhuma característica que seja exclusiva de uma dada população, o incisivo em forma de pá, por exemplo, tem maior incidência nos asiáticos (70-85%), mas também pode ser observado em europeus (3-10%) e em africanos (8-11%).
De todas as caraterísticas usadas para a diferenciação da ancestralidade, as do nariz são as mais úteis, cinco características nasais são: raiz (onde os nasais interceptam o frontal), ponte (ponte óssea formada pelos nasais), espinha (projeção nasal que parte do chão da abertura nasal e da parte anterior da maxila), rebordo inferior e abertura nasal.
· Estatura
O último dos quatro grandes parâmetros a avaliar é geralmente a estatura, porque depende do sexo e, até da ancestralidade. É o mais simples e direto, mas não é necessariamente o que melhor funciona. Aliás, é muitas vezes o que mais falha. O osso mais correlacionado com a estatura é o maior do corpo humano, o fêmur, pelo que deve constituir a primeira opção. A tíbia e o úmero são também boas escolhas, quer quando usados individualmente, que quando combinados numa mesma equação de regressão. No entanto, há que atender às populações que serviram de referência para o desenvolvimento das equações de regressão. As referências atuais para a população portuguesa são as de Mendonça (2002), para o fêmur e úmero, e as de Cordeiro et al. (2009) para os metatársicos. As proporções entre membros têm a sua influência. Na ausência dos maiores ossos, outros podem ser usados como é o caso dos metatársicos. Até mesmo com base num fragmento de um osso é possível aceder a altura de um indivíduo. Tudo depende da dimensão desse fragmento e, invariavelmente, é sempre uma estimativa menos credível. Na apresentação do resultado da estatura é obrigatória a inclusão do desvio padrão associado à estimativa, 160 cm +- 6cm não é 160 cm, mas sim uma estatura que pode ir de 154 a 166 cm.
Os adultos sofrem uma redução da estatura devido à compressão crescente das cartilagens nas zonas articulares. Geralmente essa redução começa aos 45 e acelera com o avançar idade (Giles, 1991). Um cadáver fresco mede, em média, mais 2 cm que um indivíduo vivo, os ossos secos medem 2mm menos que os ossos frescos. A estimativa da estatura tem-se mostrado problemática:
· Inexatidão dos valores ante mortem
· Viés na auto-avaliação da estatura
· Problemas na percepção da estatura dos outros
· O modo como a estatura dos vivos é estabelecida
ESTATURA (métodos matemáticos)
Comprimento máximo dos ossos longos
Exceções: FÊMUR: comprimento fisiológico (posição anatómica) TIBIA: excluir a eminência intercondilar
A correlação entre a estatura e o comp. dos ossos longos é cerca de 0.8. A precisão da estimativa é dada pelo desvio padrão associada à regressão. Quanto maior for o DP, menor é a precisão. Os melhores resultados são conseguidos através da combinação dos comp. de vários ossos longos na mesma equação de regressão. A escolha da equação deve ser: a maior correlação associada ao menor DP.
Comprimento Fisiológico do fémur direito: 
Feminino: 
Estatura = (55,63 + 0,2428 x Comp. fisiológico fémur [mm]) ± 5,92 
Masculino:
Estatura = (47,18 + 0,2663 x Comp. fisiológico fémur [mm]) ± 6,90
Comprimento Máximo do fémur direito: 
Feminino:
Estatura = (57,86 + 0,2359 x Comp. máximo fémur [mm]) ± 5,96
Masculino:
Estatura = (46,89 + 0,2657 x Comp. máximo fémur [mm]) ± 6,96
Quando os ossos longos estão fragmentados, estimativa dupla: Estimativa do comprimento do osso e estimativa da estatura.
Calculo da estatura não adultos: Não exata, menos confiável
Índices de robustez
Perímetro/ comprimento máximo x 100
Indices de robustez os dois úmeros
Medição das epífises distais dos úmeros
Comparação do tamanho dos úmeros
A estimativa também pode ser feita através da forma do crânio, com base em pontos craniométricos.
Índice craniano 
Largura craniana máxima/ comprimento craniano máximo x100
· Fatores de individualização
Uma vez em posse dos fatores genéricos de identificação e nos casos em que há uma listagem de desaparecidos para fazer a necessária confrontação, pode-se, eventualmente, conseguir reduzir substancialmente as hipóteses de exclusão.Para aceder a identificação terá que se passar a perscrutação dos fatores de individualização. Todo corpo é então pesquisado no sentido de encontrar caracteres singulares de índole morfológica ou patológica. As variantes anatômicas são muitas e variadas e, quanto mais raras, maior é o seu potencial para identificar. A perfuração esternal a abertura septal do úmero, o osso acromial bipartido e os ossículos supranumerários são alguns exemplos.
