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Processo do Conhecimento Penal - aula 01

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Processo do 
Conhecimento Penal
Aula 01
Inicialmente: Direito Penal - o que é?
Da concepção o Direito Penal:
O Direito Penal é um segmento do ordenamento jurídico que 
detém a função de selecionar os comportamentos humanos mais 
graves e perniciosos à coletividade, capazes de colocar em risco 
valores fundamentais para a convivência social, e descrevê-los 
como infrações penais, cominando-lhes, em consequência, as 
respectivas sanções, além de estabelecer todas as regras 
complementares e gerais necessárias à sua correta e justa 
aplicação.
Inicialmente: Direito Penal - o que é?
A ciência penal, por sua vez, tem por escopo explicar a razão, a 
essência e o alcance das normas jurídicas, de forma sistemática, 
estabelecendo critérios objetivos para sua imposição e evitando, 
com isso, o arbítrio e o casuísmo que decorreriam da ausência de 
padrões e da subjetividade ilimitada na sua aplicação. Mais ainda, 
busca a justiça igualitária como meta maior, adequando os 
dispositivos legais aos princípios constitucionais sensíveis que os 
regem, não permitindo a descrição como infrações penais de 
condutas inofensivas ou de manifestações livres a que todos tem 
direito, mediante rígido controle de compatibilidade vertical entre 
a norma incriminadora e princípios como o da dignidade humana.
Inicialmente: Direito Penal - o que é?
Da função ético-social do Direito Penal:
A missão do Direito Penal é proteger os valores fundamentais 
para a subsistência do corpo social, tais como a vida, a saúde, a 
liberdade, a propriedade etc., denominados bens jurídicos. Essa 
proteção é exercida não apenas pela intimidação coletiva, mais 
conhecida como prevenção geral e exercida mediante a difusão 
do temor aos possíveis infratores do risco da sanção penal, mas 
sobretudo pela celebração de compromissos éticos entre o 
Estado e o indivíduo, pelos quais se consiga o respeito às normas 
menos por receio de punição e mais pela convicção da sua 
necessidade e justiça. (Capez, p. 17, 2014)
Inicialmente: Direito Penal - o que é?
Direito Penal é um sistema normativo de controle formal, 
composto por regras e princípios jurídicos que constituem um 
campo específico do Direito Público.
Essencialmente o Direito Penal estabelece as ações 
consideradas como crimes e a elas, como consequência, imputa 
uma pena ou medida de segurança.
Concebendo o Direito como um sistema normativo, ou seja, como 
um todo coerente e harmônico e não um emaranhado de normas 
desconexas, há que se compreender o Direito Penal em sua 
interrelação com os demais campos do Direito, particularizando e 
caracterizando a norma penal.
Inicialmente: Direito Penal - o que é?
O Direito Penal é definido como o ramo do Direito Público 
composto por um conjunto de normas jurídicas que regulam o 
poder punitivo do Estado.
Ocupa-se em estudar: os valores fundamentais sobre os quais se 
assentam as bases de convivência social (bens jurídicos), os 
fatos e/ou condutas que os violam e as normas jurídicas 
(princípios e regras jurídicas) destinadas a proteger e garantir tais 
valores através da imposição de penas e medidas de segurança. 
Inicialmente: Direito Penal - o que é?
Em síntese, o Direito Penal ou Direito Criminal, como preferem 
alguns, define as infrações penais (crimes, delitos e 
contravenções), cominando pena na hipótese de descumprimento 
dos preceitos estabelecidos.
Como Direito Público, sua atuação independe da vontade do 
ofendido, constituindo dever e função do Estado intervir e impor 
sanção, cabendo somente ao Estado a penalização.
Agora sim… PROCESSO PENAL NO DIREITO BRASILEIRO
O direito de punir, exercido pelo Estado, não pode ser absoluto, sob pena 
de o Estado se tornar autoritário e retornarmos ao período dos ditadores 
que exercem todo o poder sem encontrar ação resistida alguma por parte 
dos cidadãos. Por isso, é importante termos um processo penal forte, com 
normas bem definidas na orientação e limitação deste poder de punir.
Mas, às vezes, as leis não são suficientes porque não conseguem prever 
todas as possibilidades de aplicação do direito, por isso é importante o 
estudo dos princípios, que são aqueles que irão balizar o Estado na 
confecção da legislação ou até mesmo na falta desta.
Além disso, é importante a compreensão de como e onde podemos aplicar 
o processo penal e por isso iremos estudar as formas de interpretação, e 
aplicação do processo penal no tempo e no espaço. 
O PROCESSO PENAL E O DIREITO DE PUNIR
O processo penal é uma forma de se impor regras e deter o poder 
punitivo exercido pelo Estado contra os cidadãos.
Lopes Jr. (2018, p. 33) afirma que:
existe uma íntima relação e interação entre a história das penas e 
o nascimento do processo penal, na medida em que o processo 
penal é um caminho necessário para alcançar-se a pena e, 
principalmente, um caminho que condiciona o exercício do poder 
de penar (essência do poder punitivo) à estrita observância de 
uma série de regras que compõe o devido processo penal.
O PROCESSO PENAL E O DIREITO DE PUNIR
Nos primórdios, não se podia falar em poder punitivo do Estado, 
porque esse era exercido através da vingança privada. Era a 
autotutela que era exercida e que resolvia os conflitos entre os 
particulares. Então se um vizinho roubava uma galinha, o vizinho 
prejudicado ia até sua casa e roubava uma cabra. *
A Igreja assumiu o importante papel de detentora do ius puniendi, 
sendo ela que aplicou a lei divina aos casos concretos, passando 
o mundo por um período muito obscuro neste período.
O PROCESSO PENAL E O DIREITO DE PUNIR
O Estado passa a assumir o papel de detentor do poder punitivo, 
porém, surge o problema de o mesmo Estado fazer a lei e a aplicar (na 
pessoa dos reis), porque esse Estado não encontra limites para sua 
ânsia punitivista, exercendo um poder ilimitado.
Dentro desse contexto histórico surgem as teorias de separação de 
Poderes.
