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FERNANDA CRISTINE MENDES RIBEIRO DIREITO ADMINISTRATIVO O Estado de Calamidade Pública e o direito administrativo GUARULHOS 2020 1. Definição de Estado de calamidade O Estado de Calamidade Pública é um termo usado para situações reconhecidamente anormais que, decorrem de desastres naturais ou provocados, estes que causam danos graves à população ameaçando suas vidas. No entanto, é preciso haver pelo menos dois entre três tipos de danos para se caracterizar a calamidade: danos humanos, materiais ou ambientais. Quem pode decretar o Estado de Calamidade são as esferas estaduais e municipais, ou seja, governadores e prefeitos podem decretar uma calamidade pública. O presidente não tem esse instrumento à disposição, pelo fato de que, na esfera federal, podem ser decretados apenas os chamados estados de exceção, que são dois tipos: o estado de defesa e o de sitio, que é o mais grave. A capacidade de ação do poder público municipal ou estadual fica seriamente comprometida. Essa situação é fruto de um desastre, não importa se causado pela natureza ou por outros motivos, sejam eles econômicos, sociais, etc. Nessas situações o Governo Federal deve intervir para auxiliar o ente a superar a situação. No livro Calamidade Pública (1954) de Hésio Fernandes Pinheiro, Advogado no Distrito Federal, aborda a etimologia do vocábulo “calamidade”, onde diz que no antigo grego a origem da palavra calamidade onde kalamos significava tormenta. Para o Latim foi traduzida como calamus (haste), de onde derivou calamitasatis, usada para expressar a distribuição dos trigais antes das messes. Sobre o vocábulo informa Antenor Nascentes que "Walde considera etimologia popular a relação com calamus, colmo, no sentido de ter o étimo significado primitivamente o prejuízo causado por um temporal, por uma saraivada que quebrasse as hastes verdes do trigo." João Ribeiro, por outro lado, diz: "Era primitivamente um termo da agricultura. Calamo é o caniço, a cana em tala de trigo. Sucedia, por vezes, cair nos campos forte granizo que quebrava os tales dos trigais. Para o lavrador era a calamidade, a destruição da seara. Essa praga, do campo e da agricultura, passou à cidade e ao sentido comum de infortúnio ou desgraça geral". Há outras etimologias acerca de calamidade dentro deste livro e ainda vários outros homens transbordam seu conhecimento sobre o tema, esta obra pode ser antiga, mas, o conhecimento vive gerações. Além de ser muito interessante, a obra relata acerca da calamidade pública dentro das antigas constituições. 2. Fatos infra-constitucionais e constitucionais O Decreto nº 7.257, de 4 de agosto de 2010, regulamenta a Medida Provisória no 494 de 2 de julho de 2010, para dispor sobre o Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC, sobre o reconhecimento de situação de emergência e estado de calamidade pública, sobre as transferências de recursos para ações de socorro, assistência às vítimas, restabelecimento de serviços essenciais e reconstrução nas áreas atingidas por desastre, e dá outras providências. O artigo 2° inciso IV, desta mesma Lei aborda o conteúdo do estado de calamidade, onde diz que é uma situação anormal, provocada por desastres, causando danos e prejuízos que impliquem o comprometimento substancial da capacidade de resposta do poder público do ente atingido. O reconhecimento da situação de emergência ou do estado de calamidade pública pelo Poder Executivo federal se dará mediante requerimento do Poder Executivo do Estado, do Distrito Federal ou do Município afetado pelo desastre (art. 7°). O requerimento previsto no caput deverá ser realizado diretamente ao Ministério da Integração Nacional, no prazo máximo de dez dias após a ocorrência do desastre, devendo ser instruído com ato do respectivo ente federado que decretou a situação de emergência ou o estado de calamidade pública e conter as seguintes informações: tipo do desastre, de acordo com a codificação de desastres, ameaças e riscos, definida pelo Ministério da Integração Nacional; data e local do desastre; descrição da área afetada, das causas e dos efeitos do desastre; estimativa de danos humanos, materiais, ambientais e serviços essenciais prejudicados; declaração das medidas e ações em curso, capacidade de atuação e recursos humanos, materiais, institucionais e financeiros empregados pelo respectivo ente federado para o restabelecimento da normalidade; e outras informações disponíveis acerca do desastre e seus efeitos. A Constituição é bem especifica quando se trata do Estado de Calamidade Pública. Em seu capítulo II, título III, artigo 21, inciso XVIII, diz que compete à União: “Planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações”, ou seja, estabelecer que o decreto de declaração de situação de emergência ou estado de calamidade pública deve obrigatoriamente determinar o seu tempo de duração ao estritamente necessário para permitir o restabelecimento da situação de normalidade, bem como especificar as áreas realmente afetadas pelo desastre que motivou esta declaração; Informar às autoridades administrativas competentes as consequências para o estado e município da decretação do estado de calamidade pública e de situação de emergência; estabelecer para cada caso de decretação de situação de emergência ou de estado de calamidade pública as medidas realmente necessárias ao restabelecimento da normalidade. As competências e responsabilidades dos dirigentes, nos três níveis de governo, estão estabelecidas na Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, relacionadas com a garantia da segurança global da população, inclusive em circunstâncias de desastre; – a promoção da defesa permanente contra desastres naturais, humanos e mistos; – a implementação do Sistema Nacional de Defesa Civil — SINDEC, em sua área de jurisdição; – a redução dos desastres. As ações de redução de desastres abrangem os seguintes aspectos globais: – prevenção de desastres; – preparação para emergências e desastres; – resposta aos desastres; e reconstrução. Em circunstâncias de desastre, compete aos dirigentes a declaração, a homologação e o reconhecimento de situação de emergência e de estado de calamidade pública, de acordo com os critérios estabelecidos pelo CONDEC - Conselho Nacional de Defesa Civil, se e quando necessário. É muito importante enfatizar que a decretação de situação de emergência e de estado de calamidade pública é apenas uma atribuição num amplo e complexo processo relacionado com a garantia de segurança global da população, em circunstâncias de desastre. 