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LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 1 APRESENTAÇÃO Prezados(as) concurseiros(as), é com grande felicidade que apresento este curso de Lei de Responsabilidade Fiscal Comentada (teoria e exercícios). Esta lei, além de ser cobrada isoladamente, trata de um assunto que transita por diversas matérias de concurso público, quais sejam: Administração Financeira e Orçamentária, Finanças Públicas, Direito Financeiro, Direito Constitucional e Contabilidade Pública. Meu nome é Bruno Borges Ribeiro e sou formado em Engenharia Mecânica pela Universidade de Brasília (UnB). Exerço a profissão de Analista de Finanças e Controle (AFC) na Secretaria do Tesouro Nacional desde 13/05/2009. Tive a grata felicidade de ter sido aprovado em 10º lugar no concurso público para o Tesouro Nacional em 2008, após ter largado a minha profissão de engenheiro mecânico e ter me dedicado exclusivamente aos concursos da área contábil e financeira (Tribunal de Contas da União, Controladoria-Geral da União, Secretaria do Tesouro Nacional e Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão). Em 2009 fiz o curso de Gestão de Finanças Públicas (IX Curso de Administração Orçamentária e Financeira - AFO) pela Associação Brasileira de Orçamento Púbico (ABOP) com o excelente professor Paulo Henrique Feijó, do qual tenho a honra de ser companheiro de trabalho. Atualmente trabalho na coordenação-geral de Programação Financeira e, em nossa gerência, temos a responsabilidade de monitorar a Conta Única da União (garantir a operacionalização de suas receitas e despesas). Por sermos Órgão Central de Administração Financeira Federal, a AFO e a própria lei de responsabilidade fiscal fazem parte do nosso cotidiano, o que nos ajudará a compreender e transmitir os conhecimentos relacionados às práticas orçamentárias e financeiras federais. O foco deste curso será o estudo da LRF que é um conhecimento indispensável para candidatos ao TCDF, TCU, MPOG, STN, CGU e cargos administrativos e de controle interno de diversos órgãos. LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 2 PLANO DE AULAS Neste curso irei consolidar o conhecimento doutrinário e jurisprudencial referente à lei de responsabilidade fiscal. Isto será feito artigo por artigo seguindo a ordem da própria LRF. Por vezes, alterarei a ordem desta lei por questões didáticas, mas ficará claro para você que esta sequência foi alterada, pois sempre colocarei a transcrição da lei antes de comentá-la. O intuito deste curso é a compreensão da gestão fiscal ordenada pela LRF. Para isto utilizarei a doutrina majoritária (que é a cobrada por concursos), citarei algumas posições doutrinárias minoritárias (para que o aluno fixe que o conhecimento deste assunto não é pacífico), transcreverei a jurisprudência relacionada, montarei mapas mentais e quadros de resumo e comentarei exercícios das principais bancas de concursos públicos. Os exercícios aqui comentados serão realizados de forma objetiva e marcarei em caixa alto as palavras chaves e, sempre que couber, montarei esquemas (linha do tempo, tabelas e organogramas) para facilitar o entendimento dos alunos. Em resumo, eu quero ser o teu atalho para o ingresso no serviço público. Acredito que a perspectiva do aluno é de extrema importância para o professor e, em virtude disto, peço-lhes que me enviem sugestões, idéias, dúvidas e críticas em nosso fórum. No que se refere as bases legais, devemos nos atentar para: Constituição Federal de 1988, Lei Complementar 101/00, e os instrumentos de planejamento vigentes (PPA, LDO e LOA). No que se refere as base doutrinárias, indico os livros: Comentários à LRF (Ives Gandra da Silva Martins e Carlos Valder do Nascimento), LRF Comentada (Flávio da Cruz, Adauto Viccari, José Glock, Nélio Hermann e Rosângela Tremel), Orçamento Público (James Giacomoni), Direito Financeiro e Controle Externo (Valdecir Pascoal) e Gestão de Finanças Públicas (Paulo Henrique Feijó) e Finanças Públicas (Fábio Giambiagi). LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 3 Nossas aulas serão divididas da seguinte forma: 1. AULA 0 – CONTEXTO HISTÓRICO DA LRF (realidade da gestão fiscal mundial e brasileira, conteúdo e abrangência) 2. AULA 1 – CONCEITOS DA LRF E INSTUMENTOS DE PLANEJAMENTO I (conceitos, plano plurianual e lei de diretrizes orçamentária) 3. AULA 2 – INSTUMENTOS DE PLANEJAMENTO II (lei orçamentária anual, execução orçamentária e receita pública) 4. AULA 3 – REGRAS DE GESTÃO FISCAL I (renúncia de receitas, projetos que aumentem despesa e despesas obrigatórias de caráter continuado) 5. AULA 4 - REGRAS DE GESTÃO FISCAL II (despesas com pessoal, despesa com seguridade social, transferências voluntárias e destinação de recursos públicos para o setor privado) 6. AULA 5 – ENDIVIDAMENTO PÚBLICO e GESTÃO PATRIMONIAL (dívida pública, operações de crédito e gestão patrimonial) 7. AULA 6 – TRANSPARÊNCIA, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 4 Sumário 1. CONTEXTO HISTÓRICO DE CRIAÇÃO DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL ......... 