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MODELO DE CONTESTAÇÃO EM AÇÃO DE ALIMENTOS

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MW ADVOCACIA
Serviços advocatícios e Consultoria jurídica
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DA 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS.
AUTOS DE N.: ...........................................................
RENATA (SOBRENOME COMPLETO), brasileira, estado civil, profissão, portadora do RG-MG XXXXXXX, e do CPF XXX.XXX.XXX-XX, residente e domiciliada à Rua XXXXXXX, Bairro XXXX, n. XXX, na cidade de Teófilo Otoni/MG, por meio de seu bastante procurador, Dr. Mateus Wilhiam Alves Fernandes, advogado atuante na 28ª Subseção da Comarca de Teófilo Otoni/MG, o qual responde profissionalmente à citações e intimações à Rua XXXXXX, Bairro XXXXX, n° XX, com devida procuração anexada (doc. 2), vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência oferecer resposta à presente ação, na forma de
CONTESTAÇÃO
em face de CAMILA (SOBRENOME COMPLETO), já qualificada em epígrafe, na AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS, sob o fundamento outorgado pelos arts. 335 e ss., do Código de Processo Civil, com baluarte em fatos e fundamentos, alhures, expendidos
.I. DA TEMPESTIVIDADE
Convém alegar, Excelência, que esta Contestação, apresentada respeitosamente à Vossa apreciação, se encaixa perfeitamente nos moldes dos prazos estabelecidos pelo NCPC, em seu art. 335, qual seja o de 15 dias, sendo este adequadamente obedecido, visto que o prazo começa-se a contar da citação da parte contestante (art. 231, III, NCPC).
Sendo então o prazo preclusivo da contestação observado, tendo em vista que esta fora oferecida no dia 22 de Junho de 2.020, resta considerá-la como devidamente tempestiva.
II. DAS CUSTAS E DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA
Excelência, como comprovar-se-á, in fine, por meio de holerites, a contestante é uma simples e humilde funcionária pública do ramo de serviços gerais, assalariada pelo salário mínimo nacional, qual seja o montante de R$ 1.045,00, do qual, ainda, é descontado o montante de R$ 300,00, a título de empréstimo efetuado há 18 meses, para que a mesma efetuasse uma cirurgia de urgência, para a retirada de um nódulo em seus ovários, reduzindo drasticamente o seu rendimento, que é dividido com ela e seus 3 (três) filhos menores e dependentes.
Ademais, Senhor Juiz, a contestante usufrui aqui de seu direito disposto pelo NCPC/2015, em seu art. 98, que enseja aos insuficientes econômicos a desoneração das custas processuais e dos iminentes honorários sucumbenciais. 
III. DA VERACIDADE DOS FATOS
Na inicial, a requerente narra o fato que, em parte, desarmoniza da realidade fática. Acontece que, no dia 05 de Março de 2.020, ocorreu acidente envolvendo a requerente, a requerida e a verdadeira legitimada passiva desta ação, movida erroneamente contra a primeira. 
Neste acidente, a contestante locomovia-se adequadamente em seu automóvel, quando foi surpreendida pelo carro de Tatiana, que gerou uma forte colisão na retaguarda do carro da primeira, o que impulsionou a colisão contra o carro da autora da ação ora contestada. 
Deste incidente, os três veículos foram fortemente danificados e, ainda mais, o da requerida, uma vez que seu carro sofreu o impacto primário, do qual se originou todo o transtorno. 
Mesmo assim, a requerente que, após presenciar apenas a requerida no local do fato, deduziu ser desta a culpa do acidente, uma vez que sua verdadeira causadora, Tatiane, havia se furtado do local rapidamente, para que não fosse responsabilizada pelo ocorrido. 
