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2020 - PROCEDIMENTOS ESPECIAIS E EXECUÇÃO PENAL - O LUGAR DA PRISÃO NA NOVA ADMINISTRAÇÃO DA POBREZA

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS E EXECUÇÃO PENAL 
O LUGAR DA PRISÃO NA NOVA ADMINISTRAÇÃO DA POBREZA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
André Luiz Moderno Regis – RA 2239149 
Fernanda Elis Almeida Ramos – RA 7310240 
Sheila Cristina Santos Figueiredo – RA 8405600 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2020 
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS E EXECUÇÃO PENAL - Leitura do texto de 
forma crítica a partir da qual deverá ser produzido texto reflexivo que envolva 
suporte doutrinário sobre a temática: O LUGAR DA PRISÃO NA NOVA 
ADMINISTRAÇÃO DA POBREZA. 
1. ERA PÓS FORDISTA E ERA PÓS KEYNESIANA 
O fordismo foi um modelo de produção industrial utilizado amplamente nos 
Estados Unidos e revolucionou a produção de automóveis, sendo adaptado para 
outras indústrias ao longo dos anos. Como o nome já diz, foi um modelo criado pelo 
idealizador das indústrias Ford, Henry Ford. 
Ford aperfeiçoou uma prática que já existia na Europa, desenvolvida por 
Frederick Taylor, e a adaptou para suas indústrias automobilísticas. Com as 
adaptações, como a linha de montagem e a padronização dos produtos fabricados, 
a produtividade era alta, e o tempo de produção, muito baixo, o que resultou em um 
modelo de sucesso no início de sua implementação. Ao adaptar as ideias de Taylor, 
Ford retirou da fabricação todos os componentes que pudessem ser artesanais, 
implementando, assim, uma total automatização dos processos industriais. Para 
isso, algumas características precisam ser explicadas a fim de melhorar o 
entendimento desse modelo. 
Padronização da produção: Henry Ford estabeleceu padrões nos seus 
automóveis, introduzindo máquinas que cortavam todos os componentes do veículo 
e os moldavam, diminuindo possíveis erros humanos. Esteira rolante e linha de 
montagem: entre as principais inovações de Ford, uma das mais significativas em 
relação à produção foi à linha de montagem, vinda com uma esteira rolante que 
levava o produto a ser trabalhado para o operário. Desse modo, o operário ficava 
parado em sua posição, esperando sua demanda. Com isso, os trabalhadores 
ficavam submissos a movimentos mecanizados e relativamente simples. Era essa 
esteira que controlava o tempo de produção na indústria. O trabalhador ficava 
parado enquanto o automóvel se deslocava até o final da produção, o acabamento. 
Antes de Henry Ford, outro empresário já havia pensado em um modelo de 
produção que atendesse à demanda da época (que aumentava cada vez mais) e 
fosse prática. Frederick Wislow Taylor desenvolveu um modelo em que 
o conhecimento do processo de produção era exclusivo de uma pessoa – no caso, 
um gerente. O trabalhador não precisava saber o porquê da sua função, mas 
apenas executá-la. Foi um período de baixa qualificação técnica, em que cabia ao 
operário apenas a execução de suas tarefas e em um ritmo acelerado para 
maximizar os lucros. 
Em um dado momento, mais especificamente durante a crise de 
superprodução de 1929, a produção não estava mais sendo absorvida pelo 
mercado. Neste momento, várias empresas faliram por ter o estoque cheio, mas não 
ter quem consumisse seus produtos. O Estado Norte-americano aumentou o 
mercado consumidor através do New Deal, criado por Keynes, medida que levou à 
criação de um Estado Keynesiano e do bem-estar social. Neste momento, o objetivo 
do Estado não é a preocupação com a qualidade de vida da população, mas sim 
aumentar o mercado consumidor. 
Dentre as medidas do Estado Keynesiano destacam-se as seguintes: O 
pleno emprego: Segurança para os trabalhadores de que não haveriam demissões, 
apesar da crise e por sua vez a necessidade de corte de gastos. Caso ocorressem 
demissões haveriam outros postos de trabalho disponíveis. Esta medida aumentou o 
consumo. Diminuição da carga horária destinada ao trabalho. Estas duas medidas 
reaqueceram a produção industrial ao formar um mercado consumidor. Isto originou 
o que ficou conhecido como o American Way of life1, em que a população tinha 
dinheiro e passou a consumir muito. 
