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NOTA 02 PROTEÇÃO PENAL AO PATRIMÔNIO

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DIREITO PENAL - NOTA DE AULA Nº 02 – 30/03/2020
Professor – Francisco De Paula Neto – (6/7º Semestre)
PROTEÇÃO PENAL AO PATRIMÔNIO
Dos crimes contra a incolumidade pública
O que é incolumidade pública? (Preservação de bens jurídicos pertencentes a pessoas indeterminadas).
O que é o crime de perigo? (É a probabilidade de lesão de um bem ou interesse tutelado pela lei penal).
É dever do Estado garantir a segurança e a harmonia do convívio social. Para tanto o legislador erigiu à categoria de crimes as condutas que possam perturbar a tranquilidade dos indivíduos, lesando bens ou interesses considerados indispensáveis à sobrevivência do homem. Assim é que punem condutas que possam ofender a pessoa, seus bens etc.
A vontade do legislador está relacionada à proteção dos bens jurídicos de modo mais abrangente, incriminando-se fatos que provoquem simples perigo à estes mesmos bens.
Característica dos crimes contra a incolumidade pública é que ultrapassam a ofensa à determinada pessoa, para estender-se a indeterminado número de indivíduos, prejudicando ou ameaçando a segurança da convivência social. 
A coletividade e indeterminação são os critérios que distingue esses crimes dos contra a pessoa ou de outros delitos, como o do patrimônio.
Incêndio ( Art. 250 )
Tutela-se a incolumidade pública, uma vez que o incêndio expõe a perigo a vida, a integridade física, o patrimônio de um indeterminado número de pessoas.
Trata-se de crime de perigo comum e não individual; do contrário, poderá configurar-se, por exemplo, o crime de dano qualificado em face do direito individual atingido (Art.163, § único II). 
O patrimônio atingido pode ser o do próprio agente, mas para que o delito se configure é necessário a provocação de perigo á coletividade.
Ocorre quando alguém não toma os cuidados necessários em determinada situação e, por consequência, provoca um incêndio que expõe a perigo a incolumidade física ou patrimônio de número indeterminado de pessoas. ex: atirar ponta de cigarro em local onde pode ocorrer combustão.
NOTA: Deve ser comprovado no caso concreto que coisas ou pessoas sofreram riscos. Será necessário para a caracterização deste tipo penal que seja um fogo perigoso, pois se não oferecer risco a coletividade, não haverá caracterizado o delito. 
Ex: a provocação de incêndio em uma casa afastada não coloca em risco a coletividade.
Em cima do assunto discutido e estudado, analise os crimes possíveis no caso do incêndio da boate Kiss na cidade de Santa Maria – Rio Grande do Sul (ocorrido há 6 anos atrás). - Homicídio culposo/dolo eventual/incêndio/lesão corporal. 
NOTA: Não se poderá falar em tentativa, mas em crime impossível, se o meio ou objeto forem absolutamente inidôneos a provocar o incêndio.
Distinções:
· A) a conduta incendiar por inconformismo político constitui o crime previsto no Art.20 Lei de Segurança Nacional Lei 7.170/83)
· B) a conduta fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, constitui crime contra o meio ambiente.
· C) o Estatuto do Desarmamento em seu Art.16 § único III previu o emprego de artefato explosivo ou incendiário. O crime contra a incolumidade pública é de perigo concreto (o perigo deve ser comprovado), o que não é o caso do Art. 16 do Estatuto.
Explosão ( Art. 251 )
Tutela-se a incolumidade pública.
Difere do crime de incêndio quanto ao meio de execução, pois aqui a exposição pode ser praticada mediante explosão, arremesso ou colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos.
É uma detonação, um estouro, com um estrondo e violento deslocamento de ar. A conduta do agente caracteriza-se pela exposição a perigo (arriscar, colocar em perigo) a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem (número indeterminado de pessoas). 
O crime de "explosão" tem características semelhantes ao crime de "incêndio", de acordo com a qualificação doutrinária, tendo a mesma objetividade jurídica.
Ex: colocação de tambores de gás para utilização como combustível em veículo.
Distinções:
Vale dizer ainda da distinção do delito de explosão, quando este não oferecer risco ou situação de perigo, caso em que poderá ser caracterizado como crime de dano qualificado. A sabotagem ou o terrorismo, figuras atentatórias à Segurança Nacional, encontra previsão legal na Lei 7.170/83. Nos casos de explosão em localidade de administração militar, o delito será o previsto no artigo 269 do CPM, ou ainda quem dispara foguetes de fabricação proibida em local que não expõe a risco outras pessoas, o delito será o artigo 40 da LCP.