5 Questões Comentadas ............................................................................................... 8 2. FORMA DA LEI .................................................................................................... 10 3. CONTEÚDO ........................................................................................................ 11 3.1. Ação Planejada e Transparente ....................................................................... 15 3.2. Prevenção de riscos ........................................................................................ 16 3.3. Equilíbrio das Contas Públicas ......................................................................... 16 Questões Comentadas ............................................................................................. 17 4. ABRANGÊNCIA DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL ....................................... 20 Questões Comentadas ............................................................................................. 22 5. LISTA DE QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA ............................................... 24 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 26 file:///C:\Bruno%20Borges%20Ribeiro\AFO\LRF\Aula%200.docx%23_Toc309648458 file:///C:\Bruno%20Borges%20Ribeiro\AFO\LRF\Aula%200.docx%23_Toc309648464 file:///C:\Bruno%20Borges%20Ribeiro\AFO\LRF\Aula%200.docx%23_Toc309648466 LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 5 1. CONTEXTO HISTÓRICO DE CRIAÇÃO DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL A lei de responsabilidade fiscal (LRF) nasceu em 2000 e foi fruto de estudos e pesquisas sobre a realidade da gestão financeira mundial e de nosso país. O estudo de caso internacional mais relevante para a criação da nossa LRF foi o da Nova Zelândia, que no início da década de 90 encontrava-se com um nível de inflação 6% acima do desejado e com um alto déficit público (3,5% do seu PIB). Por esta razão, este país encontrava- se com fortes ameaças de ter o rating rebaixado pelas agências internacionais avaliadoras de risco. Sendo assim, os líderes de governos foram obrigados a lançar um programa de estabilização rígido com a característica, até entãoinédita, de adotar um regime de “metas inflacionárias”. Os resultados desta política foram: a) Superávit Fiscal (1% do PIB); b) Redução da Dívida Pública (Antes era de mais 50% do PIB e passou para 42% do PIB); c) Diminuição da Inflação d) Aprovação do “Fiscal Responsibility Act” que definiu critérios de transparência e responsabilidade na administração das finanças públicas. Outras referências de criação da LRF foram o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Budget Enforcement Act (BEA) - EUA. O FMI é uma organização internacional, do qual o Brasil é integrante, e que tem como objetivo assegurar o funcionamento regular do sistema financeiro mundial por meio da edição de normas de gestão pública e de assistência técnica e financeira. Segue abaixo as principais características das normas de gestão fiscal emitidas pelo FMI: Dentro do setor público, as funções de política e de gestão devem ser bem definidas e divulgadas ao público, informando sobre as atividades fiscais passadas, presentes e programadas - transparência dos atos; A documentação orçamentária deve especificar objetivos da política fiscal, estrutura macroeconômica, políticas orçamentárias e riscos fiscais – planejamento; Informações orçamentárias devem facilitar sua análise e as contas fiscais devem ser apresentadas periodicamente ao Legislativo e ao público – publicidade, prestação das contas, relatórios fiscais. LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 6 Em 1998 o Brasil chegou a receber recursos do FMI, BID, Banco Mundial e das principais potências mundiais. Inicialmente tivemos dificuldade em cumprir as condições acordadas, o que piorou a imagem do país por um determinado momento. Posteriormente, realizou-se um novo acordo com o FMI contemplando a ampliação das metas de superávit primário consolidado do setor público. No que se refere ao Budget Enforcement Act (BEA) – EUA, temos o seguinte: Contempla apenas o Governo Federal - cada unidade da federação tem suas regras. Congresso fixa metas de superávit e mecanismos de controle de gastos aplicações de regras adotadas pelo BEA. Sequestration - limitação de empenho para garantir limites e metas orçamentárias Pay as you go - compensação orçamentária: qualquer ato que provoque aumento de despesas deve ser compensado através da redução em outras despesas ou aumento de receitas Veremos que os princípios basilares da LRF tiveram origem nos documentos acima apresentados. Em 1997 a Rússia decretou a moratória de sua dívida pública e, além disto, todo o sudeste asiático passava por um momento de