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PROCESSO DO CONHECIMENTO PENAL AULA 2 ✿ INQUÉRITO POLICIAL - TITULARIDADE A atribuição para o inquérito policial é dos policiais civis dos Estados e da polícia federal. Isso porque o dispositivo 144 da CF determina que: Art. 144 A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I- polícia federal; II- polícia rodoviária federal; III- polícia ferroviária federal; IV- polícias civis; V- polícias militares e corpos de bombeiros militares; [...] INQUÉRITO POLICIAL - TITULARIDADE [...] § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destinase a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998). I- apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; II- prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; [...] INQUÉRITO POLICIAL - TITULARIDADE [...] III- exercer as funções de polícia marítima, aérea e de fronteiras; IV- exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998). V- exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. [...]. § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares (BRASIL, 1988). INQUÉRITO POLICIAL - TITULARIDADE Em conjunto com o artigo 4º do Código de Processo Penal, que determina que “a polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria”, conseguimos determinar que a atribuição para esse inquérito é da polícia federal e da polícia civil. INQUÉRITO POLICIAL - TITULARIDADE Sobre essa competência Nucci (2016, s.p.) esclarece que: Portanto, cabe aos órgãos constituídos das polícias federal e civil conduzir as investigações necessárias, colhendo provas pré-constituídas para formar o inquérito, que servirá de base de sustentação a uma futura ação penal. O nome polícia judiciária tem sentido na medida em que não se cuida de uma atividade policial ostensiva (típica da Polícia Militar para a garantia da segurança nas ruas), mas investigatória, cuja função se volta a colher provas para o órgão acusatório e, na essência, para o Judiciário avaliar no futuro. A presidência do inquérito cabe à autoridade policial, embora as diligências realizadas possam ser acompanhadas pelo representante do Ministério Público, que detém o controle externo da polícia. INQUÉRITO POLICIAL - TITULARIDADE Assim, não resta dúvida que a Constituição Federal atribui às polícias civis e federais a competência para a instauração e confecção do inquérito policial, com o objetivo de elucidar os fatos delituosos, comprovando sua materialidade e buscando indícios de sua autoria. INQUÉRITO POLICIAL - VALOR PROBATÓRIO Para a doutrina majoritária, o valor do inquérito policial é meramente de início de prova, sendo que para que a prova seja recebida e utilizada para a condenação, é necessário que essa prova seja realizada em juízo com todas as garantias para o acusado. Porém, a discussão se dá em torno das provas de difícil ou impossível repetição em juízo, como é o caso de provas periciais. Neste caso, a doutrina afirma que o contraditório deverá ser diferido. Ou seja, que em juízo deverá ser garantido à parte o contraditório e a ampla defesa em relação àquela prova realizada no inquérito policial. Isso seria possível, por exemplo, com a oitiva do perito em juízo, embora a perícia tenha sido realizada na fase do inquérito policial. INQUÉRITO POLICIAL - PRAZO O prazo do inquérito policial, em regra, é de 10 dias se o indiciado estiver preso e de 30 dias se o indiciado estiver solto. Isso é o que se extrai do artigo 10, do CPP: Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela (BRASIL, 1941). INQUÉRITO POLICIAL - PRAZO ⇒ Esse prazo do inquérito policial é a regra geral, porém existem prazos específicos em leis esparsas, como é o caso da lei de drogas – Lei nº 11.343 – que no seu art. 51 determina o prazo para a finalização do inquérito policial em 30 dias para os casos de réu preso e 90 dias para os casos de réu solto. O prazo do inquérito policial é muito importante e deve sempre ser respeitado pela autoridade policial, sendo inclusive causa de nulidade da prisão preventiva se o inquérito não for finalizado no prazo estabelecido em lei. Porém, em caso do indiciado estar solto, e havendo mais provas a serem produzidas pela autoridade policial, ele poderá requerer a devolução dos autos para mais diligências (art. 10, §3º, CPP). INQUÉRITO POLICIAL - PROCEDIMENTO O procedimento do inquérito policial vem previsto no Código de Processo Penal no artigo 5º e seguintes. Sua instauração poderá se dar: a) De ofício – a instauração se dará de ofício, no caso da autoridade policial tomar conhecimento do cometimento de qualquer delito. b) Por requisição – a instauração se dará mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, quando a ordem para a instauração vier do Poder Judiciário ou do membro do Ministério Público a autoridade deverá instaurar o inquérito para apurar a suposta infração penal. c) Por requerimento do ofendido ou de seu representante – a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo, no caso do ofendido ou de seu representante fazer a delatio criminis. INQUÉRITO POLICIAL - PROCEDIMENTO d) Por requerimento de qualquer do povo – no caso do conhecimento do cometimento de um crime de ação penal pública por qualquer pessoa, mesmo que não seja a vítima ou seu representante, este poderá procurar a autoridade policial e comunicar a ocorrência. Se verificada a procedência da informação, a autoridade policial deverá instaurar o inquérito policial. e) Por causa da prisão em flagrante – no caso da prisão em flagrante a autoridade policial irá instaurar um procedimento investigativo que terá início com o auto de prisão em flagrante. INQUÉRITO POLICIAL - PROCEDIMENTO Em qualquer destes casos a autoridade policial encontra-se obrigada a instaurar o procedimento investigatório. Em regra, a peça inaugural do inquérito policial denomina-se portaria, a exceção será no caso de prisão em flagrante que a peça de instauração será o próprio auto de prisão em flagrante. Lembre-se de que a autoridade judicial e o membro do Ministério Público não são superiores hierárquicos da autoridade policial, e por isso, entendendo a autoridade policial que não se trata de caso de instauração de inquérito policial, como no caso de perseguição política de alguém, a autoridade policial poderá negar a instauração deste inquérito, sendo que desta negativa cabe recurso para o chefe de Polícia conforme o artigo 5º, §2º, CPP. INQUÉRITO POLICIAL - PROCEDIMENTO Quando se tratar de ação penal pública incondicionada, o inquérito policial deve ser instaurado com a comunicação realizada por qualquer pessoa; se for caso de crime apurado através de ação penal pública condicionada à representação, o inquérito