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@diariodeumafuturadelegada Conceito: A medicina legal é uma ciência aplicada que sistematiza suas técnicas e seus métodos a favor da Administração da Justiça. Não se trata de uma especialidade médica propriamente dita, mas sim da atuação da medicina a serviço das ciências jurídicas e sociais. Importância do Estudo da Medicina Legal: Sendo considerada a ciência subsidiária mais importante para o Direito, há necessidade de se destacar, de maneira específica, tal importância para cada um dos principais indivíduos que irão manejar seus institutos. Em relação aos operadores do Direito, diversos são os campos nos quais a medicina legal poderá ou virá a ser empregada. Os principais ramos são o criminal, o cível e o trabalhista. No âmbito criminal : atualmente, não é mais possível conceber a aplicação do Direito Penal sem a ciência médico-legal. O operador jurídico não pode desprezar tais conhecimentos. Deve saber identificar os tipos e as dinâmicas das lesões mais comuns e sua relação com os crimes; deve deter conhecimentos suficientes para formular quesitos, extraindo a resposta mais precisa dos peritos, além de relacionar critérios de inimputabilidade à embriaguez e ao uso de substâncias tóxicas etc. No âmbito cível : auxilia a relacionar causas de interdição, de anulação de casamento, de determinação de paternidade. No âmbito trabalhista : auxilia na determinação das causas dos acidentes de trabalho e doenças típicas de determinadas profissões. Divisões da Medicina Legal: Medicina Legal Geral: @diariodeumafuturadelegada Aqui são estudados as obrigações e os deveres dos médicos (deontologia) e os direitos dos médicos (diceologia). Medicina Legal Especial: São estudados os ramos mais específicos da disciplina. Antropologia Forense : ramo da Medicina Legal que busca estudar a identidade e a identificação médico-legal e judiciária; Traumatologia Forense : estuda as lesões corporais sob o ponto de vista jurídico e as energias causadoras do dano, bem como os aspectos do diagnóstico, do prognóstico e das suas implicações legais; Sexologia Forense : é a parte da Medicina Legal que trata das questões médico-biológicas e perícias ligadas aos delitos contra a dignidade e a liberdade sexual. Tanatologia Forense: é o ramo da Medicina Legal que estuda a morte e o morto, bem como suas repercussões na esfera jurídico-social; Toxicologia Forense: parte que estuda os venenos (energia química) e cáusticos bem como suas repercussões médico–legais; Asfixiologia Forense: ramo que estuda os diversos tipos de asfixias, bem como os mecanismos e sinais específicos; Psicologia e Psiquiatria Forense: ramos que estudam os limites e as modificações da responsabilidade penal e da capacidade civil, bem como os doentes mentais, oligofrênicos etc.; Medicina Legal Desportiva: procura dar ênfase nas questões médico-legais voltadas ao esporte, como casos de verificação de substâncias proibidas antes de práticas desportivas; Criminalística: procura investigar, de forma técnica, os indícios materiais do crime, seu valor e sua interpretação nos elementos constitutivos do corpo de delito. Estuda a dinâmica do crime; Criminologia: estuda os diversos aspectos da natureza do crime, do criminoso, da vítima e do controle social; @diariodeumafuturadelegada Infortunística: ramo da Medicina Legal que estuda os acidentes e as doenças de trabalho, bem como doenças profissionais, no que se refere à perícia, higiene e insalubridade laborativas; Corpo de Delito. Perícias e Peritos. Corpo de Delito : Definição: é o conjunto de elementos sensíveis, denunciadores do fato criminoso. É composto pelos elementos percebidos pelos sentidos ou pela intuição humana. Nas palavras de Genival Veloso de França, “é a base residual do crime, sem o que ele não existe”. Importante: não confundir “corpo de delito” com “exame de corpo de delito”. Este último é o exame feito com base no corpo de delito. Dispositivos legais do Código de Processo Penal sobre o tema: O art. 158 do Código de Processo Penal ilustra a importância do exame de corpo de delito, tanto é que nas hipóteses em que a infração penal deixa vestígios, tal exame é indispensável e nem mesmo a confissão do acusado pode supri-lo. Art. 158, CPP. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. A leitura do art. 159 do Código de Processo Penal (bem como dos artigos seguintes) é fundamental para a compreensão do tema. Nos termos deste primeiro artigo mencionado, o exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. Caso isso não seja possível, o parágrafo primeiro do mesmo dispositivo informa que na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. São chamados de “peritos ad hoc”. @diariodeumafuturadelegada Além disto, os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. Perícia Médico-Legal: Definição: Genival França define a perícia médico-legal como sendo “um conjunto de procedimentos médicos e técnicos que tem como finalidade o esclarecimento de um fato de interesse da justiça.” Trata-se do exame de elementos materiais percebidos nos fatos destacados ao longo do processo. Esse exame, quando realizado por um técnico qualificado (perito) é chamado de perícia, que se materializa através dos laudos. A perícia possui uma parte objetiva (relacionada às alterações visíveis encontradas nas lesões e serão destacadas na “descrição”) e uma parte subjetiva (valoração da parte objetiva. Aqui podem surgir divergências e serão destacadas na parte “discussão”). Por terem base científica, geralmente têm prevalência em relação a outros elementos de convicção. No entanto, é necessário destacar que, de acordo com o artigo 182 do Código de Processo Penal, o juiz não está adstrito ao laudo emitido pelo perito. Art. 182, CPP. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá- lo, no todo ou em parte. A finalidade da perícia é produzir a prova, que nada mais é do que a materialização do fato. A perícia pode ser realizada nos indivíduos vivos, nos cadáveres, nos esqueletos, nos animais e nos objetos. A importância em cada uma destas situações pode ser vista a seguir: Nos indivíduos vivos : diagnóstico de lesões, determinação de idade, sexo etc. Nos mortos : diagnóstico da causa da morte, causa jurídica da morte, tempo da morte, identificação do cadáver etc. Nos esqueletos : identificação do sexo e tempo da morte; @diariodeumafuturadelegada Nos objetos : exames de armas, projéteis, procura por sangue, fluídos, impressões digitais etc. *Atenção: no processo penal, o Laudo médico-legal não é documento sigiloso. Peritos: Definição: perito é todo indivíduo que detendo conhecimentos técnico-científicos, bem como habilitação específica, realiza uma perícia. Limita-se a verificar o fato e indicar a causa que o motivou. Age de maneira livre. Pode ser oficial ou ad hoc. Os peritos criminais são aqueles do art. 6º, I do CPP. Art. 6º. Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: I – dirigir-se ao local, providenciando, para que não se alterem o estado e a conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais. *Atenção: os peritos podem ser responsabilizados criminalmente por atos no exercício da função. Documentos médico-legais: Documentos médico legais são instrumentos escritos ou simples exposições verbais objetivando elucidar a justiça e servir como prova para formação de convicção do juiz. Há cinco documentos médico-legais trazidos pela doutrina: Notificações, Atestados, Relatórios,Pareceres e Depoimentos Orais. Passaremos a partir de agora a analisar cada um desses documentos: NOTIFICAÇÕES: São comunicações compulsórias feitas pelos médicos às autoridades competentes acerca de um fato profissional, seja por necessidade social, sanitária, doenças contagiosas etc. O médico que não denuncia o conhecimento de doença, cuja notificação seja compulsória, incorrerá no crime previsto no art. 269 do CP: @diariodeumafuturadelegada Art. 269, CP: “Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória.” Trata-se de crime próprio, pois somente o médico pode ser sujeito ativo deste delito, consumando-se o delito no exato momento da omissão, não se exigindo qualquer resultado que advenha dessa conduta omissiva. ATESTADOS: Também são entendidos como certificados. A literatura médico-legal aponta que esses documentos têm por objetivo firmar a veracidade de um fato ou a existência de determinado estado, ocorrência ou obrigação. É uma declaração de um fato médico e suas possíveis consequências. Os atestados podem ser: Administrativos: quando for destinado aos fatos relativos ao servidor público (exemplo: atestado requerido para fins de ingresso em concurso público); Judiciais: quando for por solicitação da administração da justiça (exemplo: quando os jurados justificam suas faltas no Tribunal do Júri); Oficiosos: dados no interesse das pessoas física ou jurídica (exemplo: para justificar ausência de aulas). RELATÓRIO : É o documento médico-legal mais minucioso de uma perícia médica, de modo a responder à solicitação da autoridade policial ou judiciária. A literatura médico-legal traz uma distinção técnica entre o relatório, que costuma ser cobrada com grande frequência em concursos públicos. Se o relatório é ditado diretamente ao escrivão, denomina-se auto; e, se redigido posteriormente pelos peritos, ou seja, após suas investigações e consultas, recebe o nome de laudo. O relatório médico-legal possui sete partes: (preâmbulo, quesitos, histórico, descrição, discussão, conclusão e resposta aos quesitos). Preâmbulo: Esta parte contém a hora, a data e o local onde está sendo realizado o exame, bem como o nome da autoridade que requereu e @diariodeumafuturadelegada da que determinou a perícia (qualificação da autoridade, dos