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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
COMARCA DE SÃO PAULO
FORO CENTRAL CÍVEL
1ª VARA DE FALÊNCIAS E RECUPERAÇÕES JUDICIAIS
Praça João Mendes s/nº, Sala 1805, Centro - CEP 01501-900, Fone: (11) 
2171-6505, São Paulo-SP - E-mail: sp1falencias@tjsp.jus.br
Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min
DECISÃO
Processo Digital nº: 0060326-87.2018.8.26.0100 
Classe - Assunto Recuperação Judicial - Administração judicial
Requerente: Viação Itapemirim S/A e outros
Requerido: Viação Itapemirim S/A
Juiz(a) de Direito: Dr(a). JOAO DE OLIVEIRA RODRIGUES FILHO
Vistos.
1. Última decisão às fls. 53.841/53.846, em 07 de abril de 2020.
2. Fls. 53.847/53.853, fls. 54.292/54.300, fls. 54.362/54.366, , fls. 
53.880/53.891, fls. 54.355/54.361. Através da petição de fls. 53.847/53.853, Advocacia Felippe e 
Isfer opôs embargos de declaração opostos para sanar omissão apontada na decisão de fls. 
53.612/53.614, que não deliberou sobre o pedido de penhora de valores formulado pelo embargante 
por intermédio da petição de fls. 50.963/51.145. DECIDO. Os embargos não comportam 
conhecimento, uma vez que no item 18 da decisão de fls. 53.445/53.453 houve determinação para 
que as recuperandas e o administrador judicial se manifestassem sobre o pleito, o que somente veio 
a ocorrer pelas petições de fls. 53.716/53.724 e de fls. 54.407/54.435, respectivamente. Logo, não 
haviam elementos suficientes para que a decisão judicial pudesse ser prolatada. 
Todavia, agora a questão se encontra madura para apreciação e seu 
mérito será decidido, assim como a questão relativa ao pedido de levantamento de valores 
formulado pelas recuperandas e as oposições a tal pleito constantes dos autos, por se tratarem de 
pontos relacionados ao pagamento de créditos concursais e extraconcursais em confronto com a 
alegada necessidade do grupo obter tais recursos para a manutenção da atividade.
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Postulam os requerentes a penhora do valor de R$ 569.840,24 
decorrentes de condenação da Imobiliária Bianca, uma das recuperandas nestes autos, ao 
pagamento de verbas sucumbenciais de titularidade dos peticionários. Alegam que o pedido é 
formulado nesta demanda, diante do reconhecimento, por parte do STJ, da competência do juízo 
recuperacional para deliberar sobre a essencialidade de bens que estão na esfera patrimonial do 
grupo, para fins do exercício da empresa e do cumprimento do plano.
Já na petição de fls. 54.292/54.300 o Condomínio Edifício Palais 
Lac Leman pede que não se permita o levantamento de valores oriundos do leilão envolvendo o 
lote 3, que abarca o imóvel de matrícula 76.173 arquivada no 8º Cartório de Registro de Imóveis da 
Comarca de Curitiba/PR, uma vez que é titular de crédito de débitos condominiais sobre tais bens, 
os quais possuem natureza propter rem e, portanto, de natureza extraconcursal e, por isso, os 
valores deveriam lhe ser diretamente destinados.
A recuperanda se manifestou por intermédio das petições de fls. 
53.716/53.724 e de fls. 53.880/53.891, alegando, em síntese, ter sofrido drástica redução das 
atividades em razão das medidas de isolamento social impostas pelas autoridades governamentais. 
Com a imensa redução do fluxo de pessoas e o fechamento de algumas fronteiras interestaduais e 
rodoviárias, o grupo encontra-se com sua operação quase toda paralisada, sem quaisquer 
perspectivas de retorno às atividades. Apresentou os números relativos à queda de rendimento das 
atividades e dimensionou os custos necessários para a preservação da operação até o mês de agosto 
de 2020.
Diante da tal situação, propôs que os valores depositados nos autos 
oriundos dos leilões com resultados positivos sejam, em caráter excepcional, levantados na 
proporção de 80% para custeio da operação, necessário para preservação da empresa e a destinação 
de 20% para o pagamento dos credores, diferentemente do que proposto pelo plano de recuperação 
judicial, especificamente na cláusula 5.8.2.
Já para os leilões a serem ultimados, propôs que a arrecadação dos 
certames sejam destinados na proporção de 90% para o pagamento do plano e 10% para o custeio 
da operação, até como forma de readequação do plano de pagamento originalmente previsto.
O credor Paulo Adame e outros representados pelo advogado José 
Silvio Bazzo do Nascimento, por intermédio da petição de fls. 54.362/54.366, requereram a 
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suspensão da realização dos leilões (assunto tratado no item 4 desta decisão) e o indeferimento do 
pleito das recuperandas relativo aos pedidos formulados nas petições de fls. 53.479/53.506 e de fls. 
53.880/53.891, por ausência de provas. No mesmo sentido a petição de Andrea Correa Cola às fls. 
54.369/54.371. Houve oposição também manifestada na petição de fls. 54.399/54.401
O administrador judicial se manifestou sobre todas as questões nas 
petições de fls. 54.355/54.361 e de fls. 54.407/54/435.