Com base na doutrina de Montesquieu (O Espírito das Leis), o poder 
estatal deveria ser exercido por três Poderes, independentes do ponto 
de vista orgânico e funcional. Assim, surge a divisão que hoje se 
conhece, pela qual o Estado é composto dos Poderes Legislativo, 
Executivo e Judiciário (BONFIM, 2017, p. 34). 
O PROCESSO PENAL E O DIREITO DE PUNIR
Assim, o poder punitivo do Estado começa a encontrar limites dentro 
da atuação através das normas processuais e penais legisladas pelo 
Poder Legislativo.
“Do ponto de vista do Estado, o estabelecimento de processos, de 
modo geral, é, assim, uma forma de estabelecer limitações aos seu 
poder” (BONFIM, 2017, p. 34).
⇨ O processo penal serve como uma limitação ao direito de punir 
exercido pelo Estado, protegendo os cidadãos dos desmandos 
Estatais com a fixação antecipada das regras pelas quais o cidadão 
irá responder.
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL 
Princípios gerais do direito são preceitos de orientação gerais e 
abstratos não apenas para a comunidade, mas principalmente 
para os Poderes instituídos.
Assim, eles devem orientar o Poder Legislativo no momento da 
confecção das leis, o Poder Executivo no momento de 
estruturação das políticas públicas do País, e o Poder Judiciário 
no momento de aplicação da lei.
Os princípios gerais do direito são o eixo condutor da sociedade, 
as normas que embora não escritas devem ser seguidas por 
todos. 
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL 
Os princípios não precisam estar previstos expressamente em 
algum texto legal, embora a Constituição do Brasil de 1988 
mencione expressamente alguns deles, por exemplo, a isonomia. 
Contudo, mesmo os não previstos podem ser utilizados para 
fundamentar decisões judiciais como forma de interpretação do 
direito.
Existem alguns princípios que são gerais a todo o ordenamento 
jurídico, com a isonomia, que determina que todos devem ser 
tratados de maneira igual na medida de sua igualdade; e outros 
que são aplicáveis a apenas um ramo do direito, como o princípio 
da boa-fé objetiva do direito civil.
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL 
Assim, mesmo que o princípionão esteja positivado na legislação 
escrita do País, ele faz parte da lógica do sistema, integrando e 
acrescentando coesão ao todo.
Por isso se torna tão importante o estudo e a análise dos 
princípios aplicáveis ao campo do processo penal. Assim, 
passemos a esse estudo pormenorizado.
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: DEVIDO PROCESSO 
LEGAL
O princípio do devido processo legal está previsto em nossa 
Constituição Federal no artigo 5º, LIV que prescreve que 
“ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o 
devido processo legal” (BRASIL, 1988), ou seja, determina que 
nenhuma pessoa pode ser presa, ou ter qualquer de seus bens 
retido sem ter dito a chance de se defender perante um tribunal 
dentro das regras estabelecidas previamente para o processo. 
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: DEVIDO PROCESSO 
LEGAL
Este princípio divide-se em devido processo legal material e 
formal, sendo que o devido processo legal material se constitui 
pelas garantias que protegem os cidadãos contra as ações 
abusivas cometidas pelo Estado na restrição de direitos.
Já o devido processo legal formal é a garantia dos acusados de 
serem processados em conformidade com o processo.
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: PRINCÍPIO DA 
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA
O princípio da presunção de inocência vem previsto no artigo 5º, LVII da 
Constituição Federal e determina que “ninguém será considerado culpado até o 
trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
O professor Aury Lopes Júnior (2018, p. 96) defende uma dupla dimensão de 
aplicação deste princípio, sendo que: na dimensão interna, é um dever de 
tratamento imposto – inicialmente – ao juiz, determinando que a carga da prova 
seja inteiramente do acusador (pois, se o réu é inocente, não precisa provar nada) 
e que a dúvida conduza inexoravelmente à absolvição (in dúbio pro reo); ainda na 
dimensão interna, implica severas restrições ao (ab)uso das prisões cautelares 
(como prender alguém que não foi definitivamente condenado?). Enfim, na 
dimensão interna, a presunção de inocência impõe regras de tratamento e 
julgamento para o juiz. Externamente, ao processo, a presunção de inocência exige 
uma proteção contra a publicidade abusiva e a estigmatização (precoce do réu).
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: PRINCÍPIO DA 
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA
Princípio muito discutido recentemente por causa da decisão 
judicial do Supremo Tribunal Federal no HC 126.292/SP, de 
relatoria do Ministro Teori Zavascki, modificou o paradigma do 
que se entende por sentença penal condenatória.
Nesta decisão, o STF determinou o cabimento da prisão pena – 
aquela decorrente de uma sentença penal condenatória – após a 
análise pelo duplo grau de jurisdição, não havendo mais a 
necessidade de aguardar-se o trânsito em julgado da decisão. 
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: CONTRADITÓRIO E 
AMPLA DEFESA
Os princípios do contraditório e da ampla defesa vêm previstos no 
artigo 5º, LV, da Constituição Federal, que determina “aos 
litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados 
em geral serão assegurados o contraditório e a ampla defesa, 
com os meios e recursos a ela inerentes”.
Embora se tratem de dois princípios autônomos, por serem 
entendidos um como complemento do outro, é comum entre os 
autores tratá-los juntos e muitas vezes são até mesmo 
considerados sinônimos. 
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: CONTRADITÓRIO E 
AMPLA DEFESA
Veremos separadamente. Segundo Bonfim (2017, p. 74):
o princípio do contraditório significa que cada ato praticado durante o 
processo seja resultante da participação ativa das partes. Origina-se 
no brocardo audiatur et altera pars. A aplicação do princípio, assim, 
não requer meramente que cada ato seja comunicado e cientificado 
à parte. Relevante é que o juiz, antes de proferir cada decisão ouça 
as partes, dando-lhes igual oportunidade para que se manifestem, 
apresentando argumentos e contra-argumentos. Destarte, o juiz, ao 
proferir a decisão deve oferecer às partes oportunidade para que 
busquem, pela via da argumentação, ou juntando elementos de 
prova, se for o caso, influenciar a formação de sua convicção. 