Tatiane, Excelência, que em momento oportuno será indicada como verdadeira legítima a ser requerida pelo direito da autora, estava, como constatado por averiguação policial (doc. 6), com seus pneus carecas, além de ter ultrapassado o limite permitido na via, demonstrando sua total negligência diante dos cuidados no trânsito, e imprudência pelo excesso de velocidade. Portanto, a partir desta real e incontestável narrativa fática, se exporá os fundamentos jurídicos, dos quais desprende da requerida qualquer responsabilidade indenizatória.
IV. PRELIMINARMENTE
O art. 337, do CPC, outorga ao contestante a tratativa preliminar de algumas questões, cuja procedência importaria na decisão parcial de mérito, de forma imediata.
Visto isto, aqui é conveniente tratar de uma delas, presente no inc. XI, do art. 337, do novo Código de Processo Civil. 
IV. A – Da Falta de Legitimidade Passiva da Requerida
Como evidenciado supra, nota-se que a parte requerida nada teve a ver com o infortúnio ocorrido, já que Tatiana seria a verdadeira culpada pelos danos causados à autora. Sendo assim, como observar-se-á pelos fundamentos, Tatiana seria a única a ser responsabilizada pelos prejuízos materiais da requerente, restando como alternativa a imediata exclusão da ora contestante, da relação jurídica processual.
Assim menciona a Lei Processual Cível Brasileira:
Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu.
Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º.
Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação.
Incumbida à ré a indicação do sujeito passivo legítimo desta ação, a mesma dispõe aqui, informações suficientes para sua citação.
Trata-se de Tatiana (Sobrenome Completo), residente e domiciliada à Rua XXXXXX, Bairro XXXXX, tendo estas informações sido colhidas no banco de dados do DETRAN, a partir da identificação da placa de seu automóvel, cuja captação se deu imediatamente após o fato, pela requerida. Requer-se, portanto, a instantânea remoção da contestante do pólo passivo da presente demanda.
V. DOS FUNDAMENTOS
Aqui será explorado todo o bojo jurídico, jurisprudencial e doutrinário, para fundamentar as alegações da requerente, a fim de interpelar o que fora alegado, no intróito deste processo.
V.A – Da Violação das Normas de Trânsito
Por se tratar de ação fundada em responsabilidade civil, gerada por acidente de veículo automotor, convém aqui expender o que o Código de Trânsito Brasileiro expõe a respeito. 
Como comprovado pela averiguação policial, no momento do ocorrido (croqui policial, doc. 6), Tatiana, além de extrapolar a velocidade permitida pela via, de 40 km/h, estava com irregularidades em seus pneus, que estavam carecas. Sendo assim, cumpre salientar algumas infrações de trânsito efetuadas por ela:
Art. 230. Conduzir o veículo:
IX - sem equipamento obrigatório ou estando este ineficiente ou inoperante;
XVIII - em mau estado de conservação, comprometendo a segurança, ou reprovado na avaliação de inspeção de segurança e de emissão de poluentes e ruído, prevista no art. 104;
Penalidade - multa; 
Medida administrativa - retenção do veículo para regularização.
É clara a violação acentuada, pela requerente, das normas de trânsito brasileiras, tendo em vista que a mesma, além de conduzir veículo com pneus inoperantes, o fez de forma que o seu mau estado de conservação comprometera, não apenas potencial, mas efetivamente a segurança dos que na via transitavam.
Ainda, como consta o croqui, ultrapassou o sinal de trânsito e, ainda, em velocidade não permitida pela via, que limitava-se a 40 km/h:
Art. 208. Avançar o sinal vermelho do semáforo ou o de parada obrigatória: 
Infração - gravíssima; Penalidade – multa
Art. 218. Transitar em velocidade superior à máxima permitida para o local, medida por instrumento ou equipamento hábil, em rodovias, vias de trânsito rápido, vias arteriais e demais vias.
[...]
Infração - grave; 
Penalidade – multa.
