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Evolução histórica dos meios de solução de conflitos

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09/10/2018 Estácio
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Disciplina: Legislação processual da mediação
Aula 1: Evolução histórica dos meios de solução de conflitos. 
Meios consensuais e adjudicatórios
Apresentação
Nesta aula, vamos estudar como o Direito Processual brasileiro evoluiu desde os
primórdios até chegar a sua forma atual, ou seja, um Código de Processo Civil que
alia instrumentos judiciais e extrajudiciais, buscando um equilíbrio que propicie,
simultaneamente, o efetivo acesso à justiça e observância das garantias
constitucionais.
Vamos explorar o Direito brasileiro desde as suas origens (as “Ordenações”),
passando pelos Códigos de Processo Civil, chegando ao panorama atual que inclui as
Leis de Mediação e Arbitragem, ambas inseridas no conceito contemporâneo de
jurisdição.
Objetivos
Traçar a evolução do Direito brasileiro no uso dos meios de solução de conflitos
diversos da jurisdição estatal;
Organizar o cenário atual do ordenamento jurídico a fim de identificar as fontes
principais de consulta.
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A evolução do Direito Processual
Civil brasileiro a fim de situar a
previsão dos meios adequados de
solução de conflitos em nossa
legislação
 Fonte: Shutterstock
Entre outras transformações provocadas no país, o estabelecimento dos
colonizadores portugueses no Brasil deu grande importância aos Municípios
como núcleos administrativos.
Neles, a jurisdição competia aos juízes ordinários ou da terra, nomeados entre
os “homens bons”, em uma eleição sem participação da Metrópole, que, por
sua vez, era representada pelos seus nomeados “juízes de fora”.
Nas capitanias hereditárias estabelecidas, era dever dos donatários reger as
questões judiciais provenientes de suas terras, dentro dos limites das leis
advindas do Reino como pelas então denominadas Cartas Forais. A autoridade
jurisdicional máxima era o Ouvidor Geral.
Visto que Brasil e Portugal formavam um Estado único, as leis processuais
portuguesas tinham plena aplicabilidade por aqui. Foi o período das
Ordenações emanadas da Corte.
Vigoravam, nessa época:
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I
As Ordenações Afonsinas, de 1456, inspiradas principalmente no Direito
romano, no Direito canônico e nas leis gerais elaboradas a partir do reinado
de Afonso II, vigorando à época do Descobrimento.
II
As Ordenações Manuelinas, de 1521, as primeiras editadas em território
nacional.
III
As Ordenações Filipinas, promulgadas em 1603.
As Ordenações Afonsinas cuidavam, quase inteiramente, de questões
atinentes à administração pública. O processo civil foi objeto de seu livro
III, composto por 128 capítulos, abrangendo os procedimentos de cognição,
execução, bem como os recursos.
As Ordenações Manuelinas, promulgadas em 1521, não promoveram
grandes alterações em relação às Afonsinas, até porque ambas tinham o
interesse de preservar e fortalecer a monarquia e a nobreza. No entanto, não
se pode deixar de observar que as Ordenações Manuelinas tornaram unos os
processos de conhecimento e de execução, não os diferenciando.
Promulgadas em 1603, as Ordenações Filipinas foram de grande
importância para o Direito brasileiro, até porque vigoraram em parte por um
período posterior à independência. Tinham uma estrutura considerada
bastante moderna para a época, sendo compostas por cinco livros, dentre os
quais o terceiro tratava da parte processual civil.
Quanto ao conteúdo, a legislação apresentava um processo marcante
formalista, com a prevalência da escrita e forte valorização do princípio
dispositivo, com direção das partes sobre o processo.
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O Livro III era dividido em quatro partes que
disciplinavam, nesta ordem: a fase postulatória, a fase
instrutória, a fase decisória e a fase executória, destinada
ao processo de execução, além da regulamentação dos
procedimentos ordinários, sumários (previstos para casos
específicos) e especiais (aplicados a determinadas ações).
Além das Ordenações Filipinas, influenciavam na Justiça do país as Cartas
dos Donatários, dos Governadores e Ouvidores e, ainda, o poder dos
senhores de engenho, que faziam sua própria justiça ou influenciavam a
Justiça oficial, ora pelo prestígio que ostentavam, ora pelo parentesco com os
magistrados. As ordenações foram sucedidas pela Lei de 18 de agosto de
1769.
