Contestação Trabalhista Simulada

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AV C, Qd. 91. Lt. 3, Itaguaí 3 (Avenida do Fórum) 
 Caldas Novas/GO. mt.adv@gmail.com│ (64) 3454-2323 │ 9.9287-7226│9.99224-5166 
 
 
 
AO JUIZO DA 18 VARA DO TRABALHO DE CALDAS NOVAS/GOIÁS. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Processo n° 0001234-56.2020.5.18.0161 
 
 
 
 
 REGIANE FERNANDES FERREIRA BESSA LTDA, já 
qualificado nos autos do processo sob o número em epigrafe, por seus 
procuradores que juntam neste ato instrumento de procuração, vem 
respeitosamente a presença de Vossa Excelência para apresentar defesa na forma 
de 
 
Contestação À Reclamatória Trabalhista 
 
que lhe move ANTÔNIO VAGNO SOUSA SILVA também já qualificado nos autos 
pelos fatos e fundamentos de direito que a seguir passa a expor: 
 
 
 
I. BREVE SINTESE FÁTICA 
 
 
 
 O Reclamante alega ter sido admitido pela Reclamada em 10/03/2012, 
para exercer a função de recepcionista, cumprindo a jornada de trabalho 
compreendida entre 08h00min e 18h00min, percebendo como remuneração final o 
montante de R$ 1.900,00 (hum mil e novecentos reais), tendo o contrato de trabalho 
perdurado até 06/05/2018. 
 
 Postula o reclamante o pagamento de horas extras e seus reflexos, 
supostamente não pagos; multo do art. 467 da CLT e honorários advocatícios no 
importe de 5% a 15% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença; 
 
 A Reclamatória não merece procedência, conforme será demonstrado 
a seguir. 
 
 
 
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II. Preliminarmente 
 
 
A) Contestação ao Pedido de Assistência Judiciária Gratuita 
 
 Excelência, tendo em vista as novas disposições do NCPC, não mais 
se faz necessário interpor peça apartada quando da contestação ao pedido de 
AJG do Reclamante, conforme Art. 337, XIII, da Lei 13.105/2015, vejamos: 
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: 
[...] XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça. [...] 
 No âmbito do Processo do Trabalho, este benefício somente pode ser 
concedido quando presentes e atendidos os requisitos exigidos pelo artigo 14 da 
Lei n. 5.584/70, motivo pelo qual, não estando presentes esses requisitos, deve 
 
ser indeferida a concessão deste benefício à reclamante. Salienta-se ainda 
que o artigo 133 da CF de 1988 não revogou a referida Lei, tampouco, o “jus 
postulandi”, próprio do processo do trabalho, assegurado pelo 
artigo 791 da Consolidação das Leis do Trabalho. 
 Não pode ser desvirtuada a natureza do benefício da gratuidade 
judiciária, visto que destinada a pessoas sem possibilidade de sustento próprio e 
de sua família, não sendo este o caso do demandante. 
 Atualmente, a simples afirmação de miserabilidade jurídica não basta 
para o deferimento da assistência judiciária gratuita. Revogada foi a presunção de 
pobreza anteriormente estabelecida em lei ordinária. A Nova Constituição Federal, 
mais precisamente em seu artigo V, inciso LXXIV, determina: "O Estado prestará 
assistência judiciária e integral gratuita aos que comprovarem a insuficiência de 
recursos". 
 A simples declaração de pobreza não tem, no Processo do Trabalho, 
a mesma força que possui na Justiça Comum. Isto é, não basta a simples 
declaração para a requerente ser considerada impossibilitada de sustento próprio, 
deve haver comprovação, mediante atestado da autoridade local do Ministério do 
Trabalho (art. 14, § 2º, da Lei nº 5.584/70) da situação econômica peculiar. 
Na espécie, o reclamante, contrariando dispositivo constitucional, não comprovou 
a condição alegada. 
 Assim, em sede preliminar, requer-se o indeferimento do pedido de 
AJG. 
 