sucessivas desvalorizações de suas moedas. Diante deste contexto, o nosso país foi considerado por muitos como a “bola da vez”, porque a nossa realidade nos anos 80 e parte dos anos 90 foi a de elevados índices inflacionários acompanhados de diversos planos econômicos inconsistentes. Ocorria que, além da estagnação econômica brasileira, existia também um crescimento nos gastos públicos – fruto de um ambiente político favorável ao atendimento das demandas sociais e ao aumento das transferências de receitas da União aos Estados e aos Municípios. Diante disto, o Estado se viu obrigado a realizar pagamentos com o consequente aumento do seu passivo: a) Elevados valores de empréstimos e juros; b) Restos a pagar; c) Contratação de despesas acima do fixado em orçamento; d) Concessão de benefícios de natureza continuada sem respaldo em aumento permanente de receitas; LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 7 A LRF fez parte de um conjunto de medidas do Programa de Estabilidade Fiscal (PEF), que foi criado em 1998 e tinha como objetivo a redução do déficit público e estabilização do montante da dívida pública em relação ao produto interno bruto (PIB). Percebe-se que a política orçamentária e financeira brasileira era ajustada de tal forma a adiar o pagamento, ou seja, repassando para governos e gerações futuras o comprometimento de quitação de imensas dívidas assumidas no passado. Além dos problemas acima citados, existia também uma rigidez do gasto público (ex. congelamento do salário da maior parte do funcionalismo público) e uma deficiência na forma de apresentação dos dados orçamentários e financeiros, o que prejudicava a transparência dos gastos públicos e o respectivo controle. Nesta época era comum o governo “maquiar” os resultados fiscais com atrasos de pagamento de fornecedores e de servidores, assim como a tomada de recursos junto a bancos oficiais (à época todos os bancos oficiais dispunham de bancos próprios). Ou seja, do lado das despesas o Governo aparentava valor menor do que o real (o processo inflacionário acabava favorecendo o governo neste ponto, pois as dívidas ficavam menores com passar do tempo – corrosão inflacionária) e do lado das receitas tinha-se um aumento em virtude de recursos financeiros aportados dos bancos estatais quando da apresentação dos resultados fiscais (além disto, a receita não sofria corrosão inflacionária, porque era atualizada com a inflação). Com a utilização do efeito Bacha, tornou-se possível, por um certo período, a convivência da gestão fiscal brasileira com os elevados índices de inflação. Em longo prazo esta relação, como era de se esperar, degradou as bases econômicas brasileiras, pois ao observar o efeito Bacha por uma outra perspectiva, percebe-se uma transferência de renda do setor privado para o setor público (característica presente em ambientes inflacionário) o que acarreta um elevado custo social – sobretudo para as parcelas mais pobres da sociedade. A partir deste momento o governo brasileiro passa a sofrer uma forte pressão social que exigia o controle dos preços (estabilização da inflação). BACHA (1994): a correção monetária assimétrica do orçamento público brasileiro desse período – preservando parcialmente o valor real das receitas e depreciando os gastos – proporcionou um equilíbrio artificial nas contas públicas, encobrindo um grande “déficit potencial. LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 8 Com a introdução do plano real, o Brasil conseguiu reduzir os índices inflacionários e, por consequência, expôs a realidade das contas públicas brasileira (anteriormente escondida pelo efeito Bacha). Foi neste ambiente que a Lei de Responsabilidade Fiscal surgiu. Ou seja, o foco da LRF é o de prevenir os desequilíbrios fiscais (condicionando as ações estatais aos limites de sua efetiva capacidade de gasto, cumprindo as metas fiscais, planejando as finanças estatais com transparência e padronização de documentos, responsabilizando os gestores e controlando as finanças públicas). 1) (CESPE - TCE/RN 2009 - INSPETOR DE CONTROLE EXTERNO) A primeira etapa do processo de elaboração orçamentária deve ser sempre o estabelecimento da meta de resultado fiscal. CERTO. Conforme visto anteriormente, o planejamento das finanças públicas passou a caracterizar-se por metas de resultado fiscal (influências do programa de estabilização da Nova Zeilândia). Mas, afinal, o que compõe o Resultado Fiscal? Três variáveis compõem o Resultado Fiscal, quais sejam: a) Resultado Primário = (Receitas não-financeiras) – (Despesas não-financeiras); b) Resultado Nominal = Resultado Primário + Conta de Juros; c) Resultado Operacional = Resultado Nominal – Atualização Monetária incidida sobre a dívida líquida do setor público. Conceitualmente temos: a) Resultado Primário: indica se os níveis de gastos são compatíveis com a arrecadação (utiliza-se fontes de recursos financeiros sem ampliação da dívida ou sem reduçãodos