peritos e do examinando). Faz menção ao tipo de perícia a ser feita. Quesitos: De acordo com Hygino Hercules, esta parte é constituída de perguntas que têm por finalidade a caracterização de fatos relevantes que deram origem ao processo da perícia e que terão destaque tanto na fase do inquérito policial, quanto do processo penal propriamente dito. É importante destacar que no caso das ações penais, já se encontram formulados os quesitos oficiais. Histórico: Aqui está contido o registro dos fatos mais importantes que deram origem à requisição da perícia pela autoridade e que podem esclarecer e orientar a ação do perito. A parte do histórico é de extrema importância para orientar o perito na realização do exame, pois pode fornecer dados relevantes que dizem respeito à dinâmica do evento, posição da vítima, distância do agressor etc. Descrição: Trata-se da parte mais importante do relatório, sendo essencial para sua confecção. Sua função é reproduzir minuciosamente os exames e técnicas empregadas e de tudo o que for observado pelos peritos. É nessa parte do relatório médico-legal que se situa o visum et repertum (ver e repetir). Os peritos devem ver e expor todas as particularidades que a lesão apresenta (dimensões, direção, quantidade, aspectos, profundidade etc.). O perito deve ser capaz de transformar em palavras tudo o que perceber através dos seus sentidos, devendo ser claro e objetivo na sua demonstração, razão pela qual a fase da discussão geralmente é deixada para um momento posterior. Discussão: Esta parte é destinada a serem postas em discussão todas as hipóteses eventualmente elencadas quando da descrição. Mas é importante destacar que nesta parte do relatório o perito deve ter o cuidado de não emitir juízo pessoal, o que pode ser capaz de interferir no processo. Conclusão: É a síntese da parte descritiva com a de discussão. De acordo com Hygino Hercules é nesse momento que o perito deve assumir @diariodeumafuturadelegada postura quanto à ocorrência ou não de um fato, com base nos dados que se encontram narrados no histórico e aqueles verificados durante o exame. Resposta aos quesitos: Ao ser encerrado o relatório, os peritos devem responder aos quesitos de forma objetiva e concisa, através de afirmações Respostas aos Quesitos: Ao ser encerrado o relatório, os peritos devem responder de forma objetiva e concisa, através de afirmações ou negações, mas não podem deixar faltar resposta em qualquer um deles. Quando não haja possibilidade de se afirmar, de forma objetiva, responde-se com a expressão “prejudicado”. Eventuais dúvidas podem ser levantadas através de uma consulta médico-legal. PARECERES: Consistem em respostas técnicas dadas às consultas médico-legais. Devem ter as mesmas partes do relatório médico- legal, com a exceção da descrição, pois já não se está mais diante do corpo ou do cadáver para a análise específica. Todas as partes do relatório também devem estar presentes no parecer, exceto a descrição. DEPOIMENTO ORAL: O depoimento oral deriva da oitiva do perito em juízo, com valor probatório de prova técnica, e não testemunhal. Dessa forma, quando o perito é chamado a falar em juízo sobre alguma divergência apontada pelas autoridades, ele atua na condição de perito, e não de testemunha. É de suma importância deixar claro, desde já, que a atuação do perito se limita à análise dos vestígios do crime; enquanto a atuação da autoridade policial deve conduzir a sua atuação para alcançar indícios do crime. o vestígio é material; enquanto o indício é subjetivo. Antropologia Forense: Trata-se do ramo da Medicina Legal que, utilizando-se de conhecimentos de antropologia geral, ocupa-se principalmente com as questões relativas a IDENTIDADE e a IDENTIFICAÇÃO. @diariodeumafuturadelegada Introdução: Quando nos deparamos perante uma ossada devemos nos questionar primeiramente se estamos diante de osso humano ou não humano. Tal análise deve ser feita segundo algumas averiguações: tamanho, peso, forma, análise de crânio, face, arcadas dentárias, canais de havers e índice cortical medular. Essas informações são de extrema relevância para desvendarmos o crime (materialidade), seus motivos e sua autoria. Identidade e Identificação Humana: Conceito de Identidade : “é o conjunto de caracteres que individualiza uma pessoa ou uma coisa, fazendo-a distinta das demais”. A identidade aqui estudada é a objetiva: aquela que nos permite afirmar tecnicamente que determinada pessoa, eventualmente estudada, é realmente ela mesma. Conceito de Identificação : é o processo pelo qual se determina a identidade de uma pessoa ou de uma coisa. É o emprego dos meios adequados para determinar a identidade ou a não identidade. Um dos exemplos citados pela literatura médico-legal é o caso de Lacassagne efetuando uma identificação em Lyon no ano de 1889. Houve o encontro de um cadáver que, até então, não havia sido identificado. Tal cadáver estava em avançado estado de putrefação. Feita a necropsia por Lacassagne, várias características peculiares forma sendo identificadas, até que a família de uma pessoa desaparecida, com as mesmas características daquela que estava sendo examinada pôde fielmente fazer a identificação. Diferença entre Identificação e Reconhecimento: Identificação: é o conjunto de meios científicos ou técnicas específicas utilizadas para que se alcance uma identidade. Processo que permite que qualquer pessoa identifique determinado indivíduo. Importante observar que, as principais metodologias utilizadas na identificação humana, são universais, e as principaissão: identificação papiloscópica, identificação por meio da arcada dentária e exame de DNA. @diariodeumafuturadelegada Reconhecimento : processo daquele que já conhece a vítima e irá reconhecê-lo em virtude de caraterísticas específicas. É uma afirmação laica, de alguém que conhecia o indivíduo a ponto de afirmar ser ele mesmo, afirmar conhecer. *Atenção: Importante ter em mente que, dentre os três principais métodos de identificação utilizados, não há escala de confiabilidade entre eles e não se confirma um método com outro, só se utiliza um método diverso do escolhido, se pelo primeiro não for possível à identificação. Usualmente, o primeiro método a ser utilizado no Brasil é a papiloscopia, seguido pela identificação da arcada dentária e por fim o exame de DNA, isto se deve ao custo e complexidade dos métodos, partindo do mais simples e barato para o mais complexo e mais caro. Devemos observar também que, no caso da identificação por meio da arcada dentária, se faz necessário que o indivíduo a ser identificado necessita ter, de maneira prévia, uma ficha dentária bem assinalada, não apenas com número de dentes, mas também com as alterações, anomalias e restaurações. Postulados de Identificação: Os postulados funcionam como características fundamentais da identificação. Para Genival França, são fundamentos biológicos ou técnicos que qualificam e preenchem as condições necessárias para que o método de identificação seja considerado aceitável. São eles: Perenidade: é a capacidade de certos elementos resistirem à ação do tempo, e que permanecem durante toda a vida e até após a morte. Exemplo: esqueleto. Unicidade: é a individualidade/exclusividade: alguns elementos são específicos de determinados indivíduos. Praticabilidade : o processo de identificação não deve ser complexo, seja na obtenção, seja no registro dos caracteres. Imutabilidade : as características não mudam e não se alteram ao longo do tempo. @diariodeumafuturadelegada Classificabilidade: é necessária certa metodologia no arquivamento, bem como a facilidade e rapidez na busca dos registros. Identificação Médico-Legal: Este tipo de identificação é realizado sempre por um perito médico- legal. A identificação médico-legal pode ser efetuada quanto aos seguintes aspectos: Identificação da Espécie: A identificação da espécie se faz através do estudo dos seguintes elementos: Verificação dos Ossos: Esse processo de identificação faz a distinção, microscopicamente, entre os ossos dos animais e dos homens, através dos canais de Havers. Nos humanos, tais canais são em menor número, elípticos e mais largos (cerca de 8 por mm). Nos animais, são mais estreitos, circulares e numerosos (cerca de 40 por mm). Verificação do Sangue: Provas de Orientação: Quando se fala no processo de identificação do sangue, são utilizadas substâncias químicas na amostra para determinar a natureza da substância. As provas de orientação nos darão a ideia se estamos diante de sangue ou não. Luminol: Roberto Blanco afirma que este é o teste de elite. Utiliza- se a substância alfa-amino-ftalidrazina, que em contato com o peróxido de hidrogênio, se converte em alfa-amino-ftalato. Se apresenta intensamente luminescente (azul esverdeado) por causa dos elétrons desprendidos quando da reação química. No entanto, não é a primeira ação a ser feita no exame de local de morte violenta, pois pode haver causas de erro caso a substância utilizada no teste reaja, por exemplo, com desinfetantes ou outras substâncias oxidantes. Provas de Certeza: @diariodeumafuturadelegada Diferentemente das provas de orientação, as provas de certeza nos trarão a segurança de afirmar que tal substância submetida a análise é realmente sangue. Diante disto, a literatura médico-legal destaca duas técnicas: A técnica de Teichmann: utiliza o ácido acético glacial para verificação da amostra. A técnica de Uhlenhuth: (método da albuminorreação/reação biológica de soro-precipitação), junto com a microscopia, para determinação do tamanho e forma das células sanguíneas, são os mais fidedignos para determinação da anucleação das hemácias. Identificação dos Pelos: Um dos processos que ainda são utilizados para identificação