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: CONTRADITÓRIO E 
AMPLA DEFESA
Assim, nota-se que o princípio do contraditório assegura a parte que 
participe da confecção de todas as provas do processo, que possa 
dela se manifestar mesmo que não tenha sido o autor da prova, e 
que possa haja contra-argumentação de todos os fatos e provas 
produzidos e juntados ao processo.
Já o princípio da ampla defesa determina que seja possibilitada à 
parte a produção de sua defesa nas duas modalidades de defesa 
possíveis no processo: a defesa técnica e a autodefesa. 
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: CONTRADITÓRIO E 
AMPLA DEFESA
A defesa técnica é aquela exercida em nome da parte pelo advogado da parte 
– indiferente se esse patrono é constituído pela parte, ou nomeado pelo juiz. 
Essa defesa técnica é indisponível e indispensável para a concreta efetivação 
da ampla defesa, assim, se o réu não tiver condições financeiras para contratar 
um advogado, o juiz poderá determinar a notificação da defensoria pública ou 
nomear um advogado para funcionar no caso sub judice.
Já a autodefesa é a exercida pelo réu pessoalmente, geralmente no momento 
do interrogatório, quando o réu terá a oportunidade de relatar ao juiz a sua 
versão pessoal dos fatos. Porém, essa modalidade de defesa exercida pelo 
próprio réu pode ser por ele dispensada se ele declarar que prefere exercer 
seu direito ao silêncio, sendo que o réu não é obrigado a se manifestar 
pessoalmente no processo. 
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: JUIZ NATURAL 
O princípio do Juiz natural está previsto no artigo 5º, LIII, da 
Constituição Federal, determinando que “ninguém será processado 
nem sentenciado senão pela autoridade competente” (BRASIL, 
1988), e artigo 5º, XXXVII, da Constituição Federal que dispõe que 
“não haverá juízo ou tribunal de exceção” (BRASIL, 1988).
Assim, este princípio determina que o órgão jurisdicional competente 
para o julgamento dos crimes deve ser previamente conhecido 
dentro das regras gerais de competência e distribuição de processos 
firmadas no regimento interno de cada tribunal, ou seja, a contrário 
sensu, ele veda os tribunais de exceção. 
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: JUIZ NATURAL 
Segundo informação do site do CNJ – Conselho Nacional de Justiça 
–
A ideia do juiz natural tem origem na Constituição inglesa de 1215, 
que previa ‘o julgamento legítimo de seus pares e pela lei da terra’. 
Já a institucionalização desse princípio se deu na França. O artigo 
17 do título II da Lei Francesa de 24.08.1790 determinava que ‘a 
ordem constitucional das jurisdições não pode ser perturbada, nem 
os jurisdicionados subtraídos de seus juízes naturais, por meio de 
qualquer comissão, nem mediante outras atribuições ou evocações, 
salvo nos casos determinados pela lei’ (CNJ, 2017, s.p.). 
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: IDENTIDADE FÍSICA 
DO JUIZ 
O princípio da identidade física do juiz foi incluído no processo penal 
apenas com a reforma processual penal de 2008. A Lei nº 11.719, que 
incluiu o §2º no artigo 399 determinou que “O juiz que presidiu a 
instrução deverá proferir a sentença”.
Este princípio determina que a sentença penal deve ser proferida pelo 
juiz que presidiu a audiência de instrução, isso porque o juiz que 
instruiu a audiência e que presenciou a oitiva de todas as testemunhas, 
o interrogatório do réu, e a confecção de todas as demais provas no 
processo, teve maior contato com o instrumento probatório, sendo o 
mais qualificado para proferir essa sentença.
Esse princípio já foi aplicado até mesmo pelo STJ no julgamento da pag. 9.
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: IGUALDADE 
PROCESSUAL 
Deriva do princípio da isonomia previsto no art. 5º, caput da 
Constituição Federal, que disciplina que “todos são iguais perante a 
lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dodireito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes” (BRASIL,1988).
Da mesma forma, dentro do processo penal, todos os atores 
processuais devem ser tratados da mesma maneira, sendo-lhes 
oportunizadas as mesmas oportunidades de produção de provas e 
de argumentações perante o juízo, produzindo o que a doutrina 
chama de paridade de armas entre as partes. 
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: IGUALDADE 
PROCESSUAL 
Porém, Bonfim (2017, p. 82) lembra que às vezes esse princípio de 
igualdade processual encontra uma certa relativização. Ele explica:
Com efeito, no âmbito do processo penal, no mais das vezes o litígio 
contraporá o articular a um órgão do Estado. As partes litigantes, 
portanto, serão essencialmente diferentes. Além disso, no litígio 
penal estará em jogo a liberdade individual do acusado, direito 
fundamental, o que justifica que o princípio da igualdade, no 
processo penal, seja mitigado de forma a favorecer, em algumas 
situações a posição do acusado (ex.: art. 386, VII, do CPP).
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: VERDADE REAL
No processo penal busca-se sempre a verdade real, pretende-se 
descobrir a realidade dos fatos que estão sendo julgados naquela ação. 
Esse princípio se opõe ao princípio da verdade formal, aquela que 
produzida dentro da realidade provada através das provas carreadas ao 
fato.
No processo penal, existe a possibilidade da pena aplicada ao réu ser a 
pena restritiva de sua liberdade, assim, o dever de produzir as provas 
necessárias ultrapassa apenas as partes no processo, sendo que no 
artigo 156, CPP, está determinado que “A prova da alegação incumbirá 
a quem fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício I – ordenar, 
mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de 
provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, 
adequação e proporcionalidade da medida; [...]
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: VERDADE REAL
[...] II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir 
sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre 
ponto relevante” (BRASIL, 1941).
Demonstra-se assim, que o objetivo do processo penal é a busca 
do que realmente aconteceu no caso concreto, para possibilitar 
na sentença a aplicação da verdade real. 
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: PUBLICIDADE
A regra geral dos atos processuais – e não apenas no processo 
penal – é a publicidade em sua forma mais ampla, e assim 
encontra-se prevista no artigo 5º, LX, da Constituição Federal “a 
lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando 
a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem” (BRASIL, 
1988).