Em geral o pós-fordismo é o conceito utilizado para definir um modelo de 
gestão produtiva que se diferencia do fordismo, no que se refere, em especial, a 
organização do trabalho e da produção. Assim, ao invés de centrar-se na produção 
em massa, característica do fordismo, o modelo pós-fordista fundamenta-se na ideia 
de flexibilidade. Por isso, trabalha com estoques reduzidos, voltando-se para a 
fabricação de pequenas quantidades. A finalidade desta forma de organização é a 
de suprir a demanda colocada no momento exato (just in time), bem como atender 
um mercado diferenciado, dotado de públicos cada vez mais específicos. Deste 
modo, neste regime os produtos somente são fabricados ou entregues a tempo de 
serem comercializados ou montados. Isto permite que a indústria possa acompanhar 
as rápidas transformações dos padrões de consumo. O Sistema Toyota de 
Produção ou simplesmente toyotismo, idealizado pelo engenheiro mecânico 
japonês Taiichi Ohno é considerado um dos expoentes do pós-fordismo (Lavinas, 
 
1 O American Way ou American way of life é a expressão aplicada a um estilo de vida que funcionaria 
como referência de auto-imagem para a maioria dos habitantes dos Estados Unidos da América. 
2009). 
Pós-fordismo: uma definição mais ampla Todavia,o pós-fordismo pode ser 
compreendido de forma mais ampla: como um dos paradigmas da teoria do pós-
industrialismo, formulado por pensadores marxistas (KUMAR, 1997). Neste sentido, 
é utilizado para designar não apenas um novo modelo de gestão produtiva, mas 
também o período de mudanças do capitalismo que foi acompanhado da ascensão 
de novas configurações da organização industrial e da vida social e política. Estas 
transformações foram originadas a partir da crise estrutural do fordismo, 
desencadeada no início dos anos 1970 (KUMAR, 1997); (HARVEY, 2008). 
O Keynesianismo, também chamado de Escola ou Teoria Keynesiana, é 
uma doutrina político-econômica oposta ao liberalismo. ... Essa teoria foi muito 
importante para renovar a teoria econômica clássica. Pautada na chamada 
“macroeconomia”, propõe um regime de pleno emprego e o controle da inflação. 
Apreender a mudança das funções do estado penal na era pós-fordista e 
pós-keynesiana exige uma dupla ruptura. Primeiro, deve-se romper o paradigma do 
"crime e castigo", materializado pela criminologia e o direito penal, que nos mantém 
confinados à perspectiva estreita da imposição do cumprimento da lei, incapaz de 
considerar o grau cada vez maior de punições aplicadas pelas autoridades, que 
ignoram na mesma proporção às finalidades extrapenais da prisão. Basta uma única 
estatística para fazer sobressair à falta de conexão flagrante e crescente entre crime 
e encarceramento nos Estados Unidos: em 1975, o país prendia 21 criminosos para 
cada 1.000 crimes graves (homicídio, estupro, agressão, roubo, assalto e furto de 
carros); em 1999, este número havia chegado a 1061. 
Se considerarmos o crime como uma constante, a sociedade norte-
americana é cinco vezes mais punitiva hoje do que era há um quarto de século. 
Porém, é preciso afastar o conto oposicionista do "complexo industrial prisional", 
defendido por ativistas, jornalistas e acadêmicos mobilizados contra a escalada 
penal, que de formas variadas atribuem equivocadamente a explosão do 
encarceramento dos Estados Unidos à reestruturação global do capitalismo, que 
intensificou o racismo, e à corrida frenética em busca do lucro por meio da 
construção de penitenciárias e da superexploração do trabalho de detentos. 
2. TRABALHO NO SISTEMA PRISIONAL 
O modelo penitenciário Brasileiro foi construído para servir aos senhores, em 
tempos de revolução, império e ditadura, onde o pensamento acerca de pessoa 
presa era completamente diferente dos vivido atualmente, poiso país nunca tinha 
vivido nenhum momento de democracia tão longo, o que sem duvida, influi na 
administração publica, e esta, por sua vez, age diretamente na administração 
carcerária. 
O Brasil convive com um abandono do sistema prisional, o que deveria ser 
um instrumento de ressocialização, muitas vezes, funciona como escola do crime, 
devido à forma como é tratado pelo estado e pela sociedade (ASSIS, 2007). 
Anote-se, que a Lei de Execuções Penais, em seu art. 1º, estabelece que “a 
execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão 
criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado 
e do internado,”, além disso, a mesma norma prevê a classificação, assistência, 
educação e trabalho, aos apenados, o que visivelmente, não é cumprido na sua 
integralidade. 