somente poderá ser iniciado comessa representação; e nos casos de crimes apurados mediante ação privada, o inquérito somente poderá ser instaurado mediante requerimento do ofendido ou de seu representante. INQUÉRITO POLICIAL - PROCEDIMENTO Após a instauração do inquérito policial, a autoridade policial deverá tomar as medidas previstas no artigo 6º, do CPP: Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: I- dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; II- apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; III- colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; IV- ouvir o ofendido; INQUÉRITO POLICIAL - PROCEDIMENTO V- ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; VI- proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; VII- determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; VIII- ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; INQUÉRITO POLICIAL - PROCEDIMENTO IX- averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter; X- colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa (BRASIL, 1941). INQUÉRITO POLICIAL - PROCEDIMENTO Podendo inclusive, se necessário para compreender o modo de realização do delito, a autoridade policial realizar a reprodução simulada dos fatos, mas somente se isso não contrariar a moralidade e a ordem pública, conforme estabelecido no artigo 7º, CPP. Porém, sempre lembrando que o indiciado pode ser forçado a acompanhar essa simulação, mas nunca poderá ser forçado a dela participar, porque ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo (art. 5º, LXIII, CF). INQUÉRITO POLICIAL - PROCEDIMENTO O artigo 13 prevê outras atribuições para a autoridade policial: Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial: I- fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos; II- realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público; III- cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias; IV- representar acerca da prisão preventiva (BRASIL, 1941). INQUÉRITO POLICIAL - PROCEDIMENTO Encerrada a atividade investigativa da autoridade policial, ou encerrado o prazo para a finalização do inquérito, a autoridade policial deverá elaborar um relatório minucioso para ser encaminhado ao juízo para ser remetido ao Ministério Público no caso de ação penal pública, ou ficará no cartório aguardando o titular da ação penal privada. O relatório da autoridade policial deverá conter um relatório isento e objetivo de todas as atividades investigativas realizadas, podendo indicar as testemunhas que não puderam ser ouvidas. Os instrumentos do crime, e todos aqueles objetos que interessem ao juízo deverão acompanhar os autos deste inquérito para possibilitar melhor elucidação dos fatos. É o que vem previsto nos parágrafos do artigo 10 e 11 do CPP. INQUÉRITO POLICIAL - INDICIAMENTO O indiciamento é o momento no qual o investigado passa a figurar como principal suspeito do crime, deixando de ser mero investigado para ser indiciado. Bonfim (2016, p. 162) enfatiza que: o indiciamento é ato complexo da autoridade policial, dividindo-se em três partes (art. 6º, V, VIII, e IX): deve o delegado, inicialmente, interrogar o suspeito, com observância, no que for cabível, do previsto para o interrogatório judicial, devendo a leitura do respectivo termo ser presenciada por duas testemunhas. Após será ordenada a identificação do investigado e, finalmente, elaborada a folha de vida pregressa deste. INQUÉRITO POLICIAL - INDICIAMENTO Além do indiciamento do suspeito que participa das investigações, é possível o indiciamento do foragido, sem nenhum prejuízo. Em regra, qualquer suspeito pode ser indiciado, porém existem exceções que não podem ser indiciados, como os menores de dezoito anos, os Membros do MP e da Magistratura, entre outros. O Artigo 15 dispõe que “se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial”, porém com a entrada em vigor do Código Civil de 2002, este dispositivo vem sendo entendido pela doutrina como tendo perdido a razão de ser uma vez que a maioridade civil passou a ser completa aos 18 anos, diversamente do Código Civil de 1916 que previa que essa maioridade absoluta somente seria alcançada aos 21 anos. INQUÉRITO POLICIAL - TERMO CIRCUNSTANCIADO Os casos de crimes de menor potencial ofensivo, aqueles que têm pena máxima não superior a dois anos, serão apurados perante o Juizado Especial Criminal, de acordo com a Lei nº 9.099. Para privilegiar os princípios informadores da lei como a celeridade, economia, informalidade, oralidade, a lei prevê que a autoridade policial instaurará termo circunstanciado em vez de inquérito policial para a apuração dos delitos, de acordo com o Artigo 69 da citada lei. ⇨ Esse termo circunstanciado deverá ser um inquérito mais simplificado. INQUÉRITO POLICIAL - TERMO CIRCUNSTANCIADO Sobre o termo circunstanciado, Nucci (2016, s.p.) afirma que: É um substituto do inquérito policial, realizado pela polícia, nos casos de infrações de menor potencial ofensivo (contravenções penais e crimes a que a lei comine pena máxima não superior a dois anos, cumulada ou não com multa). Assim, tomando conhecimento de um fato criminoso, a autoridade policial elabora um termo contendo todos os dados necessários para identificar a ocorrência e sua autoria, encaminhando-o imediatamente ao Juizado Especial Criminal, sem necessidade de maior delonga ou investigações aprofundadas. INQUÉRITO POLICIAL - PROVIDÊNCIAS DO MINISTÉRIO PÚBLICO Após o relatório do inquérito policial, o caderno investigatório será remetido a juízo em que poderá: a) Permanecer em cartório nos casos de ação penal privada, porque o ofendido ou seu representante legal é que tem a competência para oferecer a queixa crime (art. 19, CPP); b) Ser remetido ao Ministério Público que é o titular da ação penal pública. Neste caso o membro do MP poderá: b.1) oferecer denúncia – se entender que existem indícios de autoria e prova da materialidade; [...] INQUÉRITO POLICIAL - PROVIDÊNCIAS DO MINISTÉRIO PÚBLICO b.2) requerer o arquivamento do inquérito – o Ministério Público é o titular da ação penal, cabendo a ele requerer o arquivamento do inquérito se entender que não há provas de materialidade ou indícios de autoria, que não houve crime ou até mesmo por causa da extinção da punibilidade. Note, porém, que o Ministério público deve requerer o arquivamento que será deferido pelo Juiz. Mas, o que o juiz pode fazer se entender que não é caso de arquivamento? INQUÉRITO POLICIAL - PROVIDÊNCIAS DO MINISTÉRIO PÚBLICO b.3) devolver o inquérito para a autoridade policial para a apuração de demais provas imprescindíveis para a apuração do delito, conforme o artigo 16 do CPP. b.4) requerer a