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Aula 11 O Método Clínico de Piaget

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O Método Clínico de Piaget
Profª. Msª. Caroline Trevisan Mendes de Almeida
Fundamentos históricos e metodológicos
O modelo piagetiano de investigação da inteligência é chamado de método clínico e se manteve constante durante todo o tempo em que foi utilizado por Piaget em suas investigações, embora tenham ocorrido certos aperfeiçoamentos.
Com a finalidade de descrever as habilidades intelectuais do indivíduo e compreender como o sujeito pensa e constrói o conhecimento, Piaget utilizou como estratégia de investigação o método clínico e procurou adequá-lo à medida que o foi utilizando ao longo de seus estudos.
O objetivo do método clínico piagetiano é compreender como o sujeito pensa, resolve situações‑problema e de que maneira responde às questões elaboradas. 
O enfoque está na compreensão de como e quando o sujeito utiliza determinado conhecimento e no processo que o leva a dar uma determinada resposta. 
Portanto, a resposta “errada” pode ser uma forma de raciocínio do sujeito em determinado momento de seu desenvolvimento, e isso deve estar bem claro para o adulto.
Dessa forma, o método clínico de Piaget tem como pressuposto uma avaliação da inteligência a partir de uma abordagem psicogenética (avaliação dos processos de desenvolvimento da inteligência), que difere da maneira mais tradicional utilizada em psicologia, à abordagem psicométrica (avaliação ou quantificação das respostas corretas dadas pelo sujeito ao exame).
Abordagem psicométrica
Alfred Binet nasceu em 8 de julho de 1857 (em Nice) e faleceu em 28 de outubro de 1911 em Paris. Psicólogo e pedagogo renomado, pelos estudos da inteligência pela psicométrica, foi o primeiro a elaborar testes psicométricos para avaliação – o Quociente Intelectual (QI).
Primeiro teste de inteligência, em uma perspectiva psicométrica, elaborado por Binet e seu colega, também francês, Theodore Simon (1872-1961) foi em 1905. 
Esse teste, de caráter verbal e em grau crescente de dificuldade, visava obter a quantificação da inteligência por meio de uma escala, o Quociente Intelectual (QI) do indivíduo. 
Ao longo dos anos, surgiram outros testes na tentativa de aperfeiçoar os critérios de medição da inteligência.
O objetivo dos testes psicométricos é a mensuração das habilidades mentais. 
A aplicação é feita por meio do controle de variáveis ambientais, rapport com o examinador, controle por meio de um manual com perguntas específicas a serem feitas, respostas padronizadas a serem dadas pelo sujeito e controle do tempo (cronômetro). 
Para que não haja interferência no desempenho do sujeito, é necessário, portanto, a padronização do material e o controle do ambiente.
Abordagem psicogenética
O objetivo, na abordagem psicogenética, é investigar a forma como o sujeito pensa e resolve determinadas situações que lhe são apresentadas. 
O controle está no entendimento das respostas e instruções, em vez da padronização das mesmas e das situações externas.
O investigador, nessa perspectiva, está interessado em compreender o processo que leva um sujeito a esta ou àquela resposta. 
Para isso, deve ter amplo conhecimento da teoria piagetiana, que irá nortear as perguntas que serão feitas durante a aplicação das provas, bem como a maneira como serão avaliadas as respostas dadas pela criança.
Assim, todas as respostas dadas pelo sujeito são interpretadas com a finalidade de entender o processo que as gerou, e as diferenças individuais não são avaliadas como indicadores de inteligência como na abordagem psicométrica, e sim como indicadores do estádio do desenvolvimento cognitivo em que o sujeito se encontra.
Para aplicar o método clínico, Piaget utilizou entrevistas puramente verbais e também apresentou situações-problema com materiais concretos, a fim de possibilitar ao sujeito a antecipação e a explicação, após determinada demonstração. 
Esse material Piaget chamou de provas operatórias
Procedimentos do experimentador
O método clínico de Piaget consiste em uma técnica de entrevista com crianças, em que por meio de um conjunto de intervenções sistemáticas se faz uma investigação sobre o pensamento do sujeito.
As perguntas abordam conceitos da física, da matemática, da moral, da natureza e de vários outros temas que compõem o conhecimento geral. 