2.1 Dos Prefeitos Municipais e, no que couber, do Governador do Distrito Federal Declarar a situação de emergência ou estado de calamidade pública, de acordo com os critérios estabelecidos pelo CONDEC e, quando for o caso, aplicar a Lei Orgânica do Município. 2.2 Dos Governadores de Estado Homologar a situação de emergência ou estado de calamidade pública, se e quando necessário, de acordo com os critérios estabelecidos pelo CONDEC. 2.3 Da Autoridade Administrativa do Governo Federal a quem estiver subordinado o Órgão Central do SINDEC Reconhecer, através de portaria, a situação de emergência, ou o estado de calamidade pública, observados os critérios estabelecidos pelo CONDEC, à vista do Decreto de Declaração do Governador do Distrito Federal ou do Prefeito Municipal, homologado este pelo Governador do Estado. A Portaria de Reconhecimento de situação de emergência ou estado de calamidade pública determinará seu tempo de duração e especificará a(s) área(s) a ser(em) abrangida(s) pela medida. Em casos excepcionais, altamente improváveis no cenário brasileiro, a intensidade do desastre pode justificar a decretação deestado de defesa, conforme previsto no artigo 136 da Constituição Federal. 3. O papel da administração Pública Administração Pública é o conjunto de órgãos, serviços e agentes do Estado que procura satisfazer as necessidades da sociedade, tais como educação, cultura, segurança, saúde, dentre outras áreas. Em outras palavras, Administração Pública é a gestão dos interesses públicos por meio da prestação de serviços públicos. Em síntese, pode-se defini-la como sendo o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado. A Administração Pública tem como objetivo trabalhar em favor do interesse público e dos direitos e interesses dos cidadãos que administra. Ou seja, nela estão duas atividades distintas como a superior de planejar e a inferior de executar. República Federativa do Brasil, simplesmente denominada Brasil, uma Federação (desde a Constituição de 1891), é formado pela União indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constituindo-se em Estado Democrático de Direito (CF/1988, art. 1º), em que se assegura autonomia político-administrativa aos Estados-membros, Distrito Federal e Municípios (art. 18, 25 e 29), sua administração há de corresponder, estruturalmente, a esses postulados constitucionais, cabendo, em cada um deles, o comando da administração ao respectivo Chefe do Executivo - Presidente da República, Governador e Prefeito. Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: [...] Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. § 1º - Brasília é a Capital Federal. § 2º - Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar. § 3º - Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. [...] Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. § 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. § 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. § 3º - Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum. [...] Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: Nesse sistema governamental há quatro espécies de Administração Pública: • Administração Pública Federal – representada pela União, tem por finalidade o dever de administrar os interesses. • Administração Pública do Distrito Federal – representada pelo Distrito Federal, tem por finalidade atender aos interesses da população ali residente e de ser responsável pelo recebimento de representações diplomáticas ao Brasil quando tem em vista satisfazer os interesses da população de seu limite territorial geográfico como estado – membro local dentro dos imites territoriais do município. • Administração Pública Estadual – promove todas as iniciativas para satisfazer os interesses da população de seu limite territorial geográfico como Estado – membro. • Administração Pública Municipal – zela pelos interesses da população local dentro dos limites territoriais do Município. CONSIDERAÇÕES FINAIS É de muita importância saber qual o papel da administração pública dentro da sociedade e para que serve. Durante as pesquisas até aqui realizadas, pôde se perceber que a administração pública age de uma forma solidária para com a população, e decretar estado de calamidade pública é uma função de mera importância, pois se não houvesse este estado, haveria um desequilíbrio societário absurdo, ou seja, os Governantes não saberiam como enfrentar um caos como o qual estamos vivenciando nos dias de hoje, com o COVID-19, além de os chefes de governo decretarem a quarentena dentre vários estados e municípios, há muitas pessoas que não apoiam esta ideia ou tratam de forma ignorante o modo da administração pública (Prefeitos, Governadores, Presidente) trabalharem, sendo que estes estão trabalhando à favor da população e muitos não enxergam isso. Como diz um sábio professor, “o direito organiza a sociedade em busca da autóptica Justiça”, assim se faz a Administração Pública, que é uma das matérias/direitos mais importantes da nação, onde organiza de fato a sociedade num todo. REFERÊNCIAS Decreto Nº 7.257, de 4 de agosto de 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20072010/2010/Decreto/ D7257.htm. Acesso em: 06 de maio de 2020. FERNANDES PINHEIRO, Hésio. Calamidade Pública.1953. Disponível em: file:///C:/Users/user/Downloads/13699-28620-1- PB.pdf. Acesso em: 07 de maio de 2020. A Administração Pública e suas Funções.2015. Disponível em: https://marciorosni.jusbrasil.com.br/artigos/195654350/a- administracao-publica-e-suas-funcoes. Acesso em: 07 de maio de 2020. Manual para A Decretação de Situação de Emergência ou de Estado de Calamidade Pública. 1999. Disponível em: http://livros01.livrosgratis.com.br/min000016.pdf. Acesso em: 07 de maio de 2020. Entenda o que é calamidade. 2020. Disponível em: https://www.politize.com.br/estado-de-calamidade-publica/.Acesso em: 07 de maio de 2020. https://www.politize.com.br/estado-de-calamidade-publica/
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