remessa ao juízo competente quando aquela jurisdição não for a competente. ⇨ No caso do Ministério Público requerer o arquivamento e este não for deferido pelo juiz, o magistrado deverá enviar o inquérito policial para o Chefe do Ministério Público – Procurador Geral de Justiça – para que, conforme o Artigo 28 do CPP, este apresente a denúncia se entendercabível, designe outro membro do MP para fazê-lo, ou ainda, insista no arquivamento. OUTRAS FORMAS DE INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR Embora o inquérito policial seja a forma mais comum de apuração de delito na busca de provas da materialidade e indícios de autoria, ele não é o único que poderá ser utilizado. Além dele existem as comissões parlamentares de inquérito (CPI), o inquérito policial militar (para apurar infrações militares), o inquérito civil (que é realizado pelo Ministério Público), o inquérito apurado pelo Conselho de Controle de atividades financeiras (COAF), entre outros. ✿❂❀❁ Relembrando a Unidade 01! ❁❀❂✿ • O inquérito policial há de realizar as investigações sobre a ocorrência de um crime, buscando a prova da materialidade e os indícios de autoria. • A natureza jurídica do inquérito policial é de procedimento de natureza administrativa. • As principais características do inquérito policial são: inquisitivo, sigiloso, instrumental, obrigatório (sua instauração), dispensável (para a propositura da ação), meramente informativo e escrito. • A titularidade para a confecção do inquérito policial é da polícia civil dos Estados e da polícia federal. ✿❂❀❁ Relembrando a Unidade 01! ❁❀❂✿ • O valor probatório do inquérito policial é meramente informativo, sendo considerado como início de prova. • O prazo do inquérito policial, em regra, é de 10 dias se o indiciado estiver preso e de 30 dias se o indiciado estiver solto. • Procedimento do inquérito está previsto no CPP, sendo que deverá ser instaurado por portaria ou auto de prisão em flagrante, deverão ser feitas todas as diligências necessárias para a apuração do crime, e por fim, será finalizado com o relatório da autoridade policial. ✿❂❀❁ Relembrando a Unidade 01! ❁❀❂✿ • O indiciamento é o momento no qual o investigado passa a ser o principal suspeito e deixa de ser mero investigado para ser indiciado. • Ao receber o Inquérito Policial, o Ministério Público poderá requerer que permaneça em cartório nos casos de ação penal privada, oferecer denúncia, requerer a devolução para autoridade policial para mais diligências, requerer o arquivamento, requerer a remessa ao juízo competente. UNIDADE 02 AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL A persecução penal é realizada através da propositura das ações penais com o fim da melhor aplicação do ius puniendi do Estado. As ações penais no Brasil se dividem em públicas, que são de titularidade do Ministério Público e são iniciadas através de uma denúncia; e privadas, que são de titularidade do ofendido, e são iniciadas por uma queixa crime. Nesta unidade iremos estudar de maneira pormenorizada cada uma das espécies da ação penal. A ação penal é o instrumento adequado para o Estado, buscar a comprovação da materialidade e autoria de um delito praticado, e com isso possibilitar a aplicação do poder punitivo do Estado àquele contra quem ficou comprovada a imputação do cometimento do fato típico. AÇÃO PENAL Bonfim (2017, p. 175) sintetiza afirmando que: A aplicação da pena, como manifestação do poder jurisdicional do Estado, é reservada aos órgãos aos quais seja atribuído o exercício da jurisdição. Assim, aquele que promover a acusação, para obter a guarida à sua pretensão punitiva, será obrigado a provocar a manifestação do órgão encarregado do exercício da jurisdição (em regra, o Poder Judiciário). Dessa forma, o direito de ação constitui o direito (ou poder) que tem o acusador de, dirigindo um pedido ao Poder Judiciário, provocar sua manifestação sobre esse pedido. AÇÃO PENAL Esta ação penal possui características próprias, sendo elas: a) Caráter público: é direito público porque sempre é exercido em face do Estado, o legitimado para a aplicação da pena ao caso concreto. b) Direito subjetivo: direito de agir para se obter a prestação jurisdicional ao caso concreto levado a juízo. c) Direito autônomo: poderá ser exercido mesmo sem decorrência de relação jurídica material, com ele não se confundindo. d) Direito abstrato: porque não depende de um provimento jurisdicional a seu favor (uma condenação) para poder existir, o direito de ação existe mesmo que na sentença o acusado seja absolvido. AÇÃO PENAL A ação penal é composta de condições genéricas e específicas. As condições genéricas são as necessárias para a propositura de qualquer ação penal, elas são a possibilidade jurídica do pedido, a legitimidade para agir, o interesse de agir. Para que exista a possibilidade jurídica do pedido, o fato descrito na peça acusatória tem que ser tipificado na legislação penal e a ele tem que ser prevista a aplicação de uma sanção. AÇÃO PENAL Renato Brasileiro Lima (2017, p. 205) elenca um rol de pedidos juridicamente impossíveis elencados pela doutrina: a) oferecimento de denúncia e/ou queixa com a imputação de conduta atípica; b) peça acusatória oferecida a despeito da presença de um fato impeditivo do exercício da ação (v.g., ausência de decisão final do procedimento administrativo de lançamento nos crimes materiais contra a ordem tributária); AÇÃO PENAL c) peça acusatória oferecida sem o implemento de condição específica da ação penal (v.g., ausência da representação do ofendido); d) denúncia oferecida em face do menor de 18 (dezoito) anos, a ele imputando a prática de crime e, por isso, requerendo a imposição de pena privativa de liberdade, contrariando, assim, o quanto disposto na Constituição Federal, que prevê que são penalmente inimputáveis os menores de 18 (dezoito) anos (CF, art. 228). AÇÃO PENAL A legitimidade para agir nada mais é do que o respeito à legitimidade ativa e passiva para a causa. Assim, se a ação penal for pública, terá legitimidade para a causa o Ministério Público, e se ela for privada, terá legitimidade para a causa o ofendido, seu representante legal ou o curador especial. E será legitimado para figurar como acusado no processo penal aquele contra quem houver indícios de autoria do fato delituoso. AÇÃO PENAL O interesse de agir, para a doutrina majoritária, é composto de quatro elementos: a) Necessidade de agir – é presumida no direito processual penal, uma vez que não haverá outra alternativa para a aplicação do ius puniendi do Estado. b) Adequação – diz respeito ao pedido da ação e a sanção prevista para o fato tipificado na lei. Será adequando o procedimento judicial se o requerido na ação seja o previsto no dispositivo tipificado que enquadra o fato delituoso praticado. AÇÃO PENAL c) Utilidade do provimento requerido – o provimento jurisdicional requerido tem que ser possível e útil, porque se houver qualquer causa que impeça a aplicação do provimento jurisdicional, não há porque intentar com a ação penal. Por exemplo, no caso de uma causa prescrita faltará utilidade para a propositura daquela ação penal. d) Justa causa – é a condição da ação que exige que, para que uma causa seja aceita, é necessária a comprovação da prova da materialidade (que o delito efetivamente ocorreu) e pelo menos indícios de autoria (para que a peça crime acusatória possa ser intentada contra alguém específico). AÇÃO PENAL O STJ é unânime na necessidade da apresentação da justa causa para o regular prosseguimento do feito: [...] 