Uso de gás tóxico ou asfixiante (Art.252)
O termo tóxico é o que provoca o envenenamento, a intoxicação do organismo.
O meio de execução é que difere dos demais crimes de perigo comum, pois o agente se utiliza de gás tóxico ou asfixiante.
Gás tóxico→ é o que atua por envenenamento.
Gás asfixiante→ é o que afeta de modo puramente mecânico as vias respiratórias, determinando a sufocação.
NOTA: caso o agente queira matar ou lesionar alguém mediante o emprego de tais gases, poderá configurar-se o concurso formal entre o crime de uso de gás tóxico ou asfixiante e um dos delitos contra a vida.
A consumação se dá com o uso do gás tóxico ou asfixiante, desde que provoque uma situação de perigo concreto para a coletividade. A tentativa é possível.
A desqualificação do delito também se faz quando há o lançamento de gás lacrimogêneo em discoteca, mas em dose insuficiente para expor a risco os presentes, não configura o delito do artigo 252 do CP, mas sim o art. 65 da LCP. (TJSP, 624/310).
Desabamento ou desmoronamento (Art.256)
Desabamento: é provocar a queda de construção, obras erigidas pelo homem, tais como edifícios, pontes, andaimes e paredões.
Desmoronamento: é de solo, terra, rocha, refere-se aos elementos naturais, queda de formações telúricas (barrancos, rochedos, pedreiras).
Foto: Edifício Andrea, bairro do Dionísio Torres, em Fortaleza, OUT/2019.
Consuma-se com a criação de situação de perigo concreto e comum, como a exposição a perigo a vida, a integridade física ou a patrimônio de outrem, que constituem elementares do tipo. Só haverá desabamento ou desmoronamento criminoso se efetivamente, em face de haver prova do perigo concreto e comum à incolumidade pública.
O tipo estará consumado, ainda que não haja o desabamento ou desmoronamento integral do objeto material do crime. 
Formas qualificadas de crime de perigo comum (Art.258 )
Essas hipóteses são exclusivamente preterdolosos.
Neste tópico traduz-se ainda que o aumento de pena será um só, independente do número de vítimas. 
Neste sentido temos o JULGADO: 
"Independentemente do número de vítimas, o aumento é único e também não haverá pluralidade de qualificações; se houve uma morte e duas lesões, aplica-se apenas o aumento da qualificação por morte, que é mais grave (TACrSP, Julgados 84/211)". 
DOS CRIMES CONTRA A SEGURANÇA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E TRANSPORTE E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS
Perigo de desastre ferroviário (Art.260)
Desastre é um fato natural ou provocado pelo homem que afeta negativamente a vida, o sustento, a vida. Eles põem em evidência a vulnerabilidade e abalam o equilíbrio necessário para sobreviver e prosperar.
Atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública (Art.265)
Tutela-se a incolumidade pública, especificamente a segurança dos meios de comunicação, transportes e outros serviços públicos (serviços de água, luz, força, calor ou outro de utilidade pública. O agente com essa conduta coloca em risco a prestação do serviço público. 
Atentar: significa perpetrar atentado ou colocar em risco, por atos executórios, alguma coisa ou alguém.
Obs: Neste tipo não se encaixa a telefonia, que encontra amparo no Art. 266.
A tentativa não é admitida no tipo penal, por tratar-se de delito de atentado (a lei já pune como crime consumado o simples início de execução).
Se o agente emprega fogo ou explosivo, o crime será outro (Art. 250 ou 251).
Interrupção ou perturbaçãode serviço telegráfico ou telefônico (Art.266)
Tutela-se a incolumidade pública. Podemos notar que o tipo penal, em sua grande parte já está ultrapassado, pois protege o serviço de telegrafia, radiotelegrafia e telefonia.
Interromper cessar ou romper a continuidade.
Perturbar causar embaraço ou atrapalhar.
DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA
Epidemia (Art.267)
A epidemia deverá ser causada pela propagação de germes patogênicos. Propagar (significa difundir, disseminar).
A objetividade jurídica dos crimes deste capítulo é a saúde pública, ou seja, a proteção das condições saudáveis de subsistência de toda a coletividade.
Todos têm individualmente o direito ao ar, à água etc, obviamente saudáveis. Sempre que esse direito for individualmente violado, teremos um crime de perigo ou dano individual. 