Essa regra também encontra-se prevista no Código de Processo 
Penal no artigo Art. 792 “As audiências, sessões e os atos 
processuais serão, em regra, públicos e se realizarão nas sedes 
dos juízos e tribunais, com assistência dos escrivães, do 
secretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, em dia e 
hora certos, ou previamente designados” (BRASIL, 1941).
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: PUBLICIDADE
A publicidade é tida como ampla, plena, popular, absoluta, ou 
geral, quando os atos processuais são praticados perante as 
partes, e, ainda, abertos a todo o público. Nesse caso, além das 
partes, qualquer cidadão do povo poderá acompanhar as 
audiências criminais de coleta de provas e/ou julgamentos em 
qualquer grau de jurisdição, assim como consultar os processos 
ou obter certidões. Como observa a doutrina, a publicidade do 
processo implica os direitos de: a) assistência, pelo público em 
geral, à realização dos atos processuais; b) narração dos atos 
processuais, ou reprodução de seus termos, pelos meios de 
comunicação social; c) consulta dos autos e obtenção de cópias, 
extratos e certidões de quaisquer partes dele (LIMA, 2017, p. 63).
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: PUBLICIDADE
Porém, tanto a Constituição Federal como o Código de Processo 
Penal preveem casos em que essa publicidade será restrita ou 
totalmente restringida. Nesses casos, temos o que chamamos 
segredo de justiça.
Esses casos estão disciplinados no parágrafo 1º, do artigo 792, 
do CPP, e são casos que puderem resultar escândalo, 
inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, como é 
o caso, por exemplo de crimes contra a dignidade sexual, que sua 
publicidade geraria grande inconveniente e vergonha para a 
vítima do delito. 
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: DUPLO GRAU DE 
JURISDIÇÃO
Guilherme de Souza Nucci (2016, s.p.) assevera que:
Tem a parte o direito de buscar o reexame da causa por órgão 
jurisdicional superior. O princípio é consagrado na própria 
Constituição quando se tem em mira a estrutura do Poder 
Judiciário em instâncias, bem como a expressa menção, feita no 
art. 102,II, da CF, referente ao Supremo Tribunal Federal, 
cabendo-lhe julgar em recurso ordinário : “a) o habeas corpus, o 
mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção 
decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se 
denegatória a decisão; b) o crime político.”
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: DUPLO GRAU DE 
JURISDIÇÃO
Outros autores entendem esse princípio como constitucional 
implícito uma vez que é previsto expressamente na Convenção 
Americana dos Direitos Humanos (art. 8.º, 2, h).
De toda sorte, esse princípio determina que os processos 
julgados pelos juízes de primeiro grau podem ter suas decisões 
revistas pelos órgãos colegiados superiores.
Há exceções que são as pessoas que possuem foro por 
prerrogativa de função, porém nesse caso, não há afronta alguma 
ao princípio em análise porque a decisão exarada será feita por 
um órgão colegiado, composto por juízes de grau superior.
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: PRINCÍPIO DO “NE 
BIS IN IDEM”
O princípio do “ne bis in idem” veda que o acusado seja 
processado ou punido duas vezes pelo mesmo fato delituoso – 
lembrando que o fato delituoso é composto de data, hora, local, 
quem, o quê, contra quem. Bonfim (2017, p. 91) afirma que:
No âmbito da proteção da coisa julgada, o princípio representa 
uma garantia ao acusado que tenha sido absolvido por sentença 
transitada em julgado. Não poderá o Estado deduzir uma 
pretensão punitiva que tenha por objeto o mesmo fato, contra o 
mesmo acusado, se este foi considerado inocente em decisão 
definitiva, não mais sujeita a recurso. 
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: PRINCÍPIO DO “NE 
BIS IN IDEM”
Desta maneira, uma pessoa que foi julgada e absolvida por lesão 
corporal na Rua São João, em São Paulo, no dia 3 de maio de 2016, 
às 16 horas, contra Fulano, não pode ser novamente processada por 
lesão corporal na Rua São João, em São Paulo, no dia 3 de maio de 
2016, às 16 horas, contra Fulano.
Importante destacar apenas, que uma mesma ação pode ser 
processada em diversas esferas jurídicas distintas sem ofender o 
princípio estudado. Desta forma, uma mesma pessoa pode, pela 
prática de um determinado ato, sofre uma sanção civil, outra penal, 
outra administrativa etc. Isto porque as esferas são independentes 
entre si, distinguindo a natureza jurídica de cada uma das ações. 
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: DURAÇÃO 
RAZOÁVEL DO PROCESSO 
Este princípio foi incluído na Constituição Federal em 2004 com a 
emenda constitucional 45, e hoje encontra-se previsto no artigo 
5º, inciso LXXVIII, que determina que “a todos, no âmbito judicial 
e administrativo, são assegurados a razoável duração do 
processo e os meios que garantam a celeridade de sua 
tramitação”.
Assim, os réus com processo em tramitação têm o direito de ver 
seus processos julgados em um tempo juridicamente razoável, 
isso porque se entende que a mera acusação judicial já causa 
graves danos àquele que responde ao processo, não podendo se 
prolongar indefinidamente.
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: PRINCÍPIO DA 
INTRANSCENDÊNCIA
Previsto no artigo 5º, XLV, da Constituição Federal, determina que “nenhuma 
pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o 
dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termosda lei, estendidas 
aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio 
transferido” (BRASIL, 1988).
Esse princípio determina que a ação penal não pode ultrapassar a pessoa que 
está sendo investigada e que é o autor do fato delituoso. Assim, não se pode 
processar a mãe porque ela criou o filho que se transformou em um assassino: 
a ação penal deve ser somente contra o filho. Note que na esfera civil pode ser 
possível a responsabilidade decorrente de culpa in vigilando ou in elegendo, 
mas isso não ocorre no direito penal e processual penal. Na esfera criminal 
somente a pessoa que é a autora do fato criminoso é que pode ser processada 
e condenada por ele. 
