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Habeas Corpus

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AO JUÍZO DA PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA... DO ESTADO... 
Maria, brasileira, estado civil, profissão, inscrita no RG sob o nº... e CPF nº..., de 
endereço eletrônico..., residente e domiciliada em..., nesta cidade, vem, com fulcro no art. 
5º, inciso LXVIII, da CRFB/88, e art. 647 e seguintes do CPP, vem, por meio de seu 
advogado infra-assinado, escritório..., endereço que indica para os fins do art. 77, V, do 
CPC, impetrar o seguinte: 
HABEAS CORPUS REPRESSIVO COM PEDIDO LIMINAR, 
 em favor da própria liberdade, que está cerceada por decisão judicial da 
autoridade coatora, qual seja o juiz estadual... da comarca de... do estado de..., pelos fatos 
e fundamentos a seguir. 
DOS FATOS 
 A paciente Maria, após ter realizado contrato de arrendamento mercantil para a 
aquisição de um veículo popular, percebeu que não teria mais condições financeiras de 
arcar com o valor de oitocentos reais fixado por mensalmente, em sessenta prestações. 
 Desse modo, Maria decidiu vender o veículo a Pedro, que se comprometeu a pagar 
as prestações vincendas e vencidas. O agente financeiro não foi comunicado de tal fato e, 
como Pedro deixou de pagar as parcelas, aquele ingressou com ação de busca e apreensão 
do veículo. Como o objeto não estava mais em posse de Maria, o agente pediu a 
transformação da ação em ação de depósito, requerendo a prisão de Maria, por ser 
depositária infiel do referido veículo. 
 O juiz competente deu procedimento à ação para prender civilmente Maria até que 
a mesma devolva o veículo ou pague as prestações em atraso, o que é completamente 
inconstitucional, como se provará a seguir, assim ensejando a impetração da presente ação 
para que seja expedido o alvará de soltura à paciente. 
DOS FUNDAMENTOS 
 No plano constitucional, o habeas corpus está presente no art. 5º, inciso LXVIII, 
da Constituição da República, que permite sua impetração sempre que alguém sofrer ou 
se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por 
ilegalidade ou abuso de poder. 
 O remédio constitucional em questão também recebe previsão no art. 647 e 
seguintes do Código de Processo Penal. 
 O art. 5º, XV, da CRFB/88 dispõe que é livre a locomoção no território nacional 
em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer 
ou dele sair com seus bens. 
 A legitimidade ativa desta ação decorre do art. 654, do CPP, em que, pelo 
princípio da universalidade, qualquer pessoa pode impetrar o habeas corpus, não sendo 
necessariamente exclusiva de advogado. O polo passivo, por sua vez, se dá pela 
autoridade coatora, ou seja, aquela com o poder de mando. 
 Como a autoridade coatora na presente é um juiz de direito estadual, a 
competência para processar e julgar tal ação será do presidente do Tribunal de Justiça do 
estado respectivo, por analogia ao exposto no art. 108, I, d, da CRFB/88. 
 No presente caso, o magistrado determinou a prisão de Maria por esta ser 
depositária infiel, o que é inconstitucional, conforme o inciso LXVII do art. 5º da Carta 
Magna, que sofreu mutação constitucional pelo Pacto São José da Costa Rica, assim 
inadmitindo a prisão civil por dívida. Nesse sentido, a súmula vinculante nº 25 do STF 
traz que é ilícita a prisão civil de depositário infiel qualquer que seja a modalidade do 
depósito. 
 A coação é ilegal, também, pelo exposto no art. 648, inciso I, do CPP, visto que a 
impossibilidade em haver prisão civil significa que não há justa causa para tal. 
 Além disso, ressalta-se a natureza dúplice do habeas corpus, vez que funciona 
como ação constitucional e também ação penal não condenatória. 
 Ainda, cabe mencionar também a característica gratuita do habeas corpus, 
conforme o art. 5º, LXXVII, da CRFB/88, e salientar que tal ação trata-se um remédio 
constitucional de procedimento especial, logo tem prioridade sobre todas as outras ações. 
 Por fim, com fundamento nos arts. 649 e 660 do CPP e art. 301 do CPC, faz-se 
necessário pedir a tutela de urgência de natureza cautelar para o caso em questão, pois 
presentes os requisitos da probabilidade do direito, conforme os fatos e fundamentos 
apresentados, além dos documentos arrolados à peça, e do perigo de dano ou risco ao 
resultado útil do processo, visto que a paciente encontra-se encarcerada assim violando 
seu direito fundamental de ir e vir. 
DOS PEDIDOS 
 Pelo exposto, requer a Vossa Excelência que: 
a) Determine a notificação da autoridade coatora; 
b) Conceda o pedido liminar para determinar a expedição do alvará de soltura, 
confirmando posteriormente a concessão do presente remédio; 
c) Junte os documentos anexos; 
d) Intime o representante do Ministério Público. 
 
Valor da causa de acordo com o art. 319 do CPC/15. 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
Local e data... 
Advogado... 
OAB nº...

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