ativo); b) Resultado Nominal: Permite verificar se o governo necessita ou não de buscar financiamento junto ao setor privado ou a outros governos para cobertura de suas despesas; c) Resultado Operacional: É o resultado nominal corrigido com a variação da taxa de inflação. Questões Comentadas LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 9 2) (CESPE – MPU 2010 - TÉCNICO DE CONTROLE INTERNO ) No atual ordenamento legal, o decreto de programação orçamentária e financeira não pode ser elaborado sem a definição das necessidades de financiamento do governo central. CERTO. Em decorrência da necessidade de garantir o cumprimento dos resultados fiscais estabelecidos na LDO e de obter maior controle sobre os gastos, a Administração Pública faz a programação orçamentária e financeira da execução das despesas públicas após a definição das metas de superávit primário. As necessidades de financiamento do governo central, que representam a variação da dívida líquida, são medidas utilizando-se resultados nominais e primários. 3) (CESPE – STF 2008 – ANALISTA ADMINISTRATIVO) A fixação da meta de superavit primário constitui preocupação inicial dos responsáveis pela formulação orçamentária. Nesse sentido, as necessidades de financiamento do setor público no conceito primário correspondem ao deficit primário, de cujo cálculo se excluem do deficit nominal os efeitos da correção monetária. ERRADO. Conforme explicado na questão 1, percebe-se que o primeiro período desta questão está correto. A necessidade de financiamento do governo central no conceito primário corresponde ao resultado primário e indica se os níveis de gastos são compatíveis com a arrecadação. Ou seja, este resultado pode ser superavitário (receitas não-financeiras > despesas não-financeiras) ou deficitário (receitas não-financeiras < despesas não- financeiras). A questão, de forma incorreta, afirmou ser somente resultado primário deficitário. 4) (ESAF – TCU 2002 - ACE) O efeito Patinkin sugere que a elevação dos preços pode proporcionar a redução do déficit público por meio da queda real nos gastos públicos. Identifique qual a medida que, tomada pelo governo, não reduz o déficit público. a) Adiar pagamentos em um regime inflacionário. b) Postergar aumentos de salários em um ambiente de aceleração inflacionária. c) Utilizar a inflação na contribuição da redução real da receita. d) Administrar os recursos na “boca do caixa”. e) Usar o efeito Patinkin para acomodar ex ante, pela Lei Orçamentária, o conflito distributivo de recursos entre os vários setores, como educação, saúde, entre outros. LETRA C. Antes da análise da questão, deve-se observar que o efeito pantikin também é denominado de efeito bacha e de efeito tanzi da despesa. Conforme visto anteriormente, o efeito bacha aplica-se a despesa em períodos de alta inflação. Ocorre que as dívidas ficam menores com LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 10 passar do tempo – corrosão inflacionária. Diante disto, situações como: grande diferença temporal entre a fixação e o pagamento da despesa, atraso de pagamentos à fornecedores, postergação de aumento salarial e qualquer controle da gastos realizado na etapa de pagamento (boca de caixa) favorecem a coluna de despesa governamental que, em virtude da desvalorização da moeda, causam uma efeito de diminuição do valor do gasto (e, portanto, diminuição do déficit público). Este efeito também afeta a receita, pois reduziria o teu valor com o passar do tempo. No entanto, vimos que o governo brasileiro utilizou-se de correção monetária (baseado na inflação) para a coluna de receitas públicas. A única letra que não reduz o déficit público é a “C”, porque o efeito bacha, quando não utiliza-se de atualização monetária, acaba por diminuir a receita pública e, por consequência, aumentar o déficit público. 2. FORMA DA LEI A LRF foi aprovada na forma de LEI COMPLEMENTAR federal, qual seja: Lei complementar 101 de 4 de maio de 2000. Duas características diferenciam a lei complementar das outras espécies de lei, que são: a) Quorum da Aprovação: Depende de voto da maioria absoluta das duas casas do Congresso Nacional; b) Matéria: Deve estar prescrito na Constituição Federal (CF/88). Logo, se a LRF foi aprovada por lei complementar então onde a Constituição Federal prescreve que a matéria tratada na LC 101/00 deve ser tratada por esta espécie legislativa? A resposta está no artigo 163 da CF 88: LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 11 Art. 163. Lei complementar disporá sobre: I. Finanças públicas; II. Dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público; III. Concessão de garantias pelas entidades públicas; IV. Emissão e resgate de títulos da dívida pública; V. Fiscalização financeira da administração pública direta e indireta; VI. Operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; VII. Compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional. 