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SISTEMA SANGUINEO PROF. ELIANA PERRONE O sistema vascular evoluiu para transportar os nutrientes até as células, quando estas se tornaram tão numerosas e tão distantes da superfície que o processo de difusão deixou de ser adequado. O meio circulante passou a ser conhecido como sangue. Em geral, as funções do sangue estão relacionadas com o transporte (p. ex., nutrientes, oxigênio, dióxido de carbono, produtos de degradação, hormônios, calor e anticorpos). O sangue desempenha funções adicionais relacionadas com o seu papel na manutenção do equilíbrio hídrico e do pH no corpo. VOLUME SANGUINEO O sangue contem tanto o líquido extracelular (líquido do plasma) quanto o líquido intracelular. Representa em torno de 7% do peso corporal, aproximadamente 5 litros. Cerca de 60% do sangue é plasma e 40% são células. Hematócrito A proporção relativa entre as células e o plasma fornece uma medida clinicamente útil, que pode ser determinada pelo hematócrito (Hct). Quando uma coluna de sangue é centrifugada, os componentes são separados de acordo com a sua densidade específica relativa. Os componentes celulares (eritrócitos, leucócitos e plaquetas, também conhecidos como trombócitos) ocupam a porção inferior e, em seu conjunto, são designados como Hct. O plasma ocupa porção superior e constitui o componente líquido do sangue no qual as células coloides estão em suspensão, enquanto outras substâncias transportadas estão dissolvidas. O plasma é amarelo a incolor, dependendo da quantidade e da espécie examinada. O plasma que normalmente é amarelo-claro quando observado em um tubo de ensaio pode ser quase incolor em um tubo capilar. A cor do plasma resulta principalmente da presença de bilirrubina, um produto de degradação da hemoglobina. A cor vermelha do sangue é produzida pela hemoglobina contida no interior dos eritrócitos. São observadas gradações de cor, do vermelho brilhante ao púrpura-azulado, dependendo do grau de saturação de oxigênio da hemoglobina. Quanto maior a saturação, mais brilhante a cor vermelha. LEUCÓCITOS Os leucócitos são classificados em granulócitos ou polimorfonucleares, que contêm grânulos no citoplasma, e agranulócitos ou mononucleares, que contêm poucos grânulos ou nenhum no citoplasma. Polimorfonucleares NEUTRÓFILOS EOSINÓFILOS BASÓFILOS MONONUCLEARES MONÓCITOS LINFÓCITOS NEUTRÓFILOS PMN 62,0% EOSINÓFILOS PMN 2,3% BASÓFILOS PMN 0,4% MONÓCITOS 5,3% LINFÓCITOS 30,0% Existem três tipos de granulócitos, designados de acordo com o componente da coloração pela hematoxilina e eosina (H&E) (hematoxilina, básica e de coloração azul; eosina, ácida e de coloração vermelha) captado pelos grânulos. Os neutrófilos não são acentuadamente acidófilos nem basófilos e incorporam ambos os componentes ácido e básico em seus grânulos. Os basófilos só aceitam o componente básico (hematoxilina), enquanto os eosinófilos só aceitam o componente ácido (eosina). Existem dois tipos de agranulócitos: os monócitos e os linfócitos. Os granulócitos e os monócitos são produzidos na medula óssea a partir de células-tronco mieloides, conhecidas como mieloblastos e monoblastos, respectivamente. Os linfócitos originam-se de uma célula-tronco linfoide, conhecida como linfoblasto, em tecidos linfáticos, como linfonodos, baço, tonsilas e vários agrupamentos linfoides no intestino e em outros locais. Os núcleos dos granulócitos assumem vários formatos a medida que amadurecem. Os núcleos das formas maduras são geralmente divididos em lobos ou segmentos conectados por filamentos; esses leucócitos são algumas vezes denominados células segmentadas. As formas mais jovens têm um núcleo que se assemelha a um bastão curvo ou espiralado sem segmentação; essas formas são conhecidas como bastões. Após o seu desenvolvimento, os leucócitos circulam no sangue até o momento (período relativamente curto) de sua saída para desempenhar suas funções extravasculares. Os granulócitos podem estar presentes no sangue durante 6 a 20 horas e saem constantemente da circulação. O tempo de permanência dos granulócitos nos tecidos varia consideravelmente, mas pode ser de 2 ou 3 dias. Quando deixam o sangue, os granulócitos normalmente não retornam à circulação. Essas células deixam o corpo a partir dos locais de inflamação ou pelos tratos gastrintestinal, urinário, respiratório ou reprodutor. Esses órgãos normalmente são revestidos por neutrófilos, que ajudam a impedir a entrada de organismos ou partículas estranhas. Os monócitos têm um tempo de circulação de 24 horas ou menos, mas podem permanecer nos tecidos por vários meses. Muitos monócitos transformam-se em macrófagos fixos nos sinusoides do fígado, baço, medula óssea e linfonodos; dessa