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Resumo - Medicina Legal

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@diariodeumafuturadelegada 
Conceito: 
A medicina legal é uma ciência aplicada que sistematiza suas técnicas 
e seus métodos a favor da Administração da Justiça. Não se trata de uma 
especialidade médica propriamente dita, mas sim da atuação da medicina a 
serviço das ciências jurídicas e sociais. 
Importância do Estudo da Medicina Legal: 
Sendo considerada a ciência subsidiária mais importante para o 
Direito, há necessidade de se destacar, de maneira específica, tal 
importância para cada um dos principais indivíduos que irão manejar seus 
institutos. Em relação aos operadores do Direito, diversos são os campos 
nos quais a medicina legal poderá ou virá a ser empregada. Os principais 
ramos são o criminal, o cível e o trabalhista. 
 No âmbito criminal : atualmente, não é mais possível conceber 
a aplicação do Direito Penal sem a ciência médico-legal. O operador jurídico 
não pode desprezar tais conhecimentos. Deve saber identificar os tipos e 
as dinâmicas das lesões mais comuns e sua relação com os crimes; deve 
deter conhecimentos suficientes para formular quesitos, extraindo a 
resposta mais precisa dos peritos, além de relacionar critérios de 
inimputabilidade à embriaguez e ao uso de substâncias tóxicas etc. 
 No âmbito cível : auxilia a relacionar causas de interdição, de 
anulação de casamento, de determinação de paternidade. 
 No âmbito trabalhista : auxilia na determinação das causas dos 
acidentes de trabalho e doenças típicas de determinadas profissões. 
Divisões da Medicina Legal: 
Medicina Legal Geral: 
@diariodeumafuturadelegada 
Aqui são estudados as obrigações e os deveres dos médicos 
(deontologia) e os direitos dos médicos (diceologia). 
Medicina Legal Especial: 
São estudados os ramos mais específicos da disciplina. 
Antropologia Forense : ramo da Medicina Legal que busca estudar a 
identidade e a identificação médico-legal e judiciária; 
Traumatologia Forense : estuda as lesões corporais sob o ponto de 
vista jurídico e as energias causadoras do dano, bem como os aspectos do 
diagnóstico, do prognóstico e das suas implicações legais; 
Sexologia Forense : é a parte da Medicina Legal que trata das 
questões médico-biológicas e perícias ligadas aos delitos contra a dignidade 
e a liberdade sexual. 
Tanatologia Forense: é o ramo da Medicina Legal que estuda a 
morte e o morto, bem como suas repercussões na esfera jurídico-social; 
Toxicologia Forense: parte que estuda os venenos (energia química) 
e cáusticos bem como suas repercussões médico–legais; 
Asfixiologia Forense: ramo que estuda os diversos tipos de asfixias, 
bem como os mecanismos e sinais específicos; 
Psicologia e Psiquiatria Forense: ramos que estudam os limites e as 
modificações da responsabilidade penal e da capacidade civil, bem como os 
doentes mentais, oligofrênicos etc.; 
Medicina Legal Desportiva: procura dar ênfase nas questões 
médico-legais voltadas ao esporte, como casos de verificação de 
substâncias proibidas antes de práticas desportivas; 
Criminalística: procura investigar, de forma técnica, os indícios 
materiais do crime, seu valor e sua interpretação nos elementos 
constitutivos do corpo de delito. Estuda a dinâmica do crime; 
Criminologia: estuda os diversos aspectos da natureza do crime, do 
criminoso, da vítima e do controle social; 
@diariodeumafuturadelegada 
Infortunística: ramo da Medicina Legal que estuda os acidentes e as 
doenças de trabalho, bem como doenças profissionais, no que se refere à 
perícia, higiene e insalubridade laborativas; 
Corpo de Delito. Perícias e Peritos. 
Corpo de Delito : 
Definição: é o conjunto de elementos sensíveis, denunciadores do 
fato criminoso. É composto pelos elementos percebidos pelos sentidos ou 
pela intuição humana. Nas palavras de Genival Veloso de França, “é a base 
residual do crime, sem o que ele não existe”. 
Importante: não confundir “corpo de delito” com “exame de corpo 
de delito”. Este último é o exame feito com base no corpo de delito. 
Dispositivos legais do Código de Processo Penal sobre o tema: 
O art. 158 do Código de Processo Penal ilustra a importância do exame 
de corpo de delito, tanto é que nas hipóteses em que a infração penal deixa 
vestígios, tal exame é indispensável e nem mesmo a confissão do acusado 
pode supri-lo. 
Art. 158, CPP. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame 
de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do 
acusado. 
A leitura do art. 159 do Código de Processo Penal (bem como dos 
artigos seguintes) é fundamental para a compreensão do tema. Nos termos 
deste primeiro artigo mencionado, o exame de corpo de delito e outras 
perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso 
superior. 
Caso isso não seja possível, o parágrafo primeiro do mesmo 
dispositivo informa que na falta de perito oficial, o exame será realizado 
por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior 
preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação 
técnica relacionada com a natureza do exame. São chamados de “peritos 
ad hoc”. 
@diariodeumafuturadelegada 
Além disto, os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem 
e fielmente desempenhar o encargo. 
Perícia Médico-Legal: 
Definição: Genival França define a perícia médico-legal como sendo 
“um conjunto de procedimentos médicos e técnicos que tem como 
finalidade o esclarecimento de um fato de interesse da justiça.” 
Trata-se do exame de elementos materiais percebidos nos fatos 
destacados ao longo do processo. Esse exame, quando realizado por um 
técnico qualificado (perito) é chamado de perícia, que se materializa através 
dos laudos. 
A perícia possui uma parte objetiva (relacionada às alterações visíveis 
encontradas nas lesões e serão destacadas na “descrição”) e uma parte 
subjetiva (valoração da parte objetiva. Aqui podem surgir divergências e 
serão destacadas na parte “discussão”). 
Por terem base científica, geralmente têm prevalência em relação 
a outros elementos de convicção. No entanto, é necessário destacar que, 
de acordo com o artigo 182 do Código de Processo Penal, o juiz não está 
adstrito ao laudo emitido pelo perito. 
Art. 182, CPP. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-
lo, no todo ou em parte. 
A finalidade da perícia é produzir a prova, que nada mais é do que a 
materialização do fato. 
A perícia pode ser realizada nos indivíduos vivos, nos cadáveres, nos 
esqueletos, nos animais e nos objetos. A importância em cada uma destas 
situações pode ser vista a seguir: 
Nos indivíduos vivos : diagnóstico de lesões, determinação de idade, 
sexo etc. 
Nos mortos : diagnóstico da causa da morte, causa jurídica da morte, 
tempo da morte, identificação do cadáver etc. 
Nos esqueletos : identificação do sexo e tempo da morte; 
@diariodeumafuturadelegada 
Nos objetos : exames de armas, projéteis, procura por sangue, fluídos, 
impressões digitais etc. 
*Atenção: no processo penal, o Laudo médico-legal não é documento 
sigiloso. 
Peritos: 
Definição: perito é todo indivíduo que detendo conhecimentos 
técnico-científicos, bem como habilitação específica, realiza uma perícia. 
Limita-se a verificar o fato e indicar a causa que o motivou. Age de maneira 
livre. Pode ser oficial ou ad hoc. 
Os peritos criminais são aqueles do art. 6º, I do CPP. 
Art. 6º. Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a 
autoridade policial deverá: 
I – dirigir-se ao local, providenciando, para que não se alterem o estado e a 
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais. 
*Atenção: os peritos podem ser responsabilizados criminalmente por 
atos no exercício da função. 
Documentos médico-legais: 
Documentos médico legais são instrumentos escritos ou simples 
exposições verbais objetivando elucidar a justiça e servir como prova para 
formação de convicção do juiz. 
Há cinco documentos médico-legais trazidos pela doutrina: 
Notificações, Atestados, Relatórios,Pareceres e Depoimentos Orais. 
Passaremos a partir de agora a analisar cada um desses documentos: 
 NOTIFICAÇÕES: São comunicações compulsórias feitas pelos 
médicos às autoridades competentes acerca de um fato profissional, seja 
por necessidade social, sanitária, doenças contagiosas etc. 
O médico que não denuncia o conhecimento de doença, cuja 
notificação seja compulsória, incorrerá no crime previsto no art. 269 do CP: 
@diariodeumafuturadelegada 
Art. 269, CP: “Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja 
notificação é compulsória.” 
Trata-se de crime próprio, pois somente o médico pode ser sujeito 
ativo deste delito, consumando-se o delito no exato momento da omissão, 
não se exigindo qualquer resultado que advenha dessa conduta omissiva. 
 ATESTADOS: Também são entendidos como certificados. A 
literatura médico-legal aponta que esses documentos têm por objetivo 
firmar a veracidade de um fato ou a existência de determinado estado, 
ocorrência ou obrigação. É uma declaração de um fato médico e suas 
possíveis consequências. 
Os atestados podem ser: 
Administrativos: quando for destinado aos fatos relativos ao 
servidor público (exemplo: atestado requerido para fins de ingresso em 
concurso público); 
Judiciais: quando for por solicitação da administração da justiça 
(exemplo: quando os jurados justificam suas faltas no Tribunal do Júri); 
Oficiosos: dados no interesse das pessoas física ou jurídica (exemplo: 
para justificar ausência de aulas). 
 RELATÓRIO : É o documento médico-legal mais minucioso de uma 
perícia médica, de modo a responder à solicitação da autoridade policial ou 
judiciária. 
A literatura médico-legal traz uma distinção técnica entre o 
relatório, que costuma ser cobrada com grande frequência em concursos 
públicos. Se o relatório é ditado diretamente ao escrivão, denomina-se auto; 
e, se redigido posteriormente pelos peritos, ou seja, após suas investigações 
e consultas, recebe o nome de laudo. 
O relatório médico-legal possui sete partes: (preâmbulo, quesitos, 
histórico, descrição, discussão, conclusão e resposta aos quesitos). 
Preâmbulo: Esta parte contém a hora, a data e o local onde está 
sendo realizado o exame, bem como o nome da autoridade que requereu e 
@diariodeumafuturadelegada 
da que determinou a perícia (qualificação da autoridade, dos peritos e do 
examinando). Faz menção ao tipo de perícia a ser feita. 
Quesitos: De acordo com Hygino Hercules, esta parte é constituída 
de perguntas que têm por finalidade a caracterização de fatos relevantes 
que deram origem ao processo da perícia e que terão destaque tanto na 
fase do inquérito policial, quanto do processo penal propriamente dito. É 
importante destacar que no caso das ações penais, já se encontram 
formulados os quesitos oficiais. 