Ainda no âmbito morfológico, merecem particular atenção, como fatores de identidade, os seios frontais. Pelas suas características únicas e imutáveis durante a vida adulta, constituem um excelente método de identificação positiva aceite pelos tribunais. O fato de não funcionarem tão bem quanto o desejado deve-se, apenas, a fraquíssima proporção de desaparecidos que tem um exame radiológico ante mortem desta zona anatômica.
Já as lesões podem ser de vários tipos e permitir chegar a patologia subjacente. Mas mais importante do que identificar a doença que esteve na origem das lesões, é descrever os efeitos das lesões no quotidiano, na locomoção, na postura. São esses efeitos que vão ser reconhecidos pelos familiares e amigos da vítima. São várias as doenças possíveis de deixar marcas nos ossos, desde degenerativas, infeciosas, neoplásticas, metabólicas e congênitas. Apesar de não existirem sinais totalmente patognomónicos associados a uma patologia específica, a manifestação de uma lesão não é totalmente igual em dois indivíduos. Veja-se o caso de uma patologia degenerativa articular muito comum, a osteoartrose. Os osteófitos nunca vão ter a mesma localização, forma e tamanho em dois indivíduos distintos. Logo, a comparação entre eventuais exames radiológicos ante mortem da vítima com raios X efetuados post mortem à mesma zona, na mesma incidência e posição, podem, através de sobreposição, provar a identidade. Assim, os osteófitos podem ser considerados condições médicas únicas, do mesmo modo que uma lesão neoplástica exuberante a afetar o crânio, bastante mais rara também o é. A consulta dos registros médicos e até do médico de família, caso exista, podem ser determinantes. 
Uma nota para as lesões degenerativas não articulares, as lesões nas enteses, que podem elucidar sobre o esforço físico despendido ao longo da vida e que, por isso, são designadas como marcadores ósseos de atividade. A lesão de inserção do tendão de Aquiles na parte posterior do calcâneo é um exemplo clássico.
As marcas de intervenções cirúrgicas são de uma enorme mais valia para a antropologia forense, sobretudo porque os materiais utilizados podem conter um número de série que permite aceder ao fabricante dos mesmos, o qual, entretanto, faculta o hospital para qual foi vendido e assim, teoricamente, a identidade da vítima.
· Sobreposição fotográfica craniofacial e aproximação facial	
Como último recurso, quando a identificação positiva não é alcançada, deve-se tentar a sobreposição craniofacial, ou gerar uma imagem aproximada da vítima com base no seu crânio. A sobreposição craniofacial é feita usando fotos recentes da eventual vítima sobreposta a foto do crânio, as fotos têm de estar na mesma posição e escala. A aproximação facial é feita, geralmente, para avivar a memória das pessoas que procuram um ente desaparecido (Aproximação facial adulta de uma criança desaparecida).
· Traumatismo – causa e circunstância da morte
A última parte do exame antropológico refere-se à análise da causa e da circunstância da morte. O exame prévio, designadamente o radioscópico, poderá ter confirmado a suspeita de traumatismos ósseos. De qualquer modo, todos os ossos devem ser perscrutados nesse sentido e para isso é fundamental que estejam limpos e libertos de tecidos moles. O AF é o especialista melhor posicionado para discriminar entre lesões ocorridas em vida (ante mortem), na altura da morte (peri mortem) e depois da morte (post mortem). A associação inequívoca de uma lesão traumática ao momento da morte tem repercussões legais importantes. Se se tratar de uma lesão perimortal, o AF pode ainda identificar o instrumento produtor das lesões através da destrinça entre fraturas contundentes, perfurantes, cortantes ou mistas. É uma tarefa complexa. 
Há toda uma linguagem das fraturas ósseas que, uma vez corretamente interpretada, pode informar sobre o posicionamento da vítima versus agressor, a sequência das lesões, entre outros. Aceder a estes aspetos está dependente da reconstrução óssea que pode ser uma tarefa árdua também desempenhada pelo AF. Na interpretação das lesões traumáticas é essencial não esquecer algumas máximas muito úteis em AF: a ausência de evidência não é evidência da ausência. Ou seja, a ausência de lesões traumáticas não implica necessariamente que a morte não tenha sido traumática. Um mesmo objeto pode provocar diferentes lesões. O contrário é igualmente válido: as mesmas lesões podem ser provocadas por instrumentos distintos. Convém também relembrar que os traumatismos são apenas um dos tipos de morte violenta (há ainda os estrangulamentos e as asfixias) e que, nalguns casos, a AF pode elucidar sobre a etiologia médico-legal da morte. Esta etapa deve ser obrigatoriamente discutida com o patologista forense, o único perito autorizado a assinar o certificado de óbito. Se a lesão traumática detectada foi ou não fatal é uma decisão conjunta. O que mata não é a lesão no osso em si, mas a provocada no órgão mais próximo. 
