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Sí�lis Adquirida Sí�lis na Gestante Sí�lis Congênita Guia Técnico Belo Horizonte 2014 Elaboração Maria Gorete dos Santos Nogueira Ricardo Andrade Carmo Solange Maria Nonato Projeto Gráfico Produção Visual - Gerência de Comunicação Social Secretaria Municipal de Saúde Sumário 1 Introdução .....................................................................................................................3 2 Classificação, diagnóstico, tratamento e acompanhamento ......................4 2.1 Sífilis adquirida ....................................................................................................4 2.1.1 Definição de caso de sífilis adquirida ......................................................4 2.1.2 Diagnóstico laboratorial ...............................................................................4 2.2 Sífilis na gestação ...............................................................................................8 2.2.1 Definição de caso de sífilis em gestantes ...............................................8 2.2.2 Diagnóstico sorológico .................................................................................8 2.2.3 Tratamento ........................................................................................................9 2.2.4 Tratamento inadequado da sífilis materna ......................................... 10 2.2.5 Recomendações para o seguimento da sífilis materna ................. 10 2.3 Sífilis congênita ................................................................................................ 11 2.3.1 Classificação .................................................................................................. 11 2.3.2 Definição de caso ......................................................................................... 12 2.4 Manejo clínico .................................................................................................. 13 2.4.1 Período neonatal .......................................................................................... 13 2.4.2 No período Pós-Neonatal (após 28º dia de vida) ........................... 14 2.4.3 Seguimento .................................................................................................... 14 3 Que ações de saúde devem ser executadas para gerar impacto? ......... 15 4 Coinfecção sífilis-HIV na gestação .................................................................... 15 Referências bibliográficas ...................................................................................... 16 Anexos .......................................................................................................................... 17 1. Nota Técnica Conjunta Nº 391/2012/SAS/SVS/MS ................................. 17 2. Portaria Nº 3.161, de 27 de Dezembro de 2011 ...................................... 21 Sífilis adquirida, sífilis na gestante e sífilis congênita 3 Introdução1 A sífilis é doença infecciosa, causada pelo Treponema pallidum, de transmissão sexu- al ou materno-fetal, sistêmica e de evolução crônica, sujeita a surtos de agudização e períodos de latência clínica. O risco de transmissão sexual é cerca de 60%. A lesão inicial da sífilis, nem sempre presente, ocorre mais comumente na área genital. A infecção na gestante pode ocorrer em qualquer fase da gestação e o risco de transmissão para o concepto é maior em mulheres com sífilis primária e secundária, não tratadas adequa- damente, com consequências graves para o concepto. Até 40% dos casos da infecção na gestação pode resultar em morte fetal, aborto espontâneo e natimorto ou, ainda, morte neonatal precoce e prematuridade. Apesar das facilidades de diagnóstico e do tratamento de baixo custo, disponíveis na rede básica do Sistema Único de Saúde, o número de casos da sífilis tem aumentado em todo o país nos últimos anos. Em 2011, as taxas nacionais de detecção da sífilis na gestação e a incidência da sífilis congênita foram, respectivamente, de 5,0 e 3,3 casos para cada 1.000 nascidos vivos. No mesmo ano, em Belo Horizonte, foram notificados 1686 casos da sífilis adquirida, com incidências de 8,0 casos da sífilis na gestante e 4,4 casos da sífilis congênita, para cada 1000 nascidos vivos. Em 2012 e 2013 essas taxas anuais da gestante e criança no município ficaram, respectivamente, em torno de 14,0 e 5,0 casos, com tendência a aumentar. Considera-se que esse aumento, em parte, seja devido às ações e esforços para o fortalecimento dos serviços de pré-natal, da assis- tência ao parto e da neonatologia, com o aumento da realização do diagnóstico e da notificação de casos. Contudo, observa-se, concomitantemente, aumento de pessoas com sífilis adquirida, a cada ano. A prevenção da sífilis congênita pode ser feita com práticas relativamente simples, de baixo custo, disponíveis e altamente eficazes, que incluem o diagnóstico da sífilis materna e o tratamento adequado da gestante e de seu(s) parceiro(s). Assim, a abor- dagem da sífilis congênita tornou-se prioridade política do Ministério da Saúde e da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte. Dentre outras medidas, o Ministério da Saúde tem ampliado o acesso da população brasileira ao diagnóstico da sífilis, com a implantação do teste rápido nas unidades de Atenção Básica à Saúde e maternidades do país, a ser empregado, em especial, no pré-natal e na assistência ao parto, no âmbito das diretrizes do projeto Cegonha. O nosso objetivo maior é tornar mais efetivas as medidas de prevenção, com a prá- tica dos protocolos de assistência à gestante, dentre eles, o da sífilis, como parte das ações que têm sido implantadas e implementadas para melhorar a assistência ao pré- -natal. Sabemos que, para a eliminação sustentada da sífilis congênita e o controle da sífilis adquirida, é preciso somar esforços para a conscientização e adesão aos cuidados para a prática do sexo seguro, assegurar assistência