1. Conforme precedentes, não se faz necessária a descrição da conduta detalhada de cada um dos denunciados em crimes de autoria coletiva. 2. Cabível é o trancamento de ação penal por falta de justa causa em razão da ausência de indícios de autoria. 2.1. No caso concreto, há indícios de autoria apontados na denúncia, devendo ser afastado o trancamento da ação penal por falta de justa causa, notadamente para que seja realizada a competente instrução criminal. 3. A absolvição em processo administrativo não acarreta o trancamento da ação penal, em razão da independência das instâncias. 4. Agravo regimental desprovido. (STJ, QUINTA TURMA, Relator Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, AgRg nos EDcl no REsp 1601394 / RJ, Data do Julgamento 21/02/2019,Data da Publicação/Fonte DJe 06/03/2019. Disponível em: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/ mediado/?componente=ATC&sequencial=91411467&num_ registro=201601369780&data=20190306&tipo=5&formato=PDF. Acesso em: 23 mar. 2019) (grifo nosso). AÇÃO PENAL Além destas condições genéricas da ação penal, existem as condições específicas para o processamento de determinadas ações, mas que não são exigidas para todas. São conhecidas como condições de procedibilidade. São a representação do ofendido ou de seu representante legal, requisição do Ministro da Justiça e o ingresso do agente no território nacional, em crimes praticados fora do território nacional. As condições representação do ofendido ou de seu representante legal, requisição do Ministro da Justiça serão oportunamente estudadas quando estudarmos a ação penal pública condicionada. AÇÃO PENAL PÚBLICA A ação penal pública é a regra dentro do processo penal brasileiro (art. 100, CP), é aquela em que o titular da ação é o Ministério Público, sendo dele a titularidade para a propositura da ação penal quando entender estar comprovada a materialidade e haver indícios suficientes da autoria. Isto porque, nestes casos, entende-se que o delito atinge não apenas a vítima direta do crime – quando há – como também toda a coletividade. Note que nestes casos, retira-se da esfera de decisão do ofendido se ele deseja ou não ver processado o autor da infração penal, sendo que se comprovada a materialidade e havendo indícios de autoria, o Ministério Público deverá propor a ação penal. AÇÃO PENAL PÚBLICA ⇨ O processo judicialiforme era aquele que podia ser iniciado por iniciativa da autoridade policial. Hoje entende-se que essa possibilidade não foi recepcionada pela Constituição Federal. Nas ações penais públicas, o processo terá início com o oferecimento da denúncia, que é o nome dado à peça que inicia o procedimento criminal. A ação penal pública se subdivide em três espécies: a) Ação penal pública incondicionada. b) Ação penal pública condicionada a representação do ofendido ou seu representante legal ou à requisição do Ministro da Justiça. c) Ação penal pública subsidiária da pública. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA A ação penal pública é regida por uma série de princípios especiais. São eles: a) Princípio da indisponibilidade: embora o Ministério Público seja o titular da ação penal, a ele não é dado a discricionariedade de desistir da ação penal em nenhum momento de seu processamento. A partir do oferecimento da denúncia o membro do MP deve levá-la até a sentença. (perceba que mesmo no caso de delação premiada, a ação deverá ir até o seu deslinde, sendo que o benefício será aplicado através da sentença penal). (Art. 42, CPP. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal). PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA b) Princípio da obrigatoriedade: sendo comprovada a materialidade e havendo indícios de autoria o Ministério Público DEVERÁ oferecer a denúncia. Não há que se falar aqui em se fazer um juízo de oportunidade e conveniência, porque ao membro do MP não se fala em discricionariedade. A Lei nº 9.099, ao tratar da transação, trouxe uma disponibilidade temperada quando se tratar de crime de menor potencial ofensivo. c) Princípio da intranscendência: a ação penal não pode ultrapassar a pessoa do acusado. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA d) Princípio da divisibilidade: há discussão doutrinária sobre a aplicação ou não deste princípio em sede de ação penal pública. Mas o STJ já se manifestou no sentido de que o Ministério Público, como titular da ação penal, poderá apresentar denúncia contra um ou mais envolvidos no crime, e não apresentar em relação a outro em que ainda esteja sendo efetivada a investigação penal. Neste caso, o Ministério Público poderá aditar posteriormente a denúncia para incluir este outro acusado. O que é unânime é que o Ministério Público não pode escolher contra quem oferecer denúncia, havendo provas suficientes, deve a denúncia ser oferecida contra todos os indiciados. e) Princípio da oficialidade: determina que a ação penal pública deve ser proposta por um órgão oficial do Estado, seja ele o Ministério Público da União ou dos Estados membros. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA: A ação penal pública incondicionada é a regra no ordenamento jurídico brasileiro. Se for de qualquer outra modalidade, deverá ser expressamente mencionada na legislação com a expressão “somente se procede mediante queixa”, se privada, e “somente se procede mediante representação”, se pública condicionada à representação. A titularidade exclusiva é do Ministério Público, que entendendo existir prova da materialidade e indícios de autoria deve apresentar a denúncia para possibilitar o processamento do fato criminoso. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA Mas qual é o prazo para a propositura da ação? O artigo 46 do CPP determina que: O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA Porém esse prazo é considerado um prazo impróprio, sendo mera indicação para o Ministério Público, sendo que se descumpri-lo o membro do Ministério Público poderá ser responsabilizado se o excesso do prazo for por desídia. Mas a ação penal poderá ser intentada até seu prazo prescricional. A consequência mais direta da perda do prazo de oferecimento da denúncia se dá para o réu preso que deverá ser colocado em liberdade por causa do entendimento que se não existe fundamento ainda para a propositura da ação, também não existe para a manutenção da prisão. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO OU REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA A ação penal será pública condicionada quando, embora a titularidade da propositura da ação seja do Ministério Público, existe uma condição específica de procedibilidade para essa propositura que é a representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça. ⇨ LEMBRE-SE: A regra é que os crimes sejam processados através de ação penal pública incondicionada. Assim, se for condicionada haverá menção expressa no tipo penal ou ao final do capítulo do Código Penal. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO OU REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA Por causa disso se diz que em relação a essa espécie de ação vigora o princípio da oportunidade ou da conveniência. Para apresentar a representação não se exige formalidade excessiva alguma, bastando que o ofendido ou seu representante afirme o desejo do processamento perante a autoridade policial em fase do inquérito policial, por exemplo. ⇨ Art. 39, CPP: O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO OU REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA A procuração pode ser oferecida pelo ofendido ou por seu representante legal, que pode ser seu cônjuge (leia-se aqui também o companheiro, ascendente, descendente ou irmão. O menor de 18 anos, o incapaz, que não tenham representante legal ou que os interesses sejam colidentes devem ter para si nomeados um curador especial que irá averiguar a conveniência e oportunidade de oferecer a representação. O prazo para o oferecimento da representação é decadencial e esse direito deve ser exercido em seis meses do conhecimento da autoria do crime. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO OU REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA ⇨ Art. 38, CPP.Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO OU REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA Com a representação significa o direito de dispor da ação, o ofendido ou seu representante legal pode concluir que perdeu o interesse em ver aquele feito prosseguido. Assim, antes de oferecida a denúncia pelo Ministério Público, pode ser exercido o direito de retratação, em que o ofendido ou seu representante legal retiram a autorização para o procedimento daquele feito. Mas preste atenção, na regra geral, esse direito só pode ser exercido até o OFERECIMENTO da denúncia. (Regra geral, porque existem exceções como é o caso da lei Maria da Penha que prevê que essa retratação pode ser exercida até o recebimento da denúncia (artigo 24, CP). AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO OU REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA A representação é a autorização para o processamento de um determinado fato criminoso, por isso, se for oferecida contra um indiciado, o Ministério Público poderá oferecer denúncia contra todos aqueles que forem descobertos como autores do fato delituoso. Feita a representação contra apenas um dos coautores ou partícipes de determinado fato delituoso, esta se estende aos demais agentes, autorizando o Ministério Público a oferecer denúncia em relação a todos os coautores e partícipes envolvidos na prática desse crime (princípio da obrigatoriedade). É o que se chama de eficácia objetiva da representação. Funcionando a representação como manifestação do interesse da vítima na persecução penal dos autores do delito, o Ministério Público poderá agir em relação a todos eles. Isso, no entanto, não permite que o Ministério Público ofereça denúncia em relação a outros fatos delituosos (LIMA, 2016, p. 256). AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO OU REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA ⇨ Um exemplo de crime processado mediante ação penal pública condicionada à representação é o crime do artigo 130 do Código Penal, Perigo de contágio venéreo (Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado). Neste caso, cabe ao ofendido fazer um juízo de valor para saber se deseja o processamento ou não do feito, uma vez que o crime atinge sua esfera privada de uma forma bastante intensa. ⇐ AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO OU REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA Sobre a Requisição do Ministro da Justiça é importante entendermos que sua necessidade também tem que estar expressamente prevista em lei. Hoje temos dois casos previstos no Código Penal em que são necessárias a requisição do Ministro da Justiça para o seu processamento, um previsto no artigo 7º, §3º, CP, que trata dos crimes cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, e o art. 141, I, cumulado com o artigo 145, § único do CP, que trata dos crimes contra a honra cometidos contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro. AÇÃO PENAL PÚBLICA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA A existência da ação penal pública subsidiária da pública não é ponto pacífico na doutrina, porém, existe sua previsão expressa na legislação penal esparsa e por isso não podemos deixar de mencioná-la aqui. A ação penal pública subsidiária da pública é aquele que é intentada por um órgão público na inércia de outro órgão público. ⇨ A titularidade da ação penal continuará sendo de um órgão público, mas deixará de ser de seu órgão originário por causa de sua inércia e será exercida por outro órgão público. Este tipo de ação vem previsto, no artigo 2º, § 2º, do Decreto-lei nº 201/67, que trata dos crimes de responsabilidade de prefeitos. A lei prevê a possibilidade de o Procurador Geral da República apresentar a denúncia no caso de inércia do Procurador Geral de Justiça. AÇÃO PENAL PRIVADA A ação penal, como já dito, em regra, é pública, porque o Estado tem a titularidade da ação penal para assegurar o bom exercício do Ius Puniendi. Porém, existem alguns casos em que o legislador assegura à parte ofendida a legitimidade para a propositura da ação penal, seja porque entende que o ofendido deve exercer uma análise da oportunidade e conveniência para a propositura daquela ação, seja porque lhe garante o direito de agir