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: INADMISSIBILIDADE 
DE PROVAS OBTIDAS POR MEIO ILÍCITO
Esse princípio constitucional tem sua previsão no artigo 5º, LVI, 
determinando que “são inadmissíveis, no processo, as provas 
obtidas por meios ilícitos”; também previsto no Código de 
Processo Penal no artigo 157, incluído pela Lei nº 11.690/2008, 
que disciplina que “São inadmissíveis, devendo ser 
desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas 
as obtidas em violação as normas constitucionais ou legais”.
Assim, as provas ilícitas produzidas na instrução processual penal 
devem ser desentranhadas – retiradas – dos autos, para que não 
possam influenciar no convencimento do magistrado.
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: INADMISSIBILIDADE 
DE PROVAS OBTIDAS POR MEIO ILÍCITO
Bonfim (2017, p. 80) afirma que:
assim, conquanto o processo penal tenha por finalidade a busca 
pela verdade real, esse valor encontra limites em outros valores 
tutelados pelo ordenamento jurídico, principalmente nos direitos e 
garantias fundamentais assegurados ao cidadão. Provas obtidas 
por meios ilegítimos, portanto, não devem influir na formação do 
convencimento do juiz.
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: INADMISSIBILIDADE 
DE PROVAS OBTIDAS POR MEIO ILÍCITO
Bonfim (2017, p. 80) afirma que:
assim, conquanto o processo penal tenha por finalidade a busca 
pela verdade real, esse valor encontra limites em outros valores 
tutelados pelo ordenamento jurídico, principalmente nos direitos e 
garantias fundamentais assegurados ao cidadão. Provas obtidas 
por meios ilegítimos, portanto, não devem influir na formação do 
convencimento do juiz.
Esse tópico será aprofundado no momento do estudo das provas 
no processo penal. 
SISTEMAS DE PROCESSO PENAL
Sistemas de processos penais é a terminologia utilizada para 
denominar a forma como se estrutura o processo penal em 
determinada nação, levando-se em conta características 
específicas.
Doutrinariamente, os sistemas se dividem em sistema inquisitivo, 
sistema acusatório e sistema misto.
Porém, hoje, nenhum sistema penal no mundo pode ser 
classificado apenas como inquisitivo ou acusatório, sendo que 
todos são mistos por causa da mistura de características, como 
se verá a seguir. 
SISTEMAS DE PROCESSO PENAL: SISTEMA INQUISITIVO
O sistema inquisitivo está ligado à época da Inquisição da Igreja 
Católica, em que ela perseguia os hereges e utilizava o sistema 
inquisitivo como meio de julgar e condená-los.
Porém, esse sistema não está apenas ligado à Igreja Católica, 
sendo amplamente utilizado na Idade Média para os processos 
criminais e até mesmo para os processos civis.
Mas quais são as características deste sistema?
SISTEMAS DE PROCESSO PENAL: SISTEMA INQUISITIVO
Nucci (2016, p. 75) elenca as características mais importantes 
apontando que:
É caracterizado pela concentração de poder nas mãos do 
julgador, que exerce, também, a função de acusador; a confissão 
do réu é considerada a rainha das provas; não há debates orais, 
predominando procedimentos exclusivamente escritos; os 
julgadores não estão sujeitos à recusa; o procedimento é sigiloso; 
há ausência de contraditório e a defesa é meramente decorativa.
SISTEMAS DE PROCESSO PENAL: SISTEMA INQUISITIVO
Assim, através das características elencadas, chega-se à conclusão 
de que esse tipo de sistema era típico do período dos reis 
absolutistas, em que os reis possuíam todos os poderes.
E que era totalmente incompatível com as ideias iluministas 
adotadas pela Revolução Francesa, e por isso, esse tipo de sistema 
foi recusado após a tomada de poder pelos revolucionários, havendo 
um rompimento na ordem jurídica.
⇨ LEMBRE-SE: Julgador e acusador são funções exercidas pela mesma 
pessoa que tem total poder de instruir o processo inclusive com torturas; a 
confissão é considerada a prova mais importante, mesmo que obtida 
mediante tortura, sendo suficiente para condenação. O procedimento é 
escrito e nele não é oportunizado o contraditório ou a defesa.
SISTEMAS DE PROCESSO PENAL: SISTEMA 
ACUSATÓRIO
O Sistema Acusatório era o utilizado na antiguidade, porém, 
entrou em declínio quando passou a ser adotado o sistema 
inquisitivo.
Sua principal característica é a divisão de funções para pessoas 
diversas, ou seja, o acusador e o julgador não podem ser a 
mesma pessoa, é necessário que haja separação das funções, 
sendo cada uma exercida por uma pessoa diversa.
Com isso, pode-se chegar mais perto de um julgamento imparcial, 
já que o julgador não estará vinculado a nenhuma das partes. 
SISTEMAS DE PROCESSO PENAL: SISTEMA 
ACUSATÓRIO
Desta forma, busca-se também uma maior paridade entre as partes, 
sendo que a acusação é livre para acusar, sendo ela exercida pelo 
ofendido ou por qualquer pessoa, mas o réu pode se defender, 
utilizando-se de todas as provas admitidas, privilegiando-se a aplicação 
do contraditório e da ampla defesa. Essa liberdade de convencer o juiz 
acarreta uma responsabilidade para as partes, que é a de produzir 
todas as provas que eles entenderem necessárias, não cabendo ao juiz 
essa produção de provas, apenas de maneira subsidiária.
Em regra, o procedimento é público e oral, mas houve momentos em 
que o procedimento escrito foi utilizado, mas sem descaracterizar esse 
sistema. Em regra, o réu responderá ao processo em liberdade.
SISTEMAS DE PROCESSO PENAL: SISTEMA MISTO
Também denominado de sistema francês, surge com o Código de Processo 
Penal Francês de 1808 (Code d’Instruction Criminelle), pós-revolução 
Francesa. O sistema inquisitivo, que dominava as nações em 1808, não se 
adequava mais aos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade da 
revolução francesa. Com o intuito de romper com a ordem jurídica anterior, 
o Código de Processo Penal Francês de 1808 adotou um sistema misto, 
com uma fase preliminar inquisitiva e uma fase posterior acusatória.
Assim, esse sistema que conjuga a adoção dos dois outros sistemas é 
composto de uma fase preliminar, em que vigora a sigilo, escrita e secreta, 
sem o contraditório. E uma segunda fase, na qual o órgão acusador 
delimita a denúncia, e o réu terá direito à defesa, assegurados o 
contraditório e a ampla defesa. 