é aquele que analisa os pelos. Os pelos humanos têm córtex espesso e pigmento fino, mas após a puberdade, o diâmetro costuma aumentar. Dentre os aspectos inerentes a esse estudo, há algumas regiões do pelo que auxiliam na diferenciação para saber se é humano ou animal. Assim, as regiões da cutícula e da medula do pelo animal conseguem fornecer tais elementos, com as seguintes características: Cutícula: escamas grossas e mais salientes do que a humana; Medula: possui a forma de um colar nos terminais dos pelos, com cédulas medulares bastante aparentes. Identificação da Raça: Se por um lado temos a identificação médico-legal quanto à espécie (animal ou humana), também pode ser destacado outro processo, o que busca identificar a raça. De acordo com Ottolenghi, podem ser citados alguns tipos étnicos fundamentais e suas características. São eles: Caucásico: pele branca; cabelos lisos ou crespos, louros ou castanhos; íris azuis ou castanhas; Mongólico: pele amarela; cabelos lisos; face achatada de diante para trás; maxilares salientes; @diariodeumafuturadelegada Negroide: pele negra; cabelos crespos; crânio pequeno; íris castanhas; nariz longo e achatado; Indiano: não é um tipo racial definido. Estrutura alta; pele amarelo- trigueira; cabelos pretos e lisos; barba escassa; Australoide: estatura alta; pele trigueira (cuja cor é semelhante ao trigo maduro, ou seja, cor morena); dentes fortes; nariz curto e largo; arcadas superciliares salientes; Por ocasião do estudo da identificação médico-legal quanto à raça, podem ser feitas subdivisões no estudo para abranger a verificação da forma do crânio e da medida de outros ossos no corpo. Forma do Crânio: Nesta verificação dos elementos técnicos para determinação quanto à raça ou etnia, o formato do crânio revela alguns detalhes que podem contribuir para a identificação, ainda que não configurem método exclusivo, razão pela qual devem ser comparados com outros elementos, caso sejam eventualmente encontrados. A depender da visão do observador, são apresentados pela literatura médico-legal alguns índices que auxiliam na representação do formato do crânio. Tais índices são verificados, inclusive, a partir de pontos estabelecidos no crânio, chamados de “pontos craniométricos”. Identificação do Sexo: Somando-se aos processos de identificação médico-legal anteriormente citados (quanto à espécie e quanto à raça), está o processo que envolve a análise do sexo. Os tipos de identificação sexual são: Sexo Cromossomial: Definidos pelos cromossomos sexuais e pelo corpúsculo fluorescente, sendo masculino aquele que apresentar 46XY e tiver o corpúsculo fluorescente e feminino aquele que apresentar 46 XX e não contiver o corpúsculo fluorescente. Sexo Cromatínico: Determinado através da análise dos corpúsculos de Barr. Tais corpúsculos caracterizam-se por pequenos corpos de cromatina sexual que se encontram no interior das células pertencentes a @diariodeumafuturadelegada organismos femininos (ou seja, se estiverem presentes, o sexo é feminino. Se estiverem ausentes, o sexo é masculino). Sexo Gonadal: homem com testículos e mulher com ovários. Sexo da Genitália Interna: caracteriza o sexo masculino quando houver o desenvolvimento dos ductos de Wolff e o feminino quando desenvolvidos os ductos de Muller. Sexo da Genitália Externa: homem com pênis e escroto; mulher com vulva, vagina e mamas. Sexo Jurídico: é o designado no registro civil, ou quando o juiz determina a mudança de sexo nos processos jurídicos relacionados. Sexo Psíquico: é a identificação que o indivíduo faz de si mesmo e que se reflete no seu comportamento. É também chamado de sexo moral.Sexo Médico-Legal: é constatado em exame pericial médico-legal, naqueles periciandos que apresentam genitália dúbia ou sexo aparentemente duvidoso. Sexo Morfológico: representado pela configuração fenotípica do indivíduo. Identificação do sexo em despojos humanos: Em muitas situações, até mesmo pelas consequências das lesões sofridas, ou mesmo diante de significativo processo de decomposição dos despojos humanos, há dificuldade no processo de identificação. Com isto, é válida a utilização dos pontos craniométricos de Galvão, aspectos da mandíbula e aspectos dos demais ossos eventualmente encontrados, como por exemplo a pelve. Aspectos da mandíbula: Há algumas diferenças nos aspectos da mandíbula do sexo masculino e do sexo feminino: Masculina: robusta; forma do arco dental retangular ou triangular; rugosidades nas inserções musculares; ásperas ou marcadas. @diariodeumafuturadelegada Feminina: discreta; forma do arco dental arredondado ou triangular; rugosidades nas inserções musculares; planas ou discretas. Aspectos do osso pélvico: Justamente por se tratar do processo de identificação quando são encontrados apenas nos despojos humanos, eventualmente pode ser encontrada a parte em que se situa o osso pélvico. A pelve representa grande importância na determinação do sexo. Nos homens: consistência óssea mais forte, com rugas de inserção pronunciadas. Além disso, as dimensões verticais superam as horizontais. Nas mulheres é o inverso. Além disso, nas mulheres o ângulo subpubiano é mais aberto e em forma de “U”, enquanto nos homens é estreito e em forma de “V”. Identificação da Idade: Já abordamos os processos de identificação médico-legal quanto à espécie, à raça, ao sexo e agora demonstraremos a importância da análise da idade. A idade não pode ser determinada com precisão e a margem de erro é tanto maior quanto mais idoso for o indivíduo examinado. Quanto maior o número de elementos avaliados maior as possibilidades de acerto. Os elementos examinados são: Aparência: válida somente para uma avaliação grosseira, sem qualquer precisão. Esta característica é útil apenas nos extremos, diferenciar um recém-nascido, jovem ou ancião, mas em casos mais sutis e transitórios, não é de grande valia. Pele: podemos observar a presença do vérnix caseoso, camada esbranquiçada do recém-nascido, pregueamento da pele das mãos e pés, características próprias da pele (firmeza, elasticidade, rugas, flacidez etc.). A importância, de certa forma, é pequena e reside principalmente no aparecimento das rugas, estas começam a surgir entre os 25 e 30 anos, nas imediações das comissuras externas das pálpebras. Pelos: presença de pelos pubianos se dá a partir de 12-13 anos, no sexo feminino e de 13-15 anos no sexo masculino, já os pelos axilares (após @diariodeumafuturadelegada cerca de 2 anos após o desaparecimento dos pubianos). A calvície é de surgimento irregular. Olhos: presença de arco senil (faixa periférica e acinzentada na íris) ocorre em 20% das pessoas com idade a partir de 40 anos e em 100% das pessoas com idade acima de 80 anos. Esta é uma característica mais comum no sexo masculino. Dentes: difícil avaliação nos países subdesenvolvidos. Existem tabelas de referência. Na prática, utiliza-se a seguinte fórmula dentária: arcada com 16/16 presume-se idade superior a 18 anos; 14/14 presume-se idade maior de 14 anos e menor que 18 anos; e dentição de 12/12, indica idade menor que 14 anos. Mandíbula: apresenta variações de acordo com a idade, em relação ao ângulo da mandíbula. Na idade senil ocorre a redução do tamanho das maxilas e mandíbula pela perda dos dentes, bem como pela reabsorção óssea. Apagamento das Suturas Cranianas: as suturas cranianas vão se ossificando e desaparecendo na idade adulta, isto se dá de forma lenta e progressiva, com maior intensidade em idade avançada. Existem tabelas de referência para consulta. Radiografia dos Ossos: é o melhor elemento de estudo para a avaliação da idade cronológica. Nesse exame, pesquisam-se os pontos de ossificação e o estado de desenvolvimento do osso. A radiografia do punho é muito utilizada uma vez que permite a visualização de vários ossos e a análise da ossificação de suas cartilagens, sendo que, estas já são conhecidos seus ritmos de fechamento e suas relações com a provável idade. Identificação da Estatura: Fácil de ser determinada no vivo e no cadáver íntegro. Pode ser importante em casos de cadáveres carbonizados. Utiliza-se como referência um osso longo, aplicando-se o seu comprimento a uma tabela, normalmente a de Etienne-Rollet. Identificação Judiciária: @diariodeumafuturadelegada Ao lado da identificação médico-legal, mas independentemente da utilização de conhecimentos médicos é realizada a identificação judiciária, através do uso de dados antropométricos e antropológicos para a identidade civil. É um processo realizado por peritos em questões de identificação. SISTEMA DATILOSCÓPICO DE JUAN VUCETICH: Este sistema foi lançado em 1891 por Juan Vucetich e adotado oficialmente no Brasil em 1903. É um dos métodos mais eficientes em termos de identificação judiciária (disputa com o DNA). O sistema datiloscópico trabalha com o que se chama de “desenho digital”. Significa o conjunto de cristas e sulcos existentes nas polpas dos dedos, apresentando variedades em cada indivíduo. Nas impressões digitais existem as linhas marginais, basais e nucleares (com exceção das impressões digitais em que o arco é encontrado), e é a partir destas linhas que o sistema é montado. Vucetich criou a fórmula dactiloscópica e a classificação decadactilar. No sistema datiloscópico de Vucetich, o delta é a característica fundamental. O delta é o encontro das linhas marginais com as basais e limitado internamente pelas linhas nucleares. As impressões digitais são únicas para cada indivíduo, sendo diferentes, inclusive, entre gêmeos univitelinos. Elas possuem características importantes, como: Unicidade : por serem únicas; Perenidade: não se alteram ao longo da vida; Imutabilidade : não apresentam alterações significativas; Praticabilidade : a coleta de impressões