Histórico: Aqui está contido o registro dos fatos mais importantes 
que deram origem à requisição da perícia pela autoridade e que podem 
esclarecer e orientar a ação do perito. A parte do histórico é de extrema 
importância para orientar o perito na realização do exame, pois pode 
fornecer dados relevantes que dizem respeito à dinâmica do evento, 
posição da vítima, distância do agressor etc. 
Descrição: Trata-se da parte mais importante do relatório, sendo 
essencial para sua confecção. Sua função é reproduzir minuciosamente os 
exames e técnicas empregadas e de tudo o que for observado pelos peritos. 
É nessa parte do relatório médico-legal que se situa o visum et repertum 
(ver e repetir). Os peritos devem ver e expor todas as particularidades que 
a lesão apresenta (dimensões, direção, quantidade, aspectos, profundidade 
etc.). O perito deve ser capaz de transformar em palavras tudo o que 
perceber através dos seus sentidos, devendo ser claro e objetivo na sua 
demonstração, razão pela qual a fase da discussão geralmente é deixada 
para um momento posterior. 
Discussão: Esta parte é destinada a serem postas em discussão 
todas as hipóteses eventualmente elencadas quando da descrição. Mas é 
importante destacar que nesta parte do relatório o perito deve ter o 
cuidado de não emitir juízo pessoal, o que pode ser capaz de interferir no 
processo. 
Conclusão: É a síntese da parte descritiva com a de discussão. De 
acordo com Hygino Hercules é nesse momento que o perito deve assumir 
@diariodeumafuturadelegada 
postura quanto à ocorrência ou não de um fato, com base nos dados que 
se encontram narrados no histórico e aqueles verificados durante o exame. 
Resposta aos quesitos: Ao ser encerrado o relatório, os peritos 
devem responder aos quesitos de forma objetiva e concisa, através de 
afirmações Respostas aos Quesitos: Ao ser encerrado o relatório, os peritos 
devem responder de forma objetiva e concisa, através de afirmações ou 
negações, mas não podem deixar faltar resposta em qualquer um deles. 
Quando não haja possibilidade de se afirmar, de forma objetiva, responde-se 
com a expressão “prejudicado”. Eventuais dúvidas podem ser levantadas 
através de uma consulta médico-legal. 
 PARECERES: Consistem em respostas técnicas dadas às 
consultas médico-legais. Devem ter as mesmas partes do relatório médico-
legal, com a exceção da descrição, pois já não se está mais diante do corpo 
ou do cadáver para a análise específica. 
Todas as partes do relatório também devem estar presentes no 
parecer, exceto a descrição. 
 DEPOIMENTO ORAL: O depoimento oral deriva da oitiva do perito 
em juízo, com valor probatório de prova técnica, e não testemunhal. Dessa 
forma, quando o perito é chamado a falar em juízo sobre alguma divergência 
apontada pelas autoridades, ele atua na condição de perito, e não de 
testemunha. 
É de suma importância deixar claro, desde já, que a atuação do perito 
se limita à análise dos vestígios do crime; enquanto a atuação da autoridade 
policial deve conduzir a sua atuação para alcançar indícios do crime. o 
vestígio é material; enquanto o indício é subjetivo. 
Antropologia Forense: 
Trata-se do ramo da Medicina Legal que, utilizando-se de 
conhecimentos de antropologia geral, ocupa-se principalmente com as 
questões relativas a IDENTIDADE e a IDENTIFICAÇÃO. 
@diariodeumafuturadelegada 
Introdução: Quando nos deparamos perante uma ossada devemos 
nos questionar primeiramente se estamos diante de osso humano ou não 
humano. Tal análise deve ser feita segundo algumas averiguações: tamanho, 
peso, forma, análise de crânio, face, arcadas dentárias, canais de havers e 
índice cortical medular. 
Essas informações são de extrema relevância para desvendarmos 
o crime (materialidade), seus motivos e sua autoria. 
Identidade e Identificação Humana: 
Conceito de Identidade : “é o conjunto de caracteres que individualiza 
uma pessoa ou uma coisa, fazendo-a distinta das demais”. 
A identidade aqui estudada é a objetiva: aquela que nos permite 
afirmar tecnicamente que determinada pessoa, eventualmente estudada, é 
realmente ela mesma. 
Conceito de Identificação : é o processo pelo qual se determina a 
identidade de uma pessoa ou de uma coisa. É o emprego dos meios 
adequados para determinar a identidade ou a não identidade. 
Um dos exemplos citados pela literatura médico-legal é o caso de 
Lacassagne efetuando uma identificação em Lyon no ano de 1889. Houve 
o encontro de um cadáver que, até então, não havia sido identificado. Tal 
cadáver estava em avançado estado de putrefação. Feita a necropsia por 
Lacassagne, várias características peculiares forma sendo identificadas, até 
que a família de uma pessoa desaparecida, com as mesmas características 
daquela que estava sendo examinada pôde fielmente fazer a identificação. 
Diferença entre Identificação e Reconhecimento: 
Identificação: é o conjunto de meios científicos ou técnicas 
específicas utilizadas para que se alcance uma identidade. Processo que 
permite que qualquer pessoa identifique determinado indivíduo. Importante 
observar que, as principais metodologias utilizadas na identificação humana, 
são universais, e as principaissão: identificação papiloscópica, identificação 
por meio da arcada dentária e exame de DNA. 
@diariodeumafuturadelegada 
Reconhecimento : processo daquele que já conhece a vítima e irá 
reconhecê-lo em virtude de caraterísticas específicas. É uma afirmação 
laica, de alguém que conhecia o indivíduo a ponto de afirmar ser ele mesmo, 
afirmar conhecer. 
*Atenção: Importante ter em mente que, dentre os três principais 
métodos de identificação utilizados, não há escala de confiabilidade entre 
eles e não se confirma um método com outro, só se utiliza um método 
diverso do escolhido, se pelo primeiro não for possível à identificação. 
Usualmente, o primeiro método a ser utilizado no Brasil é a papiloscopia, 
seguido pela identificação da arcada dentária e por fim o exame de DNA, 
isto se deve ao custo e complexidade dos métodos, partindo do mais simples 
e barato para o mais complexo e mais caro. Devemos observar também 
que, no caso da identificação por meio da arcada dentária, se faz necessário 
que o indivíduo a ser identificado necessita ter, de maneira prévia, uma ficha 
dentária bem assinalada, não apenas com número de dentes, mas também 
com as alterações, anomalias e restaurações. 
Postulados de Identificação: 
Os postulados funcionam como características fundamentais da 
identificação. Para Genival França, são fundamentos biológicos ou técnicos 
que qualificam e preenchem as condições necessárias para que o método 
de identificação seja considerado aceitável. São eles: 
Perenidade: é a capacidade de certos elementos resistirem à ação 
do tempo, e que permanecem durante toda a vida e até após a morte. 
Exemplo: esqueleto. 
Unicidade: é a individualidade/exclusividade: alguns elementos são 
específicos de determinados indivíduos. 
Praticabilidade : o processo de identificação não deve ser complexo, 
seja na obtenção, seja no registro dos caracteres. 
Imutabilidade : as características não mudam e não se alteram ao 
longo do tempo. 
@diariodeumafuturadelegada 
Classificabilidade: é necessária certa metodologia no arquivamento, 
bem como a facilidade e rapidez na busca dos registros. 
Identificação Médico-Legal: 
Este tipo de identificação é realizado sempre por um perito médico-
legal. A identificação médico-legal pode ser efetuada quanto aos seguintes 
aspectos: 
Identificação da Espécie: 
A identificação da espécie se faz através do estudo dos seguintes 
elementos: 
 Verificação dos Ossos: 
Esse processo de identificação faz a distinção, microscopicamente, 
entre os ossos dos animais e dos homens, através dos canais de Havers. 
Nos humanos, tais canais são em menor número, elípticos e mais largos 
(cerca de 8 por mm). Nos animais, são mais estreitos, circulares e 
numerosos (cerca de 40 por mm). 
 Verificação do Sangue: 
Provas de Orientação: 
Quando se fala no processo de identificação do sangue, são 
utilizadas substâncias químicas na amostra para determinar a natureza da 
substância. As provas de orientação nos darão a ideia se estamos diante de 
sangue ou não. 
Luminol: Roberto Blanco afirma que este é o teste de elite. Utiliza-
se a substância alfa-amino-ftalidrazina, que em contato com o peróxido de 
hidrogênio, se converte em alfa-amino-ftalato. Se apresenta intensamente 
luminescente (azul esverdeado) por causa dos elétrons desprendidos quando 
da reação química. No entanto, não é a primeira ação a ser feita no exame 
de local de morte violenta, pois pode haver causas de erro caso a substância 
utilizada no teste reaja, por exemplo, com desinfetantes ou outras 
substâncias oxidantes. 
Provas de Certeza: 
@diariodeumafuturadelegada 
Diferentemente das provas de orientação, as provas de certeza 
nos trarão a segurança de afirmar que tal substância submetida a análise é 
realmente sangue. Diante disto, a literatura médico-legal destaca duas 
técnicas: 
A técnica de Teichmann: utiliza o ácido acético glacial para 
verificação da amostra. 
A técnica de Uhlenhuth: (método da albuminorreação/reação 
biológica de soro-precipitação), junto com a microscopia, para determinação 
do tamanho e forma das células sanguíneas, são os mais fidedignos para 
determinação da anucleação das hemácias. 
 Identificação dos Pelos: 
Um dos processos que ainda são utilizados para identificação é 
aquele que analisa os pelos. Os pelos humanos têm córtex espesso e 
pigmento fino, mas após a puberdade, o diâmetro costuma aumentar. 
Dentre os aspectos inerentes a esse estudo, há algumas regiões do 
pelo que auxiliam na diferenciação para saber se é humano ou animal. Assim, 
as regiões da cutícula e da medula do pelo animal conseguem fornecer tais 
elementos, com as seguintes características: 
Cutícula: escamas grossas e mais salientes do que a humana; 
Medula: possui a forma de um colar nos terminais dos pelos, com 
cédulas medulares bastante aparentes. 