Na petição de fls. 54.355/54.361, em síntese, o administrador 
judicial confirma o impacto negativo das medidas de isolamento social na operação das 
recuperandas e que a venda de bens é a alternativa que se tem para a preservação da atividade. Ao 
final de tal petição, o administrador judicial assim se manifesta:
Ademais, verificando-se os valores já angariados com a venda de ativos versus a 
estimativa inicial de valor dos bens ainda a serem vendidos/leiloados na forma 
do plano, o racional proposto pelas Recuperandas, no sentido de se manter a 
proporção na distribuição dos valores na forma do plano homologado, com 
mera antecipação de valores que ao final seriam a elas destinados, a principio, é
sustentável, diante do cenário econômico catastrófico que atualmente se 
vivencia, bem como a incerteza em relação aos tempos futuros.
Caso seja deferido o pedido pelo D. Juízo, esta Administradora Judicial entende 
que o levantamento de valores pelas Recuperandas, na forma sugerida 
(expedição Mandado de Levantamento Eletrônico MLE), em regime de 
urgência, deveria ao menos observar as seguintes condições:
1. A prestação de contas detalhada em relação aos credores que serão pagos 
com os recursos referentes aos 20%, em atendimento às recomendações do CNJ, 
indicando inclusive a listagem individual de nomes, no prazo de 5 dias a contarda decisão judicial a ser proferida, em sendo o entendimento deste D. Juízo;
2. A prestação de contas detalhada acerca dos recursos referentes aos 80%, 
especificando o destino destes valores e a efetiva demonstração de seu uso como 
forma de amenizar os problemas financeiros ocasionados pela pandemia; e
3. O compromisso das Recuperandas no caso de haver insuficiência futura de 
valores nos próximos leilões a serem destinados aos credores, na forma do plano 
de recuperação judicial, para restituir a respectiva antecipação, em aportar 
valores complementares visando o devido cumprimento do plano, sob pena de 
imediata decretação de falência.
Já na petição de fls. 54.407/54.435 o administrador judicial, dentre 
outros assuntos, analisou diversos pedidos de informações sobre descumprimento de plano e sobre 
a cobrança de créditos extraconcursais. Aventou ser inviável o deferimento da penhora pleiteada 
por Advocacia Felippe e Isfer no importe de mais de meio milhão de reais, o que causaria impactos 
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deletérios e irreversíveis à atividade, diante do quadro de retração econômico imposto pela 
pandemia e aduziu que o crédito em comento seria concursal.
É O RELATÓRIO.
FUNDAMENTO E DECIDO.
Os pedidos, devem ser indeferidos e os créditos extraconcursais, 
por ora, não devem ensejar constrições na esfera patrimonial da recuperanda.
A pandemia relativa ao coronavírus COVID-19 promoveu 
tremenda reviravolta na vida social em nível mundial. A despeito de debates sobre o grau de 
intensidade que deva prevalecer acerca das medidas de isolamento social, é fato que a reclusão das 
pessoas em suas casas importou severa diminuição na circulação de riquezas, de natureza 
empresarial, financeira e consumerista, com impacto direto e imediato em nível micro e 
macroeconômico.
Como bem sintetizado por Cássio Cavalli1:
É consabido que diversas empresas passam por grave crise financeira decorrente da 
interrupção de cadeias de suprimento e da redução abrupta de demanda. O faturamento de 
muitas empresas sofreu uma acentuada redução, sem que, no entanto, as suas obrigações 
fossem suspensas. Há um monumental descompasso entre o tempo econômico e o tempo 
financeiro, conforme a síntese de Lawrence Summers descrita pelo site da Bloomberg: “o 
tempo econômico parou por causa da pandemia, mas o relógio financeiro continuou a 
girar. Pagamentos de juros, aluguéis e outras obrigações ainda se vencem, mas o dinheiro 
para arcar com eles secou.” O resultado desse descompasso é a crise empresarial de 
proporções épicas que estamos para enfrentar.
Para algumas empresas, o problema será exclusivamente financeiro. Tão-logo vencida a 
pandemia, cadeias de suprimento tornarão a funcionar e a demanda retornará. Para estas 
empresas, é fundamental que sejam adotadas medidas de alívio financeiro que 
possibilitem que as suas agendas de pagamento sejam sincronizadas com o tempo 
econômico de seus faturamentos. Ninguém espera que empresas sejam fechadas pelo fato 
de que a terra parou de uma só vez. No Dia da Marmota não se vencem boletos dos meses 
seguintes.
Além da crise financeira, outras empresas poderão enfrentar problema mais grave após 
vencermos a pandemia, pois a demanda por certos produtos ou serviços pode não se 
reestabelecer, dando origem a crises econômicas. Nesse caso, muitas empresas não terão 
como pagar suas dívidas e terão que fechar suas portas. Os impactos dessas falências serão 
sentidos por toda a economia.
1 https://www.cassiocavalli.com.br/o-brasil-deve-ou-nao-adotar-novas-regras-para-enfrentar-a-crise-
economica/
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Os Poderes da República vêm adotando medidas extraordinárias 
voltadas a mitigar a crise econômica, buscando proporcionar, o tanto quanto possível, a 
conservação das estruturas econômicas existentes e dos empregos e, também, para evitar o colapso 
das relações comerciais e civis, com fomento à continuidade de contratos vigentes. Isso pode ser 
visualizado através da injeção de recursos financeiros ou mediante propostas legislativas de 
disciplina de relações jurídicas nesta situação de anormalidade vivida em nosso meio social.