papilares é um processo simples; Classificabilidade : por possuírem elementos que possibilitam a sua fácil classificação. @diariodeumafuturadelegada São quatro os tipos fundamentais de Vucetich: VERTICILO, PRESILHA EXTERNA, PRESILHA INTERNA E ARCO. *Atenção: Quanto ao sistema dactiloscópico de Vucetich, cada tipo fundamental também pode ser estudado a partir das suas letras iniciais, bem Atenção: Quanto ao sistema dactiloscópico de Vucetich, cada tipo fundamental também pode ser estudado a partir das suas letras iniciais, bem como através de números. Desta maneira, o verticilo pode ser mencionado pela letra ‘V” e pelo número “4”. A presilha externa pela letra “E” e pelo número “3”, a presilha interna pela letra “I” e pelo número “2”. Por fim, o arco pode ser representado pela letra “A” e pelo número “1”. Convencionou-se um método mnemônico para fácil compreensão do instituto: VEIA – 4321. Verticilo (“V” ou “4”): presença de dois deltas e um núcleo central. Presilha Externa (“E” ou “3”): presença de um delta à esquerda do observador e de um núcleo voltado à direita (em sentido contrário ao delta). Presilha Interna (“I” ou “2”): presença de um delta à direita do observador e de um núcleo voltado à esquerda. Arco (“A” ou “1”): ausência de deltas. Apresenta, apenas, os sistemas basilares e marginais. *Atenção: Quando a impressão dactiloscópica estiver ilegível, por cicatrizes ou por qualquer outro tipo de alteração, irá receber a letra “X”, na fórmula dactiloscópica. Quando houver amputação (ou mesmo ausência congênita – adactilia) de um ou mais dedos, isto deverá estar representado pelo número “0” em cada dedo amputado. Albodactilograma: estudo das linhas deixadas em branco na impressão digital. Poroscopia: estudodas marcas deixadas pelos poros. @diariodeumafuturadelegada Regras de Locard: Ao ser visualizada uma impressão datiloscópica por um profissional (papiloscopista), para que se assegure a identificação de alguma pessoa através daquela impressão devem ser encontrados 12 (doze) minúcias (pontos característicos) semelhantes, bem como nenhum discordante. Cada impressão digital pode conter inúmeros tipos de pontos característicos. Como exemplo destes pontos, podem ser citados o “encerro”, a “cortada, a “ilhota”, a “forquilha” etc. Técnica Primitiva de Identificação: Alphonse Bertillon criou a Técnica de Bertilhonagem a fim de identificar o indivíduo através de diversas medidas nos diversos locais do corpo do ser humano. A identificação era realizada através das medidas do corpo. Ex: cumprimento da orelha, altura da cabeça etc. Traumatologia Forense: Traumatologia Forense é o ramo da Medicina Legal que estuda as lesões corporais sob o ponto de vista jurídico e as energias causadoras do dano, bem como os aspectos do diagnóstico, do prognóstico e das suas implicações legais. A traumatologia também é entendida pela literatura médico-legal como lesonologia. Pode ser vista como a parte da Medicina Legal que estuda os traumas, bem como os agentes e energias vulnerantes que os causam. É responsável por cerca de metade das perícias em medicina legal. Daí sua importância médico-legal. Diferença entre trauma e lesão: Conceitua-se TRAUMA como a atuação de uma energia externa (física, mecânica ou química) sobre o corpo da pessoa, com intensidade suficiente para provocar desvio da normalidade, com ou sem expressão morfológica; a LESÃO, por sua vez, corresponde à alteração estrutural proveniente da agressão ao organismo, podendo ser visível macro ou microscopicamente. Energias Vulnerantes e suas Classificações: @diariodeumafuturadelegada Diante do estudo da traumatologia forense é importante destacar e sistematizar as energias vulnerantes de acordo com o fenômeno que as desencadeia. São exemplos das energias vulnerantes: Mecânica: (ex: equimose, fratura e escoriação); Física: (ex: lichtemberg; jellineck; queimaduras); Química : (ex: escaras produzidas por ácidos); Físico-química: (ex: manchas de Tardieu e Paltauf); Bioquímica: (ex: choque cardiogênico); Mista: (ex: fadigas e sevícias). *Atenção: lesões em linha (cortantes); lesões em ponto (perfurantes); lesões em plano (contundentes). Lesões Produzidas por Ação Contundente (Energia Mecânica): Instrumento contundente é todo agente mecânico, líquido, gasoso ou sólido, que, atuando violentamente por pressão, explosão, flexão, torção, sucção, percussão, distensão, compressão, descompressão, arrastamento, deslizamento, contragolpe, ou de forma mista, traumatiza o organismo, provoca lesão contusa na vítima. As contusões podem ser ativas, passivas ou mistas. Nas contusões ativas, o instrumento vulnerante vem de encontro à superfície corpórea. Ex: soco. Nas contusões passivas, a superfície corpórea (a vítima) vai de encontro ao instrumento vulnerante. Ex: a pessoa cai e bate com a cabeça no solo. Assim, a atuação pode ser ativa, passiva ou mista (a combinação de ambas). O agente vulnerante contundente provoca incrível variação de lesões, dentre elas: @diariodeumafuturadelegada 1. Rubefação : é caracterizada por ser uma vasodilatação exclusivamente vital. Causa o eritema, que é uma mancha avermelhada, efêmera e fugaz. Desaparece em alguns minutos. Não deixa vestígios, razão pela qual é difícil de ser caracterizada num exame de corpo de delito. 2. Equimose: é o extravasamento e dispersão de sangue nas malhas dos tecidos superficiais ou profundos. A equimose se diferencia da rubefação, pois, na equimose, o sangue extravasou e pode ser visto através da camada da pele (infiltração hemorrágica no tecido). A equimose demora mais a desaparecer do que a rubefação – o desaparecimento da equimose perdura levando em consideração a quantidade de sangue extravasado. Há algum instrumento para identificar há quanto tempo aquela equimose foi produzida, ou seja, o tempo da lesão? Legrand Du Saulle desenvolveu a tese do Espectro Equimótico, percebendo que havia mudança da coloração da equimose com o passar do tempo. Trata-se de importante estudo para determinar o tempo da lesão. Quando o sangue “sai dos vasos” (extravasa), o principal componente do sangue (hemoglobina) começa a se degradar e se transformar em outros compostos. Em razão dessa transformação é que a equimose muda de cor com o passar do tempo. A alteração de cor da equimose permite ao perito mensurar aproximadamente o nexo temporal de determinada lesão. Nesse sentido, uma lesão vermelha é mais atual, a roxa é mais antiga do que a vermelha, a azulada é mais antiga do que a roxa, a esverdeada é mais antiga do que a azulada e a amarelada é mais antiga do que a esverdeada. (Lógica para mensuração do nexo temporal da coloração da equimose). Esse fenômeno de alteração da cor da equimose só ocorre nos vivos, pois se trata de uma reação vital ao próprio extravasamento do sangue. No morto, a equimose (produzida quando a vítima ainda estava viva) mantém a sua coloração até surgirem os fenômenos da putrefação, que modificam sua tonalidade. Espectro Equimótico de Legrand du Saulle: @diariodeumafuturadelegada Vermelho violáceo: 1º - 2º ao 3º dia. Violáceo-azulado: 2º ao 3º - 4º ao 6º dia. Azul-esverdeado: 4º ao 6º - 7º ao 10º dia. Amarelado: 12º dia. *Atenção: as equimoses conjuntivais permanecem vermelhas do início ao fim da sua evolução. TIPOS DE EQUIMOSES: Petéquias : são pequenas equimoses, quase sempre agrupadas e caracterizadas por um pontilhado hemorrágico. Víbices: apresentam a forma de estrias. Algumas delas típicas de estrias de pneus de automóveis, conhecidas como estrias pneumáticas de Simonin. Outro exemplo: cassetete. Sugilação: equimose em forma de pequenos grãos. A literatura médico-legal aponta que podem surgir intra vitam ou post mortem (neste caso aparecem, pois o cadáver ficou muito tempo suspenso). Equimona : equimoses de grandes proporções. Manchas de Tardieu: equimoses de ordem físico-química. São pequenas e violáceas. Ocorrem abaixo das pleuras (subpleurais), do pericárdio (subpericárdicas), no tecido palpebral (quando das asfixias mecânicas). Sugerem asfixia por sufocação direta. Manchas Subpleurais de Paltauf : equimoses de ordem físico- química. Sugerem afogamento. São mais extensas que as de Tardieu. Cianose cérvico-facial ou máscara equimótica de Morestin: (intra vitam): ocorre nos casos de compressão do tórax (ex: hipóteses de sufocação indireta): a circulação sanguínea tem força para fazer com que o sangue suba para a cabeça, mas não tem força para fazer com que este sangue desça, o que torna a face violácea. @diariodeumafuturadelegada *Atenção: não confundir cianose cérvico-facial com livores cadavéricos decorrentes do escoamento do sangue para região de maior declive, o que formará os livores cadavéricos (ex: cadáver virado de cabeça para baixo, com os pés amarrados para cima). Por causa da força da gravidade, o sangue tenderá a ficar concentrado na região mais baixa, que no presente exemplo é a cabeça. EQUIMOSES A DISTÂNCIA: Sinal do Zorro (ou de guaxinim): ocorre em ambas as regiões periorbitárias e é resultante da contusão no couro cabeludo ou fratura no crânio. Sinal de Batlle: equimose oriunda da fratura do andar médio da base do crânio e é acompanhada de otorragia (hemorragia proveniente do ouvido médio). Sinal de Cullen: em casos de pancreatite aguda, necro-hemorrágica, pode surgir equimose periumbilical. 3. Hematoma: é a coleção de sangue em cavidade neoformada. Há o extravasamento do sangue de vaso calibroso, mas não há difusão nos tecidos. Não se considera hematoma a coleção de sangue derramada em uma cavidade natural, como as cavidades pleurais, pericárdio. 