Dessa forma se eu coloco veneno no copo d’água de meu inimigo e este morre, minha conduta será enquadrada no crime de homicídio (Art.121). Tal não ocorre se minha ação criminosa atingir uma coletividade (envenenamento de reservatório de água- Art.270).
O parágrafo segundo trata da figura culposa. A pena, nesse caso, é de detenção de 1 a 2 anos, o que remete a matéria à competência do JECRIM. Havendo resultado morte, a pena é de 2 a 4 anos. 
Epidemia e Pandemia
Epidemia: se caracteriza quando um surto acontece em diversas regiões. Uma epidemia a nível municipal acontece quando diversos bairros apresentam uma doença, a epidemia a nível estadual ocorre quando diversas cidades têm casos e a epidemia nacional acontece quando há casos em diversas regiões do país. Ex. em 2019, 31 cidades no Ceará haviam decretado epidemia de dengue.
Pandemia: é o pior dos cenários. Ela acontece quando uma epidemia se espalha por diversas regiões do planeta. Em 2020, o coronavírus (COVID-19) passou de epidemia para pandemia quando a OMS começou a registrar casos nos seis continentes do mundo. A aids, apesar de estar diminuindo no mundo, também é considerada uma pandemia.
Infração de medida sanitária preventiva (Art.268)
Objetividade Jurídica: Incrimina o fato de alguém infringir determinação do Poder Público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa.
Trata-se de norma penal em branco, o complemento neste caso, é a norma que contém a determinação do Poder Público, tendente a impedir introdução de doença infecciosa, podendo constar de ato administrativo ou de lei.
Elemento Subjetivo: É o dolo, á a vontade de infringir determinação do poder público destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa. Não existe punição a título de culpa.
Consumação: O crime se consuma com o desrespeito a determinação do Poder Público destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa.
É admissível a tentativa, que ocorrerá quando o agente tendo iniciado os atos executórios do crime, é obstado a continuar por circunstâncias alheias a sua vontade.
Omissão de notificação de doença (Art.269)
Objetividade Jurídica: Deixar o médico de denunciar a autoridade pública doença cuja notificação é compulsória. Trata-se de lei penal em branco, necessita ser complementada por outra disposição legal ou em atos administrativos.
O objeto jurídico é a incolumidade pública.
Sujeito Ativo: o crime é próprio, uma vez que só pode ser praticado por médico. Sujeito passivo é a coletividade.
Trata-se de crime omissivo.
A tentativa é inadmissível - ou o sujeito deixa decorrer o prazo designado para a notificação da doença, ou inexistindo prazo legal para tanto, prática ato inconciliável com a vontade de fazer tal notificação, e o crime está consumado.
Envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal (Art.270)
O legislador preocupado com a incolumidade pública, procura proteger a saúde, tanto individual quanto coletiva.
Conduta: a conduta é envenenar água potável, assim entendida como a de pôr ou lançar veneno (substâncias orgânica ou mineral que absorvida, causa a morte ou dano sério ao organismo).
Esse crime pode ser cometido quando se envenena:
· água potável
· substância alimentícia
· substância medicinal.
Essa água potável, definida no código, não é a água potável assim definida tecnicamente. Mesmo aquelas águas não potáveis, mas que sejam regularmente consumidas por determinada população, são sujeitas ao envenenamento deste tipo penal. Esse consumo deve se dar em água de consumo humano.
Substância alimentícia tem que ter valor nutricional relevante. Um refrigerante não é uma substância alimentícia. O leite é.
Substância medicinal é aquela destinada a curar doenças. Não precisa ser industrializada.
O "envenenar" deste tipo é tornar tóxico. Ela precisa ficar extremamente tóxica, pois se fizer um mal pequeno seria o crime do Art. 272, que é adulterar prejudicando a saúde.
Se a substância envenenada não é água potável, substância alimentícia ou medicinal não tipifica neste crime.
Vale lembrar que esse crime é de perigo comum, logo o envenenamento deve se direcionar a um número indeterminado de pessoas.
A pena é de reclusão de 10 a 15 anos. Inicialmente, com o advento da Lei 8072/90, o art. 270 foi considerado crime hediondo. Contudo, deixou de sê-lo com o surgimento da Lei 8.930/94, que modificou a citada lei dos crimes hediondos.
Se não houver o envenenamento de água potável, mas a mudança de sua composição ou a sua poluição, tornando-a imprópria para o consumo ou nociva à saúde, o crime é o do art. 271.