SISTEMA ADOTADO PELO BRASIL
Em relação ao sistema adotado pelo Brasil, os autores não são 
unânimes em sua posição, havendo duas correntes doutrinárias a esse 
respeito. Vejamos:
• Hélio Tornaghi, Edilson Bonfim – O Brasil, pelo regramento do Código 
de Processo Penal, adota o sistema misto, em que existe um inquérito 
policial, no qual se objetiva a descoberta da materialidade e da autoria 
dos delitos, sendo o procedimento sigiloso, escrito, sem contraditório; E 
uma segunda fase, a processual, em que haverá a figura do acusador – 
geralmente exercida pelo Ministério Público –, do defensor do réu, 
sendo o procedimento, em regra, público e oral, em que serão 
aplicados os princípios do contraditório e da ampla defesa, e será 
decidido por um juiz imparcial. 
SISTEMA ADOTADO PELO BRASIL
• Renato Brasileiro Lima – O Brasil adota o sistema acusatório, uma 
vez que a Constituição de 1988 assegurou a divisão das funções de 
julgar, defender e acusar, sendo que cada uma delas deve ser 
exercida por uma pessoa distinta; além dos princípios do 
contraditório e da ampla defesa hoje figurarem no rol dos direitos e 
garantias individuaisfundamentais. Para ele o Código de Processo 
Penal deve ser lido de uma maneira a se adaptar com os preceitos 
constitucionais. Porém, o autor faz uma ressalva que mesmo sob o 
entendimento de que o Brasil adota o sistema acusatório, esse 
sistema não seria totalmente puro. 
SISTEMA ADOTADO PELO BRASIL
⇨ Lembre-se:
Sistema Inquisitório – tem em uma mesma pessoa as funções de 
acusar e defender, sendo sigiloso e sem a aplicação do 
contraditório e da ampla defesa.
Sistema Acusatório – pessoas diferentes exercem as funções de 
acusar, julgar e defender, sendo o procedimento, em regra, 
público e oral, e sempre com a observância do contraditório e da 
ampla defesa.
Sistema Misto – possui uma fase inquisitória e outra acusatória. 
INTERPRETAÇÃO PROCESSUAL PENAL
A interpretação das leis faz parte da atividade do operador do 
direito, seja ele juiz, promotor, delegado, advogado etc.
No sistema brasileiro, as leis são redigidas pelo Legislativo, em 
regra, e após entrarem em vigor, passam a valer como critério 
para que os cidadãos pautem suas atitudes.
Por isso, as leis deveriam ser claras e de fácil intelecção e 
aplicação, mas nem sempre é assim. 
INTERPRETAÇÃO PROCESSUAL PENAL
Por isso é tão importante conhecer as formas possíveis de 
interpretação da lei processual penal.
O artigo 3º do Código de Processo Penal determina que "a lei 
processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação 
analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de 
direito" (BRASIL, 1941).
Assim, a normativa legal elenca dois tipos de interpretação: a 
extensiva e a analógica. Vamos a eles.
 INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA
A interpretação extensiva é utilizada quando o legislador 
determinou menos do que deveria (ou queria). Assim, o CPP 
autoriza a interpretação extensiva para que a norma alcance todo 
o significado que deveria.
Nucci (2016) exemplifica como caso do artigo 254, em que 
determina as causas de suspeição do juiz, mas que pode se 
interpretar extensivamente e aplicar essas mesmas causas para o 
jurado, que é considerado um juiz leigo que funcionará perante o 
conselho de sentença do júri. O cuidado que se deve tomar ao 
aplicar a interpretação extensiva é para não aplicá-la quando o 
legislador deixar claro que aquele não era seu intuito.
APLICAÇÃO ANALÓGICA
A analogia é um método de integração da norma e não de sua 
interpretação; o que se pretende é que o intérprete consiga 
colocar na norma algo semelhante – com as mesmas 
características – mas que não está previsto expressamente na 
norma. Isso porque o legislador não consegue prever todas as 
hipóteses em que se poderia aplicar o mesmo direito, deixando 
assim para o intérprete, no caso concreto, verificar a possibilidade 
de se encaixar ali uma nova possibilidade.
No CPP existem casos expressos em que o legislador previu a 
aplicação da analogia como forma de complementar a norma.
APLICAÇÃO ANALÓGICA
Por exemplo, o artigo 254, II: Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, 
se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes:
[...] II- se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver 
respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso 
haja controvérsia (BRASIL, 1941)
Neste caso, o legislador não pode prever todos os tipos de ação que o 
juiz irá julgar, por isso prescreve que, em respondendo a alguém muito 
próximo dele, por um fato semelhante àquele que será julgado, o juiz 
deve se declarar suspeito.
⇨ Embora o artigo 3º do CPP preveja expressamente a utilização da interpretação 
extensiva e da aplicação analógica, ele não veda outras formas de interpretação 
como a gramatical e a literal.
A LEI PROCESSUAL NO TEMPO
As normas de processo penal, desde o momento em que entrem 
em vigor, devem ser aplicadas de imediato ao processo, mesmo 
para aqueles que já estão em andamento por força do disposto 
no artigo 2º do CPP, que determina que “a lei processual penal 
aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos 
realizados sob a vigência da lei anterior” (BRASIL, 1941).
Assim, uma regra que muda a forma de intimação dos jurados 
será aplicada para todos os casos que estão em processamento 
perante a vara crime, e para aqueles que intimaram os jurados 
pela norma antiga, esta intimação é válida e não precisa ser 
refeita.
A LEI PROCESSUAL NO TEMPO
Porém, o operador do direito terá que ter o cuidado ao analisar a 
norma para observar se ela se trata apenas de uma norma 
processual ou se ela é uma norma que trata sobre direito material 
(prescrição, decadência, aquelas que afetem a liberdade do 
acusado etc.), porque se ela tiver incidência sobre o direito 
material, ela poderá retroagir para alcançar fatos pretéritos se 
benéfica; mas não poderá retroagir para alcançar fatos pretéritos 
se piorar a situação do réu. 