maneira, continuam desempenham a sua função no sangue e na linfa. Os linfócitos recirculam repetidamente do sangue para os tecidos, a linfa e de volta ao sangue. A população dos linfócitos consiste em células T e células B. O seu tempo de sobrevida varia, dependendo da classificação. Em geral, as células T são de vida longa (100 a 200 dias), as células B são de vida curta (2 a 4 dias) e as células de memória são de vida muito longa (anos). Neutrófilos As membranas celulares de determinadas células são capazes de englobar matéria particulada (p. ex., bactérias, células, tecido em degeneração) e líquido extracelular e trazê-los para dentro do citoplasma. A ingestão de matéria particulada é conhecida como fagocitose, a ingestão de líquido extracelular é denominada pinocitose, e ambas constituem formas de endocitose. Os neutrófilos possuem dois tipos de grânulos em seu citoplasma. Os grânulos azurófilos são os lisossomos dos neutrófilos, que fornecem enzimas para a digestão das bactérias, vírus e restos celulares ingeridos. Os outros grânulos produzem peróxido de hidrogênio, uma substância bactericida, que é potencializada (que se torna mais ativa) pela peroxidase, uma das enzimas lisossômicas. As substâncias nos grânulos específicos incluem a colagenase e uma proteína de ligação do ferro, denominada lactoferrina. A lactoferrina possui afinidade muito alta pelo ferro na forma férrica e pode privar as bactérias fagocitadas do ferro necessário para o seu crescimento. Os neutrófilos são altamente fagocíticos, o que, juntamente com a sua mobilidade, proporciona um mecanismo de defesa corporal efetivo. Seu número aumenta rapidamente durante infecções bacterianas agudas. Monócitos Os monócitos são habitualmente os maiores leucócitos observados em um esfregaço de sangue corado. Estão presentes no sangue normal apenas em grau limitado. Em comparação com outros leucócitos, essas células apresentam citoplasma abundante. Os monócitos circulantes fagocitam bactérias, vírus e complexos de antígeno-anticorpo da corrente sanguínea. Entretanto, a sua função fagocítica circulatória não é tão pronunciada quanto aquela observada nos tecidos. O movimento dos neutrófilos a partir dos capilares e das vênulas é acompanhado de marginação e diapedese semelhantes dos monócitos. Quando entram nos tecidos, os monócitos são transformados em macrófagos (grandes células fagocitárias) e participam inicialmente na fagocitose das células bacterianas. Os macrófagos destroem os micróbios fagocitados por meio de seu pH ácido, proteínas bacteriostáticas e enzimas degradativas. Além disso, produzem peróxido de hidrogênio em quantidades maiores do que os neutrófilos. Os macrófagos finalmente predominam no local de inflamação, em virtude de seu tempo de sobrevida mais longo. Além disso, são atraídos para alguns organismos ignorados pelos neutrófilos e fagocitam os restos celulares que permanecem após a resolução da inflamação. Os sistemas enzimáticos dos monócitos destinam-se a degradar os restos teciduais ingeridos das reações inflamatóriascrônicas, e o número de monócitos aumenta nas infecções crônicas. Essas células são particularmente valiosas na defesa contra a inflamação prolongada, devido a seu maior tamanho e maior tempo de sobrevida. Os lisossomos presentes no citoplasma dos neutrófilos e monócitos ajudam na digestão dos materiais fagocitados. Os monócitos são as células que compreendem o sistema mononuclear fagocitário (SMF). O SMF era antigamente conhecido como sistema reticuloendotelial. Suas células são monócitos (intravasculares) ou são derivadas de monócitos (extravasculares). As células são móveis (macrófagos) ou tornam-se fixas (células de Kupffer nos sinusoides hepáticos e outras no baço e nos linfonodos. Eosinófilos Os eosinófilos exibem grânulos citoplasmáticos que se coram de vermelho ou vermelho-alaranjado (grânulos eosinófilos). Têm aproximadamente o mesmo tamanho dos neutrófilos. Os grânulos contêm várias enzimas (p. ex., histaminase) que diminuem e interrompem as reações inflamatórias locais de origem alérgica. Os eosinófilos tornam-se mais numerosos em certos tipos de parasitismo. As formas parasíticas são opsonizadas (atacadas por anticorpos), e os eosinófilos descarregam o conteúdo dos grânulos na superfície do parasito opsonizado, causando lesão letal. Basófilos Os basófilos do sangue assemelham-se ligeiramente aos mastócitos presentes nos espaços intersticiais, fora dos capilares. Os grânulos dos basófilos contêm histamina, bradicinina, serotonina e enzimas lisossômicas, substâncias que iniciam a resposta inflamatória. Os basófilos e os mastócitos possuem receptores em suas membranas celulares para anticorpos imunoglobulina E (IgE) (aqueles associados a