Durante a entrevista, o experimentador elabora perguntas e contra-argumentações a partir das respostas dadas pela criança e avalia sua qualidade e abrangência.
Exemplo
Prova – Conservação da quantidade de matéria
Início da prova: o experimentador pede à criança para igualar as duas bolas quanto à sua quantidade. “Tem a mesma quantidade de massa nas duas bolas?”. 
O experimentador não deve continuar a prova até que a criança perceba que tem a mesma quantidade de massa nas duas bolas (igualdade inicial).
Primeira modificação: o experimentador deve transformar uma das bolas em uma salsicha (cerca de 12 cm) e perguntar: “E agora, tem a mesma quantidade de massa na bola e na salsicha?”.
Argumentação: como é que você sabe? Pode me explicar?
Contra-argumentação: mas a salsicha é mais larga, você não acha que tem mais quantidade de massa do que na bola? (para resposta conservativa); você se lembra que antes as duas bolas tinham a mesma quantidade? O que você acha agora? (para resposta não conservativa). O experimentador faz a volta empírica (retorno das bolas ao início da prova), fazendo as perguntas sobre a igualdade das mesmas.
Segunda modificação: o experimentador transforma uma das bolas em bolacha (cerca de 7 cm de diâmetro) e procede como na primeira deformação, terminando o problema com a volta empírica.
Terceira modificação: o experimentador fragmenta em migalhas uma das bolas (cerca de 8 a 10 pedaços) e procede como para as outras deformações.
Para isso, é esperado que o experimentador apresente duas qualidades:
• saiba observar, permita que a criança fale e não desvie ou esgote nada;
• saiba buscar algo de preciso, tenha a cada instante uma hipótese de trabalho, uma teoria, verdadeira ou falsa, para investigar.
Piaget propõe, portanto, que os seguintes procedimentos devam ser levados em consideração pelo
experimentador durante a aplicação do método clínico:
acompanhar o raciocínio, não corrigir ou completar suas respostas de acordo com seu próprio raciocínio, não concluir pelo sujeito;
buscar justificativas para respostas dadas, uma vez que o interesse principal do estudo da inteligência na teoria de Piaget está em compreender o processo pelo qual o sujeito chegou àquela resposta, as relações estabelecidas entre os fatos e a compreensão se a resposta foi dada com convicção ou ao acaso;
• verificar a certeza com que o sujeito responde, ou seja, se o sujeito responde com convicção, se o sujeito a modifica toda vez que o examinador faz questionamentos;
• evitar ambiguidades nas respostas dadas pelo sujeito, não cabe ao experimentador escolher qual dos possíveis significados foi aquele pretendido pelo sujeito.
A entrevista inicia à medida que o experimentador propõe uma tarefa à qual a criança apresentará uma resposta.
Não há resposta certa ou errada, a intenção do experimentador é avaliar o nível de pensamento da criança, e sua atitude durante a aplicação deve ser flexível, possibilitando uma interação espontânea com a criança. 
Nesse sentido, o rapport é muito importante para deixá-la à vontade durante as atividades.
Assim que a criança dá uma resposta, o experimentador faz outras perguntas, colocando uma variação no problema, ou seja, criando uma nova situação-problema.
Sendo assim, as perguntas (exploração, justificação, contra-argumentação) têm como objetivo esclarecer o que está implícito na resposta da criança e propiciar uma melhor compreensão de sua estrutura cognitiva (a maneira como o sujeito pensa e em qual estádio do desenvolvimento está incluído). 
Portanto, no método clínico piagetiano, não há como criar uma padronização das perguntas a serem feitas (como na abordagem psicométrica), pois oobjetivo é seguir o pensamento da criança para onde quer que ele se dirija.
Respostas e reações dos sujeitos
Outro aspecto fundamental na aplicação do método clínico piagetiano são os critérios para avaliação das respostas dadas pelo sujeito. 
Diferentemente da abordagem psicométrica, a avaliação das respostas não se faz pela contagem de acertos e erros, mas sim pela compreensão do raciocínio utilizado pelo sujeito para chegar àquela resposta, na compreensão da perspectiva a partir da qual o sujeito responde.