qualificada à mulher, ampliar ações focadas na saúde sexual e reprodutiva e na saúde do homem, além de diagnosticar e tratar adequadamente todas as formas da sífilis. Nesse sentido, este guia, cujo alvo prin- Guia técnico Sífilis 4 Classificação, diagnóstico, tratamento e acompanhamento Sífilis adquirida 2.1.1 Definição de caso de sífilis adquirida 2.1.2 Diagnóstico laboratorial 2 2.1 cipal é a abordagem clínica da sífilis congênita e da gestante, foi revisado e ampliado na parte que trata do diagnóstico e do tratamento da sífilis adquirida. • Todo indivíduo assintomático ou sintomático (lesões compatíveis com sífilis primária ou secundária) e teste não treponêmico reagente com qualquer titu- lação e teste treponêmico reagente; • Todo indivíduo com teste não treponêmico elevado (≥ 1:8) e teste treponêmico reagente; • Todo indivíduo sintomático, com identificação do Treponema (microscopia de campo escuro) positivo, independente dos testes não treponêmico e teste tre- ponêmico (válido para os casos de lesões de inoculação em fases precoces, ainda sem positivação dos testes sorológicos). Pesquisa do T. pallidum É realizada através da microscopia de campo, em material coletado de lesão da sífilis primária ou secundária, de biópsia ou autópsia. Geralmente é disponibilizado nos ser- viços especializados de atendimento em ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis). O Teste de biologia molecular – PCR (Polymerase Chain Reaction) para detecção de DNA do Treponema pode ser realizado no sangue, no líquor ou em tecidos, mas está restrito a laboratórios de pesquisa. Diagnóstico Sorológico O diagnóstico sorológico da sífilis é dado pelo teste não treponêmico VDRL (Veneral Disease Research Laboratorial) e/ou por testes treponêmicos, FTA-abs (Fluorescense Trepo- nema pallidum Absorption Test), ELISA (Ensyme Linked Immuno Sorbent Assay), HAI (Hema- glutinação indireta) e RIFI (Reação de Imunofluorescência Indireta). Tornam-sereagentes cerca de uma semana após o aparecimento do cancro duro. A sorologia não treponêmi- ca (VDRL), por ser passível de titulação, é usada no seguimento terapêutico. Sua titulação cai após o tratamento adequado e tende a negativar-se na sífilis recente tratada, porém Sífilis adquirida, sífilis na gestante e sífilis congênita 5 na sífilis tardia os títulos podem persistir baixos por anos. Os testes treponêmicos para anticorpos IgM tornam-se positivos somente na sífilis em ativida¬de, tendendo à negati- vação após terapêutica eficaz. Pessoas com títulos baixos em testes não treponêmicos e teste treponêmicos positivo, sem registro de tratamento, devem ser consideradas como portadoras de sífilis latente tardia e serem submetidas ao tratamento. O teste rápido da sífilis, disponibilizado recentemente, é mais uma ferramenta para ampliação do diagnóstico da sífilis. São práticos, de fácil execução, que pode ser reali- zado em amostra de sangue total colhida por punção digital ou venosa, com leitura de resultado em 15 a 20 minutos, sem uso de equipamentos. Trata-se de teste treponêmi- co, também para triagem, conforme Portaria nº 3.242, de 30 de dezembro de 2011 que dispõe sobre o Fluxograma Laboratorial da Sífilis (figura 1). Orienta-se que diante de um teste rápido com resultado reagente, deverá proceder à coleta de sangue venoso para realização do VDRL e o agendamento de consulta médica. Para o diagnóstico labora- torial da sífilis são necessários exames treponêmicos e não treponêmicos. Quando o teste rápido for utilizado como triagem, nos casos reagentes, uma amostra de sangue venoso deverá ser coletada e encaminhada para confirmação laboratorial. Reportar no laudo o resultado do teste Reportar no laudo o resultado dos 2 testes Reportar no laudo o resultado dos 3 testes Reagente Não Reagente Reagente Não Reagente Indeterminado Reagente Não Reagente Indeterminado Teste 1 - Não Treponêmico Teste 2 - Treponêmico Teste 3 - 2º Metodologia Treponêmica Reportar no laudo o resultado dos 2 testes Reportar no laudo o resultado dos 3 testes Reportar no laudo o resultado do teste Realizar reste Tre- ponêmico diferente da metodologia já utilizada. Persistindo resultado indetermi- nado solicitar nova amostra após 30 dias e submeter ao fluxo- grama laboratorial da Sífilis Reagente Reagente Não Reagente Não Reagente ReagenteNão ReagenteIndeterminado Indeterminado Indeterminado Teste 2 - Não Treponêmico Teste 1 - Treponêmico Teste 3 - 2º Metodologia Treponêmica Figura 1. Fluxograma do diagnóstico laboratorial da sífilis Guia técnico Sífilis 6 Es ta di am en to Si na is / si nt om as VD RL Es qu em a Te ra pê ut ic o Co nt ro le d e cu ra e o rie nt aç õe s Sífilis Recente Primária • Ca nc ro d ur o: le sã o ge ni ta l ul ce ra da o u er os ad a, g er al - m en te ú ni ca , q ue e m 1 0 a 90 d ia s ( m éd ia d e 21 d ia s) ap ós o c on tá gi o (c on ta to se xu al in fe ct an te ); • Ad en op at ia re gi on al (í ng ua ) nã o su pu ra tiv a, in do lo r e m úl tip la ; • As le sõ es p od em se r e x- tr ag en ita is e de sa pa re ce m , in de pe nd en te d o tr at am en - to , e m 0 4 a 08 se m an as . Po sit iv o, m as p od e se r n eg at i- vo . A p es qu isa d o Tr ep on em a em c am po e sc ur o po de se r po sit iv a e é re al iza da a pe na s no L ab or at ór io d a U RS C en tr o Su l. Pe ni ci lin a G Be nz at in a: 2. 40 0. 00 0 U I ( 1. 20 0. 00 0 U I e m ca da g lú te o) , d os e ún ic a. • Ex am e so ro ló gi co n ão tr ep on êm ic o TR IM ES TR AL (V DR L) . N a fa se in ic ia l d o ca nc ro a so ro lo gi a, V DR L ou qu al qu er o ut ra , p od e se r ne ga tiv a; • Tr at ar p ar ce iro s s ex ua is; • Ac on se lh am en to , u so d o pr es er va tiv o; se gm en to so - ro ló gi co ; t es ta ge m a nt i-H IV e va ci na p / h ep at ite B ; • As p es so as in fe ct ad as d e- ve m se r o rie nt ad as a n ão se ca nd id at ar em a d oa çã o de sa ng ue , a té a c on fir m aç ão da c ur a da in fe cç ão . Secundária • Le sõ es c ut an eo m uc os as , nã o ul ce ra da s q ue a pa re ce m no c or po e m c er ca d e 8 se m an as a pó s o d es ap ar ec i- m en to d o ca nc ro d ur o; • Ex an te m a m or bi lif or m e e m ác ul as (r os éo la s s ifi lít ic as ); • Ex ce pc io na lm en te p od e oc or re r uv eí te , h ep at ite , pe rio st ite e n ef ro pa tia ; • Em 7 0- 90 % d os c as os p od e oc or re r s in to m as g er ai s co m o fe br e, a rt ra lg ia s, m al es ta r g er al e li nf ad en op at ia ge ne ra liz ad a. Tí tu lo s a lto s, g er al m en te su pe rio re s a 1 :6 4. Pe ni ci lin a G Be nz at in a: 2. 