3. CONTEÚDO A LRF Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Para a maioria da doutrina, compete à União editar “normas gerais” sobre finanças públicas, pois entendem que esta matéria está contida no Direito Financeiro e, portanto, se encontram balizados pelo ordenamento constitucional: LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 12 Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I. direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; II. orçamento; ... § 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. § 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. § 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. § 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. Percebam que de acordo com o artigo 24 da CF/88 os municípios não estão inclusos na competência legislação suplementar. No entanto, parte da doutrina defende que os Municípios podem legislar em questões de direito financeiro de forma suplementar, pois se baseiam no artigo 30 da CF/88. Art. 30. Compete aos Municípios: ... II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; ... No que se refere à competência concorrente, Ives Gandra da Silva Martins defende que (posição minoritária): “não há competência concorrente sempre que a Constituição impuser lei complementar para regular determinada matéria, posto que tal imposição torna privativa a competência da União para produzir, por maioria absoluta, o veículo diferenciado eleito pelo legislador” LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 13 Não existe conceito legal de FINANÇAS PÚBLICAS, mas doutrinariamente temos as seguintes definições: Pode-se extrair, portanto, que a finanças públicas é a AtividadeFinanceira do Estado (objeto de estudo) sob uma perspectiva econômica. Cabe ressaltar que o Direito Financeiro também possui a atividade financeira do Estado como objeto de estudo. Afinal, o que é Atividade Financeira do Estado (AFE)? José Matias Pereira: Atividade Financeira do Estado (AFE) orientada para a obtenção e o emprego dos meios materiais e de serviços para a realização das necessidades da coletividade, de interesse geral, satisfeitas por meio do processo de serviço público. É a intervenção do Estado para prover essas necessidades da população. Paulo Sandroni: Tem o objetivo de controlar a massa de dinheiro e de crédito que o governo federal e os órgãos a ele subordinados movimentam em um país. Abrange não só as operações relacionadas com o processo de obtenção, distribuição e utilização dos recursos financeiros do Estado, como também a atuação dos organismos públicos em setores da vida econômica. Dino Jarach: Constituem a atividade econômica do setor público (com sua estrutura peculiar) convivendo com a economia de mercado. LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 14 A atividade financeira do Estado está vinculada à satisfação de três necessidades pública básicas: a) Prestação de serviço público; b) Exercício regular do poder de polícia; c) Intervenção no domínio econômico. De acordo com a LRF: Atividade Financeira do Estado Receita (obter recursos) Despesa (aplicar recursos) Crédito Público (criar recursos) Orçamento Público (gerir recursos públicos) LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 15 Percebe-se que a lei de responsabilidade fiscal se apoia em quatro eixos: Planejamento, Transparência, Controle e Responsabilização. 3.1. Ação Planejada e Transparente A LRF inova ao trazer mecanismos de gestão financeira a partir de um acompanhamento sistemático do desempenho mensal, trimestral, anual e plurianual das finanças públicas. O planejamento pressupõe identificação do objetivo e geração de processo capaz de garantir, tempestivamente, a disponibilidade da estrutura e dos recursos necessários para a execução de determinada ação concreta ou atitude decisória considerada relevante que possibilite um controle imediato. Aspectos como a correção imediata de mau desempenho, listada na própria LRF, só foram possíveis de serem realizados após a obediência à padrões preestabelecidos. Esta é uma característica de atuação governamental planejada e estruturada. Além disto, a LRF tornou obrigatória a elaboração dos três instrumentos básicos do planejamento: Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA) (serão devidamente analisados nas próximas aulas). A transparência envolve, necessariamente, dois conceitos, quais sejam: CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição. § 1o A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar. LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 16 a) Princípio da Clareza: Fácil compreensão; b) Princípio da Exatidão: Comprometimento dos resultados com a realidade. O princípio da transparência é efetivamente realizado mediante de divulgação ampla de relatórios de acompanhamento da gestão fiscal governamental, que permitem identificar receitas, despesas e tendências orçamentárias e financeiras. 