Proclamada a independência em 7 de setembro de 1822, era necessário
refundar o Direito brasileiro, o que foi feito com a Constituição Imperial de
1824.
Incorporando os valores das revoluções liberais do fim do século XVIII, a
Carta Constitucional introduziu em nosso ordenamento diversas inovações e
princípios fundamentais, principalmente na seara penal, em que era mais
evidente a necessidade de mudanças para, por exemplo, abolir a tortura e
todas as penas cruéis.
Ademais, determinou-se a separação de poderes e, peculiarmente, criou-se o
Poder Moderador, nas mãos do Imperador, com a função de harmonizar o
relacionamento entre as funções de Estado, o seu funcionamento e garantir os
direitos ditados pela Carta Magna.
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 Fonte: http://www.estudokids.com.br/
<http://www.estudokids.com.br/wp-
content/uploads/2014/08/independencia-do-
brasil.jpg>
Estipulou se ainda a necessidade e a obrigatoriedade de um juízo conciliatório
prévio. Interessante transcrevermos aqui os Art. 161 e 162 da Constituição do
Império, que estabeleciam, respectivamente, a tentativa prévia de conciliação
como pressuposto de constituição válida do processo e a atribuição de
competência ao juiz de paz para tentar promovê la:

Art. 161. Sem se fazer constar, que se tem intentado o
meio da reconciliação, não se começará Processo
algum. Art. 162. Para este fim haverá juizes de Paz, os
quaes serão electivos pelo mesmo tempo, e maneira,
por que se elegem os Vereadores das Camaras. Suas
attribuições, e Districtos serão regulados por Lei.
O advento da Constituição Imperial não retirou, contudo, automaticamente, a
vigência das normas da antiga metrópole. Isso porque o Decreto de 20 de
outubro de 1823 as adotou como leis brasileiras, revogando apenas as
disposições contrárias à soberania nacional e ao regime brasileiro. Por isso, as
Ordenações Filipinas continuaram produzindo efeitos.
http://www.estudokids.com.br/wp-content/uploads/2014/08/independencia-do-brasil.jpg
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Em 1850, com a promulgação do Código Comercial, foram editados os
Regulamentos nº 737 (considerado o primeiro diploma processual
brasileiro fora do âmbito criminal) e 738, que tratavam, respectivamente,
do processo das causas comerciais e do funcionamento dos tribunais e juízes
do comércio.
O Direito Processual Civil, entretanto, não recebeu normativa própria, o que
manteve em vigência, no ponto, as disposições das Ordenações e suas
posteriores modificações.
Diante disso, o governo imperial baixou, em 1876, uma Consolidação das
Leis do Processo Civil, com força de lei, que ficou conhecida como
Consolidação Ribas, em virtude de sua elaboração a cargo do Conselheiro
Antônio Joaquim Ribas.
Logo depois de proclamada a República, o Regulamento 737 teve sua
aplicação estendida às causas cíveis, mantendo se a aplicação das Ordenações
e suas modificações aos casos de jurisdição voluntária e de processos
especiais.
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 Fonte:
https://www.acasadolivrojuridico.com.br/
<https://www.acasadolivrojuridico.com.br/images/capas/C30301.jpg
>
Contudo, a primeira Constituição da República, em 1891, transmitiu aos
Estados membros a competência legislativa sobre matéria processual,
aumentando o espectro de competênciaantes pertencente somente à União
Federal. Com isso, diversos Códigos Estaduais foram promulgados,
regulamentando as mais diversas questões processuais.
 Fonte: Shutterstock
Em 1º de janeiro de 1916, foi editado o Código Civil Brasileiro, que acabou,
em algumas disposições, extrapolando o direito material para alcançar
também algumas matérias de natureza processual.
No Rio de Janeiro, então Distrito Federal, foi editado o Código Judiciário de
1919, Lei nº 1.580, de 20 de janeiro, sendo em seguida substituído pelo
Código de Processo Civil do DF, de 31 de dezembro de 1924, devidamente
promulgado pelo Decreto nº 16.751.
https://www.acasadolivrojuridico.com.br/images/capas/C30301.jpg
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Com o fim da República Velha, a Constituição de
1934 passou a atribuir competência exclusiva
para a União Federal para legislar sobre Direito
Processual. A tendência foi mantida com a Carta
outorgada de 1937, em seu Art. 16, XVI,
culminando com a edição do Código Brasileiro de
Processo Civil, por meio do Decreto-lei nº 1.608,
de 18 de setembro de 1939.