Identificação da Raça: 
Se por um lado temos a identificação médico-legal quanto à espécie 
(animal ou humana), também pode ser destacado outro processo, o que 
busca identificar a raça. De acordo com Ottolenghi, podem ser citados 
alguns tipos étnicos fundamentais e suas características. São eles: 
Caucásico: pele branca; cabelos lisos ou crespos, louros ou 
castanhos; íris azuis ou castanhas; 
Mongólico: pele amarela; cabelos lisos; face achatada de diante para 
trás; maxilares salientes; 
@diariodeumafuturadelegada 
Negroide: pele negra; cabelos crespos; crânio pequeno; íris castanhas; 
nariz longo e achatado; 
Indiano: não é um tipo racial definido. Estrutura alta; pele amarelo-
trigueira; cabelos pretos e lisos; barba escassa; 
Australoide: estatura alta; pele trigueira (cuja cor é semelhante ao 
trigo maduro, ou seja, cor morena); dentes fortes; nariz curto e largo; 
arcadas superciliares salientes; 
Por ocasião do estudo da identificação médico-legal quanto à raça, 
podem ser feitas subdivisões no estudo para abranger a verificação da 
forma do crânio e da medida de outros ossos no corpo. 
Forma do Crânio: Nesta verificação dos elementos técnicos para 
determinação quanto à raça ou etnia, o formato do crânio revela alguns 
detalhes que podem contribuir para a identificação, ainda que não 
configurem método exclusivo, razão pela qual devem ser comparados com 
outros elementos, caso sejam eventualmente encontrados. A depender da 
visão do observador, são apresentados pela literatura médico-legal alguns 
índices que auxiliam na representação do formato do crânio. Tais índices são 
verificados, inclusive, a partir de pontos estabelecidos no crânio, chamados 
de “pontos craniométricos”. 
Identificação do Sexo: 
Somando-se aos processos de identificação médico-legal 
anteriormente citados (quanto à espécie e quanto à raça), está o processo 
que envolve a análise do sexo. Os tipos de identificação sexual são: 
Sexo Cromossomial: Definidos pelos cromossomos sexuais e pelo 
corpúsculo fluorescente, sendo masculino aquele que apresentar 46XY e 
tiver o corpúsculo fluorescente e feminino aquele que apresentar 46 XX e 
não contiver o corpúsculo fluorescente. 
Sexo Cromatínico: Determinado através da análise dos corpúsculos 
de Barr. Tais corpúsculos caracterizam-se por pequenos corpos de 
cromatina sexual que se encontram no interior das células pertencentes a 
@diariodeumafuturadelegada 
organismos femininos (ou seja, se estiverem presentes, o sexo é feminino. 
Se estiverem ausentes, o sexo é masculino). 
Sexo Gonadal: homem com testículos e mulher com ovários. 
Sexo da Genitália Interna: caracteriza o sexo masculino quando 
houver o desenvolvimento dos ductos de Wolff e o feminino quando 
desenvolvidos os ductos de Muller. 
Sexo da Genitália Externa: homem com pênis e escroto; mulher 
com vulva, vagina e mamas. 
Sexo Jurídico: é o designado no registro civil, ou quando o juiz 
determina a mudança de sexo nos processos jurídicos relacionados. 
Sexo Psíquico: é a identificação que o indivíduo faz de si mesmo e 
que se reflete no seu comportamento. É também chamado de sexo moral.Sexo Médico-Legal: é constatado em exame pericial médico-legal, 
naqueles periciandos que apresentam genitália dúbia ou sexo aparentemente 
duvidoso. 
Sexo Morfológico: representado pela configuração fenotípica do 
indivíduo. 
Identificação do sexo em despojos humanos: 
Em muitas situações, até mesmo pelas consequências das lesões 
sofridas, ou mesmo diante de significativo processo de decomposição dos 
despojos humanos, há dificuldade no processo de identificação. Com isto, é 
válida a utilização dos pontos craniométricos de Galvão, aspectos da 
mandíbula e aspectos dos demais ossos eventualmente encontrados, como 
por exemplo a pelve. 
Aspectos da mandíbula: 
Há algumas diferenças nos aspectos da mandíbula do sexo masculino 
e do sexo feminino: 
Masculina: robusta; forma do arco dental retangular ou triangular; 
rugosidades nas inserções musculares; ásperas ou marcadas. 
@diariodeumafuturadelegada 
Feminina: discreta; forma do arco dental arredondado ou triangular; 
rugosidades nas inserções musculares; planas ou discretas. 
Aspectos do osso pélvico: 
Justamente por se tratar do processo de identificação quando são 
encontrados apenas nos despojos humanos, eventualmente pode ser 
encontrada a parte em que se situa o osso pélvico. 
A pelve representa grande importância na determinação do sexo. 
Nos homens: consistência óssea mais forte, com rugas de inserção 
pronunciadas. Além disso, as dimensões verticais superam as horizontais. Nas 
mulheres é o inverso. 
Além disso, nas mulheres o ângulo subpubiano é mais aberto e em 
forma de “U”, enquanto nos homens é estreito e em forma de “V”. 
Identificação da Idade: 
Já abordamos os processos de identificação médico-legal quanto à 
espécie, à raça, ao sexo e agora demonstraremos a importância da análise 
da idade. A idade não pode ser determinada com precisão e a margem de 
erro é tanto maior quanto mais idoso for o indivíduo examinado. Quanto 
maior o número de elementos avaliados maior as possibilidades de acerto. 
Os elementos examinados são: 
Aparência: válida somente para uma avaliação grosseira, sem 
qualquer precisão. Esta característica é útil apenas nos extremos, 
diferenciar um recém-nascido, jovem ou ancião, mas em casos mais sutis 
e transitórios, não é de grande valia. 
Pele: podemos observar a presença do vérnix caseoso, camada 
esbranquiçada do recém-nascido, pregueamento da pele das mãos e pés, 
características próprias da pele (firmeza, elasticidade, rugas, flacidez etc.). 
A importância, de certa forma, é pequena e reside principalmente no 
aparecimento das rugas, estas começam a surgir entre os 25 e 30 anos, 
nas imediações das comissuras externas das pálpebras. 
Pelos: presença de pelos pubianos se dá a partir de 12-13 anos, no 
sexo feminino e de 13-15 anos no sexo masculino, já os pelos axilares (após 
@diariodeumafuturadelegada 
cerca de 2 anos após o desaparecimento dos pubianos). A calvície é de 
surgimento irregular. 
Olhos: presença de arco senil (faixa periférica e acinzentada na íris) 
ocorre em 20% das pessoas com idade a partir de 40 anos e em 100% das 
pessoas com idade acima de 80 anos. Esta é uma característica mais comum 
no sexo masculino. 
Dentes: difícil avaliação nos países subdesenvolvidos. Existem tabelas 
de referência. Na prática, utiliza-se a seguinte fórmula dentária: arcada com 
16/16 presume-se idade superior a 18 anos; 14/14 presume-se idade maior de 
14 anos e menor que 18 anos; e dentição de 12/12, indica idade menor que 14 
anos. 
Mandíbula: apresenta variações de acordo com a idade, em relação 
ao ângulo da mandíbula. Na idade senil ocorre a redução do tamanho das 
maxilas e mandíbula pela perda dos dentes, bem como pela reabsorção óssea. 
Apagamento das Suturas Cranianas: as suturas cranianas vão se 
ossificando e desaparecendo na idade adulta, isto se dá de forma lenta e 
progressiva, com maior intensidade em idade avançada. Existem tabelas de 
referência para consulta. 
Radiografia dos Ossos: é o melhor elemento de estudo para a 
avaliação da idade cronológica. Nesse exame, pesquisam-se os pontos de 
ossificação e o estado de desenvolvimento do osso. A radiografia do punho 
é muito utilizada uma vez que permite a visualização de vários ossos e a 
análise da ossificação de suas cartilagens, sendo que, estas já são 
conhecidos seus ritmos de fechamento e suas relações com a provável 
idade. 
Identificação da Estatura: 
Fácil de ser determinada no vivo e no cadáver íntegro. Pode ser 
importante em casos de cadáveres carbonizados. Utiliza-se como 
referência um osso longo, aplicando-se o seu comprimento a uma tabela, 
normalmente a de Etienne-Rollet. 
Identificação Judiciária: 
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Ao lado da identificação médico-legal, mas independentemente da 
utilização de conhecimentos médicos é realizada a identificação judiciária, 
através do uso de dados antropométricos e antropológicos para a identidade 
civil. É um processo realizado por peritos em questões de identificação. 
SISTEMA DATILOSCÓPICO DE JUAN VUCETICH: 
Este sistema foi lançado em 1891 por Juan Vucetich e adotado 
oficialmente no Brasil em 1903. É um dos métodos mais eficientes em 
termos de identificação judiciária (disputa com o DNA). 
O sistema datiloscópico trabalha com o que se chama de “desenho 
digital”. Significa o conjunto de cristas e sulcos existentes nas polpas dos 
dedos, apresentando variedades em cada indivíduo. 
Nas impressões digitais existem as linhas marginais, basais e 
nucleares (com exceção das impressões digitais em que o arco é 
encontrado), e é a partir destas linhas que o sistema é montado. Vucetich 
criou a fórmula dactiloscópica e a classificação decadactilar. No sistema 
datiloscópico de Vucetich, o delta é a característica fundamental. 
O delta é o encontro das linhas marginais com as basais e limitado 
internamente pelas linhas nucleares. 
As impressões digitais são únicas para cada indivíduo, sendo 
diferentes, inclusive, entre gêmeos univitelinos. Elas possuem 
características importantes, como: 
Unicidade : por serem únicas; 
Perenidade: não se alteram ao longo da vida; 
Imutabilidade : não apresentam alterações significativas; 
Praticabilidade : a coleta de impressões papilares é um processo 
simples; 
Classificabilidade : por possuírem elementos que possibilitam a sua 
fácil classificação. 
@diariodeumafuturadelegada 
São quatro os tipos fundamentais de Vucetich: VERTICILO, PRESILHA 
EXTERNA, PRESILHA INTERNA E ARCO. 
*Atenção: Quanto ao sistema dactiloscópico de Vucetich, cada tipo 
fundamental também pode ser estudado a partir das suas letras iniciais, bem 
Atenção: Quanto ao sistema dactiloscópico de Vucetich, cada tipo 
fundamental também pode ser estudado a partir das suas letras iniciais, bem 
como através de números. Desta maneira, o verticilo pode ser mencionado 
pela letra ‘V” e pelo número “4”. A presilha externa pela letra “E” e pelo 
número “3”, a presilha interna pela letra “I” e pelo número “2”. Por fim, o arco 
pode ser representado pela letra “A” e pelo número “1”. 
Convencionou-se um método mnemônico para fácil compreensão do 
instituto: VEIA – 4321. 
 Verticilo (“V” ou “4”): presença de dois deltas e um núcleo 
central. 