 Na remota hipótese de procedência da ação – o que se diz em respeito 
ao principio da eventualidade - a reclamada requer a aplicação das Súmulas 219 e 
329 do TST, devendo a condenação limitar-se ao valor de 15% conforme regra 
processual celetista vigente. 
 
 
III. PREJUCICIAL DE MÉRITO – PRESCRIÇÃO QUINQUENAL 
 
 
 O Reclamante postula em sua reclamatória trabalhista ajuizada em 25 
de maio de 2020 o pagamento de verba derivada de todo contrato laboral. 
 
 Entretanto, conforme art. 7, XXIX, da CF/88, art. 11, I, da CLT e 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11271665/artigo-14-da-lei-n-5584-de-26-de-junho-de-1970
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103579/lei-5584-70
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/1014783/artigo-133-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10650083/artigo-791-do-decreto-lei-n-5452-de-01-de-maio-de-1943
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11271665/artigo-14-da-lei-n-5584-de-26-de-junho-de-1970
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11271607/par%C3%A1grafo-2-artigo-14-da-lei-n-5584-de-26-de-junho-de-1970
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103579/lei-5584-70
 
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Súmula 308, I do TST, a prescrição trabalhista concerne as pretensões 
imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do ajuizamento da 
reclamação, como vemos a seguir: 
 
PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL (incorporada a Orientação 
Jurisprudencial nº 204 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 
25.04.2005 
I. Respeitado o biênio subsequente à cessação contratual, a prescrição 
da ação trabalhista concerne às pretensões imediatamente anteriores 
a cinco anos, contados da data do ajuizamento da reclamação e, não, 
às anteriores ao quinquênio da data da extinção do contrato. (ex-OJ nº 
204 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000) 
II. A norma constitucional que ampliou o prazo de prescrição da ação 
trabalhista para 5 (cinco) anos é de aplicação imediata e não atinge 
pretensões já alcançadas pela prescrição bienal quando da 
 
promulgação da CF/1988. (ex-Súmula nº 308 - Res. 6/1992, DJ 
05.11.1992) 
 (TST, Súmula nº 308) 
 
Portanto, requer a extinção do processo, com resolução do mérito, nos termos do 
art. 269, IV, do CPC, no que tange às verbas pleiteadas anteriores ao dia 
25/05/2015. 
 
 
 
IV. PREJUDICIAL DE MÉRITO – PRESCRIÇÃO BIENAL 
 
 
 O reclamante postulou pelo pagamento de horas extras e seus 
reflexos, indenização de 30 minutos durante o período em que laborou para a 
reclamada e multa do art. 467da CLT, tendo em vista a extinção do contrato de 
trabalho em 06/05/2018. 
 
 Entretanto, conforme o art. 7, XXIX, da CF/88, art. 11, I, da CLT, e 
Súmula 308, I, do TST, ocorre a prescrição bienal/total da reclamação trabalhista 
proposta após o prazo de 2 anos contados da extinção do contrato de trabalho. 
 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem 
à melhoria de sua condição social: (...) 
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo 
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de 
dois anos após a extinção do contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 28, de 2000) 
 
 Portanto, a partir do dia 07/05/2020 resta prescrita a Reclamação 
trabalhista. 
 
 
 
 
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PRESCRIÇÃO BIENAL. INTERRUPÇÃO. AJUIZAMENTO DE AÇÃO 
ANTERIOR. IDENTIDADE DE PEDIDOS. NÃO COMPROVADA. Nos termos 
da Súmula 268 do C. TST, "A ação trabalhista, ainda que arquivada, 
interrompe a prescrição somente em relação aos pedidos idênticos.". Não 
tendo o reclamante juntado aos autos cópia da petição inicial da ação 
anteriormente distribuída, não há prova da alegada identidade de pedidos. 
Ademais,a cópia da ata de audiência daquela ação indica em seu cabeçalho 
apenas uma reclamada (a primeira), sem qualquer menção à segunda 
demandada nos presentes autos - o que também afastaria a identidade de 
pedidos, em especial quanto à responsabilidade solidária das corrés ou 
responsabilidade subsidiária da 2ª reclamada. Assim, tendo sido a presente 
ação distribuída após já decorridos dois anos da extinção contratual, de rigor 
a pronúncia a prescrição bienal, nos termos do art. 7º, XXIX, da CF, com a 
extinção do feito com resolução do mérito, nos termos do art. 487, II, do 
CPC/2015. Sentença mantida por seus próprios e jurídicos fundamentos. 
Recurso do reclamante desprovido. (TRT-2, 1001927-19.2017.5.02.0030, 
Rel. PAULO EDUARDO VIEIRA DE OLIVEIRA - 3ª Turma - DOE 06/02/2019) 
 