Sendo claro que Tatiana, verdadeira responsável pelo acidente, violou imprescindíveis normas de Direito de Trânsito, incumbe a ela arcar com todasas despesas originadas de sua negligência e imprudência, constatadas na condução de seu veículo. Assim determina o CTB:
Art. 257. As penalidades serão impostas ao condutor, ao proprietário do veículo, ao embarcador e ao transportador, salvo os casos de descumprimento de obrigações e deveres impostos a pessoas físicas ou jurídicas expressamente mencionados neste Código.
§3º Ao condutor caberá a responsabilidade pelas infrações decorrentes de atos praticados na direção do veículo.
Também, o Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais, em Apelação Cível, reconhece que o proprietário de veículo, cuja culpa fora identificada em boletim policial, é responsável pela reparação dos danos causados pela conduta:
EMENTA: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ACIDENTE DE VEÍCULOS. PROPRIETÁRIO DO VEÍCULO. LEGITIMIDADE PASSIVA. REPARAÇÃO DEVIDA. SENTENÇA MANTIDA.
I - O proprietário do veículo, devidamente identificado no boletim de ocorrência policial, é parte legítima a figurar no pólo passivo da ação de indenização.
II - A propositura de ação de indenização em busca do ressarcimento por lucros cessantes, cobrados em razão de diferenças salariais decorrentes da prorrogação de benefício previdenciário, período não integrante da primeira demanda, não caracteriza litispendência, nem sequer encontra óbice na coisa julgada.
III - É evidente que, em tendo a obreira sido obrigada a ficar afastada do trabalho, por isso veio a ter a redução de seus rendimentos oriundos da atividade profissional exercida, não há dúvida de que cabe aos responsáveis do ilícito, que desencadeou o afastamento da profissional, arcar com o pagamento da diferença salarial perdida.
	Apelação Cível 1.0625.12.004617-6/001. Relator(a): Des.(a) Vicente de Oliveira Silva. Data de Julgamento: 15/07/2014.
Resta a Vossa Excelência, como fidedigno aplicador do direito e das Leis, reconhecer que a responsabilidade pelas infrações de trânsito, derivadas da conduta de Tatiana, em detrimento da requerente, não são inatas à pessoa da requerida.
V. B – Da Responsabilidade Civil da Contestante
O Código Civil Brasileiro, em seus arts. 186 e 187, atribui responsabilidade civil contra aquele do qual decorre qualquer ato ilícito: 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Do ato ilícito surge automaticamente, para o seu praticante, a responsabilidade civil dos danos causados por sua conduta. Deste modo, Maria Helena Diniz conceitua a responsabilidade civil:
Trata-se da aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar dano moral ou patrimonial causados a terceiros, em razão de ato por ela mesma praticado, por pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição legal (DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil: responsabilidade civil. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. v. 7. p. 7).
De conveniente tratativa, Paulo Nader leciona sobre a imprescindibilidade de ter, entre a conduta e o resultado, o nexo de causalidade operante, de forma que, não tendo o requerido concorrido para o dano, não será responsabilizado civilmente:
Não são suficientes, à caracterização do ato ilícito, a conduta antijurídica, a culpa ou risco e o dano. Fundamental, igualmente, é a relação de causa e efeito entre a conduta e o dano causado a outrem. É preciso que os prejuízos sofridos por alguém decorram da ação ou omissão do agente contrária ao seu dever jurídico. Se houve a conduta, seguida de danos, mas estes não decorreram daquela, não haverá ato ilícito. O ato ou omissão somente constituirá esta modalidade de fato jurídico, na dicção do art. 186 do Códex, se “causar dano a outrem”. Nesta expressão em destaque está contido o elemento nexo de causalidade ou nexo etiológico (NADER, Paulo. Curso de Direito Civil: responsabilidade civil [livro eletrônico]. – 6ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 12/2015, vol. 07).
Nexo de causalidade, como sabido, é a relação existente entre a conduta do agente e o resultado dela, de forma que, sem a mesma, o resultado não teria ocorrido. Sendo assim, como sem a conduta de Tatiana, não haveria acidente, cabe a ela a reparação do dano, peticionado pela requerente da ação ora contestada.