 Presilha Externa (“E” ou “3”): presença de um delta à esquerda 
do observador e de um núcleo voltado à direita (em sentido contrário ao 
delta). 
 Presilha Interna (“I” ou “2”): presença de um delta à direita do 
observador e de um núcleo voltado à esquerda. 
 Arco (“A” ou “1”): ausência de deltas. Apresenta, apenas, os 
sistemas basilares e marginais. 
*Atenção: Quando a impressão dactiloscópica estiver ilegível, por 
cicatrizes ou por qualquer outro tipo de alteração, irá receber a letra “X”, 
na fórmula dactiloscópica. 
Quando houver amputação (ou mesmo ausência congênita – 
adactilia) de um ou mais dedos, isto deverá estar representado pelo número 
“0” em cada dedo amputado. 
Albodactilograma: estudo das linhas deixadas em branco na 
impressão digital. 
Poroscopia: estudodas marcas deixadas pelos poros. 
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Regras de Locard: Ao ser visualizada uma impressão datiloscópica por um 
profissional (papiloscopista), para que se assegure a identificação de alguma 
pessoa através daquela impressão devem ser encontrados 12 (doze) 
minúcias (pontos característicos) semelhantes, bem como nenhum 
discordante. Cada impressão digital pode conter inúmeros tipos de pontos 
característicos. Como exemplo destes pontos, podem ser citados o 
“encerro”, a “cortada, a “ilhota”, a “forquilha” etc. 
Técnica Primitiva de Identificação: Alphonse Bertillon criou a 
Técnica de Bertilhonagem a fim de identificar o indivíduo através de diversas 
medidas nos diversos locais do corpo do ser humano. A identificação era 
realizada através das medidas do corpo. Ex: cumprimento da orelha, altura 
da cabeça etc. 
Traumatologia Forense: 
Traumatologia Forense é o ramo da Medicina Legal que estuda as 
lesões corporais sob o ponto de vista jurídico e as energias causadoras do 
dano, bem como os aspectos do diagnóstico, do prognóstico e das suas 
implicações legais. 
A traumatologia também é entendida pela literatura médico-legal 
como lesonologia. Pode ser vista como a parte da Medicina Legal que estuda 
os traumas, bem como os agentes e energias vulnerantes que os causam. 
É responsável por cerca de metade das perícias em medicina legal. Daí sua 
importância médico-legal. 
Diferença entre trauma e lesão: 
Conceitua-se TRAUMA como a atuação de uma energia externa 
(física, mecânica ou química) sobre o corpo da pessoa, com intensidade 
suficiente para provocar desvio da normalidade, com ou sem expressão 
morfológica; a LESÃO, por sua vez, corresponde à alteração estrutural 
proveniente da agressão ao organismo, podendo ser visível macro ou 
microscopicamente. 
Energias Vulnerantes e suas Classificações: 
@diariodeumafuturadelegada 
Diante do estudo da traumatologia forense é importante destacar 
e sistematizar as energias vulnerantes de acordo com o fenômeno que as 
desencadeia. 
São exemplos das energias vulnerantes: 
Mecânica: (ex: equimose, fratura e escoriação); 
Física: (ex: lichtemberg; jellineck; queimaduras); 
Química : (ex: escaras produzidas por ácidos); 
Físico-química: (ex: manchas de Tardieu e Paltauf); 
Bioquímica: (ex: choque cardiogênico); 
Mista: (ex: fadigas e sevícias). 
*Atenção: lesões em linha (cortantes); lesões em ponto 
(perfurantes); lesões em plano (contundentes). 
Lesões Produzidas por Ação Contundente (Energia 
Mecânica): 
Instrumento contundente é todo agente mecânico, líquido, gasoso 
ou sólido, que, atuando violentamente por pressão, explosão, flexão, torção, 
sucção, percussão, distensão, compressão, descompressão, arrastamento, 
deslizamento, contragolpe, ou de forma mista, traumatiza o organismo, 
provoca lesão contusa na vítima. 
As contusões podem ser ativas, passivas ou mistas. Nas contusões 
ativas, o instrumento vulnerante vem de encontro à superfície corpórea. 
Ex: soco. Nas contusões passivas, a superfície corpórea (a vítima) vai de 
encontro ao instrumento vulnerante. Ex: a pessoa cai e bate com a cabeça 
no solo. Assim, a atuação pode ser ativa, passiva ou mista (a combinação de 
ambas). 
O agente vulnerante contundente provoca incrível variação de 
lesões, dentre elas: 
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1. Rubefação : é caracterizada por ser uma vasodilatação 
exclusivamente vital. Causa o eritema, que é uma mancha avermelhada, 
efêmera e fugaz. Desaparece em alguns minutos. Não deixa vestígios, razão 
pela qual é difícil de ser caracterizada num exame de corpo de delito. 
 
2. Equimose: é o extravasamento e dispersão de sangue nas 
malhas dos tecidos superficiais ou profundos. A equimose se diferencia da 
rubefação, pois, na equimose, o sangue extravasou e pode ser visto através 
da camada da pele (infiltração hemorrágica no tecido). A equimose demora 
mais a desaparecer do que a rubefação – o desaparecimento da equimose 
perdura levando em consideração a quantidade de sangue extravasado. 
Há algum instrumento para identificar há quanto tempo aquela 
equimose foi produzida, ou seja, o tempo da lesão? 
Legrand Du Saulle desenvolveu a tese do Espectro Equimótico, 
percebendo que havia mudança da coloração da equimose com o passar do 
tempo. Trata-se de importante estudo para determinar o tempo da lesão. 
Quando o sangue “sai dos vasos” (extravasa), o principal componente 
do sangue (hemoglobina) começa a se degradar e se transformar em 
outros compostos. Em razão dessa transformação é que a equimose muda 
de cor com o passar do tempo. A alteração de cor da equimose permite ao 
perito mensurar aproximadamente o nexo temporal de determinada lesão. 
Nesse sentido, uma lesão vermelha é mais atual, a roxa é mais antiga do 
que a vermelha, a azulada é mais antiga do que a roxa, a esverdeada é 
mais antiga do que a azulada e a amarelada é mais antiga do que a 
esverdeada. (Lógica para mensuração do nexo temporal da coloração da 
equimose). 
Esse fenômeno de alteração da cor da equimose só ocorre nos 
vivos, pois se trata de uma reação vital ao próprio extravasamento do 
sangue. No morto, a equimose (produzida quando a vítima ainda estava viva) 
mantém a sua coloração até surgirem os fenômenos da putrefação, que 
modificam sua tonalidade. 
Espectro Equimótico de Legrand du Saulle: 
 
@diariodeumafuturadelegada 
 
Vermelho violáceo: 1º - 2º ao 3º dia. 
Violáceo-azulado: 2º ao 3º - 4º ao 6º dia. 
Azul-esverdeado: 4º ao 6º - 7º ao 10º dia. 
Amarelado: 12º dia. 
*Atenção: as equimoses conjuntivais permanecem vermelhas do 
início ao fim da sua evolução. 
TIPOS DE EQUIMOSES: 
Petéquias : são pequenas equimoses, quase sempre agrupadas e 
caracterizadas por um pontilhado hemorrágico. 
Víbices: apresentam a forma de estrias. Algumas delas típicas de 
estrias de pneus de automóveis, conhecidas como estrias pneumáticas de 
Simonin. Outro exemplo: cassetete. 
Sugilação: equimose em forma de pequenos grãos. A literatura 
médico-legal aponta que podem surgir intra vitam ou post mortem (neste 
caso aparecem, pois o cadáver ficou muito tempo suspenso). 
Equimona : equimoses de grandes proporções. 
Manchas de Tardieu: equimoses de ordem físico-química. São 
pequenas e violáceas. Ocorrem abaixo das pleuras (subpleurais), do pericárdio 
(subpericárdicas), no tecido palpebral (quando das asfixias mecânicas). 
Sugerem asfixia por sufocação direta. 
Manchas Subpleurais de Paltauf : equimoses de ordem físico-
química. Sugerem afogamento. São mais extensas que as de Tardieu. 
Cianose cérvico-facial ou máscara equimótica de Morestin: (intra 
vitam): ocorre nos casos de compressão do tórax (ex: hipóteses de 
sufocação indireta): a circulação sanguínea tem força para fazer com que 
o sangue suba para a cabeça, mas não tem força para fazer com que este 
sangue desça, o que torna a face violácea. 
@diariodeumafuturadelegada 
*Atenção: não confundir cianose cérvico-facial com livores 
cadavéricos decorrentes do escoamento do sangue para região de maior 
declive, o que formará os livores cadavéricos (ex: cadáver virado de cabeça 
para baixo, com os pés amarrados para cima). Por causa da força da 
gravidade, o sangue tenderá a ficar concentrado na região mais baixa, que 
no presente exemplo é a cabeça. 
EQUIMOSES A DISTÂNCIA: 
Sinal do Zorro (ou de guaxinim): ocorre em ambas as regiões 
periorbitárias e é resultante da contusão no couro cabeludo ou fratura no 
crânio. 
Sinal de Batlle: equimose oriunda da fratura do andar médio da base 
do crânio e é acompanhada de otorragia (hemorragia proveniente do ouvido 
médio). 
Sinal de Cullen: em casos de pancreatite aguda, necro-hemorrágica, 
pode surgir equimose periumbilical. 
3. Hematoma: é a coleção de sangue em cavidade neoformada. 
Há o extravasamento do sangue de vaso calibroso, mas não há difusão nos 
tecidos. Não se considera hematoma a coleção de sangue derramada em 
uma cavidade natural, como as cavidades pleurais, pericárdio. 
 
4. Bossas:a bossa se forma em decorrência do aumento de 
volume dos tecidos por coleção de líquido que os infiltra intensamente, 
decorrente de distúrbio circulatório localizado. Na equimose o sangue fica 
espalhado, na modalidade bossa o sangue fica acumulado e em virtude da 
existência de osso embaixo da pele surge uma bolsa empurrando a pele para 
cima em virtude da obstrução, formando vulgarmente o que chamamos de 
galo (saliência na pele). Quando a bossa contém sangue ela fica arroxeada, 
já quando contém linfa (bossa linfática) ela fica na cor da pele. 
 
5. Escoriação: é a exposição da derme devido ao “arrancamento” 
da epiderme por ação tangencial de um instrumento mecânico. As 
escoriações não deixam cicatrizes e as crostas começam a cair entre o 4º 
e 10º dia, estando a pele regenerada até o 15º dia. A escoriação é temporária 
e se resolve com a regeneração do tecido. 