3.2. Prevenção de riscos Prevenir riscos significa coibir a prática do endividamento público irresponsável que, invariavelmente, onera os cofres públicos e não permite o atendimento tempestivo e eficiente das necessidades públicas. Sendo assim, o gestor ao se deparar com resultados que se afastam dos parâmetros fixados anteriormente, deve atuar de forma eficiente e eficaz para rever prontamente as ações. Veremos mais a frente que o Anexo de riscos fiscais, contido na Lei de Diretrizes Fiscais, busca avaliar os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem. 3.3. Equilíbrio das Contas Públicas A Administração Financeira e Orçamentária trata o princípio do equilíbrio, já previsto na lei 4320/64, como a condição de o orçamento ter suas receitas e despesas balanceadas. ASPECTO CONTÁBIL: Relaciona-se com o equilíbrio formal (o orçamento é aprovado com igualdade de receitas e despesas (R=D) independente da origem da receita – se própria ou decorrente de endividamento). Já a LRF, por tratar da atividade financeira do Estado com foco econômico, trata este princípio como “Resultado Primário Equilibrado”. Ou seja, o foco são as contas primárias. Este conceito relaciona-se ao aspecto econômico (equilíbrio material), que é o equilíbrio auto-sustentável (sem aumento da dívida pública). ASPECTO ECONÔMICO: Relaciona-se com o equilíbrio material (o orçamento é aprovado com igualdade de receitas e despesas (R=D), mas exclui as receitas creditícias (decorrentes de endividamento). LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 17 Os demais conceitos abordados no texto do Art. 1º, § 1º da LRF serão analisados nas próximas aulas. 5) (CESPE – ECT 2011 - Analista dos Correios - Administrador) A garantia de equilíbrio nas contas mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas, com limites e condições para a renúncia de receita e para a geração de despesas, é um dos principais objetivos da Lei de Responsabilidade Fiscal. CERTO. A questão é integralmente respondida no texto da Lei de responsabilidade fiscal (Art. 1º, § 1º): § 1o A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar. 6) (CESPE – MPU 2010 – Técnico de Apoio Especializado - Orçamento) A LRF estabelece que a responsabilidade na gestão fiscal pressupõe ação planejada e transparente, para que se previnam riscos e corrijam desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas. Nesse sentido, os recursos da reserva de contingência são uma forma de prevenir os riscos de desequilíbrios nas contas públicas provocados por situações contingentes. CERTO. A questão, em seu primeiro período, transcreve o disposto na LRF (Art. 1º, § 1º). A Reserva de Contingência é destinada ao atendimento de passivos contingentes e outros riscos, bem como eventos fiscais imprevistos, inclusive a abertura de créditos adicionais. Ou seja, é uma maneira de se proteger de eventos futuros que de alguma forma possam causarum desequilíbrio nas contas públicas. Questões Comentadas LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 18 7) (AFT/MTE - ESAF 2011) Acerca das normas gerais de direito financeiro, assinale a opção correta. a) A competência para legislar sobre direito financeiro é privativa da União, podendo a lei complementar autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas. b) É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios legislar sobre direito financeiro. c) A competência para legislar sobre direito financeiro é concorrente entre a União, os Estados e o Distrito Federal, não podendo o Município legislar sobre assuntos de competência concorrente. d) Inexistindo lei federal sobre normas gerais de direito financeiro, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender às suas peculiaridades; sobrevindo lei federal sobre normas gerais, a lei estadual restará revogada, no que lhe for contrária. e) A Lei n. 4.320/64 é formalmente ordinária e materialmente complementar. LETRA E. Trata-se de competência concorrente, conforme o texto constitucional abaixo: Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I. direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; II. orçamento; ... § 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. § 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. § 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. § 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. A LETRA A está incorreta, porque afirma ser uma competência privativa da União. A LETRA B é falsa, pois não se trata de competência comum. A LETRA C é incorreta, pois parte da doutrina defende que os Municípios LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 19 podem legislar em questões de direito financeiro de forma suplementar, pois se baseiam no artigo 30 da CF/88: Art. 30. Compete aos Municípios: ... II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; ... A LETRA D também está errada, pois houve um “peguinha” tentando confundir revogação (a lei deixa de existir) com suspensão de eficácia (a lei existe e é válida, no entanto, não produz efeitos). A LETRA E está correta, pois algumas matérias contidas na lei 4320/64, que à época foi editada como lei ordinária, tiveram uma mudança de tratamento pela CF/88 (que passou a ser normatizado por lei complementar). Fiquem tranqüilo porque o assunto abordado na lei 4320/64 não será tratado neste curso (apenas indiretamente). 