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O lugar da prisão na nova administração da pobreza

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Flavia Armiliato Maielo		RA 8053420		Turma 003110 A 02
Procedimentos especiais e Execução Penal 
Tatiana Freire de A D Alves
Análise crítica do texto: “O lugar da prisão na nova administração da pobreza”
 
O texto expõe o alto crescimento do estado penal norte- americano nos últimos anos, fazendo com que a população carcerária dos EUA crescesse de maneira absurda, por consequência dessa política adotada vem o aumento bastante significativo dos investimentos e na contratação de novos funcionários.
O que te faz acreditar a princípio, que nada tem de errado com esses dados, pois, podíamos interpretar como um sinal de que o Estado tem investido mais em segurança pra sua população e também ao tratamento mais digno de seus presos, e para isso realmente seria necessário um maior investimento, contratações e por consequência o aumento da população prisional que poderia significar menos bandidos impunes de seus crimes.
Cenário da famosa frase: “Guerra contra o crime”.
Acontece que por de trás desses dados, a verdade é muito mais cruel e a visão muito menos “romântica”. Onde a frase ideal, deveria ser “Combate ao crime”, pois estamos nos referindo a cidadãos, criminosos ou não, que tem seus direitos garantidos e que não podem ser expulsos ou aniquilados, mas sim, devem ser reintroduzidos na sociedade após o período de encarceramento.
Mas, a verdade por detrás disso que possa parecer é que o Estado americano vem fazendo do seu complexo penitenciário um “armário da pobreza”. Sim armário no seu mais literal sentido, onde indivíduos negros, pobres e de origem periférica, são armazenados como punição por seus crimes, como quem esconde a bagunça de sua casa. Joga ali e fecha a porta. 
O pensamento é que, o ocultamento da classe pobre elimina a pobreza, ou seja, o que não é visto não existe.
O sistema vem fazendo cortes violentos nos recursos voltados ao bem estar social para investir cada vez mais em punir e prender, ampliando o conceito de divisão entre pobres e ricos.
È uma visão distorcida que ao invés de promover recursos que ajudem a população a ter condições de ir a busca de uma vida mais digna e sair da pobreza, prefere investir no sistema prisional para manter longe da sua “civilização” as pessoas problemáticas, cruéis, negros, pobres, enfim, guarda no armário e fecha a porta para que ninguém possa ver aquilo que destoa da população perfeita. 
A nova gestão da miséria nos Estados Unidos põe o cárcere como opção de como governar os desafortunados, bestializados e sem condições financeiras num País extremamente ligado ao consumismo. Que vem usando sua expansão dos gastos públicos para confirmar sua administração penal, gastando muito dinheiro em penitenciarias e prisões, prendendo cada vez mais, propagando a segurança pública de forma a demonstrar aos eleitores descontentes com o aumento da criminalidade (causada pelo Estado ou pela falta dele) que o Estado faz sua parte em prender “vagabundos”, ou, “a antítese do sonho americano”.
Na verdade essa política de encarcerar por qualquer crime, aplicar penas rigorosas, submeter os ex-presidiários a exames toxicológicos com frequência e obrigá-los a prestar serviços sem qualificação e sem a devida remuneração, só alimenta nessas pessoas o seu sentimento de exclusão. Faz do complexo penitenciário apenas um “armário” da pobreza, pois não deixa de ser uma maneira de concentrar em um único lugar, controlável, todos aqueles considerados prejudiciais a “sociedade adequada”. 
Esse desajustado social, deve então, ser posto em um local de fácil vigilância constante e eficaz, ainda que sua vida se torne uma “subexistência” perante o caos e a violência, que a prisão gera. 
A prisão torna-se uma administradora da pobreza, pois devolve a sociedade indivíduos desclassificados para o mercado de trabalho, que não terão condições de pleitear condições dignas e nem reconhecimento, que só encontrarão oportunidade na economia informal, que são super explorados se sujeitando aos empregos abaixo da linha da pobreza. Os tornando trabalhadores órfãos de direitos sociais e cada vez mais distantes dos direitos jurídicos. 
Alem do que, essa nova política penitenciaria, só faz crescer a criminalização da pobreza, aumentando a discriminação racial e tornando ainda mais difícil a vida da população dos guetos. 