@diariodeumafuturadelegada 
6. Ferida: ultrapassa a derme, atingindo os planos mais profundos 
da pele, consolidando-se por cicatrização. No momento em que ultrapassa a 
derme teremos ferida e não a escoriação. A ferida é permanente e se 
resolve através da cicatrização, ao contrário da escoriação. Se deixar 
cicatriz não é escoriação, mas sim uma ferida, tecnicamente. 
 
7. Entorse : a literatura médico-legal aponta que é o estiramento 
da cápsula de uma articulação. Derivam de movimentos exagerados junto a 
uma articulação. São lesões articulares provocadas por movimentos 
exagerados dos ossos que compõem uma articulação, incidindo sobre os 
ligamentos. 
 
8. Luxação : é o deslocamento permanente das superfícies 
articulares. Podem ser completas, quando há a efetiva separação das 
articulações, ou incompletas (subluxação) quando ainda resta algum contato 
entre as duas peças envolvidas na lesão. É mais grave do que a entorse. 
 
 
9. Fraturas : são soluções de continuidade dos ossos decorrentes 
dos mecanismos de compressão, flexão ou torção. Segundo a doutrina 
podem ser diretas ou indiretas, fechadas ou abertas, cominutivas (ou 
fragmentadas) etc. “É direta quando o trauma atinge o local fraturado, e 
indireta em caso contrário. A fratura fechada não se comunica com o 
exterior do corpo e a aberta é aquela em que a fratura permite ver o foco 
da fratura. Fratura exposta é aquela em que os fragmentos ósseos 
extrapolam os limites do corpo da vítima. Fratura cominutiva é aquela em 
que fragmentos ósseos ficam isolados do osso fraturado. 
Em resumo: 
Entorse: estiramento ou ruptura dos ligamentos; 
Luxação: desarticulação óssea 
Fratura: ruptura óssea 
10. Rupturas Viscerais : basicamente é a ruptura dos órgãos 
internos (muitas vezes sem grandes repercussões na pele), mas que podem 
ocultar do plano externo uma hemorragia que ocasiona choque hipovolêmico 
e, consequentemente, a morte da vítima. 
@diariodeumafuturadelegada 
11. Lesões provocadas por martelo : neste tipo de lesão o 
instrumento utilizado (martelo) pode deixar algumas lesões características 
no crânio, que foram descritas pela literatura médico-legal e são conhecidas 
da seguinte forma: 
Mapa Mundi de Carrara: afundamento parcial, descrevendo fissuras 
uniformes (vista pela lâmina interna da calvária). 
Strassmann: (ou “em saca bocados” ou “fratura perfurante”): 
aponta a ação do instrumento em sentido perpendicular. 
“Terraza” de Hoffmann: aponta a ação em sentido tangencial, 
observando-se uma fratura triangular com o vértice solto e a base aderida. 
12. Defenestração : a defenestração representa também as 
lesões por precipitação. Se o corpo é lançado e cai de cabeça, encontra-
se, geralmente, um tipo de fratura chamado em “saco de noz”. É 
caracterizada pela integridade ou quase integridade do couro cabeludo e de 
múltiplas fraturas da calvária, laceração da massa encefálica e herniamento 
do cérebro. 
Se o corpo cai de pé, resultam as fraturas de pélvis e dos membros 
inferiores. 
Se cai de lado, verificam-se fraturas múltiplas das costelas e mais 
raramente fraturas das vértebras. 
13. Encravamento : caracteriza-se pela penetração de 
determinado objeto consistente e afiado em qualquer parte do corpo. 
 
14. Empalamento: é uma forma especial de encravamento. 
Caracteriza-se pela penetração de um objeto de grande eixo longitudinal no 
ânus ou na região perineal. Causa lesões múltiplas e variadas. 
Lesões Produzidas por Ação Cortante: 
Os instrumentos cortantes são aqueles que agem deslizando sobre 
o tecido cutâneo, provocando feridas cortantes, também conhecidas como 
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incisas. São exemplos de instrumentos cortantes: navalha, bisturi, cacos de 
vidro, folha de papel. 
Importante destacar que a faca não é um instrumento cortante, 
pois, além de cortar, ela fura. Trata-se de um instrumento misto, 
denominado perfurocortante. 
SÃO CARACTERÍSTICAS DAS LESÕES INCISAS: 
O centro da ferida incisa é mais profundo pela ação em arco 
desenvolvida pelo braço do agressor; 
Regularidade do fundo da lesão; 
O centro da ferida é mais fundo do que as extremidades; 
Ausência de traumatismos ao redor da ferida; 
São mais extensas do que profundas; 
Sangram mais do que as feridas contusas; 
Bordas da ferida são lisas e regulares; 
Predomina o comprimento da lesão sobre a profundidade desta. 
Os instrumentos cortantes produzem lesões no pescoço 
chamadas esgorjamento, degolamento e decapitação. 
Esgorjamento : é caracterizado por uma ferida longitudinal na porção 
anterior do pescoço e geralmente é representada por uma longa ferida, 
que pode lesar, além dos planos superficiais da pele, músculos e até mesmo 
o esôfago. A morte pode se dar por embolia gasosa; anemia aguda etc. 
Degolamento: é uma ferida incisa ou cortocontusa, na porção 
posterior do pescoço. 
Obs.: Como forma de memorização, lembrar que é um corte feito 
na região representada pela gola de uma camisa, ou seja, na nuca do indivíduo. 
Decapitação : cabeça separada do tronco. 
Lesões de Defesa e Hesitação: 
@diariodeumafuturadelegada 
Estes tipos de lesão podem ser úteis na identificação da causa 
jurídica do evento, pois auxiliam a perceber, juntamente com demais indícios 
eventualmente encontrados na cena do crime, se as lesões na vítima foram 
provocadas em decorrência de ter utilizado alguma parte do seu corpo para 
se defender do agressor, ou simplesmente se refletem hesitação diante 
de um cenário de suicídio. 
Sinais de Romanese, Lacassagne e Gilvaz: 
Estes sinais são comuns quando se fala na lesão incisa e auxiliam na 
descrição ou na determinação do sentido da lesão: 
SINAL DE ROMANESE : também conhecido como “cauda de escoriação”. 
Nas feridas incisas, temos o que a literatura chama de cauda de 
escoriação, que se caracteriza pela maior profundidade da ferida no local 
de entrada do instrumento e menor profundidade (mais superficial) no ponto 
de saída do instrumento. Trata-se de importante conceito para se 
determinar o posicionamento do agressor em relação à vítima e também a 
dinâmica de toda a conduta criminosa. 
SINAL DE LACASSAGNE : é conhecido como “cauda de rato”. 
SINAL DE GILVAZ : representa uma cicatriz no rosto da vítima. 
Sinal de Chavigny: Trata-se de importante sinal que permite identificar qual 
ferida ocorreu primeiro, quando já duas feridas em um mesmo local do corpo 
(feridas sobrepostas). O sinal de Chavigny estabelece a ordem das lesões 
incisas que são produzidas em uma mesma região. Observa-se que a primeira 
lesão é aquela cujas bordas coaptadas determinam que a segunda não siga 
um trajeto linear. 
 
Lesões Produzidas por Ação Perfurante: 
Diferentemente das lesões incisas (em que temos propriamente um 
corte nos tecidos), os instrumentos perfurantes, por sua vez, atuam 
afastando os tecidos e, muito raramente, seccionando-os. 
@diariodeumafuturadelegada 
São perfurantes os instrumentos puntiformes, finos, cilíndricos, 
com o comprimento predominando sobre a largura e a espessura, causando 
lesões punctórias. Ex: alfinetes, agulhas, pregos, furador de gelo, estoque, 
estileteagulhado, espinhos etc. 
As feridas perfurantes têm um predomínio da profundidade em 
relação à extensão, de raro sangramento e de pouca nocividade à pele. E, 
em razão das fibras elásticas, o diâmetro da lesão quase sempre será menor 
do que o instrumento causado, em razão da elasticidade e da retratilidade 
dos tecidos humanos. 
Por vezes, esse instrumento perfurante adentra por uma parte do 
corpo e sai por outra. O ferimento de saída, quando presente, se apresenta 
mais irregular e com diâmetro menor do que o de entrada. 
Instrumento perfurante de médio calibre: 
As lesões provocadas por instrumento perfurante de médio calibre 
são também entendidas como feridas “fusiformes”, “em casa de botão” ou 
“em botoeira”. 
Lesões em acordeão ou sanfona (conceituadas por Lacassagne): 
ocorrem em regiões depressivas do corpo (ex: abdômen – a lesão parece 
ser mais funda do que o tamanho do instrumento que a causou). 
Diante de instrumento perfurante de médio calibre, a forma de lesão 
assume um formato diferente do que a de costume, obedecendo às Leis 
de Filhos e Langer. 
Leis de Filhos e Langer: Edouard Filhos e Karl Ritter Von Langer 
foram autores que desenvolveram estudos no campo das lesões 
perfurantes provocadas por instrumento de médio calibre, razão pela qual 
devem ser observadas as seguintes leis: 
Filhos trouxe duas leis: 
Primeira Lei de Filhos (Lei da Semelhança): as soluções de 
continuidade dessas feridas assemelham-se às produzidas por instrumento 
de dois gumes ou tomam a aparência da casa de botão. 
@diariodeumafuturadelegada 
Segunda Lei de Filhos (Lei do Paralelismo): quando essas feridas se 
mostram numa mesma região onde as linhas de força tenham um só 
sentido, seu maior eixo tem sempre a mesma direção. Ou seja, as lesões 
produzidas por ação de médio calibre obedecem ao sentido das linhas de 
força das fibras elásticas da pele. 
Langer, por sua vez, desenvolveu a seguinte lei : lesões produzidas 
por ação perfurante de médio calibre em regiões onde existe pele, cujas 
fibras elásticas estejam aglomeradas, podem apresentar formas anômalas 
(“aspectos de V”) etc. Ou seja, na confluência de regiões de linhas de forças 
diferentes, a extremidade da lesão toma o aspecto de ponta de seta, de 
triângulo ou mesmo de quadrilátero. 
*Atenção: o interesse médico-legal das Leis de Filhos e Langer reside 
ao se diferenciar a lesão produzida por instrumento perfurante de médio 
calibre, das lesões incisas. Isto porque na primeira hipótese, as lesões 
tenderão a seguir o sentido das linhas de força das fibras elásticas que 
existem na pele, enquanto nas lesões incisas não haverá tal padrão, em 
razão do corte de tais fibras. 