A unificação processual foi pela premente necessidade de se tratar de maneira
uniforme o processo civil, ante a profusão de leis estaduais que não se
moimportantestravam aptas a tutelar de forma satisfatória os direitos dos
particulares.
O CPC de 1939 trouxe ao país algumas das mais modernas doutrinas
europeias da época, com a introdução de importantes inovações em nosso
ordenamento processual, como o princípio da oralidade e a combinação do
princípio dispositivo e do princípio do juiz ativo, possibilitando uma maior
celeridade nos procedimentos.
Chegamos, assim, ao segundo Código de Processo Civil, introduzido em nosso
ordenamento jurídico pela Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, e baseado
no anteprojeto de autoria de Alfredo Buzaid.
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Com o passar do tempo, com o surgimento de novas
demandas sociais, o CPC de 1973 sofreu diversas
alterações, principalmente a partir do início da década de
1990. Foi um momento caracterizado pela Reforma
Processual, caracterizada por dezenas de leis alteradoras
destinadas a promover mudanças pontuais e ajustes
“cirúrgicos”.
Em 1994, ocorreu a primeira reforma significativa. Podem ser citadas como
exemplos as sistematizações da tutela antecipada e da tutela específica das
obrigações de fazer e não fazer, e o novo regime do recurso de agravo, entre
outras.
Em dezembro de 2004, depois de muitos anos de debates, foi enfim aprovada
e editada a Emenda Constitucional nº 45, que trouxe a chamada
“Reforma do Poder Judiciário”.

Atenção
Em 2009, os chefes dos Três Poderes assinaram, em 13 de abril, o II
Pacto Republicano. O referido documento tinha como objetivos o acesso
à Justiça:
I - especialmente dos mais necessitados.
II - o aprimoramento da prestação jurisdicional.
III - o aperfeiçoamento e fortalecimento das instituições do Estado.
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 Palácio do Planalto / Poder Executivo| Fonte:
https://pt.dreamstime.com/
<https://pt.dreamstime.com/>
 Supremo Tribunal Federal / Poder Judiciário|
Fonte: http://arquitetablog.blogspot.com/
<http://arquitetablog.blogspot.com/2011/08/brasilia-
supremo-tribunal-e-palacio-do.html>
 Congresso Nacional / Poder Legislativo| Fonte:
http://vejanomapa.net.br/
<http://vejanomapa.net.br/palacio-do-
planalto-brasilia/>
Também em 2009, foi formada uma comissão de juristas, com o fito de
elaborar um anteprojeto para o Novo Código Civil.
https://pt.dreamstime.com/
http://arquitetablog.blogspot.com/2011/08/brasilia-supremo-tribunal-e-palacio-do.html
http://vejanomapa.net.br/palacio-do-planalto-brasilia/
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Logo em dezembro daquele ano, a comissão concluiu a primeira fase de seus
trabalhos. Após, submeteu a proposta elaborada a oito audiências públicas,
que resultaram na análise de mais de mil sugestões. Em seguida, foram
consultados Ministros dos Tribunais Superiores e, finalmente, iniciado o
processo legislativo.
A Comissão do Senado, no dia 24 de novembro de 2010, apresentou seu
relatório com um projeto substitutivo, o PLS n. 166/2010, do Senador Valter
Pereira, que, com algumas alterações, foi aprovado pelo plenário em 15 de
dezembro de 2010.
Após minuciosa revisão na Presidência do Senado, o texto final foi então
encaminhado à sanção presidencial, em fevereiro de 2015. Em 16 de março, o
projeto foi sancionado pela Presidência da República, sendo publicado, com
sete vetos, no Diário Oficial do dia seguinte.
Com base no texto aprovado, pode-se dizer que se buscou um balanceamento
entre boas ideias já existentes e as necessidades de mudança, sempre com o
objetivo de assegurar maior celeridade na prestação jurisdicional.