O Conselho Nacional de Justiça, por sua vez, também atento à 
crise econômica resultante da anormalidade social imposta pela pandemia do COVID-19, editou a 
Recomendação 63, de 31 de março de 2020, contendo diretrizes voltadas a auxiliar os juízos com 
competência para decidir questões afetas a recuperações judiciais e falências na interpretação da 
Lei 11.101/20052. Na linha de atuação diante das medidas necessárias ao combate da pandemia, 
houve a edição pelo aludido órgão da Portaria 77/2020, que prorrogou por tempo indeterminado a 
possibilidade de trabalho remoto para servidores e colaboradores
No âmbito do Estado de São Paulo, foi decretada a medida de 
quarentena, através da edição do Decreto 64.881, de 22 de março de 2020, para intensificar as 
medidas de isolamento social como forma de evitar possível contaminação e propagação do 
coronavírus, através da suspensão de atendimento presencial de diversas atividades prestadas pela 
iniciativa privada, ressalvados os casos nos quais há funcionamento de atividades essenciais, 
devidamente discriminadas no aludido decreto estadual e no Decreto Federal nº 10.282/2020. A 
medida foi prorrogada até 10 de maio de 20203.
Tudo isso permite demonstrar, no atual contexto, a inexistência de 
informações seguras sobre a possibilidade de retorno do convívio social. Sem qualquer previsão 
nesse sentido, também há extrema dificuldade de se fazer um juízo prospectivo sobre a real 
dimensão dos impactos econômicos e financeiros a incidirem nas mais variadas atividades 
empresariais. Algumas conseguirão se restabelecer com menores dificuldades. Outras poderão 
enfrentar adversidades maiores e mais prolongadas. Algumas empresas inexoravelmente 
enfrentarão situação falimentar. 
2 https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/3261
3 https://www.saopaulo.sp.gov.br/noticias-coronavirus/governo-de-sao-paulo-prorroga-quarentena-ate-dia-10-
de-maio/
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Mas agora não podemos ter a dimensão sobre quais são as 
atividades empresariais que se enquadrarão num ou noutro cenário, posto permanecermos ainda 
sob a vigência de medidas de isolamento social, sem previsão de quando poderá haver o retorno da 
normalidade e se o retorno será ou não gradual. Logo, difícil, para não dizer impossível, qualquer 
previsão sobre como será o quadro em âmbito micro e macroeconômico.
Entretanto, como salientado alhures, obrigações continuam com 
sua exigibilidade em plena eficácia. Não é diferente para empresas que se encontram com a 
necessidade de adimplemento de planos de recuperação judicial aprovados antes do quadro de 
anormalidade social instalado.
Existem medidas legislativas em discussão para regular e fornecer 
alternativas neste período de anormalidade, dentre as quais destaco o PL 1.397/2020 de autoria do 
Deputado Hugo Leal, o qual, ao lado de outros aspectos, traz importante racional de negociação 
entre as partes para resolução de conflitos, sobretudo no âmbito extrajudicial. 
Na mesma linha de solução negocial de conflitos, deve ser 
ressaltada, positivamente, a iniciativa da Corregedoria Geral de Justiça de São Paulo através da 
edição do Provimento CG 11/2020, que criou o projeto-piloto de conciliação e mediação pré-
processuais para disputas empresariais decorrentes dos efeitos do COVID-19.
Em que pese o trabalho de aprimoramento normativo, o fato é que 
a Lei 11.101/2005 necessita sempre de uma interpretação lógica, ontológica, teleológica e 
extensiva de seus termos, com a conformação de seu texto à realidade imposta pelo dinamismo da 
atividade empresarial e econômica, trabalho já realizado pela jurisprudência como forma de 
maximizar a utilização dos instrumentos legais dispostos para melhor atender aos reclamos sociais 
e de mercado.
Nesse passo, o entendimento que deve ser extraído dos termos da 
Lei 11.101/2005 deve estar em consonância com a sua própria essência, com as demais normas do 
sistema jurídico vigente, com os avanços tecnológicos e o dinamismo do mercado, a fim de que os 
institutos preconizados na lei de insolvência possam ter o alcance necessário para funcionar como 
instrumento legítimo de resolução de questões pelo Poder Judiciário, também nesta época da 
pandemia.
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O Eminente Ministro Luis Felipe Salomão, em seu voto no 
julgamento do REsp 1.337.989, forneceu importante entendimento sobre o processo hermenêutico 
da Lei 11.101/2005, assim vernaculamente posto:
Nessa ordem de ideias, a hermenêutica conferida à Lei 11.101/2005, no tocante à 
recuperação judicial, deve sempre se manter fiel aos propósitos do diploma, isto é, 
nenhuma interpretação pode ser aceita se dela resultar circunstância que, além de não 
fomentar, na verdade, inviabilize a superação da crise empresarial, com consequências 
perniciosas ao objetivo de preservação da empresa economicamente viável, à manutenção 
da fonte produtora e dos postos de trabalho, além de não atender a nenhum interesse 
legítimo dos credores, sob pena de tornar inviável toda e qualquer recuperação, sepultando 
o instituto.
A jurisprudência já consolidou o entendimento de que ao Poder 
Judiciário compete garantir a aplicação do arcabouço jurídico destinado ao instituto da recuperação 
judicial, sendo a análise da viabilidade econômica da empresa de titularidade dos credores através 
da discussão e votação do plano apresentado na AGC.
No caso dos autos, importante contextualizar a operação do grupo 
em recuperação judicial. Trata-se de atividade de prestação de serviços de transporte interestadual 
de passageiros , com ramificação dos atendimentos em nível nacional. 
A recuperanda na sua petição de fls. 53.880/53.891 trouxe números 
nos quais, antes da pandemia, tinha previsão de saldo positivo das operações em 2020, com 
incremento de 11% de faturamento em cotejo com o ano anterior.