quando o órgão oficial se mostrar inerte. Quando o crime fizer parte destas exceções, a lei expressamente deverá mencioná-lo informando que “somente se processa mediante queixa”. AÇÃO PENAL PRIVADA Nestes casos, a titularidade da ação penal passa do órgão oficial (Ministério Público) para o particular, seja o ofendido, seu representante legal ou o curador especial nomeado para este fim, e a ação passará a ser chamada de ação penal privada. Brasileiro Lima (2016, p. 260) esclarece que: Os fundamentos que levam o legislador a dispor que determinado delito depende de queixa-crime do ofendido ou de seu representante legal são: a) há certos crimes que afetam imediatamente o interesse da vítima e mediatamente o interesse geral; b) a depender do caso concreto, é possível que o escândalo causado pela instauração do processo criminal cause maiores danos à vítima que a própria impunidade do criminoso – é o que se chama de escândalo do processo (strepitus judiei i); c) geralmente, em tais crimes, a produção da prova depende quase que exclusivamente da colaboração do ofendido, daí por que o Estado, apesar de continuar sendo o detentor do jus puniendi, concede ao ofendido ou ao seu representante legal a titularidade da ação penal. AÇÃO PENAL PRIVADA Para os crimes de ação penal privada pode operar efeitos o instituto da decadência, que é a perda do direito de agir. Assim, o oferecimento da queixa deve respeitar o prazo de seis meses do conhecimento da autoria do delito, sob pena de encontrar-se extinto para o ofendido o seu direito de queixa. Uma parte da doutrina critica essa nomenclatura porque a ação continuará sendo pública, o que será privado é a titularidade para a propositura da ação, mas convencionou-se essa terminologia que é utilizada pelos tribunais e pela parte majoritária da doutrina. Neste caso, a ação será proposta por um advogado constituído, que deverá juntar aos autos a procuração com poderes especiais para a propositura da ação. AÇÃO PENAL PRIVADA A ação penal pública se subdivide em três espécies: a) Ação penal exclusivamente privada. b) Ação penal privada personalíssima. c) Ação penal privada subsidiária da pública. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA Tal qual na ação penal pública, na ação penal privada também existe princípio específico para nortear a sua aplicação: a) princípio da disponibilidade – para o particular vigora o princípio da disponibilidade, sendo que cabe a ele, ofendido, determinar se a ação deverá ou não ser proposta após uma análise de oportunidade e conveniência. Ele poderá deixar de exercer seu direito por diversas maneiras, pode ser pela sua inércia, gerando a decadência do seu direito de ação; seja pela renúncia expressa, quando declara que não tem interesse no processamento do feito; ou ainda, poderá, depois de intentada abandonar a causa (este princípio da disponibilidade não se aplica à ação penal privada subsidiária da pública). PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA b) Princípio da oportunidade – mesmo sendo comprovada a materialidade e havendo indícios de autoria o particular poderá deixar de oferecer sua queixa crime se entender que não o deseja fazer. c) Princípio da intranscendência – a ação penal não pode ultrapassar a pessoa do acusado. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA d) Princípio da indivisibilidade –para a ação penal privada aplica-se o princípio da indivisibilidade, sendo que se o ofendido desejar o processamento do fato criminoso, deverá fazê-lo contra todos aqueles os quais houver indícios de autoria, não podendo utilizar de nenhum critério de discricionariedade. Entende-se que o perdão concedido a um dos autores, a todos produzirá efeitos. (Art. 49, CPP. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá.) AÇÃO PENAL PRIVADA (EXCLUSIVAMENTE PRIVADA) É a regra quando falamos de ação penal privada. É aquele em que a titularidade da ação já nasce, desde o princípio, apenas para o ofendido, seu representante legal ou o curador especial. Nestes casos, o Ministério Público não possui a legitimidade para a propositura da ação, mesmo que haja provas da materialidade e da autoria, cabendo aos legitimados exercerem a iniciativa com a análise da oportunidade e conveniência. Também chamada de ação penal privada propriamente dita, ou principal, possui esse nome para diferenciá-la das demais modalidades de ação penal privada. ⇨ Exemplo de ação penal privada que já nasce privada são os crimes contra a honra. Quando alguém é caluniado, cabe a este o processamento do feito através da queixa crime. AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA A ação penal privada personalíssima somente pode ser exercida pelo ofendido, não podendo, nem no caso de sua morte, ser exercida pelo seu representante legal. Assim, em o ofendido vindo a falecer, com ele se extingue o direito de ação, não sendo cabível a sucessão processual. Hoje, o único caso previsto no Código Penal que prevê a ação penal privada personalíssima é o artigo 236 que tipifica o crime de induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento. Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento (BRASIL, 1940). (grifo nosso) AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA A ação penal privada subsidiária da pública é a que ocorre quando a ação penal nasce pública e por inércia do órgão ministerial surge o direito do ofendido em intentar a ação penal privada substituindo o legitimado originário. Preste atenção: João é vítima de um crime de roubo, e na fase de inquérito policial fica comprovada a materialidade e indícios de autoria do crime por José. O inquérito policial depois de finalizado é remetido à juízo e por sua vez encaminhado para o Ministério Público. Contudo, por causa da grande carga de trabalho, mesmo decorrido o prazo para o oferecimento da denúncia, o Ministério Público permanece inerte, ou seja, nada faz. No momento que termina o prazo de 15 dias (lembre do já mencionado artigo 46, CPP) nasce para João o direito de oferecer queixa crime. AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA Porém, note que o surgimento deste direito do ofendido intentar com a ação penal não subtrai do órgão ministerial o direito dele intentar com a ação penal pública. Assim, pelo prazo de seis meses haverá titularidade concorrente para a propositura da ação penal. No exemplo trabalhado acima, João e o Ministério Público poderão, qualquer um deles, intentar ação penal contra José pelo crime de roubo. ⇨ O direito de propor a ação penal privada subsidiária da pública irá subsistir como direito de propor a ação penal pública no mesmo lapso temporal. AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA O prazo para a propositura da ação penal privada subsidiária da pública é de 6 meses do momento do término do prazo para o órgão oficial oferecer a denúncia. Após esse prazo, o direito de ação decai para o ofendido, mas permanece para o órgão ministerial até o prazo prescricional. Outra questão importante é que o direito de ação somente nascerá se o Ministério Público permanecer inerte, ou seja, se ele nada fizer em relação aquele caso concreto. Se o órgão ministerial requerer a devolução dos autos à delegacia, o arquivamento do inquérito policial, nestes casos, embora ele não tenha oferecido a denúncia ele não se quedou inerte, ele tomou uma providência permitida por lei diversa da propositura da ação penal. Nestas hipóteses, não há que se falar em ação penal privada subsidiária da pública. AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA Preste atenção no acórdão de um julgado do STJ que trata especificamente sobre esta matéria mencionando o arquivamento implícito: CRIMINAL. HC. HOMICÍDIO CULPOSO. INTERVENÇÃO CIRÚRGICA QUE RESULTOU NA MORTE DE JOVEM DE 18 ANOS. DENÚNCIA QUE INCLUIU ALGUNS DOS INDICIADOS E EXCLUIU OUTROS. ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO. OFERECIMENTO DE AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA EVIDENCIADA DE PLANO. VIABILIDADE DO WRIT. ORDEM CONCEDIDA. Hipótese que trata de ação penal privada subsidiária da pública, iniciada por queixa oferecida em função de o Ministério Público, em crime de homicídio culposo, ter deixado de apresentar denúncia contra alguns dos indiciados, ofertando-a contra os demais. Evidenciada a ocorrência de arquivamento implícito, eis que o Ministério Público não teria promovido a denúncia contra os pacientes por entender que não havia prova da prática de delito pelos mesmos, impede-se a propositura de ação penal privada subsidiária da pública. (STJ HC 21074 / RJ HABEAS CORPUS 2002/0025422-7, T5 - QUINTA TURMA, Relator Ministro GILSON DIPP, Data do Julgamento 13/05/2003, Data da Publicação/Fonte DJ 23/06/2003 p. 396, RSTJ vol. 175 p. 473. Disponível em: . Acesso em: 23 mar. 2019) (grifo nosso). AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA Perceba, contudo, que o Ministério Público continuará participando da ação penal privada subsidiária da pública, não como autor, mas como fiscal da aplicação da lei, porém, o artigo 29 do CPP garante ao órgão ministerial alguns direitos relativos à titularidade da ação: a) Poderá aditar a queixa. b) Repudiar a queixa e oferecer outra denúncia para substituí-la. c) Intervir no processo em relação à confecção de provas. d) Interpor recurso. e) A qualquer tempo retomar a ação como parte principal em havendo desídia por parte do autor. AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA Art. 29, CPP. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal (BRASIL, 1940). Da mesma maneira que ao Ministério Público não é dado o direito de análise de oportunidade e conveniência, sendo a ele aplicado o princípio da obrigatoriedade do oferecimento da denúncia em relação aos crimes em que restar provada a materialidade e houver indícios de autoria, em relação à ação penal privada subsidiária da pública também não é cabível o oferecimento de perdão ou renúncia. AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA Nucci (2016) assevera que: Na ação penal privada subsidiária da pública é inadmissível a ocorrência do perdão ofertado pelo querelante. Conforme art. 105 do Código Penal, somente cabe perdão nas ações exclusivamente privadas. Se o fizer, demonstra sua indisposição a conduzir a ação penal, devendo o Ministério Público retomar o seu lugar como parte principal. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE ESPECÍFICA PARA A AÇÃO PENAL PRIVADA Para finalizar o estudo da ação penal privada, faz-se necessário recordar alguns institutos do direito penal, previstos no Artigo 107 do Código Penal, sendo eles a decadência, a renúncia, o perdão do ofendido e a perempção. Dica: https://www.youtube.com/watch?v=65WSELp7NBYhttps://www.youtube.com/watch?v=65WSELp7NBY Decadência É a perda do direito de ação, aplicável tanto a ação penal privada – inclusive para a ação penal privada subsidiária da pública – quanto para a representação. Ela se consolida como decurso de seis meses do conhecimento da autoria do fato (no caso da ação penal privada subsidiária da pública é com o decurso do tempo de 6 meses após o término do prazo do MP para o oferecimento da denúncia, e se este se manter inerte). Trata-se de prazo fatal e improrrogável, isto é, se o seu término se der em um sábado, a ação somente até ele pode ser intenta, não se prorrogando o prazo para o próximo dia útil. Renúncia É o meio pelo qual alguém, ao exercer a análise da conveniência e oportunidade de propor a ação penal privada, abdica do seu direito. Este ato é voluntário e unilateral, ou seja, não depende de aceitação por parte do réu. Podemos falar de denúncia apenas para as ações exclusivamente privada e para as ações privadas personalíssimas, uma vez que na ação penal privada subsidiária da pública, mesmo que o ofendido abdique de seu direito, o Ministério Público permanece como titular da ação penal devendo intentá-la antes da prescrição. Renúncia Ela pode ser de duas espécies, expressa ou tácita. Será expressa quando alguém expressamente, pode ser por declaração assinada ou nos próprios autos do inquérito policial declina do seu direito de ação. Será tácita quando o ofendido tomar uma atitude incompatível com a propositura da ação, por exemplo, convidar o indiciado para um cruzeiro. Esta renúncia tácita pode ser provada por qualquer meio de prova admitido em direito. Lembre-se de que o artigo 49 prevê que a renúncia oferecida a um dos coautores, a todos aproveita, e deve ser oferecida até a propositura da ação. Perdão do ofendido O perdão do ofendido é concedido durante o curso do processo penal. O ofendido que, por qualquer causa, resolver perdoar o acusado, poderá fazê-lo, porém apenas na hipótese das ações exclusivamente privada e para as ações privadas personalíssimas. Se a ação penal for privada subsidiária da pública, em o ofendido oferecendo seu perdão, a titularidade retorna para o Ministério Público que deverá dar continuidade na ação penal. Perdão do ofendido ⇨ O perdão judicial poderá ser concedido quando “as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária”, como é o caso do artigo 121, §5º, CP, e nada tem a ver com o perdão do ofendido. Se a renúncia é ato voluntário e unilateral, o perdão, ao contrário é ato voluntário, mas é bilateral. Ou seja, tem que ser aceito pelo acusado, que poderá negá-lo por qualquer motivo, seja porque