 Desta forma, requer a extinção do processo, com resolução do mérito, 
nos termos do art. 269, IV, do CPC. 
 
 
V. DAS HORAS EXTRAS 
 
 
 Nos termos da clara redação da CLT, em seu art. 58, “A duração 
normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, nao 
excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que nao seja fixado expressamente outro 
limite”. 
 O reclamante, Diferentemente do alegado, exercia suas atividades 
dentro este período, como prova testemunhal pode corroborar, nao podendo ser 
computado qualquer período como hora extra. 
 
• HORAS EXTRAS. MANUTENÇÃO DO JULGADO. Não 
comprovado, nos autos, que o autor cumpria a extensa jornada 
descrita na petição inicial, sobretudo porque sequer produziu prova 
testemunhal a fim demonstrar sua tese de que havia fraude nos 
registros de horários, mantém-se a sentença que corretamente 
indeferiu o pagamento das horas extras perseguidas. Recurso 
conhecido e desprovido. (TRT-20 00008357120155200004, 
Relator: FABIO TULIO CORREIA RIBEIRO, Data de Publicação: 
20/11/2017) 
 Cumpre alegar que a Reclamada possuia duas outras colaboradoras 
que laborava com igual horario ao Reclamante, e podendo substitui-lo durante seu 
período ausente para refeição e descanso. 
 
 
 
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DAS HORAS INTRAJORNADAS 
 
 A Reclamante foi contratada para laborar no horário de 
08h00min às 17h00min, de segunda à sexta-feira e das 08h00min às 12h00min no 
sábado, sempre com horário intrajornada para descanso e refeição pré-estabelecido 
entre as 12h00min e 13h00min, todavia, esse horário poderia se fazer mutável de 
acordo com a vontade da reclamada e de seus colegas, por isso, torna-se frequente 
o espelho de ponto com horário intrajornada das 11h00min às 12h00min e 
13h00min às 14h00min, com algumas variações, que sempre foram consideradas 
para pagamento de horas extras ou folga pelo banco de horas. Por esse motivo, há 
de se destacar que a Reclamada já foi advertida diversas vezes verbalmente, a 
ponto de ser advertida formalmente através de documento de advertência escrita 
(documento em anexo) 
 
 Veja Excelencia, que se a reclamante despendia de tempo de seu 
horario de descanso, ou apos sua jornada regular, para tarefas laborais, o que 
confirma apenas para argumentar, foi devido a sua indisciplina e desorganização 
com as tarefas lhe passadas, as quais eram cumpridas com horarios criteriosos por 
seus colegas de trabalho, e que, mesmo nao sendo cumpridas em tempo habil, a 
Reclamada nunca obrigou a Reclamante a permanecer trabalhando fora do horario 
estipulado. 
 Ora, Excelencia, condenar a Reclamada nesse sentido é admitir que 
as empresas sao obrigadas a pagar pelo tempo em que o empregado se faz ocioso 
propositalmente, apenas para acumular o conhecido banco de horas, o que é um 
absurdo. 
 Condenações nesse sentido, certamente desestimulam a atividade 
empresarial no país e consequentemente aumenta o desemprego. 
 Nesse passo, a Reclamada contesta os horários elencados na petição 
inicial, por serem absolutamente inverídicos e aleatórios. 
 
 
 
VI. DA CONTESTAÇÃO AOS DOCUMENTOS JUNTADOS 
 
 
 Ora Excelência, despiciendo tecer comentários acerta da 
documentação juntada ao processo, requer a contestação de todos os documentos, 
por manifestadamente insuficientes a provar suas alegações, consoante a falta de 
petição da juntada da convenção coletiva de trabalho, dessa forma julgando 
improcedente a ação. 
 