Nas expressões de Assis (2007, p. 1), o descaso com a saúde do preso é 
deplorável, observe: 
“A superlotação das celas, sua precariedade e sua insalubridade tornam as 
prisões num ambiente propício à proliferação de epidemias e ao contágio de 
doenças. Todos esses fatores estruturais aliados ainda à má alimentação 
dos presos, seu sedentarismo, o uso de drogas, a falta de higiene e toda a 
lugubridade da prisão, fazem com que um preso que adentrou lá numa 
condição sadia, de lá não saia sem ser acometido de uma doença ou com 
sua resistência física e saúde fragilizadas. O que acaba ocorrendo é uma 
dupla penalização na pessoa do condenado: a pena de prisão propriamente 
dita e o lamentável estado de saúde que ele adquire durante a sua 
permanência no cárcere. Também pode ser constatado o descumprimento 
dos dispositivos da Lei de Execução Penal, a qual prevê no inciso VII do 
artigo 40 o direito à saúde por parte do preso, como uma obrigação do 
Estado. Outro descumprimento do disposto da Lei de Execução Penal, no 
que se refere à saúde do preso, é quanto ao cumprimento da pena em 
regime domiciliar pelo preso sentenciado e acometido de grave enfermidade 
(conforme artigo 117, inciso II). Nessa hipótese, tornar-se-á desnecessária a 
manutenção do preso enfermo em estabelecimento prisional, não apenas 
pelo descumprimento do dispositivo legal, mas também pelo fato de que a 
pena teria perdido aí o seu caráter retributivo, haja vista que ela não poderia 
retribuir ao condenado a pena de morrer dentro da prisão. Dessa forma, a 
manutenção do encarceramento de um preso com um estado deplorável de 
saúde estaria fazendo com que a pena não apenas perdesse o seu caráter 
ressocializador, mas também estaria sendo descumprindo um princípio 
geral do direito, consagrado pelo artigo 5º da Lei de Introdução ao Código 
Civil, o qual também é aplicável subsidiariamente à esfera criminal, e por via 
de consequência, à execução penal, que em seu texto dispõe que “na 
aplicação da lei o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às 
exigências do bem comum”. 
O trabalho durante o cumprimento da pena é, sem duvida, um fator muito 
importante no processo de ressocialização do condenado. O recluso precisa não só 
adquirir o hábito de trabalhar como também aprender uma profissão que o faça 
ganhar a vida honestamente ao adquirir a liberdade. Com muita precisão escreveu o 
professor Francisco Bueno Arús, a respeito do trabalho dos internos: 
 “Sem necessidade de incorrer nos exageros de Howard (<Faça um homem 
trabalhador e será honrado>) é de se convir que a atividade laborativa dos 
reclusos e imprescindível por uma séria de razões; do ponto-de-vista 
disciplinar, evita os efeitos corruptores do ócio e contribui para manter a 
ordem; do ponto-de-vista sanitário é necessário que o homem trabalhe para 
conservar seu equilíbrio orgânico e psíquico; do ponto-de-vista educativo o 
trabalho contribui para a formação da personalidade do individuo; do ponto-
de-vista econômico, permite ao recluso dispor de algum dinheiro para suas 
necessidades e para subvencionar a sua família; do ponto-de-vista da 
ressocialização, o homem que conhece um ofício tem mais possibilidades 
de fazer vida honrada ao sair em liberdade. 
Com efeito, e urgente à necessidade de buscar formas de combate à 
ociosidade no cárcere e minorar as suas consequências que são desastrosas. 
A Lei de Execução Penal (LEP) que entrou em vigor com a nova Parte Geral 
do Código Penal, em 13 de janeiro de 1985, e um avançado texto legal. Foi instituído 
no sentido imanente da adoção de meios e métodos que proporcionem a defesa 
social e a ressocialização do recluso. 
Em regra, a prisão somente pode ser efetuada por ordem escrita da 
autoridade competente, que é a judiciária, porém existem exceções legais como, por 
exemplo, nos caso de flagrante delito; quando decorrente de transgressão militar ou 
de crime propriamente militar; quando for efetivada no curso do estado de defesa ou 
de estado de sítio; bem como na recaptura do foragido. 