40 0. 00 0 U I p or se m a- na (1 .2 00 .0 00 U I e m c ad a gl út eo ), 02 sé rie s, d os e to ta l: 4. 80 0. 00 0 U I. Latente • Se m si na is e sin to m as cl ín ic os (p er ío do d es de o de sa pa re ci m en to d as le sõ es da sí fil is se cu nd ár ia , a té 0 1 an o de e vo lu çã o) . Tí tu lo s m en or es d o qu e da fa se se cu nd ár ia . Q ua dr o 1 - E st ad ia m en to , d ia gn ós tic o e tr at am en to d a sí fil is a dq ui rid a em n ão g es ta nt es o u nã o nu tr ize s. Sífilis adquirida, sífilis na gestante e sífilis congênita 7 Sífilis Tardia Latente • Se m si na is ou si nt om as cl ín ic os - ap ós 0 1 an o da in fe cç ão . Tí tu lo s b ai xo s Pe ni ci lin a G Be nz at in a: 2. 40 0. 00 0 U I p or se m a- na (1 .2 00 .0 00 U I e m c ad a gl út eo ), 03 sé rie s, d os e to ta l: 7. 20 0. 00 0 U I. • Ex am e so ro ló gi co n ão tr ep on êm ic o tr im es tr al (V DR L) ; • Tr at ar p ar ce iro s s ex ua is; • Ac on se lh am en to , u so d o pr es er va tiv o, se gm en to so - ro ló gi co , t es ta ge m a nt i-H IV e va ci na p / h ep at ite B ; • As p es so as in fe ct ad as d e- ve m se r o rie nt ad as a n ão se ca nd id at ar em a d oa çã o de sa ng ue , a té a c on fir m aç ão da c ur a da in fe cç ão . Terciária • Si na is e sin to m as q ue oc or re m a pó s 0 2 a 40 a no s ap ós a in fe cç ão in ic ia l d e in fe cç ão , p rin ci pa lm en te po r l es õe s c ut an eo m uc o- sa s ( tu bé rc ul os o u go m as ) ne ur ol óg ic as (n eu ro ss ífi lis , de m ên ci a) , c ar di ov as cu la re s (a ne ur ism a aó rt ic o/ in su f. aó rt ic a) e o st eo -a rt ic ul ar es (a rt ro pa tia ). Tí tu lo s b ai xo s. P od em s er ne ga tiv os . Neurossífilis M en ín ge a: m en in gi te si fil íti ca ag ud a; m en in go va sc ul ar : c er e- br al , v as cu la r. Pa re nq ui m at os a: p ar al isi a ge ra l, ta be s d or sa lis , p ar es ia ta bé tic a, at ro fia ó pt ic a. G om at os a: c er eb ra l, es pi na l. Ge ra lm en te o s t ítu lo s s ão m ai s a lto s n a síf ili s r ec en te e m ai s b ai xo s n a síf ili s t er ci á- ria , p od en do se r n eg at iv o. É im po rt an te re al iza r o e xa m e do li qu or . Pe ni ci lin a G Cr ist al in a: 1 8 a 24 m ilhõe s d e U I/ di a, p or 1 0 a 14 di as : 4 /4 h e c om pl em en ta çã o co m p en ic ili na G b en za tin a 03 sé rie s d e 2. 40 0. 00 0 U I. • Ex am e de li qu or d e 6/ 6 m es es a té n or m al iza çã o; • Tr at ar p ar ce iro s s ex ua is; • Ac on se lh am en to , u so d o pr es er va tiv o, se gm en to so - ro ló gi co , t es ta ge m a nt i-H IV e va ci na p ar a he pa tit e B. Guia técnico Sífilis 8 Observações: • Todos os casos de sífilis adquirida, sífilis na gestante e sífilis congênita devem ser notificados; • Casos de sífilis adquirida, incluindo mulheres não gestantes e não nutrizes, com comprovada história de hipersensibilidade à penicilina, após teste de dessensibilizacão, deverão ser tratadas com eritromicina (estearato) 500mg (01 comprimido) de 6/6 h, via oral, por 15 dias, para a sífilis recente, ou por 30 dias, para a sífilis tardia. Outra opção é a doxiciclina, 100 mg (1 comprimido) de 12/12 horas, por 15 dias, para a sífilis recente, e por 30 dias, para a sífilis tardia; • Considera-se resposta adequada ao tratamento, o declínio dos títulos durante o primeiro ano. Deve-se manter acompanhamento trimestral no segundo ano, se ainda houver reatividade com titulações decrescentes ou baixas persistentes. O tratamento deve ser reiniciado em caso de in- terrupção do mesmo, ou se houver quadruplicação dos títulos (ex.: de 1:2 para 1:8) em relação ao último VDRL realizado. Nesse caso, deve-se verificar se o parceiro foi tratado, a indicação de novo tratamento para o mesmo e o uso regular de preservativos nas relações sexuais; • Casos suspeitos de neurossífilis (sintomas neurológicos), ou com imunodeficiência e/ou infecção pelo HIV, devem ser encaminhados para propedêutica e tratamento nos Serviços Ambulatoriais Especializados em Infectologia (SAEs) ou hospitais de referência em doenças infectoparasitárias e doenças sexualmente transmissíveis; • As pessoas com testes positivos para o HIV deverão ser encaminhadas para os SAEs em DST/Aids e Hepatites Virais. Sífilis na gestação 2.2.1 Definição de caso de sífilis em gestantes 2.2.2 Diagnóstico sorológico 2.2 • Caso suspeito: gestante que durante o pré-natal apresente evidencia clínica da sífilis, ou teste não treponêmico reagente com qualquer titulação; • Caso confirmado: a gestante deve ter o teste treponêmico reagente, com teste não treponêmico reagente com qualquer titulação, independente de qualquer evidência clínica ou ter teste treponêmico reagente e teste não treponêmico não reagente ou não realizado, sem registro de tratamento prévio. • O diagnóstico sorológico da gestante usualmente é feito pelos testes não tre- ponêmico VDRL e/ou não treponêmicos; • O VDRL deve ser realizado, de rotina, na primeira consulta, idealmente no início do primeiro trimestre e repetido no início do 3o trimestre (entre 29a a 32a se- manas de gestação) e no momento do parto. Está indicado, rotineiramente, em todas as mulheres admitidas nas maternidades para curetagem e abortamentos; • O teste rápido da sífilis prevê a triagem da sífilis da gestante e de suas parcerias sexuais. Nos casos de gestante e/ou de seu (s) parceiro (s), com o teste rápido positivo, em que sejam pouco confiáveis a realização