deseja provar sua inocência, seja por qualquer outra causa. Perdão do ofendido O perdão concedido a um dos acusados, a todos aproveita, assim, se o ofendido oferecer o perdão no decorrer da ação penal privada para um dos réus, todos serão arguidos para verificar a aceitação deste instituto. O perdão é um instituto que deve ser oferecido dentro do processo, se for antes da propositura da ação, fala-se em renúncia, se no decorrer do processo até a sentença, fala-se em perdão. Perempção É a perda do direito de ação (de prosseguir na ação) pela negligência do autor da ação. Novamente somente pode ser reconhecido em relação das ações exclusivamente privada e para as ações privadas personalíssimas. Se a ação penal for privada subsidiária da pública nestes casos, a titularidade retorna para o Ministério Público que deverá continuar na condução da ação até seu trânsito em julgado, esse é o entendimento esposado pelo STJ: Encontra-se em consonância com o entendimento esposado por essa Corte Superior de Justiça o acórdão a quo, na medida em que se revela inaplicável a perempção em ação penal de iniciativa pública [...] Perempção A aplicação do instituto é restrita às hipóteses de ação penal exclusivamente privada e de ação penal privada personalíssima, não abrangendo nem as hipóteses de ação penal subsidiária da pública – que poderá se proceder também mediante denúncia. (STJ, QUINTA TURMA, Relator Ministro RIBEIRO DANTAS, AgRg nos EDcl no REsp 1492636 / SP, Data do Julgamento: 19/06/2018, Data da Publicação/Fonte: DJe 28/06/2018. Disponível em: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/ mediado/?componente=ATC&sequencial=84836625&num_ registro=201402878260&data=20180628&tipo=5&formato=PDF. Acesso em: 23 mar. 2019. Perempção O artigo 60 do CPP arrola quatro hipóteses em que serão reconhecidas a perempção: Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: I- quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos; II- quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; III- quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor (BRASIL, 1941). DENÚNCIA E QUEIXA CRIME A peça inaugural da ação penal é chamada denúncia nos casos em que ela for de ação penal pública em que seu titular é o Ministério Público. Nos casos de ação penal privada em que a peça inaugural for oferecida pelo ofendido ou seu representante legal, ela se chamará de queixa crime. Os requisitos de ambas são os mesmos e estão previstos no artigo 41 do Código de Processo Penal. ⇨ Art. 41, CPP. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas (BRASIL, 1941). DENÚNCIA E QUEIXA CRIME No caso da queixa crime, além destes requisitos formais, a exordial deverá vir acompanhada de uma procuração com poderes especiais, conforme o previsto no artigo 44, CPP. A petição inicial poderá ser rejeitada quando for manifestamente inepta, faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal, ou faltar justa causa para o exercício da ação penal (art. 395, CPP). Da decisão que recebe a queixa, em regra não cabe recurso; porém como falamos na possibilidade da restrição da liberdade de locomoção do réu, é possível a impetração de um Habeas Corpus, porém, nele não se pode requerer a análise do mérito. DENÚNCIA E QUEIXA CRIME Em relação à decisão que rejeitar a denúncia ou a queixa, em regra, caberá recurso em sentido estrito, conforme o artigo 581, I, do CPP, na Lei nº 9.099, a previsão é do recurso de apelação para esse caso. Quando for interposto um recurso da rejeição da denúncia ou da queixa, é obrigatória a intimação do acusado para se manifestar neste recurso sob pena de nulidade. Súmula 707, STF Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo. Disponível em:. DENÚNCIA E QUEIXA CRIME Em algumas hipóteses específicas pode ocorrer a necessidade de um aditamento da petição inicial, por exemplo, para sanar omissões constantes da denúncia ou da queixa, e ele pode ser feito somente até a sentença. Esta possibilidade está prevista no artigo 569, CPP (“As omissões da denúncia ou da queixa, da representação, ou, nos processos das contravenções penais, da portaria ou do auto de prisão em flagrante, poderão ser supridas a todo o tempo, antes da sentença final”) (BRASIL, 1941). Temos que ter em mente que o acusado se defende do fato narrado, e esse aditamento não pode servir para incluir fatos novos dos quais a ele não foidado direito de defesa. DENÚNCIA E QUEIXA CRIME Neste caso devemos utilizar as regras do artigo 384 do CPP, conhecido pelo nome de mutatio libelli: Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. DENÚNCIA E QUEIXA CRIME Neste caso devemos utilizar as regras do artigo 384 do CPP, conhecido pelo nome de mutatio libelli: Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. [...] DENÚNCIA E QUEIXA CRIME § 1º Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código. § 2º Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento. § 3º Aplicam-se as disposições dos §§ 1º e 2º do art. 383 ao caput deste artigo. § 4º Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento. § 5º Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá (BRASIL, 1941). DENÚNCIA E QUEIXA CRIME Assim, deverá a peça exordial ser aditada para a inclusão do novo fato delituoso, mas tem que se preservar o direito de defesa do réu acerca desta nova narrativa, dando-lhe o direito de defesa para ser exercido no prazo de cinco dias. Também é facultado as partes o arrolamento de três testemunhas para serem ouvidas pelo juízo. Para estudos: https://juris-aprendiz.jusbrasil.com.br/noticias/461986320/resu mo-direito-processual-x-direito-material-conceito-evolucao-e-f uncionamento https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-161/as-provas-ilic itas-no-processo-penal-e-a-teoria-dos-frutos-da-arvore-envene nada/ https://juris-aprendiz.jusbrasil.com.br/noticias/461986320/resumo-direito-processual-x-direito-material-conceito-evolucao-e-funcionamento https://juris-aprendiz.jusbrasil.com.br/noticias/461986320/resumo-direito-processual-x-direito-material-conceito-evolucao-e-funcionamento https://juris-aprendiz.jusbrasil.com.br/noticias/461986320/resumo-direito-processual-x-direito-material-conceito-evolucao-e-funcionamento https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-161/as-provas-ilicitas-no-processo-penal-e-a-teoria-dos-frutos-da-arvore-envenenada/ https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-161/as-provas-ilicitas-no-processo-penal-e-a-teoria-dos-frutos-da-arvore-envenenada/ https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-161/as-provas-ilicitas-no-processo-penal-e-a-teoria-dos-frutos-da-arvore-envenenada/
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