O osso é anisotrópico (que significa que as propriedades mecânicas não são iguais em todas as direções e dependem da direção de aplicação de carga) e viscoelástico (ao deformar-se, sofrem simultaneamente deformações elásticas e viscosas). O osso é resiliente e adaptável, o osso é um tecido muito dinâmico.
Preparação dos restos humanos:
1- perscrutar lesões traumáticas e ou patológicas
2- remoção dos tecidos moles
3- desarticulação
4- remoção dos tecidos moles remanescentes tais como tendões/maceração
5- estabilização/reconstrução dos ossos
Existem alguns caracteres epigenéticos ou congénitos que podem ser confundidos com lesões traumáticas.
Procedimentos para a análise das fraturas
1- inventário de todos os ossos afetados
2- localização específica das áreas afetadas no osso, incluindo lateralidade/ região/aspecto
3- Descrição
Nº e tipos de fraturas ou anomalias
Presença de qualquer tipo de osso anómalo em termos de forma, crescimento ou perda
- Severidade, estado e distribuição da alteração óssea
4- Documentação radiográfica
5- Análise das roupas (rasgões, cortes, queimaduras, marcas de armas)
6- Estimativa da cronologia das fraturas com base em:
Remodelação óssea
· Coloração das áreas de corte/bisel
· Forma da alteração ou da marca de corte
· Tamanho da área afetada
· Aspecto dos tecidos
· Localização da área afetada
· Nº de alterações
· Avaliação do mecanismo que causou a alteração; 
Tipo de arma/distância da arma/ posicionamento da vítima relativamente à força.
Características gerais do trauma perimortem:
· Margens afiadas e lisas.
· Fraturas por irradiação e lineares tendencialmente em linha reta
· Fragmentos tendem a ficar aderidos uns aos outros
· Levantamento, dobragem das margens
· Margens coradas ou com a cor do osso circundante.
· Manchas com alteração cromática
Textura da margem da fratura, angulação e as fraturas exteriores podem ajudar a discriminar (osso seco versus osso fresco)
Osso seco:
· Margens denteadas
· Área de bisel com uma cor distinta, mais clara, que a do osso circundante.
5 características indicativas de traumatismos perimortem:
· Bordos afiados
· Dobragem
· Formação de linhas de fratura
· Angulação da zona de corte/superfície denteada
· Manchas de descoloração
Osso fresco:
· Água + componentes orgânicos, colagénio
· Fase elástica / fase plástica
· Dobragem/deformação
· Biomecânica das lesões
Raramente o AF pode opinar sobre a etiologia médico –legal da morte. Para além dos traumatismos, há outras mortes violentas: intoxicações e asfixias. Pode identificar-se o tipo geral de instrumento produtor das lesões.
Mecanismo:
Perfurante
ContundenteCortante
· Desastres de massa e crimes contra a humanidade
Como referido, “fora de portas” o antropólogo intervém fundamentalmente em dois grandes tipos de situações: desastres de massa e crimes contra a humanidade, tendo sido precisamente este tipo de eventos que contribuiu para o acentuado crescimento da disciplina nos últimos anos.
Nos desastres de massa, independentemente de serem fechados (com conhecimento do número de vítimas, ex- desastre de avião) ou abertos (sem o conhecimento do número de vítimas, ex- tsunami), o desempenho do AF tem sido reconhecido. Este perito atua fundamentalmente em dois momentos: primeiro, na triagem dos despojos do acidente para discriminar entre humano e não humano. O AF tem-se revelado exímio na identificação de fragmentos humanos. Posteriormente, na estação post mortem para o exame dos restos humanos, em particular quando estes estão esqueletizados ou cremados. A análise dos restos humanos cremados é efetivamente uma das grandes contribuições do AF. A perícia na identificação e o conhecimento profundo das alterações termo induzidas nos ossos e nos dentes tem facultado informações doutro modo inexcedíveis, tais como número mínimo de indivíduos, temperaturas de combustão, se o corpo ardeu em cadáver ou esqueletizado, entre outras. Remexer e ler cinzas é uma das grandes missões dos antropólogos forenses.