Assim, a conciliação foi elevada em importância, passando a ser o primeiro
ato de convocação do réu a juízo. A conciliação está, em verdade,
inserida no âmbito dos meios adequados de solução de conflitos, de
que se deve, sempre que possível, lançar mão, já que apresentam
maior eficiência, se comparados à prestação jurisdicional.
Quando o processo legislativo já parecia esgotado, no final de 2015 foi
apresentado o Projeto de Lei nº 168/2015, objetivando a modificação de
alguns dispositivos do NCPC, ainda na vacatio.
As alterações mais importantes repercutiram sobre a ordem cronológica,
ajustes nas hipóteses de ação rescisória e de reclamação e o retorno do juízo
de admissibilidade dos recursos excepcionais, com a sistematização dos
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recursos de agravo (nos próprios autos) e agravo interno a depender da
decisão exarada pelo Tribunal a quo.
A proposição acabou aprovada e publicada, sem vetos presidenciais, em 5 de
fevereiro de 2016, como Lei nº 13.256.
As alterações foram efetivadas de forma a que os dispositivos entrassem em
vigor junto com os demais artigos não alterados da Lei nº 13.105/15, apesar
de, durante algum tempo, ter havido insegurança na doutrina quanto à data
exata da vigência do CPC/2015.
A interação entre o CPC/2015 e a
evolução da legislação brasileira
até o advento da Lei nº
13.140/2015
Após o advento do NCPC, com a mesma base ideológica, de privilegiar o
acesso à justiça e a duração razoável do processo, tivemos ainda a edição da
Lei de Mediação e da Lei que reformou pontos específicos do procedimento da
arbitragem.
Os meios adequados de solução de controvérsia apresentam-se, desde a
segunda metade do século XX, como a melhor saída para os problemas de
lentidão e inefetividade da justiça estatal.
Por isso, o NCPC tomou a opção de valorizar as conciliações e as mediações
judiciais, bem como a arbitragem, demonstrando uma verdadeira modificação
de paradigma em relação a essas questões.
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 Fonte: Shutterstock
Em sua Exposição de Motivos, destaca:

Pretendeu-se converter o processo em instrumento
incluído no contexto social em que produzirá efeito o
seu resultado. Deu-se ênfase à possibilidade de as
partes porem fim ao conflito pela via da mediação ou
da conciliação. Entendeu-se que a satisfação efetiva
das partes pode dar-se de modo mais intenso se a
solução é por elas criada e não imposta pelo juiz.
Fonte: http://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=4202820
<http://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=4202820>
As primeiras notícias do uso da conciliação em nosso ordenamento datam das
Ordenações Filipinas. Nesse diploma havia menção à tentativa conciliatória
prévia à propositura da demanda. (Texto disponível aqui
<http://www1.ci.uc.pt/ihti/proj/filipinas/ordenacoes.htm> ).
Essa ideia acabou por inspirar a Constituição do Império, de 1824,que
estabelecia uma etapa de conciliação preliminar, de competência dos juízes de
paz (como se pode aferir da leitura do Art. 161: Do Poder Judicial: sem se
fazer constar, que se tem intentado o meio da reconciliação, não se começará
processo algum).
http://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=4202820
http://www1.ci.uc.pt/ihti/proj/filipinas/ordenacoes.htm
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Inspirou ainda o Decreto nº 737 de 1850 (o Art. 23 do Decreto 737/1850
trazia norma no sentido de que não se deveria admitir causa comercial
proposta perante o juízo contencioso, como regra, sem que fosse tentada a
conciliação).
Em 1890, já na República, a prática foi extinta, por meio do Decreto nº 359,
considerando que ela havia se tornado inútil. Como relata Michele
Paumgartten, após este decreto, muitos Estados mantiveram a conciliação,
geralmente confiada à Justiça de Paz, mas com caráter meramente
facultativo.
O tema ganhou novo fôlego no âmbito trabalhista. A Consolidação das Leis do
Trabalho estruturou as chamadas Juntas de Conciliação e Julgamento,
posteriormente reformuladas como varas do trabalho pela EC 24/1999.
Em 2000, a Lei 9.958 instituiu as comissões de conciliação, com o fito de que
a tentativa conciliatória prévia passasse a ser obrigatória em qualquer
demanda trabalhista, inserindo o Art. 625-D na CLT.