Nesse sentido, o erro é tão importante, ou mais, que o acerto, uma vez que indica, para nós, o processo de pensamento ou raciocínio do sujeito durante o processo de construção de conhecimento. 
O erro no construtivismo é possível e necessário, pois faz parte de um processo interno, de uma auto-regulação para aprender, o sujeito precisa compreender e internalizar os fatos por oposição a simples cópia e repetição de modelos externos.
Para a avaliação das respostas, deve-se utilizar como critério os indicadores apresentados por Piaget em relação às estruturas de pensamento da criança em cada estádio do desenvolvimento cognitivo. 
Em outras palavras, por meio das provas operatórias, podemos conhecer o funcionamento das estruturas de pensamento do sujeito, suas funções lógicas e o nível cognitivo em que se encontra.
Sendo assim, Piaget propõe níveis de desenvolvimento ao avaliar as respostas dadas pelas crianças
durante o método clínico:
• Nível I – corresponde àquele em que a criança não resolve o problema, nem sequer o entende, ou, então, responde erroneamente, mas com convicção.
• Nível II – corresponde ao conflito, ambivalência, dúvida, em que a criança oscila em suas respostas, apresentando flutuações (Intermediário). Percebe o erro somente depois de o ter cometido, não sendo capaz de antecipá-lo, por isso as ações da criança se baseiam em ensaio e erro, na tentativa, na solução empírica.
• Nível III – corresponde àquele em que a criança apresenta uma solução suficiente à questão e à compreensão do problema como é colocado. 
Os erros podem ocorrer, mas o que muda é a maneira como sujeito lida com eles: podem ser antecipados, neutralizados, pré-corrigidos ou compensados.
A questão fundamental que se coloca do ponto de vista psicológico e pedagógico é como podemos criar situações-problema que possibilitem ao sujeito transformar o erro em um observável para si mesmo, a ponto de que possa antecipá-lo, neutralizá-lo, corrigi-lo ou compensá-lo de maneira autônoma.
Piaget observou que a criança pode apresentar cinco reações durante as respostas às provas operatórias, sendo duas delas manifestações de condutas significativas da aprendizagem e desenvolvimento da criança.
Não importismo
quando a pergunta aborrece a criança ou, de maneira geral, não provoca nenhum esforço de adaptação, a criança responde qualquer coisa e de qualquer forma, sem mesmo procurar divertir-se ou construir um mito.
Fabulação
quando a criança, sem mais refletir, responde à pergunta inventando uma história em que não acredita, ou na qual crê, por simples exercício verbal.
Crença sugerida
quando a criança esforça-se para responder a uma questão, sem que esta lhe seja sugestiva, ou quando busca simplesmente contentar o examinador, sem considerar sua própria reflexão. 
A pergunta não é da criança ou não lhe interessa, por isso responde na perspectiva do examinador e não na sua própria.
Crença desencadeada
quando a criança responde com reflexão, extraindo a resposta de seus próprios recursos, sem sugestão para ela, dizemos que há crença desencadeada. 
A crença desencadeada é influenciada necessariamente pelo interrogatório, pois a simples maneira como a questão é colocada e apresentada à criança força-a a raciocinar em certa direção e a sistematizar seu saber de certo modo; mas ela é, contudo, um produto original do pensamento da criança, pois nem o raciocínio feito por ela para responder à questão nem o conjunto dos conhecimentos anteriores que utiliza durante sua reflexão são diretamente influenciados pelo experimentador.
Crença espontânea
quando a criança não tem necessidade de raciocinar para responder à questão, mas pode dar uma resposta imediata à questão porque já foi formulada, há a crença espontânea. 
Há, portanto, crença espontânea quando a questão não é nova para a criança e quando a resposta é fruto de uma reflexão anterior e original. 
Concluindo, durante o método clínico, é objetivo do experimentador a presença de crenças desencadeadas, uma vez que é ele que apresenta as situações-problema, observa e discute com a criança sobre suas hipóteses, favorecendo, assim, a construção do conhecimento e o consequente desenvolvimento das estruturas operatórias do pensamento. 
Da mesma forma, o professor que compreende o método clínico pode utilizá-lo como estratégia metodológica construtivista em sua prática pedagógica ao planejar e ministrar suas aulas. São as crenças desencadeadas que mais desejamos em nossos alunos.

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