Com a sobrevinda de todo o contexto social causado pela pandemia 
do COVID-19, houve drástica redução do volume de vendas de passagens, em decorrência da 
diminuição da circulação de passageiros e do fechamento de algumas fronteiras estaduais, 
permanecendo tal quadro até este momento e sem a possibilidade atual de se mensurar seus reais 
impactos na atividade que está em processo de soerguimento, chegando a quase zero o volume de 
vendas em meados do mês de março.
O grupo já tem adotados medidas para diminuir os prejuízos 
experimentados e para a redução dos custos de operação, já que não se tem notícias de quando 
haverá o retorno ao convívio social nem em que medidas isso será implementado. Entre as medidas 
adotadas destacam-se: redução de quadro operacional; redução carga horária de trabalho; férias de 
funcionários; corte de contratos com terceiros; redução do uso de veículos fretados de terceiros; 
preservação da frota atual própria para a operação reduzida; negociação com fornecedores de 
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serviços, peças, pneus, plano desaúde, rodoviárias, sistemas e; redução da oferta de horários e 
rotas.
Nesta quadra, é necessária a escorreita depuração de situações, 
tanto pelo Poder Judiciário no âmbito da legalidade, como pelos credores no campo da viabilidade 
econômica, levando-se em consideração o evento extraordinário da pandemia, que impactou a 
economia e as relações civis, empresariais e consumeristas, com o escopo de se evitar a liquidação 
prematura de empresas e a degradação açodada das estruturas econômicas existentes.
No campo da legalidade, importante mencionar o art. 4º da 
Recomendação 63, de 31 de março de 2020, do Conselho Nacional de Justiça,que assim está 
disposta, verbis:
Art. 4º Recomendar a todos os Juízos com competência para o julgamento de ações de 
recuperação empresarial e falência que podem autorizar a devedora que esteja em fase 
de cumprimento do plano aprovado pelos credores a apresentar plano modificativo a ser 
submetido novamente à Assembleia Geral de Credores, em prazo razoável, desde que 
comprove que sua capacidade de cumprimento das obrigações foi diminuída pela crise 
decorrente da pandemia de Covid-19 e desde que estivesse adimplindo com as obrigações 
assumidas no plano vigente até 20 de março de 2020.
Parágrafo único. Considerando que o descumprimento pela devedora das obrigações 
assumidas no plano de recuperação pode ser decorrente das medidas de distanciamento 
social e de quarentena impostas pelas autoridades públicas para o combate à pandemia 
de Covid-19, recomenda-se aos Juízos que considerem a ocorrência de força maior ou de 
caso fortuito para relativizar a aplicação do art. 73, inc. IV, da Lei nº 11.101, de 9 de 
fevereiro de 2005.
Acrescento as previsões contidas no art. 139, incisos IV e VI, do 
CPC, que permitem a adoção, pelo Poder Judiciário de todas as medidas necessárias a garantir o 
cumprimento de ordens judiciais, além da dilatação de prazos processuais, tudo para que haja 
adequação às particularidades indispensáveis do conflito e para proporcionar maior efetividade à 
tutela do direito.
Sobre a flexibilização legal do procedimento, interessante 
ponderação de Fernando da Fonseca Gajardoni4, assim vernaculamente posta:
Flexibilização legal do procedimento (artigo 139, inciso VI, do CPC/2015). 10.1. O 
artigo 139, inciso VI, do CPC/2015, introduz no direito brasileiro, ainda que de forma 
bastante tênue, aquilo que nominei outrora como flexibilização do procedimento 
(GAJARDONI, 2007), também conhecida em outros países como princípio da adequação 
4 GAJARDONI, Fernando da Fonseca et al. Teoria Geral do Processo Civil. Comentários ao CPC de 2015. 
Parte Geral. 2ª edição. Rio de Janeiro. Forense. São Paulo. Método. 2018. Páginas 511 e 512.
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formal (Portugal) ou da elasticidade processual (Itália). 10.2. As formas processuais 
correspondem a uma necessidade de ordem, certeza e eficiência. Sua observância 
representa uma garantia de atendimento regular e legal do processo e de respeito aos 
direitos das partes, sendo, pois, o formalismo indispensável ao processo. 10.3. Só que, é 
necessário evitar, tanto o quanto possível, que as formas sejam um embaraço e um 
obstáculo à plena consecução do escopo do processo, impedindo que a cega observância 
da forma sufoque a substância do direito. 10.4. Por isso, o legislador, ao regular as formas 
(que em grande parte são o resultado de uma experiência que se acumulou durante 
séculos), preocupa-se em adaptá-las às necessidades e aos costumes do seu tempo, 
eliminando o excessivo e o inútil. A adaptação do processo ao seu objeto e sujeitos, assim, 
dá-se, em princípio, no plano legislativo, mediante a elaboração de procedimentos e 
previsão de formas adequadas às necessidades locais e temporais. A previsão de 
procedimentos especiais comprova a regra enunciada. 10.5. Mas é recomendável, que 
ocorra também no próprio âmbito do processo, com a concessão de poderes ao juiz para, 
dentro de determinados limites, realizar a adequação de forma concreta. Com efeito, a 
moderna ênfase que se dá ao aspecto eficacial do processo (no seu aspecto material e 
temporal), sugestiona que se deve conferir ao procedimento o ritmo necessário à efetiva 
atuação jurisdicional. Se não se obtém isto por força de modelos legais aptos à tutela à 
tutela adequada e tempestiva do do direito material, há de se conferir ao juiz condições de 
acelerar procedimentos, ou de freá-los, de acordo com a necessidade concreta, respeitadas 
as garantias do processo constitucional. 10.6. Fala-se em princípio da adequação para 
designar a imposição sistemática dirigida ao legislador, para que construa modelos 
procedimentais aptos para a tutela especial de certas partes ou do direito material; e 
princípio da adaptabilidade (da flexibilização ou da elasticidade processual) para designar 
a atividade do juiz de flexibilizar o procedimento inadequado ou de reduzida utilidade 
para melhor atendimento das peculiaridades da causa (mesmo à míngua de previsão legal 
específica)
Embora o texto seja mais voltado ao âmbito do direito processual 
civil, o próprio art. 189 da Lei 11.101/2005 permite a aplicação do CPC naquilo que couber, ou 
seja, diante de lacuna e desde que não se confronte com o espírito da lei
Assim, aproveitando as palavras do autor, precisamos adaptar o 
processo de recuperação judicial ao seu objeto (benefícios sociais da empresa descritos no art. 47 
da lei) e aos seus sujeitos (credores que devem discutir os rumos da atividade e o devedor que deve 
ter a oportunidade de demonstrar a viabilidade da empresa), justamente para que a lei de 
insolvência consiga ter plena aplicabilidade nesta situação de anormalidade ocasionada pela 
pandemia do COVID-19.