posterior do VDRL e o re- torno à unidade de saúde, deve-se instituir prontamente o tratamento da sífilis, Sífilis adquirida, sífilis na gestante e sífilis congênita 9 2.2.3 Tratamento com o objetivo de eliminar possíveis casos de transmissão vertical da infecção. Também deve ser indicado tratamento imediato quando não houver histórico de sífilis registrado em prontuário da gestante ou inexistência de comprovação de tratamento adequado para a sífilis no passado. Em todos os casos de teste rápido positivo, deverão ser solicitados a coleta de sangue para fazer o VDRL e o agendamento de consulta médica; • Na rede municipal de saúde de Belo Horizonte, durante o acompanhamento pré-natal, os pedidos de exames devem ser feitos como “Sorologia para Sífilis”, assim, o Laboratório Distrital realizará automaticamente o teste treponêmico sempre que o VDRL for menor 1/8, conforme o fluxograma a seguir (figura 2). Resultados falsos positivos podem ocorrer devido a reações cruzadas com ou- tras infecções treponêmicas ou outras doenças como hanseníase, lúpus e artri- te reumatóide, dentre outras. VDRL 1ª Consulta TRATAR* TRATAR* POSITIVO Negativo Negativo História conhecida e tratamento adeuado Investigar história/ Antecedentes Cicatriz sorológica História ignorada Falso-PositivoTreponêmico(TPHA, FTA-Abs, ELISA ou RIF) Descartar Investigar: colagenases, hanseníase, etc ≥ 1/8 < 1/8 Repetir no 3º trimestre Figura 1. Fluxograma do diagnóstico laboratorial e do tratamento da sífilis na gestante * Esforços devem ser feitos para a realização do teste treponêmico, em especial o teste rápido. O tratamento para gestantes e puérperas deve ser feito conforme o estágio da doença. Classificação Esquema terapêutico Dose total Controle de cura Sífilis primária (< 1 ano) Penicilina G Benzatina 2.400.000 UI, via intramuscular (1.200.00 U.I., em cada glúteo), em dose única. Dose total de 2.400.000 UI Exame sorológico não trepo- nêmico (VDRL) MENSAL. Sífilis secundária ou latente recente (< 1 ano) Penicilina G Benzatina 2.400.000 UI, via intramuscular (1.200.000 U.I, em cada glúteo), repetida após 1 semana. Dose total de 4.800.000 UI. Exame sorológico não trepo- nêmico (VDRL) MENSAL. Guia técnico Sífilis 10 Classificação Esquema terapêutico Dose total Controle de cura Sífilis terciária ou latente tardia (> 1 ano ou dura- ção ignorada) Penicilina G Benzatina 2.400.000 UI, via intramuscular (1.200.000 U.I, em cada glúteo), semanalmente, por 3 semanas. Dose total de 7.2000.000 UI Exame sorológico não trepo- nêmico (VDRL) MENSAL. Observações: • Em todos os casos de diagnóstico de sífilis na gestante, o(s) parceiro(s) sexual(ais) deve(m) receber, de imediato, o tratamento para sífilis, independente da realização da sorologia ou do resultado do teste rápido. Também deverá ser solicitado o VDRL para acompanhamento; • Gestantes e nutrizes, com comprovada história de hipersensibilidade à penicilina, após teste de dessensibilizacão, deverão ser tratadas com eritromicina (estearato) 500mg (01 comprimido) de 6/6 h, via oral, por 15 dias, para a sífilis recente, ou por 30 dias, para a sífilis tardia. Assinala-se que essa gestante não será considerada adequadamente tratada para sífilis gestacional, sendo obri- gatória a investigação e o tratamento adequado do recém-nascido após o parto; • O tratamento deve ser reiniciado em caso de interrupção do mesmo, ou se houver quadrupli- cação dos títulos (ex.: de 1:2 para 1:8) em relação ao último VDRL realizado. Deve-se verificar se o parceiro foi tratado adequadamente, a indicação de novo tratamento para o mesmo e o uso regular de preservativos às relações sexuais; • Nos casos de gestantes que se apresentem na fase secundária da doença, a primeira dose do tratamento deverá ser realizada, idealmente, em ambiente hospitalar, devido à possibilidade de desenvolvimento da Reação de Jarish-Herxheimer e risco potencial de abortamento. Os principais sintomas da reação são febre, calafrios, mialgia, dor de cabeça, hipotensão, taquicardia e acentu- ação das lesões cutâneas. 2.2.4 Tratamento inadequado da sífilis materna 2.2.5 Recomendações para o seguimento da sífilis materna Considera-se tratamento inadequado da sífilis as seguintes situações: 1. Todo tratamento realizado com qualquer medicamento que não seja penicilina. 2. Tempo de tratamento incompleto, mesmo tendo sido realizado com penicilina. 3. Tratamento inadequado para a fase clínica da sífilis. 4. Tratamento realizado ou finalizado em período menor que 30 dias antes do parto. 5. Parceiro não tratado, ou tratado inadequadamente e manteve contato sexual com a gestante após seu tratamento.Casos de gestantes que estão sem parceiro (s) sexual (ais) por ocasião do diagnóstico e o (s) mesmo (s) não foi (ram) encon- trado (s), esse critério não será considerado para o diagnóstico de sífilis materna. • Reforçar a orientação sobre os riscos relacionados à infecção pelo Treponema pallidum por meio da transmissão sexual, para que as mulheres com sífilis e seu(s) parceiro(s) tenham práticas sexuais seguras; • Recomendar o uso rotineiro de preservativos sexuais (masculino e feminino), durante e após o tratamento; Sífilis adquirida, sífilis na gestante e sífilis congênita 11 • Realizar o controle de cura mensal por meio do VDRL, considerando resposta adequada ao tratamento o declínio dos títulos em duas titulações em até 06 meses. Muitas mulheres chegarão ao parto sem ter alcançado essa queda dos títulos. Recomenda-se, então, avaliar o tratamento realizado da gestante e do parceiro, e a possibilidade de coinfecção pelo HIV para a definição de condutas; • Reiniciar o tratamento em caso de interrupção do mesmo, ou se houver qua- druplicação dos títulos de VDRL (ex.: de 1:2 para 1:8). Sífilis congênita 2.3.1 Classificação 2.3 A sífilis congênita é classificada em PRECOCE e TARDIA, conforme período de início dos sintomas, respectivamente, antes e após os dois anos de idade da criança. A sífilis congênita precoce inclui aborto