4. Bossas:a bossa se forma em decorrência do aumento de volume dos tecidos por coleção de líquido que os infiltra intensamente, decorrente de distúrbio circulatório localizado. Na equimose o sangue fica espalhado, na modalidade bossa o sangue fica acumulado e em virtude da existência de osso embaixo da pele surge uma bolsa empurrando a pele para cima em virtude da obstrução, formando vulgarmente o que chamamos de galo (saliência na pele). Quando a bossa contém sangue ela fica arroxeada, já quando contém linfa (bossa linfática) ela fica na cor da pele. 5. Escoriação: é a exposição da derme devido ao “arrancamento” da epiderme por ação tangencial de um instrumento mecânico. As escoriações não deixam cicatrizes e as crostas começam a cair entre o 4º e 10º dia, estando a pele regenerada até o 15º dia. A escoriação é temporária e se resolve com a regeneração do tecido. @diariodeumafuturadelegada 6. Ferida: ultrapassa a derme, atingindo os planos mais profundos da pele, consolidando-se por cicatrização. No momento em que ultrapassa a derme teremos ferida e não a escoriação. A ferida é permanente e se resolve através da cicatrização, ao contrário da escoriação. Se deixar cicatriz não é escoriação, mas sim uma ferida, tecnicamente. 7. Entorse : a literatura médico-legal aponta que é o estiramento da cápsula de uma articulação. Derivam de movimentos exagerados junto a uma articulação. São lesões articulares provocadas por movimentos exagerados dos ossos que compõem uma articulação, incidindo sobre os ligamentos. 8. Luxação : é o deslocamento permanente das superfícies articulares. Podem ser completas, quando há a efetiva separação das articulações, ou incompletas (subluxação) quando ainda resta algum contato entre as duas peças envolvidas na lesão. É mais grave do que a entorse. 9. Fraturas : são soluções de continuidade dos ossos decorrentes dos mecanismos de compressão, flexão ou torção. Segundo a doutrina podem ser diretas ou indiretas, fechadas ou abertas, cominutivas (ou fragmentadas) etc. “É direta quando o trauma atinge o local fraturado, e indireta em caso contrário. A fratura fechada não se comunica com o exterior do corpo e a aberta é aquela em que a fratura permite ver o foco da fratura. Fratura exposta é aquela em que os fragmentos ósseos extrapolam os limites do corpo da vítima. Fratura cominutiva é aquela em que fragmentos ósseos ficam isolados do osso fraturado. Em resumo: Entorse: estiramento ou ruptura dos ligamentos; Luxação: desarticulação óssea Fratura: ruptura óssea 10. Rupturas Viscerais : basicamente é a ruptura dos órgãos internos (muitas vezes sem grandes repercussões na pele), mas que podem ocultar do plano externo uma hemorragia que ocasiona choque hipovolêmico e, consequentemente, a morte da vítima. @diariodeumafuturadelegada 11. Lesões provocadas por martelo : neste tipo de lesão o instrumento utilizado (martelo) pode deixar algumas lesões características no crânio, que foram descritas pela literatura médico-legal e são conhecidas da seguinte forma: Mapa Mundi de Carrara: afundamento parcial, descrevendo fissuras uniformes (vista pela lâmina interna da calvária). Strassmann: (ou “em saca bocados” ou “fratura perfurante”): aponta a ação do instrumento em sentido perpendicular. “Terraza” de Hoffmann: aponta a ação em sentido tangencial, observando-se uma fratura triangular com o vértice solto e a base aderida. 12. Defenestração : a defenestração representa também as lesões por precipitação. Se o corpo é lançado e cai de cabeça, encontra- se, geralmente, um tipo de fratura chamado em “saco de noz”. É caracterizada pela integridade ou quase integridade do couro cabeludo e de múltiplas fraturas da calvária, laceração da massa encefálica e herniamento do cérebro. Se o corpo cai de pé, resultam as fraturas de pélvis e dos membros inferiores. Se cai de lado, verificam-se fraturas múltiplas das costelas e mais raramente fraturas das vértebras. 13. Encravamento : caracteriza-se pela penetração de determinado objeto consistente e afiado em qualquer parte do corpo. 14. Empalamento: é uma forma especial de encravamento. Caracteriza-se pela penetração de um objeto de grande eixo longitudinal no ânus ou na região perineal. Causa lesões múltiplas e variadas. Lesões Produzidas por Ação Cortante: Os instrumentos cortantes são aqueles que agem deslizando sobre o tecido cutâneo, provocando feridas cortantes, também conhecidas como @diariodeumafuturadelegada incisas. São exemplos de instrumentos cortantes: navalha, bisturi, cacos de vidro, folha de papel. Importante destacar que a faca não é um instrumento cortante, pois, além de cortar, ela fura. Trata-se de um instrumento misto, denominado perfurocortante. SÃO CARACTERÍSTICAS DAS LESÕES INCISAS: O centro da ferida incisa é mais profundo pela ação em arco desenvolvida pelo braço do agressor; Regularidade do fundo da lesão; O centro da ferida é mais fundo do que as extremidades; Ausência de traumatismos ao redor da ferida; São mais extensas do que profundas; Sangram mais do que as feridas contusas; Bordas da ferida são lisas e regulares; Predomina o comprimento da lesão sobre a profundidade desta. Os instrumentos cortantes produzem lesões no pescoço chamadas esgorjamento, degolamento e decapitação. Esgorjamento : é caracterizado por uma ferida longitudinal na porção anterior do pescoço e geralmente é representada por uma longa ferida, que pode lesar, além dos planos superficiais da pele, músculos e até mesmo o esôfago. A morte pode se dar por embolia gasosa; anemia aguda etc. Degolamento: é uma ferida incisa ou cortocontusa, na porção posterior do pescoço. Obs.: Como forma de memorização, lembrar que é um corte feito na região representada pela gola de uma camisa, ou seja, na nuca do indivíduo. Decapitação : cabeça separada do tronco. Lesões de Defesa e Hesitação: @diariodeumafuturadelegada Estes tipos de lesão podem ser úteis na identificação da causa jurídica do evento, pois auxiliam a perceber, juntamente com demais indícios eventualmente encontrados na cena do crime, se as lesões na vítima foram provocadas em decorrência de ter utilizado alguma parte do seu corpo para se defender do agressor, ou simplesmente se refletem hesitação diante de um cenário de suicídio. Sinais de Romanese, Lacassagne e Gilvaz: Estes sinais são comuns quando se fala na lesão incisa e auxiliam na descrição ou na determinação do sentido da lesão: SINAL DE ROMANESE : também conhecido como “cauda de escoriação”. Nas feridas incisas, temos o que a literatura chama de cauda de escoriação, que se caracteriza pela maior profundidade da ferida no local de entrada do instrumento e menor profundidade (mais superficial) no ponto de saída do instrumento. Trata-se de importante conceito para se determinar o posicionamento do agressor em relação à vítima e também a dinâmica de toda a conduta criminosa. SINAL DE LACASSAGNE : é conhecido como “cauda de rato”. SINAL DE GILVAZ : representa uma cicatriz no rosto da vítima. Sinal de Chavigny: Trata-se de importante sinal que permite identificar qual ferida ocorreu primeiro, quando já duas feridas em um mesmo local do corpo (feridas sobrepostas). O sinal de Chavigny estabelece a ordem das lesões incisas que são produzidas em uma mesma região. Observa-se que a primeira lesão é aquela cujas bordas coaptadas determinam que a segunda não siga um trajeto linear. Lesões Produzidas por Ação Perfurante: Diferentemente das lesões incisas (em que temos propriamente um corte nos tecidos), os instrumentos perfurantes, por sua vez, atuam afastando os tecidos e, muito raramente, seccionando-os. @diariodeumafuturadelegada São perfurantes os instrumentos puntiformes, finos, cilíndricos, com o comprimento predominando sobre a largura e a espessura, causando lesões punctórias. Ex: alfinetes, agulhas, pregos, furador de gelo, estoque, estileteagulhado, espinhos etc. As feridas perfurantes têm um predomínio da profundidade em relação à extensão, de raro sangramento e de pouca nocividade à pele. E, em razão das fibras elásticas, o diâmetro da lesão quase sempre será menor do que o instrumento causado, em razão da elasticidade e da retratilidade dos tecidos humanos. Por vezes, esse instrumento perfurante adentra por uma parte do corpo e sai por outra. O ferimento de saída, quando presente, se apresenta mais irregular e com diâmetro menor do que o de entrada. Instrumento perfurante de médio calibre: As lesões provocadas por instrumento perfurante de médio calibre são também entendidas como feridas “fusiformes”, “em casa de botão” ou “em botoeira”. Lesões em acordeão ou sanfona (conceituadas por Lacassagne): ocorrem em regiões depressivas do corpo (ex: abdômen – a lesão parece ser mais funda do que o tamanho do instrumento que a causou). Diante de instrumento perfurante de médio calibre, a forma de lesão assume um formato diferente do que a de costume, obedecendo às Leis de Filhos e Langer. Leis de Filhos e Langer: Edouard Filhos e Karl Ritter Von Langer foram autores que desenvolveram estudos no campo das lesões perfurantes provocadas por instrumento de médio calibre, razão pela qual devem ser observadas as seguintes leis: Filhos trouxe duas leis: Primeira Lei de Filhos (Lei da Semelhança): as soluções de continuidade dessas feridas assemelham-se às produzidas por instrumento de dois gumes ou tomam a aparência da casa de botão. @diariodeumafuturadelegada Segunda Lei de Filhos (Lei do Paralelismo): quando essas feridas se mostram numa mesma região onde as linhas de força tenham um só sentido, seu maior eixo tem sempre a mesma direção. Ou seja, as lesões produzidas por ação de médio calibre obedecem ao sentido das linhas de força das fibras elásticas da pele. Langer, por sua vez, desenvolveu a seguinte lei : lesões produzidas por ação perfurante de médio calibre em regiões onde existe pele, cujas fibras elásticas estejam aglomeradas, podem apresentar formas anômalas (“aspectos de V”) etc. Ou seja, na