Também incide na espécie o art. 479 do CC, que trata da 
possibilidade de revisão contratual nas hipóteses de acontecimentos extraordinários e 
imprevisíveis, conferindo-se mais efetividade no plano da justiça contratual, dando-se preferência, 
quando possível, para a manutenção da relação jurídica ao invés de já se optar por sua resolução. 
Nesse sentido, cito Nelson Rosenvald5, que assim dispôs sobre o tema:
5 ROSENVALD, Nelson. Código Civil Comentado. Doutrina e Jurisprudência. Coordenador Ministro Cezar 
Peluso. 7ª edição. Barueri/SP. Manole. 2013. Página 532.
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O CC remeteu ao credor a opção pela revisão contratual, como forma de impedir a 
resolução contratual pela onerosidade excessiva.
A solução não nos parece a mais adequada. O princípio da conservação do negócio 
jurídico demanda que o ordenamento produza normas hábeis a preservar as relações 
obrigacionais e apenas em última instância desfazê-las. A resolução, portanto, deveria ser 
cogitada como segunda opção, aplicável às hipóteses em que o magistrado perceba a 
impossibilidade de reconstrução da justiça contratual, até mesmo quando o credor 
demonstre ser ele o prejudicado pela revisão.
(...)
Todavia, entendemosque a barreira imposta à imediata revisão contratual não é 
intransponível. As cláusulas gerais de função social do contrato e da boa-fé objetiva (arts. 
421 e 422 do CC) recepcionam o princípio constitucional de solidariedade (art. 3º, I), 
indicando a inafastável cooperação nas relações privadas, para que o contrato possa 
alcançar a finalidade para a qual foi desenhado e não simplesmente resolvido.
É importante preservar, tanto o quanto possível, a manutenção das 
estruturas econômicas existentes, sem as quais não haverá a preservação de empregos e dos polos 
econômicos sobre os quais voltarão a funcionar as relações comerciais e civis voltadas à retomada 
da produção e circulação de bens e serviços no retorno do convívio social. Por isso o processo de 
depuração pelo Poder Judiciário e pelos credores deve ser feito com parcimônia e sempre 
considerando a situação de anormalidade de nossa realidade.
Dentro de um contexto de normalidade, as recuperandas 
demonstraram a sua capacidade de soerguimento e sobrevivência, com o incremento de 
faturamento em 2020 em cotejo com o mesmo período do ano anterior. Logo, é uma estrutura 
econômica com potencial de recuperação na volta da normalidade do convívio social. Ademais, o 
grupo vinha mantendo os benefícios sociais decorrentes do exercício de atividade empresarial, 
insculpidos no art. 47 da Lei 11.101/2005.
Portanto, diante da quadra extraordinária e imprevisível ocasionada 
pela pandemia, das orientações dadas pelo CNJ através da Recomendação 63/2020, dos 
dispositivos acima mencionados do CPC e da previsão constante do art. 479 do CC, para se 
amalgamar os fins da recuperação judicial e os interesses e direitos de credores e devedores, tudo 
para se evitar a extinção prematura das estruturas econômicas existentes, é de se deferir o pedido 
de levantamento de valores constantes nos autos e nos termos da petição de fls. 53.880/53.891, 
com as recomendações propostas pelo administrador judicial às fls. 54.355/54.361, a fim de que, 
neste momento, se utilize de 80% do numerário para o custeio da operação, justamente para a 
sobrevivência da estrutura econômica existente, que possui potencial de recuperação e cumpre a 
sua função social, destinando-se, por ora, 20% para o pagamento dos credores do PRJ.
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1ª VARA DE FALÊNCIAS E RECUPERAÇÕES JUDICIAIS
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Em relação aos créditos extraconcursais pleiteados nestes autos, 
compete uma observação. Acaso tais créditos sejam satisfeitos de uma só vez, não existirão 
recursos suficientes para a sobrevivência da atividade.