espontâneo, natimorto ou morte perinatal que ocorre em aproximadamente 40% dos conceptos infectados, a partir de mães não tratadas. Cerca de 30% das crianças infectadas são assintomáticas ao nascimento, com surgimento dos sintomas durante os primeiros três meses de vida. A infecção pode ser fulminante e disseminada, e os sinais e sintomas mais comuns são febre, anemia, retardo no desenvolvimento, irritabilidade, lesões mucocutâneas (rash maculopapular no tronco, palmas das mãos e plantas dos pés, condiloma lata e erupções bolhosas), rinite sero-sanguinolenta, hepatoesplenomegalia, icterícia, ascite, glomerulonefrite, lin- fadenopatia, dactilite, e pseudoparalisia devido à osteocondrite. Esta última pode ser generalizada e acompanhada de pericondrite, afetando todos os ossos do esqueleto, mais acentuadamente no nariz e na tíbia. Fazem parte do quadro sintomas oculares e neurológicos, hemólise e trombocitopenia. Dadas as múltiplas apresentações da sífilis congênita, esta deve ser considerada no diagnóstico diferencial de toda doença grave em recém-nascidos, mesmo que a mãe seja soronegativa no momento do parto, uma vez que a infecção pode ter sido muito recente. A sífilis congênita tardia caracteriza-se por deformações ósseas variadas, mani- festas como fronte olímpica e tíbia em lâmina de sabre (achatamento lateral), pelos chamados dentes de Hutchinson (incisivos e molares espaçados e com entalhamento central), arco do palato alto, protuberância da mandíbula, espessamento esterno-clavi- cular, nariz em sela (achatamento da parte superior / ponte do nariz). Outras alterações gerais incluem rágades (cicatrizes lineares periorais), paresia juvenil, linfadenomegalia, hepatoesplenomegalia, sintomas neurológicos, incluindo déficits graves, ceratite in- tersticial (opacidade da córnea), surdez por lesão do 8º nervo craniano, articulações de Clutton (derrames articulares indolores) e gomas (nodulações subcutâneas por proces- so inflamatório e que sofrem degeneção). As manifestações de sífilis congênita tardia tornaram-se raras, na época, após o uso da penicilina. Nenhum recém-nascido deve ter alta do hospital sem se ter a informação da reali- Guia técnico Sífilis 12 zação de sorologia para sífilis da mãe e/ou do recém-nascido (condição necessária para pagamento da AIH de internação na maternidade). 2.3.2 Definição de caso Para fins de vigilância epidemiológica, quatro critérios compõem a definição de ca- sos de sífilis congênita: 1º - Criança cuja mãe apresente, durante o pré-natal ou no momento do parto, testes para sífilis não treponêmico reagente com qualquer titulação E teste treponêmico reagente, que não tenha sido tratada ou tenha recebido trata- mento inadequado. Criança cuja mãe não foi diagnosticada com sífilis durante a gestação e, na impossibilidade da maternidade realizar o teste treponêmico, apresenta teste não treponêmico reagente com qualquer titulação no momento do parto. Criança cuja mãe não foi diagnosticada com sífilis durante a gestação e, na impossibilidade da maternidade realizar o teste não treponêmico, apresenta teste treponêmico reagente com qualquer titulação no momento do parto. Criança cuja mãe apresente teste treponêmico reagente e teste não treponê- mico não reagente no momento do parto sem registro de tratamento prévio. 2º - Todo indivíduo menor de 13 anos de idade, com pelo menos uma das se- guintes evidências sorológicas: títulos de testes não treponêmicos maiores do que os da mãe, ascendentes ou reagentes após seis meses de idade (exceto as situações de seguimento terapêutico), ou testes treponêmicos reagentes após 18 meses de idade (afastada a possibilidade de infecção adquirida) e tes- te não treponêmico reagente e evidência clínica ou liquórica ou radiológica de sífilis congênita. 3º - Aborto ou natimorto, de mãe com sorologia não treponêmica reagente para sífilis em qualquer titulação ou treponêmica reagente, realizada no pré-natal, ou no momento do parto ou da curetagem, que não tenha sido tratada ou tenha recebido tratamento inadequado. 4º - Toda situação de evidência de infecção pelo Treponema pallidum, por meio de exames microbiológicos, na placenta e no cordão umbilical e/ou em amostras de lesão, biópsia ou necropsia de criança, produto de aborto ou natimorto. Sífilis adquirida, sífilis na gestante e sífilis congênita 13 2.4.1 Período neonatal Manejo clínico2.4 Os casos de sífilis congênita receberão a primeira abordagem ainda na maternidade e, após alta hospitalar, deverão ser encaminhados para o serviço de referência, CTR DIP Orestes Diniz, situado à Alameda Álvaro Celso, 241, bairro Santa Efigênia. A marcação da consulta pode ser feita pelo telefone 3277-4341. A equipe do Centro de Saúde de refe- rência da família deve manter o acompanhamento conjunto da criança. O tratamento da criança com sífilis congênita, tanto neonatal quanto pós-neonatal, deve ser feito de acordo com as recomendações a seguir. Em todo caso de sífilis congênita, suspeita ou confirmada (gestante com sífilis con- firmada ou suspeita, tratada ou não, e recém-nascido com suspeita clínica da doença) deve-se realizar o VDRL em amostra pareada de sangue periférico, da mãe e do recém- -nascido, e adotar conduta de acordo com os critérios abaixo: A - Recém-nascidos de mães com sífilis não tratada ou inadequadamente tra- tada: realizar VDRL da mãe e da criança, e hemograma, radiografia de ossos longos e punção lombar da criança (na impossibilidade de realizar este último procedimento, tratar o caso como neurossífilis): A.1 - Se houver alterações clínicas e/ou sorológica, radiológica ou hemato- lógica, o tratamento deve ser feito com penicilina G cristalina na dose de 50.000UI/Kg/dose, por via endovenosa, a cada 12 horas nos primeiros 7 dias de vida e, posteriormente, a cada 8 horas, durante 10 dias; ou penicilina G procaína 50.000UI/Kg, dose única diária, IM, durante 10 dias. A.2 - Se houver alteração liquórica, o tratamento deverá ser realizado com pe- nicilina G cristalina, 