O crime deve ser detalhadamente descrito, para que a pessoa saiba o 
porquê está sendo capturada. Deve, ainda, arbitrar o valor da fiança, em sendo o 
crime afiançável, para que o capturado possa obter de imediato sua liberdade 
provisória. A ordem poderá ser cumprida em qualquer dia e horário desde que 
respeite a inviolabilidade do domicílio. 
Após ser detido, o preso será informado de seus direitos, podendo, inclusive, 
ficar calado sem que isso importe em prejuízo a defesa. Ainda lhe será assegurada a 
assistência da família e de um advogado, tendo direito a identificação dos 
responsáveis pela sua prisão. Caso o autuado não informe o nome de seu 
advogado, será comunicado à Defensoria Pública. 
No momento da apreensão, a lei apenas admite o uso da força se esta for 
extremamente necessária, quando houver resistência ou tentativa de fuga do preso, 
sendo que ela não poderá exceder o indispensável ao cumprimento do mandado. 
Havendo excesso este constituirá ilícito penal. 
Conforme lição do doutrinador Fernando Capez, "prisão é a privação de 
liberdade de locomoção determinada por ordem escrita da autoridade competente 
ou em caso de flagrante delito". A prisão é um "castigo" imposto pelo Estado ao 
condenado pela prática de infração penal, para que este possa se reabilitar visando 
restabelecer a ordem jurídica violada. 
Embora seja este o sentido técnico da palavra, no direito pátrio, ela possuí 
vários significados diferentes, tais como pena privativa de liberdade; o ato da 
captura; a própria custódia etc. 
O direito divide a prisão em diferentes espécies, são elas: 
a) Prisão-pena: imposta depois do trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória. Não tem natureza acautelatória, já que visa à satisfação da pretensão 
executória do Estado. 
b) Prisão sem pena (processual): tem natureza processual, e assegura o 
bom andamento da investigação e do processo penal, evitando, ainda, que o réu 
volte a cometer crimes, se solto. Deve satisfazer os requisitos do "fumus bonis 
juris2" e "periculum in mora3". Nela, estão incluídas a prisão em flagrante; a prisão 
preventiva e a prisão temporária. 
c) Prisão civil: não se refere à infração penal, mas sim ao não cumprimento 
de uma obrigação civil. Após a inserção no ordenamento jurídico pátrio do Pacto de 
San José da Costa Rica, entende-se que ela apenas é cabível no caso do devedor 
de prestações alimentícias. 
d) Prisão administrativa: destina-se a forçar o devedor a cumprir sua 
obrigação. Nos termos da Súmula 280, do STJ, "o art. 35 do Decreto-Lei n° 7.661, 
de 1945, que estabelece a prisão administrativa, foi revogado pelos incisos LXI e 
LXVII do art. 5° da Constituição Federal de 1988". 
e) Prisão disciplinar: é a estabelecida pelo art. 5º, LXI, 2ª parte, da CF, o 
qual afirma que "ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita 
 
2 Fumus boni juris é a expressão latina que significa sinal de bom direito ou aparência de bom 
direito.Também pode ser usado no sentido de que "onde há fumaça há fogo", assim ficaa impressão 
de que se há indícios, haverá crimes ou ilícitos civis. 
3 Periculum in mora, significa Perigo da demora. É o risco de decisão tardia, perigo em razão da 
demora. Expressa que o pedido deve ser julgado procedente com urgência ou imediatamente 
suspenso o efeito de determinado ato ou decisão, para evitar dano grave e de difícil reparação. 
e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de 
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei". 
f) Prisão para averiguação: é aquela feita sem autorização e apenas para 
investigação (exceto nos casos de flagrante). É proibida pela lei por configurar abuso 
de autoridade. 
Diante de uma análise do sistema carcerário, sua evolução até chegar aos 
dias atuais. Traz as conceituações dos estabelecimentos prisionais, buscando 
identificar as diferenças entre os modelos adotados, conforme opinião de estudiosos 
que visitaram prisões em diferentes partes do mundo. Relatando brevemente a atual 
falência do sistema penitenciário, buscando levantar os maiores problemas que 
assolam as casas de recuperação em nosso país, como a saúde precária, a 
superpopulação, o poder paralelo, bem como, a visão da sociedade atual, no tocante 
ao preso, a pena de morte e o estabelecimento penitenciário. 