Num juízo de ponderação entre os direitos constitucionais de 
preservação da propriedade privada e o exercício desse direito em cumprimento de sua função 
social (art. 170, II e III, CF), deve prevalecer o entendimento de sobrestamento momentâneo da 
satisfação de tais créditos. Isso porque o adimplemento pontual dos credores extraconscursais 
comprometerá toda uma cadeia de empregos e contratos existentes, sem contar o enorme risco de 
sobrevinda de falência da atividade, num período em que ela não pode cumprir com suas 
obrigações por circunstâncias alheias à sua vontade.
Assim, necessária a preservação da estrutura econômica não para 
proteção das sociedades propriamente, mas para que toda a cadeia dependente do polo econômico 
em questão não seja pulverizado para proveito de credores pontuais e determinados, embora 
legítimos detentores de créditos.
E a sobrevinda da situação falimentar também será prejudicial aos 
credores extraconcursais, pois serão inseridos na execução coletiva e certamente não receberão 
seus créditos num curto espaço de tempo. Logo, no curto e médio prazo, diante do patrimônio 
imobilizado detido pela recuperanda e da potencialidade de recuperação já demonstrada, para os 
credores extraconcursais também há interesse na manutenção da atividade empresarial, a fim de 
que seus créditos possam, em momento oportuno e com mais brevidade, ser adimplidos pelo grupo 
que continuará com sua operação em funcionamento, mantendo empregos, a fonte produtora e de 
arrecadação de tributos e os contratos empresariais voltados ao exercício da atividade, enfim, 
mantendo sua função social.
Para que a recuperação judicial não funcione como instrumento de 
inadimplemento inadvertido em detrimento dos credores extraconcursais e para evitar um quadro 
de insegurança no recebimento dos aludidos créditos determino que a recuperanda, no prazo de 15 
dias, forneça em garantia de pagamento dos créditos extraconcursais o oferecimento de imóvel que 
não esteja vinculado ao cumprimento do PRJ, sobre o qual se imporá hipoteca judicial.
Tais medidas não se tratam de dirigismo judicial em matéria de 
viabilidade econômica, já que não é possível a apresentação de plano sustentável neste momento, 
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mas também não se pode menosprezar o direito ao adimplemento das obrigações que são detidas 
pelos credores. 
Assim, seguindo as orientações do CNJ, mormente diante da 
previsão do art. 4º da Recomendação 63/2020, permite-se a flexibilização momentânea de 
cumprimento do plano, com fulcro em critérios de legalidade contidos na teoria da imprevisão (art. 
479 do CC) e da flexibilização do procedimento nos termos do CPC, até que em momento mais 
oportuno se possa avaliar a necessidade de apresentação de aditivo e se equacione o adimplemento 
dos créditos extraconcursais.
No tocante às manifestações dos credores Paulo Adame e Camila 
Correa Cola alguns pontos devem ser melhor explicitados. Isso porque os peticionários não 
trouxeram quaisquer elementos que infirmassem as informações constantes do incidente de autos 
nº 0003311-29.2019.8.26.0100. 
Há notoriedade do nexo de causalidade dos impactos da pandemia 
nas atividades do grupo em recuperação judicial, cujo objeto é o transporte interestadual de pessoas 
e isso restou severamente prejudicado diante da diminuição do fluxo de circulação decorrente das 
medidas de isolamento social impostas pelas autoridades governamentais ao lado do fechamento de 
algumas fronteiras estaduais e rodoviárias, o que certamente tornou ainda mais intensa a retração 
de atividades.
Mas ao lado desse fato incontestável, os peticionários não 
apontaram quaisquer irregularidades nos dados apresentados pelo administradorjudicial no 
incidente acima mencionado, em cujas informações é possível extrair a crítica retração econômica 
da empresa, pelos fatos acima narrados, tudo nos termos do art 373, II, do CPC.
No mais, não se pode deixar de consignar a postura contraditória 
dos peticionários. Ambos estão na condição de credores e, inexoravelmente, buscam defender o 
recebimento de seus créditos nesta recuperação judicial.
Entretanto, defendem, ao mesmo tempo, a impossibilidade de 
destinação de recursos para manutenção da atividade e o descumprimento do PRJ, ao lado da 
inviabilidade de prosseguimento dos leilões dos bens descritos no plano de recuperação judicial na 
atual quadra de isolamento social, pela menor probabilidade de maximização dos ativos.
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
COMARCA DE SÃO PAULO
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1ª VARA DE FALÊNCIAS E RECUPERAÇÕES JUDICIAIS
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A contrariedade reside justamente no fato de que, ao defenderem a 
impossibilidade de destinação de recursos para a manutenção da atividade e o descumprimento do 
plano, o resultado final perseguido seria a convolação desta recuperação judicial em falência.
Entretanto, como a falência é um procedimento de execução 
concursal, a venda de bens é medida imprescindível ao seu bom andamento. E pelos argumentos 
dos peticionários, este não é o momento mais adequado para a venda de bens, porque não se 
conseguiria obter as melhores propostas aos bens objeto de alienação.
O direito de petição não é ilimitado. Encontra suas balizas na carga 
principiológica positivada no CPC, sobretudo no Livro I da parte geral. Além disso, importante 
vetor de conduta processual foi estabelecido no julgamento do REsp 1817845/MS, que tratou da 
conduta de abuso processual pelas partes.
O consequencialismo das teses também deve ser considerado com 
acuidade pelas partes e sempre será observado pelo Juízo, nos termos previstos nos arts. 20 e 
seguintes da LINDB.