Lesões Produzidas por Ação Perfurocortante: 
Trata-se de lesões mistas, ocasionadas por instrumentos que não 
só perfuram, mas que também cortam. São lesões produzidas por 
instrumentos de ponta e gume, atuando por mecanismo misto. Agem 
simultaneamente por pressão afastando as fibras e por corte seccionando-
as. 
A depender do número de gumes de um instrumento, os 
ferimentos variam em sua forma: 
Um gume: causam ferimentos em forma de botoeira, com fenda 
regular e quase sempre linear, com um ângulo agudo e outro arredondado. 
Dois gumes: causam ferimentos em forma de fenda de bordas iguais 
e ângulos agudos. Exemplo: punhal. 
@diariodeumafuturadelegada 
Três ou mais gumes: causam ferimentos de forma triangular ou 
estrelada. Ex: estilete. 
Lesões Produzidas por Ação Cortocontundentes: 
São ferimentos produzidos por instrumentos que não apenas 
cortam, como também contundem, cuja ação e efeitos se explicam não só 
pelo gume que apresentam, como também pelo seu peso e pela força viva 
com que são acionados. Podem ser considerados exemplos de lesão deste 
instrumento a decapitação, o espostejamento e o esquartejamento. 
Decapitação : significa o destacamento da cabeça da vítima do 
restante do seu corpo. Pode ser homicida ou acidental. Pode ser provocado, 
por exemplo, por uma guilhotina. 
Espostejamento: é representado pela multiplicidade de fragmentos 
do corpo que se mostram irregulares. É comum em acidentes ferroviários 
e aéreos. 
Esquartejamento: é representado pela amputação, desarticulação, 
reduzindo o corpo em quartos. Tende a resultar em fragmentos mais 
regulares do que no espostejamento. 
Lesões Produzidas por Ação Perfurocontundentes: 
São lesões produzidas por um mecanismo de ação que não só 
perfura como também contunde. O exemplo mais comum deste tipo de 
instrumento é o projétil de arma de fogo, podendo também ser a ponta de 
um guarda-chuva, uma chave de fenda ou um espeto de churrasco. 
No entanto, como a maior incidência desse tipo de lesão é produzida 
por projeteis de arma de fogo, estudaremos com detalhe as características 
desse tipo de lesão. 
As lesões características desses instrumentos se apresentam 
através de um orifício de entrada (sempre), um trajeto (sempre) e um 
orifício de saída (nem sempre). 
@diariodeumafuturadelegada 
Característica geral dos orifícios: 
Tipicamente, no local de entrada do projétil as bordas ficam 
invertidas (para dentro); já no local de saída ficam evertidas (para fora). 
Normalmente, a lesão de entrada é menor do que a lesão de saída. Porém, 
pode ser que elas tenham o mesmo diâmetro ou que o orifício de entrada 
seja maior do que o de saída, a depender do projétil e seu trajeto dentro do 
organismo (não há regra). 
O orifício de saída, em regra, tem a forma irregular, com as bordas 
evertidas, apresentando maior sangramento que o orifício de entrada e com 
aréola equimótica. Geralmente são maiores que o orifício de entrada e não 
apresentam os demais comemorativos da lesão de entrada (orlas e zonas). 
As características independem da distância do tiro. 
ESTUDO DAS LESÕES PROVOCADAS POR PROJÉTIL DE ARMA DE FOGO: 
Lesões de Entrada: 
DISTÂNCIA DO DISPARO (LONGA DISTÂNCIA): 
Quando for mencionado que o disparo foi efetuado a longa distância, 
significa dizer que o alvo está situado além do alcance dos elementos 
constituintes do chamado “cone de dispersão” (composto por chama ou gás 
superaquecido; pólvora combusta; pólvora incombusta; micropartículas de 
metal do cano e/ou do P.A.F). Nesta modalidade (longa distância), apenas o 
projétil produz efeitos (primários). 
Nesta hipótese, a lesão de entrada terá como características: 
Diâmetro menor que o do projétil; 
Forma arredondada ou elíptica; 
Orla de escoriação, enxugo e equimose e; 
Bordas viradas para dentro. 
ORLA DE ESCORIAÇÃO: também entendido como “anel de Fisch”; “orla 
de contusão” (Thoinot); “orla desepitelizada” (França); “zona inflamatória” 
@diariodeumafuturadelegada 
(Hoffmann). É representada pela lesão de escoriação causada pela 
passagem do projétil. 
ORLA DE ENXUGO: também entendida como “orla de alimpadura”, “orla 
de Chavigny” ou “orla de Canuto e Tovo”. É representada pela orla de detritos 
e impurezas que ficam retidas na pele quando o projétil passa por ela. 
ORLA DE EQUIMOSE: também estudada como “aréola equimótica”, 
devido à ação contundente oriunda do projétil. 
DISTÂNCIA DO DISPARO (CURTA DISTÂNCIA/QUEIMA ROUPA): 
Nesta modalidade o alvo está dentro dos limites de alcance do cone 
de dispersão ou cone de explosão (pistolas e revólveres: geralmente de 10 
a 50 cm – curta distância). Geralmente até 10 cm, de acordo com o 
professor Genival França, é considerado “tiro à queima roupa.” 
Além das tradicionais orlas de enxugo, escoriação e equimose, 
referentes aos efeitos primários (relativos somente ao projétil de arma de 
fogo), somam-se: 
ORLA OU ZONA DE ESFUMAÇAMENTO: formada pela fuligem 
resultante da combustão da pólvora. É chamada de zona de falsa tatuagem, 
pois sai com a lavagem. Pode não aparecer na pele protegida por vestes. 
(Somente presente nos tiros a curta distância ou com cano encostado). 
ORLA OU ZONA DE TATUAGEM: resulta da impregnação de grãos de 
pólvora incombusta que alcançam o corpo e se incrustam na pele. Orienta 
a perícia quanto à posiçãoda vítima e do agressor. É sinal indiscutível de 
orifício de entrada. Não sai com a lavagem, somente com procedimento 
cirúrgico. (Somente presente nos tiros a curta distância ou com cano 
encostado). 
ORLA OU ZONA DE QUEIMADURA/CHAMUSCAMENTO: resulta da ação 
superaquecida dos gases, queimando a pele. (Somente presente nos tiros a 
curta distância ou com cano encostado). 
DISTÂNCIA DO DISPARO (TIRO ENCOSTADO/APOIADO): 
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Todos os elementos do disparo alcançam o alvo. O orifício de entrada 
tem a forma irregular, denteada ou com entalhes, pela ação resultante dos 
gases que descolam e dilaceram os tecidos. As bordas são evertidas, em 
geral não há sinais de outros elementos do disparo na pele, pois penetram 
na ferida juntamente com o projétil a este fenômeno chamamos Câmara 
de Mina de Hoffmann, sendo mais comum nos tiros encostados na fronte. 
Nos tiros encostados no crânio, nas costelas e escápulas, podemos 
encontrar um halo fuliginoso na lâmina externa do osso referente ao orifício 
de entrada chamado de Sinal de Benassi. Ainda na entrada podemos observar 
o Sinal de Werkgartner, que representa o desenho da boca e da alça de 
mira da arma. 
DIFERENÇA ENTRE TRAJETO E TRAJETÓRIA: 
Trajetória é o caminho descrito pelo projétil desde seu ponto de 
disparo até percutir o alvo. Trajeto é o percurso seguido pelo projétil dentro 
do alvo. Ao perito médico-legal interessa conhecer a trajetória e o trajeto. 
Lesões Produzidas por Projéteis de Arma de Fogo de Alta Energia: 
Em linhas gerais, a balística forense aponta como sendo projéteis de 
alta energia aqueles cuja velocidade inicial de deslocamento esteja acima de 
seiscentos metros por segundo. Geralmente são utilizados em fuzis. 
As principais diferenças entre as lesões dos projéteis de arma de 
fogo comuns e de alta energia são o fenômeno da cavitação e as lesões 
de entrada e saída. 
Fenômeno da cavitação : trata-se de fenômeno mais evidente nos 
projéteis de arma de fogo de alta velocidade, em razão do alto nível de 
energia cinética que é transferida ao tecido. Esse fenômeno é verificado 
durante o trajeto do projétil, dentro do organismo da vítima, apresentando-
se com um forte deslocamento de ar, derivada da pressão do projétil, que 
resulta em diversas lesões a tecidos internos. De acordo com o tamanho 
da cavidade temporária, a lesão de saída pode ser muito grande ou até 
mesmo menor do que o orifício de entrada. 
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Lesões Produzidas por Agentes Vulnerantes Não 
Mecânicos: 
Agentes não mecânicos são aqueles que não podemos tocar. Ex: 
eletricidade, calor, frio, pressão etc. 
Lesões Causadas por Energia Térmica: 
TERMONOSES : As termonoses ocorrem quando a ação da onda 
térmica não atinge diretamente o organismo. Ação difusa da fonte térmica 
através da irradiação. As termonoses dividem-se em: 
Insolação: fonte térmica proveniente do sol; 
Intermação: fonte térmica de qualquer outro maio que não o sol. 
QUEIMADURAS : Na queimadura a fonte térmica atinge diretamente o 
corpo. Ação local da fonte térmica através da condução de calor. As 
queimaduras são divididas, de praxe em graus, de acordo com o nível de 
afetação ao organismo: 
Primeiro Grau (eritema/sinal de Christinson): 
Neste grau pode ser observada vermelhidão, pele quente, seca e 
ardida. A pele escurece e depois descasca. No eritema, a área lesada é 
apenas a epiderme. 
Segundo Grau (flictenas/sinal de Chambert): 
Este tipo de lesão atinge a derme superficial e profunda, podendo 
deixar cicatrizes residuais. Além do eritema, há presença de proteínas no 
líquido da bolha. 
Terceiro Grau (escaras): 
No terceiro grau os planos subcutâneos são alcançados. Filetes 
nervosos são destruídos. As lesões são chamadas de escaras e são feridas 
mais ou menos profundas provocadas pela deficiente circulação no local. A 
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escarificação atinge o tecido subcutâneo, plano muscular e partes ósseas, 
deixando sequelas. 
Quarto Grau (carbonização): 
As lesões provocadas são mais destrutivas que as queimaduras de 
terceiro grau e se particularizam pela carbonização. 
SINAL DE DEVERGIE: Com o aumento da temperatura, a musculatura 
do cadáver sofre contração pós morte. O cadáver ao ser carbonizado irá 
se contraindo até assumir a posição de boxer, lutador, saltimbanco. No 
entanto, trata-se de uma situação que ocorre pós-morte pela atuação do 
calor. Não se trata de um sinal de que ele estava lutando contra as chamas 
e nem mesmo se defendendo de qualquer outra situação. Ocorre em 
qualquer tipo de morte quando o cadáver é submetido ao fogo. 