50.000UI/Kg/dose, endovenosa, a cada 12 horas nos pri- meiros 7 dias de vida posteriormente a cada 8 horas, durante 10 dias. Líquor de recém-nascido com leucocitose (mais de 25 células/mm³) e proteínas aumentadas (mais de 150 mg/dl) deve ser considerado como evidência de neurossífilis. O VDRL positivo no líquor é considerado diagnóstico de neu- rossífilis, independente das alterações bioquímicas. A.3 - Se não houver alterações clínicas e nem dos exames complementares (sorologia, líquor, radiologia e hematologia), fazer o tratamento com peni- cilina G benzatina por via intramuscular, na doseúnica de 50.000 UI/Kg. O acompanhamento é obrigatório, incluindo o seguimento com VDRL sérico após conclusão do tratamento (ver seguimento adiante). Sendo impossível garantir o acompanhamento, o recém-nascido deverá ser tratado confor- me item A.1. Guia técnico Sífilis 14 B - Nos recém-nascidos de mães adequadamente tratadas, realizar VDRL da mãe e da criança. B.1- Se o VDRL for reagente, com titulação maior do que a materna, e/ou na presença de alterações clínicas, deve realizar hemograma, radiografia de ossos longos e análise do LCR. Seguir conduta como A1 ou A2. B.2 - Nos recém-nascidos assintomáticos, com títulos iguais ou menores que o materno: B.2.1 - Se título reagente, acompanhar clinicamente (ver seção “seguimen- to”). Na impossibilidade do seguimento clínico, conduzir como B.1 B.2.2 - Se o VDRL for não reagente, proceder apenas ao seguimento clínico- -laboratorial (ver seção “seguimento”). Na impossibilidade de garantir o seguimento, fazer o tratamento com penicilina G benzatina, IM, dose úni- ca de 50.000 UI/Kg. 2.4.2 No período Pós-Neonatal (após 28º dia de vida) 2.4.3 Seguimento Crianças com quadros clínico e sorológico sugestivos de sífilis congênita devem ser cuidadosamente investigadas, obedecendo-se à rotina acima referida. Confirmando-se o diagnóstico, proceder ao tratamento conforme preconizado, observando-se que o intervalo das aplicações para a penicilina G cristalina, que deve ser de 04 em 04 horas, e para a penicilina G procaína, de 12 em 12 horas, mantendo-se os mesmos esquemas de doses recomendados. As alterações liquóricas sugestivas de neurossífilis são a concentração de proteínas acima de 40 mg/dl e/ou contagem de leucócitos igual ou maior do que 05 células/ mm³. O VDRL positivo no líquor é considerado diagnóstico de neurossífilis, indepen- dente de alterações bioquímicas. • Consultas ambulatoriais mensais até o 6o mês de vida e bimensais do 6º ao 12º mês; • Realizar VDRL com 01 mês, 03, 06, 12 e 18 meses de idade, interrompendo o seguimento com dois exames consecutivos de VDRL negativos; • Realizar teste treponêmco (TPHA ou FTA-Abs) após os 18 meses de idade para a confirmação do caso; • Em recém-nascidos com sorologia (VDRL) não reagente, mas com suspeita epi- demiológica, deve-se repetir o teste sorológico a partir do terceiro mês de vida. ; • Caso sejam observados sinais clínicos compatíveis com a infecção treponêmica congênita, deve-se proceder à repetição dos exames sorológicos, ainda que não esteja no momento previsto acima; Sífilis adquirida, sífilis na gestante e sífilis congênita 15 • Diante de elevação do título sorológico ou da sua não negativação até os 18 meses de idade, reinvestigar o paciente e proceder ao tratamento; • Deve ser realizado acompanhamento oftalmológico, neurológico e audiológico semestralmente nos primeiros dois anos de vida nos casos de neurossífilis ou com manifestações clínicas e/ou titulação de VDRL ascente ou que não se torna negati- vo até o sexto mês de vida; • Nos casos em que o LCR se mostrou alterado, deve ser realizada reavaliação liquóri- ca a cada 06 meses, até a normalização do mesmo. Alterações persistentes indicam reavaliação clínico-laboratorial completa e novo tratamento; • Nos casos de crianças tratadas de forma inadequada, na dose e/ou tempo do trata- mento preconizado, deve-se convocar a criança para reavaliação clínico-laborato- rial, e reiniciar o tratamento, obedecendo aos esquemas anteriormente descritos. Que ações de saúde devem ser executadas para gerar impacto? Coinfecção sífilis-HIV na gestação 3 4 • Sensibilização e mobilização dos profissionais da atenção básica que realizam o pré-natal; • Captação da gestante e o início precoce do pré-natal; • Realização do VDRL ou do teste rápido para sífilis no primeiro trimestre da ges- tação, no 3º trimestre (da 29ª a 32ª semanas) e na admissão para o parto; • Instituição do tratamento adequado da gestante e do(s) seu(s) parceiro(s); • Tratamento de todos os casos diagnosticados de sífilis congênita; • Notificação dos casos de sífilis adquirida, congênita e de gestantes; • Investigação, por equipe multiprofissional, dos casos de sífilis congênita, para detecção e correção de eventuais problemas assistenciais. Na coinfecção sífilis-HIV, as manifestações da sífilis podem ser atípicas, com lesões mucocutâneas não características, envolvimento neurológico mais precocemente e testes não-treponêmicos que se positivam mais tardiamente ou até mesmo permane- cem falso-negativos, em relação à sífilis isolada. Há maior risco de falência terapêutica nesses casos. Entretanto, os esquemas terapêuticos preconizados para os não coinfec- tados têm-se mostrado eficazes para os coinfectados. Gestantes coinfectadas podem apresentar discordância entre a eficácia terapêutica e a queda dos títulos sorológicos. Essas pacientes e seus recém-nascidos devem ser acompanhados nos Serviços de Re- ferência (SAEs) em Infectologia, em conjunto com os Centros de Saúde de referência. Guia técnico Sífilis 16 1 - Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Protocolo prevenção e abordagem das doenças sexualmente transmissíveis, 2009. 2 - Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Protocolo de pré-natal e puerpério, 2009. www.pbh.gov.br 3 - Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. HIV/Aids, hepatites e outras DST. Cadernos de Atenção Básica nº 18 – Brasília: Ministério da Saúde, 2006. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ab- cad18.pdf. 4 - Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacio- nal de DST e Aids. Diretrizes para o controle da Sífilis Congênita - Série Manuais no 24. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manu- al_sifilis_bolso.pdf. 5 - Brasil. Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte. Gerência de Assistência à Saúde. Guia Técnico – Sífilis Congênita, 2009. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publica- coes/manual_pos-vacinacao.pdf. 7 - NOTA TÉCNICA CONJUNTA N° 391/2012/3ASISVS/MS. Realização do teste rápido da sífiis na Atenção Básica no âmbito da Rede Cegonha. http://189.28.128.100/dab/ docs/sistemas/redecegonha/nt_n391_sifilis.pdf. Anexo1. 8 - PORTARIA Nº 3.161, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2011. Dispõe sobre a admi- nistração da penicilina nas unidades de Atenção Básica à Saúde, no âmbito do Sis- tema Único de Saúde (SUS). http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/ prt3161_27_12_2011.html. Anexo2. 9 - PORTARIA Nº- 3.242, DE 30 DE DEZEMBRO DE 2011. Dispõe sobre o Fluxograma La- boratorial da Sífilis e a utilização de testes rápidos para triagem da sífilis em situações es- peciais. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt3242_30_12_2011.html. 10- Junior JFA. Uveíte e lesões primárias disseminadas na sífilis adquirida. DST – J bras Doenças Sex Transm. 2007;19(3-4): 180-183. Referências bibliográficas Sífilis adquirida, sífilis na gestante e sífilis congênita 17 NOTA TÉCNICA CONJUNTA Nº 391/2012/SAS/SVS/MS 1 - A sífilis continua a ser um problema mundial. A OMS estima que 12 milhões de pessoas sejam infectadas todos os anos, apesar de existirem medidas de prevenção eficazes como preservativos e opções de tratamento de baixo custo. As mulheres grá- vidas infectadas pela sífilis podem transmitir a infecção ao feto, causando sífilis congê- nita, com consequências graves na gestação, no feto e no recém-nascido.! 2 - No Brasil, a transmissão vertical da sífilis permanece como grande problema de saúde públilca. Em 2011 os dados registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN mostram uma taxa de detecção de 3,3 casos por mil nascidos vivos, variando de acordo com a região de residência. A sífilis congênita é importante marcador da qualidade de assistência no pré-natal. 3 - Nas gestantes com sífilis recente não tratada a taxa de transmissão vertical é de 70% a 100%, e na sífilis tardia de 30%, podendo ocorrer abortamento, natimorto ou morteperinatal em aproximadamente 40% das crianças infectadas. Mais de 50% dessas crianças são assintomáticas no nascimento, com grande possibilidade de desenvolvi- mento de graves sequelas, torna-se essencial o diagnóstico e do tratamento oportuno da gestante no pré-natal.!! 4 - A sífilis congênita é uma doença de fácil prevenção, mediante acesso preco- ce à testagem no pré-natal e tratamento adequado das gestantes positivas que inclui tratamento do parceiro. A política de prevenção da mortalidade materno-infantil do Pacto pela Saúde – Ministério da Saúde (2006) inclui metas de redução da transmis- são vertical da sífilis. Para tanto, o Ministério da Saúde vem conduzindo o processo de implantação da Rede Cegonha em que, no seu componente pré-natal, visa garantir a oferta de teste rápido para a triagem da sífilis no acolhimento ou na primeira consulta da gestante na Unidade Básica de Saúde – UBS. Assunto: Realização do teste rápido da sífilis na Atenção Básica no âmbito da Rede Cegonha Anexo 1 Guia técnico Sífilis 18 5 - Para que essa ação ocorra foram instituídas as seguintes normativas para a reali- zação dos testes rápidos e tratamento oportuno: - Portaria nº 3.161 de 27 de dezembro de 2011 – dispões sobre a administra- ção da Penicilina nas Unidades Básicas de Saúde – UBS, no âmbito do Sistema Único de Saúde; - Portaria nº 3.242 30 de dezembro de 2011 – dispões sobre o Fluxograma Laboratorial da Sífilis e a utilização dos testes rápidos para triagem da sífilis em situações especiais e apresenta outras recomendações; - Portaria nº 77 de 12 de janeiro de 2012 - dispões sobre a realização dos testes rápidos, na atenção básica, para a detecção de HIV e sífilis, assim como testes rápidos para outros agravos, no âmbito da atenção ao pré-natal para a gestante e sua (s) parceria (s) sexuais. - Portaria nº 1.459, de 24 de junho de 2011 – Institui no âmbito do Sistema Único de Saúde – a rede Cegonha. 6 - O teste rápido da sífilis deverá ser realizado nas Unidades Básicas de Saúde por profissionais de saúde capacitados para execução, leitura, interpretação dos resultados e emissão de laudo. A A responsabilidade pela capacitação desses profissionais é local, integrada com Atenção Básica, a área Técnica da Saúde da mulher e Coordenadores de DST e Aids, que são agentes fundamentais para organização, levando em consideração outros atores apoiadores das redes, membros do grupo de Condutor da Rede Cego- nha) e instituições a exemplo das Comissões de Integração Ensino-Serviço – CIEVS, universidades, etc. 7- O teste rápido da sífilis é um teste treponêmico, para triagem. Em caso de tes- te reagente, tanto da gestante quanto da(s) sua (s) parceria (s), deverá ser realizada a coleta venosa para pesquisa laboratorial da sífilis, conforme portaria GM/MS nº 3.242 citada anteriormente. 8 - Cada Unidade Básica de Saúde deverá avaliar sua estrutura física e de atendimen- to para estabelecer o processo de trabalho mais adequado para a realização do teste rá- pido considerando as etapas de sua execução quais sejam: aconselhamento pré-teste, realização do teste, encaminhamento da amostra para o laboratório (quando necessá- rio), aconselhamento pós-teste (entrega do laudo), tratamento e acompanhamento. 