8) (CESPE - TCE/RN 2009- Assessor Técnico de Controle e Administração) A liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas acerca da execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público, é uma das formas de assegurar a transparência da gestão fiscal. CERTO. De acordo com a LRF a gestão financeira governamental deve ser realizada de forma tempestiva, padronizada, eficiente e transparente. Aliás, deve-se ter em mente que a transparência envolve ampla divulgação, que necessariamente abarca dois conceitos, quais sejam: a) Princípio da Clareza: Fácil compreensão; b) Princípio da Exatidão: Comprometimento dos resultados com a realidade. LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 20 4. ABRANGÊNCIA DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Percebe-se que a abrangência da LRF inclui: a) Os 3 entes políticos (União, Estado/DF e Municípios); b) Os 3 poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário); c) Tribunais de Contas e Ministério Público; d) Orgãos da Administração Pública: Direta: Ministérios, Secretarias, Departamentos e Outros. Indireta: Autarquias, Fundações, Fundos e Empresas Estatais Dependentes. De todos os componentes acima listados a Empresa Estatal Dependente merece um tratamento mais detalhado. Naturalmente algumas perguntas § 2o As disposições desta Lei Complementar obrigam a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. § 3o Nas referências: I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, estão compreendidos: a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público; b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias, fundações e empresas estatais dependentes; II - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal; III - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da União, Tribunal de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal de Contas dos Municípios e Tribunal de Contas do Município. LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 21 surgem: Afinal, o que é uma empresa estatal dependente? Aliás, antes disto, o que é uma empresa estatal? É o mesmo que empresa pública? Segue abaixo a resposta destas questões: a) EMPRESA ESTATAL ou GOVERNAMENTAL: São aquelas instituídas pelo Estado com o objetivo de explorar a atividade econômica, de natureza civil ou comercial, cujo controle acionário é por ele exercido. Destacam-se as Empresas Públicas (EP) e as Sociedades de Economia Mista (SEM). b) EMPRESA CONTROLADA: Sociedade constituída de capital social majoritário pertencente, direta ou indiretamenta, a quaisquer ente federativo (União, Estado, Distrito Federal ou Município). Nos termos da LRF, é a sociedade cuja maioria do capital social com direito a voto pertença, direta ou indiretamente, a ente da Federação. c) EMPRESA ESTATAL DEPENDENTE (EED): Existem três conceitos para EED e, para consolidar este entendimento, segue o esquema gráfico abaixo: LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 22 A professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro nos ensina que deve-se evitar a expressão “Empresa Pública” no sentido genérico de Empresa Estatal, tendo em vista que, no direito brasileiro, essa designação é reservada a determinado tipo de entidade da Administração Indireta (com características próprias) 9) (CESPE - STM 2010 - Analista Administrativo) Para realização de despesa com o pessoal, o Poder Legislativo do Distrito Federal deve observar o limite estabelecido na Lei de Responsabilidade Fiscal para o legislativo da esfera municipal. ERRADO. Ainda não chegamos na parte da LRF que trata de despesas com pessoal, no entanto, conforme o disposto no Art. 1º, § 3º, inciso II da LRF: II - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal; Questões Comentadas LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 23 A questão está falsa por afirmar que ao DF cabe observar o limite de despesa de pessoal estabelecido na LRF para o Município. 10) (CESPE - EBC 2011 - Contabilidade) Por ser empresa estatal dependente, a Empresa Brasil de Comunicação integra o orçamento fiscal e de seguridade social. CERTO. A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) é uma EED e, por esta razão, integra o OFSS. Além disto, pode-se afirmarque a EBC deve obediência aos limites e condições impostos pela Lei de responsabilidade fiscal, porque nos termos do Art. 1º, § 3º, inciso I, alínea b, temos: § 3o Nas referências: I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, estão compreendidos: a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público; b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias, fundações e empresas estatais dependentes; É isso ae! Espero que tenham gostado. Até breve. LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 24 5. LISTA DE QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA 1) (CESPE - TCE/RN 2009 - INSPETOR DE CONTROLE EXTERNO) A primeira etapa do processo de elaboração orçamentária deve ser sempre o estabelecimento da meta de resultado fiscal. 