Corrupção ou poluição de água potável (Art.271)
Revogado pela legislação dos crimes ambientais
Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica (Art.282)
Praticar, desempenhar, exercitar ilegalmente a profissão do médico, dentista ou farmacêutico.
Trata-se de crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa que exerça ilegalmente a medicina e a arte dentária ou farmacêutica.
O exercício de determinadas profissões exige conhecimento técnico e teórico bastante aprofundado, por isso são fiscalizados pelo Poder Público. É o que ocorre com a medicina, a odontologia e a farmácia, em que o exercício da profissão por pessoa não capacitada pode gerar danos à saúde pública. Por esse motivo incriminou o legislador o exercício ilegal dessas profissões.
É a prática ilegal da profissão de médico, dentista ou farmacêutico. O agente o faz sem estar habilitado legalmente, ou seja, sem possuir o diploma (sem estar formado).
O crime exige habitualidade, ou seja, deverão existir atos reiterados para a sua consumação. Como todo crime habitual, não cabe tentativa.
Exclusão do crime: Há caso que se pode reconhecer o estado de necessidade, como nos casos do exercício da profissão em locais em que não existem pessoas legalmente habilitadas.
Excedendo-lhe os limites os limites são aqueles previstos nas leis que regulam especificamente as profissões. Assim o médico não pode manipular remédio, salvo exceções; o farmacêutico não pode prescrever medicamentos, o dentista não pode tratar de câncer de boca.
Assim, comete o crime aquele que, sem possuir tal registro, mantém consultório para atender receitas, ministra tratamento, realiza clientes, expede cirurgia etc.
Nos termos da lei, o crime existe ainda que o fato ocorra a título gratuito, mas, se o agente visa a lucro, será aplicada também a pena de multa.
Distinção com o curandeirismo
O crime não se confunde com o delito de curandeirismo. Neste, o agente se dedica à cura de moléstias por meios extravagantes, sendo pessoa sem qualquer conhecimento técnico. Naquele, o sujeito ativo é pessoa com alguma aptidão e conhecimento técnico em relação à profissão (enfermeiros, práticos, estudantes de medicina etc.).
Sujeitos do delito
Na primeira modalidade o crime é comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa, não se exigindo qualquer qualidade especial. 
Na segunda modalidade é crime próprio, pois somente o médico, farmacêutico ou dentista pode cometê-lo.
Ex: quando um dentista faz cirurgia no tórax da vítima, quando um farmacêutico passa a atender clientes e expedir receitas, quando um médico passa aclinicar fora de sua especialidade etc.
Charlatanismo (Art.283)
O charlatanismo ocorre quando um determinado indivíduo afirma curar doença através de meio infalível e secreto. É um crime de difícil aplicação a muitas condutas. Os requisitos que enquadram uma conduta como crime de charlatanismo é inculcar ou anunciar cura, e que esta cura seja através de meio secreto ou meio infalível.
O charlatanismo é uma fraude destinada normalmente à obtenção de uma vantagem patrimonial ilícita. 
O objeto jurídico é a saúde pública que tem maior relevância do que o patrimônio, devido a ocorrer o crime ainda que o agente não obtenha proveito econômico. Este é um crime de perigo abstrato, sendo o risco à coletividade previsto em lei.
O verbo inculcar é empregado com o sentido de anunciar, avisar, dar notícia, informar, fazer chegar ao conhecimento das pessoas uma certa informação. O agente transmite a um número indeterminado de pessoas por qualquer meio de comunicação a informação da existência de um meio de cura, secreto ou infalível, para determinada enfermidade, procurando convencê-las a submeter-se a ele. 
Com a conduta, o agente faz nascer, na mente das pessoas, a confiança no meio de cura anunciado, enganando-as sobre sua eficácia.
A oferta da cura deve ser feita de maneira pública, pois para ser considerada crime deve ser anunciada, além de a cura ser alcançada de forma secreta.
Secreto no sentido de que o agente não revela sua natureza ou seu modo de atuação. 
Infalível no sentido de sua eficácia absoluta. 
Geralmente, o agente anuncia a cura de enfermidades que são incuráveis ou de difícil tratamento, como os cânceres mais invasivos, AIDS e outras doenças de malignidade acentuada
O crime pode ser cometido inclusive por médico ou outro profissional de saúde, quando anuncia cura por meio secreto ou infalível inexistente. 
Não haverá fato típico quando o meio anunciado constitui etapa ou parte de terapia adequada e aceita cientificamente, nem quando se mostra eficaz. 