SINAL DE MONTALTI (intra vitam): É representado pela fuligem 
presente na mucosa da árvore respiratória. É importante ressaltar que pode 
até haver carbonização do cadáver posteriormente, mesmo que se 
encontre o sinal de Montalti. Mas quando a carbonização se dá a vítima já 
estava morta. O sinal de Montalti serve para verificar se a pessoa foi 
submetida ao fogo enquanto estava viva. 
Engana-se quem pensa que apenas o calor pode causar lesões. 
O frio também pode! O frio pode produzir lesões: 
Lesões provocadas pela ação do frio de forma difusa (hipotermia); 
Lesões provocadas pelo frio de forma direta (geladuras); 
As geladuras são lesões locais causadas por vasoconstrição inicial, 
palidez, pele de aspecto anserino e posteriormente vasodilatação paralítica, 
levando à necrose e gangrena, principalmente nas extremidades (nariz, 
orelhas, dedos, pés), com subsequente perda das mesmas. Ex: mal das 
trincheiras. 
Assim como no estudo das lesões provocadas pela ação direta do 
calor, aqui, no caso das geladuras, foi feita uma divisão em graus para 
melhor compreensão do instituto. 
Primeiro Grau: eritema/vasoconstrição periférica; 
@diariodeumafuturadelegada 
Segundo Grau: flictenas; 
Terceiro Grau: necrose/gangrena; 
*Atenção: “pés de trincheira”: esta expressão pode ser entendida 
como a gangrena dos pés justamente pela falta de proteção ao frio. Foi 
relatada, principalmente, durante a Primeira Guerra Mundial. 
Lesões Causadas por Energia Elétrica: 
Assim como outros tipos de eventos físicos, a eletricidade pode 
gerar danos ao organismo humano. As lesões oriundas de ação elétrica 
podem ter origem natural ou industrial. 
Eletricidade natural : este tipo de eletricidade também é entendido 
como cósmica. As vítimas sofrem tanto os efeitos da eletricidade 
propriamente dita, quanto da onda de choque gerada pela ionização do ar e 
da luminosidade intensa. 
De acordo com Genival França, quando atinge letalmente o ser 
humano, denomina-se fulminação. Quando provoca apenas lesões corporais, 
é chamada de fulguração. Há também a nomenclatura eletrofulminação e 
eletrofulguração. 
SINAL DE LICHTEMBERG: é um sinal específico de lesão provocada por 
eletricidade natural. Possui aspecto arboriforme ou de samambaia, com 
intensa vasculite local. 
Eletricidade industrial (eletroplessão): as lesões provocadas por 
eletricidade industrial são comuns tendo em vista a grande disponibilidade de 
pontos providos deste tipo de energia. 
SINAL DE JELLINEK: é um sinal específico da lesão provocada por 
eletricidade industrial. Trata-se de uma marca elétrica. É considerada uma 
forma especial de queimadura, indolor em razão da destruição dos filetes 
nervosos locais e pode ter forma circular ou estrelada, escavada, em baixo 
relevo, com bordos elevados, secos, duros e apergaminhados e tonalidade 
próxima do amarelo-acastanhado, podendo ser descrita, também, como 
branco-amarelada. 
@diariodeumafuturadelegada 
Lesões produzidas nas correntes de alta tensão, média tensão e 
baixa tensão: 
Alta tensão (acima de 1200v): morte cerebral, bulbar e 
cardiorrespiratória. 
Média tensão (entre 120 e 1200v): a morte é por tetanização 
respiratória e asfixia. A tetanização é a contração continuada e involuntária, 
que provoca asfixia. É o chamado eletrocutado azul. 
Baixa tensão (abaixo de 120v): fibrilação ventricular e parada 
cardíaca. Se houvermorte, é o eletrocutado branco, ou seja, ausência de 
sinais que permitam indicar a causa da morte. 
Asfixiologia Forense: 
É o ramo da Medicina Legal que estuda as asfixias. São causadas por 
energia de ordem físico-química, impedindo a passagem do ar às vias 
respiratórias e alteram a composição bioquímica do sangue. 
Conceito de asfixias: 
São energias de ordem físico-química fazendo com que haja 
impedimento da passagem do ar para as vias respiratórias e com isso 
alteram a composição sanguínea. Para Genival França, de forma literal a 
asfixia significa “sem pulso”. No entanto, não é este o significado que a 
literatura médico-legal tem dado ao instituto. Asfixia é a supressão de 
respiração. É um estado de hipoxia e hipercapnia no sangue arterial. 
Em termos fisiopatológicos, existe asfixia quando há, ao mesmo 
tempo, a redução do teor de oxigênio (hipóxia) e aumento do teor de gás 
carbônico (hipercapnia ou hipercarbia) no sangue arterial. 
Sinais gerais de asfixia: 
Nas asfixias podem ser encontrados alguns sinais que indicam a 
possibilidade de diagnóstico, sem, contudo, fornecer elementos 
patognomônicos. Ou seja, não são sinais de certeza da morte por asfixia, 
mas sim, sinais de mera probabilidade de asfixia. 
@diariodeumafuturadelegada 
O que é um sinal patognomônico? 
Termo médico que se refere a sinal ou sintoma específico de uma 
determinada doença, diferenciando-a das outras. 
Quanto aos sinais externos, podem ser assim identificados: 
Manchas de hipóstase/livores de hipóstase : precoces, abundantes 
e escuras, variando a tonalidade por causa do monóxido de carbono. 
Cianose facial : elemento frequente, podendo estar ausente em 
alguns casos de enforcamento e de asfixia por gases. É mais frequente no 
estrangulamento e na esganadura. 
Projeção ou protusão da língua : são achados nas asfixias mecânicas, 
mas não podem ser confundidas com as que ocorrem no período da 
putrefação. 
Cogumelo de espuma : finas bolhas de espuma que cobre a boca e 
as narinas e continua pelas vias aéreas inferiores. Mais comum nos 
afogados. 
Equimoses da pele e mucosas (petéquias): nas mucosas, 
costumam aparecer na conjuntiva palpebral e ocular, nos lábios e mais 
raramente no nariz. 
Quanto aos sinais internos: 
Equimoses viscerais : podem ser chamadas de manchas de Tardieu. 
Possuem forma arredondada e tamanho que pode oscilar da cabeça de um 
alfinete a uma lentilha. Possuem, em geral, tonalidade violácea e podendo 
estar agrupadas ou não. 
Sangue fluído : geralmente é de cor anegrada, exceto nos casos de 
morte por monóxido de carbono (quando será acarminado ou de cor de 
cereja). 
Congestão polivisceral: ocorre principalmente no fígado e no 
mesentério. 
CLASSIFICAÇÃO MÉDICO-LEGAL DAS ASFIXIAS: 
@diariodeumafuturadelegada 
ASFIXIAS POR CONSTRIÇÃO DO PESCOÇO: 
Enforcamento : É a modalidade de asfixia em que a constrição do 
pescoço é exercida por um laço, cuja extremidade se acha fixa a um dado 
ponto, sendo a força atuante o peso do corpo. Há interrupção do ar 
atmosférico até as vias respiratórias, como decorrência desta força 
atuante. É mais comum nos suicídios. 
Estrangulamento : É uma espécie de asfixia mecânica em que a 
constrição do pescoço se faz por um laço, cuja força atuante é outra que 
não o peso da vítima. O acidente e o suicídio são mais raros. Portanto, a 
causa predominante é o homicídio. 
Esganadura: É um tipo de asfixia que se verifica pela constrição do 
pescoço pelas mãos, ao obstruir a passagem do ar. É sempre homicida. 
O estrangulamento e o enforcamento deixam a marca do laço do 
pescoço da vítima. Esta marca chama-se SULCO. O estrangulamento forma 
sulco horizontal, completo, mesma profundidade, abaixo do osso hioide e da 
laringe. 
No enforcamento o laço fica inclinado, aperta-se muito de um lado 
e pouco do outro. Assim, o sulco será oblíquo, mais profundo de um lado do 
que no outro, não será completo, descontínuo e estará acima da laringe e 
do hioide. Excepcionalmente, o enforcamento pode apresentar sulco 
horizontal se o indivíduo for enforcado em posição horizontal. 
A esganadura não provoca o sulco. 
Em resumo: 
O estrangulamento deixa sulco horizontal e abaixo do osso hioide. 
O enforcamento deixa sulco oblíquo e acima do osso hioide. 
A esganadura não provoca o sulco, deixando apenas marcas da atuação da 
mão do homicida (equimoses) no pescoço da vítima. 
TIPOS DE ENFORCAMENTO: 
@diariodeumafuturadelegada 
Enforcamento típico : chama-se de enforcamento típico aquele no 
qual o nó está situado na parte de trás do corpo da vítima. No enforcamento 
típico a cabeça do indivíduo fica posicionada para frente. 
Enforcamento atípico : o enforcamento atípico, por sua vez, é mais 
raro. Se dá quando o nó está localizado na parte frontal, ou mesmo lateral, 
do corpo da vítima. No enforcamento atípico, se o nó estiver na parte 
anterior do pescoço a cabeça ficará direcionada para trás; já se o nó estiver 
na lateral, a cabeça ficará direcionada para o lado oposto do nó. 
Enforcamento completo : quando há suspensão total da vítima. 
Enforcamento incompleto : quando não há suspensão total da vítima. 
O corpo da vítima toca, de alguma forma, o solo, seja através dos pés, dos 
joelhos ou até mesmo do abdômen. 
SINAL DE BONNET : aparece quando o laço é característico e, através 
do sulco, é possível determinar que tipo de laço fora utilizado. 
LINHA ARGENTINA : é o corte da epiderme e exposição da derme 
formando uma linha prateada no fundo do sulco. Pode ocorrer tanto no 
estrangulamento quanto no enforcamento, a depender do laço utilizado no 
pescoço. É encontrada nos sulcos pergaminhados. 
ASFIXIA POR MODIFICAÇÃO FÍSICA DO AMBIENTE: 
Soterramento : Caracterizado quando a pessoa está viva no 
momento do desabamento e acaba por se asfixiar ao respirar o material 
sólido que cai sobre si. Para tanto, deve ser aberto o cadáver e analisar as 
vias aéreas com intuito de averiguar se há material do desabamento em 
sua árvore respiratória e também no sistema digestório. Caso haja, podemos 
caracterizar a morte por asfixia derivada do soterramento. Essa análise das 
vias aéreas na autópsia permite saber se a pessoa morreu em virtude do 
trauma ou em virtude da asfixia. 