Assim entendendo, em ação similar, o Egrégio TJMG reconheceu que, não sendo comprovado o nexo de causalidade entre a conduta do requerido e o dano, não é cabível a reparação dos danos:
Ementa: AÇÃO ORDINÁRIA - COBRANÇA DE SEGURO OBRIGATÓRIO DPVAT - AUSÊNCIA DE NEXO CAUSAL ENTRE O ÓBITO E O ACIDENTE DE TRÂNSITO - ART. 5º DA LEI Nº 6.194/74 - JULGA-SE IMPROCDENTE A PRETENSÃO DE RECEBIMENTO DA INDENIZACÃO SECURITÁRIA PLEITEADA, SE DOS AUTOS NÃO SE EXTRAI ELEMENTOS PARA SE COMPROVAR O NEXO CAUSAL ENTRE A MORTE DO PAI DA AUTORA E O ACIDENTE DE TRÂNSITO NARRADO - RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO - ALTERAÇÃO DA PARTE DISPOSITIVA DA SENTENÇA. - Segundo o disposto no art. 5º da Lei nº 6.194 /74, o pagamento da indenização do seguro DPVAT será efetuado mediante simples prova do acidente e do dano decorrente. - Ausente a prova do nexo causal entre o acidente automobilístico e a morte do genitor da autora, ocorrida onze meses depois, julga-se improcedente o pedido referente à cobrança de seguro DPVAT. 
Tribunal de Justiça de Minas Gerais TJ-MG: 100240606295570011 MG 1.0024.06.062955-7/001. Relator: Des. Osmando Almeida. Data de Julgamento: 18/08/2009.
Quando tratada da obrigação de indenizar, o Código Civil de 2002 assim especifica, em seu art. 927: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.
Não há muito que se tratar aí, já que a Lei, em sua perfectibilidade, acentua que, somente aquele que opera por ato ilícito, tem o dever de reparar o dano que dele deriva, causado a outrem.
Portanto, Douto Juiz de Direito, não se pode admitir que a requerida desta ação, de forma injusta, indevida e inadequada, arque com as conseqüências de ato ilícito que dela não derivou, pois a mesma fora prejudicado pelo mesmo ato, de forma que também sofreu danos morais e materiais.
Sendo assim, requer-se aqui, com todos os fundamentos ora explorados, que a contestante seja desanexada, de forma imediata, dos autos deste processo, para que a verdadeira responsável pelos danos causados à requerente seja, ao pólo passivo, ingressada. 
VI. DOS REQUERIMENTOS:
Com base nos fatos e fundamentos, elucidados acima, a contestante, no pleno exercício de direito, outorgado pelo art. 336, do CPC, requer, incisivamente:
a) o indeferimento da inicial e a total improcedência dos pedidos, com base no art. 330, II, do CPC/2015;
b) o encerramento do processo sem resolução do mérito, com fundamento na ilegitimidade passiva da contestante, com base no art. 485, VI, do CPC/2015;
c) o desconhecimento da legitimidade passiva da contestante, e a conseqüente substituição processual pela legítima devidamente indicada – fls. 5 e 6 –, visto que obedecidos os requisitos dos arts. 338 e 339, do CPC/2015;
d) indenização da requerente a título de honorários, em favor da requerida, na forma do parágrafo único do art. 338, do CPC, no importe de 5% do valor da causa, tido como R$ 10.000,00.
e) Acatamento dos pedidos supramencionados.
Nestes termos, in verbis. pede e aguarda deferimento.
Teófilo Otoni, 22 de Junho de 2.020.
Mateus Wilhiam Alves Fernandes
OAB/MG – 12321
________________________________
MW advocacia
Rua Ferdinando Gonçalves Mendes, n. 332
Contato: (33) 4382-9293

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