Os crimes contra a humanidade são outro campo de intervenção dos AF. A globalização e o aumento de genocídios e, consequentemente, de valas comuns ilegais e de um número desmesurado de desaparecidos é difícil de contabilizar. Só na antiga ex-Jugoslávia, no último aniversário dos desaparecidos forçados foram referidos 14 desaparecidos na sequência de conflitos recentes. E por todo lado se proclama the right to know, nomeadamente o direito a saber onde estão os ossos dos entes queridos. É esta a tarefa da antropologia: escavar, exumar, individualizar os restos humanos, identifica-los, documentar as violações de direitos humanos ocorridas antes da morte e na altura da mesma. O conhecimento da cronologia das lesões é das áreas que mais requer investigação em AF. A documentação das violações de direitos humanos feitas através dos ossos contribui definitivamente para que as mortes desses indivíduos não tenham sido em vão.
Tipos de desastres de massa:
· Ações terroristas
· Acidentes de transportes
· Acidentes industriais
· Incêndios
· Acidentes naturais
Objetivo:
· Proteger a área do acidente
· Evacuação dos feridos
· Documentação
· Recolha de evidências
· Identificação das vítimas
· Causa da morte
· Reconstrução do evento
Investigação no local: O que aconteceu? Onde? Nº de vítimas? Porquê? Quem o fez?
A maior parte das casas arde a temperaturas > a 900ºC. Ao contrário do que é suposto, o fogo não consome completamente os tecidos moles do corpo. Tal só acontece a temperaturas superiores a 2500 ºc e por períodos > a 12- 18h.
IDENTIFICAÇÃO CIRCUNSTANCIAL: Documentos, joias, roupas, placas de identificação e ID de guerra.
Recolha de dados antemortem - Centro de informação
· Número mínimo de indivíduos (NMI)
Em contextos funerários individuais, a estimativa do número mínimo de indivíduos (NMI) não é, geralmente, difícil. Porém, quando estamos perante contextos coletivos ou ossários, este cálculo é bastante mais complexo. Face ao elevado número de peças ósseas, geralmente muito fragmentadas, a estimativa do número mínimo de indivíduos pode, à primeira vista, parecer uma tarefa quase impossível. Mas, uma identificação cuidadosa dos fragmentos ósseos aliada à escolha dos métodos apropriados pode contornar esta dificuldade. Vários estudos têm demonstrado a importância de considerar todos os tipos de ossos recuperados quando se pretende estimar o NMI nestes contextos. O osso mais representativo pode ser muito variável, desde crânio, 5º metatarsiano ou dentes.
Nos contextos funerários coletivos deve primeiro separar-se os ossos de indivíduos adultos, adolescentes e crianças e classificá-los por tipo e por lateralidade. A peça óssea ou dente mais representativo em cada uma destas classes etárias constitui o NMI.
Deste modo é necessário determinar primeiro o NMI para cada tipo de osso, separadamente. Para tal, consideram-se ossos inteiros e fragmentos ósseos que não deixem dúvidas de poderem pertencer a um só indivíduo (ex: pirâmide petrosial). No caso dos ossos pares, estes são previamente divididos de acordo com a sua lateralidade e o cálculo realizado separadamente. O maior valor obtido, entre os dois lados, representa o NMI para o osso em estudo.
Existem várias metodologias propostas para estimar o NMI em ossos longos de indivíduos adultos recuperados sem conexão anatómica, tais como, Ubelaker (1974), Masset (1984) e Herrmann et al., (1990; adaptado por Silva, 1996).
Quando os ossos se encontram bastante fragmentados, o método que se tem revelado de maior utilidade é o de Herrmann e colaboradores (1990), com as adaptações de Silva (1993). Este, consegue “aproveitar” todos os fragmentos ósseos, por muito fragmentados que estejam permitindo chegar a um NMI mais fiável. De modo sumário, nesta metodologia o osso longo é dividido em várias regiões anatomicamente identificáveis, cujo número depende do estado de fragmentação da série osteológica sob estudo. Ou seja, quanto mais fragmentados estiverem os ossos, mais divisões se criam. Após a construção de tabelas para cada tipo de osso longo, com as lateralidades separadas, cada osso ou fragmento é representado por meio de uma reta vertical, proporcional à(s) região(ões) preservada(s) na respectiva tabela. Quando todos os restos ósseos estiverem representados na tabela, conta-se o número de retas verticais existentes em cada uma das linhas da tabela. Este valor traduz o número de ossos (e consequentemente indivíduos) que estão representados na amostra pela correspondente região óssea. O valor mais elevado obtido pelas diferentes linhas, representa o número mínimo de indivíduos (Figura 1).
Após a determinação do NMI a partir dos diversos tipos de ossos do esqueleto, o maior número mínimo obtido representa efetivamente o NMI dos indivíduos da série sob estudo. Este método permite também determinar simultaneamente o número máximo de indivíduos ao considerar o caso extremo de que cada fragmento ósseo, de um determinado tipo de osso, pertencer a um indivíduo diferente.

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