Confinamento : Ocorre quando a vítima está em um local sem 
circulação do ar que, por conseguinte acaba por tornar insuficiente a 
presença de oxigênio a fim de propiciar a oxigenação do organismo humano. 
O nosso organismo quando entra em um ambiente com menos de 7% de 
@diariodeumafuturadelegada 
oxigênio não aguenta e o indivíduo acaba por desmaiar, causando a morte 
em seguida. Ex: pessoas locomovidas dentro da mala de um carro. 
Afogamento : Trata-se de asfixia por alteração do ar ambiental, do 
estado gasoso para o líquido. O afogamento se dá através da aspiração e 
ingestão da água. Em virtude disto, os sinais de morte por afogamento 
podem ser encontrados no sistema respiratório e também no digestivo. É 
um tipo de asfixia mecânica, no qual há penetração de um líquido ou 
semilíquido nas vias respiratórias, acabando por impedir a passagem do ar até 
os pulmões. 
Sinais particulares: Os sinais são provenientes do lapso de tempo em 
que a vítima permaneceu na água. Podem ser externos ou internos, intra 
vitam ou post mortem. 
Dentre os principais sinais externos, podem ser destacados: 
Baixa temperatura da pele : esse sinal não terá grande relevância 
se o cadáver for retirado rapidamente da água. 
Cogumelo de espuma: indica edema nos pulmões. Só aparece nos 
cadáveres retirados cedo da água. Caso contrário, vão se desfazendo e 
tendem a desaparecer. 
Pele anserina (sinal de Bernt): também é chamada de pele de 
galinha. É ocasionada pela retração dos músculos dos pelos. 
Retração do mamilo, do saco escrotal e do pênis : pelas mesmas 
razões da pele anserina. 
Maceração da derme : também conhecida como mãos ou pés de 
lavadeira. 
Mancha verde da putrefação : ocorrem nos terços médios 
superiores do corpo, e não na fossa ilíaca direita como geralmenteocorre, 
tendo em vista o posicionamento do corpo após o afogamento, fazendo 
com que haja mais concentração de sangue nessas áreas. 
Cabeça de negro de Lecha-Marzo : em razão da posição em que 
fica o cadáver, concentrando grande quantidade de sangue na região. 
@diariodeumafuturadelegada 
Lesões causadas por animais aquáticos e por embarcações. 
Dentes rosados . 
Como sinais internos: 
Presença de líquido nas vias respiratórias : pode determinar se o 
afogamento se deu em águas doces ou salgadas, bem como o local 
aproximado do afogamento, através da análise dos fungos, algas e bactérias 
ali encontrados. 
Presença de corpos estranhos nas vias respiratórias. 
Alterações e lesões nos pulmões : estão aumentados e pesados. 
Diluição do sangue : fenômeno devido à penetração de água no 
sistema circulatório. O sangue se torna mais fluido e mais claro. Altera o 
nível crioscópico (nível de congelamento) do sangue. 
Presença de líquido no interior do sistema digestivo . 
Manchas de Paltauf : em virtude da entrada de água nos alvéolos, 
temos a explosão deste e extravasamento de sangue, ocasionando a 
MANCHA DE PALTAUF. Trata-se do excesso de líquido no pulmão que acarreta 
o rompimento dos alvéolos. A referida mancha é patognomônica de morte 
por afogamento, apresentando-se por equimoses subpleurais. 
Atenção: o início da putrefação nos afogados é antecipado. Inclusive, 
a famosa mancha de Brouardel. 
Afogamento em água doce x Afogamento em água salgada: 
Afogamento em água doce : sangue menos denso (mais diluído). 
Maior o ponto crioscópico (ponto de congelamento do sangue). 
Afogamento em água salgada : sangue mais denso (menos diluído). 
Menor o ponto crioscópico (ponto de congelamento do sangue). 
Ponto Crioscópico: é o ponto de congelamento do sangue. Quanto 
maior a concentração de sal no sangue, menor será o ponto crioscópico, 
ou seja, menor o ponto de congelamento do sangue. Assim, na morte por 
@diariodeumafuturadelegada 
afogamento em água salgada o ponto crioscópico é menor do que no 
afogamento por água doce. 
Afogamento branco de Parrot x Afogado azul: 
Afogamento branco de Parrot : Trata-se do indivíduo que morre na 
água, porém permanece com o pulmão seco e sem sinais de morte por 
afogamento. Diversos autores atribuem esse fenômeno ao espasmo da 
glote, que impede a entrada da água nas vias respiratórias (reflexo vagal). 
Este fato é mais comum em águas geladas, em que há a possibilidade de 
hidrocussão, que acarreta uma parada cardíaca. Nesse caso, de fato, a 
causa da morte não foi o afogamento. 
Afogamento azul: O afogamento azul, por sua vez, é o afogamento 
tradicional, também conhecido como afogamento úmido ou real ou o 
verdadeiro e segue as fases da asfixia segundo Ponsold. 
De acordo com Ponsold, as fases da asfixia são: luta, apneia 
voluntária, inspiração voluntária, desfalecimento (morte aparente) e morte 
real. 
ASFIXIA POR OBSTACULIZAÇÃO À PENETRAÇÃO DO AR NAS VIAS 
RESPIRATÓRIAS : 
Sufocação direta : Obstrução direta dos artifícios respiratórios. Este 
tipo de asfixia é realizado quando diante de desproporção física da vítima 
para com o homicida ou diante de situação em que a vítima tenha a sua 
resistência reduzida. Este deverá ser muito mais forte do que a vítima para 
provocar a sufocação direta com êxito. 
Sufocação indireta : Ocorre com a obstrução em vias que não as 
aéreas ou orifícios respiratórios. Ex: paralisia da musculatura respiratória pela 
compressão do tórax. 
Tanatologia Forense: 
Trata-se do capítulo da Medicina Legal em que se estuda a morte e 
as suas consequências jurídicas. Estudam-se os sinais que indicam que o 
indivíduo morreu e o lapso temporal do evento morte. 
@diariodeumafuturadelegada 
Conceito de Morte: 
A definição tradicional de morte sempre foi aquela que a considera 
como a cessação total e irreversível das funções vitais. Desta forma, era 
diagnosticada, principalmente, pela ausência de batimentos cardíacos. 
No entanto, com o desenvolvimento das técnicas de transplante, o 
conceito de morte foi sendo desenvolvido e houve necessidade de atualizá-
lo. 
Daí surge na atualidade o conceito de morte encefálica, para que 
possa haver maior segurança e permitir uma decisão consciente e capaz 
de garantir que alguém esteja realmente morto, haja vista a irreversibilidade 
da situação e as implicações dela decorrentes. 
Morte encefálica: morte do tronco encefálico. 
Morte cardíaca: cessação irreversível dos batimentos cardíacos. 
Cronologia da Morte: 
Também entendida como cronotanatognose ou 
cronotanatodiagnose, tal instituto possibilita o diagnóstico da hora em que a 
morte ocorreu. Da mesma forma, ajuda a estabelecer a causa jurídica da 
morte, o nexo causal com o evento narrado, bem como a análise acerca da 
comoriência. 
A cronologia da morte pode ser estabelecida através da verificação 
dos fenômenos cadavéricos, como rigidez, livores, resfriamento e 
evaporação tegumentar. 
Outros sinais que podem ser representados para auxiliar no 
diagnóstico do tempo de morte são: perda de peso; mancha verde abdominal; 
presença de cristais no sangue; presença de gases nos vasos sanguíneos e 
demais tecidos do corpo; o crescimento de pelos do corpo; o conteúdo 
estomacal e visceral; fauna cadavérica e flora cadavérica. 
*Atenção: Cristais no sangue putrefeito: são chamados de cristais 
de Westenhoffer-Rocha-Valverde. Estes cristais se formam no sangue 
putrefeito, mas independem, propriamente da putrefação. Conforme 
@diariodeumafuturadelegada 
ensinamentos de Genival França, são cristais vermelhos, em forma de 
lâminas cristaloides, fragmentadas e surgem depois do terceiro dia de 
morte, podendo ser vistos até o trigésimo quinto dia após a morte. 
Período de Incerteza de Tourdes: 
É um período quantificado em cerca de 6 horas antes e 6 horas 
depois da morte, no qual há uma incerteza acerca do diagnóstico das lesões, 
não se podendo definir se elas tiveram causa anterior ou posterior à morte. 
Premoriência e Comoriência: 
Comoriência: quando duas ou mais pessoas morrem na mesma 
ocasião, não se podendo provar quem faleceu primeiro, presume-se que 
tiveram mortes simultâneas. Tal instituto está previsto no artigo 8º do 
Código Civil. 
Art. 8º, CC. Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se 
podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, 
presumir-se-ão simultaneamente mortos. 
Premoriência: se em virtude das circunstâncias há condições de se 
provar que uma dessas pessoas faleceu em momento anterior. 
*Atenção: o interesse médico-legal destes institutos tem sede no 
campo do direito sucessório. 
Morte suspeita, morte súbita e morte agônica: 
Morte Suspeita: 
A morte pode ser natural ou violenta. Há casos em que a origem 
violenta só pode ser afastada depois de um exame cuidadoso no local. Por 
isso, Hygino Hercules assevera que “a morte é considerada suspeita sempre 
que houver a possibilidade de não ter sido natural a sua causa”. É aquela que 
decorre de causa duvidosa. 
A morte natural pode ter origem tanto em eventos congênitos, 
quanto em patologias adquiridas. 
@diariodeumafuturadelegada 
A morte violenta, por sua vez, é aquela oriunda de causa externa e 
pode ser causada por acidente, suicídio ou crime. 
Morte Súbita: 
Súbita é toda morte que ocorre de forma inesperada. Tal conceito 
prende-se mais a inexistência de um quadro patológico prévio que pudesse 
explicá-la do que ao tempo de evolução rápido da causa morte. 
Morte Agônica: 
A morte agônica é uma morte lenta, com sofrimento. Por isto é que 
se diz que durante o período de sobrevivência, o indivíduo, por causa da dor, 
faz com que seu corpo reaja e dê elementos para eventual docimásia. Estes 
dados podem determinar se a morte se deu de forma agônica ou súbita. 
Lesões intra vitam e post mortem: 
Um ponto que merece destaque no estudo da tanatologia forense 
é a identificação das lesões, para sabermos se elas ocorreram com o 
indivíduo vivo ou morto. 
Durante o período

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