O autor sugere que diante dessa situação degradantemente eminente, a prisão deveria ser uma questão de ordem civil e sociológica e não de uma política criminal. Pois é o fator social e civil que leva o individuo a ser um detento e o mesmo indivíduo quando volta ao convívio da sociedade se torna um problema social e civil. 
O Brasil é o quarto pais que mais encarcera no mundo e esse número só vêm aumentando e para desafogar nossos presídios superlotados, nosso sistema carcerário precisaria dobrar em 01 (um) ano. 
Apesar de termos políticas carcerárias diferentes, tanto o Brasil quanto os EUA, fazem desse sistema, apenas uma maneira de administrar, muito mal e equivocadamente, a pobreza de sua população. 
É preciso grandes mudanças nas políticas sociais, no sistema penitenciário e na maneira de enxergar esses indivíduos, para que seja possível mudar essa triste realidade. 
Fica evidente pelos fatos e pelos dados que criamos indivíduos, que sofrem pela falta de acesso a educação, a saúde e a uma vida digna, mesmo sendo todos esses direitos fundamentais protegidos em nossa carta Magna, que muitas vezes só encontram oportunidades no mundo paralelo. Depois prendemos esses indivíduos e os tiramos do convívio da sociedade, sem investir em nada que lhe possa acrescentar em educação, profissionalização nem em inclusão. Devolvemos a sociedade esses mesmos indivíduos, sem a menor perspectiva de entrar em um mercado de trabalho lícito, ainda mais distante do acesso à educação e completamente excluído da sociedade. 
A política que vem sendo aplicada nos dois países, apesar de distintas, vem desenvolvendo cada vez mais a miséria e o segregamento das classes, onde o Estado é o dono dessa régua que só vem aumentar a distancia que existe entre elas. Trabalhando com políticas e com uma economia apenas em favor dos mais privilegiados, ampliando a pobreza e a miséria dos menos favorecidos em garantia da proteção dos privilegiados. Sem se incomodar com aqueles que são os verdadeiros responsáveis pela indústria e pelo comercio do nosso país. Pois é essa mão de obra desqualificada, barata e sem muitas garantia, que sustentam a economia desses países. 
Nosso país está com o sistema penitenciário abarrotado em todas as suas unidades prisionais, gastando fortunas, sem se preocupar em investir em garantias fundamentais da pessoa proporcionando mínimas condições de vida para a sua sobrevivência, em seu bairro e entre os seus, na vida anterior e posterior à prisão. 
Diante desses fatos, se faz desnecessário comentar, um fato incansavelmente exposto, sobre a criação de novas identidades e da criação de criminosos dentro das grades, numa anti resocialização praticada desde sempre.
A crise econômica que assola nosso país nos últimos anos e o capitalismo desenfreado, têm influenciado no aumento do desemprego, da pobreza extrema, do crescimento da população em situação de rua, do aumento da população sem renda, expondo a fragilidade do Estado quanto a proteção social da população, aumentando ainda mais a desigualdade social e todos os problemas que ela traz.
 Fato é que a desigualdade social está presente em todos os países do mundo e se caracteriza pela diferença entre as camadas mais ricas e mais pobres da população. Onde a má distribuição econômica e a falta de investimentos na área social geram problemas como a violência, a criminalidade, a fome, a desnutrição, o aumento do desemprego, as diferenças sociais entre as classes e a marginalização de uma parte da sociedade.
No Brasil a igualdade está prevista no artigo 5º da Constituição Federal, chamado de Princípio da Igualdade diz que todos são iguais perante a lei difere ainda igualdade formal da igualdade material que inclui as políticas públicas deredução da desigualdade social e erradicação da pobreza.
Investir na educação (que também é uma garantia constitucional, artigo 6º) e em políticas públicas, são formas de contribuir para a igualdade social. E não menos importante é necessário mudar o modelo de prisão, e fazer cumprir artigos existentes em todo o nosso ordenamento jurídico, como por exemplo, na LEP 7.210/ 84 que estabelece o direito do detento em ter acesso a profissionalização e que também fazem parte das regras mínimas da ONU n° 7.5, entre outras que ajudariam ex- detentos a voltarem à sociedade com melhores condições de retornar a vida em liberdade com dignidade.

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