Diferentemente do exercício ilegal da medicina, o charlatanismo não é crime habitual. Basta um único anúncio de cura infalível ou secreta para incorrer o agente na incriminação. 
O crime é doloso. Age, portanto, o agente com a intenção de ludibriar as pessoas. Realiza, assim, a conduta com plena consciência da ineficácia do meio de cura proposto e com vontade livre de afirmá-lo infalível. 
Obs: Ocorre que muitas pessoas pensam que o charlatanismo é uma coisa forçada pelos seus praticantes, todavia se esquecem que muitos os procuram movidos pela curiosidade e aos poucos, nas suas “consultas”, acabam se envolvendo e revelando “segredos” de suas vidas, facilitando a atuação dos charlatões.
Obs: Outro aspecto interessante é o fato de existirem aqueles que se julgam com poderes fora do comum, àqueles que se dizem capazes de prever o futuro, onde muitas pessoas se consultam com estes mediante pagamento e acabam se deixando envolver em suas “previsões”. Observa-se essa atuação também nos anúncios de trabalhos específicos para “amarração no amor”, “conquista da pessoa ideal” entre outros, pois as pessoas que ofertam tais serviços ofertando uma cura milagrosa para o problema das pessoas.
Distinção com o exercício ilegal da medicina: 
Não se confunde com o exercício ilegal da medicina, pois neste o agente não promete a cura infalível, além do charlatanismo não se exigir a habitualidade.
Curandeirismo (Art.284)
Pode ser definido como o exercício de atividade de cura por meios não convencionais e não científicos que a lei especifica, explorando a fé de cada um. Diferente do Charlatanismo, o Curandeirismo é um tipo penal muito mais amplo e abrangente.
Neste tipo penal não importa se funciona ou não, se é científico ou crença popular, se importa lucro ou é gratuito, o simples ato de fazer já configura o crime. Exige-se habitualidade na prática. Portanto, não se admite a tentativa.
Caracteriza-se por uma situação de risco, mesmo que nenhuma ameaça real de dano tenha existido, há de se considerar como consumado o crime de perigo abstrato, ou seja, de perigo presumido. Geralmente o termo é reservado para os não médicos,
Caracteriza-se a atuação do curandeirismo pelas seguintes formas de execução. São elas:
1. Prescrevendo, ministrando ou aplicando habitualmente qualquer substância.
Prescrever é receitar, determinar um tratamento ou remédio; Ministrando é oferecer, fornecendo. Aplicar tem o sentido de opor, empregar.
2. Usando gestos, palavras ou qualquer outro meio. 
Gestos são movimentos do corpo, sinais. Como palavras podem ser indicadas as rezas, benzeduras, orações etc.
3. Fazendo diagnóstico. 
Diagnóstico é ato privativo do médico de determinação de uma doença pelos sintomas da mesma, através de uma análise da pessoa e dos seus sintomas.
Obs: Importante salientar que o curandeirismo não engloba somente curas através de meios místicos, mas pode sim englobar curas através de meios científicos, bastando que a cura se opere por meios fora do padrão aceitos pelos médicos, por motivos irrelevantes.
O objeto jurídico é proteger a saúde pública, colocada em perigo pela ação do curandeiro que não possuindo noções de medicina, procura curar as doenças através de meios não científicos.
Trata-se de um crime de perigo abstrato, pois pode ocorrer a ingestão de substâncias nocivas à saúde das pessoas, bem como a subtração destas pessoas do tratamento adequado, ministrado por quem tenha habilitação profissional.
NOTA: Não são considerados sujeitos ativos os ministros das igrejas ou os espíritas quando praticam atos de religião ou de doutrina, desde que não ofendam a moral, os bons costumes ou faça perigo à saúde pública.
NOTA: Ocorre o concurso formal de curandeirismo e estupro, na conduta do curandeiro que, com o pretexto de possuir poderes sobrenaturais e afastar a vítima dos maus espíritos, pratica conjunção carnal com esta.
Diferenciação:
A diferenciação do curandeirismo (art.284), dos crimes de exercício ilegal da medicina (art.282) e charlatanismo (art.283).
O exercente ilegal da medicina tem conhecimentos médicos, embora não seja devidamente habilitado para praticar a arte de curar.
O charlatão pode ser o próprio médico que abastarda sua profissão com falsas promessas de cura.
O curandeiro é ignorante, sem elementares conhecimentos da medicina, que se arvora em debelador dos males corpóreos.

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