A LEI PROCESSUAL NO TEMPO
Explica-se com um exemplo: Uma norma meramente processual 
entra em vigor no dia 5 de maio de 2019, neste caso, ela será 
aplicada para todos os processos em andamento e para os futuros, 
a partir do dia 5 de maio de 2019. Porém, se essa norma atingir 
direito material, ela só poderá ser aplicada para os casos futuros, 
aqueles cometidos a partir de 5 de maio de 2019, não podendo ser 
aplicada de imediato aos processos em andamento.
⇨ No processo penal a lei se aplica imediatamente mesmo para os 
processos em curso, respeitando-se os atos já cumpridos, e também 
os prazos que estão em curso no momento da entrada em vigência 
da nova lei.
A LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO
O artigo 1º do CPP determina a aplicação da lei processual penal em todo 
o território brasileiro, visando à manutenção da soberania nacional. Porém, 
esse mesmo artigo prevê algumas exceções em que não serão aplicadas 
as regras previstas neste Código.
Art. 1º O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este 
Código, ressalvados:
I- os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II- as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos 
ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da 
República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de 
responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e 100); [...]
A LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO
[...] III- os processos da competência da Justiça Militar;
IV- os processos da competência do tribunal especial (Constituição, 
art. 122, nº 17);
V- os processos por crimes de imprensa.
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos 
processos referidos nos nºs IV e V, quando as leis especiais que os 
regulam não dispuserem de modo diverso (BRASIL, 1941).
A LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO
Necessário esclarecer que a ressalva dos tratados e convenções e 
regras de direitos internacionais podem ser aplicadas 
cumulativamente ao processo penal brasileiro, no caso, por 
exemplo, da necessidade de produção de provas em outro país, 
momento em que deverão ser observadas as regras dispostas nos 
tratados de cooperação penal internacional.
Da mesma forma, a ressalva relativa aos casos de crimes cometidos 
pelo Presidente da República, Ministros de Estado, e do STF se dá 
por força da previsão constitucional de procedimento e foro 
diferenciados a essas pessoas tendo em vista o cargo que ocupam. 
A LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO
Já em relação à ressalva dos processos de competência da justiça 
militar se dá em razão de que aquela possui um Código Penal e de 
Processo Penal específicos de aplicação exclusiva para eles.
Os tribunais especiais foram extintos com a Constituição Federal de 
1988. Sobre os crimes de imprensa, Lima (2016, p. 92) ressalva que:
Referidos delitos estavam previstos na Lei n° 5.250/67. Dizemos que 
estavam previstos na Lei nº 5.250/67 porque no julgamento da arguição 
de descumprimento de preceito fundamental n° 130, o Supremo 
Tribunal Federal julgou procedente o pedido ali formulado para o efeito 
de declarar como não recepcionado pela Constituição Federal todo o 
conjunto de dispositivos da Lei 5.250/67.
A LEI PROCESSUAL NO ESPAÇOA lei processual penal deve ser aplicada em todos os 
procedimentos a serem cumpridos no Brasil, até mesmo nas 
cartas rogatórias advindas de outros países.
INQUÉRITO POLICIAL
O Código de Processo Penal regulamenta a regra geral aplicada 
para todos os procedimentos penais do Brasil.
Diz a regra geral porque pode haver exceções previstas em leis 
esparsas. Assim, esse dispositivo penal prevê todas as regras 
que devem ser seguidas pelo magistrado ou pelo delegado no 
momento da confecção do inquérito policial.
E é sobre esse inquérito policial, essa peça instrutória do 
processo penal que iremos dedicar nosso estudo no Tópico 2, da 
Unidade 1. 
PERSECUÇÃO PENAL 
No momento da ocorrência de um delito, seja ele crime ou 
contravenção penal, surge para o Estado um poder-dever de 
punir o infrator, porém, em sua maioria, não é fácil essa aplicação 
da lei ao caso concreto, demandando do Estado um esforço para 
a elucidação do fato concreto em busca da verdade real.
Para essa busca, o Estado possui instrumentos que possibilitam a 
realização deste seu poder-dever. 
PERSECUÇÃO PENAL 
Bonfim (2017, p. 130) afirma que:
Essa atividade denominada “persecução penal” é o caminho que 
percorre o Estado-Administração para satisfazer a pretensão punitiva, 
que nasce no exato instante da perpetração da infração penal. A 
persecutio criminis divide-se em três fases: investigação preliminar 
(compreender a apuração da prática de infrações penais, com vistas a 
fornecer elementos para que o titular da ação penal possa ajuizá-la), 
ação penal (atuação junto ao Poder Judiciário, no sentido de que seja 
aplicada condenação aos infratores, realizando assim a concretização 
dos ditames do direito penal material diante de cada caso concreto que 
se apresentar) e a execução penal (satisfação do direito de punir 
estatal, reconhecido definitivamente pelo Poder Judiciário). 
 INQUÉRITO POLICIAL
O inquérito policial é o instrumento pelo qual a autoridade policial 
irá documentar todas as investigações realizadas no intuito de 
comprovar a materialidade a autoria do delito.
Este instrumento reveste-se de características próprias, diversas 
da ação penal. 
 INQUÉRITO POLICIAL: CONCEITO E CARACTERÍSTICAS
Inquérito policial pode ser conceituado, segundo Nucci (2016, s.p.), 
como “O inquérito policial é um procedimento preparatório da ação 
penal, de caráter administrativo, conduzido pela polícia judiciária e 
voltado à colheita preliminar de provas para apurar a prática de uma 
infração penal e sua autoria”.
Para Aury Lopes Jr. (2018, p. 119) constitui o conjunto de atividades 
concatenadamente por órgãos do Estado, a partir de uma notícia-crime, 
com caráter prévio e de natureza preparatória com relação ao processo 
penal, e que pretende averiguar a autoria e as circunstâncias de um 
fato aparentemente delituoso, com o fim de justificar o processo ou o 
não processo.