9 - Para o diagnóstico da sífilis em gestantes deverá ser considerado os exames rea- gentes (treponemo e não treponemo) associados à avaliação clínico/epidemiológico, e, objetivando eliminar a possíveis casos de transmissão vertical, o tratamento deverá ser iniciado imediatamento (Tabela 1). Também deve ser indicado tratamento imediato quando não houver histórico de sífilis registrado em prontuários de gestante ou na inexistência de comprovação de tratamento adequado para sífilis no passado. Sífilis adquirida, sífilis na gestante e sífilis congênita 19 10 - Deve ser observada a necessidade de se testar e de se tratar sua (s) parcerias. Quando a gestante apesentar resultado reagente nos testes, a (s) parceria (s) deve (m) ser testada (s) e tratada (s) a fim de evitar reinfecções durante o curso da gestação. A equipe de Atenção Básica que acompanha o pré-natal deverá fazer a busca ativa da (s) parceria (s) e sua sensibilização. 11- Ao longo do pré-natal é necessária a realização do teste treponemo (VDRL, RPR, outros) na gestante com sífilis para monitoramento da eficácia de tratamento, mensal- mente, até o final da gestação, considerando com resposta adequada ao tratamento com a redução dos títulos. Caso o resultado da titulação não apresente redução ou volte a subir (ex.: de 1:2 para 1:8), considerar o tratamento como inadequado ou como não tratado e efetuar novamente o esquema. 12 - Os profissionais de saúde também devem orientar a gestante e sua (s) parceria (s) quanto aos cuidados para o sexo seguro, com o uso de preservativo durante e após o tratamento para evitar reinfecção. 13 - Deverão também registrar no cartão da gestante o resultado do diagnóstico treponemo e não treponemo, anotar as titulações do VDRL, assim como o tratamento da gestante e sua (s) parceria (s) (medicação, data, dose) e orientar para que tenha o cartão em mãos no momento do parto. 14 - A sífilis em gestante é doença de notificação compulsória. Todos os casos de sífilis em gestantes deverão ser notificados de forma imediata para acompanhamento oportuno das medidas de controle da transmissão materno-infantil. Guia técnico Sífilis 20 15 - O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Atenção a Saúde (SAS) e da Secretaria de Vigilânicia em Saúde (SVS) recomenda às Secretarias Estadu- ais de Saúde (SES) e Secretarias Municipais de Saúde (SMS), que adotem medi- das que facilitem o acesso dos (as) usuários (as) do SUS ao diagnóstico da sífilis por meio do testes rápido, sobretudo para as gestantes e sua (s) parceria (s), tais como: ● Ofertar teste rápido para sífilis em todas as Unidades Básicas de Saúde; ● Proporcionar as articulações e medidas locais necessárias que garantem a logística (acondicionamen- to, distribuição e transporte) e a execução do teste rápido nas UBS, com qualidade e confiabilidade; ● Avaliar a capacidade instalada laboratorial para a realização de exames complementares e de moni- toramento do tratamento e de cura, com capacidade de entrega dos resultados, em até 7 dias; ● Planejar as capacitações em rede num processo de educação permanente; ● Utilizar os sistemas de Informação para registro da realização dos testes rápidos como, SISPRENA- TAL WEB, Boletim de Produção ambulatorial (BPA individualizado) do Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimento (SIGTAP), bem como o utilizar o SINAN para notificação dos casos de sífilis congênita e sífilis em gestantes. Brasília, 2 de outubro de 2012 iEliminação mundial da sífilis congênita: fundamento lógico e estratégia para ação. OMS, 2008. iiBrasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Diretrizes para controle da sífilis congênita: manual de bolso, 2ª ed. 2006. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção básica. - Brasília: editora do Ministério da Saúde, 2012. Disponível em: http://dab.saude.gov.br/publicações.php. Sífilis adquirida, sífilis na gestante e sífilis congênita 21 PORTARIA Nº 3.161, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2011 Dispõe sobre a administração da penicilina nas unidades de Atenção Básica à Saú- de, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribuições que lhe conferem os incisos I e II do art. 87 da Constituição, e Considerando a Portaria nº 2.488/GM/MS, de 21 de outubro de 2011, que aprova a Política Nacional da Atenção Básica e que regulamenta o desenvolvimento das ações de Atenção Básica à Saúde no Sistema Único de Saúde (SUS); Considerando a Portaria nº 1.459/GM/MS, de 24de junho de 2011, que institui, no âmbito do SUS, a Rede Cegonha; Considerando a Portaria nº 1.600/GM/MS, de 7 de julho de 2011, que institui, no âmbito do SUS, a Rede de Atenção às Urgências; e Considerando que a administração de penicilina é o tratamento preconizado para doenças de relevante impacto em saúde pública, como febre reumática, sífilis, entre outras, resolve: Art. 1º Fica determinado que a penicilina seja administrada em todas as unidades de Atenção Básica à Saúde, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), nas situações em que seu uso é indicado. Art. 2º As indicações para administração da penicilina na Atenção Básica à Saúde de- vem estar em conformidade com a avaliação clínica, os protocolos vigentes e o Formu- lário Terapêutico Nacional/Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME); Art. 3º A administração da penicilina deve ser realizada pela equipe de enfermagem (auxiliar, técnico ou enfermeiro), médico ou farmacêutico. Art. 4º Em caso de reações anafiláticas, deve-se proceder de acordo com os protoco- los que abordam a atenção às urgências no âmbito da Atenção Básica à Saúde. Art. 5º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. Art. 6º Fica revogada a Portaria nº 156/GM/MS, de 19 de janeiro de 2006, publicada no Diário Oficial da União nº 15, de 20 de janeiro de 2006, Seção 1, página 54. Anexo 2 Guia técnico Sífilis 22 Anotações Sífilis adquirida, sífilis na gestante e sífilis congênita 23 Anotações Guia técnico Sífilis 24 Anotações capa_guia_tecnico_sifilis-2014-PREVIEW miolo_guia_tecnico_sifilis-2014-PREVIEW VERSO_guia_tecnico_sifilis-2014-PREVIEW
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