confluência de regiões de linhas de forças diferentes, a extremidade da lesão toma o aspecto de ponta de seta, de triângulo ou mesmo de quadrilátero. *Atenção: o interesse médico-legal das Leis de Filhos e Langer reside ao se diferenciar a lesão produzida por instrumento perfurante de médio calibre, das lesões incisas. Isto porque na primeira hipótese, as lesões tenderão a seguir o sentido das linhas de força das fibras elásticas que existem na pele, enquanto nas lesões incisas não haverá tal padrão, em razão do corte de tais fibras. Lesões Produzidas por Ação Perfurocortante: Trata-se de lesões mistas, ocasionadas por instrumentos que não só perfuram, mas que também cortam. São lesões produzidas por instrumentos de ponta e gume, atuando por mecanismo misto. Agem simultaneamente por pressão afastando as fibras e por corte seccionando- as. A depender do número de gumes de um instrumento, os ferimentos variam em sua forma: Um gume: causam ferimentos em forma de botoeira, com fenda regular e quase sempre linear, com um ângulo agudo e outro arredondado. Dois gumes: causam ferimentos em forma de fenda de bordas iguais e ângulos agudos. Exemplo: punhal. @diariodeumafuturadelegada Três ou mais gumes: causam ferimentos de forma triangular ou estrelada. Ex: estilete. Lesões Produzidas por Ação Cortocontundentes: São ferimentos produzidos por instrumentos que não apenas cortam, como também contundem, cuja ação e efeitos se explicam não só pelo gume que apresentam, como também pelo seu peso e pela força viva com que são acionados. Podem ser considerados exemplos de lesão deste instrumento a decapitação, o espostejamento e o esquartejamento. Decapitação : significa o destacamento da cabeça da vítima do restante do seu corpo. Pode ser homicida ou acidental. Pode ser provocado, por exemplo, por uma guilhotina. Espostejamento: é representado pela multiplicidade de fragmentos do corpo que se mostram irregulares. É comum em acidentes ferroviários e aéreos. Esquartejamento: é representado pela amputação, desarticulação, reduzindo o corpo em quartos. Tende a resultar em fragmentos mais regulares do que no espostejamento. Lesões Produzidas por Ação Perfurocontundentes: São lesões produzidas por um mecanismo de ação que não só perfura como também contunde. O exemplo mais comum deste tipo de instrumento é o projétil de arma de fogo, podendo também ser a ponta de um guarda-chuva, uma chave de fenda ou um espeto de churrasco. No entanto, como a maior incidência desse tipo de lesão é produzida por projeteis de arma de fogo, estudaremos com detalhe as características desse tipo de lesão. As lesões características desses instrumentos se apresentam através de um orifício de entrada (sempre), um trajeto (sempre) e um orifício de saída (nem sempre). @diariodeumafuturadelegada Característica geral dos orifícios: Tipicamente, no local de entrada do projétil as bordas ficam invertidas (para dentro); já no local de saída ficam evertidas (para fora). Normalmente, a lesão de entrada é menor do que a lesão de saída. Porém, pode ser que elas tenham o mesmo diâmetro ou que o orifício de entrada seja maior do que o de saída, a depender do projétil e seu trajeto dentro do organismo (não há regra). O orifício de saída, em regra, tem a forma irregular, com as bordas evertidas, apresentando maior sangramento que o orifício de entrada e com aréola equimótica. Geralmente são maiores que o orifício de entrada e não apresentam os demais comemorativos da lesão de entrada (orlas e zonas). As características independem da distância do tiro. ESTUDO DAS LESÕES PROVOCADAS POR PROJÉTIL DE ARMA DE FOGO: Lesões de Entrada: DISTÂNCIA DO DISPARO (LONGA DISTÂNCIA): Quando for mencionado que o disparo foi efetuado a longa distância, significa dizer que o alvo está situado além do alcance dos elementos constituintes do chamado “cone de dispersão” (composto por chama ou gás superaquecido; pólvora combusta; pólvora incombusta; micropartículas de metal do cano e/ou do P.A.F). Nesta modalidade (longa distância), apenas o projétil produz efeitos (primários). Nesta hipótese, a lesão de entrada terá como características: Diâmetro menor que o do projétil; Forma arredondada ou elíptica; Orla de escoriação, enxugo e equimose e; Bordas viradas para dentro. ORLA DE ESCORIAÇÃO: também entendido como “anel de Fisch”; “orla de contusão” (Thoinot); “orla desepitelizada” (França); “zona inflamatória” @diariodeumafuturadelegada (Hoffmann). É representada pela lesão de escoriação causada pela passagem do projétil. ORLA DE ENXUGO: também entendida como “orla de alimpadura”, “orla de Chavigny” ou “orla de Canuto e Tovo”. É representada pela orla de detritos e impurezas que ficam retidas na pele quando o projétil passa por ela. ORLA DE EQUIMOSE: também estudada como “aréola equimótica”, devido à ação contundente oriunda do projétil. DISTÂNCIA DO DISPARO (CURTA DISTÂNCIA/QUEIMA ROUPA): Nesta modalidade o alvo está dentro dos limites de alcance do cone de dispersão ou cone de explosão (pistolas e revólveres: geralmente de 10 a 50 cm – curta distância). Geralmente até 10 cm, de acordo com o professor Genival França, é considerado “tiro à queima roupa.” Além das tradicionais orlas de enxugo, escoriação e equimose, referentes aos efeitos primários (relativos somente ao projétil de arma de fogo), somam-se: ORLA OU ZONA DE ESFUMAÇAMENTO: formada pela fuligem resultante da combustão da pólvora. É chamada de zona de falsa tatuagem, pois sai com a lavagem. Pode não aparecer na pele protegida por vestes. (Somente presente nos tiros a curta distância ou com cano encostado). ORLA OU ZONA DE TATUAGEM: resulta da impregnação de grãos de pólvora incombusta que alcançam o corpo e se incrustam na pele. Orienta a perícia quanto à posiçãoda vítima e do agressor. É sinal indiscutível de orifício de entrada. Não sai com a lavagem, somente com procedimento cirúrgico. (Somente presente nos tiros a curta distância ou com cano encostado). ORLA OU ZONA DE QUEIMADURA/CHAMUSCAMENTO: resulta da ação superaquecida dos gases, queimando a pele. (Somente presente nos tiros a curta distância ou com cano encostado). DISTÂNCIA DO DISPARO (TIRO ENCOSTADO/APOIADO): @diariodeumafuturadelegada Todos os elementos do disparo alcançam o alvo. O orifício de entrada tem a forma irregular, denteada ou com entalhes, pela ação resultante dos gases que descolam e dilaceram os tecidos. As bordas são evertidas, em geral não há sinais de outros elementos do disparo na pele, pois penetram na ferida juntamente com o projétil a este fenômeno chamamos Câmara de Mina de Hoffmann, sendo mais comum nos tiros encostados na fronte. Nos tiros encostados no crânio, nas costelas e escápulas, podemos encontrar um halo fuliginoso na lâmina externa do osso referente ao orifício de entrada chamado de Sinal de Benassi. Ainda na entrada podemos observar o Sinal de Werkgartner, que representa o desenho da boca e da alça de mira da arma. DIFERENÇA ENTRE TRAJETO E TRAJETÓRIA: Trajetória é o caminho descrito pelo projétil desde seu ponto de disparo até percutir o alvo. Trajeto é o percurso seguido pelo projétil dentro do alvo. Ao perito médico-legal interessa conhecer a trajetória e o trajeto. Lesões Produzidas por Projéteis de Arma de Fogo de Alta Energia: Em linhas gerais, a balística forense aponta como sendo projéteis de alta energia aqueles cuja velocidade inicial de deslocamento esteja acima de seiscentos metros por segundo. Geralmente são utilizados em fuzis. As principais diferenças entre as lesões dos projéteis de arma de fogo comuns e de alta energia são o fenômeno da cavitação e as lesões de entrada e saída. Fenômeno da cavitação : trata-se de fenômeno mais evidente nos projéteis de arma de fogo de alta velocidade, em razão do alto nível de energia cinética que é transferida ao tecido. Esse fenômeno é verificado durante o trajeto do projétil, dentro do organismo da vítima, apresentando- se com um forte deslocamento de ar, derivada da pressão do projétil, que resulta em diversas lesões a tecidos internos. De acordo com o tamanho da cavidade temporária, a lesão de saída pode ser muito grande ou até mesmo menor do que o orifício de entrada. @diariodeumafuturadelegada Lesões Produzidas por Agentes Vulnerantes Não Mecânicos: Agentes não mecânicos são aqueles que não podemos tocar. Ex: eletricidade, calor, frio, pressão etc. Lesões Causadas por Energia Térmica: TERMONOSES : As termonoses ocorrem quando a ação da onda térmica não atinge diretamente o organismo. Ação difusa da fonte térmica através da irradiação. As termonoses dividem-se em: Insolação: fonte térmica proveniente do sol; Intermação: fonte térmica de qualquer outro maio que não o sol. QUEIMADURAS : Na queimadura a fonte térmica atinge diretamente o corpo. Ação local da fonte térmica através da condução de calor. As queimaduras são divididas, de praxe em graus, de acordo com o nível de afetação ao organismo: Primeiro Grau (eritema/sinal de Christinson): Neste grau pode ser observada vermelhidão, pele quente, seca e ardida. A pele escurece e depois descasca. No eritema, a área lesada é apenas a epiderme. Segundo Grau (flictenas/sinal de Chambert): Este tipo de lesão atinge a derme superficial e profunda, podendo deixar cicatrizes residuais. Além do eritema, há presença de proteínas no líquido da bolha. Terceiro Grau (escaras): No terceiro grau os planos subcutâneos são alcançados. Filetes nervosos são destruídos. As lesões são chamadas de escaras e são feridas mais ou menos profundas provocadas pela deficiente circulação no local. A @diariodeumafuturadelegada escarificação atinge o tecido subcutâneo, plano muscular e partes ósseas, deixando sequelas. Quarto Grau (carbonização): As lesões provocadas são mais destrutivas que as queimaduras