Assim, devem os peticionários, respeitados o direito de petição e as 
teses apresentadas, se comportarem de acordo com os preceitos previstos nos arts. 5º e 6º do CPC, 
trazendo elementos aos autos que efetivamente contribuam para a solução das questões sobre as 
quais eles demonstrem o interesse processual que lhes são atinentes.
Diante de todo o exposto, defiro o levantamento dos valores nos 
moldes pretendidos pelas recuperandas, na petição de fls. 53.880/53.991, determinando a 
expedição de MLE a partir da disponibilização desta decisão no DJe, diante da urgência do caso, 
visualizada na necessidade de injeção imediata de recursos para manutenção da estrutura 
econômica severamente prejudicada pelas medidas de isolamento social determinadas para 
combate da pandemia do COVID-19, nos termos da fundamentação acima, com as recomendação 
trazidas pelo administrador judicial, a saber:
1. A prestação de contas detalhada em relação aos credores que serão pagos 
com os recursos referentes aos 20%, em atendimento às recomendações do CNJ, 
indicando inclusive a listagem individual de nomes, no prazo de 5 dias a contar 
da decisão judicial a ser proferida;
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2. A prestação de contas detalhada acerca dos recursos referentes aos 80%, 
especificando o destino destes valores e a efetiva demonstração de seu uso como 
forma de amenizar os problemas financeiros ocasionados pela pandemia; e
3. O compromisso das Recuperandas no caso de haver insuficiência futura de 
valores nos próximos leilões a serem destinados aos credores, na forma do plano 
de recuperação judicial, para restituir a respectiva antecipação, em aportar 
valores complementares visando o devido cumprimento do plano, sob pena de 
imediata decretação de falência.
Deverá o administrador judicial, no prazo de 10 dias, para melhor 
esclarecer aos credores, fazer análise sobre a suficiência da proposta contida na petição de fls. 
53.880/53.891 para fins de manutenção do PRJ vigente. Caso contrário, nos termos da Decisão 
Monocrática prolatada nos autos do AgI 2067546-43.2020.8.26.0000, da lavra do Eminente 
Desembargador Manoel de Queiroz Pereira Calças, deverá ser apresentado aditivo ao plano e 
convocada nova AGC para sua deliberação sobre os credores em momento oportuno.
Na esteira da fundamentação acima exposta, indefiro, por ora, 
qualquer ato de constrição de Juízos diversos, listados pelo administrador judicial às fls. 54.425, 
bem como dos veículos listados às fls. 54.586, considerando essenciais os bens pertencentes e 
possuídos pela recuperanda neste momento. No caso de exercício de posse, deverá a recuperanda 
observar as regras de posse de boa-fé previstas no Código Civil, para a escorreita manutenção e 
preservação dos aludidos bens.
Deverão as recuperandas informar os respectivos Juízos nos quais 
tramitam feitos com cobranças de créditos extraconcursais, segundo a lista oferecida pelo 
administrador judicial às fls. 54.425 e de acordo com a lista por ela apresentada às fls. 54.586, para 
que tenham ciência desta decisão.
Cumpra-se com urgência.
3. As habilitações e divergências de crédito deverão ser interpostas 
pelo peticionamento eletrônico inicial, por dependência ao processo principal, nos termos do 
Comunicado CG nº 219/2018, disponibilizado no DJe de 05.05.2018, respeitando-se o rito previsto 
nos arts. 7º a 20 da Lei 11.101/2005.
Pedidos de habilitação e divergências protocolizados nos autos 
principais serão desconsiderados, independentemente de menção a pedido existente nos autos, em 
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razão daabsoluta inadequação da via eleita, nos termos da Lei 11.101/2005.
4. Fls. 53.991. Promova o administrador judicial a devida 
retificação no QGC.
5. Fls. 54.252/54.259, fls. 54.362/54.366 e fls. 54.492/54.502. 
Trata-se de pedido formulado pela credora Camila Correa Cola , na qual pede a suspensão da 
realização dos leilões designados, alegando que as vendas poderiam ser prejudiciais aos credores, 
uma vez que o quadro de pandemia e isolamento social não trará boas propostas aos autos. No 
mais, apontou ilegalidades em alguns editais.
No mesmo sentido a petição de fls. 54.362/54.366.
Em relação à ilegalidades apontadas e ao pedido de suspensão dos 
leilões em decorrência da pandemia, o administrador judicial se manifestou através da petição de 
fls. 54.492/54.502.
DECIDO.
Indefiro o requerimento. Não há qualquer fato novo que permitisse 
deliberação sobre questão já preclusa. A continuidade dos leilões se mostra imprescindível para a 
continuidade do cumprimento do plano de recuperação judicial, do qual a peticionária é 
beneficiária, uma vez que a situação ocasionada pela pandemia do COVID-19 trouxe severas 
restrições à operação refletindo negativamente no seu faturamento e no processo de seu 
soerguimento. 
Assim, a continuidade de venda dos bens é a alternativa mais 
imediata e plausível para manutenção da estrutura econômica e, consequentemente, da preservação 
dos empregos, da fonte produtora e de arrecadação de tributos e, no caso da requerente, de 
possibilidade de cumprimento do plano do qual ela é beneficiária direta.
Os preços já estão definidos pelo PRJ e os editais refletem aquilo 
que foi precificado com a adesão dos credores. A probabilidade de surgimento de interessados é 
algo que precisa ser avaliado no caso concreto, o que só será possível com a continuidade dos 
procedimentos de venda dos bens. Acaso não apareçam interessados a situação será reavaliada 
posteriormente, para melhor avaliação do mercado e diante de um cenário mais realista sobre o 
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fls. 54639
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estágio das medidas de isolamento social.