3. PRISÃO E O TRABALHO DESQUALIFICADO 
O Brasil tem milhares de presos trabalhando de graça para empresas e 
órgãos governamentais, que, por fora da lei, se beneficiam desta mão de obra 
vulnerável para baratear seus custos. Outras companhias pagam aos detentos um 
valor muito abaixo do que prevê a legislação. É um lucrativo e obscuro negócio que 
ocorre atrás das grades das penitenciárias do país que tem a terceira maior 
população carcerária do mundo. As companhias dos setores público e privado 
firmam acordos com os Estados para explorar a mão de obra dos internos: o regime 
de trabalho dos presos não é regulado pela Consolidação das Leis do 
Trabalho (CLT), e sim pela Lei de Execuções Penais, que prevê uma remuneração 
de ao menos três quartos do salário mínimo. Dispõe o artigo 29 da Lei 7.210/84, Lei 
de Execuções Penais: 
Art. 29. O trabalho do preso será remunerado, mediante prévia tabela, não 
podendo ser inferior a 3/4 (três quartos) do salário mínimo. 
§ 1º O produto da remuneração pelo trabalho deverá atender: 
a) à indenização dos danos causados pelo crime, desde que determinados 
judicialmente e não reparados por outros meios; 
b) à assistência à família; 
c) a pequenas despesas pessoais; 
d) ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a manutenção 
do condenado, em proporção a ser fixada e sem prejuízo da destinação 
prevista nas letras anteriores. 
§ 2º Ressalvadas outras aplicações legais, será depositada a parte restante 
para constituição do pecúlio, em Caderneta de Poupança, que será 
entregue ao condenado quando posto em liberdade. 
Dispõe a Lei de Execucoes Penais, que o trabalho do preso e do internado 
deve ser remunerado adequadamente, não se reconhecendo mais o regime de 
“gorjetas” e “regalias” ou ainda uma remuneração simbólica. 
Diante dessas regras o trabalho do preso deve ser remunerado mediante 
prévia tabela, não podendo ser inferior a três quartos do salário-mínimo. Se de um 
lado, evita-se que os Poderes Públicos se valham das aptidões profissionais dos 
presos em trabalhos gratuitos, provoca polêmicas em face da irrealidade de sua 
proposição. 
CONSTITUCIONAL, TRABALHISTA E PENITENCIÁRIO. ARGUIÇÃO 
DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. ART. 29 
DA LEI 7210/1984 (LEI DE EXECUÇÃO PENAL). PISO DA 
REMUNERAÇÃO DO TRABALHO DO PRESO AQUÉM DO 
SALÁRIO MÍNIMO. ARTS. 1º, III E IV; 5º CAPUT, 6º E 7º, IV E 170, 
CAPUT, DA CR. NÃO RECEPÇÃO DA NORMA DA LEP. 1. Fixação 
do piso remuneratório do trabalho de cidadãos presos em ¾ do 
salário mínimo viola os princípios da dignidade humanda e da 
isonomia, a garantia de salário mínimo (art. 7º, IV, da Constituição da 
República) e o valor social do trabalho (arts. 1º,IV, 6º, e 170, caput,da 
CR). 2. O art. 29, caput, da Lei 7210 de 11 de julho de 1984 (Lei de 
Execução Penal), não foi recepcionado pela Constituição de 1988. 3. 
A declaração de não recepção do Art.29 da LEP pela CR não retira 
fundamento legal para remuneração do trabalho do preso, pois o 
direito a trabalho e a sua remuneração estão previstos na CR e, no 
plano infraconstitucional, no art. 41,II da LEP. 4. Parecer pela 
procedência do pedido. (ADPF 336/DF) 
 
Paulo Lúcio Nogueira (Comentários à lei de execução penal, 1990, pág. 34) 
dizia que “não há dúvida de que a disposição legal é das mais meritórias, no 
entanto, não tem sido observado justamente por falta de condições de trabalho nos 
presídios, fato que precisa ser encarado com seriedade visto que o trabalho é 
indispensável ao preso ou condenado”. 
O trabalho executado pelo preso, mesmo com condenação definitiva, não 
tem a característica de autonomia da sua vontade, mas leva-se em conta as suas 
condições físicas, mentais, intelectuais e profissionais, como vem estabelecido no 
artigo 31 da LEP. A determinação legal muitas vezes não tem como ser atendida por 
falta de oferta de trabalho compatível com as aptidões e capacidade do internado. 
Segundo a Exposição de Motivos da Lei de Execução Penal, a disposição visa evitar 
os possíveis antagonismos entre a obrigação do condenado de trabalhar e suas 
aptidões e a capacidade para a execução da atividade laborativa designada. E, já 
com vistas à reintegração social do detento, a classificação para determinado tipo de 
trabalho, na medida do possível, deve levar-se em conta as necessidades futuras do 
preso e as oportunidades oferecidas pelo mercado. Mas, na maioria das vezes, isso 
não acontece, dado a impossibilidade de ofertas de trabalho compatíveis que são 
oferecidas nos Estabelecimentos Prisionais. 