Alguns anos mais tarde, o STF suspendeu cautelarmente o dispositivo, no que
se refere ao caráter obrigatório da medida, por entendê-lo incompatível com a
Constituição (ADI 2160 MC, Relator(a): Min. OCTAVIO GALLOTTI, Relator(a)
p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 13/05/2009,
DJe-200 DIVULG 22-10-2009 PUBLIC 23-10-2009 EMENT VOL-02379-01 PP-
00129 RIOBTP v. 21, n. 250, 2010, p. 18-47).
No CPC/73, houve a previsão da audiência preliminar, no Art. 331, dispositivo
esse que passou por alterações, primeiro pela Lei nº 8.952/94 e,
posteriormente, pela Lei nº 10.444/2002.
Com os Juizados Especiais, a conciliação novamente ganhou força, prevendo o
antigo Juizado Especial de Pequenas Causas, em seu Art. 2º, que se buscaria,
sempre que possível, a conciliação.
Posteriormente, a Constituição previu a criação dos Juizados Especiais, os
quais seriam competentes para conciliar em causas de menor complexidade.
Em 1994, com a edição da Lei nº 8.952/94, alterou-se o CPC/73 para incluir a
conciliação entre os deveres do Juiz e inseri-la como uma das finalidades da
audiência preliminar.
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 Conciliação finalidade da audiência preliminar | Fonte: Shutterstock
Passados mais de 70 anos de seu primeiro registro legislativo, hoje é
realidade a Semana da Conciliação, estimulada pelo Conselho Nacional de
Justiça, realizada anualmente, em todos os tribunais brasileiros. Os resultados
são publicados no site do CNJ, o qual mantém estatísticas de acordos
realizados.
O CPC/2015 prevê o instituto da conciliação em diversos dispositivos. Os mais
relevantes são os Art. 165, §2º, 334, 359 e 487, III.
Quanto a outro método adequado de solução de conflitos, a mediação, o
esforço do legislador em positivá-la é mais recente. A primeira tentativa foi o
Projeto de Lei nº 4.827/98, proposto pela Deputada Zulaiê Cobra, que trazia
uma regulamentação concisa, estabelecendo a definição de mediação e
elencando algumas disposições a respeito. Contudo, o PL acabou arquivado
após oito anos de tramitação acidentada.
Já em 2010, com um maior amadurecimento dos debates sobre a matéria, o
Conselho Nacional de Justiça, implementando, de forma definitiva, o
denominado sistema multiportas, editou a Resolução nº 125.
O Art. 1º da Resolução institui a Política Judiciária Nacional de tratamento dos
conflitos de interesses, visando a garantir o direito à solução dos conflitos por
meios adequados, explicitando que é dever do Poder Judiciário, além da
solução adjudicada mediante sentença, oferecer outras formas para resolver
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controvérsias, especialmente os chamados meios consensuais, como a
mediação e a conciliação, assim como prestar atendimento e orientação ao
cidadão.
 Fonte: Shutterstock
Nesse diapasão, em 2011, o Senador Ricardo Ferraço apresentou o Projeto de
Lei nº 517/11, voltado a regulamentar a mediação judicial e a extrajudicial,
em harmonia com a Resolução nº 125 do CNJ.
Posteriormente, apensaram-se ao PLS 517 mais duas iniciativas legislativas: o
PLS 405/13, fruto do trabalho realizado por Comissão instituída pelo Senado,
e presidida pelo Min. Luis Felipe Salomão, do Superior Tribunal de Justiça; e o
PLS 434/13, fruto de Comissão instituída pelo CNJ e pelo Ministério da Justiça,
presidida pelos Min. Nancy Andrighi e Marco Buzzi, ambos do STJ, e pelo
Secretário da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça, Flavio Croce
Caetano.
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 Fonte: Shutterstock
Foram convocadas audiências públicas para que os três projetos fossem
discutidos, debatendo-se as questões controvertidas que ainda cercam o
tema. Em 2013, o Senador Vital do Rego, relator, apresentou um Substitutivo
ao PLS 517/11 com o objetivo de congregar o que havia de melhor nas três
iniciativas.
O Substitutivo foi aprovado e remetido à Câmara, onde foi autuado como
Projeto de Lei 7.169/14. Durante 2014, os deputados realizaram audiências
públicas e um Substitutivo foi apresentado pelo Dep. Sergio Zveiter, relator da
matéria na CCJ.