 
VII. CONTESTAÇÃO AO PAGAMENTO DA MULTA DO ART. 467 
 
 Por cautela, pois há de se esperar que todos os pedidos da reclamada 
sejam julgados como improcedentes em sede prefacial, tem-se que inexiste 
 
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fundamento para a pretensão acerca da multa em tela, na medida em que todas as 
parcelas e obrigações rescisórias foram adimplidas dentro do prazo legal, conforme 
documento anexado pela reclamante, restando afastada a incidência da multa do 
art. 467 da CLT. 
 
 
 
VIII. DOS HONORARIOS ADVOCATÍCIOS 
 
 
 Improcede quaisquer das pretensões postuladas pelo Reclamante, 
requerendo o Reclamado, desde já, seja o Autor condenado ao pagamento da 
sucumbência recíproca, consoante artigo 791-A, caput e §3º da CLT. 
 
Ar t. 791 -A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, 
serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o 
mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15 % (quinze 
por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da 
sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível 
mensura-lo, sobre o valor atualizado da causa. (Incluído pela 
Lei nº 13.4 67, de 2017) 
 
 Assim, levando-se em consideração os dispositivos legais que regulam 
a matéria, em caso de deferimento de honorários advocatícios que seja aplicada à 
regra da sucumbência recíproca e sejam fixados honorários advocatícios ao 
reclamado relativos à parte improcedente da ação, tendo o reclamado direito ao 
recebimento de honorários de sucumbência. 
 
 
 
 
 
 
IX. CONCLUSÃO 
 
Diante do Exposto, requer à Vossa Excelência: 
 
a) O acolhimento da prescrição quinquenal bem como a extinção do processo com 
resolução do mérito, nos termos do art. 487, ll do CPC, quanto às parcelas 
anteriores a 5 anos contados do ajuizamento da ação; 
b) O acolhimento da prescrição bienal/total, bem como a extinção do processo com 
resolução do mérito, nos termos do art. 485, ll do CPC; 
c) Sejam julgados improcedentes os pedidos relativos aos reflexos das verbas 
contratuais e rescisórias; 
d) A total improcedencia dos pedidos de hora extra 
e) Por todo o exposto, requer, que seja declarado improcedente todos os pedidos na 
exordial, condenando-o ao pagamento das custas processuais; 
f) Considerando decisão contrária a esperada, requer dedução/compensação de 
todos os valores eventualmente já alcançados à parte autora com a mesma rubrica 
ou o mesmo título, na forma do art. 767 da CLT; 
 
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g) O deferimento da contestação à Justiça Gratuita concedida, com a condenação do 
Reclamante ao Pagamento das custas processuais e honorários advocatícios nos 
parâmetros previstos no art. 85, §2° do CPC; 
h) Uma vez protocolada a contestação, caso o reclamante não compareça à audiência 
inaugural, requer seja aplicada a pena de confissão, e não o arquivamento da 
demanda, por inteligência da aplicação conjunta dos artigos 841, § 3 °, 844§2° e 
847, paragrafo único, todos da CLT, já que o não comparecimento do ator implica 
desistência da ação, e esta é vedada sem a concordância da reclamada após 
oferecida defesa. 
 
 Os documentos ora juntados, inclusive aqueles referentes a 
representação processual, são declarados por este procurador signatário como 
autênticos, a teor do que dispõe o artigo 830 da CLT. Por derradeiro, a ora 
contestante contesta expressamente os argumentos lançados na exordial, os 
documentos juntados pela parte autora aos autos, bemcomo os pedidos requeridos. 
 
 Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito 
admitidos, em especial o depoimento pessoal do reclamante, prova testemunhal e 
pericial. 
 
 
 Nestes termos, 
 Pede deferimento. 
 
 Caldas Novas/Goiás, 31 de maio de 2020. 
 
Daniel Lucio Tomé Correia 
OAB/GO 
- Assinado digitalmente – 
 
Carolina Marques Leite Souza 
OAB/GO 
- Assinado digitalmente –