Considera-se trabalho interno aquele que e exercido nas dependências do 
Estabelecimento Prisional, em suas áreas externas, com ou sem vigilância. As 
atividades laborativas são executadas em oficinas, laboratórios, panificadoras, 
jardins, lavoura, entre outras atividades feitas pelos condenados que se encontram 
em regime prisional fechado ou semiaberto, mas classificados para o trabalho, pela 
Comissão Técnica de Classificação. E admissível legalmente utilizar-se a mão-de-
obra de condenados na construção, reforma, manutenção e melhoramentos do 
estabelecimento prisional e nos serviços auxiliares comuns do estabelecimento tais 
como, enfermarias, escolas, cozinhas, lavanderias e todos os serviços executados 
em prol da Administração. Esses ofícios internos são de grande valia, pois ocupam o 
tempo dos detentos, evitam a ociosidade e contribuem para a sua ressocialização 
social, formação profissional e para a redução do gasto público. O Trabalho 
Penitenciário interno e dificultado, em regra, em decorrência da estrutura físico-
arquitetônica das penitenciárias que foram consumidas com a finalidade de guardar 
o preso, desvirtuando-se de sua finalidade educativa e ressocializadora. 
Como trabalho externo, de conformidade com a lei, entende-se aquele que e 
realizado além dos muros, com autorização da direção do estabelecimento, do Juiz 
da execução e até mesmo do Juiz sentenciante, sempre sob a fiscalização do 
Ministério Público. 
De todo o exposto, conclui-se que ocorreram poucos avanços, no que diz 
respeito ao sistema carcerário Brasileiro, ou seja, insuficientes para a demanda de 
um país imenso igual o nosso, impondo as autoridades e a sociedade, uma visão 
mais reformista e preocupada com o bem estar do ser humano, indiferentemente ao 
local em que este se encontra, deverá ser tratado como ser humano, com respeito. 
Além do espaço físico, o sistema pede de um olhar mais atuante, ou seja, vontade 
política, no sentido de treinamento de profissionais para lidar com os apenados, 
incluindo-se rol, médicos, advogados e todo um aparato mais humano, no sentido de 
valorizar a vida,que precisa de apoio para voltar a produzir frutos bons. 
Neste sentido, a ocupação do preso, torna-se imprescindível, juntamente 
com o ensino técnico, no intuito de aperfeiçoar o conhecimento deste e prepará-lo 
para seu retorno, sendo estes colocados num patamar de seres humanos iguais aos 
demais, após sua saída da prisão, enfrentando o mercado de trabalho e produzindo 
riquezas a sociedade novamente, pois se for diferente, o crime irá prepará-lo, aí 
todos tem a perder. 
O trabalho durante o cumprimento da pena é, sem duvida, um fator muito 
importante no processo de ressocialização do condenado. O recluso precisa não só 
adquirir o hábito de trabalhar como também aprender uma profissão que o faça 
ganhar a vida honestamente ao adquirir a liberdade. 
 Analisando todos os aspectos conjunturais do Brasil, percebe-se que as 
discussões acerca da temática precisam ser incentivadas, incluindo a sociedade civil 
organizada nesse debate, minimizando os problemas referentes ao sistema prisional 
nacional, trazendo a cena, por que não, os atores privados a participarem desse 
desafio, efetuar o tratamento penal. 
Ainda no tocante ao sistema pátrio, várias iniciativas poderiam ser tomadas, 
como a revisão de todo o modelo prisional, todavia, toda e qualquer reforma que se 
possa pensar, passa, no momento atual, pela necessidade de geração de maior 
número de vagas carcerárias. 
Contudo, a simples construção de vagas, não é a resposta a todos as 
demandas, é cogente, que os presídios tenham estruturas, capazes de abrigar seus 
detentos, maiores e finalidades melhores. Quanto à visão da sociedade, ressalta-se 
a necessidade de uma mudança de cultura, com uma visão mais humana, pois 
estamos falando de cidadãos que o estado cessa a liberdade, não a dignidade. 
Por fim, bate-se na tecla da educação, pois é desde o início da vida que se 
aprende a distinguir o certo do errado, sendo através da educação é que brotará a 
solução para mais este percalço da sociedade.

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