alergias). Linfócitos Os linfócitos podem ser classificados morfologicamente em pequenos ou grandes. Acredita-se que os grandes linfócitos representem formas imaturas, enquanto os pequenos linfócitos constituam formas mais maduras. Os linfócitos estão envolvidos nas respostas imunes, e, com base nessa característica, são classificados como células T ou células B. Tanto as células T quanto as células B originam-se de células-tronco hematopoéticas (linfoblastos), que se diferenciam para formar os linfócitos. As células B de memória desempenham uma função semelhante às células T de memória e são prontamente convertidas em células efetoras por ocasião de um encontro posterior com o mesmo antígeno. As células B não atacam diretamente as substâncias estranhas; em lugar disso, os plasmócitos produzem grandes quantidades de anticorpos (moléculas de globulinas denominadas imunoglobulinas) que inativam a substância estranha. Esse tipo de imunidade é conhecido como imunidade humoral. Os anticorpos podem produzir inativação ao causar aglutinação, precipitação, neutralização (quando recobrem os locais tóxicos) ou lise (ruptura da célula). HEMÁCIAS Transporte da Hemoglobina O principal componente dos eritrócitos é a hemoglobina (Hb), que representa cerca de um terço do conteúdo do eritrócito, sendo o restante constituído por água e estroma (componentes estruturais). A molécula de hemoglobina possui um peso molecular de cerca de 67.000 e é composta de quatro grupos heme combinados com uma molécula de globina (o componente proteico). A globina é constituída de quatro cadeias polipeptídicas, contendo, cada uma, um dos grupos heme. Cada grupo heme contém um átomo de ferro, que se combina frouxamente e de modo reversível com uma molécula de oxigênio. Por conseguinte, uma molécula de hemoglobina contém quatro moléculas de oxigênio. Forma das hemácias São discos bicôncavos com diâmetro de cerca de 7.8 micrometros ; As hemácias podem assumir formas variáveis; No homem saudável, o número médio é de 5.200.000 e na mulher de 4.700.000. Eritropoese A produção de eritrócitos é conhecida como eritropoese. Antes do nascimento, a formação dos eritrócitos ocorre saco vitelínico, mais tarde no fígado e no baço. No período pós-natal, durante o crescimento e na vida adulta, a eritropoese limita-se quase exclusivamente à medula óssea. Até cerca de 5 anos de idade, a medula óssea de todos os osso produz hemácias, mas após os 20 anos, apenas a medula das vértebras, esterno, costelas e íleo produzem essas células. A taxa de eritropoese parece ser controlada pela necessidade tecidual de oxigênio. Uma concentração reduzida de oxigênio nos tecidos resulta na secreção de um hormônio pelos rins, denominado eritropoetina. A Maturação das hemácias necessita de Vitamina B12 e Ácido Fólico. As hemácias circulam por 120 dias em médias antes de serem destruídas; Com o envelhecimento dos eritrócitos, ocorrem várias alterações metabólicas: a membrana torna-se mais rígida e frágil, e o discócito transforma-se em um esferócito pouco deformável. Em consequência, ocorre certo grau de hemólise intravascular dos eritrócitos (10%), enquanto os eritrócitos senescentes remanescentes (cerca de 90%) são removidos seletivamente do reservatório circulante por células do SMF, principalmente pelas células fixas no baço, no fígado e na medula óssea. Quando são fagocitados, ocorre catabolismo da Hb, de outras proteínas e dos lipídios da membrana. O ferro e a globina são separados do heme, a globina é degradada em seus aminoácidos, e tanto o ferro quanto os aminoácidos da globina são reutilizados. TIPOS SANGUÍNEOS ABO Dois antígenos na superfície das hemácias Tipo A Tipo B Denominados aglutinogênios- provocam reações de transfusão Dois antígenos na superfície das hemácias Tipo A Tipo B Denominados aglutinogênios- provocam reações de transfusão Frequência dos tipos sanguíneos O 47% A 41% B 9% AB 3% TIPO SANGUINEO RH Rh positivo Rh negativo Eritroblastose fetal Aglutinação e fagocitose das hemácias do feto Em geral, a mãe é Rh negativa e o pai Rh positivo O recém-nascido herda o antígeno Rh positivo do pai e a mãe desenvolve aglutininas anti-Rh pela exposição ao antígeno Rh do feto Por sua vez, as aglutininas da mãe se difundem através da placenta para o feto, causando a aglutinação das hemácias. Mãe Rh negativa, gestante do primeiro filho Rh positivo, geralmente não desenvolve aglutininas anti-R suficientes para causar dano. Entretanto, cerca de 3% dos filhos Rh positivos desenvolvem sinais da doença, e cerca de 10% próximos filhos Rh positivos exibem quadros mais graves. Sinais clínicos no feto: Anemia Fígado e baço aumentados Retardamento mental Morte
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