 INQUÉRITO POLICIAL: CONCEITO E CARACTERÍSTICAS
Então podemos criar juntos nosso conceito de inquérito policial, 
sendo este entendido como aquele procedimento pré-processual, 
iniciado com base em uma notícia de um suposto crime, que 
objetiva a colheita de todas as provas possíveis para fim de 
instrumentalizar uma possível ação penal, ou justificar o seu não 
processamento. 
NATUREZA JURÍDICA
A natureza jurídica do inquérito policial é de procedimento 
administrativo. Como ressalta Bonfim (2017, p. 142) “ele não pode ser 
considerado processo porque ao investigado não é garantido a 
participação com ampla defesa e contraditório”. 
⇨ Natureza jurídica é aquilo que representa no mundo jurídico. Por isso 
a do inquérito policial é de procedimento pré-processual, porque ele é 
realizado em fase preliminar.
Ele é considerado mera peça informativa, tendo que suas provas, para 
terem validade em juízo, serem repetidas possibilitando a aplicação da 
ampla defesa e contraditório, e é exatamente por isso que os tribunais 
são unânimes em determinar que os vícios do inquérito, em regra, não 
contaminam a ação penal.
NATUREZA JURÍDICA - CARACTERÍSTICAS
Devemos lembrar do estudo no Tópico 1, quando trabalhamos 
com os sistemas de processo, que o inquérito policial ainda é 
entendido como pertencente ao sistema inquisitório, e assim com 
essa informação mais nosso conceito, conseguimos perceber que 
as características deste inquérito policial serão diversas das 
características da ação penal.
Então, vamos a elas: 
NATUREZA JURÍDICA - Inquisitivo
O inquérito policial é uma peça meramente informativa, que não 
irá produzir efeitos condenatórios e por isso não precisa respeitar 
os princípios do contraditório e da ampla defesa. Assim, durante o 
inquérito policial, o investigado ou indiciado não são considerados 
partes, e por isso são considerados como meros objetos da 
investigação.
NATUREZA JURÍDICA - Sigiloso
O inquérito policial poderá ser sigiloso, desde que seja necessário essa 
decretação do sigilo para a investigação do fato. Essa é a norma 
disciplinada no artigo 20 do CPP, que determina que “a autoridade 
assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido 
pelo interesse da sociedade” (BRASIL, 1941).
Em regra, esse sigilo não pode atingir a pessoa do defensor, em respeito 
ao exercício do direito de defesa, conforme a súmula vinculante nº 14 do 
STF: Súmula Vinculante 14 do STF:
“é direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos 
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório 
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito 
ao exercício do direito de defesa” (BRASIL, 2009).
NATUREZA JURÍDICA - Instrumental
Ele servirá de instrumento para provar o lastro probatório da ação 
penal. Reflita que o juiz não pode admitir a abertura de uma ação penal 
sem um mínimo de provas de que aquele fato efetivamente aconteceu e 
que aquele que está sendo processado é seu provável autor. E é para 
preparar esse mínimo de prova necessário que serve o inquérito 
policial.
Essa característica fica muito clara na redação do artigo 12 do CPP, que 
determina que “O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, 
sempre que servir de base a uma ou outra. (BRASIL, 1941) (grifo 
nosso).
Ou seja, ele é pensado para que possa servir de base para a denúncia 
ou a queixa crime. 
NATUREZA JURÍDICA - Obrigatório e dispensável 
A obrigatoriedade e dispensabilidade do inquérito policial tem que 
ser analisada sob dois ângulos. O primeiro é a obrigatoriedade da 
instauração do inquérito policial a partir do momento que a 
autoridade policial tenha ciência do cometimento de um delito 
através de qualquer meio, seja uma notitia criminis, ou não.
Em se tratando de ação penal pública, é obrigatória a instauração do 
inquérito pela autoridade policial. O artigo 17, do CPP determina que 
“a autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de 
inquérito”, demonstrando assim a falta de discricionariedade da 
autoridade policial.
NATUREZA JURÍDICA - Obrigatório e dispensável 
E isso se dá por causa do entendimento que o destinatário do 
inquérito policial é o autor da ação penal e não a autoridade policial, 
porque – vamos lembrar – essa peça servirá de instrumento 
probatório para a peça crime inaugural.
Agora veja, o inquérito é dispensável, porque a prova pode ter sido 
constituída de outra maneira, por exemplo, livros contábeis que já 
existem, sendo desnecessária a instauração do inquérito para a 
confecção deste instrumento probatório que neste caso já é 
pré-constituído. 
NATUREZA JURÍDICA - Meramente informativo
O inquérito policial serve apenas como lastro probatório para que a 
acusação possa apoiar a sua peça acusatória, seja ela uma 
denúncia ou queixa crime.
Assim, embora nele constem vários atos de provas, elas não serão 
levadas em consideração pelo juiz no momento da prolação da 
sentença, mas sim, no momento do recebimento da peça crime 
acusatória, para saber se há indícios de autoria e provas da 
materialidade.
NATUREZAJURÍDICA - Meramente informativo
Bonfim (2017, p. 142) afirma que “O inquérito policial como se viu, é 
procedimento meramente informativo, destinado à investigação de 
um fato possivelmente criminoso e à identificação de seu autor; com 
vistas à obtenção de elementos suficientes para a propositura de 
uma ação penal”.
Assim, qualquer vício que possa vir a ser alegado da fase de 
inquérito policial não terá o condão de anular a ação penal, porque 
por ser peça meramente informativa e que não deve ser considerada 
para a prolação da sentença, não irá eivar de vício a respectiva ação 
penal.
NATUREZA JURÍDICA - Forma escrita
Por determinação expressa do artigo 9º, do CPP, “todas as peças do 
inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou 
datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade” (BRASIL, 
1941).
⇨ As características do inquérito policial são: inquisitivo, sigiloso, 
instrumental, obrigatório (sua instauração), dispensável (para a 
propositura da ação), meramente informativo e escrito.
NATUREZA JURÍDICA - Forma escrita
Por determinação expressa do artigo 9º, do CPP, “todas as peças do 
inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou 
datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade” (BRASIL, 
1941).
⇨ As características do inquérito policial são: inquisitivo, sigiloso, 
instrumental, obrigatório (sua instauração), dispensável (para a 
propositura da ação), meramente informativo e escrito.

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