O texto foi consolidado, aprovado e devolvido ao Senado em março de 2015,
para apreciação das alterações feitas no processo legislativo. Em junho, o
projeto foi aprovado na casa iniciadora do PL, sem modificações. Sancionado
pela Presidente da República, converteu-se na Lei nº 13.140/15, sem vetos.
É interessante observar também que, na esteira do CNJ, o CNMP editou a
Resolução nº 118/14, que dispõe sobre a política nacional de incentivo à
autocomposição no âmbito do Ministério Público.
Atividade
1. Indique as principais fontes normativas da mediação nos dias atuais.
2. Os meios de solução consensual de conflitos só foram introduzidos no
Direito brasileiro com o CPC/2015 ou já existiam antes?
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3. É possível afirmar que existe hoje no Brasil uma política pública de
resolução consensual de conflitos?
Referências
BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Vicissitudes da audiência preliminar: Temas
de Direito Processual. 9.ª série. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 129-139.
CAPPELLETTI, Mauro. Os métodos alternativos de solução de conflitos no
quadro do movimento universal de acesso à Justiça. Revista de Processo, vol.
74. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1994, p. 82/97.
GRECO, Leonardo. Jurisdição voluntária moderna. São Paulo: Dialética, 2003.
MARINONI, Luiz Guilherme. Garantia da tempestividade da tutela jurisdicional e
duplo grau de jurisdição. In: TUCCI, José Rogério Cruz e. Garantias constitucionais
do processo civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999, p. 218.
PAUMGARTTEN, Michele Pedrosa. Novo Processo Civil Brasileiro: Métodos
adequados de resolução de conflitos. Função Judicial - Negociação - Conciliação -
Mediação - Arbitragem - Conforme o Novo Código de Processo Civil - Lei 13.105 de
16.03.2015. Curitiba: Juruá, 2015, p. 45.
PELUSO, Antonio C.; RICHA, Morgana de A. (coord.). Conciliação e Mediação:
Estruturação da política judiciaria nacional. Rio de Janeiro: Forense, 2011.
PINHO, Humberto Dalla Bernardina de. O marco legal da mediação no Brasil:
Comentários à Lei nº 13.140/15. In: GABBAY, Daniela M.; TAKAHASHI, Bruno.
Justiça Federal: inovações nos mecanismos consensuais de solução de conflitos.
Brasília: Gazeta Jurídica, 2014.
SALOMÃO, Luis Felipe; ROCHA, Caio. Arbitragem e Mediação: A reforma da
legislação brasileira. São Paulo: Atlas, 2015.SPENGLER, Fabiana Marion; SPENGLER NETO, Theobaldo. Mediação enquanto
política pública: A teoria, a prática e o projeto de lei. Santa Cruz do Sul:
Edunisc, 2010.
09/10/2018 Estácio
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WAMBIER, Teresa A. A. (Org.). Reforma do Judiciário: Primeiros ensaios críticos
sobre a EC nº 45/2004. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.
Próximos Passos
Na próxima aula, aprenderemos um pouco mais sobre as diversas ferramentas de
resolução consensual de conflitos. Para tanto, vamos fixar as principais semelhanças
e distinções entre a negociação, a conciliação, a mediação e a arbitragem.
Procuraremos, portanto:
Examinar as principais ferramentas de resolução de conflitos;
Compreender a diferenças entre os meios de composição e os meios de
imposição de solução;
Assimilar as características mais importantes da mediação no Direito brasileiro.
Explore mais
Leia o texto:
• “O Marco Legal da Mediação no Brasil”.
<https://www.academia.edu/32226099/O_MARCO_LEGAL_DA_MEDIAC_A_
O_NO_BRASIL_-_Atualiza%C3%A7%C3%A3o_em_2016>
Assista ao vídeo:
• “É Lei. Lei de Mediação”. <https://www.youtube.com/watch?
v=SOXTIh85sEI> TV Senado.
https://www.academia.edu/32226099/O_MARCO_LEGAL_DA_MEDIAC_A_O_NO_BRASIL_-_Atualiza%C3%A7%C3%A3o_em_2016
https://www.youtube.com/watch?v=SOXTIh85sEI

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