de terceiro grau e se particularizam pela carbonização. SINAL DE DEVERGIE: Com o aumento da temperatura, a musculatura do cadáver sofre contração pós morte. O cadáver ao ser carbonizado irá se contraindo até assumir a posição de boxer, lutador, saltimbanco. No entanto, trata-se de uma situação que ocorre pós-morte pela atuação do calor. Não se trata de um sinal de que ele estava lutando contra as chamas e nem mesmo se defendendo de qualquer outra situação. Ocorre em qualquer tipo de morte quando o cadáver é submetido ao fogo. SINAL DE MONTALTI (intra vitam): É representado pela fuligem presente na mucosa da árvore respiratória. É importante ressaltar que pode até haver carbonização do cadáver posteriormente, mesmo que se encontre o sinal de Montalti. Mas quando a carbonização se dá a vítima já estava morta. O sinal de Montalti serve para verificar se a pessoa foi submetida ao fogo enquanto estava viva. Engana-se quem pensa que apenas o calor pode causar lesões. O frio também pode! O frio pode produzir lesões: Lesões provocadas pela ação do frio de forma difusa (hipotermia); Lesões provocadas pelo frio de forma direta (geladuras); As geladuras são lesões locais causadas por vasoconstrição inicial, palidez, pele de aspecto anserino e posteriormente vasodilatação paralítica, levando à necrose e gangrena, principalmente nas extremidades (nariz, orelhas, dedos, pés), com subsequente perda das mesmas. Ex: mal das trincheiras. Assim como no estudo das lesões provocadas pela ação direta do calor, aqui, no caso das geladuras, foi feita uma divisão em graus para melhor compreensão do instituto. Primeiro Grau: eritema/vasoconstrição periférica; @diariodeumafuturadelegada Segundo Grau: flictenas; Terceiro Grau: necrose/gangrena; *Atenção: “pés de trincheira”: esta expressão pode ser entendida como a gangrena dos pés justamente pela falta de proteção ao frio. Foi relatada, principalmente, durante a Primeira Guerra Mundial. Lesões Causadas por Energia Elétrica: Assim como outros tipos de eventos físicos, a eletricidade pode gerar danos ao organismo humano. As lesões oriundas de ação elétrica podem ter origem natural ou industrial. Eletricidade natural : este tipo de eletricidade também é entendido como cósmica. As vítimas sofrem tanto os efeitos da eletricidade propriamente dita, quanto da onda de choque gerada pela ionização do ar e da luminosidade intensa. De acordo com Genival França, quando atinge letalmente o ser humano, denomina-se fulminação. Quando provoca apenas lesões corporais, é chamada de fulguração. Há também a nomenclatura eletrofulminação e eletrofulguração. SINAL DE LICHTEMBERG: é um sinal específico de lesão provocada por eletricidade natural. Possui aspecto arboriforme ou de samambaia, com intensa vasculite local. Eletricidade industrial (eletroplessão): as lesões provocadas por eletricidade industrial são comuns tendo em vista a grande disponibilidade de pontos providos deste tipo de energia. SINAL DE JELLINEK: é um sinal específico da lesão provocada por eletricidade industrial. Trata-se de uma marca elétrica. É considerada uma forma especial de queimadura, indolor em razão da destruição dos filetes nervosos locais e pode ter forma circular ou estrelada, escavada, em baixo relevo, com bordos elevados, secos, duros e apergaminhados e tonalidade próxima do amarelo-acastanhado, podendo ser descrita, também, como branco-amarelada. @diariodeumafuturadelegada Lesões produzidas nas correntes de alta tensão, média tensão e baixa tensão: Alta tensão (acima de 1200v): morte cerebral, bulbar e cardiorrespiratória. Média tensão (entre 120 e 1200v): a morte é por tetanização respiratória e asfixia. A tetanização é a contração continuada e involuntária, que provoca asfixia. É o chamado eletrocutado azul. Baixa tensão (abaixo de 120v): fibrilação ventricular e parada cardíaca. Se houvermorte, é o eletrocutado branco, ou seja, ausência de sinais que permitam indicar a causa da morte. Asfixiologia Forense: É o ramo da Medicina Legal que estuda as asfixias. São causadas por energia de ordem físico-química, impedindo a passagem do ar às vias respiratórias e alteram a composição bioquímica do sangue. Conceito de asfixias: São energias de ordem físico-química fazendo com que haja impedimento da passagem do ar para as vias respiratórias e com isso alteram a composição sanguínea. Para Genival França, de forma literal a asfixia significa “sem pulso”. No entanto, não é este o significado que a literatura médico-legal tem dado ao instituto. Asfixia é a supressão de respiração. É um estado de hipoxia e hipercapnia no sangue arterial. Em termos fisiopatológicos, existe asfixia quando há, ao mesmo tempo, a redução do teor de oxigênio (hipóxia) e aumento do teor de gás carbônico (hipercapnia ou hipercarbia) no sangue arterial. Sinais gerais de asfixia: Nas asfixias podem ser encontrados alguns sinais que indicam a possibilidade de diagnóstico, sem, contudo, fornecer elementos patognomônicos. Ou seja, não são sinais de certeza da morte por asfixia, mas sim, sinais de mera probabilidade de asfixia. @diariodeumafuturadelegada O que é um sinal patognomônico? Termo médico que se refere a sinal ou sintoma específico de uma determinada doença, diferenciando-a das outras. Quanto aos sinais externos, podem ser assim identificados: Manchas de hipóstase/livores de hipóstase : precoces, abundantes e escuras, variando a tonalidade por causa do monóxido de carbono. Cianose facial : elemento frequente, podendo estar ausente em alguns casos de enforcamento e de asfixia por gases. É mais frequente no estrangulamento e na esganadura. Projeção ou protusão da língua : são achados nas asfixias mecânicas, mas não podem ser confundidas com as que ocorrem no período da putrefação. Cogumelo de espuma : finas bolhas de espuma que cobre a boca e as narinas e continua pelas vias aéreas inferiores. Mais comum nos afogados. Equimoses da pele e mucosas (petéquias): nas mucosas, costumam aparecer na conjuntiva palpebral e ocular, nos lábios e mais raramente no nariz. Quanto aos sinais internos: Equimoses viscerais : podem ser chamadas de manchas de Tardieu. Possuem forma arredondada e tamanho que pode oscilar da cabeça de um alfinete a uma lentilha. Possuem, em geral, tonalidade violácea e podendo estar agrupadas ou não. Sangue fluído : geralmente é de cor anegrada, exceto nos casos de morte por monóxido de carbono (quando será acarminado ou de cor de cereja). Congestão polivisceral: ocorre principalmente no fígado e no mesentério. CLASSIFICAÇÃO MÉDICO-LEGAL DAS ASFIXIAS: @diariodeumafuturadelegada ASFIXIAS POR CONSTRIÇÃO DO PESCOÇO: Enforcamento : É a modalidade de asfixia em que a constrição do pescoço é exercida por um laço, cuja extremidade se acha fixa a um dado ponto, sendo a força atuante o peso do corpo. Há interrupção do ar atmosférico até as vias respiratórias, como decorrência desta força atuante. É mais comum nos suicídios. Estrangulamento : É uma espécie de asfixia mecânica em que a constrição do pescoço se faz por um laço, cuja força atuante é outra que não o peso da vítima. O acidente e o suicídio são mais raros. Portanto, a causa predominante é o homicídio. Esganadura: É um tipo de asfixia que se verifica pela constrição do pescoço pelas mãos, ao obstruir a passagem do ar. É sempre homicida. O estrangulamento e o enforcamento deixam a marca do laço do pescoço da vítima. Esta marca chama-se SULCO. O estrangulamento forma sulco horizontal, completo, mesma profundidade, abaixo do osso hioide e da laringe. No enforcamento o laço fica inclinado, aperta-se muito de um lado e pouco do outro. Assim, o sulco será oblíquo, mais profundo de um lado do que no outro, não será completo, descontínuo e estará acima da laringe e do hioide. Excepcionalmente, o enforcamento pode apresentar sulco horizontal se o indivíduo for enforcado em posição horizontal. A esganadura não provoca o sulco. Em resumo: O estrangulamento deixa sulco horizontal e abaixo do osso hioide. O enforcamento deixa sulco oblíquo e acima do osso hioide. A esganadura não provoca o sulco, deixando apenas marcas da atuação da mão do homicida (equimoses) no pescoço da vítima. TIPOS DE ENFORCAMENTO: @diariodeumafuturadelegada Enforcamento típico : chama-se de enforcamento típico aquele no qual o nó está situado na parte de trás do corpo da vítima. No enforcamento típico a cabeça do indivíduo fica posicionada para frente. Enforcamento atípico : o enforcamento atípico, por sua vez, é mais raro. Se dá quando o nó está localizado na parte frontal, ou mesmo lateral, do corpo da vítima. No enforcamento atípico, se o nó estiver na parte anterior do pescoço a cabeça ficará direcionada para trás; já se o nó estiver na lateral, a cabeça ficará direcionada para o lado oposto do nó. Enforcamento completo : quando há suspensão total da vítima. Enforcamento incompleto : quando não há suspensão total da vítima. O corpo da vítima toca, de alguma forma, o solo, seja através dos pés, dos joelhos ou até mesmo do abdômen. SINAL DE BONNET : aparece quando o laço é característico e, através do sulco, é possível determinar que tipo de laço fora utilizado. LINHA ARGENTINA : é o corte da epiderme e exposição da derme formando uma linha prateada no fundo do sulco. Pode ocorrer tanto no estrangulamento quanto no enforcamento, a depender do laço utilizado no pescoço. É encontrada nos sulcos pergaminhados. ASFIXIA POR MODIFICAÇÃO FÍSICA DO AMBIENTE: Soterramento : Caracterizado quando a pessoa está viva no momento do desabamento e acaba por se asfixiar ao respirar o material sólido que cai sobre si. Para tanto, deve ser aberto o cadáver e analisar as vias aéreas com intuito de averiguar se há material do desabamento em sua árvore respiratória e também no sistema