2) (CESPE – MPU 2010 - TÉCNICO DE CONTROLE INTERNO ) No atual ordenamento legal, o decreto de programação orçamentária e financeira não pode ser elaborado sem a definição das necessidades de financiamento do governo central. 3) (CESPE – STF 2008 – ANALISTA ADMINISTRATIVO) A fixação da meta de superavit primário constitui preocupação inicial dos responsáveis pela formulação orçamentária. Nesse sentido, as necessidades de financiamento do setor público no conceito primário correspondem ao deficit primário, de cujo cálculo se excluem do deficit nominal os efeitos da correção monetária. 4) (ESAF – TCU 2002 - ACE) O efeito Patinkin sugere que a elevação dos preços pode proporcionar a redução do déficit público por meio da queda real nos gastos públicos. Identifique qual a medida que, tomada pelo governo, não reduz o déficit público. a) Adiar pagamentos em um regime inflacionário. b) Postergar aumentos de salários em um ambiente de aceleração inflacionária. c) Utilizar a inflação na contribuição da redução real da receita. d) Administrar os recursos na “boca do caixa”. e) Usar o efeito Patinkin para acomodar ex ante, pela Lei Orçamentária, o conflito distributivo de recursos entre os vários setores, como educação, saúde, entre outros. 5) (CESPE – ECT 2011 - Analista dos Correios - Administrador) A garantia de equilíbrio nas contas mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas, com limites e condições para a renúncia de receita e para a geração de despesas, é um dos principais objetivos da Lei de Responsabilidade Fiscal. 6) (AFT/MTE - ESAF 2011) Acerca das normas gerais de direito financeiro, assinale a opção correta. a) A competência para legislar sobre direito financeiro é privativa da União, podendo a lei complementar autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas. b) É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios legislar sobre direito financeiro. c) A competência para legislar sobre direito financeiro é concorrente entre a LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 25 União, os Estados e o Distrito Federal, não podendo o Município legislar sobre assuntos de competência concorrente. d) Inexistindo lei federal sobre normas gerais de direito financeiro, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender às suas peculiaridades; sobrevindo lei federal sobre normas gerais, a lei estadual restará revogada, no que lhe for contrária. e) A Lei n. 4.320/64 é formalmente ordinária e materialmente complementar. 7) (CESPE – MPU 2010 – Técnico de Apoio Especializado - Orçamento) A LRF estabelece que a responsabilidade na gestão fiscal pressupõe ação planejada e transparente, para que se previnam riscos e corrijam desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas. Nesse sentido, os recursos da reserva de contingência são uma forma de prevenir os riscos de desequilíbrios nas contas públicas provocados por situações contingentes. 8) (CESPE - TCE/RN 2009- Assessor Técnico de Controle e Administração) A liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas acerca da execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público, é uma das formas de assegurar a transparência da gestão fiscal. 9) (CESPE - STM 2010 - Analista Administrativo) Para realização de despesa com o pessoal, o Poder Legislativo do Distrito Federal deve observar o limite estabelecido na Lei de Responsabilidade Fiscal para o legislativo da esfera municipal. 10) (CESPE - EBC 2011 - Contabilidade) Por ser empresa estatal dependente, a Empresa Brasil de Comunicação integra o orçamento fiscal e de seguridade social. LRF COMENTADA – ANAC e ANCINE (Teoria e Exercícios) AULA 0 – AULA DEMONSTRATIVA PROFESSOR: BRUNO BORGES Prof. BRUNO BORGES www.pontodosconcursos.com.br 26 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. GANDRA, Ives e Nascimento, Carlos. Comentários à Lei de Responsabilidade Fiscal. 4º Edição. Editora Saraiva, 2009. 2. DA CRUZ, Flávio. Lei de Responsabilidade de Fiscal Comentada. 5º Edição. Editora Atlas, 2006. 3. PASCOAL, Valdecir. Direito Financeiro e Controle Externo. 5ª Edição. Elsevier 2006. 4. FEIJÓ, Paulo Henrique e ALBUQUERQUE, Claudiano. 2ª Edição. Gestão Pública, 2008. 5. GIACOMONI, James. Orçamento Público. 15ª Edição. São Paulo, SP. Atlas 2010. 6. Mendes, Laércio. Apostila de Contabilidade Pública. 7. CARVALHO, André Luís. Apostila de AFO. 8. NASCIMENTO, Edson Ronaldo e DEBUS, Ilvo. Entendendo a lei de responsabilidade fiscal. 2º edição atualizada. Secretaria do Tesouro Nacional – Ministério da Fazenda.
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