Entretanto, maior prejuízo, ao contrário do que sustenta a 
peticionária, seria a imediata paralisação dos procedimentos para seu prosseguimento em momento 
no qual sequer há qualquer previsão retorno de convívio social, frustrando qualquer chance de 
sobrevivência da atividade.
Ademais, eventuais compradores adquirirão os bens nos exatos 
termos dos respectivos editais e não cabe à peticionária a defesa de interesses privados de terceiros.
No tocante à ilegalidade apontada no edital de fls. 53.681/53.690, o 
fato é que não há propriamente uma ilegalidade mas a adoção de uma estratégia de venda conjunta 
dos bens e que não foi impugnada no momento correto. Assim, com razão o administrador judicial 
no sentido de se aguardar eventual proposta que possa ser apresentada, para melhor avaliação do 
proveito econômico a ser revertido para a atividade e para os credores. 
Acrescento que acolher a impugnação ofertada quando já no 
transcurso do procedimento de venda é medida que somente deve ser deferida em situações 
excepcionalíssimas, sob pena de se mostrar contrária aos ditames processuais, uma vez que a 
peticionária deve respeitar os prazos de oferecimento de contrariedade, para evitar tumulto 
processual a ser vislumbrado na discussão de temas e questões que já se encontram preclusos, o 
que inviabiliza a marcha processual não se respeitando a tempestividade necessária para o 
exaurimento das questões processuais.
Já em relação aos imóveis que são objeto de desapropriação 
pública, determino a suspensão dos leilões, para fins de averiguação do atual estágio dos 
respectivos procedimentos administrativos, os quais terão repercussão na destinação futura dos 
bens, providenciando a leiloeira o necessário para a paralisação dos certames e o administrador 
judicial as diligências administrativas para aferição do conteúdo dos procedimentos 
administrativos de desapropriação. Para a expedição de ofícios, o auxiliar do Juízo deverá buscar a 
escorreita identificação dos aludidos procedimentos administrativos e comprovar a impossibilidade 
de diligências próprias, a fim de que o documento judicial tenha efetividade na coleta de 
informações.
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6. Fls. 54.353/54.354. A expedição da certidão pretendida não 
necessita de provocação judicial para sua confecção bastando que o interessado compareça ao 
balcão da serventia judicial para o requerimento. Entretanto, diante das medidas de isolamento 
social decretadas pelas autoridades estatais para o combate à pandemia do COVID-19 e como 
medida de cooperação nacional (arts. 67 e seguintes do CPC), determino, em caráter 
excepcionalíssimo, a expedição de certidão de objeto e pé do presente feito, que deverá ser 
remetido diretamente à 09ª Vara Federal de Execução Fiscal, nos autos de nº 5012916-
97.2019.4.03.6182.
Entretanto, advirto acerca da impossibilidade de prática de 
qualquer ato de constrição sobre o patrimônio da recuperanda neste momento, diante da 
fundamentação exposta no item 02 desta decisão e apoiado na remansosa jurisprudência do 
Colendo STJ, no sentido de competir ao juízo recuperacional a competência para deliberar sobre a 
essencialidade de bens das recuperandas, para fins de cumprimento do plano de recuperação 
judicial e a envolver pedidos de constrição judicial formulados em juízos diversos.
SERVE A PRESENTE DECISÃO COMO OFÍCIO A SER 
ENCAMINHADO JUNTAMENTE COM A CERTIDÃO ACIMA MENCIONADA.
7. Fls. 50.092/50.096 e fls. 54.407/54.435. Acolho o item III da 
petição das recuperandas de fls. 50.092/50.096. Publique-se o aludido edital, devendo a 
recuperanda providenciar a minuta em formato word e sua remessa eletrônica para a serventia 
judicial.
8. Fls. 54.407/54.435. Ciência aos interessados sobre o item b da 
petição do administrador judicial, que trouxe informações de regularidade das operações entre as 
recuperandas e a Viação Garcia, sobre questionamentos de alguns credores sobre o cumprimento 
do PRJ e demais termos da manifestação do auxiliar do Juízo.
Importante mencionar que as questões relativas à reestruturação 
societária do grupo estão sendo engendradas pelas recuperandas, as quais deverão esclarecer as 
medidasjá adotadas em 10 dias, levando-se em consideração os termos constantes do item 09 da 
petição do administrador.
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fls. 54641
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9. Fls. 51.859/51.929. Manifestação do administrador judicial de 
fls. 54.426/54.428. Tendo em vista que não foram apuradas irregularidades, caberá à recuperanda, 
em demanda autônoma, se assim entender cabível, buscar eventual apuração ou indenização, não 
havendo mais que se deliberar sobre este tema nestes autos.
10. Fls. 54.623/54.624. Para a análise do requerimento, deverá o 
credor informar sua posição na lista do administrador judicial e não na lista da recuperanda. Caso 
divirja do valor apresentado pelo administrador judicial na lista prevista no art. 7, § 2º, da Lei. 
11.101/2005, deverá o peticionário apresentar a competente impugnação de crédito, nos termos dos 
arts 8º a 20 do aludido diploma legal, conforme entendimento deste Juízo e da jurisprudência sobre 
o tema.
11. Fls. 54.504. Manifestem-se as recuperandas e o administrador 
judicial, sucessivamente.
12. Vista dos autos ao MP.
Intime-se.
São Paulo, 02 de maio de 2020.
DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006, 
CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA
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