digestório. Caso haja, podemos caracterizar a morte por asfixia derivada do soterramento. Essa análise das vias aéreas na autópsia permite saber se a pessoa morreu em virtude do trauma ou em virtude da asfixia. Confinamento : Ocorre quando a vítima está em um local sem circulação do ar que, por conseguinte acaba por tornar insuficiente a presença de oxigênio a fim de propiciar a oxigenação do organismo humano. O nosso organismo quando entra em um ambiente com menos de 7% de @diariodeumafuturadelegada oxigênio não aguenta e o indivíduo acaba por desmaiar, causando a morte em seguida. Ex: pessoas locomovidas dentro da mala de um carro. Afogamento : Trata-se de asfixia por alteração do ar ambiental, do estado gasoso para o líquido. O afogamento se dá através da aspiração e ingestão da água. Em virtude disto, os sinais de morte por afogamento podem ser encontrados no sistema respiratório e também no digestivo. É um tipo de asfixia mecânica, no qual há penetração de um líquido ou semilíquido nas vias respiratórias, acabando por impedir a passagem do ar até os pulmões. Sinais particulares: Os sinais são provenientes do lapso de tempo em que a vítima permaneceu na água. Podem ser externos ou internos, intra vitam ou post mortem. Dentre os principais sinais externos, podem ser destacados: Baixa temperatura da pele : esse sinal não terá grande relevância se o cadáver for retirado rapidamente da água. Cogumelo de espuma: indica edema nos pulmões. Só aparece nos cadáveres retirados cedo da água. Caso contrário, vão se desfazendo e tendem a desaparecer. Pele anserina (sinal de Bernt): também é chamada de pele de galinha. É ocasionada pela retração dos músculos dos pelos. Retração do mamilo, do saco escrotal e do pênis : pelas mesmas razões da pele anserina. Maceração da derme : também conhecida como mãos ou pés de lavadeira. Mancha verde da putrefação : ocorrem nos terços médios superiores do corpo, e não na fossa ilíaca direita como geralmenteocorre, tendo em vista o posicionamento do corpo após o afogamento, fazendo com que haja mais concentração de sangue nessas áreas. Cabeça de negro de Lecha-Marzo : em razão da posição em que fica o cadáver, concentrando grande quantidade de sangue na região. @diariodeumafuturadelegada Lesões causadas por animais aquáticos e por embarcações. Dentes rosados . Como sinais internos: Presença de líquido nas vias respiratórias : pode determinar se o afogamento se deu em águas doces ou salgadas, bem como o local aproximado do afogamento, através da análise dos fungos, algas e bactérias ali encontrados. Presença de corpos estranhos nas vias respiratórias. Alterações e lesões nos pulmões : estão aumentados e pesados. Diluição do sangue : fenômeno devido à penetração de água no sistema circulatório. O sangue se torna mais fluido e mais claro. Altera o nível crioscópico (nível de congelamento) do sangue. Presença de líquido no interior do sistema digestivo . Manchas de Paltauf : em virtude da entrada de água nos alvéolos, temos a explosão deste e extravasamento de sangue, ocasionando a MANCHA DE PALTAUF. Trata-se do excesso de líquido no pulmão que acarreta o rompimento dos alvéolos. A referida mancha é patognomônica de morte por afogamento, apresentando-se por equimoses subpleurais. Atenção: o início da putrefação nos afogados é antecipado. Inclusive, a famosa mancha de Brouardel. Afogamento em água doce x Afogamento em água salgada: Afogamento em água doce : sangue menos denso (mais diluído). Maior o ponto crioscópico (ponto de congelamento do sangue). Afogamento em água salgada : sangue mais denso (menos diluído). Menor o ponto crioscópico (ponto de congelamento do sangue). Ponto Crioscópico: é o ponto de congelamento do sangue. Quanto maior a concentração de sal no sangue, menor será o ponto crioscópico, ou seja, menor o ponto de congelamento do sangue. Assim, na morte por @diariodeumafuturadelegada afogamento em água salgada o ponto crioscópico é menor do que no afogamento por água doce. Afogamento branco de Parrot x Afogado azul: Afogamento branco de Parrot : Trata-se do indivíduo que morre na água, porém permanece com o pulmão seco e sem sinais de morte por afogamento. Diversos autores atribuem esse fenômeno ao espasmo da glote, que impede a entrada da água nas vias respiratórias (reflexo vagal). Este fato é mais comum em águas geladas, em que há a possibilidade de hidrocussão, que acarreta uma parada cardíaca. Nesse caso, de fato, a causa da morte não foi o afogamento. Afogamento azul: O afogamento azul, por sua vez, é o afogamento tradicional, também conhecido como afogamento úmido ou real ou o verdadeiro e segue as fases da asfixia segundo Ponsold. De acordo com Ponsold, as fases da asfixia são: luta, apneia voluntária, inspiração voluntária, desfalecimento (morte aparente) e morte real. ASFIXIA POR OBSTACULIZAÇÃO À PENETRAÇÃO DO AR NAS VIAS RESPIRATÓRIAS : Sufocação direta : Obstrução direta dos artifícios respiratórios. Este tipo de asfixia é realizado quando diante de desproporção física da vítima para com o homicida ou diante de situação em que a vítima tenha a sua resistência reduzida. Este deverá ser muito mais forte do que a vítima para provocar a sufocação direta com êxito. Sufocação indireta : Ocorre com a obstrução em vias que não as aéreas ou orifícios respiratórios. Ex: paralisia da musculatura respiratória pela compressão do tórax. Tanatologia Forense: Trata-se do capítulo da Medicina Legal em que se estuda a morte e as suas consequências jurídicas. Estudam-se os sinais que indicam que o indivíduo morreu e o lapso temporal do evento morte. @diariodeumafuturadelegada Conceito de Morte: A definição tradicional de morte sempre foi aquela que a considera como a cessação total e irreversível das funções vitais. Desta forma, era diagnosticada, principalmente, pela ausência de batimentos cardíacos. No entanto, com o desenvolvimento das técnicas de transplante, o conceito de morte foi sendo desenvolvido e houve necessidade de atualizá- lo. Daí surge na atualidade o conceito de morte encefálica, para que possa haver maior segurança e permitir uma decisão consciente e capaz de garantir que alguém esteja realmente morto, haja vista a irreversibilidade da situação e as implicações dela decorrentes. Morte encefálica: morte do tronco encefálico. Morte cardíaca: cessação irreversível dos batimentos cardíacos. Cronologia da Morte: Também entendida como cronotanatognose ou cronotanatodiagnose, tal instituto possibilita o diagnóstico da hora em que a morte ocorreu. Da mesma forma, ajuda a estabelecer a causa jurídica da morte, o nexo causal com o evento narrado, bem como a análise acerca da comoriência. A cronologia da morte pode ser estabelecida através da verificação dos fenômenos cadavéricos, como rigidez, livores, resfriamento e evaporação tegumentar. Outros sinais que podem ser representados para auxiliar no diagnóstico do tempo de morte são: perda de peso; mancha verde abdominal; presença de cristais no sangue; presença de gases nos vasos sanguíneos e demais tecidos do corpo; o crescimento de pelos do corpo; o conteúdo estomacal e visceral; fauna cadavérica e flora cadavérica. *Atenção: Cristais no sangue putrefeito: são chamados de cristais de Westenhoffer-Rocha-Valverde. Estes cristais se formam no sangue putrefeito, mas independem, propriamente da putrefação. Conforme @diariodeumafuturadelegada ensinamentos de Genival França, são cristais vermelhos, em forma de lâminas cristaloides, fragmentadas e surgem depois do terceiro dia de morte, podendo ser vistos até o trigésimo quinto dia após a morte. Período de Incerteza de Tourdes: É um período quantificado em cerca de 6 horas antes e 6 horas depois da morte, no qual há uma incerteza acerca do diagnóstico das lesões, não se podendo definir se elas tiveram causa anterior ou posterior à morte. Premoriência e Comoriência: Comoriência: quando duas ou mais pessoas morrem na mesma ocasião, não se podendo provar quem faleceu primeiro, presume-se que tiveram mortes simultâneas. Tal instituto está previsto no artigo 8º do Código Civil. Art. 8º, CC. Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. Premoriência: se em virtude das circunstâncias há condições de se provar que uma dessas pessoas faleceu em momento anterior. *Atenção: o interesse médico-legal destes institutos tem sede no campo do direito sucessório. Morte suspeita, morte súbita e morte agônica: Morte Suspeita: A morte pode ser natural ou violenta. Há casos em que a origem violenta só pode ser afastada depois de um exame cuidadoso no local. Por isso, Hygino Hercules assevera que “a morte é considerada suspeita sempre que houver a possibilidade de não ter sido natural a sua causa”. É aquela que decorre de causa duvidosa. A morte natural pode ter origem tanto em eventos congênitos, quanto em patologias adquiridas. @diariodeumafuturadelegada A morte violenta, por sua vez, é aquela oriunda de causa externa e pode ser causada por acidente, suicídio ou crime. Morte Súbita: Súbita é toda morte que ocorre de forma inesperada. Tal conceito prende-se mais a inexistência de um quadro patológico prévio que pudesse explicá-la do que ao tempo de evolução rápido da causa morte. Morte Agônica: A morte agônica é uma morte lenta, com sofrimento. Por isto é que se diz que durante o período de sobrevivência, o indivíduo, por causa da dor, faz com que seu corpo reaja e dê elementos para eventual docimásia. Estes dados podem determinar se a morte se deu de forma agônica ou súbita. Lesões intra vitam e post mortem: Um ponto que merece destaque no estudo da tanatologia forense é a identificação das lesões, para sabermos se elas ocorreram com o indivíduo vivo ou morto. Durante o período
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