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1ª Prova de ECA

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1ª Prova de ECA
Bruna Moraes Silva 21650197
Questão 1) 
Adolescente “A”, com 13 anos de idade e “B”, de 09 anos de idade, ambos irmãos, filhos de “C” e “D”. “D”, a genitora, teve o poder familiar suspenso, em razão de uso abusivo de substância entorpecente ilícita. “A”, é alvo de constantes agressões físicas e verbais por parte do “C”, seu genitor. As agressões geralmente ocorrerem após “C” fazer uso abusivo de bebida alcoólica e pelo fato dele não aceitar a cor da pele de “A”, oportunidade em que “C” questiona a sua paternidade. As agressões causaram sofrimento psíquico à “A”. Em razão do sofrimento mental, “A”, desenvolveu um quadro depressivo, levando-a a um contexto de faltas escolares. A direção utilizou todas as estratégias escolares quanto à aluna infrequente, tendo, contudo, conhecimento da situação de maus tratos de “A”. Em virtude da depressão de “A”, uma vizinha solidária conduziu “A” ao hospital para atendimento psicológico e psiquiátrico. “E”, médico responsável pelo atendimento, após prescrever o medicamento para depressão, encaminhou “A” para casa, com monitoramento clínico. Ainda, “B” , de apenas 09 anos de idade, vendia pirulito nas ruas. Sob a justificativa de se encontrar em contexto de vulnerabilidade , o Conselho Tutelar da localidade inseriu “B” no cadastro de adoção junto à Vara da Infância e da Juventude do DF. “F”, pessoa devidamente cadastrada, com 23 anos de idade, seguindo a ordem da fila do cadastro, postulou a adoção de “B”, seguindo o procedimento sem contraditório, pois o genitor “C” concordou com a adoção perante a equipe multiprofissional. Após juntada dos pareceres do estágio de convivência e parecer final pela equipe multiprofissional, concluindo pelo deferimento da adoção e ouvido o MP, que manifestou-se em mesmo sentido, o juiz lançou sentença deferimento o pedido de adoção formulado por “F” em relação à “B”, embora “F” seja um brasileiro, com residência habitual no país de acolhida, subscritor da Convenção de Haia em matéria de Adoção.
Questões:
1. Diante do contexto de vulnerabilidade de “B”, a sua oitiva é desnecessária, sendo essa uma das hipóteses de não realização de oitivas das crianças e dos adolescentes nas demandas que lhes digam respeito. A afirmação encontra respaldo na Convenção das Nações Unidas de 1989 sobre direitos da criança ou no ECA? Sim ou Não. Por que?
Resposta devidamente fundamentada.
Resposta Questão 1: A afirmação não encontra respaldo nem na Convenção das Nações Unidas de 1989 sobre direitos da criança nem no Estatuto da Criança e do Adolescente, sendo necessária a oitiva da criança mesmo não tratando de fator determinante na adoção, mas que comporá o mosaico probatório na adoção internacional. Isto justifica-se no ECA, em seu art. 28 garante a criança deverá ser previamente ouvida sempre que possível por equipe interprofissional nos processos de adoção, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão das implicações da medida, e sua opinião, ainda que não vinculante, precisa ser devidamente considerada. Também encontra respaldo a necessidade da oitiva da criança, na Convenção das Nações Unidas de 1989, em seu artigo 2, em que se garante que se proporcionará à criança a oportunidade de ser ouvida em todo processo judicial ou administrativo que afete a mesma, quer diretamente quer por intermédio de um representante ou órgão apropriado, em conformidade com as regras processuais da legislação nacional, bem como o artigo 12, garante que os Estados Partes assegurarão à criança que estiver capacitada a formular seus próprios juízos o direito de expressar suas opiniões livremente sobre todos os assuntos relacionados com a criança, levando-se devidamente em consideração essas opiniões, em função da idade e maturidade da criança.
2. A diferença de idade entre o adotante e o adotado é fixada pelo ECA e tem por objetivo assegurar a aparência de pai ou mãe para os adotantes, diferença alinhada com a idade núbil prevista no nosso Código Civil. Nesse sentido, se indaga: a diferença de idade pode ser flexibilizada? Sim ou Não. Por que?
Resposta devidamente fundamentada.
Resposta Questão 2: Pode ser flexibilizado artigo 42, parágrafo 3º, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a fim de assegurar o melhor interesse da criança e do adolescente que forem colocados em adoção e ainda luz do princípio da socioafetividade, segundo o julgado da 4ª Turma do STJ.
No caso da decisão do STJ pela 4ª Turma, trava-se de adoção unilateral e neste caso o Colegiado entendeu que haveria a possibilidade jurídica do padrasto poder adotar o enteado se for demonstrada a existência de vínculo socioafetivo revelador de relação parental estável, pública, contínua e duradoura.
Referência do julgado: 
4ªTurma: da http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Quarta-Turma-admite-flexibilizar-diferenca-minima-de-idade-na-adocao.aspx
3. Exerça o papel de advogado da genitora “D” e apresente três pontos da sentença que deferiu a adoção de “B” à “F”, que podem ser objeto de apelação.
Resposta devidamente fundamentada.
Respostas Questão 3:
Pontos que irão sustentar a apelação:
a) O primeiro argumento é que em se tratando da modalidade de adoção sem contraditório, era necessário o consentimento da genitora, o que era devido visto que a mesma apenas possuía o poder familiar suspenso. Desse modo este consentimento é imprescindível, porque existe a expectativa de retomada do exercício do poder familiar e também porque só seria prescindível esse consentimento na hipótese do art. 45 § 1º do ECA, isto é, quando os pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar. 
b) Ademais por se tratar de adoção internacional visto que o adotante reside no exterior, deve-se observar o § 6 do artigo 50, em que afirma que os cadastro de adoção para adotantes residentes fora do país, somente serão consultados na inexistência de postulantes nacionais habilitados nos cadastros mencionados no § 5 o do artigo, desse modo não tendo sido observada essa hipótese e nem o postulado pelo § 10 do mesmo artigo, em que se afirma que, somente ao ser consultado o cadastro de pretendentes habilitados e residentes no país é verificado a ausência de perfil compatível interesse manifesto pela adoção de criança ou adolescente inscrito nos cadastros existentes, é que será realizado o encaminhamento da criança ou adolescente à adoção internacional, sendo o também afirmado pelo art. 51, II. Tendo sido suprimido esse procedimento observa-se ilegal a adoção.
c) O adotante não cumpriu o requisito do artigo 42, parágrafo 3º, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), visto ter menos de 16 anos de diferença de idade com o adotado, e não estando contemplado pela hipótese de flexibilização que fora deferida pela 4ª Turma do STJ, uma vez que não possui vínculos preexistentes com a criança, deste modo devendo ser anulada a sentença tendo vista não estar de acordo com entendimento do STJ e nem como o disposto na lei.
Referência do julgado: 
4ªTurma: da http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Quarta-Turma-admite-flexibilizar-diferenca-minima-de-idade-na-adocao.aspx
 BOA SORTE!!!

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